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Farmacologia Geral

Farmacocinética:

Prof. Edmir Vicente


edmir.lamarca@ibirapuera.edu.br
Introdução
 Para alcançar o seu local de ação, a droga, na maioria dos casos, é obrigada a atravessar
diversas barreiras biológicas:
- Epitélio gastrointestinal
- Endotélio vascular
- Membrana plasmática

 Absorção: quando a travessia leva a droga até o sangue.


 Distribuição: quando se transporta a droga do sangue até os tecidos do corpo.
 Metabolização: quando uma substância é transformada em outra.
 Excreção: quando o movimento da droga se faz o sentido oposto, isto é, dos tecidos e
sangue para o ambiente, para fora do organismo.

Por exemplo: uma droga ingerida para agir no sistema nervoso central. Vai ter que transpor o
epitélio gastrointestinal, cair no sangue e na linfa, vencer a barreira hematoencefálica, atingir o
sistema circulatório cerebral, alcançar as membranas das células cerebrais para, só então, iniciar
a sua ação farmacológica específica.
(SILVA, 2006)
Farmacocinética:
Absorção
 Absorção – tem por finalidade transferir a droga do
lugar onde é administrada para fluidos circulantes,
representados especialmente pelo sangue. Uma
droga injetada no músculo para ser absorvida – para
atingir a corrente sanguínea, terá de difundir-se a
partir do local da injeção e atravessar o endotélio
dos vasos mais próximos.

 Em absorção, os seguinte itens são analisados:


- Membranas biológicas.
- Propriedades físico-químicas das drogas.
- Forças responsáveis pela passagem das drogas através das membranas.
- Modalidades de absorção das drogas.
- Vias e sistemas de administração das drogas.

(SILVA, 2006)
Sistema Circulatório e Sistema Linfático

direito esquerdo
Locais de Absorção das Drogas
1- Trato Gastrointestinal 3- Pele

 Mucosa bucal 4- Regiões subcutânea e intramuscular

 Mucosa gástrica
5- Mucosa Geniturinária
 Mucosa do intestino delgado
 Mucosa vaginal
 Mucosa retal
 Mucosa uretral

2- Trato Respiratório  Mucosa vesical (bexiga)

 Mucosa nasal 6- Mucosa Conjuntiva


 Mucosa traqueal e brônquica 7- Peritônio
 Alvéolos pulmonares  Intestino, fígado, estômago e
ovários

8- Medula óssea
(SILVA, 2006)
Membrana Biológicas
 Envolvem as organelas celulares.
 função de selecionar as substâncias que entram e saem
da célula.
 manter a homeostasia celular.
 Bicamada fosfolipídica - moléculas anfipáticas, região
hidrofílica polar e região hidrofóbica apolar.

 Colesterol - associado com fluidez da membrana.


 Glicoproteína - (união entre carboidratos e proteínas de membrana). Glicolipídios - (união entre
carboidratos e lipídios de membrana). Marcadores responsáveis pela determinação de grupos
sanguíneos. Estrutural, lubrificante e proteção. Glicocálice também chamado de glicocálix - (união entre
glicoproteínas e glicolipídios - unem as células, formando os tecidos.
 Proteína intrínseca ou integrais (ou transmembranas) - firmemente aderidas aos fosfolipídeos das
membranas. Formam canais de transporte de substâncias, proteínas carreadoras, sendo também
receptores específicos de hormônios.
 Proteína de canal - apresenta um canal ao longo de membrana, permite o livre movimento de
determinados íons ou moléculas.
 Proteína globular de membrana - transportadores de moléculas pelas membranas celulares.
Carreadoras de aminoácidos.
 Proteína extrínseca ou periféricas - ligam-se a membrana por meio das proteínas integrais da membrana
ou por meio da interação com a região polar dos lipídios. Não atravessam a membrana.
Membrana Celular
e polar

e apolar

Insaturado
Saturado

Fosfolipídeos (Membrana celular) – moléculas anfipáticas ou anfifílicas:


Apresentam características hidrofílicas (polar) e hidrofóbicas (apolar).
Modalidades de Absorção
 Processo passivos: não há interferência ativa das membranas nesses
processos e não há gasto energético.
I – Difusão simples ou passiva: bicamada de fosfolipídios, sem gasto de
energia, a favor do gradiente de concentração. Fármacos lipossolúveis
(apolar).
II – Filtração: moléculas polares e hidrossolúveis de pequeno tamanho
e certas moléculas apolares são transportadas no solvente – água.
Ocorre pelos poros de membrana, mas o tamanho do raio das
moléculas deve ser menor que os poros. Fármacos hidrossolúveis Modalidades de Absorção
(polar) pequenas. (Foto: Silva, 2006)

 Processos ativos: há inferência ativa das membranas e há gasto


energético.
I – Difusão facilitada: nesse caso não há gasto de energia, mas
necessita de uma proteína auxiliar para o transporte. Fármacos polares
grandes.
II – Transporte ativo: contra o gradiente de concentração – com gasto
de energia. O fármaco precisa se combinar com uma proteína presente
na membrana. Fármacos grandes.
III – Vesicular: tem gasto de energia. Fagocitose – englobamento de partículas sólidas ou Pinocitose –
englobamento de líquidos. Nesses processos de absorção, a membrana se invagina em torno da
molécula, forma uma vesícula, englobando-as. Fármacos grandes. (SILVA, 2006)
Propriedades Físico-Químicas das Drogas
(Fatores que influenciam a absorção)
A absorção é influenciada pelas seguintes propriedades das drogas:

 Lipossolubilidade: solubilidade da droga na bicamada lipídica das membranas biológicas,


permitindo fácil travessia dessas por meio de difusão passiva – sem gasto energético –
principalmente a difusão simples.
 Hidrossolubilidade: que só permite absorção quando existem, nas membranas, sistemas
transportadores específicos ou canais e poros hidrofílicos.
 Estabilidade química: estabilidade da molécula da droga.
 Peso molecular: tamanho e volume da molécula da droga.
 Carga elétrica: carga da molécula da droga – polaridade, ionização, pH do meio.
 Forma farmacêutica: em que a droga é administrada – comprimidos, cápsulas, soluções e
outra.
 Velocidade de dissolução: da droga e, quando administrada por via oral, compatibilidade
com as secreções gastrointestinais.
 Concentração da droga no local de absorção: concentração essa que depende de:
(SILVA, 2006)
Concentração da droga no local de absorção
1- Constante de dissociação iônica da droga (pK) ou Grau de ionização ou de dissociação.

2- pH do meio. Ácido ou Base.

3- Coeficiente de distribuição ou de participação óleo/água ou lipídeo/água da droga.


(Lipossolubilidade / Hidrossolubilidade); Expressa a Lipossolubilidade ou Hidrossolubilidade da
droga – maior o coeficiente, ou seja, mais lipossolúvel, maior será a absorção.

Propriedades físico-químicas dos fármacos e sua absorção

Fonte: https://farmacologiauefs.wordpress.com/farmacocinetica/absorcao/
Coeficiente de participação óleo/água

 Coeficiente de partição óleo/água


É o parâmetro que permite avaliar o grau de Lipossolubilidade das substâncias
químicas, ou seja, é dado pela relação Lipossolubilidade / Hidrossolubilidade. Quanto
maior este coeficiente mais fácil será a absorção.

 Solubilidade
Devido à constituição lipoprotéica das membranas biológicas, as substâncias
químicas lipossolúveis, ou seja, apolares, terão capacidade de transpô-las facilmente,
pelo processo de difusão passiva. Já as substâncias hidrossolúveis não atravessam
essas membranas, a não ser que tenham pequeno tamanho molecular e possam ser
filtradas através dos poros aquosos, ou atravessam por proteínas transmembranas.
Grau de ionização ou dissociação

 A maioria das drogas – comportam-se como ácidos ou bases fracas. A ionização vai depender

do pH do meio no qual a substância se encontra e do seu próprio pKa.

 Ácidos e Bases fracos. ácidos fracos – ionizam, e bases fracas – dissociam em água, ou seja,

geram íons.

 Fármacos ou drogas – são ácidos ou bases fracas.

 A forma ionizada – é polar, hidrossolúvel e com pouca ou nenhuma capacidade de transpor

membranas por difusão passiva pela fase lipídica.


Íons

• Átomos = são partículas isentas de carga elétrica, isto é, apresentam mesmo


número de prótons e de elétrons em sua estrutura.
• Átomos podem perder ou ganhar elétrons, ou seja, gera um desequilíbrio entre
prótons e elétrons = formando Íons, que são classificados em Ânions e Cátions.
• Ânion = átomo que recebe elétrons e fica carregado negativamente. Ex: Cl-
• Cátion = átomo que perde elétrons e adquire carga positiva. Ex: Na+
pH
 O pH é o potencial hidrogeniônico. Refere-se à concentração de íons [H+] em uma
solução. Quanto maior a quantidade desses íons, mais ácida é a solução.
 O pH varia de acordo com a temperatura e a composição de cada substância
(concentração de ácidos, metais, sais, etc.).
 A escala compreende valores de 0 a 14, sendo que o 7 é considerado o valor neutro. O
valor 0 (zero) representa a acidez máxima e o valor 14 a alcalinidade máxima.
 Substâncias ácidas pH entre 0 e 6,9; alcalinas (ou básicas) pH entre 7,1 e 14; neutra pH
7.

 Quando as moléculas são dissolvidas em qualquer líquido ou até mesmo na água, elas se transformam em solução.
pH

 Segue abaixo algumas soluções e respectivos valores de pH:

 Vinagre = 2,9; Coca-cola = 2,5 ; Saliva Humana = 6,5 a 7,4; Água natural = 7; Água do mar =
8; Cloro = 12,5.
 Para manter o equilíbrio do pH é importante evitar alimentos com pH baixo (refrigerante,
café, etc.) e consumir alimentos alcalinos como vegetais, frutas com pouco açúcar, etc.
 O pH no interior do estômago é aproximadamente 1,5 a 2,0 devida à presença do ácido
clorídrico. (Ac. clorídrico - presente no suco gástrico, torna o conteúdo estomacal fortemente
ácido, favorecendo a eliminação de micro-organismos e o amolecimento de alimentos).
 pH do sangue – a diminuição do pH no sangue humano está relacionado com o surgimento
de doenças. O valor normal do pH sanguíneo deve ser 7,4. Abaixo desse valor, a acidez do
sangue torna-se um meio propício para os mais variados fungos, bactérias e vírus. Medições
do pH da saliva de pacientes com câncer registraram valores entre 4,5 e 5,7.
Exemplo de antiácido e
Alguns valores de pH de substâncias
Reação de ácido-base
Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Teoria de Brönsted-Lowry: Ácido - espécie química que doa de prótons H+. Base - espécie
química receptora de prótons H+. A água é anfótera - pode atuar tanto como um ácido ou uma
base.
Legenda: HCl = ácido clorídrico; NH4+ = Amônia; NH3 = Amoníaco; H3O+ = Hidrônio; HS- = Hidrogenossulfeto.
Reação de ácido-base
Ácido + Base Sal + Água

H+ + OH- Produto da reação

Svante Arrhenius
HCl + NaOH Sal + Água

NaCl + H2O
H+ Cl- + Na+ OH-
Teoria de Svante Arrhenius: meio aquoso, ácido libera H+
(próton de hidrogênio) e base libera OH- (Hidroxila) Legenda
 Ácido: substância que em solução aquosa sofre ionização,  Cl = cloro
liberando como cátion somente H+.  Na = sódio
 NaCl = cloreto de sódio
 Base: substância que em solução aquosa sofre dissociação  HCl = ácido clorídrico
iônica, liberando como único ânion os íons OH- (hidroxila).  NaOH = hidróxido de sódio

A reação entre um ácido e uma base de Arrhenius tem como produto sal e água. Esse tipo de reação química
é chamada de neutralização.
Grau de ionização ou de dissociação
 Conceitos de Bioquímica

 Teoria de Brönsted-Lowry - ácido-base descreve o mecanismo de reação entre ácidos e


bases.
Ácido = doa prótons para o meio, ou seja, ionizam e doam íons H +

 HA H + + A-

Base = capta prótons do meio, ou seja, se ligam aos íons H+ do meio

 H+ + B HB + Legenda

HA = ácido
H+ = íon
A- = base conjugada

B = Base
H+ = íon
HB+ = ácido conjugado da base

Par Conjugado: a base conjugada de um ácido – é o que resulta depois que um ácido doa próton. O ácido
conjugado de uma base – é o que resulta depois que uma base aceita um próton. Ex: o ácido HCl perde um
próton e se transforma em Cl-. Ácido HCl e sua base conjugada Cl− representam um par conjugado ácido-
base.
Ácido - noções de farmacocinética
Ácido = doa prótons para o meio, ou seja, ionizam e doam íons H+
H+
H+
Ácido – no meio aquoso libera H+ H+
 HA H+ + A- H+ para o meio H+
H
 Ácido no meio base ele vai ionizar – predomina a forma desprotonada (A-).
Perde prótons e fica na forma ionizada.
 Ácido no meio ácido ele irá ionizar muito pouco – predomina a forma
protonada (HA) da molécula. Forma não ionizada.
 Exemplo: ácido com pKa = 3,77 no meio ácido (pH 3,5) ocorre pouca ionização,
já no meio base (pH 8) ocorre grande ionização.
 Forma protonada do ácido = ácido por si só (HA) e forma desprotonada do
ácido = base conjugada (A-).
 Forma protonada = próton adicional ligado na estrutura química .
 Forma desprotonada = perdeu um próton para o meio.
 Ácido, no âmbito da química, pode se referir a um composto capaz de transferir Íons (H+).
Ex: Ácido clorídrico, HCl; Ácido acético, CH₃COOH (vinagre); Ácido cítrico C6H8O7 (limão).
Base - noções de farmacocinética
Base = capta prótons do meio, ou seja, se ligam aos íons H+ do meio
OH-
Base – no meio aquoso libera OH- - OH-
OH
 H+ + B HB+ para o meio OH-
OH-
 Base no meio ácido irá captar os prótons – prevalece a forma protonada
(HB+). Ganha prótons e fica na forma ionizada.
 Base no meio base não irá captar os prótons – prevalece a forma
desprotonada (B). Forma não Ionizada.
 Exemplo: base com pKa = 8,70, no meio ácido (pH 3,5) irá captar os prótons
do meio, já num meio base (pH 7,5) não irá captar os prótons do meio.
 Forma protonada da base = ácido conjugado (HB+) e forma desprotonada da
base = base por si só (B).
 Hidroxila = radical OH-, presente nas bases. Ex: Hidróxido de sódio (NaOH);
Hidróxido de potássio, (KOH); Hidróxido de alumínio, Al(OH)3; Hidróxido de
magnésio, Mg(OH)2.
Valores de pKa de alguns fármacos (ou drogas)

Fonte: https://ppgfarma.uneb.br/
Constante de ionização ou constante de dissociação

 A constante de ionização - expressa a relação entre as concentrações dos


eletrólitos (substância que dissociada origina íons) dissociados em meio aquoso.
 A constante de ionização irá determinar maior ou menor ionização dos eletrólitos
no meio aquoso.
 O coeficiente de ionização de um ácido ou base fraca depende de dois fatores:
 Seu pKa e o pH do meio na qual se encontra.
 Pka = pKa é o pH onde o fármaco é 50% ionizado e 50% não ionizado.
 Constante de ionização - determinado segundo a equação de Henderson
Hasselbach.

Para ácidos: Para bases:


[Moléculas] [Moléculas]
pKa – pH = log pH – pKa = log
[Íons] [Íons]
pH para atividades de enzimas ao longo
da digestão
Boca – glândulas salivares produzem a saliva, solução aquosa e viscosa,
com presença de enzima amilase salivar e sais. Os sais neutralizam
substâncias ácidas no alimento, essa neutralidade é ideal para ação da
amilase salivar. A amilase salivar, também chamada ptialina, age sobre o
amido e o transforma em moléculas de maltose e glicose. Meio neutro.
pH = 7,0.

Estômago – glândulas estomacais secretam o ácido clorídrico e a pepsina,


em conjunto com o muco que protege o epitélio estomacal formam o
suco gástrico. Pepsina digere proteínas, quebrando as ligações peptídicas
em aminoácidos. Esta enzima atua em meio ácido. Ácido clorídrico torna
o conteúdo estomacal fortemente ácido, favorecendo a eliminação de
micro-organismos, o amolecimento de alimentos e a ação da pepsina.
Meio ácido. pH = 1,5 a 2,0.

Intestino delgado – no intestino delgado atua o suco pancreático


(produzido pelo pâncreas). Solução aquosa alcalina, com enzimas
digestivas e que neutraliza a acidez do quimo (massa acidificada vinda do
estômago), deixando uma condição ideal para as enzimas dos sucos
intestinais e pancreáticos. Meio alcalino. pH = 7,1 a 8,5.
Algumas considerações: grau de ionização ou dissociação

 O ácido ou a base fraca pode estar protonada ou desprotonada, ou seja, com ou


sem próton na molécula.

 É transportado com maior facilidade através das membranas celulares os fármacos


que estão na sua forma molecular, ou seja, não possuem carga efetiva.

 Ácido – sua forma molecular é a forma protonada (HA-), uma vez que no meio
ácido não irá doar prótons.

 Base – sua forma molecular é a forma desprotonada (B), uma vez que no meio base
não irá captar prótons.

 Fármacos ácidos são melhores absorvidos em meio ácido e os fármacos básicos são
melhores absorvidos em meio básico, pois neste meio eles estarão na sua forma
molecular e não ionizada.
Outros fatores que influenciam na absorção

 Concentração do fármaco – quanto maior a concentração na via de administração maior a


chance de absorção.

 Área de absorção – regiões do organismo com maior área de absorção facilita a absorção do
fármaco. Ex. o intestino delgado apresenta uma grande área de absorção, diferente do
estômago que apresenta pequena área de absorção. Desse modo, fármacos ácidos
pequenos, mesmo sendo polares, são melhores absorvidos no intestino delgado – devido a
área ser grande.

 Tempo de esvaziamento gástrico.

 Mobilidade intestinal.

 Alimentos – presente no sistema gastrointestinal.

 Vascularização.

 Condições patológicas – associadas ao sistema gastrointestinal.


Farmacocinética:
Distribuição
Distribuição das Drogas

 Depois de administrada e absorvida, a droga é distribuída, ou seja, transportada pelo sangue


e outros fluídos corporais para todos os tecidos do corpo. Será transportada de um
compartimento para outro:

 Do compartimento intravascular (plasmático) para o extravascular (intersticial).


 Do plasmático para o cefalorraquidiano (fluído - encéfalo e da medula espinhal).
 Do plasmático para o extravascular e intracelular cerebrais
 Do plasmático para o placentário.
 Do plasmático para o tubo renal
 Do extracelular para intracelular.

 Inicia-se a análise da distribuição a partir do momento em que a droga chega ao sangue,


sendo então analisada a concentração plasmática da droga, a biodisponibilidade, a ligação da
droga às proteínas, a permeabilidade do endotélio capilar e o volume de distribuição.

(SILVA, 2006)
Ligação das Drogas às Proteínas

 No sangue, quase todas as drogas se subdividem em duas partes: uma livre e dissolvida no plasma,
e outra que se liga às proteínas plasmáticas. A droga e a proteína formam um complexo reversível,
passível de separação. Do ponto de vista farmacológico, somente a parte livre é que pode ser
distribuída, atravessar o endotélio vascular e atingir o compartimento extravascular.

 A parte ligada às proteínas plasmáticas constitui fração de reserva das drogas e só se torna
farmacologicamente disponível no momento em que se converte em porção livre. Forma-se no
sangue, um equilíbrio entre a parte ligada e a parte livre da droga.

 À medida que a parte livre é utilizada pelo organismo, a parte ligada vai-se desligando para
substituir aquela parte livre que é distribuída, acumulada, metabolizada e excretada.

 As proteínas plasmáticas mais importantes são: Albumina, Alfa-1-glicoproteína ácida,


Lipoproteínas. Em geral, fármacos ácidos – ligam-se mais à albumina, e os fármacos bases – ligam-
se mais às alfa-1-glicoproteína ácida e lipoproteínas.

 Fármacos são administrados em associação para facilitar que fármacos que possuem grande
afinidade pela proteínas plasmáticas, como a albumina, possam ficar livres no sangue. Está prática
pode levar a efeitos terapêuticos e tóxicos aumentados.
(SILVA, 2006)
Ligação das Drogas às Proteínas
 O grau de ligação proteica das drogas depende dos Tabela. Ligação de drogas às Proteínas
seguintes fatores:
(A) Afinidade entre a drogas e proteínas plasmáticas.
(B) Concentração sanguínea da droga.
(C) Concentração das proteínas sanguíneas.

 Concentração do fármaco mais elevada no plasma -


assegura uma concentração adequada do fármaco livre na
circulação.

 Fármacos que não se ligam às proteínas plasmáticas são


rapidamente difundidos no local de ação farmacológica
• Fármacos – ficarão
livres
(esses passarão para o
novo compartimento e irão
agir)

• Fármacos – ficarão
ligados às proteínas
(esses irão formar o
complexo proteína-
fármaco)
Fonte: www.iq.ufrgs.br/biolab/
Proteínas plasmáticas mais importantes

 Albumina: fármacos ácidos ligam-se geralmente a essas proteínas.

 Alfa-1-glicoproteína ácida e Lipoproteína: fármacos bases (alcalinos) ligam-se geralmente a


essas proteínas.

Fatores Associados à Distribuição

 Ligação dos fármacos às proteínas – há fármacos que têm mais afinidades às proteínas,
assim, estes têm maior tempo de permanência e ação no organismo. Já outros apresentam
menor afinidades, então, estes terão menor tempo de permanência e ação (esgotam
rapidamente) – na presença daqueles com mais afinidade.

 Redistribuição – há fármacos que pode ser redistribuído, ou seja, voltar ao sangue (plasma)
mesmo depois de sua ação.

 Perfusão sanguínea – quantidade de sangue que um órgão/tecido recebe. Coração e fígado


recebem mais sangue – recebem maior quantidade de fármaco. Tecido ósseo ou adiposo
recebem menos sangue – estes receberão menor quantidade de fármaco.
Fatores Associados à Distribuição

 Lipossolubilidade – fármacos mais lipossolúveis apresentam maior facilidade de distribuição


e de atingir o tecido alvo. Fármacos mais hidrossolúveis apresentam maior dificuldade de
distribuição e de atingir o tecido alvo.

 Deslocamento de Fármacos – alguns fármacos têm mais afinidade às proteínas plasmáticas


do que outros. Desse modo, se um fármaco está ligado à proteína (complexo proteína-
fármaco), e é absorvido outro com maior afinidade, o que estava ligado será deslocado e
ficará livre (desfaz o complexo), e o que entrou liga-se à proteína – formando novo complexo
proteína-fármaco. O fármaco deslocado pode vir a causar um efeito tóxico e ter seu tempo
de permanência e ação reduzido.

 Ligações Inespecíficas – há o receptor alvo – efeito desejado. Mas o fármaco pode ser atraído
por outros receptores ou tecidos e realizar um efeito indesejável.

 Outros fatores – Idade; Condições Patológicas: Propriedades físico-química dos fármacos;


Permeabilidade do endotélio capilar; volume de distribuição e outros.
Farmacocinética:
Metabolização
Metabolização
 Metabolização: quando uma substância é transformada em outra. É uma transformação que
o organismo faz com as substâncias através de reações químicas – ações de enzimas.

 O organismo elimina drogas/fármacos e outras substâncias – seja endógenas ou exógenas –


por meio do metabolismo e da excreção.

 Endógenas – aquelas substância que o organismo produz. Exemplo: neurotransmissores ou


hormônios.

 Exógenas – aquelas substâncias que têm origem externa e são inseridas no organismo.
Exemplo: medicamentos e alimentos.
Metabolização
Fármaco ou outras Fígado - ação de Metabólitos Eliminados,
substâncias enzimas e Hidrossolúveis e excretados pela
transformação polares urina e fezes

Impede os fármacos de serem distribuídos, pois passam a ter dificuldades de atravessar às


membranas
Onde ocorre a metabolização:
 Fígado – principal órgão responsável – ocorre em grau maior.

 Pulmões e Intestino – ocorre em grau menor.

O metabolismo das drogas apresenta quatro modalidades:

1- Inativação: as drogas são inativas ou transformadas em produtos menos ativos. Exemplo:


morfina e propranolol.

2- Metabólito ativo de droga ativa: as drogas são parcialmente transformadas em um ou mais


metabólitos ativos. Exemplo: paracetamol e fenilbutazona.

3- Ativação de droga inativa: os pró-fármacos são inativados, assim, necessitam ser


metabolizados para tornarem ativos. Exemplos: levodopa e sulfassalazina.

4- Ausência de metabolismo: certas drogas são excretadas sem serem metabolizadas – devido
às suas propriedades físico-química. Exemplo: penicilina e analgésico.
Exemplo:

Via oral de administração

Fármaco sofre efeito de primeira Pró-fármaco (tem um


passagem componente químico/disfarce)
resulta em metabólitos inativos sofre metabolização, retirando
apenas este componente,
1e2
deixando a molécula do fármaco
ativa.
3
 Idade

 Doenças hepáticas
Fatores associados com a
 Tolerância ao medicamento
metabolização
 Inibição enzimática

 Interações medicamentos e metabolismo


Tipos de Reações
As reações que metabolizam os fármacos são classificadas em dois grupos:

 Reações não-sintéticas ou catabólicas ou de fase 1:

o Oxidação – átomos de hidrogênio são removidos ou átomos de oxigênio são adicionados.

o Redução – átomos de hidrogênio são adicionados ou átomos de oxigênio são removidos.

o Hidrólise – a molécula é quebrada pela ação da água – catalisada por enzimas.

 Reações sintéticas ou anabólicas ou de conjugação ou de fase 2:

o Conjugação – nessas reações, a droga ou seu metabólito de fase 1 conjuga-se (adição de


compostos) com uma substância endógena – carboidrato ou aminoácido. Para assim,
formar um ácido orgânico polar e altamente ionizado, o qual será facilmente excretado
pela urina ou fezes.
Observação
 Há medicamentos que só passam pela fase 1.
 Há medicamentos que só passam pela fase 2.
 Há medicamentos que passam pela fase 1 e 2.
Farmacocinética:
Excreção
Excreção
 Excreção: quando o movimento da droga se faz o sentido oposto, isto é, dos tecidos e sangue
para o ambiente, para fora do organismo. Tem-se a eliminação irreversível do fármaco.

 Fármacos metabolizados = hidrofílicos/polares = evita a passagem por membranas =


facilmente excretados.

 Formas de excreção: Via renal (urina) ou Via biliar (fezes). Podem ser também pelas Vias
respiratórias, dérmica, suor, lágrima, saliva (menos frequentes). A via do leite materno
também é uma via de excreção – fármacos/drogas podem ser excretados por essa via.
Lactantes não podem tomar certos medicamentos devido a esta questão.

A via de excreção renal (urina), envolve três etapas:

1. Filtração Glomerular.

2. Secreção Tubular Ativa.

3. Reabsorção Tubular Passiva.


 Organização do Sistema Urinário

 Urina – composta, aproximadamente, por 95% de

água e 2% de uréia. Nos 3% restantes, encontra-se

fosfato, sulfato, amônia, magnésio, cálcio, ácido úrico,

sódio, potássio e outros elementos. A eliminação da

urina é feita através do sistema urinário.

 Os órgãos que compõe o sistema urinário são os

rins e as vias urinárias (ureter, a bexiga e a uretra).


 Fisiologia do sistema urinário
 Função dos rins é filtrar o sangue, removendo ureia, sais, ácido úrico e outras
substâncias em excesso no organismo.
 O sangue a ser filtrado chega ao rim pela artéria renal, que se ramifica formando
pequenas artérias – arteríolas aferentes. Cada arteríola penetra na cápsula de
Bowman, formando um enovelado de capilares – glomérulo renal.
 Formação da urina e reabsorção de substâncias
 O sangue vindo das artérias renais penetra nos capilares do glomérulo renal, sob
alta pressão, o que força a saída de líquido sanguíneo para a cápsula Bowman.
 Esse líquido, constituído de ureia, glicose, aminoácidos, sais, etc., dissolvidos em
água, é chamado de filtrado glomerular ou urina inicial.
 O filtrado glomerular – que segue para o túbulo renal (túbulo contorcido proximal;
alça de Henle, túbulo contorcido distal, túbulo coletor) apresenta uma composição
química semelhante à do plasma sanguíneo.
 Formação da urina e reabsorção de substâncias
 No trajeto do filtrado glomerular pelo túbulo
contorcido proximal ocorre a reabsorção (processo ativo,
ou seja, há gasto energético) de grande parte da água e
de outras substâncias (glicose, aminoácidos, vitaminas e
grande parte dos sais), que retornam ao sangue dos
capilares dos néfrons (capilares sanguíneos).
 Na alça de Henle ocorre principalmente a reabsorção
de sais do filtrado, que vai se tornando menos
concentrado.
 No túbulo contorcido distal são absorvidas, dos
capilares sanguíneos próximos, as substâncias
indesejáveis, como ácido úrico e amônia e lançam na
urina em formação. Túbulos contorcidos distais e túbulos coletores – reabsorção de água.
 No fim do percurso do túbulo do néfron, o filtrado glomerular transforma-se em urina.
Tubo coletor – Ureter – Bexiga – Uretra.
 Em síntese
 A função renal é a de filtrar grandes quantidades de líquido do plasma, reabsorvendo aqueles
constituintes que são necessários.
 Formação e trajeto da urina: do sangue à urina. Rins – artéria renal – arteríolas aferentes –
glomérulo renal – cápsula de Bowman – túbulo contorcido proximal – alça de Henle – túbulo
contorcido distal – túbulo coletor – ureter – bexiga urinária – uretra.
 Por dia, passam pelos glomérulos 2000 litros de sangue, e a partir desse volume são formados
por dia cerca de 180 litros de filtrado glomerular – corresponde a 9% do volume total. A partir
desses 180 litros forma-se apenas 1,5 litro de urina por dia. Portanto, mais de 98% da água do
filtrado é reabsorvida durante o trajeto pelos túbulos dos Néfrons.
Excreção de fármacos por via renal (urina), envolve três etapas:
1- Filtrado 3- Reabsorção Tubular
Glomerular Passiva

2- Secreção Tubular
Ativa

o 1 Etapa – Filtrado Glomerular: Ocorre no Glomérulo Renal. Formação da urina inicial – presença
de substâncias e fármacos – será filtrado apenas o fármaco livre. Fármacos ligados às proteínas não
serão filtrados (permanecem no sangue).
o 2 Etapa – Secreção Tubular Ativa: Ocorre no Túbulo Proximal. Substâncias e fármacos livres saem
ativamente dos capilares e entram nos néfrons para serem excretados. Ocorre transporte ativo –
passa fármacos metabolizados mais hidrofílicos (polares) e fármacos não metabolizados mais
lipossolúveis (apolares).
o 3 Etapa – Reabsorção Tubular Passiva: Ocorre no Túbulo Distal. Fármacos podem sair dos néfrons
e retornar para os capilares sanguíneos. Ocorre através de transporte passivo – fármacos não
metabolizados mais lipossolúveis podem voltar para os capilares sanguíneos e não serem
eliminados. Já os fármacos que foram metabolizados mais hidrossolúveis, não conseguem retornar
– serão conduzidos para os ductos coletores e eliminados. pH da urina pode influenciar a
eliminação de fármacos lipossolúveis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 FELTRE, R. Química geral. 2 ed. Moderna, São Paulo, 1982.

 MARZZOCO, A., TORRES, B.B. Bioquímica básica. 4ª ed., Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2016. 392 p.

 SILVA, M.T.; PRADO, S.R.S. (Orgs). Cálculo e administração de medicamentos na


enfermagem. 6ª ed., São Paulo: Martinari, 2021. 376p.

 SILVA, P. Farmacologia. 7ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.


“Maior que a tristeza de não haver vencido

é a vergonha de não ter lutado”

(Rui Barbosa)

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