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JULHO-SETEMBRO 2019
* exemplos, lista não exaustiva; a) não disponível atualmente em Portugal b) inibidores seletivos da recaptação da serotonina c) inibidores seletivos da recaptação da
serotonina e noradrenalina d) inibidores da monoaminoxidase
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MEDICAMENTOS E CONDUÇÃO
Conduzir é uma atividade central da vida diá- • Alterações auditivas,3-5 como acufenos;4,5 As BZD podem causar efeitos adversos como
ria, proporcionando autonomia e facilitando o • Outros transtornos, como hipoglicémia,2,4,5 sedação, tonturas, visão turva, fraqueza,2,6 entre
acesso ao emprego e atividades sociais.1 Con- hipotensão2,4 e síncope.2,12 outros, que afetam as funções motoras e cogni-
tudo, conduzir um veículo é um ato comple- tivas,3,6,7 tanto em toma aguda como crónica.1
xo,1-5 que requer uma integração adequada de A relação entre a toma de medicamentos e a Mesmo em doses terapêuticas, as BZD produ-
funções cognitivas, sensoriais e psicomotoras condução nem sempre é negativa, uma vez zem importantes alterações nas capacidades
para que decorra em segurança.1-4,6 que podem controlar condições médicas que de condução3,7 como a aptidão de estabelecer
Os acidentes de viação constituem um rele- diminuem a capacidade de conduzir.3,6,7 Em distâncias em movimento, realizar travagens,
vante problema de Saúde Pública,3,7,8 com im- doenças crónicas como epilepsia, diabetes, ou acelerações e manobras de direção do veículo,3
portante impacto social e económico,5,7 não só perturbações do ritmo cardíaco, um tratamento diminuindo a velocidade de execução1 e de to-
pelas mortes provocadas, mas também pelas adequado é fundamental para que o indivíduo mada de decisões em situações de emergência.3
lesões graves que muitas vezes originam inca- possa conduzir em segurança.8 A magnitude do efeito está relacionada com:
pacidades permanentes.7 São muito diversos • Dose. Parece existir uma relação dose-res-
os fatores que promovem a sua ocorrência, AVALIAÇÃO DOS EFEITOS posta entre as BZD e o risco de acidentes
como fatores ambientais – relacionados com SOBRE A CAPACIDADE de viação.
caraterísticas da via rodoviária e as incidên- DE CONDUZIR • Características/indicação do fármaco.
cias climáticas, fatores relacionados com o A evidência acerca dos efeitos dos fármacos na O risco de acidentes parece maior quando são
veículo e fatores humanos.3,5 Estes incluem condução provém de estudos experimentais e utilizadas BZD com semividas longas,2,6 pois
p. ex. a inexperiência ou o envelhecimento,3 epidemiológicos.1,6,11 Os estudos experimentais os seus efeitos prolongam-se além do inter-
o incumprimento das regras de trânsito, a fa- avaliam se um fármaco tem o potencial de afe- valo da toma,6 podendo ocorrer acumulação
diga,3,5 velocidade inadequada, distrações,3,7 tar as capacidades necessárias para conduzir.1,11 com a administração repetida.3 É geralmen-
ingestão de álcool e drogas, mas também a Baseiam-se em testes cognitivos e psicomotores,1,6 te preferível uma BZD de ação curta, ou que
toma de alguns medicamentos.3,5,7 Várias classes simuladores de condução ou condução contro- não seja metabolizada a metabolitos ativos.6
de fármacos mostraram afetar as capacidades lada em estrada. Os estudos epidemiológicos O grau de afetação depende ainda se a BZD
cognitivas,2,4,6 motoras ou visuais,4,6 necessárias proporcionam evidência retrospetiva1,6,11 através é usada como ansiolítico ou como sedativo/
para o desempenho da condução.2,6 da recolha de dados de relatórios de acidentes hipnótico.1,6 No primeiro caso os efeitos são
Os medicamentos podem influenciar a con- de viação1,6 ou de autuações.1 muito mais pronunciados,1,6,11 porque a toma
dução pelos seus efeitos terapêuticos, ou como Um projeto europeu – Driving under the Influence é diurna1 e o intervalo de tempo entre esta e a
consequência de efeitos secundários.3,5,7,9 Isto of Drugs, Alcohol and Medicines (DRUID) – pro- condução é muito inferior;11 neste contexto, a
ocorre particularmente no início do uso,10-12 pôs um sistema de classificação para os me- afetação da condução não depende do tempo
após um aumento de dose,1,10,12 ou quando usa- dicamentos relativamente à sua capacidade de semivida da BZD. No uso como hipnótico a
dos incorretamente.10 Contudo, o uso correto de afetar a condução, estabelecendo quatro sua toma é noturna e, idealmente, os efeitos não
por um indivíduo que não seja tolerante aos categorias. A inclusão de um fármaco numa devem permanecer após o despertar;1 podem,
seus efeitos, ou que tenha tomado outros fár- categoria segue uma metodologia sistematiza- porém, diminuir o desempenho psicomotor,
macos ou álcool, pode afetar o desempenho. A da que considera a sua capacidade de causar a atenção e a memória na manhã seguinte
extensão do impacto depende da dose e tem- efeitos adversos potencialmente incapacitan- ao uso. É importante considerar o tempo de
po de semivida do fármaco, intervalo entre a tes para a condução e a frequência com que semivida1,11 e o horário de toma1 - a toma ao
toma e a condução, género e idade da pessoa ocorrem.4,5 A descrição detalhada das várias deitar de fármacos de semivida curta pode
medicada.11 Alguns indivíduos apresentam categorias e respetivos critérios de inclusão diminuir a probabilidade de efeitos diurnos,6
particular sensibilidade aos efeitos dos medi- podem ser consultados na referência 4. mas não elimina o risco por completo.3,7 Não
camentos, como os idosos, insuficientes renais, tomar o medicamento à hora correta, ou dor-
diabéticos, entre outros.7,12 GRUPOS FARMACOLÓGICOS mir por um período insuficiente, são fatores
DE RISCO para incapacidade residual.
Os efeitos dos fármacos na capacidade de con- Os fármacos de maior risco são os que exercem • Fatores individuais. A afetação pode ser
dução diferem consoante o seu mecanismo de a atividade no sistema nervoso central (SNC), mais pronunciada em mulheres e em idosos.1
ação,2 podendo manifestar-se por: ou que afetam a função motora.11 Os grupos •D uração do uso. O risco parece maior
• Alterações neurológicas: sedação; tonturas farmacológicos mais envolvidos são ansiolíti- nas semanas iniciais do tratamento,2,6 mas a
ou vertigens;2-6,12 confusão;3-6 movimentos cos e hipnóticos, analgésicos opioides, anti- evidência dos estudos epidemiológicos não é
involuntários, como tremores,4-6,8 espasmos, -histamínicos H1, antiepiléticos e antidepres- uniforme.1 Uma revisão sistemática mostrou
cãibras,3 descoordenação,2-5 etc.; alterações sores.7,9 Também medicamentos administrados maior risco durante as primeiras semanas após
na coordenação psicomotora6-9,12 ou no equi- em meio hospitalar, como os antineoplásicos, a prescrição inicial.2 O desenvolvimento de
líbrio;7,9 dificuldades de concentração;8,12 podem afetar as capacidades de condução.5 tolerância aos efeitos sedativos das BZD re-
redução dos reflexos e aumento do tempo duz gradualmente o seu impacto adverso;1,11
de reação;3,8 BENZODIAZEPINAS contudo, após uma semana de tratamento
•T ranstornos psiquiátricos: alterações compor- Os estudos experimentais demonstraram di- diário, a capacidade de condução permanece
tamentais;4,5,7,9 irritabilidade, euforia, ansie- versos efeitos das benzodiazepinas (BZD) no significativamente afetada.11
dade, entre outros; transtornos psicóticos;4,5 desempenho psicomotor, cognitivo e de con-
•A lterações visuais: visão turva;2-6,12 diplopia, dução,1,9 existindo forte evidência epidemio- Os doentes devem ser informados acerca do
diminuição da acuidade visual, fotofobia, lógica da sua associação a um maior risco de risco de diminuição da capacidade de condu-
entre outros;4,5 acidentes de viação.1,9,11 ção2 e encorajados a parar temporariamente
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FICHA TÉCNICA
Publicação trimestral de distribuição gratuita da Ordem dos Farmacêuticos. Diretora: Ana Paula Martins. Conselho Editorial: Aurora Simón (editora); Ana
Cabral; Francisco Batel Marques; Joana Amaral; J.A. Aranda da Silva; Manuel Morgado; M.a Eugénia Araújo Pereira e Teresa Soares. Os artigos assinados são da
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