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Pergunta

Este conteúdo tem o apoio da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul

O que é Síndrome da Ardência Bucal (SAB) e


como tratar?

Tempo de Leitura
14 minutos

Postagem
14/08/2020

A Síndrome da Ardência Bucal (SAB) é definida como “sensação crônica de queimação


intrabucal, que não apresenta nenhuma causa identificável, tanto local como sistêmica”
[1,2]. Essa condição afeta principalmente mulheres na pós-menopausa com idade entre
50 e 70 anos [3,4,5]. Além da ardência, os pacientes com SAB podem queixar-se de
parestesia, disgeusia e disestesia [6]. As causas da SAB ainda são incertas. Algumas
condições como dor neuropática [7], disfunções endócrinas, fatores psicológicos e

distúrbios do sono, podem estar associadas à manifestação da doença [8,9]. 

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Este conteúdo tem o apoio da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul

O que é Síndrome da Ardência Bucal


(SAB) e como tratar?
Tempo de Leitura
14 minutos

Postagem
14/08/2020

A Síndrome da Ardência Bucal (SAB) é definida como “sensação


crônica de queimação intrabucal, que não apresenta nenhuma causa
identificável, tanto local como sistêmica” [1,2]. Essa condição afeta
principalmente mulheres na pós-menopausa com idade entre 50 e 70
anos [3,4,5]. Além da ardência, os pacientes com SAB podem queixar-
se de parestesia, disgeusia e disestesia [6]. As causas da SAB ainda são
incertas. Algumas condições como dor neuropática [7], disfunções
endócrinas, fatores psicológicos e distúrbios do sono, podem estar
associadas à manifestação da doença [8,9]. 
O diagnóstico da SAB é realizado por exclusão. Para diagnóstico e
manejo é necessária a realização de uma detalhada anamnese e exame
físico, conforme é apresentado no fluxo 1.
 

Figura 1 – Diagnóstico e manejo da Síndrome da Ardência Bucal


Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2020).
Faça download do fluxograma sobre diagnóstico e manejo da
Síndrome da Ardência Bucal
 

São causas de ardência bucal, porém não configuram SAB:


 Lesões bucais: língua geográfica e/ou língua fissurada, trauma
mecânico crônico, candidíase bucal, líquen plano, reação
liquenóide [10]. Se presentes,  realizar tratamento específico.
 Hipossalivação e xerostomia: podem ser efeitos colaterais
do uso de drogas antidepressivas e ansiolíticas, também podem
estar relacionadas a manifestação de doenças sistêmicas, como
por exemplo: Síndrome de Sjogren. Estas situações podem
propiciar eventos traumáticos nas mucosas orais, tendo o
paciente também queixa de ardência [2,11]. Orientar medidas
locais como saliva artificial, gomas de mascar sem açúcar,
aumento da ingestão de alimentos ou bebidas cítricas.
 Secundária a tratamentos oncológicos: pacientes com
histórico de radioterapia e/ou quimioterapia também podem ter
queixa de ardência bucal [12]. 
 Secundária a medicamentos:  ver tabela 1 [10,13]. Avaliar
possibilidade de troca das medicações.
 Comorbidades: doenças como diabetes mellitus
descompensado, hipotireoidismo,  gastrite crônica, doença do
refluxo gastroesofágico,  hipoacidez gástrica crônica, ansiedade
e depressão podem estar relacionadas a queixa de ardência
bucal [2,10]. 
Na ausência dessas condições, sugere-se investigação por meio da
solicitação de exames laboratoriais como: hemograma, ferritina,
glicemia, TSH, vitamina B12, ácido fólico e zinco [11,14,15]. A
suplementação, caso haja alguma deficiência, pode levar a melhora
dos sintomas de ardência bucal [11,16].

Tabela 1 – Medicamentos associados a queixa de ardência bucal.


Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2020).
Classe medicamentosa Medicamentos
Anti-histamínicos Maleato de dexclorfeniramina.

Captopril, enalapril, losartana, valsartana, propranolol,


Anti-hipertensivos
atenolol.

Anfotericina B, ampicilina, metronidazol,


Antimicrobianos
estreptomicina, tetraciclina.

Antineoplásicos ou Doxorrubicina, metotrexato, vincristina, azatioprina.


imunossupressores

Antiparkinsonianos Baclofeno, levodopa.

Antipsicóticos ou
Carbamazepina, lítio, fenitoína, haloperidol.
anticonvulsivantes

Antirreumáticos Alopurinol, colchicina.

Antissépticos Hexatidina, clorexidina.

Antitireoidianos Metimazol, propiltiouracil.

Hipoglicêmico Metformina.

Opiáceos Codeína, morfina.

Simpaticomiméticos Anfetaminas, fenmetrazina.

Vasodilatador Oxifedrina.

Excluídas todas as causas acima, o diagnóstico de SAB pode


ser considerado. O tratamento é dividido em 3 grupos: tópico,
sistêmico e alternativo [2,17]. 
 

Terapia tópica
 Clonazepam: Dissolver ¼ a 1 comprimido de 0,5 mg na boca
com a saliva, sem deglutir, e cuspir após 3 minutos até 4 vezes
ao dia. Manter o tratamento por 10 dias após a última sensação
de ardência. A dose pode chegar a 3 mg (1 mg 3 vezes ao dia),
de acordo com a avaliação dos sintomas [18,19].
Terapias sistêmicas
 Ácido alfa-lipóico (ALA): iniciar com dose de 400 a 800 mg,
1 vez ao dia, durante 1 a 2 meses e reavaliar. Orientar o
paciente a retornar caso haja piora da dor neste período. O
tratamento com ALA associado com  acompanhamento
psicológico ou gabapentina apresentou melhores respostas
[2,20,2122]. 
 Clonazepam: iniciar com 1 comprimido de 0,5 mg antes
de dormir por 2 semanas. Se houver melhora da
ardência, manter por mais 2 semanas a mesma dosagem.
Se não houver melhora, aumentar a dose para 0,75 mg,
2 vezes ao dia, por mais 2 semanas. A dose deve ser
ajustada em 0,25 mg a cada semana de acordo com a
sintomatologia do paciente, até atingir a dose de 3
mg/dia. Quando houver melhora dos sintomas deve-se
tentar reduzir a dose gradativamente.  Se ocorrerem
efeitos colaterais indesejáveis, em particular sonolência
grave e/ou tontura, deve-se reduzir a dose pela  metade
[1,2,18,23]. Saiba mais sobre a retirada de
benzodiazepínicos.
 Amitriptilina: iniciar com 12,5 mg antes de dormir. Se não
houver melhora ou apenas melhora parcial, a dose pode ser
aumentada semanalmente, podendo chegar a 50 mg/dia
[1,3,24]. Aconselha-se a reavaliação semanal até a significativa
melhora. Ao atingir o efeito desejado é indicado a redução
gradual da dose, buscando um equilíbrio entre dose e efeito
[19,24]. Esta terapia pode ter resposta positiva em 6 semanas a
3 meses após o início do medicamento. Saiba mais sobre
prescrição de antidepressivos tricíclicos.
 Gabapentina: iniciar com dose de 300 mg/dia. Sugere-se
reavaliação quinzenal a fim de mensurar sintomas, até
estabilizar queixa. Se não houver melhora, a dose deve ser
ajustada de acordo com a resposta obtida, podendo atingir dose
máxima de 2.700 mg dia [22]. A Gabapentina, em geral, é
utilizada quando todas os outros medicamentos citados acima
fracassam em relação a melhora da sintomatologia. Este
medicamento deve ser prescrito em doses baixas e com
precaução para pacientes com doenças pulmonares obstrutivas
crônicas, doença renal crônica, idosos ou uso concomitante de
opióides ou outros depressores do SNC [1], devido ao risco de
depressão respiratória grave. Estudos mostram uma melhor
resposta quando a gabapentina é associada ao ácido alfa-lipóico
(ALA) [2]. 
 Pramipexol:  iniciar com dose de 0,25 mg a 1 mg, 1 a 2
vezes ao dia. O uso desse medicamento teve bons
resultados, em alguns artigos de relato de casos clínicos,
porém a qualidade das evidências são baixas [25,26].
Outros medicamentos têm mostrado resultados para tratamento da
SAB, como catuama e bupivacaína. Porém, os estudos encontrados
não têm nível de evidência que possa suportar essas indicações com
segurança[27].
Por serem mais suscetíveis a efeitos adversos, é necessário cautela na
prescrição dos medicamentos para idosos, uma vez que pode haver
interações medicamentosas e efeitos adversos.  
Sugere-se realizar escala visual para dor (VAS ou EVA) a cada consulta
para monitoramento dos sintomas [1]. 
Tratamentos alternativos
 Laserterapia: a terapia com laser de baixa potência (LBP) é
associada com redução da sintomatologia para pacientes com
SAB. O LBP tem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e
bioestimuladoras [28].
 Psicoterapia: tem mostrado bons resultados para SAB,
principalmente quando associada ao uso de medicamentos
sistêmicos, como ALA [20,21]

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Perguntas da Semana

Pergunta

Este conteúdo tem o apoio da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul

O que é Síndrome da Ardência Bucal (SAB) e


como tratar?

Tempo de Leitura
14 minutos

Postagem
14/08/2020

A Síndrome da Ardência Bucal (SAB) é definida como “sensação crônica de


queimação intrabucal, que não apresenta nenhuma causa identificável, tanto
local como sistêmica” [1,2]. Essa condição afeta principalmente mulheres na pós-
menopausa com idade entre 50 e 70 anos [3,4,5]. Além da ardência, os pacientes
com SAB podem queixar-se de parestesia, disgeusia e disestesia [6]. As causas
da SAB ainda são incertas. Algumas condições como dor neuropática [7],
disfunções endócrinas, fatores psicológicos e distúrbios do sono, podem estar
associadas à manifestação da doença [8,9]. 
O diagnóstico da SAB é realizado por exclusão. Para diagnóstico e manejo é
necessária a realização de uma detalhada anamnese e exame físico, conforme é
apresentado no fluxo 1.
 
Figura 1 – Diagnóstico e manejo da Síndrome da Ardência Bucal
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2020).
Faça download do fluxograma sobre diagnóstico e manejo da
Síndrome da Ardência Bucal
 

São causas de ardência bucal, porém não configuram SAB:


 Lesões bucais: língua geográfica e/ou língua fissurada, trauma mecânico
crônico, candidíase bucal, líquen plano, reação liquenóide [10]. Se presentes, 
realizar tratamento específico.
 Hipossalivação e xerostomia: podem ser efeitos colaterais do uso de
drogas antidepressivas e ansiolíticas, também podem estar relacionadas a
manifestação de doenças sistêmicas, como por exemplo: Síndrome de Sjogren.
Estas situações podem propiciar eventos traumáticos nas mucosas orais, tendo o
paciente também queixa de ardência [2,11]. Orientar medidas locais como saliva
artificial, gomas de mascar sem açúcar, aumento da ingestão de alimentos ou
bebidas cítricas.
 Secundária a tratamentos oncológicos: pacientes com histórico de
radioterapia e/ou quimioterapia também podem ter queixa de ardência bucal
[12]. 
 Secundária a medicamentos:  ver tabela 1 [10,13]. Avaliar possibilidade
de troca das medicações.
 Comorbidades: doenças como diabetes mellitus descompensado,
hipotireoidismo,  gastrite crônica, doença do refluxo gastroesofágico,  hipoacidez
gástrica crônica, ansiedade e depressão podem estar relacionadas a queixa de
ardência bucal [2,10]. 
Na ausência dessas condições, sugere-se investigação por meio da solicitação
de exames laboratoriais como: hemograma, ferritina, glicemia, TSH, vitamina
B12, ácido fólico e zinco [11,14,15]. A suplementação, caso haja alguma
deficiência, pode levar a melhora dos sintomas de ardência bucal [11,16].

Tabela 1 – Medicamentos associados a queixa de ardência bucal.


Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2020).
Classe medicamentosa Medicamentos
Anti-histamínicos Maleato de dexclorfeniramina.

Captopril, enalapril, losartana, valsartana, propranolol,


Anti-hipertensivos
atenolol.

Anfotericina B, ampicilina, metronidazol, estreptomicina,


Antimicrobianos
tetraciclina.

Antineoplásicos ou
Doxorrubicina, metotrexato, vincristina, azatioprina.
imunossupressores

Antiparkinsonianos Baclofeno, levodopa.


Antipsicóticos ou
Carbamazepina, lítio, fenitoína, haloperidol.
anticonvulsivantes

Antirreumáticos Alopurinol, colchicina.

Antissépticos Hexatidina, clorexidina.

Antitireoidianos Metimazol, propiltiouracil.

Hipoglicêmico Metformina.

Opiáceos Codeína, morfina.

Simpaticomiméticos Anfetaminas, fenmetrazina.

Vasodilatador Oxifedrina.

Excluídas todas as causas acima, o diagnóstico de SAB pode ser


considerado. O tratamento é dividido em 3 grupos: tópico, sistêmico e
alternativo [2,17]. 
 

Terapia tópica
 Clonazepam: Dissolver ¼ a 1 comprimido de 0,5 mg na boca com a saliva,
sem deglutir, e cuspir após 3 minutos até 4 vezes ao dia. Manter o tratamento
por 10 dias após a última sensação de ardência. A dose pode chegar a 3 mg (1
mg 3 vezes ao dia), de acordo com a avaliação dos sintomas [18,19].
Terapias sistêmicas
 Ácido alfa-lipóico (ALA): iniciar com dose de 400 a 800 mg, 1 vez ao dia,
durante 1 a 2 meses e reavaliar. Orientar o paciente a retornar caso haja piora da
dor neste período. O tratamento com ALA associado com  acompanhamento
psicológico ou gabapentina apresentou melhores respostas [2,20,2122]. 
 Clonazepam: iniciar com 1 comprimido de 0,5 mg antes de dormir
por 2 semanas. Se houver melhora da ardência, manter por mais 2
semanas a mesma dosagem. Se não houver melhora, aumentar a
dose para 0,75 mg, 2 vezes ao dia, por mais 2 semanas. A dose
deve ser ajustada em 0,25 mg a cada semana de acordo com a
sintomatologia do paciente, até atingir a dose de 3 mg/dia.
Quando houver melhora dos sintomas deve-se tentar reduzir a
dose gradativamente.  Se ocorrerem efeitos colaterais
indesejáveis, em particular sonolência grave e/ou tontura, deve-
se reduzir a dose pela  metade [1,2,18,23]. Saiba mais sobre a
retirada de benzodiazepínicos.
 Amitriptilina: iniciar com 12,5 mg antes de dormir. Se não houver melhora ou
apenas melhora parcial, a dose pode ser aumentada semanalmente, podendo
chegar a 50 mg/dia [1,3,24]. Aconselha-se a reavaliação semanal até a
significativa melhora. Ao atingir o efeito desejado é indicado a redução gradual
da dose, buscando um equilíbrio entre dose e efeito [19,24]. Esta terapia pode
ter resposta positiva em 6 semanas a 3 meses após o início do
medicamento. Saiba mais sobre prescrição de antidepressivos
tricíclicos.
 Gabapentina: iniciar com dose de 300 mg/dia. Sugere-se reavaliação
quinzenal a fim de mensurar sintomas, até estabilizar queixa. Se não houver
melhora, a dose deve ser ajustada de acordo com a resposta obtida, podendo
atingir dose máxima de 2.700 mg dia [22]. A Gabapentina, em geral, é utilizada
quando todas os outros medicamentos citados acima fracassam em relação a
melhora da sintomatologia. Este medicamento deve ser prescrito em doses
baixas e com precaução para pacientes com doenças pulmonares obstrutivas
crônicas, doença renal crônica, idosos ou uso concomitante de opióides ou
outros depressores do SNC [1], devido ao risco de depressão respiratória grave.
Estudos mostram uma melhor resposta quando a gabapentina é associada ao
ácido alfa-lipóico (ALA) [2]. 
 Pramipexol:  iniciar com dose de 0,25 mg a 1 mg, 1 a 2 vezes ao
dia. O uso desse medicamento teve bons resultados, em alguns
artigos de relato de casos clínicos, porém a qualidade
das evidências são baixas [25,26].
Outros medicamentos têm mostrado resultados para tratamento da SAB, como
catuama e bupivacaína. Porém, os estudos encontrados não têm nível de
evidência que possa suportar essas indicações com segurança[27].
Por serem mais suscetíveis a efeitos adversos, é necessário cautela na prescrição
dos medicamentos para idosos, uma vez que pode haver interações
medicamentosas e efeitos adversos.  
Sugere-se realizar escala visual para dor (VAS ou EVA) a cada consulta para
monitoramento dos sintomas [1]. 
Tratamentos alternativos
 Laserterapia: a terapia com laser de baixa potência (LBP) é associada com
redução da sintomatologia para pacientes com SAB. O LBP tem propriedades
analgésicas, anti-inflamatórias e bioestimuladoras [28].
 Psicoterapia: tem mostrado bons resultados para SAB, principalmente
quando associada ao uso de medicamentos sistêmicos, como ALA [20,21]
O diagnóstico da SAB é realizado por exclusão. Para diagnóstico e manejo é
necessária a realização de uma detalhada anamnese e exame físico, conforme é
apresentado no fluxo 1.
 

Figura 1 – Diagnóstico e manejo da Síndrome da Ardência Bucal


Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2020).
Faça download do fluxograma sobre diagnóstico e manejo da
Síndrome da Ardência Bucal
 

São causas de ardência bucal, porém não configuram SAB:


 Lesões bucais: língua geográfica e/ou língua fissurada, trauma mecânico
crônico, candidíase bucal, líquen plano, reação liquenóide [10]. Se presentes, 
realizar tratamento específico.
 Hipossalivação e xerostomia: podem ser efeitos colaterais do uso de
drogas antidepressivas e ansiolíticas, também podem estar relacionadas a
manifestação de doenças sistêmicas, como por exemplo: Síndrome de Sjogren.
Estas situações podem propiciar eventos traumáticos nas mucosas orais, tendo o
paciente também queixa de ardência [2,11]. Orientar medidas locais como saliva
artificial, gomas de mascar sem açúcar, aumento da ingestão de alimentos ou
bebidas cítricas.
 Secundária a tratamentos oncológicos: pacientes com histórico de
radioterapia e/ou quimioterapia também podem ter queixa de ardência bucal
[12]. 
 Secundária a medicamentos:  ver tabela 1 [10,13]. Avaliar possibilidade
de troca das medicações.
 Comorbidades: doenças como diabetes mellitus descompensado,
hipotireoidismo,  gastrite crônica, doença do refluxo gastroesofágico,  hipoacidez
gástrica crônica, ansiedade e depressão podem estar relacionadas a queixa de
ardência bucal [2,10]. 
Na ausência dessas condições, sugere-se investigação por meio da solicitação
de exames laboratoriais como: hemograma, ferritina, glicemia, TSH, vitamina
B12, ácido fólico e zinco [11,14,15]. A suplementação, caso haja alguma
deficiência, pode levar a melhora dos sintomas de ardência bucal [11,16].

Tabela 1 – Medicamentos associados a queixa de ardência bucal.


Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2020).
Classe medicamentosa Medicamentos
Anti-histamínicos Maleato de dexclorfeniramina.

Captopril, enalapril, losartana, valsartana, propranolol,


Anti-hipertensivos
atenolol.

Anfotericina B, ampicilina, metronidazol, estreptomicina,


Antimicrobianos
tetraciclina.

Antineoplásicos ou
Doxorrubicina, metotrexato, vincristina, azatioprina.
imunossupressores

Antiparkinsonianos Baclofeno, levodopa.


Antipsicóticos ou
Carbamazepina, lítio, fenitoína, haloperidol.
anticonvulsivantes

Antirreumáticos Alopurinol, colchicina.

Antissépticos Hexatidina, clorexidina.

Antitireoidianos Metimazol, propiltiouracil.

Hipoglicêmico Metformina.

Opiáceos Codeína, morfina.

Simpaticomiméticos Anfetaminas, fenmetrazina.

Vasodilatador Oxifedrina.

Excluídas todas as causas acima, o diagnóstico de SAB pode ser


considerado. O tratamento é dividido em 3 grupos: tópico, sistêmico e
alternativo [2,17]. 
 

Terapia tópica
 Clonazepam: Dissolver ¼ a 1 comprimido de 0,5 mg na boca com a saliva,
sem deglutir, e cuspir após 3 minutos até 4 vezes ao dia. Manter o tratamento
por 10 dias após a última sensação de ardência. A dose pode chegar a 3 mg (1
mg 3 vezes ao dia), de acordo com a avaliação dos sintomas [18,19].
Terapias sistêmicas
 Ácido alfa-lipóico (ALA): iniciar com dose de 400 a 800 mg, 1 vez ao dia,
durante 1 a 2 meses e reavaliar. Orientar o paciente a retornar caso haja piora da
dor neste período. O tratamento com ALA associado com  acompanhamento
psicológico ou gabapentina apresentou melhores respostas [2,20,2122]. 
 Clonazepam: iniciar com 1 comprimido de 0,5 mg antes de dormir
por 2 semanas. Se houver melhora da ardência, manter por mais 2
semanas a mesma dosagem. Se não houver melhora, aumentar a
dose para 0,75 mg, 2 vezes ao dia, por mais 2 semanas. A dose
deve ser ajustada em 0,25 mg a cada semana de acordo com a
sintomatologia do paciente, até atingir a dose de 3 mg/dia.
Quando houver melhora dos sintomas deve-se tentar reduzir a
dose gradativamente.  Se ocorrerem efeitos colaterais
indesejáveis, em particular sonolência grave e/ou tontura, deve-
se reduzir a dose pela  metade [1,2,18,23]. Saiba mais sobre a
retirada de benzodiazepínicos.
 Amitriptilina: iniciar com 12,5 mg antes de dormir. Se não houver melhora ou
apenas melhora parcial, a dose pode ser aumentada semanalmente, podendo
chegar a 50 mg/dia [1,3,24]. Aconselha-se a reavaliação semanal até a
significativa melhora. Ao atingir o efeito desejado é indicado a redução gradual
da dose, buscando um equilíbrio entre dose e efeito [19,24]. Esta terapia pode
ter resposta positiva em 6 semanas a 3 meses após o início do
medicamento. Saiba mais sobre prescrição de antidepressivos
tricíclicos.
 Gabapentina: iniciar com dose de 300 mg/dia. Sugere-se reavaliação
quinzenal a fim de mensurar sintomas, até estabilizar queixa. Se não houver
melhora, a dose deve ser ajustada de acordo com a resposta obtida, podendo
atingir dose máxima de 2.700 mg dia [22]. A Gabapentina, em geral, é utilizada
quando todas os outros medicamentos citados acima fracassam em relação a
melhora da sintomatologia. Este medicamento deve ser prescrito em doses
baixas e com precaução para pacientes com doenças pulmonares obstrutivas
crônicas, doença renal crônica, idosos ou uso concomitante de opióides ou
outros depressores do SNC [1], devido ao risco de depressão respiratória grave.
Estudos mostram uma melhor resposta quando a gabapentina é associada ao
ácido alfa-lipóico (ALA) [2]. 
 Pramipexol:  iniciar com dose de 0,25 mg a 1 mg, 1 a 2 vezes ao
dia. O uso desse medicamento teve bons resultados, em alguns
artigos de relato de casos clínicos, porém a qualidade
das evidências são baixas [25,26].
Outros medicamentos têm mostrado resultados para tratamento da SAB, como
catuama e bupivacaína. Porém, os estudos encontrados não têm nível de
evidência que possa suportar essas indicações com segurança[27].
Por serem mais suscetíveis a efeitos adversos, é necessário cautela na prescrição
dos medicamentos para idosos, uma vez que pode haver interações
medicamentosas e efeitos adversos.  
Sugere-se realizar escala visual para dor (VAS ou EVA) a cada consulta para
monitoramento dos sintomas [1]. 
Tratamentos alternativos
 Laserterapia: a terapia com laser de baixa potência (LBP) é associada com
redução da sintomatologia para pacientes com SAB. O LBP tem propriedades
analgésicas, anti-inflamatórias e bioestimuladoras [28].
 Psicoterapia: tem mostrado bons resultados para SAB, principalmente
quando associada ao uso de medicamentos sistêmicos, como ALA [20,21]

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