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Embora não seja fármaco novo, sedação com cetamina tem ganhado popularidade
novamente, particularmente em serviços de emergências médicas e
odontológicas.50,51 Menor risco de depressão respiratória e manutenção dos reflexos
de vias aéreas são vantagens associadas a seu uso. Sua eficácia para produzir
adequada sedação em procedi- mentos dolorosos é considerada excelente. Seu
emprego em pacientes pediátricos evidenciou sedação e ansiólise em 60% dos casos,
com início 60 minutos após a adminis- tração de 12,5 mg/kg.52 Em ensaio clínico,
cruzado e duplo- cego,53 avaliaram-se níveis de sedação e comportamento de crianças
submetidas a esquemas orais da associação de ceta- mina (4 ou 8 mg/kg) e diazepam
(0,1 mg/kg). A associação em que se empregou dose mais alta de cetamina produziu
maior sedação e diminuiu o comportamento aversivo. Em outro ensaio clínico,
randomizado e duplo-cego, que incluiu crianças de 2 a 7 anos,54 compararam-se os
efeitos da asso- ciação de midazolam e cetamina (0,35 mg/kg e 5 mg/kg,
respectivamente) com os de midazolam administrado isola- damente (1 mg/kg), por
via retal, 30 minutos antes do proce- dimento. Observou-se igual grau de sedação e
ansiólise. A recuperação pós-operatória com midazolam foi mais rápida. Salivação
excessiva predominou com a associação medi- camentosa (26% versus 14%).
Midazolam provocou maior freqüência de alucinação (42% versus 14%).
Analgésicos opióides são prescritos na pré-medicação quando há presença de dor
prévia ao procedimento cirúr- gico. Também têm sido usados para potencializar a
sedação, em combinação com fármacos orais ou inalatórios, mesmo não havendo dor
pré-operatória.31,32,55
Óxido nitroso (protóxido de azoto ou N2O) é anestésico inalatório gasoso. Não tem
efeito relaxante muscular ou ansiolítico por si só. Apresenta grande capacidade
analgésica, aumentada pelo uso prévio de agentes opióides. Na concen- tração
subanestésica de 20%, seu efeito analgésico equivale ao de 15 mg de morfina. Não
irrita as vias aéreas, mas restringe o suprimento de oxigênio na mistura inspirada. A
maior concentração que pode ser administrada com segurança é de 70%. Tal
concentração não seria suficiente para determinar hipnose, porém a falta de potência
pode ser superada pelo uso concomitante de outros agentes anestésicos ou
depressores do sistema nervoso central. Assim, alguns pacientes perdem a consciência
com 30% de N2O em O2, e a maioria torna-se inconsciente com 80% de N2O em O2
em anestesias balance- adas. Seu uso exige treinamento especializado por parte dos
profissionais envolvidos e aparelhagem adequada. Requer administração
concomitante de oxigênio, pelo potencial risco de hipoxemia. Equipamento de
ressuscitação cardiorrespira- tória deve estar disponível.31,32,49
Primeira descrição de seu uso como sedativo, em contra- posição a seu emprego em
anestesia geral, foi feita em livro de anestesia para dentistas, publicado em 1908.2 A
litera- tura menciona óxido nitroso como sendo o agente sedativo mais utilizado em
consultório dentário, em países norte- americanos e europeus.35
Bloqueio das manifestações autonômicas periféricas da ansiedade (palpitações,
tremores, sudorese), aliado à ausência de sedação significativa, fez com que beta-
bloqueadores adrenérgicos tenham sido recomendados em algumas reações agudas
de estresse, como realização de consulta odontológica e apresentações públicas.46
Não afetam sintomas psicológicos (tensão e medo) e não
reduzem sintomas não-autonômicos (aumento de tensão muscular).56 Os poucos
ensaios clínicos controlados, no entanto, não conseguiram estabelecer sua eficácia no
trata- mento dos transtornos de ansiedade,40 só devendo ser tentados quando outras
medidas falharam.56 Propranolol é o protótipo do grupo.
Buspirona e antidepressivos tricíclicos não são empre- gados em situações
estressantes agudas observadas em Odontologia. A primeira tem latência prolongada,
sendo necessárias de 1 a 2 semanas para que o efeito ansiolítico se torne evidente.
Antidepressivos não são propriamente ansiolíticos, têm latência longa e maiores
efeitos indesejá- veis.13 Em estudo que incluiu indivíduos controle (n 53) e com
desordem de pânico (n 102),17 ansiedade e fobia dentárias responderam
eficazmente a tratamento com anti- depressivos, embora os efeitos tenham sido
menores em pacientes com história de fobia dentária.
Embora haja alguns resultados preliminares positivos,57 não existem evidências claras
de eficácia de abordagens homeopáticas e fitoterápicas (kava kava, valeriana, erva- de-
são-joão) comumente empregadas no tratamento de transtornos ansiosos.40
Eventuais benefícios observados decorrem de efeito placebo. Estes podem não ser
dura- douros, havendo recorrências dos sintomas. Além disso, a maior parte dessas
preparações não foi submetida à avaliação adequada de eventuais efeitos adversos.
Nesse sentido, kava kava foi retirada do mercado alemão pela possibilidade de
produção de hepatotoxicidade.13,4