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ABSORÇÃO, DISTRIBUIÇÃO,

BIOTRANSFORMAÇÃO E
ELIMINAÇÃO

PROF. MSc. GABRIELLE SANT’ ANNA VIEIRA


Absorção de medicamentos
✓ Para que um medicamento exerça seu efeito em um
determinado sítio de ação no interior de um
organismo vivo, é necessário que esse medicamento
atravesse as barreiras celulares e chegue ao seu
local de ação.
Absorção de medicamentos
Conceito:

➢ Série de processos pelos quais uma substância


externa a um ser vivo nele penetre sem lesão
traumática, chegando até o sangue

➢ É a transferência de um fármaco desde o seu local


de administração até a corrente sanguínea
Absorção de medicamentos
➢ A velocidade e a eficiência da absorção dependem
da via de administração que o fármaco é aplicado
➢ Necessário que atravesse diversas barreiras
biológicas:
▪ Epitélio gastrointestinal
▪ endotélio vascular
▪ membranas plasmáticas
Fatores importantes na absorção

• ph do meio

• Constituição das membranas celulares

• pK do medicamento

• transporte da membrana
Fatores importantes na absorção
Ph do meio e pK do medicamento

Categorias de substâncias químicas com fins terapêuticos:

Substância química Ácidos orgânicos Aminas orgânicas


sem carga, ou seja,
apolar
Moléculas não ionizadas → mais lipossolúveis

Membranas celulares dos seres vivos → predominantemente lipídicas

Parte não ionizadas do ácido ou da base → mais facilmente absorvida


Fatores importantes na absorção

✓ Substâncias químicas sem carga não sofrem influência


do pH do meio em que são dissolvidas, mantendo-se
sempre apolares.

✓ Essas substâncias atravessam qualquer membrana


biológica, tanto as da pele como as do estômago ou as
do intestino
Fatores importantes na absorção
Membranas celulares
• Camada dupla →
➢ cabeça hidrofílica (afinidade pele água)
➢ estruturas hidrofóbicas (cauda apolar)
▪ impermeabilidade à maioria das moléculas polares e íons
▪ permeável às moléculas não polares

➢ Medicamentos lipossolúveis são facilmente absorvidos, e


hidrossolúveis necessitam de processos especiais para
atravessar as membrana celulares
Fatores importantes na absorção
Passagem de medicamentos por
membranas biológicas

1. Processos passivos

Difusão simples ou passiva – moléculas de medicamento


distribuem-se da região mais concentrada para a menos concentrada
• moléculas do soluto sejam apolares e apresentem peso molecular
compatpivel com a camada lipídica

Filtração – medicamento atravessa a membrana através de canais


Fatores importantes na absorção
Passagem de medicamentos por
membranas biológicas

2. Transporte mediado por carreador

Difusão facilitada – sem gasto de energia, medicamento se move a


favor do gradiente de concentração mediado por carreador (ex:
entrada da glicose para a maioria das células)

Transporte ativo – medicamento é movido por carreador contra o


gradiente de concentração, há necessidade de gasto de energia
Fatores importantes na absorção
Passagem de medicamentos por
membranas biológicas

3. Pinocitose e fagocitose

• Processo no qual a membrana celular se invagina em torno da


macromolécula do medicamento ou de várias pequenas
moléculas e as engloba junto com gotículas do meio
extracelular
• Formam-se vesículas intracelulares que se destacam da
membrana
• Fagocitose (absorção de partículas sólidas) e pinocitose
(absorção de partículas líquídas)
Fatores importantes na absorção

Ligados ao medicamento
• Lipossolubilidade
• Peso molecular Ligados ao organismo:
• Grau de ionização • Vascularização do local
• concentração • Superfície de contato
• Permeabilidade capilar
Ligados ao organismo:
• Fluxo sanguíneo
• Motilidade no TGI
• Velocidade de
esvaziamento gástrico
Tipos de barreiras tissulares corporais
• Mucosa gastrointestinal
✓ bloqueio completo dos espaços intercelulares,
medicamentos precisam ser solúveis nesse tipo celular

• Barreiras epiteliais da pele, córnea e bexiga


✓ célular muito unidas. A única forma de penetração é a via
celular, por difusão, exclusivamente por substâncias apolare

• Barreira hematoencefálica
✓ meio extracelular constante, atividade ordenada neuronal.
Formada por paredes contínuas de capilares, com vesículas de
pinocitose, só transpassa moléculas apolares e de baixo peso
molecular
Tipos de barreiras tissulares corporais
• Barreira hemotesticular
✓ permite apenas penetração de substâncias pouco polares
✓ protege os espermatozóides contra proteínas do sistema imune

• Barreira placentária
✓ troca intensiva de nutrientes entre a mãe e o feto
✓Epiteliocorial (equinos e ruminantes) – camadas tissulares
espessas que impedem passagem de anticorpos
✓ endoteliocorial (carnívoros) – epitélio da placenta em contato
com o endotélio da mãe, maior passagem de subastâncias
✓ hemocorial (primatas e roedores) – vasos da placentas em
contato direto com vasos maternos

• Barreiras capilares
Formas de absorção
1. Absorção oral

Suco gástrico → esvaziamento gástrico → duodeno →


circulação porta → fígado → circulação sistêmica. A
absorção de fármacos lipossolúveis aumenta com a
ingestão de alimentos ricos em gorduras. O aumento do pH
do suco gástrico dificulta a absorção de ácidos fracos no
estomago. Retardo e aceleração do esvaziamento gástrico,
afeta a velocidade de absorção nos primeiros segmentos
intestinais.
Formas de absorção
2. Absorção retal

Pode ser errática ou incompleta, especialmente em


pacientes com motilidade intestinal aumentada

3. Absorção cutânea

É muito lenta e ineficaz para a maioria dos fármacos,


pois a pele integra funciona como barreira
Formas de absorção
4. Absorção por via respiratória
A grande área absortiva (que se estende da mucosa nasal
ao epitélio alveolar), a vascularização praticamente
justaposta às membranas e o rico fluxo sanguíneo justificam
o alcance de picos séricos tão precoces como os obtidos
com a via intravenosa

5. Absorção intramuscular
Geralmente rápida, havendo pronto início dos efeitos
terapêuticos
Formas de absorção
6. Absorção subcutânea
Rápida, pois o fármaco só necessita ultrapassar as células
endoteliais para chegar à corrente circulatória. O fluxo
sanguíneo é o maior determinante da velocidade de
absorção

7. Absorção intraperitoneal
Rápida, por envolver superfície ampla e ricamente
vascularizada
Biodisponibilidade
• É a fração do fármaco administrado que alcança a
circulação sistêmica quimicamente inalterada

• É a quantidade de medicamento que atinge não só a


circulação sanguínea, como também o local de ação
Biodisponibilidade
Distribuição do medicamento pelo
organismo
✓ O fármaco penetra na circulação sistêmica por administração
direta ou após absorção a partir do sitio de aplicação

✓ Do sangue distribui-se aos diferentes tecidos do organismo,


funcionalmente classificados em suscetíveis, indiferentes e
emunctórios

✓ A velocidade e extensão da distribuição dependem do fluxo


sanguíneo tecidual, propriedades físico-químicas do fármaco,
características da membrana através da qual será
transportado e sua ligação a proteínas plasmáticas e teciduais
Distribuição do medicamento pelo
organismo
✓ Absorção forma livre no sangue

Ligar-se a proteínas plasmáticas

Sequestro para depósitos no organismo

• Somente a fração livre do medicamento tem capacidade de deixar o


plasma para alcançar seu sítio de ação

• Quando a fração livre abandona a circulação, uma nova porção do


medicamento ligado se libera das ptns, refazendo esse equilíbrio

• Pode-se considerar a ligação com proteínas plasmáticas como


reservatório circulante de medicamento potencialmente ativo
Distribuição do medicamento pelo organismo

Fatores que alteram o metabolismo

❖ Genéticos;
❖ Idade;
❖ Diferenças individuais;
❖ Fatores ambientais (fumar);
❖ Propriedades químicas dos fármacos;
❖ Via de administração
❖ Dosagem;
❖ Sexo;
❖ Alterações entre fármacos durante o metabolismo
Biotransformação dos fármacos
• Transformação química de substâncias, visando
favorecer sua eliminação

• É NECESSÁRIA PARA TORNAR AS SUBSTÂNCIAS MAIS


POLARES, MAIS HIDROSSOLÚVEIS PARA SEREM
FACILMENTE ELIMINADAS PELOS RINS, A MAIS
IMPORTANTE VIA DE ELIMINAÇÃO

• Inativação das moléculas dos fármacos, evitando efeitos


tóxicos em outros tecidos que não sejam alvo de ação
Biotransformação dos fármacos

• FÍGADO
• TGI
• PULMÕES
• PELE
• RINS
• SANGUE
Biotransformação dos fármacos
Reações da fase I

• Convertem os medicamentos original em metabólito mais


polar por oxidação, redução ou hidrólise

• Podem formar compostos mais ativos (mais comum) ou


inativos

• Preparam a droga para sofrer reações da fase II


Biotransformação dos fármacos

❖ Toda substância química absorvida pelo trato


gastrointestinal vai obrigatoriamente até o
fígado através da veia porta (efeito de
primeira passagem), para posteriormente
alcançar o restante do organismo
Biotransformação dos fármacos
Reações da fase II
• Reações de conjugação ou acoplamento

• Envolve o acoplamento entre o medicamento ou seu


metabólito a um substrato endógeno

• Os produtos das oxidações originados da fase I irão, na fase II,


sofrer reações mais profundas que, em geral, inativam os
medicamentos quando estes ainda apresentam atividade
farmacológica

• O conjugado resultante é quase sempre farmacologicamente


inativo e altamente hidrossolúvel
Biotransformação dos fármacos
Metabólitos ativos

• Pode ocorrer prolongamento da ação dos fármacos

• Ex: benzodiazepínicos, paracetamol


Eliminação do fármaco

• EXCREÇÃO RENAL
• EXCREÇÃO BILIAR

• EXCREÇÃO PULMONAR
• OUTROD FLUÍDOS: Saliva, Suor, Fezes, leite Materno,
lágrimas, secreção Nasal
Eliminação do fármaco
• Fármacos hidrossolúveis, carregados ionicamente,
são filtrados nos glomérulos ou secretados nos
túbulos renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois
tem dificuldade de atravessar membrana
• A velocidade do processo depende da fração livre do
fármaco, taxa de filtração glomerular e fluxo
plasmático renal
Excreção renal
• É A PRINCIPAL VIA DE ELIMINAÇÃO DAS
DROGAS DO ORGANISMO

• OS METABÓLITOS SÃO EXCRETADOS MAIS


RAPIDAMENTE DO QUE O FÁRMACO
ORIGINAL
Excreção renal
Excreção renal
• Permite apenas a passagem de moléculas
pequenas

• medicamentos com altas ligações à proteínas


plasmáticas são poucos filtrados
Clearence renal
• QUANTO DE PLASMA É NECESSÁRIO SER FILTRADO
POR UNIDADE DE TEMPO PARA QUE A SUBSTÂNCIA
SEJA ELIMINADA.
Planejamento posológico racional
DÚVIDAS?

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