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Anatomia Humana
Ano letivo 2017-2018
Ana C. Melo, Henrique Mestre, Mariana Godinho
Agradecimentos a: João Vaz, Mariana Bento, Mariana Miranda, Mariana Rosário, Nelson Bar-
bosa, Vanessa Nascimento
Esta Sebenta é baseada nas Teóricas da Unidade Curricular e no Livro do Seeley (6ª Ed.) e Sala-
din (5ª Ed.).
ANATOMIA HUMANA 2017-2018
ÍNDICE
Página
Introdução…………………………………………………………………………………………….3
Sistema Locomotor……………………………………………………………………………….4
Sistema Cardiovascular ……………………………………….……………………………….55
Sistema Linfático…………………………………………………………………………………..77
Sistema Respiratório…………………………………………………………………………….82
Sistema Digestivo………………………………………………………………………………...97
Sistema Urinário………………………………………………………………………..…………112
Sistemas Reprodutores………………………………………………………………………..131
Sistema Nervoso………………………………………………………………………………….148
Sistema Endócrino……………………………………………………………………………….194
Órgãos Dos Sentidos……………………………………………………………………………200
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INTRODUÇÃO
De uma forma geral, o corpo humano é estudado na pos-
*Supinação - movimento de ro-
tura anatómica, ou seja, na posição ortostática, na qual corpo tação do antebraço pelo qual as
se encontra assente na planta dos pés, e os membros superio- palmas das mãos ficam voltadas
res em supinação*. para cima/para diante; também
designa um movimento natural
Existem vários referenciais que permitem dividir o corpo em do pé que roda para o exterior
várias partes para melhor localizar os vários órgãos, ou seja, para permitir impulsão.
são referenciais topográficos.
Corte Sagital: Divide o corpo na vertical, sepa-
rando duas regiões simétricas entre si. Cortes
deste tipo permitem relacionar o que se en-
contra no eixo medial com o que se encontra
no lateral.
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SISTEMA LOCOMOTOR
O sistema locomotor tem diversas funções nomeadamente de suporte, movimento, prote-
ção, produção de células sanguíneas e reserva (os ossos têm capacidade de armazenamento de
cálcio, permitindo um equilíbrio dinâmico, com possibilidade de reabsorção para outros órgãos).
OSSOS:
- Classificação:
Podem ter diversas classificações. Quanto à sua forma podem ser:
• Longos (nomeadamente os ossos dos membros);
• Curtos (quando o comprimento e largura são semelhantes; temos o exemplo do tor-
nozelo);
• Achatados (quando têm uma espessura reduzida, por exemplo, a abóboda craniana);
• Irregulares (por exemplo: as vértebras);
• Sesamoides (em forma de uma semente; encontram-se no interior dos tendões, por
exemplo: a patela ou rótula);
• Suturais (por exemplo: as suturas do crânio).
- Estrutura
A estrutura dos ossos varia consoante a sua
função e localização, mas, na sua maioria, to-
dos eles possuem uma zona compacta e uma
zona esponjosa.
- A zona compacta é a zona mais rígida e pe-
sada do osso, e pelas suas características en-
contra-se na sua periferia.
- A zona esponjosa encontra-se no interior
do osso e é a responsável pela produção de cé-
lulas do sangue, correspondendo à medula ós-
sea. Como o próprio nome indica, é uma zona
bastante leve.
- Adaptações
Os ossos possuem várias adaptações para exercer as suas funções, como é o caso da sua
capacidade de suportar o peso do corpo e possível carga extra. Estas adaptações ocorrem
devido à presença de zonas com maior resistência. Porém, como os ossos são estruturas
adaptadas à sua função, o facto de se exercerem forças perpendiculares pode levar à quebra
destas estruturas, apesar da sua rigidez.
Ao longo do desenvolvimento do ser humano, os ossos apresentam um crescimento, que
resulta em algumas alterações morfológicas nestas estruturas.
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- Envelhecimento
Os ossos, tal como as outras estruturas do organismo, também envelhecem, resultando
numa perda de massa óssea, tornando a zona compacta mais rendilhada e mais fina e, con-
sequentemente, mais suscetível a quebras.
Uma das doenças resultantes do envelhecimento é a osteoporose, que pode ser diagnos-
ticada com densimetrias ósseas e prevenida com a toma de alguns suplementos alimentares
e a prática regular de exercício físico.
- Acidentes Anatómicos
Os acidentes anatómicos correspondem a alterações presentes nos ossos que permitem
a interação destes com outras estruturas do organismo, ou seja, são as caraterísticas do osso.
Assim sendo, temos estruturas como cristas, linhas, espinhas, trocânteres, tubérculos ou
tuberosidades são locais onde ocorre a inserção de tendões e ligamentos.
Estruturas como cabeça, colo, côndilo, faceta ou tróclea representam articulações com
outros ossos.
A fossa ou sulco representam uma depressão para a passagem de, por exemplo, vasos
sanguíneos, enquanto que as fissuras, seios, canais ou forâmenes representam aberturas,
para a passagem de diversas estruturas.
No entanto, estes acidentes anatómicos podem alterar-se, dependendo do género da
pessoa, e variam mesmo de indivíduo para indivíduo, por isso são bastante úteis no reconhe-
cimento de corpos em cenas de crime ou em antropologia.
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ARTICULAÇÕES:
As articulações são as estruturas responsáveis por ligarem todos os ossos, tornando o esque-
leto uma unidade.
Estas podem ser classificadas segundo a sua função ou segundo o seu tipo de tecido.
- Quanto à sua função:
✓ As articulações com a capacidade de realizarem muito movimento são as diar-
troses podem ser apenas classificadas como sinoviais (ombro e pulso).
✓ As que têm movimento reduzido são as anfiartroses, que podem ser classifica-
das em:
▪ Sindesmoses (membrana entre o rádio e o úmero)
▪ Sínfises (por exemplo, a sínfise púbica vai permitir a abertura da pélvis, que
vai possibilitar dilatação no momento do parto).
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Existem diversas articulações sinoviais, tendo em conta os vários movimentos que elas per-
mitem realizar.
As artrodias consistem em dois ossos planos que realizam movimentos de desliza-
mento;
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Uma das principais lesões ao nível articular é a artrite reumatoide, que consiste num pro-
cesso inflamatório articular, resultando numa diminuição da capacidade de movimento.
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MÚSCULOS:
Os músculos esqueléticos são de controlo voluntário e têm uma massa bastante elevada.
- Constituição e Função:
Todos possuem 1 corpo e 2 extremidades. Dependendo das funcionalidades dos músculos
podem estar ambas as extremidades ligadas ao osso (músculo esquelético) ou uma delas ligadas
ao osso e outra a pele (músculo subcutâneo). Os músculos terminam em tendões/periósteo e
tem à sua volta um tecido conjuntivo a que se chama fáscia/aponevrose.
- Movimento:
Os músculos têm uma origem que é a extremidade não móvel e uma inserção que é a extre-
midade que dá origem ao movimento. Para todos os movimentos há um agonista e um antago-
nista:
✓ Agonistas: São os músculos que ativam um movimento específico do corpo, eles con-
traem-se para produzir um movimento desejado.
✓ Antagonistas: São os músculos que se opõem à ação dos agonistas: quando o agonista
se contrai, o antagonista relaxa progressivamente.
Existem ainda os sinergistas, que cooperam no movimento dos músculos agonistas, e tam-
bém os fixadores, que permitem manter estável uma articulação usada no movimento.
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Os músculos podem ser designados pela sua morfologia, localização, orientação ou ação. Es-
tas estruturas recebem estímulos nervosos que permitem o seu movimento e ação. Quando
existem lesões nas estruturas nervosas, existe uma diminuição na capacidade e qualidade de
movimento, como acontece na doença esclerose lateral amiotrófica.
A CABEÇA
A cabeça, tal como outras estruturas da anatomia humana, é composta por ossos, articulações
e músculos.
Os ossos da cabeça são divididos entre os ossos do crânio e os ossos da face.
Ossos do crânio:
Osso Frontal
- Constituição:
É um osso ímpar, ou seja, existe apenas
um na cabeça.
É um osso achatado, possuindo 3 faces
e 3 bordos.
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- Localização:
Localiza-se na posição mais anterior do crânio e superior ao maciço facial, tendo duas por-
ções, uma vertical e outra horizontal.
- Articulações:
Articula-se com os parietais, o esfenoide e o etmoide, mas também com os nasais, os lacri-
mais, os maxilares superiores e os malares.
- Descrição:
▪ Apresenta um espessamento na zona superior da órbita, permitindo uma maior prote-
ção da zona ocular.
▪ É neste osso que se encontra a margem supraorbitária, que define superiormente a ór-
bita.
▪ Possui também o forâmen supraorbital (uma pequena abertura acima das órbitas que
permitem a passagem dos nervos responsáveis pelo controlo da visão.)
▪ Existe também a glabela, que consiste numa pequena elevação óssea entre os arcos
superciliares.
▪ É neste osso que se encontra o seio frontal que vai fazer parte do sistema do nariz e, por
fim, a fossa da glândula lacrimal que, como o próprio nome indica, é a zona que vai alojar
esta glândula.
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Osso Parietal
- Constituição:
É um osso par e achatado.
- Localização:
Localiza-se porção súpero-lateral do crânio e entre o
frontal e o occipital.
- Articulações:
Articula-se com quase todos os outros ossos do crânio (frontal, esfenoide, temporal, occi-
pital e temporal contralateral)
- Descrição:
Tem 2 faces, 4 bordos e 4 ângulos. Este osso
possui as linhas curvas temporais e diversos sul-
cos, como os que permitem a passagem da ar-
téria meníngea da aorta. Possui também fora-
mes parietais para a passagem de veias.
Este osso tem associado a si várias suturas
como a sutura coronal (com o osso frontal), a
sutura sagital (entre os parietais) ou a sutura
lambdoide (com o occipital).
É no cruzamento entre estes ossos (Frontal e
Parietais) que se encontra o ponto bregma. Este ponto é o cruzamento de dois suturas
cranianas e funciona como uma referência em situações de localização e medição no cére-
bro.
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Osso Temporal
- Constituição:
É par e achatado. Tem este nome por
ser onde os primeiros cabelos brancos co-
meçam a nascer.
Este osso tem 3 porções: a escama, uma
zona achatada com forma de escama; o
processo mastoide, que é a zona que se
encontra atrás do ouvido e, por fim, o ro-
chedo, que vai formar os ouvidos.
- Localização:
Localiza-se na porção ínfero-lateral do crânio e localiza-se anteriormente ao occipital e
inferiormente ao parietal, tendo ligação com o malar e maxilar inferior.
- Articulações:
Articula-se com o esfenoide, o parietal e o occipital e também com o malar e maxilar in-
ferior.
- Descrição:
Possui um processo zigomático, que consiste numa elongação óssea.
Existe ainda um côndilo temporal, uma cavidade glenóidea, um processo estiloide e os
orifícios dos canais auditivos interno e externo.
Osso Occipital
- Constituição:
- Localização:
Localiza-se na porção mais posterior e inferior do crânio.
- Articulações:
Articula-se com o esfenoide, os parietais e os temporais através das suturas e também se
com a primeira vértebra, a cervical C1 (também chamada de Atlas) através dos côndilos
occipitais.
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- Descrição:
Neste osso existe o buraco occipital ou forame magno que permite a ligação do encéfalo
(bulbo raquidiano) à medula espinal, e os côndilos occipitais, que são uma formação óssea
da base do crânio que apresenta forma oval e se articula com a 1ª vértebra cervical.
Por fim, existem ainda: as fossas cerebrais e cerebelosas, que são adaptações ósseas ao
relevo do encéfalo, e a protuberância occipital externa.
Esfenoide
- Constituição:
- Localização:
Este osso encontra-se numa posição anterior e média da base do crânio, localizado pos-
teriormente ao etmoide e anteriormente ao occipital, tendo ligação a todos os ossos do
crânio, tal como ao paladino, malares e vómer.
- Articulações:
Articula-se com todos os ossos do crânio e também com os palatinos, os malares e o
vómer.
- Descrição:
▪ É na sela turca ou fossa pituitária do esfenoide que se encontra a hipófise, glândula
responsável pela produção e secreção de bastantes hormonas.
▪ É neste osso que se encontram os seios esfenoidais que vão dar origem aos seios
paranasais em conjunto com outros.
▪ Possui vários orifícios e fendas que permitem a passagem de estruturas que irão
transmitir informações para fora do cérebro.
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Etmoide
- Constituição/Descrição:
- Localização:
É um osso que se encontra na zona anterior da base do crânio, estando interligado com
o frontal e diversos ossos da face.
- Articulações:
Articula-se com o osso frontal e o esfenoide e também com os ossos nasais, os lacrimais,
os palatinos, os maxilares superiores e o vómer.
- Descrição:
A lâmina horizontal ou crivosa possui 2 goteiras olfativas ou forames olfatórios que per-
mitem a passagem de nervos olfativos que entram no crânio.
As aberturas (crivos) existentes na lâmina crivosa, tal como as células etmoidais, são
bastante importantes para a passagem e assimilação dos cheiros e passagem de fibras
nervosas.
Neste osso existe o corneto superior e médio, tal como a lâmina papirácea que vai fazer
parte de uma zona da órbita.
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Ossos da face:
Maxilar superior ou maxila
- Constituição:
- Localização:
Está localizado numa posição anterior da face e encontra-se
entre as cavidades orbitárias e bucal.
- Articulações:
Articula-se com o osso frontal e o etmoide e também com todos os ossos da face exceto
o maxilar inferior.
- Descrição:
Possui 2 faces e 4 bordos.
Tem um processo zigomático, ascendente ou montante e um processo palatino que vai
dar origem à parte anterior do céu da boca. Neste osso estão ainda inseridos os alvéolos
dentários e o seio maxilar.
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Palatino
- Constituição:
É um osso par e achatado em forma de L, tendo duas
lâminas, uma vertical e uma horizontal.
- Localização:
Localiza-se na porção posterior da face, localizado pos-
teriormente ao maxilar superior e anteriormente ao
esfenoide.
- Articulações:
Articula-se com o etmoide e esfenoide e também com
o maxilar superior, o corneto inferior, o vómer e o pa-
latino contralateral.
- Descrição:
Este osso possui alguns processos, como os processos
maxilar e piramidal.
- Localização:
Localiza-se na região geniana e encontra-se lateralmente à cavidade orbitária.
- Articulações:
Articula-se com o osso frontal, o esfenoide e o temporal e também com o maxilar supe-
rior.
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- Localização:
Localiza-se na parede medial da
cavidade orbitária e na parede ex-
terna da cavidade nasal.
- Articulações:
Articula-se com o osso frontal e o osso etmoide e também com o maxilar superior e
corneto inferior.
- Descrição:
Vai formar a parede média da cavidade orbital e a exterior da cana nasal.
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Vómer
- Constituição:
É um osso ímpar e achatado que está numa posição inferior e posterior ao septo nasal.
Este encontra-se na linha média e vai fazer parte da parede medial.
- Localização:
Encontra-se na porção póstero-inferior do septo nasal e entre o osso etmoide, esfenoide
e maxilar superior.
- Articulações:
Articula-se com o etmoide
e o esfenoide e também
possui articulação com os
maxilares superiores e pa-
latinos.
- Descrição:
Apresenta 2 faces, 4 bor-
dos e 4 ângulos. Ainda
possui sulcos vasculares e
nervosos.
Corneto Inferior
- Constituição:
É um osso par e achatado.
- Localização:
Está localizado na parede
externa das cavidades na-
sais e encontra-se inferi-
ormente ao etmoide.
- Articulações:
Articula-se com o etmoide e também com o maxilar superior, o lacrimal e palatino.
- Descrição:
Faz parte da parede externa das cavidades nasais.
Tem 2 faces e 2 bordos.
Possui vários processos como o maxilar, etmoidal e lacrimal.
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- Localização:
Está localizado numa posição inferior da face e está situ-
ado inferiormente à cavidade bucal.
- Articulações:
Este osso apenas está articulado com os ossos tempo-
rais, através de côndilos.
- Descrição:
É uma estrutura constituída por 3 partes: 1 corpo e os 2 ramos ascendentes.
Possui os alvéolos dentários, respetivas eminências e buracos mentonianos para a pas-
sagem de nervos.
Tem também processos coronoides.
Possuem fossetas salivares e digástricas que vão armazenar as diversas glândulas neces-
sárias ao sistema digestivo.
Existem duas tuberosidades ao nível do ramo da mandíbula denominadas pterigóidea e
massetérica, importantes para a inserção de músculos.
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▪ A cavidade nasal (fossas nasais) tem uma forma prismática, alongada e amplamente
plana.
Esta estrutura é composta por 4 paredes:
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Nota:
- Em Anatomia, as narinas não são consideradas aberturas ou orifícios, por-
que a estrutura que as envolve (nariz externo) é formada por tecido mole e
tecido cartilagíneo. Uma abertura ou orifício é uma estrutura óssea.
As coanas são constituídas pelos ossos esfenoide, platino e vómer sendo o osso
vómer aquele que divide as coanas em duas, formado dois orifícios. As coanas
fazem a comunicação da cavidade nasal com a faringe.
b) Fossas ptérigo-maxilares:
Têm forma piramidal, de grande eixo oblíquo.
Possuem 3 paredes, 1 base e 1 vértice:
- Articulações da Cabeça
Existe dois tipos de articulações na cabeça, as articulações móveis e as articulações imóveis.
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ossos concordem; neste caso apresenta uma fibrocartilagem em forma de menisco que au-
menta a superfície articular e a torna mais côncava.
É classificada como bicôndilo-meniscartrose conjugada. É um bicôndilo, visto que tem dois
lugares de ligação numa estrutura
esférica, possui um menisco e é
conjugada porque os movimentos
ocorrem em simultâneo. Consegue
realizar vários movimentos como o
de abaixamento e levantamento,
propulsão e retropulsão e laterali-
dade e didução.
Encontra-se na região pré-auricu-
lar e possui a mesma constituição
que uma articulação sinovial.
- Músculos da Cabeça
Na cabeça, os músculos podem ser divididos em dois grandes grupos: os músculos da masti-
gação e os da mímica.
Os músculos da mastigação são: o temporal, o masséter, o pterigoideu lateral e o pterigoideu
medial.
Os músculos da mímica são: as pálpebras e sobrancelhas, o pavilhão auricular, a pirâmide nasal
e lábios.
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a) Músculos da mastigação
b) Músculos da Mímica
O MEMBRO SUPERIOR
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O membro superior é ligado à coluna através de uma estrutura denominada de cintura esca-
pular. Desta estrutura fazem parte dois ossos bastante importantes: a clavícula e a escápula
(omoplata).
A clavícula é um osso par e longo, apresentando a forma de um “s”, cuja zona mais interna se
liga ao esterno, enquanto a zona externa se liga à escápula. Este osso é bastante frágil e, por
isso, aquando da altura do parto, é possível que ocorra a sua quebra.
A escápula ou omoplata por sua vez, é um osso par, achatado e com uma forma triangular. A
face anterior possui uma zona mais lisa, enquanto a posterior possui uma saliência, denominada
espinha da escápula. A extremidade externa da espinha da escápula, onde se prende o músculo
deltóide designamos por acrómio, que vai permitir a ligação com a clavícula através da articula-
ção acrómio-clavicular, uma articulação com pouco movimento. No ângulo lateral desta estru-
tura encontramos a cavidade glenóidea, que vai ser onde ocorre a ligação com a cabeça do
úmero.
O único osso pertencente ao braço é o úmero. É um osso longo com uma diáfise (corpo) e duas
epífises (extremidades). Este osso liga-se superiormente à omoplata e inferiormente ao rádio e
ao cúbito. A sua extremidade superior tem a forma de uma meia calote e é também denominada
por cabeça do úmero. Perto da zona da cabeça do úmero encontramos duas estruturas deno-
minadas de troquiter e troquino, estruturas essas que se encontram divididas por um sulco. O
troquiter e troquino vão ser zonas importantes de inserção de diversos músculos tal como o
sulco, goteira bicipital, onde se alojam tendões e músculos.
A epífise inferior tem uma forma de côndilo, que vai permitir a ligação com o rádio enquanto
que a tróclea vai funcionar como uma ligação do cúbito.
O ombro é das articulações com maior amplitude no corpo humano. A articulação do ombro é
a articulação escápulo-umeral. Esta articulação é formada pela cavidade glenóidea, pela cabeça
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do úmero e pelo debrum glenoideu. Este debrum é constituído por tecido cartilagíneo e tem
como principal função aumentar a zona de ligação, permitindo uma melhor adaptação entre
osso e concavidade.
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O rádio, que se localiza na parte lateral do antebraço, é constituído por um corpo (diáfise) e 2
epífises. Na extremidade superior encontra-se a cabeça do rádio; a cúpula ou cavidade glenoi-
deia do rádio, que apresenta a forma de disco; e o colo do rádio, que corresponde a uma área
estreita do osso que se situa abaixo da cabeça do rádio, formando uma saliência. Tanto a cabeça
do rádio como a cavidade glenoideia articulam-se com o côndilo umeral. O processo estiloide
do rádio corresponde à extremidade distal deste osso, articulando-se com a ulna e com os ossos
do carpo.
A ulna é o osso mais longo do antebraço. Este compreende a grande cavidade sigmoideia ou
chanfradura troclear, que possui uma superfície articular para a tróclea do úmero. Esta divide-
se em 2 apófises, sendo elas o olecrano (apófise maior), vulgarmente conhecido como cotovelo,
que se articula com a fossa olecraniana do úmero; e o processo coronóide (apófise menor),
sendo que este se articula com a fosseta coronoideia do úmero. O processo estiloide da ulna é
o local de inserção de ligamentos do punho, fazendo a articulação com o rádio e com os ossos
do carpo.
A membrana interóssea, que liga o rádio e a ulna, corresponde a uma articulação fibrosa, por
ser composta por tecido conjuntivo. Esta articulação é classificada como anfiartrose do tipo sin-
desmose devido ao seu movimento reduzido.
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A mão é constituída pelo carpo, que possui 8 ossos curtos que se encontram dispostos em
duas fileiras. A primeira (procarpo) é constituída pelo escafoide, semilunar, piramidal e pisi-
forme. A segunda fileira (mesocarpo) vai ser constituída pelo trapézio, trapezoide, grande osso
e unciforme. Estes ossos têm na sua maioria uma forma cuboide irregular, apresentando 6 faces.
Seguido do carpo encontramos o metacarpo, estrutura constituída por 5 ossos longos deno-
minados apenas pela sua ordem em numeração romana (I, II, III, IV e V). Estes ossos encontram-
se separados uns dos outros por uma zona denominada por espaço interósseo.
Por fim, nos ossos que compõe a mão vêm os ossos dos dedos, que são 5 e cujo o primeiro na
análise anatómica é o polegar. Todos os dedos, à exceção do primeiro (só tem 2), têm 3 ossos -
falanges. As falanges são ossos longos e são classificadas como proximal, média ou distal tendo
em conta a sua posição relativa ao antebraço, podendo também ter o nome de profalanges,
mesofalanges e metafalanges, respetivamente.
Na zona da palma da mão existem a maior parte dos tendões e nervos que permitem o movi-
mento dos dedos, sendo uma organização bastante complexa.
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O braço possui dois grupos de músculos. Os anteriores são responsáveis pela flexão. Os seus
antagónicos são por sua vez responsáveis pela extensão sendo posteriores. No grupo dos mús-
culos anteriores, o principal é o bicípite braquial que, apesar de possuir dois corpos musculares,
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possui um único tendão, e é por isso que possui o prefixo “bi”. Este músculo possui duas porções
distintas: uma curta e uma longa, tendo como ponto de inserção a saliência anterior da omo-
plata. O principal músculo posterior é o tricípite braquial que, tal como o nome indica tem 3
porções. A mais longa tem a sua inserção superior na omoplata enquanto as mais curtas se in-
serem no úmero. A terminação final é a mesma para todas as porções. No braço existem ainda
o músculo coracobraquial e braquial anterior que são os principais responsáveis pelos movimen-
tos de rotação interna e externa.
Tal como o braço, também o antebraço possui grupos musculares distintos. Nos músculos an-
teriores encontramos o músculo redondo pronador, o grande palmar, o pequeno palmar, o cu-
bital anterior, flexores comuns dos dedos e do polegar e o músculo quadrado pronador. Entre
os do grupo externo encontramos o longo supinador, o radial externo, o segundo radial externo
e o curto supinador. Por fim, de entre os músculos posteriores do antebraço temos o extensor
comum dos dedos e o próprio do dedo mindinho, o cubital posterior, o ancôneo, o longo abdutor
do polegar, o curto e longo extensor do polegar, tal como, o extensor próprio do indicador.
A mão que compreende movimentos muito variados, é uma estrutura com inúmeros músculos
e tendões, existindo um tendão flexor para cada dedo. Dado que possui muito movimento, é
preciso que exista um líquido, a que chamamos líquido sinovial, que lubrifica os tendões e as
articulações sinoviais, diminuindo o atrito e protegendo a articulação.
Inserção de Origem Ação
Deprime a omoplata
Pequeno peitoral Terceira a quinta costelas ou
eleva as costelas
Roda e faz a prostra-
ção
Grande dentado Primeira a nona costelas
da omoplata; eleva as
costelas
Fixa a clavícula ou
Subclávio Primeira costela eleva a
primeira costela
Abdução, flexão,
Clavícula, acrómio e espi- extensão e rotação
Deltóide interna e externa do
nha da omoplata
braço
Adução, flexão e rota-
ção mediana do braço;
Grande peitoral Clavícula, esterno estende o braço a
partir da posição
fletida
Adução, extensão e
Bordo externo da omo-
Grande redondo plata
rotação interna do
braço
Extensão e rotação
lnfra-escapular Fossa infra-escapular
interna do braço
Adução, extensão e
Bordo externo da omo-
Pequeno redondo plata
rotação externa do
braço
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O MEMBRO INFERIOR
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
Tal como aconteceu com o membro superior, o membro inferior vai também ligar-se ao es-
queleto axial. A zona de conexão chama-se de cintura pélvica.
Alguns autores defendem que há uma zona da bacia que pertence ainda ao abdómen, mas nós
vamos considerar como já pertencente à cintura pélvica.
O osso coxal é um osso par que pode ser dividido em três porções: o ílion, o ísquion e a púbis.
E são estas porções que vão formar a cintura pélvica que vai ser dividida na pélvis falsa ou grande
bacia e na pélvis verdadeira ou pequena bacia. Estas estruturas vão ter diferentes características
dependendo se o individuo é um homem ou uma mulher, devido a adaptações para o momento
do parto. Ver tabela a baixo:
Mulher ♀ Homem ♂
Mais largo, com me-
Mais estreito e curvo; pro-
nor curvatura; pro-
Sacro montório sagrado mais pro-
montório sagrado me-
jetado para diante
nos saliente
Pélvis falsa
Larga Estreita
(Grande bacia)
Pélvis verdadeira Superficial, larga, Profunda, estreita, menor
(Pequena bacia) maior capacidade capacidade
Entrada da pélvis
Oval, maior que no
(Estreito superior da Forma de coração
Homem
bacia)
Igual ou superior a
Ângulo infrapúbico Inferior a 90º
90º
O ílion é a zona da pélvis que contacta com o sacro através da junção sacroilíaca. Esta estrutura
possui uma crista ilíaca e uma fossa.
O ísquion é uma estrutura que possui um buraco obturado ou isquiopúbico que vai ser reves-
tido com uma membrana obturadora. A ligação entre os dois ísquions faz-se através do arco
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
púbico que vai possuir uma membrana cartilagínea. Esta membrana tem algum movimento ape-
nas nas mulheres, aquando do parto. A membrana vai pertencer à púbis sendo a sínfise púbica.
Esta estrutura tem um ramo inferior e um superior.
A cavidade cotiloideia ou acetábulo vai ser o local de ligação com a cabeça do fémur. Visto que
a concordância não é total, a cabeça do fémur e o acetábulo possuem um debrum, sendo por
isso esta articulação uma esferoideia ou enartrose corrigida por debrum. Tal como as outras
articulações sinoviais, possui
um ligamento, cápsula, cartila-
gem articular e membrana sino-
vial.
O fémur possui a epífise supe-
rior - cabeça do fémur - com a
forma aproximada de uma es-
fera, com orientação interior. A
zona mais estreita deste osso
vai ser o colo do fémur onde,
devido à sua morfologia, é bas-
tante comum existirem fratu-
ras. Ao longo deste osso longo
existem trocânteres - grande e
pequeno - onde vai existir a in-
serção de músculos. Na zona
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
mais inferior do fémur - epífise inferior - existem diversos côndilos que são enartroses com
grande amplitude e sem correção de tecido.
Na zona mais distal da perna existem dois ossos sendo a tíbia um osso mais grosso e a fíbula
(perónio) um osso externo mais fino. A articulação entre estes dois ossos não está envolvida na
articulação do joelho. No final destes ossos vão existir os maléolos que vão realizar a ligação
com os ossos do pé, através da articulação do tornozelo. Esta articulação possui traumatismos
frequentes sendo mantida apenas através do ligamento perónio - calcâneo.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
O pé é a estrutura que suporta todo o peso do nosso corpo. Está ligado ao perónio pelo calcâ-
neo através de ligamentos. Existe uma fiada proximal constituída pelo astrágalo - ligação à tíbia
(trocleartroses) - e calcâneo. Existe depois uma fiada medial e uma distal. Por fim, existem os
dedos com as falanges com a mesma nomenclatura das do membro superior.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Músculos da coxa:
▪ Quadricípite crural: anterior. Extensão da perna.
▪ Bicípite femoral: flexão da perna e extensão da coxa. A longa porção insere-se na tubero-
sidade isquiática e a curta porção no fémur.
- Músculos da perna:
▪ Longo peroneal: eversão e extensão do pé. Insere-se na fíbula.
▪ Tibial anterior: flexão e inversão do pé. Insere-se na tíbia e membrana interósseas.
▪ Poplíteo: flexão e rotação interna da perna. Insere-se no côndilo femural externo.
Tricípite sural
- Músculos do pé:
▪ Músculos da região plantar: abdução dos dedos.
▪ Pedioso ou curto extensor dos dedos
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
A COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral consegue comportar-se como um órgão estático desempenhado várias fun-
ções, tais como, a sustentação do crânio, do tronco e dos membros, e também a fixação de
músculos da caixa torácica e membros; mas é, simultaneamente, um órgão dinâmico graças
aos músculos que estão inseridos nas suas estruturas, permitindo assim o seu movimento. Tem
também uma função protetora, protegendo a medula óssea, responsável pela produção de cé-
lulas, sendo também denominada de coluna raquidiana devido à passagem do nervo com o
mesmo nome.
Esta estrutura encontra-se na linha média da região posterior do tronco e tem aproximada-
mente 71 - 75 cm de comprimento. É constituída por 33 - 34 vértebras e tem aproximadamente
23 discos intervertebrais. Possuem uma crista espinhal ou mediana, formada pelos processos
espinhosos das várias vértebras, tal como buracos de conjugação, necessários para a passagem
de nervos.
Esta estrutura possui quatro segmentos principais e, apesar de parecer retilínea numa visão
frontal, possui curvaturas. As duas curvaturas convexas são a cervical e a lombar, sendo que as
curvaturas côncavas vão ser a torácica e a sacrococcígea. Estas curvaturas são essenciais na de-
finição de várias posições, sendo desenvolvidas à medida que o indivíduo cresce. Num recém-
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
nascido existe apenas uma curvatura côncava. A curvatura cervical vai surgir quando a criança
tem a capacidade de sustentar a cabeça, enquanto a curvatura lombar aparece quando se con-
segue por de pé. Os animais quadricípites como alguns primatas não apresentam a curvatura
lombar por esta mesma razão.
Existem, porém, algumas curvaturas patológicas. A escoliose que representa uma curvatura
lateral, a lordose que representa uma curvatura lombar exagerada e a cifose que representa
uma curvatura cervical côncava.
As vértebras são divididas em 5 categorias diferentes tendo algumas características comuns
sendo, porém, diferentes, dependendo da sua localização e especialização.
▪ As cervicais localizam-se na zona do pescoço e são 7 (C1, C2, C3, C4, C5, C6 e C7).
▪ As torácicas ou dorsais vão encontrar-se na zona posterior do tórax e vão ser 12 (T1, T2,
T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9, T10, T11 e T12).
▪ As vértebras lombares vão estar na zona mais inferior das costas sendo 5 (L1, L2, L3, L4
e L5 ).
▪ Por fim, existem as vértebras sagradas que vão estar fundidas e vão ser 5 (S1, S2, S3, S4
e S5), tal como, acontece com as vértebras do cóccix que vão ser 4 ou 5 (Co1 - Co4/Co5).
Os discos intervertebrais vão ser as estruturas articulares responsáveis pela ligação da maior
parte das vértebras (a partir da C2-C3 até à L5 - 5ª lombar). Existem 23 na coluna vertebral. Estes
discos são compostos por um anel de fibrocartilagem possuindo no seu interior um núcleo pul-
poso (gelatinoso). Nas situações de hér-
nias discais existe uma alteração na com-
posição do núcleo polposo, levando à sua
projeção. Esta substância pode depois ficar
a pressionar um nervo levando a dores e
sendo resolvida apenas com uma interven-
ção cirúrgica. Estas articulações vão ser
classificadas como anfiartroses.
As vértebras são ossos ímpares e irregu-
lares compostas essencialmente por 6 por-
ções e 1 buraco.
✓ O corpo vertebral tem a função principal de sustentação, de forma cilíndrica e vai ser o
ponto de ligação para os discos intervertebrais.
✓ O buraco ou forâmen vertebral vai ser o buraco do interior da vértebra que vai permitir
a passagem de nervos.
✓ O processo espinhoso tem a forma de uma espinha encontrando-se na linha média. Esta
estrutura encontra-se na união das lâminas. Enquanto isso, os processos transversos
estão orientados para fora e são pares.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
✓ Os processos articulares, como o próprio nome indica, vão permitir a ligação entre vér-
tebras. Assim, os processos superiores articulam-se com os processos inferiores supra-
jacentes enquanto os inferiores se articulam com os superiores infrajacentes.
Nota:
Certas estruturas podem ser ordenadas em grupos, ou seja, o conjunto dos processos, das
lâminas e dos pedículos origina o arco vertebral, enquanto o conjunto dos buracos verte-
brais vão dar origem ao canal vertebral ou raquidiano.
• São as mais pequenas, por serem as que necessitam de suportar menos peso.
• Os processos articulares são oblíquos. As suas articulações são anfiartroses/artrodias.
• O forâmen tem forma de triângulo.
• Possuem processos transversos, ou seja, apresentam buracos transversários para a pas-
sagem de veias e artérias cervicais.
• Os seus processos espinhosos são curtos e bituberculados, e na C7 o seu processo espi-
nhoso é proeminente.
- Caraterísticas da C1:
A C1 ou Atlas, primeira vertebra cervical, possui um processo espinhoso bastante rudi-
mentar e liga-se aos côndilos do occipital através das cavidades glenoides.
Possui o maior dos buracos vertebrais.
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- Caraterísticas da C2:
A C2 ou Áxis, segunda vertebra cervical, possui um corpo vertebral que é caraterizado
por apresentar uma saliência - dente do áxis ou processo odontoide - que permite a
rotação e a inserção na C1.
Tem um processo espinhoso.
Existe ainda uma estrutura no processo transverso, a goteira transversária que permite
a passagem do nervo raquidiano.
Articulação atlantoaxial
É a articulação entre o Atlas e o Áxis, que ocorre em dois pontos: entre o Atlas e o dente
do Áxis (articulação atlantoaxial mediana) e entre os processos articulares dos dois os-
sos (articulação atlantoaxial lateral).
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• Articulação uncovertebral
• O corpo vertebral da vertebras torácicas é caraterizado por ter uma forma de coração e
ser mais volumoso que nas cervicais. Este também possui hemifóveas articulares.
Hemifóveas que são as articulações com as costelas, existindo uma superior e uma
inferior, articulando-se com a cabeça das costelas.
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- Sacro
• Localização e articulações:
O sacro encontra-se na porção inferior da coluna e na porção posterior da bacia, entre os
ossos ilíacos e a ligação com os ossos ilíacos vai ocorrer através das asas do sacro, ligando-
se também à 5ª vértebra lombar (L5) através dos seus processos articulares superiores di-
reito e esquerdo. A articulação que surge desta ligação é do tipo anfiartrose que se designa
por articulação sacrovertebral.
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✓ Descrição:
Tem a forma de pirâmide quadrangular achatada (4 fa-
ces, 1 base e 1 vértice) e possui linhas transversais que são o resultado da fusão das várias
vértebras soldadas. Os forâmenes sagrados existentes vão permitir a passagem dos nervos
sagrados, enquanto a crista sagrada vai representar um vestígio dos processos espinhosos
existentes nas outras vértebras.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Cóccix
Possui a mesma localização que o sacro. Vai articular-se superiormente com o sacro, possuindo
projeções denominadas por cornos do cóccix.
Possui 2 faces, 2 bordos, 1 base e 1 vértice.
O seu tubérculo desloca-se ligeiramente da linha média.
A zona do pescoço, nuca e dorsais também vai possuir uma variedade de músculos que permi-
tem tornar a coluna vertebral não só numa estrutura de suporte como também uma estrutura
dinâmica. Existem 2 grandes grupos que são: músculos do pescoço e músculos do dorso.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Músculos do Pescoço
Os músculos do pescoço subdividem-se em Músculos da Região Ântero-Lateral do Pescoço e
Músculos da Nuca.
• Músculos Hióideus
São constituídos pelo músculo supra-hióideus e pelo músculo infra-hióideus, que estão
associados a um osso livre (osso hioide), ou seja, não se articula com nenhum outro
osso; são também responsáveis pela mobilização do hioide e da mandíbula.
- Localização:
Localiza-se na porção ântero-superior do pescoço.
- Articulações:
- Descrição:
Possui 1 corpo e 4 cornos e está ligado a outros órgãos por membranas, liga-
mentos e músculos.
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- Músculos da Nuca
➢ Músculos Superficiais da Nuca
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- Músculos do Dorso
Os músculos do dorso subdividem-se em Músculos Dorsais Superficiais e Músculos dos canais
vertebrais.
• O trapézio está associado ao ombro e permite não só a sua elevação como tam-
bém a sua aproximação da coluna vertebral. Também possibilita a inclinação da ca-
beça e rotação para o lado oposto.
• O latíssimo do dorso é o adutor e rotador do braço para medial.
Curiosidade: A inclinação lateral da coluna vai ser a ação dos dorsais longos (longíssimos) do
pescoço, cabeça e tórax, tal como a possibilidade de extensão.
O TÓRAX
O tórax vai constituir uma unidade de proteção para órgãos vitais - protege o coração, o timo,
os pulmões, os grandes vasos e algumas vísceras abdominais - sendo uma cavidade anatómica
bastante importante. A caixa torácica (tórax) também permite a fixação de músculos que auxi-
liam na respiração, na manutenção da postura da coluna vertebral, e também ajuda nos movi-
mentos da grelha peitoral e dos membros superiores. Por fim, é importante referir que esta
estrutura tem um papel fundamental nos movimentos respiratórios, pois consegue alterar as
suas dimensões. É constituída não só pelas costelas como pelo esterno, tendo uma ligação di-
reta a estruturas como as vértebras ou a clavícula.
Existem 12 pares de costelas divididas em 2 grupos:
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As costelas são classificadas como sendo um osso longo. São constituídas por um corpo, por
uma extremidade posterior e extremidade anterior.
Estruturas que fazem parte:
➢ Do corpo:
• Face externa e interna, o bordo superior e inferior e o ângulo.
➢ Da extremidade posterior:
• Cabeça, colo e tuberosidade
➢ Da Extremidade anterior:
• Faceta
Orientação:
- Curva de concavidade interna
- Inclinação para baixo, para diante e para dentro
- Extremidade posterior mais volumosa
Existem três superfícies que se articulam com as vértebras. Duas das superfícies são as facetas
articulares para as hemifóveas da vértebra, que se dividem em superior e inferior. A faceta in-
ferior da costela articula com a hemifóvea da vértebra com o mesmo número e a faceta superior
da costela articula com hemifóvea da vértebra de número abaixo, ou seja, na segunda costela,
a faceta superior articula com a primeira vértebra e a faceta inferior articula com a segunda
vértebra.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
A outra face articular é o tubérculo, que é uma face articular para a fóvea costal do processo
transverso.
- Particularidades de algumas costelas:
1) A primeira (1ª) e a segunda (2ª) costela possuem goteiras que permitem a passagem de
vasos e também têm tuberosidades o que ajudam na inserção de músculos.
2) Nas últimas duas (11ª e 12ª) costelas existem ausência de articulação com a cartilagem
costal.
3) Entre a segunda (2ª) a nona (9ª) costela, a cabeça articula-se com 2 vértebras adjacentes
e o tubérculo articula-se com a vértebra inferior.
Orientação:
- Curva de concavidade interna
- Inclinação ântero-inferior
- Articulações do Tórax
▪ Articulações costo-vertebrais
✓ Articulação costo-vertebrais propriamente ditas
- Entre a cabeça das costelas e os corpos das vértebras. São artrodias.
✓ Articulações costo-transversárias
- Entre o tubérculo da costela e o processo transverso da vértebra. São artro-
dias.
▪ Articulações costo-condrais, esterno-condrais e intercondrais
✓ Articulações costo-condrais
- Entre as costelas e as cartilagens costais. São gonfoses.
✓ Articulações esterno-condrais
- Entre as 7 primeiras cartilagens costais e o esterno. São artrodias.
✓ Articulações intercondrais
- Entre a 6ª, 7ª e 8ª cartilagens costais. São artrodias.
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▪ Articulações esternais
✓ Articulação esternal superior
- Entre o punho e o corpo do esterno. É uma anfiartrose.
✓ Articulação esternal inferior
- Entre o corpo e o apêndice xifóideu. É uma anfiartrose.
A articulação esternoclavicular é uma efipiartrose, visto que, o seu encaixe é através de sela
turca (encaixamento recíproco).
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Músculos do Tórax
Informação:
Depressão = Descida
Ao nível do tórax existem também um conjunto de músculos com funções bastante importan-
tes principalmente na respiração: os intercostais (externos, internos, íntimos) e o diafragma.
1. Os músculos intercostais internos possuem uma ação expiratória (depressão das coste-
las).Inserem-se na margem superior de cada costela.
2. Os músculos intercostais íntimos têm uma ação expiratória, dado que através da adução
das costelas superiores nas costelas inferiores, os músculos estreitam as fendas intercostais
e diminuem o volume do tórax.
3. Os Músculos intercostais externos possuem uma ação inspiratória (elevação das Costelas).
Inserem-se na margem inferior de cada costela.
4. Diafragma:
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Músculos do Abdómen
Os músculos do abdómen dividem-se em músculos ântero-laterais e músculos posteriores ou
lombo-ilíacos.
Os músculos ântero-laterais subdividem-se em músculos longos e músculos largos. Os mús-
culos posteriores ou lombo-ilíacos subdividem-se em músculo quadrado dos lombos e músculo
psoas-ilíaco.
- Músculos Ântero-laterais
➢ Músculos Longos
▪ Músculo reto do abdómen - Baixa as costelas e flete o tórax. Insere-se na sínfise pú-
bica.
➢ Músculos Largos
➢ Músculo quadrado dos lombos - Baixa as costelas e inclina lateralmente a coluna ver-
tebral. Insere-se na crista ilíaca e vértebras lombares inferiores.
➢ Músculos Psoas-ilíaco - Flete a coxa sobre a bacia e roda a coxa para fora.
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SISTEMA CARDIOVASCULAR
O sistema cardiovascular é composto por diversos órgãos e vasos sanguíneos e é responsável
por diversas funções no nosso organismo, como, por exemplo, o transporte de gases como o O2
e o CO2. É também responsável pelo transporte de muitas outras substâncias que, apesar de
produzidas num determinado local, exercem a sua ação sobre um outro órgão, ou então que
são necessárias ao corpo todo. Exemplos destas substâncias são os nutrientes, as hormonas e
os produtos metabólicos.
O coração é o responsável pelo bombeamento do sangue para os diversos vasos sanguíneos.
O sangue sai do coração através de artérias, que se ramificam e se estreitam até formarem ar-
teríolas, que se estreitam ainda mais e formam os capilares, onde ocorrem as trocas ao nível dos
vários tecidos. Após ocorrerem as trocas, dos capilares até ao coração, o sangue passa por vé-
nulas, pequenas veias e grandes veias.
CORAÇÃO
O coração encontra-se entre as pleuras dos pulmões, estando mais propriamente localizado
no mediastino médio, uma cavidade anatómica, dentro da cavidade torácica, que se localiza
posteriormente ao esterno. Fica apoiado sobre o diafragma e situa-se entre a 4ª e 8ª vértebra
torácicas sendo estas também chamadas de vértebras cardíacas. A superfície posterior do co-
ração fica adjacente à coluna vertebral, e a superfície anterior encontra-se adjacente ao osso
esterno e às costelas. A parte superior do coração é o nó de ligação de vários vasos sanguíneos
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
de grande dimensão: a veia cava, a artéria aorta e a artéria pulmonar e situa-se à altura da ter-
ceira cartilagem costal.
Por fim, é importante referir que o coração ainda possui relações com outras estruturas ana-
tómicas, tais como: o esófago, a aorta torácica, as veias ázigos e hemi-ázigos acessória e o ducto
torácico, que estão evidenciadas na imagem a baixo.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
Este órgão é envolvido por um saco fibrosseroso denominado de pericárdio que o mantêm no
seu lugar. Para além deste, temos os grandes vasos que também ajudam na fixação do coração.
O pericárdio (fibrosseroso) subdivide-se em pericárdio fibroso e pericárdio seroso.
O pericárdio fibroso é formado por tecido conjuntivo denso e possui duas faces: face anterior
que contacta com a face mediastínica dos pulmões e do esterno, e face posterior, que contacta
com o esófago, nervo vago, aorta torácica, ducto torácico e veia ázigos. A base do pericárdio é
o centro tendinoso do diafragma e no seu vértice encontram-se grandes vasos.
O pericárdio seroso é uma dupla membrana que circunda o coração; esta membrana divide-
se em folheto parietal ou pericárdio parietal e folheto visceral ou pericárdio visceral ou epicár-
dio.
a) O folheto parietal (pericárdio parietal), mais externo do pericárdio seroso, forra a super-
fície interna do pericárdio fibroso. Este é constituído por mesotélio apoiado em tecido
conjuntivo laxo
b) O folheto visceral (pericárdio visceral), mais interno do pericárdio seroso, também cha-
mada epicárdio, adere fortemente à superfície do coração (contacto direto).
Temos também uma cavidade pericárdica que separa estes folhetos. Esta cavidade é pratica-
mente virtual, uma vez que os dois folhetos estão intimamente justapostos e contém um líquido
seroso lubrificante permitindo que escorreguem um pelo outro, fazendo com que o coração se
movimente sem atrito durante as sístoles e as diástoles (movimentos cardíacos).
O pericárdio é fixado por intervenção de ligamentos nomeadamente o ligamento vertebro-
pericárdico, os ligamentos esterno-pericárdicos e os ligamentos fréno-pericárdicos.
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O coração é dividido em duas porções, sendo a direita onde circula sangue venoso e a es-
querda onde circula sangue arterial. Possui também 4 cavidades, duas de cada lado. Existem
assim 2 átrios - um direito e um esquerdo - e 2 ventrículos, também direito e esquerdo. A sepa-
ração destas cavidades é feita por septos.
Na zona exterior do coração, entre os átrios, existe um sulco coronário para a passagem de
vasos sanguíneos responsáveis pela irrigação do coração. Por sua vez entre os ventrículos, tam-
bém no exterior, existe o sulco interventricular, que possui uma zona mais anterior e uma mais
posterior.
Tanto o átrio direito como o átrio esquerdo têm características em comum, tais como a forma
cuboide e as paredes finas. Entre estes e os respetivos ventrículos encontram-se 2 óstios atrio-
ventriculares: o óstio atrioventricular direito ou tricúspide e o óstio atrioventricular esquerdo
ou mitral. Por sua vez, ainda existem 3 outros óstios, os óstios venosos das veias cavas, das veias
pulmonares e do seio coronário.
58 FFUL|1º Ano
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Átrio Direito
- Seis paredes fazem parte da constituição do átrio direito:
Átrio esquerdo
- O átrio esquerdo é, assim como o direito, constituído pelas mesmas 6 paredes:
• Parede posterior
o Óstios das veias pulmonares (2 direitas e 2 esquerdas)
59 FFUL|1º Ano
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• Parede anterior
o Óstio atrioventricular esquerdo ou mitral
• Parede medial ou septal
o Membrana/válvula da fossa oval
• Parede lateral
o Abertura da aurícula do átrio esquerdo
• Parede superior
o Tem forma Convexa
• Parede inferior
o Onde se encontra uma saliência provocada pelo seio coronário
Ventrículo direito
Três paredes são parte integrante destes ventrículos, sendo elas a parede anterior, inferior
e septal, onde se inserem os músculos papilares e as cordas tendinosas (onde se irá inserir a
valva tricúspide).
Na base possui o óstio AV direito (tricúspide) e o óstio do tronco pulmonar. O ápice é um
conjunto de feixes musculares entrecruzados.
Ventrículo esquerdo
Localiza-se à esquerda e superiormente ao ventrículo direito, sendo constituído pelas mes-
mas paredes (anterior, inferior e septal) onde se encontram ligados também os músculos
papilares e as cordas tendinosas correspondentes á inserção da valva bicúspide.
Na base estão localizados o óstio AV esquerdo e o óstio da aorta. O ápice tem uma consti-
tuição semelhante ao do ventrículo direito.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
É um tecido conjuntivo denso e elástico organizado em anéis fibrosos (Direito - Valva tricús-
pide, Esquerdo - Valva mitral, Aórtico - Valva aórtica, Pulmonar - Valva pulmonar) e em Trígonos
fibrosos (Direito - Óstios atrioventriculares - e esquerdo - óstio pulmonar).
A contração ventricular é conhecida como sístole e nela ocorre o esvaziamento dos ventrícu-
los. O relaxamento ventricular é conhecido como diástole e é nessa fase que os ventrículos re-
cebem sangue dos átrios.
Em sístole, ou seja, quando o coração se encontra contraído, vai possuir apenas 2 faces (a face
pulmonar ou esquerda desaparece).
Para impedir que exista refluxo ao nível do coração, fenómeno que poderia afetar a eficácia
do bombeamento de sangue, existem, em diversas zonas, mecanismos que permitem controlar
61 FFUL|1º Ano
ANATOMIA HUMANA 2017-2018
esse bombeamento, sendo esses mecanismos as válvulas. As válvulas existem ao nível da pas-
sagem do átrio para o ventrículo e ao nível do ventrículo para as duas artérias - pulmonar e
aorta.
• Válvulas atrioventriculares
Permitem a regulação da passagem do sangue dos átrios para os ventrículos. No átrio di-
reito existe a válvula tricúspide enquanto no lado esquerdo a válvula é bicúspide/mitral.
• Cordas Tendinosas
Permitem a ligação das válvulas aos músculos papilares, existentes na base do ventrículo.
• Válvulas Semilunares
Existem ao nível das artérias. Não possuem tendões, mas possuem 3 zonas com uma forma
aproximada de ninho de pomba.
O controlo das válvulas não é feito através de movimentos musculares, mas sim através da
pressão sanguínea.
Ao nível da morfologia do coração existe ainda uma outra estrutura que devemos ter em aten-
ção. Entre os dois átrios existe uma estrutura denominada fossa oval. Apesar de nos mamíferos
não haver ligação entre aurículas e por isso não existir contacto entre sangue venoso e arterial,
no feto, esta estrutura encontra-se aberta, sendo a fossa oval um vestígio dessa abertura que
fecha à nascença.
Como dito anteriormente, o sangue venoso e o arterial não têm contacto no coração, sendo
que o lado direito e o esquerdo não têm nenhuma comunicação. Assim sendo, o sangue passa
do átrio para o ventrículo do mesmo lado, saindo pelas artérias e voltando ao coração através
das veias, para o lado contrário.
Apesar de bombear o sangue para o resto do corpo, o coração em si também é um órgão com
necessidade de nutrientes e oxigénio. Assim sendo, tem a sua própria circulação, sendo uma
estrutura bastante variável de pessoa para pessoa.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
Circulação Fetal
Na circulação fetal, visto que o oxigénio é obtido através da placenta, a circulação pulmonar não é de-
senvolvida sendo o sangue passado para os pulmões apenas para satisfazer pequenas necessidades me-
tabólicas. Assim, todo o sangue bombeado através do ventrículo direito, que deveria ir para os pulmões,
entra na artéria aorta, fazendo parte também da circulação sistémica.
- Vascularização do coração
• Artérias
O coração é irrigado pela artéria coronária esquerda e direita.
A artéria coronária esquerda percorre os sulcos coronários e pode ser dividida em duas
porções, um ramo anterior e um ramo circunflexo.
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• As Veias
- Seio Coronário
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- Sistema cardionector
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Este sistema é altamente complexo, mas a propagação do sinal elétrico ocorre tal como no
tecido nervoso, através da polarização e despolarização celular, levando à contração do músculo
de uma forma ritmada - sístole e diástole. Esta inervação é conseguida pelo sistema nervoso
autónomo.
VASOS SANGUÍNEOS
Como vimos anteriormente, existem diversos tipos de vasos sanguíneos, podendo ser dividi-
dos em 3 grandes grupos: artérias, veias e capilares. As artérias transportam o sangue para fora
do coração enquanto que as veias são os vasos sanguíneos responsáveis por trazerem o sangue
de volta. É ao nível dos capilares que ocorrem as trocas ao nível dos tecidos, seja de gases,
nutrientes ou outros produtos metabólicos. Consoante a sua função, estes vasos sanguíneos vão
ter diferentes características.
✓ A túnica íntima - constituída por endotélio, uma delicada membrana basal de tecido
conjuntivo, uma fina camada de tecido conjuntivo, chamada lâmina própria, e uma
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
camada de fibras elásticas fenestradas, chamada membrana elástica interna, que se-
para a túnica íntima da túnica média. A túnica íntima permite a regulação das substân-
cias que saem e entram da corrente sanguínea. Em situações normais, esta camada
repele o sangue e suas células constituintes, mas pode permitir a adesão em caso de
coagulação ou inflamação.
✓ A túnica média, ou camada média - constituída por células musculares lisas dispostas
circularmente em redor do vaso sanguíneo. Também contém quantidades variáveis de
fibras elásticas e de colagénio, consoante o tamanho do vaso.
✓ A túnica adventícia - composta por tecido conjuntivo que varia de denso, próximo da
túnica média, a laxo, que se funde com o tecido conjuntivo que envolve o vaso sanguí-
neo.
As artérias, devido à sua função, são os vasos com maior capacidade. Assim, este grande grupo
pode ser dividido em 4 grupos:
Estas artérias podem ser afetadas com aterosclerose, uma condição que vai alterar a
capacidade de elasticidade arterial
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
Ao longo dos diversos vasos do sistema arterial existem vários órgãos sensoriais que permitem
regular o fluxo que passa em cada ponto, permitindo alterar o ritmo cardíaco, o movimento e
dilatação dos vasos, tal como a respiração.
O primeiro ponto de controlo encontra-se ao nível da ramificação da artéria carótida comum.
O seio carotídeo - artéria carótida interna - é um barorecetor, transmitindo informação ao cé-
rebro sobre a pressão arterial naquele vaso, encontrando-se na túnica interna. A carótida, onde
se encontra este recetor, é a artéria que vai irrigar o encéfalo.
A nível da artéria carótida externa, existem outros recetores denominados de corpos caróti-
dos. Ao contrário dos anteriores, estes vão transmitir informações sobre a composição do san-
gue, sendo, por isso quimiorrecetores. Por fim, os corpos aórticos (3 quimiorrecetore) encon-
tram-se na zona do arco aórtico perto das artérias da cabeça e membro superior.
Ao nível dos capilares também existem diferentes tipos, conforme a sua função. Ao invés da
composição dos outros vasos, estes possuem apenas o endotélio e lâmina basal, sendo vasos
bastante finos. Esta estrutura beneficia a capacidade de permeabilidade destas estruturas.
As veias são, em geral, menos musculadas que as artérias, sendo vasos de capacidade, tendo
paredes fias e flácidas (devido à menor pressão do sangue), permitindo assim aumentar bas-
tante o seu tamanho.
Apesar de o circuito normal do sangue ser artérias → capilares → veias → coração, no entanto,
em alguns sistemas, como acontece com os órgãos do sistema digestivo e o fígado, existe a pas-
sagem do sangue por duas redes de capilares antes de retornar ao coração. A estes sistemas
chamamos de sistema porta.
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- Aorta ascendente
Na aorta ascendente têm origem as artérias coronárias direita e esquerda, que irrigam o cora-
ção. Apresenta no seu lúmen 3 válvulas semi-lunares, os seios da aorta, e mais acima o grande
seio da aorta.
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- Crossa da aorta
Na crossa da aorta originam-se:
✓ Tronco braquiocefálico (ramo mais desenvolvido) que se bifurca em:
- Artéria carótida comum direita;
- Artéria subclávia direita.
✓ Artéria carótida comum esquerda - é mais longa que a direita porque não existe o
tronco braquiocefálico no lado esquerdo;
✓ Artéria subclávia esquerda;
✓ Artéria tiroideia média. (nem sempre existe)
Deste modo, da crossa da aorta saem os vasos encarregues da irrigação da cabeça, do pescoço
e dos membros superiores
- Aorta descendente
A aorta descendente apresenta 2 porções: porção torácica e porção abdominal, as quais se
dividem em dois grupos:
✓ ramos viscerais;
✓ ramos parietais.
É responsável por irrigar o tórax, a parede abdominal, o pavimento pélvico e os órgãos pélvi-
cos, os órgãos genitais externos e o membro inferior.
Porção torácica
A aorta torácica é a primeira porção da aorta descendente e vai desde a crossa da aorta até ao
diafragma, à esquerda da coluna vertebral. Durante o seu trajeto junto à coluna torácica, a aorta
dá origem a vários ramos:
• Ramo visceral (irriga os órgãos torácicos)
✓ Artérias Brônquicas: irrigam os brônquios até aos bronquíolos, o pulmão e a pleura vis-
ceral.
✓ Artérias Pericárdicas: distribuem-se ao pericárdio;
✓ Artérias Esofágicas: irrigam o esófago;
✓ Artérias Mediastínicas: atingem os gânglios linfáticos da região;
• Ramo parietal (irriga a parede torácica)
✓ Artérias Intercostais (entre as costelas): vão irrigar os nove últimos espaços intercostais
(do 3º ao 11º), a coluna vertebral e músculos dorsais
✓ Artérias frénicas superiores: pequenas artérias que irrigam a face superior do diafragma.
Porção abdominal
A aorta abdominal corresponde à segunda porção da aorta descendente, localizando-se por
detrás do peritoneu (retroperitoneal) sendo que o seu trajeto se dá à esquerda da coluna verte-
bral.
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Estende-se desde o diafragma até ao segmento terminal que se situa ao nível da vértebra L4.
Aí divide-se em dois ramos terminais, as duas artérias ilíacas primitivas, a direita e a esquerda
(que ainda se subdividem em interna e externa) e na artéria sagrada mediana.
Tal como já foi referido para a aorta torácica, os ramos da aorta abdominal divide-se em vis-
cerais e parietais, sendo que os viscerais irrigam os órgãos abdominais e os parietais irrigam a
parede abdominal.
• Ramo visceral (irriga os órgãos abdominais)
As artérias do ramo visceral dividem-se em ramos pares e ímpares.
Existem três grandes ramos ímpares:
✓ Tronco celíaco;
✓ Artéria gástrica esquerda: irriga o estômago;
✓ Artéria esplénica: irriga o baço, pâncreas e estômago;
✓ Artéria hepática comum: irriga o fígado, vesícula biliar e estômago;
✓ Artéria mesentérica superior: irrigam os órgãos abdominais;
✓ Artéria mesentérica inferior: irrigam os órgãos abdominais;
Em relação as ramos pares temos a artéria renal, supra-renal e gonadal/genital (testicula-
res/ováricas) que vai irrigar respetivamente os rins, as glândulas supra-renais a as gónadas.
• Ramo parietal (irriga a parede abdominal)
São artérias pares, sendo possível distinguir as artérias frénicas inferiores (irrigam a face infe-
rior do diafragma) e as artérias lombares (irrigam a parede abdominal).
Por fim, as artérias ilíacas primitivas vão suprir de sangue os membros inferiores, a parede
abdominal, o pavimento pélvico e os órgãos pélvicos e genitais externos. Para além disso ainda
é possível distinguir a artéria sagrada mediana que vai irrigar o sacro.
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✓ Veias lombares ascendentes: drenam a parede posterior do abdómen. Estas veias con-
tinuam-se superiormente, à esquerda pela veia hemiázigos e à direita pela veia ázigos;
✓ Veia ázigos: drena o lado direito da parede posterior do abdómen e tórax e termina
na veia cava superior. É uma veia ímpar que inicia-se ao nível da T12 e que resulta da
confluência das veias lombares e das veias intercostais. Tem a capacidade de atraves-
sar o diafragma ao nível do hiato aórtico;
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- Artérias
✓ Artéria cerebral anterior que se anastomosa com a homóloga do lado oposto através
da artéria comunicante anterior, irrigando os lobos frontais do cérebro;
✓ Artéria cerebral média que termina no sulco central e irriga as porções laterais do cé-
rebro;
Por sua vez, da artéria subclávia na sua porção pré-escalénica ramificam-se as artérias verte-
brais que quando entram no crânio, pelo foramen magnum, se fundem e originam a artéria ba-
silar ou tronco basilar, mediana, irriga a parte posterior do cérebro.
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- Veias
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Ao nível do sistema circulatório existem diversa patologias que podem ser bastante perigosas.
Aterosclerose Aneurisma
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O SISTEMA LINFÁTICO
O sistema linfático tem diversas funções:
Este sistema possui diversos componentes, tais como a linfa, os vasos linfáticos (sistema vas-
cular linfático) e o tecido linfático, composto na sua maioria por glóbulos brancos e órgãos lin-
fáticos (gânglios linfáticos, amígdalas, timo e baço).
Tem um fluxo unidirecional, não existindo nenhum órgão responsável pelo seu bombeamento,
por isso, é bastante importante que os vasos linfáticos possuam mecanismos de válvulas que
permitam a manutenção do fluxo. Os músculos esqueléticos também têm um importante papel
neste transporte, tal como acontecia ao nível das veias.
A linfa encontra-se, na sua maioria, ao nível dos tecidos, sendo transferida através de tubos
de fundo cego. A linfa tem uma estrutura semelhante ao plasma, porém com menos proteínas,
sendo que a sua aparência se altera conforme as substâncias que transporta.
A drenagem linfática ocorre de uma forma disforme, como podemos ver na primeira imagem.
Parte da cabeça membro superior direito e metade do tórax são drenados através da grande
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veia linfática ou ducto/ canal linfático direito, enquanto o resto é drenado através do ducto/ca-
nal torácico. Estes dois ductos esvaziam-se na junção das veias jugular interna esquerda e sub-
clávia esquerda.
- Ducto/Canal Torácico
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- Filtração da Linfa
Alguma obstrução neste sistema pode levar a condições como o linfedema que resulta na
acumulação de linfa ao nível dos membros levando a um inchaço extremo. Após o trata-
mento pode aparecer esta acumulação de linfa.
ÓRGÃOS LINFÁTICOS
Os órgãos linfáticos encontram-se em locais específicos, tendo uma cápsula que os separa do
tecido envolvente. Existem órgãos linfáticos primários, locais onde ocorre a maturação dos lin-
fócitos, de modo a se tornarem que assim se tornam imunocompetentes). Os secundários são
os locais onde ocorre acumulação de linfócitos, já imunocompetentes.
• O baço é um órgão que pesa cerca de 160 g e que se encontra no bordo lateral ao estô-
mago, entre a 9ª e a 11ª costelas esquerdas, tendo também na sua estrutura impressões
que representam o local de encaixe de estruturas, como o rim esquerdo e a parte trans-
versa do cólon. É o maior órgão linfático do organismo. É mantido na sua posição com a
ajuda do ligamento gastro esplénico que, tal como o nome indica, liga o baço ao estô-
mago.
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Possui uma coloração vermelho vivo, que representa acumulação de sangue. Apresenta tam-
bém um hilo, sendo o local onde existem os vários vasos sanguíneos e nervos que entram ou
saem desta estrutura. A principal artéria deste órgão é a artéria esplénica, que tem origem na
artéria aorta abdominal.
Este órgão é composto por uma cápsula, um hilo e um parênquima. Este parênquima pode ser
dividido em dois tecidos distintos:
O timo é uma estrutura com coloração rosada e consistência granulosa que se encontra na
cavidade mediastínica (mediastino anterior). Localiza-se posteriormente ao esterno, superior-
mente ao coração e anteriormente à traqueia, ao esófago e à aorta.
Esta estrutura é mais desenvolvida em recém-nascidos, sendo que o seu tamanho diminui com
a idade. Este órgão possui 2 lóbulos, sendo que cada lóbulo, por sua vez, contém um córtex,
uma medula, e uma cápsula. É neste local que existe a diferenciação de linfócitos T, no sentido
de os tornar imunocompetentes.
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Por fim, as amígdalas, nódulos de tecido linfoide na faringe, são de três tipos: faríngea ou ade-
noides - estrutura ímpar; palatina - estrutura par; e linguais que são numerosas.
Ao conjunto destes três tipos de amígdalas dá-se o nome de anel amigdalino de Waldeyer.
A amígdala faríngea situa-se na parede póstero-superior da nasofaringe e é constituída por
folículos e numerosas pregas (aspeto de leque) separadas por sulcos e epitélio. Tem maior di-
mensão e desenvolvimento na infância, e involui a partir dos quinze anos.
As amígdalas palatinas localizam-se na margem póstero-inferior da cavidade oral - bucofa-
ringe. Têm forma amendoada, são volumosas e constituídas por folículos, criptas (10-20) e epi-
télio.
As amígdalas linguais localizam-se na base da língua (porção faríngea), são pequenas e são
constituídas por folículos, por uma única cripta e epitélio.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
O SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório permite não só que se realizem as trocas gasosas que permitem levar o
oxigénio às células e expelir o dióxido de carbono para o exterior, como também permite que
exista, através da mucosa respiratória, a climatização do ar e a retirada de algumas substâncias
passíveis de serem patogénicas através do movimento dos cílios.
▪ Fossas nasais;
▪ Faringe;
▪ Laringe;
▪ Traqueia;
Árvore Traqueobrônquica
▪ Brônquios e seus ramos menores;
▪ Pulmões, que contêm os alvéolos pulmonares;
▪ Pleuras.
❖ Fossas nasais
❖ Faringe
❖ Laringe
❖ Traqueia
❖ Brônquios
❖ Bronquíolos
❖ Pulmões
❖ Alvéolos
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
A pele do interior do nariz é contínua com a do exterior, existindo dois tipos de mucosa, uma
olfativa - numa porção mais acima - e uma respiratória.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
As fossas nasais (cavidade nasal) compreendem o espaço situado entre as narinas e as coanas.
Os orifícios nasais externos são as narinas e os orifícios posteriores são as coanas, que comuni-
cam com a faringe. A porção anterior da cavidade nasal, adjacente às narinas, é o vestíbulo.
O vestíbulo, cavidade em forma de pera (base inferior e vértice superior) é composto pelas
narinas, de tecido mole, e pelo orifício piriforme. As faces laterais das narinas possuem uma
zona estática e uma zona móvel, permitindo a extensão das narinas.
O vestíbulo do nariz é revestido por pele com pelos desenvolvidos - vibrissas - que são uma
barreira para partículas provenientes do exterior.
As fossas nasais possuem três aberturas, uma anterior de forma piriforme (óssea) e duas pos-
teriores (para a faringe) chamadas de coanas. Existem ainda reentrâncias chamadas de meatos
que permitem a passagem do ar, climatizando-o, e também diversas saliências que permitem o
turbilhão do ar, levando ao contacto com a mucosa e retirada de substâncias.
O pavimento da cavidade nasal é constituído pelo palato duro, uma lâmina óssea revestida
por mucosa que separa a cavidade nasal da cavidade oral.
O septo nasal divide as fossas nasais em direita e esquerda. A porção anterior do septo é car-
tilagínea e a posterior é constituída pelos ossos vómer e lâmina perpendicular do etmoide.
Nas paredes laterais da cavidade nasal existem três cristas, os cornetos (em forma de concha),
que alteram a sua morfologia. Entre cada cometo existe uma passagem, um meato (túnel ou
passagem). Nos meatos superior e médio encontram-se as aberturas dos vários seios paranasais
e no meato inferior abre-se o canal lacrimo-nasal.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
1. Funcionam como vias que estão abertas para permitirem a passagem do ar mesmo
quando a boca está ocupada com alimentos.
2. Filtram o ar; o vestíbulo está revestido de pelos que sequestram partículas de maiores
dimensões, em suspensão no ar. O septo nasal e os cornetos aumentam a superfície
mucosa das fossas nasais, pelo que o ar passa de forma mais turbulenta, o que aumenta
a probabilidade de este contactar com a mucosa que as reveste.
3. Humidificam e aquecem o ar ao contactar com a mucosa ricamente vascularizada e con-
têm muco, evitando a agressão das vias aéreas inferiores.
4. Constituem, assim como os seios paranasais, câmaras de ressonância importantes para
a fala.
5. Na parte mais superior da cavidade nasal encontra-se o epitélio olfativo, o órgão senso-
rial do olfato.
Os seios paranasais, cavidades que se abrem nos meatos nasais, são bastante importantes,
não só na função respiratória como também por determinarem o som da nossa voz, sendo são
revestidos por uma túnica mucosa, a mucosa respiratória.
Existem 4 tipos de seios paranasais: frontal, maxilar, etmoidal e esfenoidal.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Faringe
A faringe, estrutura ímpar e mediana, é comum aos aparelhos respiratório e digestivo, e per-
mite a condução, não só do ar como também do bolo alimentar. Este órgão liga-se, inferior-
mente, ao aparelho respiratório através da laringe, e ao aparelho digestivo através do esófago.
Encontra-se localizada posteriormente às cavidades nasal, bucal e à laringe. Inicia-se na base
do crânio e termina ao nível da vértebra C6.
É uma estrutura não óssea, um canal musculomembranoso. As suas aberturas são denomina-
das de coanas quando vêm das fossas nasais ou istmo das fauces quando é a partir da cavidade
bucal. É ao nível desta estrutura que existem as amígdalas que já foram abordadas anterior-
mente, no contexto do sistema linfático.
Geralmente, considera-se a faringe dividida em 3 porções: a nasofaringe, a bucofaringe e a
laringofaringe.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Laringe
A laringe é uma estrutura ímpar que, para além de ser relevante na fonação, é importante na
parte respiratória, encontrando-se na parte média e anterior do pescoço, adiante da faringe e
abaixo do osso hioide, sendo uma estrutura móvel. Possui uma membrana tiroideia, que, tal
como o nome indica, se encontra ao nível da tiroide e apenas se encontra na zona anterior.
A laringe é formada por um invólucro exterior de nove cartilagens interligadas por músculos e
ligamentos. Seis destas cartilagens são pares, sendo as três restantes são ímpares.
Cartilagens Ímpares
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
por ser constituída por cartilagem elástica e não por cartilagem hialina. Durante a de-
glutição, a epiglote cobre a abertura da laringe, fechando-a, e evita a entrada de subs-
tâncias nesta.
Cartilagens Pares
- Músculos e Ligamentos
➢ Músculos intrínsecos ou próprios
➢ Músculos extrínsecos
▪ Movimentam a laringe
▪ Participam na deglutição e fonação
▪ Levantadores e depressores da laringe
➢ Ligamentos intrínsecos
➢ Ligamentos extrínsecos
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Traqueia
A traqueia é uma estrutura ímpar de forma cilíndrica, com um diâmetro interno de 12 mm e
um comprimento entre 10 a 12 cm. Sucede à laringe (ao nível da C6) e termina ao nível da 5ª
vértebra dorsal ou torácica, onde se bifurca constituindo os brônquios principais ou primários.
Estes são separados por um espessamento da cartilagem mais inferior da traqueia, a carina.
A traqueia é um canal fibro-músculo-cartilaginoso, reforçado por 15 a 20 anéis de cartilagem
em forma de “C” (incompletos), unidos por ligamento anulares. Estes formam as suas paredes
anterior e laterais. As cartilagens protegem a traqueia e mantêm-na aberta de forma a permitir
a passagem do ar.
A parede posterior da traqueia não tem cartilagem e é constituída por uma membrana liga-
mentosa e por músculo liso, a que se chama músculo traqueal. Imediatamente atrás da parede
posterior da traqueia, de estrutura não cartilagínea, localiza-se o esófago.
Este órgão apresenta duas porções:
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- Brônquios e Bronquíolos
A traqueia divide-se nos brônquios principais esquerdo e direito, que se situam numa zona
extrapulmonar, e que se prolongam até aos pulmões. Os brônquios entram nos pulmões através
do hilo pulmonar, local onde ocorre a entrada dos diversos vasos.
O brônquio principal direito é mais curto, tem maior calibre e é mais vertical que o brônquio
principal esquerdo.
Os brônquios principais dividem-se, dentro do respetivo pulmão, em brônquios lobares ou
secundários. Existem dois brônquios lobares (superior e inferior) no pulmão esquerdo e três
(superior, médio, inferior) no pulmão direito. Por sua vez, estes dividem-se em brônquios seg-
mentares, ou terciários que, ao ramificarem-se, originam os bronquíolos com aproximada-
mente 1 mm de diâmetro. Os bronquíolos também se subdividem, formando os bronquíolos
terminais.
À medida que o calibre das vias aéreas diminui, a constituição das suas paredes altera-se. Tal
como a traqueia, os brônquios principais são sustentados por anéis cartilagíneos em forma de
"C" (incompletos) unidos por músculo liso (ligamentos anulares). Os brônquios lobares apre-
sentam, em vez dos anéis, placas cartilagíneas que alternam com camadas de músculo liso
que contacta diretamente com a mucosa. Quanto menor calibre tiver o brônquio, menos carti-
lagem tem e mais músculo liso apresenta.
Os bronquíolos terminais ramificam-se para formar os bronquíolos respiratórios, que têm
pouca aptidão para efetuar trocas gasosas, uma vez que comunicam com poucos alvéolos. À
medida que aqueles se dividem para constituir novos bronquíolos respiratórios de menores di-
mensões, o número de alvéolos que com eles comunicam é, progressivamente, maior. Estas
estruturas vão originar os ductos alveolares, que consistem em estruturas tubulares muito ra-
mificadas e perfuradas. Cada orifício neles existente conduz a um alvéolo; as paredes dos ductos
alveolares não são mais do que uma sucessão de alvéolos. Por fim, os ductos alveolares termi-
nam em duas ou três câmaras ligadas a dois ou mais alvéolos, os sacos alveolares.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Pulmões
Os pulmões são os principais órgãos da respiração e os mais volumosos do organismo (volume
médio: 1,5 litros) - este tecido é elástico tendo uma grande capacidade de distensão.
Cada pulmão possui uma forma cónica e a sua base ou face diafragmática é côncava, adaptada
à convexidade do diafragma. Por sua vez, o ápice ou vértice encontra-se aproximadamente 2,5
cm acima da clavícula (situado fora da cavidade torácica).
Este órgão possui duas superfícies: face costal ou lateral e face medial.
• A face costal, face convexa, encontra-se relacionada com a face interna das costelas,
cartilagens costais e esterno.
• A face medial, face plana, está orientada para a linha média, e é o local onde se encon-
tra o hilo, onde as estruturas do pedículo do pulmão entram e saem da víscera, consti-
tuindo a parede lateral do mediastino.
O pulmão direito é maior do que o esquerdo e pesam, em média, 620 g e 560 g, respetiva-
mente.
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O hilo encontra-se na face interna de cada pulmão e é o local de entrada ou saída das estrutu-
ras da raiz do pulmão (pedículo pulmonar), constituída pelos brônquios principais, vasos sanguí-
neos, vasos linfáticos e nervos.
O pulmão direito tem três lobos (superior, médio e inferior) e o esquerdo tem dois (superior
e inferior). A cada lobo corresponde um brônquio secundário.
Os lobos dividem-se em lóbulos ou segmentos broncopulmonares, cada qual provido de ar
por meio de um brônquio terciário. Existem nove lóbulos (4 no lobo superior e 5 no inferior) no
pulmão esquerdo e dez (3 no superior, 2 no médio e 5 no inferior) no pulmão direito.
Os lóbulos são separados uns dos outros por septos de tecido conjuntivo que, ao contrário das
cissuras, são indistinguíveis a olho nu.
Como os brônquios e os vasos mais importantes não atravessam os septos de tecido conjun-
tivo, os lóbulos lesados podem ser removidos cirurgicamente, ficando o pulmão restante prati-
camente intacto.
Os lóbulos dividem-se também, originando os subsegmentos broncopulmonares, parcial-
mente separados por tecido conjuntivo. São ventilados pelos bronquíolos.
Os lobos são separados por cissuras, visíveis na superfície de cada pulmão. O pulmão direito
apresenta 2 cissuras (grande ou oblíqua e pequena ou horizontal) e o pulmão esquerdo 1 cissura
(grande ou oblíqua).
A irrigação do tecido pulmonar é feita através das artérias brônquicas e veias brônquicas, ao
contrário das artérias e veias pulmonares que não vascularizam o tecido pulmonar, apenas vas-
cularizam os alvéolos para que a hematose se possa realizar.
Durante o processo da respiração há alterações ao nível da pressão no interior dos pulmões.
Quando o volume aumenta, a pressão diminui e consegue-se captar o ar (inspiração). Pelo con-
trário, quando o volume diminui a pressão aumenta e por isso o ar é expelido (expiração).
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Pleuras
Cada pulmão está envolvido por uma pleura, um saco seroso independente, que os protege,
permitindo-os distender, sem que seja causado atrito com as estruturas envolventes (facilita os
movimentos respiratórios).
O mediastino, uma porção mediana formada pelo coração, traqueia, esófago e estruturas as-
sociadas, separa as cavidades pleurais.
A cavidade pleural está preenchida com fluido pleural, que é produzido pelas membranas
pleurais.
O fluido pleural desempenha, essencialmente, duas funções:
Este fluido é semelhante a uma pequena camada de água entre duas lâminas de vidro (as pleu-
ras parietal e visceral) que podem deslizar uma sobre a outra, mas que são difíceis de separar.
A pleura parietal cobre a parede da cavidade torácica, a face superior do diafragma e o medi-
astino. No hilo, a pleura parietal continua-se com a pleura visceral que reveste a superfície do
pulmão e lhe confere um aspeto brilhante.
Quando o volume torácico se modifica, durante a respiração, o volume pulmonar altera-se
porque a pleura parietal está colada ao diafragma e à parede torácica interna, e a pleura visceral
está colada aos pulmões.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- Mecânica Respiratória
Para que o volume da caixa torácica varie, os músculos da respiração são essenciais. Para além
do diafragma, o músculo respiratório mais importante, existem ainda outros músculos acessó-
rios que auxiliam os movimentos respiratórios.
O diafragma é responsável por 2/3 do ar inspirado e expirado. Esta estrutura, como podemos
ver na imagem, é atravessada por alguns vasos sanguíneos e nervos. Ao nível respiratório, varia
entre a posição de relaxado e contraído.
Quando está relaxado, apresenta uma concavidade convexa, diminuindo o volume dos pul-
mões levando assim que ocorra a expiração.
Quando contraído, a sua concavidade diminui, e torna-se mais direito, aumentado assim a
capacidade dos pulmões e permitindo a inspiração.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
Ao nível das patologias pulmonares, estas podem ser divididas em dois grandes grupos:
• As restritivas acontecem quando existe uma diminuição da capacidade de flexibili-
dade, devido à diminuição de eficácia dos tecidos.
• As obstrutivas que acontecem quando existe um estreitamento das vias respiratórias.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
O SISTEMA DIGESTIVO
O sistema digestivo permite a transformação dos alimentos ingeridos em partículas mais pe-
quenas capazes de serem absorvidas e usadas pelas células nas atividades do seu metabolismo.
Este sistema inclui por 5 etapas principais:
- Glândulas anexas
São glândulas que segregam fluidos para o tubo digestivo. Das glândulas anexas que exis-
tem associadas ao tubo digestivo, irão ser abordadas apenas as glândulas salivares, locali-
zadas na boca ou cavidade oral, e ainda, ao nível do intestino delgado, falar-se-á sobre o
pâncreas, o fígado e a vesícula biliar.
A maioria dos órgãos digestivos estão contidos na cavidade abdómino-pélvica. Para ajudar a
localizar as posições desses órgãos, geralmente divide-se esta cavidade em regiões topográficas
ou quadrantes, que podemos ver na imagem abaixo.
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
Linha infra-costal, linha horizintal que passa por baixo das costelas;
Linha supra-íliaca: linha horizontal que passa por cima da crista ilíaca da pélvis.
Os quadrantes são delimitados por duas linhas uma vertical e outra horizontal que passam no
umbigo
CAVIDADE ORAL
A boca ou cavidade oral, situada na porção inferior da face, entre as fossas nasais e região su-
pra-hiodeia, tem várias funções:
❖ Permite a ingestão dos alimentos
❖ Permite a formação do bolo ali-
mentar através das ações de
moer, cortar e rasgar a comida.
❖ Possui alguma digestão química
ao nível do amido.
❖ É responsável por processos
como respiração ou a comunica-
ção através da fala.
Esta é limitada:
Abóboda palatina:
✓ Palato duro
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ANATOMIA HUMANA 2017-2018
- em baixo - pelo pavimento oral, que corresponde à base da língua e aos pilares anteriores
do véu do palato;
Possui 6 paredes:
- uma anterior, que são os lábios;
- duas laterais, que correspondem bochechas;
- uma inferior, que é o pavimento da cavidade oral;
- uma superior, que é a abóboda palatina;
-uma parede póstero-superior, que corresponde ao véu do palato (ou palato mole).
As zonas que, ao nível da cavidade oral precisam de ser mais resistentes são enriquecidas com
queratina, tal como acontece com a gengiva. À zona em que colocamos a escova dos dentes, ou
seja, entre o lábio e a gengiva chamamos de vestíbulo.
Papilas linguais:
O terço posterior da língua é desprovido de papilas, com apenas alguns terminais gustativos
dispersos; possui pequenas glândulas e um grande aglomerado de tecido linfoide, a amígdala
lingual.
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Está ligada à zona inferior da boca através do freio da língua. A zona debaixo da língua tem
uma pele bastante fina e é irrigada por veias e artérias linguais. Estas estruturas são bastante
importantes, visto que é através delas que ocorre a absorção de comprimidos de toma sublin-
gual.
Ao nível da superfície dorsal da língua, existe uma raiz e um corpo, como podemos ver na
imagem.
A dividir o corpo encontramos o sulco mediano, enquanto que a dividir o corpo da raiz encon-
tramos o sulco terminal. É na zona da raiz que encontramos as amígdalas linguais, estando, ao
fundo, limitada pela epiglote, uma estrutura já descrita no contexto do sistema respiratório.
Os dentes são também bastante importantes visto que são a primeira forma de digestão física.
Possuem zonas distintas: a coroa, que corresponde à zona exposta, o colo, que corresponde a
uma zona mais estreita de transição e, por fim, a raiz, que se encontra dentro da gengiva, inse-
rida ao nível do osso.
Os dentes, na sua zona mias superior encontram-se cobertos de esmalte, uma estrutura que
lhes confere rigidez. Na zona mais interior encontramos dentina, composta por tecido vivo, e a
cavidade pulpar, onde existe a passagem de vasos sanguíneos e nervos, que entram nos dentes
ao nível do orifício do ápice da raiz. Existe também o cimento e o ligamento periodontal, que
liga o dente ao osso (permite a ancoragem do dente). A articulação do dente é uma gonfose
(sinartrose).
As glândulas salivares são as estruturas que produzem não só saliva como também algum
muco que permite uma melhor envolvência do bolo alimentar, na digestão de alguns compos-
tos, na humidificação da cavidade bucal, na eliminação de toxinas, na manutenção do pH, para
além de terem uma função imunitária. São glândulas exócrinas, visto que libertam a secreção
para uma cavidade.
As glândulas salivares subdividem-se em dois grupos: as pequenas - que se encontram disper-
sas na cavidade oral (céu da boca, lábios e língua), e as grandes (que são todas pares).
Existe 3 tipos de glândulas dentro do grupo das glândulas salivares grandes, e que são:
• Glândula parótida - é a que possui a maior dimensão das três glândulas salivares pares,
possuindo uma coloração amarelada. Localiza-se na loca parotidiana: posteriormente
ao ramo ascendente do maxilar inferior, ladeada pelos músculos masséter, pterigoideu
interno e esternocleidomastoideo. O inchaço ao nível desta estrutura leva a uma condi-
ção chamada papeira. A confluência das várias unidades produtoras conflui no canal de
Sténon ou parotidiano. A abertura deste canal vai ocorrer ao nível do 2º molar, numa
carúncula da bochecha. Para sair neste local, este canal atravessa o músculo bucinador,
passando por cima do masséter.
Faringe
A faringe foi descrita detalhadamente no sistema respiratório. Assim sendo, far-se-á apenas
uma breve descrição.
A faringe subdivide-se em: nasofaringe (porção superior), bucofaringe (porção média) e larin-
gofaringe (porção inferior).
Normalmente, os alimentos só passam pela bucofaringe e pela laringofaringe. A bucofaringe
comunica superiormente com a nasofaringe; inferiormente com a laringe e a laringofaringe; e
anteriormente com a boca. A laringofaringe estende-se da orofaringe ao esófago e é posterior
à laringe.
ESÓFAGO
Esta estrutura está organizada em duas camadas, sendo uma epitelial e outra que tem glân-
dulas produtoras de muco, que facilitam a passagem do bolo alimentar. É coberta, ao nível do
mediastino, por tecido conectivo sendo depois do diafragma, coberta por serosa.
O músculo tem uma atividade muscular complexa possuindo, ao longo do seu curso, diferen-
tes grupos de músculos lisos ou esqueléticos.
ESTÔMAGO
O estômago é um órgão musculoso, em forma de J (saco), que se encontra na cavidade abdo-
minal, no hipocôndrio esquerdo e uma parte do epigastro.
A sua principal função é de armazenar os alimentos, sendo também responsável por muita da
digestão química e física, permitindo a transformação do bolo alimentar em quimo.
A sua posição e orientação varia com a estatura da pessoa em questão. A superfície esquerda
convexa do estômago é a sua curvatura maior e a margem direita côncava é a curvatura menor.
Os omentos ou epíploons, maior e menor (mesentérios que conectam o estômago), recebem
seus nomes por sua conexão com essas curvaturas.
• A região cárdica, que está mais perto do coração, tem apenas 3 cm e localiza-se após o
orifício cardíaco (que faz a ligação do esófago com o estômago).
• A região fúndica (grande tuberosidade) tem uma forma de cúpula e encontra-se após a
ligação com esófago, na zona mais elevada do estômago.
• O corpo do estômago, que forma a maior parte deste órgão.
• A zona pilórica, em forma de funil, corresponde a uma zona mais estreita ao nível da
zona distal. Esta zona é composta pelo antro pilórico (pequena tuberosidade), mais
largo, e pelo o canal pilórico, mais estreito. A zona pilórica termina no piloro, uma es-
trutura com uma grande camada musculosa. A este músculo liso vamos chamar de es-
fíncter pilórico ou gastroduodenal (um espessamento muscular), a estrutura que per-
mite regular a passagem do quimo para o duodeno.
Por fim, é importante referir que este órgão possui uma mucosa mais desenvolvida na região
pilórica do que na região cárdica e tem pregas gástricas maiores e mais numerosas no antro
pilórico.
INTESTINO DELGADO
O intestino delgado é, por excelência o órgão que permite a absorção da maior parte dos
nutrientes, mas é nesta estrutura que também ocorre a fase final da digestão, através de algu-
mas enzimas enviadas por glândulas anexas ao sistema digestivo, as quais irão ser abordadas
mais à frente.
Esta estrutura, ao nível de tecidos e células, está desenvolvida de modo a possuir a maior área
possível, possuindo um comprimento bastante superior, quando comparado a outras estruturas
do sistema digestivo.
Devido ao seu tamanho, este órgão ocupa a maior parte da cavidade abdominal, estando numa
posição inferior ao estômago e fígado.
Este órgão é constituído por 3 partes: o duodeno, o jejuno e o íleon.
O duodeno constitui os primeiros 25 cm desta estrutura, sendo nele que a cabeça do pân-
creas se apoia. Inicia-se ao nível do esfíncter pilórico e acaba na curvatura duodenojejunal.
Ao longo do seu percurso, passa à volta da cabeça do pâncreas, virando para a esquerda. Nesta
zona, existem pregas circulares que permitem que o quimo circule num movimento em espiral,
aumentando o contacto com a mucosa e assim aumentando a eficácia do processo de absorção.
Divisão do duodeno
Sem pregas circulares
❖ Superior (1ª Porção) - Desde o piloro até ao colo da vesicula biliar. ou de Kerckring
❖ Descendente (2ª Porção) - Desde o colo da vesicula biliar até à cabeça do pân-
creas
❖ Horizontal (3ª Porção) - Desde a parede inferior da cabeça do pâncreas até aos
vasos mesentéricos superiores. Com pregas circulares
ou de Kerckring
❖ Ascendente (4ª Porção) - Dos vasos mesentéricos superiores até ao ângulo
duodenojejunal. Nesta porção existe o músculo de Treitz, suspensor do duo-
deno, que é uma dupla prega de peritoneu que segura o ângulo duodenoje-
junal ou de Treitz.
Existem no duodeno duas pequenas saliências, nos 2/3 da porção descendente: a grande pa-
pila duodenal ou grande carúncula e a pequena papila duodenal ou pequena carúncula.
Na grande papila duodenal desembocam, em conjunto, o canal colédoco e o canal pancreático
ou de Wirsung, formando a ampola de Vater, que se esvazia no duodeno. A sua abertura é re-
gulada por um esfíncter de músculo liso, o esfíncter de Oddi.
Em algumas pessoas, abre-se um canal pancreático acessório ou de Santorini que desemboca
no topo da pequena papila duodenal.
Nesta zona existe também a neutralização dos ácidos estomacais, através do bicarbonato.
O jejuno é a porção seguinte e tem aproximadamente 2,5 metros. Esta porção começa ao nível
do quadrante superior esquerdo, estando, porém, mais concentrado ao nível do umbigo, pos-
suindo pregas circulares (ou de Kerckring) bastante altas e próxima umas das outras.
Nesta zona existe elevada irrigação sanguínea, levando à coloração vermelha, e a parede é
relativamente grossa e musculada.
O íleon/íleo vai formar os últimos 3,6 metros, ocupando maioritariamente a região hipogás-
trica e parte da cavidade pélvica. Tem uma parede mais fina comparando com a do jejuno, pos-
suindo menos vascularização e, por isso, a sua cor é de um tom rosa pálido. Nesta estrutura
existem nódulos linfáticos, que vão ficando maiores e mais frequentes, sendo chamados de
placas de Peyer.
De realçar que o jejuno e o íleo são difíceis de diferençar, pelo que geralmente se chama ao
seu conjunto jejuno-íleo. A absorção de nutrientes dá-se de forma mais intensa no duodeno e
no jejuno.
A junção ileocecal, o local de união do íleo e do intestino grosso, é circundada por um anel de
músculo liso que forma o esfíncter ileocecal, e possui uma válvula unidirecional, a válvula ileo-
cecal.
INTESTINO GROSSO
- Cólon
O cólon, no seu conjunto, forma uma estrutura aproximadamente quadrangular e divide-se
em quatro partes: cólon ascendente, transverso, descendente e sigmoide.
O cólon ascendente estende-se superiormente desde o cego até ao ângulo cólico direito
ou hepático, junto do bordo inferior direito do fígado. Está localizado no flanco direito.
O cólon transverso estende-se desde o ângulo cólico direito ou hepático até ao ângulo
cólico esquerdo ou esplénico. Esta estrutura tem um percurso horizontal ao nível da cavi-
dade abdominal superior (no hipocôndrio direito, no epigastro e no hipocôndrio es-
querdo).
O cólon descendente estende-se desde o ângulo cólico esquerdo ou esplénico até à aber-
tura superior da pequena bacia, onde se torna cólon sigmoide.
O cólon sigmoide é um tubo em forma de 'S' que se prolonga para o interior da bacia e
termina no reto.
Cólon direito = cólon ascendente + cólon transverso (metade direita); Cólon esquerdo =
cólon transverso (metade esquerda) + cólon descendente + cólon sigmóide.
O cólon direito é vascularizado pela artéria mesentérica superior e o colon esquerdo pela
artéria mesentérica inferior
- Reto
O reto é um tubo muscular que começa na terminação do cólon sig-
moide e termina no canal anal. Tem aproximadamente 15 cm.
Apesar do seu nome, esta estrutura tem diversas curvas, sendo 3
laterais e uma ventral.
Ao nível do reto, existem pregas transversais ou válvulas de Hous-
ton.
- Canal anal
A última porção do intestino grosso vai ser o canal anal, que corresponde aos 2-3 últimos cm
do tubo digestivo
Inicia-se na terminação inferior do reto, vai passar através do músculo levantador do ânus, e
termina no ânus.
Possui saliências longitudinais chamadas de colunas anais ou de Morgagni, em que as depres-
sões são os seios anais.
A pressão exercida nesta estrutura provoca a libertação de muco que vai permitir lubrificar as
fezes, facilitando a sua expulsão. Ao nível destas estruturas existem veias hemorroidais, que ao
contrário das dos membros, estão permanentemente distendidas e não possuem válvulas.
Em condições normais, o ânus encontra-se fechado por dois anéis musculares, os esfíncteres
anais interno e o externo, sendo que o interno é composto por músculo liso e o externo por
músculo esquelético. Assim, o interno tem um controlo involuntário, enquanto o exterior, que
permite a passagem das fezes para o exterior é de controlo voluntário.
PÂNCREAS
O pâncreas é um órgão complexo composto por tecido endócrino e exócrino com diversas
funções. Situa-se adiante de L1-L2, aorta abdominal, veia cava inferior, rim direito e esquerdo;
à esquerda do duodeno, à direita do baço e atrás do estômago. É composto pela cabeça, colo,
corpo e cauda.
Apenas a sua zona mais anterior é intraperitoneal, sendo que a sua zona mais posterior con-
tacta com a artéria aorta e com os rins, sendo por isso retroperitoneal.
O pâncreas é considerado uma glândula mista, na medida em que se comporta simultanea-
mente como glândula endócrina (secreta hormonas na corrente sanguínea) e glândula exó-
crina (liberta secreções).
A porção endócrina do pâncreas é constituída pelos ilhéus de Langerhans que, por produzirem
insulina e glucagon, desempenham um papel importante no controlo dos níveis sanguíneos de
FÍGADO
O fígado é simultaneamente uma glândula endócrina e exócrina (é também uma glândula
mista). Esta estrutura encontra-se imediatamente abaixo do diafragma, estando ao nível do hi-
pocôndrio direito e zona epigástrica. Possui uma cor vermelho acastanhada e é a maior glândula
anexa existente no nosso organismo.
No hilo, localizado na
face inferior do fígado, a
cápsula de tecido conjun-
tivo ramifica-se, enviando
uma rede de septos para o
parênquima hepático que
vão constituir o seu princi-
pal suporte. Os vasos, ner-
vos e canais distribuem-se
pelo fígado seguindo as ra-
mificações do tecido con-
juntivo. Os septos de te-
cido conjuntivo dividem o
fígado em lóbulos hexagonais tendo em cada vértice um sistema porta constituído por três va-
sos (Tríade portal) - veia porta hepática, artéria hepática e o ducto hepático. Os nervos hepáticos
e os vasos linfáticos também estão localizados nestas áreas, mas são demasiado pequenos para
serem observados ao microscópio ótico. Sendo assim, o pedículo hepático, localizado imediata-
mente a baixo do hilo, é constituído pela tríade portal e pelos nervos hepáticos e vasos linfáticos.
Da veia central de cada lóbulo derivam os cordões hepáticos, dispostos como os raios de uma
roda, compostos por hepatócitos, as células funcionais do fígado. Os espaços entre os cordões
hepáticos são canais sanguíneos, os sinusóides hepáticos. Entre as células de cada cordão existe
um lúmen em forma de fenda, o canalículo biliar (pequeno canal).
O sangue, vindo das vísceras, rico em nutrientes e pobre em oxigénio, entra nos sinusóides
dos hepáticos através dos ramos da veia porta e mistura-se com o sangue rico em oxigénio e
pobre em nutrientes das artérias hepáticas. Os hepatócitos têm a capacidade de retirar oxigénio
e nutrientes do sangue que podem ser armazenados, utilizados como energia ou na síntese de
novas moléculas. As molécu-
las produzidas ou modifica-
das nos hepatócitos são li-
bertadas nos sinusóides he-
páticos ou nos canalículos bi-
liares. O sangue misto dos si-
nusóides hepáticos drena
para a veia central, por onde
sai do lóbulo e, posterior-
mente, do fígado através das
veias hepáticas, que saem do
fígado nas suas faces poste-
rior e superior, drenando para a veia cava inferior que irá conduzir o sangue até ao coração.
Deste modo o pedículo supra-hepático é constituído pela veia hepática. A bílis produzida pelos
hepatócitos é essencialmente constituída por produtos metabólicos, e é levada pelos canalículos
biliares até ao sistema porta, saindo do fígado através dos canais hepáticos. Assim, o sangue flui
do sistema porta para o centro de cada lóbulo, enquanto a bílis flui em sentido inverso, do centro
do lóbulo para o sistema porta. No feto, o sangue é desviado do fígado por vasos especiais que
contornam os sinusóides hepáticos.
Funções do Fígado
O fígado desempenha funções digestivas e excretoras importantes, armazena e metaboliza
nutrientes, sintetiza novas moléculas e purifica químicos nocivos.
Produção de Bílis
O fígado produz e segrega bílis diariamente. Embora a bílis não contenha enzimas digestivas,
desempenha um papel importante na digestão, diluindo e neutralizando o ácido gástrico e emul-
sionando as gorduras. O pH do quimo ao deixar o estômago é demasiado baixo para permitir
que as enzimas pancreáticas actuem; a bílis neutraliza a acidez aumentando o pH para níveis
adequados. Os sais biliares emulsionam as gorduras.
Armazenamento
Os hepatócitos podem retirar açúcar do sangue e armazená-lo sob a forma de glicogénio. Po-
dem também armazenar gorduras, vitaminas (A, B12, D, E e K), cobre e ferro. Este armazena-
mento é normalmente temporário e a quantidade de produtos retidos nos hepatócitos, bem
como o tamanho da célula, variam ao longo do dia. Os hepatócitos ajudam a manter os níveis
de glicémia dentro de limites rígidos. Se chegar uma grande quantidade de açúcar à corrente
sanguínea após uma refeição, ocorre hiperglicemia, situação não favorável para o nosso orga-
nismo. Tal não acontece porque o sangue que vem do intestino passa através da veia porta para
o fígado, onde a glicose e as outras substâncias são retiradas do sangue pelos hepatócitos, ar-
mazenadas e recolocadas em circulação quando necessário.
Biotransformação de Nutrientes
Outra das funções do fígado é a biotransformação dos nutrientes. Muitas vezes os nutrientes
ingeridos não são proporcionais às necessidades dos tecidos e o fígado tem a capacidade de
converter alguns nutrientes noutros. Por exemplo, num indivíduo com uma dieta extremamente
rica em proteínas, o fígado pode receber aminoácidos em excesso e glícidos e lípidos em défice.
Os hepatócitos fracionam os aminoácidos e metabolizam muitos deles através de vias metabó-
licas, de forma a serem utilizados para produzir adenosina trifosfato, lípidos e glicose. Os hepa-
tócitos transformam ainda substâncias que não podem ser utilizadas pela maioria das células
em substâncias mais facilmente utilizáveis. Por exemplo, as gorduras ingeridas são combinadas
no fígado com colina e fósforo para produzir fosfolípidos, componentes essenciais das membra-
nas plasmáticas. A vitamina D é hidroxilada no fígado, sendo nesta forma que circula maioritari-
amente no organismo, e é conduzida ao rim onde é novamente hidroxilada para ser activada e
actuar na manutenção da calcérnia.
Desintoxicação
Muitas das substâncias ingeridas são nocivas para as células do organismo. Além disso, o pró-
prio organismo produz muitos metabolitos que são tóxicos quando acumulados. O fígado cons-
titui uma das primeiras linhas de defesa contra muitas dessas substâncias nocivas, desintoxi-
cando muitas substâncias através da sua alteração estrutural, tornando-as menos tóxicas ou
mais fáceis de eliminar. A amónia, por exemplo, um produto final do metabolismo dos aminoá-
cidos, é tóxica e não é facilmente eliminada da circulação pelos rins. Os hepatócitos removem-
na da corrente sanguínea e convertem-na em ureia, menos tóxica que a amónia, que depois de
segregada para a circulação é eliminada pelos rins, através da urina. Existem outras substâncias
que são também removidas da circulação e excretadas pelos hepatócitos para a bílis.
Fagocitose
As células fagocitárias hepáticas (células de Kupffer), estão localizadas ao longo da parede dos
sinusóides hepáticos, fagocitam glóbulos vermelhos e brancos não funcionais e algumas bacté-
rias e outros detritos que entram no fígado através da circulação.
Síntese
O fígado tem a capacidade de produzir os seus novos e únicos componentes. Muitas das pro-
teínas sanguíneas: a albumina, o fibrinogénio, as globulinas, a heparina e alguns factores de co-
agulação, são produzidos no fígado e libertados para a circulação.
- Vesícula Biliar
A vesícula biliar é uma estrutura sacular, localizada na face inferior do fígado, que mede apro-
ximadamente 8 cm de comprimento e 4 cm de largura. A sua parede é constituída por três túni-
cas: uma interna, mucosa com pregas que lhe permitem expandir-se; uma muscular, que con-
siste numa camada de músculo liso e lhe permite con-
trair-se; uma exterior serosa, de revestimento. A vesí-
cula biliar liga-se ao canal biliar comum através do ca-
nal cístico. O fígado segrega bílis continuamente, esta
é armazenada na vesícula biliar que tem capacidade
para conter 40 a 70 ml. Enquanto a bílis permanece na
vesícula biliar, dá-se absorção de água e de certos iões
que aumentam a concentração do conteúdo da bílis,
sendo mais eficaz do que a bílis que é diretamente pro-
duzida pelo fígado. Pouco tempo após urna refeição, a
vesícula biliar contrai-se lançando grandes quantida-
des de bílis concentrada no intestino delgado.
PERITONEU
As paredes da cavidade abdominal e dos órgãos nela contidos estão revestidas por membra-
nas serosas lisas e brilhantes. Estas segregam um fluido seroso, o líquido peritoneal, que forma
uma película lubrificante entre os seus folhetos. A sua função é reduzir a fricção entre os órgãos
durante os seus movimentos no abdómen.
Esta estrutura tem diversas funções ao nível da cavidade abdominal:
• Proteção de algumas agressões físicas, através do líquido peritoneal.
• Suporte das estruturas e ligação entre elas, impedindo que os órgãos fiquem enrolados
(intestino delgado).
• Passagem de vasos sanguíneos e linfáticos que permitem a absorção de nutrientes essen-
ciais.
• Proteção contra alguns agentes patogénicos, devido à acumulação de glóbulos brancos.
1-Colon transverso
2-Andar supramesocólico
3-Andar inframesocólico
O peritoneu visceral, por sua vez, pode possuir dois tipos de revestimento - revestimento
pediculado e não pediculado. O revestimento é pediculado, por exemplo, ao nível do jejuno-
ileon, e é não pediculado, por exemplo, ao nível da bexiga, existindo apenas uma camada a re-
vestir e proteger o órgão.
Muitos dos órgãos da cavidade abdominal são mantidos em posição por bainhas de tecido
conjuntivo, o mesentério. O mesentério é constituído por duas camadas de membranas serosas
separadas por uma fina camada de tecido conjuntivo laxo. É através dele que vasos e nervos
passam da parede abdominal para os órgãos.
Os órgãos que estão em contacto direto com a parede abdominal não têm mesentérios, sendo
denominados retroperitoneais (atrás do peritoneu). Este grupo de órgãos é constituído pelo
duodeno, pâncreas, cólon ascendente e descendente, reto, rins, glândulas suprarrenais e bexiga.
Alguns mesentérios assumem denominações próprias. Aquele que liga a pequena curvatura
do estômago e a porção proximal do duodeno ao fígado e ao diafragma é o pequeno epíploon
ou pequeno omento; o mesentério que se estende como uma prega da grande curvatura do
estômago ao cólon transverso é o grande epíploon ou grande omento. O grande epíploon
forma uma grande prega dupla de mesentério que se estende, inferiormente, a partir do estô-
mago sobre o intestino delgado. Devido a esta prega, forma-se uma cavidade ou bolsa, a bolsa
epiploica, entre as duas camadas de mesentério. Dado existir uma grande quantidade de gor-
dura no grande epíploon, este é muitas vezes denominado "avental gordo". O grande epíploon
tem uma grande mobilidade abdominal.
O ligamento coronário liga o fígado ao diafragma. Ao contrário dos outros mesentérios, o li-
gamento coronário tem no centro uma grande abertura, a área descoberta do fígado, onde não
existe peritoneu.
O ligamento falciforme liga o fígado à parede anterior do abdómen.
Embora o termo mesentério seja um termo geral respeitante às membranas serosas ligadas
aos órgãos abdominais, é também utilizado para referir especificamente o mesentério associado
ao intestino delgado, por vezes chamado de mesentério propriamente dito.
Os mesentérios das porções do cólon são o mesocólon transverso, que se estende do cólon
transverso à parede posterior do abdómen, e o mesocólon sigmoide, mantém o cólon sigmoide
em contato com a parede pélvica.
Como foi referido anteriormente, o peritoneu vai possuir uma cavidade com líquido peritoneal,
não possuindo estruturas. Na mulher, contacta com o exterior e ao nível dos omentos forma
pequenas bolsas de líquido.
O SISTEMA URINÁRIO
O sistema urinário é bastante importante para assegurar o bom funcionamento do orga-
nismo. Este sistema tem várias funções, tais como: a manutenção do pH do corpo, a manutenção
da osmolaridade, da composição iónica, do volume sanguíneo e da pressão arterial, para além
de ser responsável pela produção de algumas hormonas e excreção de metabolitos e xenobió-
ticos (substâncias químicas estranhas ao organismo).
Devido à importância e à existência de diversas funções deste sistema, quando este apresenta
uma disfunção, é necessário fazer a filtração do sangue fora do organismo recorrendo-se à he-
modiálise.
RINS
Os rins são principais órgãos excretores do
organismo.
São órgãos pares em forma de feijão, com o
tamanho aproximado de um punho fechado.
Estão localizados junto à parede posterior do
abdómen, por detrás do peritoneu (localiza-
ção retroperitoneal, ou seja, a face anterior
está coberta pelo peritoneu), de cada lado da
coluna vertebral (são paravertebrais, junto à
coluna vertebral), adjacentes aos bordos late-
rais dos grandes psoas e, para além disso, estão lateralmente à aorta e à veia cava inferior.
O rim direito estende-se desde o nível da última vértebra torácica (T12) ou dorsal, até à ter-
ceira vértebra lombar (L3), e o rim esquerdo situa-se cerca de meia vértebra acima do rim direito
(entre a T11 - T12 → L2 - L3), estando ambos protegidos pela grelha costal.
Os dois rins não se encontram na mesma posição relativa, porque o fígado está em posição
superior relativamente ao rim direito, causando um ligeiro abaixamento deste em relação ao
rim esquerdo.
Este é um órgão avermelhado, devido à grande quantidade
de sangue, tendo também uma consistência firme. Apresenta
2 faces (posterior e anterior), 2 bordos (mediano e lateral), e
2 polos (superior e inferior).
As relações da face posterior, plana, dos rins são idênticas,
pois ambos os rins se relacionam com o diafragma, psoas
maior, quadrado dos lombos e transverso do abdómen, en-
quanto que as relações da face anterior, convexa dos rins não
o são. Na face anterior do rim direito temos o fígado, ângulo
cólico direito ou hepático, a 2ª parte do duodeno (duodeno
descendente) e a glândula suprarrenal direita. E na face do an-
terior rim esquerdo temos o estômago, o pâncreas, o baço, o
ângulo cólico esquerdo ou esplénico, o colon descendente e a
glândula suprarrenal esquerda.
O folheto anterior pré-renal: passa anteriormente aos rins, aderindo à coluna vertebral e a
vasos (aorta abdominal e veia cava inferior). Reveste e fixa os rins na sua posição e o folheto
posterior retro-renal (fáscia de Zuckerkandl): situa-se posteriormente aos rins. Superiormente
a este encontramos a gordura para-renal (gerota). Reveste e fixa os rins na sua posição.
- Interior do Rim
Ao nível interno, o parênquima renal (o tecido res-
ponsável pela filtração do sangue e produção de Lobo Renal
urina) é dividido em duas porções: o córtex, externo,
e a medula, interna, que rodeia o seio renal. Neste
seio existem vasos sanguíneos e linfáticos, nervos,
canais excretores do rim e tecido adiposo.
A região medular é constituída por pirâmides re-
nais, em forma de cone. Prolongamentos das pirâmi-
des, denominados raios medulares, projetam-se
para o córtex, enquanto que prolongamentos do cór-
tex, as colunas renais, se projetam por entre as pirâ-
mides. Estas vão ser responsáveis por dividir o parên-
quima nas várias zonas da medula, ou nas pirâmides.
(Nota: Ao conjunto da pirâmide renal + tecido corti-
cal adjacente denominamos de lobo renal)
A base de cada pirâmide determina a divisão entre o córtex e a medula, estando os seus vérti-
ces, ou papilas renais, dirigidos para o seio renal.
Os pequenos cálices são câmaras, em forma de funil, para dentro das quais se projetam as
papilas renais. A junção de vários cálices forma estruturas idênticas de maiores dimensões, os
grandes cálices.
Os grandes cálices convergem para formar um grande canal, a pélvis renal ou bacinete, rode-
ado pelo seio renal. O bacinete diminui gradualmente de tamanho, transformando-se num tubo
de pequeno diâmetro, o ureter, que sai do rim pelo hilo e assegura a sua ligação à bexiga.
Nota: Os pequenos e grandes cálices e o bacinete (pélvis renal) são as vias excretoras do rim
e as vias urinárias são o ureter, a bexiga e a uretra.
A urina formada nos rins passa das papilas para os pequenos cálices e destes para os grandes
cálices; acumula-se depois no bacinete e sai do rim através do ureter.
A irrigação do rim é feita através das artérias renais esquerda e direita, que são ramos da
artéria aorta abdominal que entram no seio de cada rim. Esta grande artéria vai sofrer ramifica-
ções dentro do seio renal, transformando-se em diversas artérias segmentares e em seguida
em artérias interlobares. O sangue venoso retorna ao coração pelas veias renais esquerda e di-
reita que desembocam na veia cava inferior.
URETERES
Os ureteres são dois tubos musculares retroperitoneais que conectam os rins à bexiga e loca-
lizam-se posteriormente à artéria e veia renais. Estas estruturas vão permitir levar a urina pro-
duzida pelos rins até à bexiga, uma estrutura que será abordada mais à frente.
A urina vai sair do rim através da pélvis renal (bacinete), estrutura que vai fazer a ligação direta
aos ureteres. Esta estrutura tem aproximadamente 25 cm e atinge o seu diâmetro máximo já
perto da bexiga - 1,7 cm.
É composto por uma porção abdominal e outra pélvica. E mantêm-se fixo graças à continui-
dade com o bacinete e bexiga, à loca ureteral e ao peritoneu parietal posterior.
Estas estruturas entram na bexiga pela sua face posterolateral e, por esta razão, a sua inserção
é na zona mais inferior, penetrando no músculo da bexiga de uma forma oblíqua. Para impedir
que a urina não volte para os ureteres, a própria mucosa da bexiga vai funcionar como uma
válvula.
É ao nível do lúmen dos ureteres, um espaço bastante apertado, que pode ocorrer a acumula-
ção de pedras nos rins, levando a dores intensas e dificuldades em urinar.
Nos homens e nas mulheres, a orientação e zonas de passagem destas estruturas vão ser bas-
tante distintas. No homem, a bexiga é imediatamente anterior ao reto, enquanto na mulher está
situada imediatamente à frente da vagina e antero-inferiormente ao útero.
A irrigação do ureter é feita pela artéria ovárica ou testicular e pelos ramos: uretérico da arté-
ria renal, uretérico da aorta abdominal, ramo da ilíaca comum e ilíaca interna.
BEXIGA
A bexiga é uma estrutura responsável por armazenar a urina, depois ter sido produzida pelos
rins, até que ocorra a micção, ou seja o ato da expulsão da urina para o exterior. Funciona como
um reservatório muscular oco que se localiza na zona mediana da cavidade pélvica, atrás da
sínfise púbica.
Em crianças (fetos e recém-nascidos) este órgão encontra-se ao nível da cavidade abdominal,
descendo para a cavidade pélvica durante o desenvolvimento embrionário. Devido
às diferenças entre os sistemas reprodutor feminino e masculino, as suas posições relativas vão
ser diferentes nos dois sexos. No sexo feminino, vai encontrar-se numa posição anterior ao
útero, quanto no sexo masculino, se vai encontrar uma posição anterior ao reto.
Encontra-se ainda inferior ao peritoneu, sendo que a sua zona mais superior é protegida por
esta membrana serosa. Nos locais onde já não existe peritoneu, esta estrutura é protegida atra-
vés de uma camada adventícia.
Uma vez que é um saco muscular, esta estrutura tem uma camada muscular bastante eviden-
tes, formada pelo músculo detrusor, sendo formado por 3 camadas indistintas de músculo liso.
Existe ainda uma camada de transição, para a mucosa da bexiga.
Quando a bexiga se encontra vazia, existem a formação de estruturas rugosas. Quando a be-
xiga enche, ocorre o desaparecimento destas estruturas, e o número de camadas de células
reduz bastante. Devido a estas características podemos caracterizar a bexiga como um órgão
bastante distensível.
No local onde existe a abertura dos ureteres na bexiga e a abertura da uretra forma-se um
trígono (trígono de Lieutaud), uma estrutura triangular e bastante lisa. Isto acontece visto que,
neste local, as fibras musculares vão estar bastante aderentes à mucosa da bexiga. Neste local
existe ainda a prega interuretérica que, tal como o nome indica, consiste num relevo no espaço
entre a entrada dos dois ureteres.
Esta estrutura tem que ser bastante muscular, promovendo, por contração, a passagem da
urina para a uretra. Quando a bexiga está cheia envia um estímulo para o encéfalo, estrutura
que vai enviar sinais não só para a contração da bexiga, mas também para a abertura do esfínc-
ter interno. O esfíncter externo vai ser de controlo voluntário e vai permitir o controlo da expul-
são de urina.
URETRA
A uretra é o canal responsável por expelir a urina para fora do organismo. Esta estende-se do
colo da bexiga até ao meato urinário (períneo).
❖ Períneo
A área entre as coxas, limitada à frente pela sínfise púbica, atrás pelo cóccix e late-
ralmente pelas tuberosidades isquiáticas, é chamada de períneo.
O períneo é dividido em dois triângulos por dois músculos pares: o transverso super-
ficial e o transverso profundo, que se estendem transversalmente entre as duas tube-
rosidades isquiáticas.
▪ Homem:
Tal como muitas outras estruturas do sistema urinário, esta estrutura vais ser distinta em ho-
mens e mulheres.
• Nas mulheres este tubo vai ser bastante curto (2-4cm), situando-se anteriormente à pa-
rede vaginal. Devido a esta característica da uretra feminina, complicações como infeções
urinárias são muito mais frequentes, devido à entrada facilitada de diversos agentes pa-
togénicos. A sua abertura para o exterior situa-se entre o clitóris e o orifício vaginal.
• A uretra masculina tem um comprimento em média de 18 cm e estende-se desde o colo
da bexiga até à extremidade distal do pénis. Vai ter um percurso com forma semelhante
a um “S”. É uma via comum para a urina e para o esperma (É, portanto, um órgão comum
aos sistemas urinário e reprodutor).
OS SISTEMAS REPRODUTORES
O sistema reprodutor representa a estrutura do corpo humano que não é necessária à vida do
indivíduo. Porém, este sistema é bastante importante uma vez que é o responsável pela manu-
tenção das espécies, neste caso a espécie humana.
Assim, e para gerar um novo ser é necessário que ocorra o encontro entre os dois gâmetas, e
cabe a este sistema produzi-los, favorecer o seu encontro e permitir o desenvolvimento do novo
ser no sistema reprodutor feminino.
Ao nível deste sistema vão existir as estruturas sexuais primárias que vão estar diretamente
envolvidas na produção de gâmetas. Por sua vez, as estruturas sexuais secundárias, vão ser res-
ponsáveis pela sua condução até ao exterior.
Vão ainda existir características/caracteres sexuais secundárias, que aparecem na puberdade
e permitem uma melhor distinção entre os dois sexos, fomentando a atração no reino animal,
funcionando como uma vantagem evolutiva.
Cada sistema reprodutor é constituído pelas gónadas, pelo sistema de canais, pelas glândulas
sexuais acessórias e pela genitália externa.
O aparelho reprodutor masculino é composto pelos testículos (gónadas), por uma série de
canais, pelas glândulas sexuais acessórias e pela genitália externa e estruturas de suporte.
Os canais são o epidídimo, os canais deferentes, os canais ejaculadores e a uretra. As glândulas
acessórias são as vesículas seminais, a próstata e as glândulas bulbo-uretrais. A genitália externa
e estruturas de suporte são a bolsas testiculares e o pénis.
Os espermatozoides são muito sensíveis à temperatura e não se desenvolvem normalmente à
temperatura habitual do corpo. Os testículos e os epidídimos, órgãos de produção e desenvol-
vimento dos espermatozoides, estão localizados no exterior do corpo, nas bolsas testiculares,
onde a temperatura é mais baixa. Os canais deferentes dirigem-se dos epidídimos para a cavi-
dade pélvica, onde a sua porção terminal se alarga para formar a ampola do canal deferente.
Esta reúne-se com o canal proveniente da vesícula seminal do mesmo lado, constituindo, de
cada lado, o canal ejaculador. Os canais ejaculadores passam através da próstata e abrem-se
para a uretra no interior da próstata. A uretra tem início na cavidade pélvica e passa através do
pénis para o exterior.
TESTÍCULOS
Os testículos são dois pequenos órgãos ovoides, situados dentro da bolsa são as gónadas do
sistema reprodutor masculino e, por isso são responsáveis pela formação de gâmetas, os esper-
matozoides. É também nestas estruturas que ocorre a produção de testosterona, uma hormona
bastante importante no desenvolvimento dos caracteres secundários masculinos. Apesar da sua
elevada importância, o conteúdo produzido pelos testículos (maioritariamente espermatozoi-
des) só vai perfazer 5% do sémen.
Na puberdade e idade adulta, o testículo encontra-se fora da cavidade pélvica, no períneo,
inseridos nas bolsas testiculares. Esta posição, está diretamente relacionada com a produção de
gâmetas, visto que para haver formação de gametas é necessária uma temperatura inferior ao
37◦.
Estas bolsas são móveis, estando apenas fixas na parte superior. São formadas por 7 túnicas,
que tiveram origem no arrastamento dos tecidos presentes na cavidade abdominal.
• Túnica albugínea – É uma capsula fibrosa, espessa e branca que envolve completamente
o testículo. Possui um espessamento ao nível do bordo póstero-superior, formando o
corpo de Highmore ou mediastino do testículo. Penetra no interior do testículo for-
mando septos incompletos, que dividem este órgão em lóbulos. É perfurada pelos ca-
nais eferentes quando estes saem do testículo.
SISTEMA DE CANAIS
De modo a levar os gâmetas até ao exterior, existem um conjunto de tubos.
Os epidídimos encontram-se no interior das bolsas testiculares, é o local onde ocorre a matu-
ração e o armazenamento dos espermatozoides. São estruturas pares que se encontram no
bordo posterior do testículo, enrolados sob si próprios. Estão revestidos pelo folheto visceral da
túnica vaginal, sendo que possuem uma cabeça, um corpo e uma cauda.
❖ A cabeça adere ao testículo através dos canais eferentes, que se abrem para um único
canal, o canal epididimário, que está principalmente contido no corpo do epidídimo.
Os canais deferentes são tubos bastante compridos, tendo aproximadamente 45 cm. Iniciam-
se na cauda do epidídimo, na continuação do canal epididimário e ascendem ao longo da face
posterior do testículo na linha mediana do epidídimo, para se associarem a seguir com os vasos
sanguíneos e os nervos que irrigam e inervam o testículo. Estas estruturas e os seus revestimen-
tos constituem o cordão ou fundículo espermático. Este é constituído por:
1) O canal deferente
2) A artéria testicular e o plexo pampiniforme
3) Vasos linfáticos
4) Nervos
5) Fibras remanescente do processo vaginal
6) O revestimento do cordão espermático (bainha) inclui:
GLÂNDULAS ACESSÓRIAS
Estas glândulas, apesar de não interferirem diretamente com o processo de produção de gâ-
metas, são bastante importantes na manutenção das estruturas reprodutivas, produzindo fluí-
dos com diversas propriedades e nutrientes, permitindo também desta forma uma maior sobre-
vivência dos espermatozoides.
As vesículas seminais, encontram-se numa posição posterior à bexiga, escavação pélvica,
sendo estruturas pares, tendo dimensões semelhantes a um pequeno dedo. É composta por
uma cápsula, possuindo também algum tecido muscular. O seu interior é composto por um con-
junto de tubos e estruturas formando um labirinto. Os seus fluídos são libertados ao nível do
canal ejaculatório.
A próstata é uma estrutura em forma de amêndoa, estando à volta da uretra e inferior à be-
xiga, escavação pélvica (loca prostática). É composta por algumas dezenas de redes tubulares
(30-50), sendo uma estrutura rodeada também por uma cápsula. A libertação do líquido prostá-
tico ocorre ao nível da uretra através de aproximadamente 20 poros. Com o aumento da idade,
esta estrutura te. Tendência para sofrer uma hipertrofia, comprimindo a bexiga, podendo resul-
tar em algumas complicações clínicas. Contém a uretra prostática, o utrículo prostático e canais
ejaculadores.
As glândulas bulbouretrais, ou de cowper, tal como o nome indica encontram-se lado da ure-
tra (peniana). Têm uma coloração vermelho escura tendo aproximadamente 3 cm. Situa-se no
diafragma pélvico. Durante a estimulação sexual, estas glândulas são responsáveis pela produ-
ção de fluídos que permitem não só a lubrificação como a eliminação de resíduos de urina que
poderiam estar na uretra.
O sémen expelido na ejaculação vai possuir fluídos produzidos nestas estruturas, sendo que as
vesículas seminais contribuem com 60%, a próstata com 30%, sendo que os restantes 10% são
produzidos ao nível das vias espermáticas - apenas 5% são gâmetas, sendo que as glândulas de
cowper têm uma contribuição vestigial.
PÉNIS
No sexo masculino o pénis vai ser o órgão externo e o órgão de cópula, através do qual os
espermatozoides são transferidos do homem para a mulher.
O pénis é composto por 3 colunas de tecido erétil, tal como por diversos vasos sanguíneos
bastante importantes aquando da ereção. Duas das colunas erécteis constituem as faces laterais
e dorsal do pénis e chamam-se os corpos cavernosos. A terceira coluna, o corpo esponjoso,
situado na face ventral do pénis, dilata-se na sua extremidade distal para formar a glande peni-
ana, sobre a extremidade distal do pénis. A uretra esponjosa passa através do corpo esponjoso,
penetra na glande e abre no orifício exterior da uretra. Na extremidade proximal do pénis, o
corpo esponjoso dilata-se para formar o bulbo peniano e cada corpo cavernoso alarga-se para
formar a raiz do corpo cavernoso. Em conjunto, estas estruturas constituem a raiz do pénis.
Os tecidos eréteis ao nível do pénis, possuem uma túnica albugínea e são separados por um
septo, à semelhança de outras estruturas do sistema reprodutor. No seu interior existem bas-
tantes lacunas, unidas por trabéculas - tecido conectivo - tal como tecido muscular trabecular.
Estas lacunas são bastante importantes uma vez que quando ocorre a ereção se enchem de
sangue. Quando o pénis está ereto e de forma a manter a ereção, as veias, nomeadamente a
veia dorsal interna, fecham-se impedindo a saída do sangue.
O pénis possui três porções principais a raiz, o corpo e a glande.
A raiz é o principal mecanismo de suporte e suspensão do pénis. Para além da existência de
ligamentos suspensores, existem duas especializações que permitem que as estruturas estejam
suspensas. Assim, existe uma dilatação do corpo esponjoso ao nível da raiz, enquanto existe
uma diminuição ao nível do extremo dos corpos cavernosos.
O corpo é constituído pelos corpos cavernosos e esponjoso. A este nível existe uma pele pro-
tetora que se encontra ligeiramente flácida, permitindo a dilatação do pénis.
A glande é coberta por uma prega solta de pele, o prepúcio, que se encontra fixo à glande
através do freio. Em caso de existir um crescimento exagerado - pode ser propício ao desenvol-
vimento de infeções - desta estrutura, é realizada uma intervenção clínica chamada circuncisão.
Esta intervenção também é realizada em alguns povos, devido a questões culturais. Na glande
existe também a produção de líquidos lubrificantes.
A vascularização do pénis é feita pela artéria dorsal do pénis, artéria profunda do pénis, artéria
do bulbo do pénis e artéria uretral.
Após a produção dos gâmetas femininos, os oócitos, estas estruturas vão ser enviadas do ová-
rio para as trompas de Falópio.
Os ovários possuem a mesma origem embriológica dos testículos, sofrendo também uma des-
cida da cavidade abdominal para a cavidade pélvica. Por esta razão, são estruturas com anato-
mia e revestimento mais ou menos semelhantes.
Numerosas pequenas vesículas, os folículos ováricos, cada um contendo um oócito, estão dis-
tribuídas por todo o córtex.
Os ovários são vascularizados pelas artérias ováricas (ramos da aorta abdominal) e pelas arté-
rias uterinas (ramos das artérias ilíacas internas).
Existem duas trompas uterinas, também designadas por trompas de Falópio, uma de cada
lado do útero.
Cada trompa está localizada ao longo do bordo superior do ligamento largo, estendendo-se da
extremidade/pólo superior até ao ângulo lateral do útero. Tem como função a recolha do óvulo
da superfície do ovário através as fímbrias. A trompa é o local onde ocorre a fecundação do
óvulo. As trompas de Falópio têm maior comprimento maior nas mulheres multíparas (mulheres
que já tiveram mais do que uma gravidez).
Encontram-se fixadas pela asa superior do ligamento largo, pela continuidade com o útero e
pelo o ligamento tubo ovárico.
A porção interna das trompa uterinas encontra-se fixa (muda posição apenas com os movi-
mentos do útero), enquanto a porção externa desloca‐se com os movimentos do ovário.
Cada trompa de Falópio é constituída por 4 porções: a
porção intersticial ou intra-uterina, o istmo de Barkow,
a ampola de Henle e o pavilhão ou infundíbulo.
A trompa uterina faz a recolha do óvulo da superfície
do ovário, por isso na sua porção distal (mais próxima
do ovário, mais afastada do útero) alarga-se para for-
mar o pavilhão ou infundíbulo (em forma de funil), uma
estrutura móvel. A abertura do pavilhão, o orifício ab-
dominal da trompa, é delimitada por franjas que permi-
tem que o oócito continue nas trompas e não caia na
cavidade abdominal, sendo a franja mais proeminente
a franja de Richard.
A seguir à porção do infundíbulo, temos a ampola de Henle, que é a porção mais longa, mais
dilatada e é o local onde normalmente se ocorre a fecundação (evento de encontro entre os
dois gâmetas, feminino e masculino).
Existe uma condição patológica que ocorre em algumas mulheres, denominada de gravidez
ectópica, onde o embrião começa o seu desenvolvimento ao nível das trompas de Falópio. A
sintomatologia é bastante dolorosa, podendo até levar à morte da mãe.
Nesta porção das trompas, a túnica muscular é menos desenvolvida do que a túnica mucosa.
Em seguida, temos o istmo de Barkow, fazendo a sua ligação com o útero ao nível da porção
intersticial, zona em que a túnica muscular é mais evidente do que a túnica mucosa, devido à
proximidade ao útero.
A porção intersticial ou intra-uterina atravessa a parede uterina e termina no ângulo superior
do corpo do útero, num orifício uterino de dimensões muito reduzidas.
As trompas uterinas são vascularizadas por ramos das artérias ováricas (artéria tubárica ex-
terna) e uterinas (artéria tubárica interna).
O útero (órgão mais vascularizado e mais musculado) é a estrutura onde se vai dar a passagem
do liquido espermático, a recolha do óvulo fecundado, a nidação e a expulsão do feto.
É um órgão impar tem a forma de uma pera invertida. Possui uma parede espessa e elástica.
As dimensões do útero são variáveis consoante a idade.
Relativamente à localização, o útero encontra-se anteriormente ao reto, posteriormente à be-
xiga, entre as trompas de Falópio, por cima da vagina e por baixo das ansas intestinais
Esta estrutura tem uma camada muscular bastante evidente, permitindo a expulsão do feto,
através das suas contrações.
O útero possui uma forma e dimensão semelhante a uma pera
invertida e encontra-se na cavidade pélvica.
É constituído por: um corpo, um istmo e um colo:
No interior do útero, situa-se a cavidade uterina, que se continua através do canal cervical e
se abre para a vagina através do orifício externo do canal cervical.
A parede uterina é composta por três camadas: perimétrio (serosa), miométrio e endométrio.
A túnica serosa, túnica adventícia ou perimétrio é constituída pelo peritoneu, mais precisa-
mente pelos ligamentos largo e cardinal e pelos fundos de saco (inflexões do peritoneu) vesico-
-uterino e reto-uterino(Douglas). Subjacente ao revestimento peritoneal existe a túnica muscu-
lar ou miométrio, formada de uma camada muito espessa de fibras musculares lisas. A camada
mais interior do útero é a túnica mucosa ou endométrio.
Assim, para além da camada muscular - miométrio - também vai possuir uma mucosa - endo-
métrio- que sofre escamação no final do ciclo uterino (menstruação).
Esta estrutura vai ser fixada, não só através da sua posição na cavidade abdominal (em ante-
flexão, ou seja, com a face anterior ligeiramente inclinada para a frente), mas também devido à
existência de diversos ligamentos de sustentação. São eles: ligamento largo, ligamento útero-
ovárico, ligamento útero-sagrado, o ligamento redondo e o ligamento cervical.
• O ligamento largo é uma prega peritoneal que se estende do bordo externo do útero,
de cada lado, para a parede pélvica. Envolve também os ovários e as trompas.
• O ligamento útero-ovárico corresponde ao bordo livre da asa posterior do ligamento
largo.
• O ligamento útero-sagrado fixa o útero ao sacro, ladeando as faces laterais do reto.
• O ligamento redondo estende-se desde o útero através do canal inguinal até aos gran-
des lábios dos genitais externos (ligação à genitália externa).
• O ligamento cervical ou cardinal faz a ligação à parede da pélvis num plano horizontal.
Legenda:
1 - Ligamento largo
2 - Ligamento útero-ovárico
3 - Ligamento redondo
4 - Ligamento útero-sagrado
5 - Ligamento cervical ou cardinal
VAGINA E VULVA
A vagina é um canal que se estende desde o útero até ao exterior com uma parede fina mas
bastante distensível.
É o órgão da cópula na mulher e tem como função receber o pénis durante a penetração, para
além de permitir a passagem não só do feto aquando do trabalho de parto, mas também do
fluxo menstrual para o exterior.
A vagina encontra-se na loca vaginal, relacionando-se anteriormente com o reto, posterior-
mente com a bexiga e a uretra. Para cima com o colo do útero, para baixo com o vestíbulo da
vulva e lateralmente com os músculos levantadores do ânus.
Em relação à conformação exterior possui 2 faces uma anterior e outra posterior, 2 bordos
laterais: um superior (infrapélvico) e outra inferior (perineal), 2 extremidades: uma superior, o
doma vaginal que se relaciona com o colo uterino; e outra inferior, o orifício vaginal.
Em relação à conformação interna, é composta pelas mesmas camadas do útero. Em relação
a túnica mucosa, carateriza-se por ter pregas transversais existentes em maior número na por-
ção inferior da vagina e colunas vaginas longitudinais.
Apesar de não possuir glândulas lubrificantes, produz fluidos através de sudação. A um nível
mais inferior possui estruturas rugosas que têm como função a estimulação do pénis.
O orifício vaginal tem uma membrana chamada de hímen que tem funções protetoras, tendo
algumas aberturas para a passagem da menstruação. É normalmente quebrada na primeira pe-
netração, podendo, no entanto, ser quebrada antes disso, através do uso de tampões por exem-
plo.
A vagina é vascularizada pelas artérias vaginais, ramos das artérias ilíacas internas.
Os órgãos genitais externos da mulher (vulva) consistem no vestíbulo (pequena região do es-
paço entre os pequenos lábios da vulva, sendo a entrada da genitália feminina) e nos órgãos que
o delimitam que ocupam a maior parte do períneo.
No limite anterior ao vestíbulo existe uma pequena estrutura erétil, o clitóris. O clitóris é cons-
tituído por 2 corpos cavernosos, uma glande e um prepúcio. Nas suas extremidades anteriores,
os pequenos lábios unem-se para formar o prepúcio do clitóris, uma prega de pele que o reco-
bre.
O tecido eréctil correspondente ao corpo esponjoso do homem encontra-se lateralmente ao
orifício vaginal, inferiormente aos grandes lábios, repartido em duas partes, de cada lado do
orifício vaginal - estes corpos eréteis são os bulbos vestibulares.
De cada lado do vestíbulo, entre o orifício vaginal e os pequenos lábios, exist e o orifício do
canal das glândulas de Bartholin, também chamadas grandes glândulas vestibulares, que se
A mama é vascularizada pelas artérias torácicas internas, ramos das artérias subclávias, e pelas
artérias torácicas laterais, ramos das artérias axilares.
O SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso permite não só ao nosso organismo apreender o mundo exterior, permi-
tindo também uma ação em relação ao que sentimos. É constituído por diversas estruturas,
sendo a sua unidade básica estrutural o neurónio.
O sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central e sistema nervoso periférico.
O sistema nervoso central, ao contrário do que acontece com o periférico, tem capacidade de
integração dos processos mentais, isto é, de armazenamento da informação. O sistema nervoso
periférico apenas recebe estímulos e dá respostas bastante simples, sendo, portanto, uma res-
posta mais rápida.
Sistema Nervoso
SN Periférico SN Central
SN Somá‐
SN Autónomo
tico
Ao nível do sistema nervoso central existem duas estruturas principais: a medula espinhal e o
encéfalo. O encéfalo pode ainda ser dividido em 3 porções principais que vão ter diferentes
funcionalidades:
▪ Cérebro;
▪ Tronco encefálico;
▪ Cerebelo.
.
• Estrutura óssea
.
• Duramáter (fibrosa)
.
• Aracnoideia (tecido conjuntivo)
• Piamáter
O primeiro passo para a produção deste líquido é a filtração do plasma, através dos capilares
do encéfalo. O LCR que é produzido pelos ventrículos é enviado para o quarto ventrículo, que,
através de poros nas suas paredes, permite a passagem do líquido para o espaço subaracnóideu,
superfície do encéfalo e medula espinhal.
Este líquido possui diversas funções:
CÉREBRO
Ao nível desta estrutura existem 4 estruturas principais: o córtex cerebral, a substância branca
subcortical, as comissuras e os gânglios da base. Esta estrutura tem, como origem embrionária
o telencéfalo.
Esta estrutura é composta pelos dois hemisférios cerebrais (direito e esquerdo), porções si-
métricas. Ao nível dos hemisférios cerebrais encontramos uma porção periférica - o córtex ce-
rebral - e uma porção mais interior- os núcleos cinzentos da base (núcleo caudado, núcleo len-
ticular e núcleo amigdalino). Entre estas duas estruturas encontramos substância branca.
Exteriormente, o cérebro é uma estrutura enrugada, formada por diversos sulcos permitindo
assim o aumento da sua área, sendo possível assim a retenção de maior informação (os cérebros
da maior parte dos mamíferos são lisos). Na sua linha média, encontramos a fissura longitudinal,
que permite a separação entre os dois hemisférios cerebrais. Apesar de se encontrarem dividi-
dos pela fissura longitudinal, os hemisférios encontram-se ligados através do corpo caloso.
• O sulco parieto-occipital:
As áreas funcionais primárias vão ser heterotípicas, devido às diferentes estruturas en-
contradas. A este nível vão existir áreas sensitivas (granulares) e motoras (agranulares)
primárias, para além da receção de alguns estímulos, sendo também a área responsável
pelo controlo do movimento voluntário.
As áreas secundárias vão ser homotípicas e vão ser as responsáveis pelo reconheci-
mento.
Lobo Frontal:
Neste lobo, o lóbulo mais relevante vai ser o lóbulo paracentral. Os lóbulos também possuem
sulcos menos profundos. Assim distribuídas ao nível a sua face interna e externa vão existir di-
versas circunvoluções:
✓ Circunvolução Frontal Ascendente;
✓ Circunvolução Frontal Superior;
✓ Circunvolução Frontal Média;
✓ Circunvolução Frontal Inferior;
A estas circunvoluções vão estar associados
diversos sulcos: o frontal superior e inferior, prolongamentos do sulco de Silvius e o sulco pré-
central.
- Áreas funcionais:
• Áreas funcionais do Lobo Frontal: área motora primária; áreas
motoras secundárias (área pré-motora e área motora suple-
mentar); área de Broca; campo ocular frontal; área pré-frontal.
• Áreas funcionais do Lobo Occipital: área visual primária; área visual secundária; campo
ocular occipital.
• Áreas funcionais do Lobo Temporal: área auditiva primária; área auditiva secundária;
área de Wernicke.
• A área pré-frontal vai regular também alguns movimentos, sendo a área responsável
pela adaptação das ações ao ambiente social em que nos encontramos.
• Existe ainda a este nível o campo ocular frontal.
Lobo Parietal:
Ao nível deste lobo as faces mais importantes vão ser a face
externa e a face interna, onde vão existir diversos sulcos e
circunvoluções. Nesta estrutura, o lóbulo mais importante
vai ser o lóbulo quadrilátero. A este nível vão existir diversas
circunvoluções:
Entre as circunvoluções supramarginal e angular vai existir uma cissura bastante importante,
a cissura de Jensen.
- Áreas funcionais:
• As áreas somatoestésicas - primária e secundária. Estas áreas vão receber estímulos
de dor e tato, para além de receberem diversos estímulos sobre o ambiente envol-
vente, como é o caso da temperatura e pressão. Também estas áreas são contra late-
rais, sendo uma das quais responsável pela associação.
• Ao nível das circunvalações supra marginais e angulares, vai existir uma área funcional
gustativa.
Lobo Occipital:
Ao nível deste lobo são bastante importantes as faces externas inferior
e interna. Existem diversas circunvoluções, sendo definidas com 1ª,
2ª,3ª,4ª,5ª e 6ª. Ao nível da 4ª circunvolução encontramos o lóbulo fu-
siforme, enquanto na quinta (5ª) existe o lóbulo lingual. Na 6ª circun-
volução existe uma estrutura denominada de cúneos. O sulco mais re-
levante nesta estrutura é o sulco calcarino ou o 5º sulco occipital.
- Áreas funcionais:
• Existe a área visual primária, sendo ao nível do occipital, onde existe a formação da
zona binocular, onde existe a junção das imagens recolhidas pelos dois olhos, tal como
as outras estruturas o estímulo é contra lateral.
• A área visual secundária é a responsável pelo reconhecimento do que foi observado.
• Por fim, o campo ocular occipital é a que responde involuntariamente a estímulos vi-
suais. Um exemplo desta ação é por exemplo, a dilatação da pupila.
Lobo temporal:
As porções mais relevantes nesta zona são a face externa e a face in-
ferior. A este nível existem 5 circunvoluções temporais:
✓ Circunvoluções Superior/1ªCircunvolução;
✓ Circunvoluções Média/2ºCircunvolução;
✓ Circunvoluções Média/3ªCircunvolução;
- Áreas funcionais:
Lobo da Ínsula:
Apesar de, nos esquemas mais comuns não ser identifi-
cado, esta estrutura encontra-se numa zona mais interior,
sendo bastante importante. Assim nesta estrutura existem
dois sulcos bastante importantes: o sulco circunferencial de
Reil e o sulco central da ínsula.
Neste lobo, as principais áreas funcionais fazem o controlo
e recebem os estímulos da sensibilidade visceral e dolorosa.
MATÉRIA BRANCA
A maior constituinte do volume cerebral é matéria branca, ou seja, são os axónios ou fibras
dos neurónios. Estas estruturas normalmente estão associadas em feixes/tratos., podendo ser
de vários tipos:
• Fibras de projeção - são verticais, passam entre os núcleos cinzentos centrais e permi-
tem a comunicação do cérebro com as diversas estruturas do organismo, podendo levar
sinais também para a medula espinhal - tratos corticoespinhais. Existem ainda outros
que levam o sinal até ao córtex cerebral. Estas estruturas podem formar diversas estru-
turas como a coroa radiada e as cápsulas interna, externa e extrema.
• Fibras comissurais - estas fibras são as que permitem a conexão entre os dois hemisfé-
rios cerebrais, através de pontes denominadas de comensuras, sendo que a maior parte
passa através do corpo caloso. Porém estas fibras também podem passar através do
Trígono ou Fórnix, Comissura Branca Anterior (CBA) e Comissura Branca Posterior (CBP).
• Fibras de associação – Estas fibras, ao contrário das anteriores são intra-hemisféricas,
ou seja, vão permitir a ligação entre estruturas no mesmo hemisfério. Estas estruturas
permitem a ligação entre perceções e centros de memória, permitindo que um indivi-
duo tenha a capacidade de provar um alimento, perceber qual é e ainda nomeá-lo. Den-
tro destas fibras vão existir dois tipos: fibras longas de associação e fibras curtas de as-
sociação.
o As fibras curtas vão permitir efetuar a ligação dentro de um mesmo lobo, ou
entre lóbulos. Estas fibras podem ser denominadas de fibras arqueadas/ em U
(Meynert) e ligam circunvoluções adjacentes.
o As fibras longas vão permitir a ligação entre diversos lobos, já referenciados
anteriormente. Ligam circunvoluções distantes.
MATÉRIA CINZENTA
A matéria cinzenta, apesar de menos volumosa também é bastante importante para a ativi-
dade cerebral. Tal como referimos antes é composta pelos corpos celulares dos neurónios. Esta
substância vai compor 3 estruturas distintas: o córtex cerebral, os núcleos basais e o sistema
límbico.
- Córtex cerebral:
O córtex é uma estrutura que envolve os hemisférios, tendo apenas 3mm de espessura. Porém
a sua massa é 40% da massa do cérebro, possuindo um elevado número de neurónios. Ao nível
desta estrutura existem células estreladas e células piramidais.
As células estreladas não possuem axónios, possuindo apenas dendrites que se projetam em
todas as direções- apesar de por pequenas distâncias. Estas células são bastante importantes na
receção de estímulos e no seu processamento.
As células piramidais, tal como o nome indica têm uma forma cónico, parecendo triângulos
em cortes de tecidos.
Existem também, no cérebro, as áreas de Brodman, sendo 6 camadas distintas de neocórtex
que possuem diferente organização celular e por isso vão possuir funções distintas. Assim estas
áreas funcionais vão ser primárias e secundárias:
As áreas funcionais primárias vão ser heterotípicas, devido às diferentes estruturas en-
contradas. A este nível vão existir áreas sensitivas (granulares) e motoras (agranulares)
- primárias, para além da receção de alguns estímulos, sendo também a área responsá-
vel pelo controlo do movimento voluntário.
As áreas secundárias vão ser homotípicas e vão ser as responsáveis pelo reconheci-
mento.
- O sistema límbico:
Estas estruturas são massas de matéria cerebral cinzenta que se encontram no interior dos he-
misférios cerebrais, lateralmente ao tálamo. Temos:
• Corpo estriado
É formado pelo núcleo caudado e pelo núcleo lenticular. É o maior núcleo do encéfalo,
ocupando grande parte deste.
O núcleo caudado apresenta uma forma de “C”. Subdivide-se em cabeça, corpo e cauda.
A cauda do núcleo caudado possui uma estrutura arredondada pertencente ao sistema
límbico denominado corpo amigdalino. A sua função está relacionada com a inteligên-
cia, a capacidade de concentração, a atenção, a abstração e a flexibilidade mental (con-
junto de funções executivas).
O núcleo lenticular é formado pelo putame e pelo globo pálido. Localiza-se inferior-
mente ao núcleo caudado. A sua função está relacionada com a parte motora, contudo
a sua parte mais anterior está também relacionada com o comportamento e com a me-
mória.
• Claustro ou antemuro
É uma fina camada de substância cinzenta localizada no telencéfalo. Tem como função
a comunicação entre os hemisférios, coordenando as áreas corticais motoras, visuais e
auditivas, para além de ser importante na atenção e na organização de informações e
na consciência.
• Núcleo subtalâmico
• Núcleos rubros
Os pés dos pedúnculos cerebrais contêm o par de núcleos rubros. Estes apresenta uma
cor avermelhada devido ao grande aporte sanguíneo. Colaboram na regulação e coor-
denação inconsciente das atividades motoras.
- Tálamo:
O tálamo existe ao nível de cada lado, sendo uma estrutura ovóide, que se encontra inferior-
mente ao hemisfério cerebral. Estas estruturas ocupam algumas regiões dos ventrículos e jun-
tam-se através da massa intermédia.
Apesar de ser composto por 23 núcleos distintos, apenas precisamos de considerar os 5 mais
importantes.
Ao nível do cérebro, quase todos os sinais nervosos passam através desta estrutura tal como
o paladar, o cheiro, a audição, o equilíbrio, a visão, tal como diversas funções somatossensoriais.
Esta estrutura também é bastante importante no controlo motor, visto que permite a passa-
gem de informação entre o córtex cerebral e os núcleos basais. Esta estrutura também está
relacionada com o sistema límbico.
- Hipotálamo:
O hipotálamo também faz parte do diencéfalo. Esta estrutura apesar de ser a maior parte das
vezes relacionada com o sistema endócrino é também uma estrutura relevante ao nível do sis-
tema nervoso. Esta estrutura encontra-se nas paredes e no chão do 3º ventrículo, estendendo-
se desde o quiasma ótico até aos corpos mamilares-enviam sinais para o tálamo e para o sistema
límbico. A hipófise encontra-se ligada ao hipotálamo através do infundíbulo.
Tem diversas funções:
- O epitálamo:
TRONCO CEREBRAL
O tronco cerebral tem como origem embrionária o rombencéfalo que se divide em mielencé-
falo (que dará origem ao bulbo raquidiano) e metencéfalo (a partir do qual se desenvolverá a
ponte e o cerebelo).
É nesta estrutura que passam todos os nervos que vêm do cérebro, até à medula espinhal. A
este nível existem diversos núcleos que estão diretamente relacionados com algumas funções
fisiológicas. Assim existe um centro cardíaco, vasomotor e dois centros respiratórios. Existem
ainda outros centros envolvidos noutras funções como o discurso, espirros, produção de saliva,
entre outros. Esta estrutura é ainda bastante importante na motricidade voluntária.
Ao nível da superfície anterior, nomeadamente no bulbo, encontramos umas estruturas, as
pirâmides, que são feixes nervosos descendentes, envolvidos no controlo consciente dos mús-
culos esqueléticos, encontrando-se separadas pelas fissuras medianas anteriores, diminuindo a
sua dimensão. Lateralmente a estas estruturas encontramos um pequeno alto - a oliva. As olivas
são núcleos envolvidos em funções como o equilíbrio, coordenação e modulação dos impulsos
associados aos estímulos sonoros provenientes do ouvido interno.
Também é possível identificar a decussação das pirâmides (“um cruzamento em forma de X”
de feixes nervosos descendentes). O resultado deste cruzamento é que cada hemisfério cerebral
controla os movimentos voluntários do lado oposto do corpo.
O mesencéfalo compreende a lâmina tectal ou quadrigémea, que consiste em 4 núcleos na
superfície dorsal do mesencéfalo designados por tubérculos quadrigémeos, em que estes estão
envolvidos na audição; e os pedúnculos cerebrais em que a sua base é constituída por feixes
ascendentes que vêm da medula espinhal para o cérebro. Estes possuem os núcleos rubros.
Num corte transversal do mesencéfalo consegue-se observar a substância negra, que é res-
ponsável pela manutenção muscular e coordenação dos movimentos. Esta possui grânulos de
melanina no citoplasma dos seus corpos neuronais que lhe dão uma cor cinzenta escura ou ne-
gra.
De igual forma também é possível encontrar os núcleos rubros, situados abaixo da substância
negra. A sua coloração avermelhada deve-se ao abundante aporte sanguíneo, sendo que cola-
bora na regulação e coordenação inconsciente das atividades motoras.
O tronco cerebral é composto maioritariamente por matéria branca, ou seja, um conjunto de
feixes e fibras que são piramidais ou extrapiramidais. Nesta estrutura existem assim nervos as-
cendentes e por isso sensitivos e fibras de associação. Também existem nervos descendentes,
sendo estes motores.
CEREBELO
Esta estrutura é composta por 2 hemisférios, ligados pelo vérmis. Ao nível dos hemisférios
existem diversas dobras paralelas que se encontram separadas por sulcos. Ao nível superficial
possui matéria cinzenta, estando a matéria branca no interior. Num corte sagital, podemos ob-
servar a substância branca que faz uma estrutura chamada árvore da vida.
Ao nível da massa cinzenta existem 4 núcleos profundos que estão embebidos pela matéria
branca.
A ligação do cerebelo com o cérebro, é feita através dos pedúnculos cerebelosos. Estas estru-
turas permitem o envio da informação para dentro e para fora do encéfalo. São um conjunto de
6 estruturas, existindo dois superiores-conexão com o mesencéfalo, dois médios - conexão com
a ponte - e dois inferiores - conexão com o bulbo raquidiano. Estas estruturas regulam a relação
do cérebro e do cerebelo, permitindo regular por exemplo a atividade de alguns músculos, dos
olhos ou ouvidos.
Esta estrutura tem muitas células granuladas, sendo as mais relevantes as células de Purkinje.
Tal como ao nível do cérebro, o cerebelo também pode ser dividido em lobos, como é visível na
imagem. As designações de arqueo, paleo ou neo, estão diretamente relacionadas com a evolu-
ção desta estrutura e com funcionalidades adquiridas ao longo da evolução.
NERVOS CRANIANOS
Tal como o nome indica o terceiro nervo motor ocular comum ou crani-
ano-oculomotor (III) é na sua maioria motor, regulando os movimentos
da pálpebra, os movimentos do olho, para além de movimentos intrínse-
cos do olho como a dilatação da pupila ou a capacidade de focagem.
Como é um nervo motor, as suas terminações são os músculos efetores
como é o caso dos músculos das pálpebras, do olho ou os intrínsecos. Este
nervo inicia-se ao nível do cérebro, passando pela fissura orbital superior.
O nervo troclear ou patético (IV) é o 4º nervo craniano. Tem também uma função
motora, sendo o responsável pelos movimentos laterais dos olhos, tal como a de-
pressão do olho, quando viramos a cabeça. Passa pela fissura orbital superior, iner-
vando o músculo oblíquo superior. Alterações neste nervo podem originar visão
dupla.
O nervo facial (VII) vai inervar diferentes regiões da face, tendo 5 ramos principais
como podemos ver na imagem. Tem uma função mista, sendo que a sensorial está
diretamente relacionada com o paladar enquanto a motora permite as expressões
faciais e produção de muco, saliva e lágrimas. A parte motora tem controlo ao nível
da ponte enquanto a parte sensorial é interpretada ao nível do tálamo. Este nervo
passa, dentro do crânio através do meato acústico interno e do forame estilomastoi-
deu.
Uma mnemónica para os nomes dos diversos nervos, na sua ordem específica:
MEDULA ESPINHAL
Assim a medula espinal é o tubo de substância nervosa, que se encontra no interior da coluna
vertebral. Inicia-se ao nível do fim do tronco encefálico, ao nível do forame magno, terminando
ao nível de L2, onde começa a cauda equina- composta pelas raízes dos nervos raquidianos.
Assim podemos definir 4 porções principais ao nível da medula: cervical, torácica, lombar e sa-
grada. Como vimos anteriormente a coluna vertebral vai possuir bastantes curvaturas, logo a
medula vai acompanhar essas mesmas curvaturas, sendo uma superior e uma inferior.
A coluna vertebral está relacionada com o canal vertebral e o revestimento das meninges, la-
teralmente. Inferiormente possui as raízes dos nervos raquidianos enquanto superiormente
possui o encéfalo. Estas relações, também permitem a fixação da medula uma vez que é uma
estrutura contínua com o bulbo raquidiano, possui ligação com o ligamento intermédio coccígeo
e por fim possui bainhas protetoras.
Tal como o encéfalo também possui 3 meninges, sendo que ao nível epidural possui tecido
adiposo. A dura-máter, camada mais fibrosa, termina num fundo de saco, após a cauda equina.
Podemos considerar 4 faces na medula, sendo duas laterais, uma anterior e uma posterior.
Existindo a este nível alguns sulcos. Observando ainda a anatomia externa medular, podemos
observar que existem duas dilatações, uma ao nível cervical e uma ao nível lombar. É nestes
locais que vai existir a saída dos nervos que permitem a inervação dos membros superiores- ao
nível cervical- e os membros inferiores - ao nível lombar.
Tendo por base as zonas onde começam os nervos, ao nível da medula, podemos formar der-
mátomos. Ou seja, um dermátomo é uma zona de pele com inervação específica, de uma deter-
minada zona ao nível da medula espinhal. Assim podemos definir dermátomos anteriores e pos-
teriores.
Os dermátomos anteriores correspondem ao tronco e membros. Como podemos ver na figura,
estão indicadas as vértebras de onde saem os nervos que vão inervar aquela zona em específico.
Ao nível da substância branca constituída por axónios mielinizados vamos encontrar diversas
estruturas como cordões que podem ser anteriores, laterais ou posteriores; existe uma comis-
sura anterior e um septo mediano posterior para além de existirem fibras de passagem motoras
e sensitivas.
Visto que é tão importante na transmissão da informação é bastante relevante perceber como
é que, ao nível do sistema nervoso, os sinais são passados entre as diversas estruturas, nomea-
damente medula espinhal e encéfalo.
Ao nível da medula espinhal, devido à saída de bastantes nervos, ocorre a formação de plexos,
estruturas que formam um entrelaçado nervoso, possuindo um aspeto semelhante a uma
trança.
• Plexo cervical; plexo braquial; plexo lombar e plexo sagrado. Em alguma bibliografia
pode ainda existir o plexo pudendo e o plexo coccígeo.
Enervação cutânea e
Nervo Composição Enervação motora
sensorial
Superfície posterior
Pequeno occipital Somatossensorial da orelha e pele pos- ----------------
terior
Exterior da orelha e
Grande auricular Somatossensorial ----------------
região da parótida
Anterior e lateral do
Cervical transverso Somatossensorial ----------------
pescoço
Ansa cervical Misto Músculos do pescoço
Lateral do pescoço,
Supraclavicular Somatossensorial ombro e anterior do ----------------
peito
Frénico Misto Pericárdio e pleura Diafragma
O plexo cervical vai possuir nervos superficiais que vão inervar estruturas como o pescoço,
diafragma e cabeça. Por sua vez, os nervos profundos vão ser descendentes - nervo frénico - ou
laterais - inervação dos músculos do pescoço.
O plexo braquial tem ramos colaterais anteriores e posteriores. Existem ainda ramos terminais
anteriores e posteriores. Ao nível dos ramos terminais posteriores encontram-se os nervos axi-
lares e radiais.
Enervação cutânea e
Nervo Composição Enervação motora
sensorial
Antebraço anterior e
Músculo braquial, co-
Cutâneo muscular Misto articulação do coto-
racobraquial e bíceps
velo
Axilar Misto Braço pulso e mão Deltóide
Anterior e lateral do
Radial Misto Músculos extensores
pescoço
Pele e articulações da Flexores do ante-
Mediano Misto
mão braço
Pele da palma da Adutores e músculos
Ulnar Misto
mão interósseos
O plexo lombar possui ramos colaterais e terminais. Nos últimos inserem-se nervos raquidia-
nos como é o caso do nervo obturador e femoral.
Enervação cutânea e
Nervo Composição Enervação motora
sensorial
Parede abdominal Oblíquo e transver-
iliohipogástrico Misto
anterior e glúteos sos abdominais
Zona superior da
Obliquo interno ab-
Ilioinguinal Misto coxa e genitais exter-
dominal
nos
Coxa média, escroto
Genitofemoral Misto Músculo cremáster
e grandes lábios
Femoral lateral cutâ-
Somatossensorial Coxa lateral ----------------
neo
Coxa e joelho, articu-
Femoral Misto Ilíaco e quadricípetes
lações da anca
Coxa, articulações
Obturador Misto Obturador e adutor
anca e joelho
Ao nível do plexo sagrado existem, mais uma vez, ramos colaterais e terminais. Um dos prin-
cipais nervos do ramo terminal é o ciático ou isquiático. Os nervos perineal e tibial vão ser rami-
ficações deste, inervando a incisura isquiática, o glúteo e a coxa.
Enervação cutânea e
Nervo Composição Enervação motora
sensorial
Glúteo superior Misto ---------------- Músculos glúteos
Glúteo inferior Misto ---------------- Grandes glúteos
Região glútea e perí-
Cutâneo posterior Somatossensorial ----------------
neo
Posterior da perna, Músculos posteriores
Tibial Misto articulações pé e joe- da perna, intrínsecos
lho do pé
Músculos da perna e
Fibular Misto Dorso do pé e dedos
do pé
Pele do escroto e pé-
Pudendo Misto nis, pele dos lábios e Músculos do períneo.
vagina
Outra ação complementar destas duas estruturas é ao nível do sistema reprodutor masculino,
em que um dos sistemas estimula a ereção enquanto outro estimula a ejaculação.
É errada a ideia de que o sistema simpático tem a função de estimular, enquanto o parassim-
pático tem a função de inibir. Cada um destes sistemas é responsável pela estimulação de algu-
mas estruturas enquanto inibe outras. Por exemplo, enquanto o sistema simpático estimula o
coração inibe o sistema digestivo.
Apesar de ser muitas vezes considerado parte do sistema nervoso periférico, este sistema pos-
sui alguns componentes ao nível do sistema nervoso central, como ao nível do hipotálamo e da
medula espinhal, possuindo tal como o sistema somatomotor fibras nervosas e gânglios.
Ao contrário do que acontecia no sistema nervoso somático, em que o sinal enviado pelo sis-
tema nervoso central apenas tinha que passar um neurónio efetor, neste sistema, o sinal passa
por dois neurónios que realizam uma sinapse ao nível de um gânglio. Assim o primeiro neurónio
é pré ganglionar, tal como a sua fibra. O 2º neurónio é assim ganglionar, sendo a sua fibra pós
ganglionar.
Como referido anteriormente, os sistemas simpático e parassimpático têm para além de fun-
ções distintas anatomias distintas.
O sistema simpático encontra-se, na sua maioria ao nível da área torácica lombar. Os seus
nervos pré-ganglionares são bastante curtos, sendo que os pós-ganglionares são bastante lon-
gos, o que quer dizer que neste sistema os gânglios se encontram mais próximos do sistema
nervoso central. Uma exceção a esta regra acontece ao nível das glândulas suprarrenais.
Pelo contrário, o sistema parassimpático possui os gânglios longe do sistema nervoso central,
sendo que as suas fibras pré ganglionares são bastante longas.
Estes nervos chegam ao gânglio através de um ramo comunicante branco, devido à presença de
mielina e saem através de um ramo comunicante cinzento, que não tem mielina, formando uma
ponte que volta à medula espinhal.
Ao nível do sistema nervoso simpático existem diversos conjuntos de nervos que vão inervar
um conjunto de órgãos específicos, existindo assim 3 rotas principais.
• Da medula espinhal. Após saírem do gânglio ao nível dos ramos cinzentos, vol-
tam a entrar na medula espinhal, sendo aí que existe o resto da transmissão do
impulso nervoso. Esta rota vai inervar células da pele e alguns vasos sanguíneos.
• Do sistema simpático. Após saírem do gânglio através dos ramos comunicantes
cinzentos, vão formar nervos simpáticos que vão inervar estruturas como o co-
ração, os pulmões o esófago e alguns vasos sanguíneos. Depois estes mesmos
nervos vão continuar para a cabeça e para o pescoço.
• A rota esplénica. Os nervos desta estrutura não fazem as suas sinapses ao nível
da zona paraventral, fazendo-o na zona colateral, após subirem de T12. Estes
nervos vão então formar o plexo aórtico abdominal, onde existem 3 gânglios
principais, que vão depois seguir as artérias até aos órgãos alvo.
No sistema simpático, ao nível dos gânglios, cada nervo pré ganglionar pode estimular vários
nervos pós ganglionares, gerando-se assim uma resposta generalizada.
Importante:
As glândulas adrenais ou suprarrenais são estruturas muito importantes no funcionamento do
sistema nervoso simpático. Estas estruturas, nomeadamente a sua medula funcionam como um
gânglio, porém não existem fibras pós ganglionares, sendo as hormonas - adrenalina e norepife-
rina - libertadas diretamente para a corrente sanguínea. Esta relação é tão próxima que levou à
formação do sistema simpatoadrenal.
- Sistema parassimpático
Este sistema inicia-se a nível cranial e sagrado da medula espinhal, sendo que as suas fibras
começam a nível do bulbo raquidiano ou da medula espinhal na S2. As suas fibras pré ganglio-
nares são bastante compridas sendo que só terminam em gânglios terminais ou mesmo num
órgão alvo. Devido à existência de menos nervos pós ganglionares, podemos assumir que este
sistema é mais específico que o simpático.
Existem 4 nervos cranianos principais que estão diretamente relacionados com o sistema pa-
rassimpático- o oculomotor, o facial, o glossofaringeal e o vago, sendo que apenas o último é
que vai ser responsável por inervar estruturas que se encontram fora da cabeça. Os nervos que
saem ao nível de S2 a S4 vão formar um plexo hipogástrico inferior, enervando posteriormente
estruturas dos sistemas reprodutor e urinário.
- Neurotransmissores:
O SISTEMA ENDÓCRINO
Tem uma ação distinta do sistema imunitário, tendo uma resposta menos imediata, porém
com uma ação mais prolongada. Enquanto o sistema nervoso comunica usando sinais eletroquí-
micos, o sistema endócrino liberta hormonas na corrente sanguínea que vão atuar sobre uma
célula alvo.
Existem diversas glândulas neste sistema. Ao nível da cavidade craniana existe o complexo
hipotálamo - hipófise e a glândula pineal. Para além disso existem também a glândula tiroideia,
as paratireoides e as suprarrenais.
O hipotálamo, apesar de fazer parte do sistema nervoso, transmitindo sinais para a neuro-
hipófise, também tem porções secretoras de hormonas. As substâncias produzidas nesta zona
podem: estimular a adeno-hipófise a produzir hormonas ou produzir as hormonas que são en-
viadas para a hipófise e a partir daí libertadas para a corrente sanguínea. Uma das hormonas
produzidas ao nível do hipotálamo é a oxitocina, existindo outras.
A hipófise, como já foi referido, é dividida em duas porções, que possuem origem embriológica
distinta. Assim a neuro-hipófise, que se encontra na zona posterior, vai ser estimulada pelos
sinais nervosos emitidos pelo hipotálamo, enviando posteriormente as hormonas para a cor-
rente sanguínea. Por sua vez, a adeno-hipófise vai ser estimulada por hormonas emitidas ao
nível do hipotálamo libertando outras hormonas para a corrente sanguínea. Estas duas porções,
apesar de serem distintas não são independentes entre si.
GLÂNDULA PINEAL
A glândula pineal também se encontra ao nível do 3º ventrículo, na zona superior, perto do
corpo caloso. Tem uma forma semelhante a um caroço de cereja, possuindo uma base, um corpo
e um ápice. O ápice é livre, o corpo apresenta-se achatado tendo 4 faces (superior e laterais). A
base está fixada à abóbada do 3º ventrículo. Esta estrutura tem uma lâmina superior: a comis-
sura habenular. Ao longo do desenvolvimento humano esta glândula sofre uma diminuição do
seu tamanho. Alterações ao nível da sua localização ou conformação podem ser indicações de
problemas ao nível cerebral, nomeadamente de tumores.
Esta glândula vai produzir melatonina que vai levar a alterações do ritmo cardíaco, mediante
as condições ambientais (dia e noite). Esta glândula também controla o desenvolvimento dos
órgãos sexuais sendo que alterações nesta estrutura levam a que crianças apresentem hiperge-
nitalismo.
mente variável. São separadas da glândula tiroideia através de uma pequena cápsula. As hor-
monas produzidas nesta estrutura, vão regular a absorção e excreção de cálcio, permitindo que
ele seja reabsorvido ao nível ósseo.
GLÂNDULAS SUPRA-RENAIS
As glândulas supra-renais, tal como o nome indica, encontram-se superiores aos rins, sendo
que a direita tem uma forma triangular encontrando-se no polo superior. Porém, a esquerda
possui uma forma irregular, estendendo-se do polo superior ao hilo. Tal como os rins, estão
retroperitoneais, sendo que possuem a maior dimensão em recém-nascidos.
O córtex e a medula possuem duas origens embriológicas distintas e por isso vão ter duas fun-
ções distintas.
O córtex tem uma coloração amarela, devido à presença de colesterol e fosfolípidos. Tem di-
versas funções nomeadamente a regulação do volume e pressão sanguínea, a quebra de lípidos
e proteínas para uso das suas subunidades, possuindo também ações ao nível do sistema repro-
dutor.
A medula por sua vez é simultaneamente uma glândula endócrina e um gânglio do sistema
nervoso. Em resposta a situações de stress ou de dor e medo intensos vai induzir alterações de
resposta no organismo, nomeadamente o aumento da atividade metabólica, ritmo cardíaco e
da contração muscular.
TIMO
Como já visto anteriormente, o timo é uma estrutura que pertence simultaneamente a 3 sis-
temas: linfático, imunitário e endócrino. A sua posição e morfologia foi já abordada quando se
falou do sistema linfático. Esta estrutura secreta diversas hormonas que depois vão influenciar
a atividade de outras estruturas do sistema linfático, assim como a atividade imunitária.
PÂNCREAS
Tal como o timo, esta estrutura já foi abordada no contexto de sistema digestivo, onde tem a
sua maior atividade. Porém existem ilhas do pâncreas responsáveis por mecanismos envolvidos
no sistema endócrino. Estas ilhas nomeadas, ilhas de Langerhans, são responsáveis por duas
hormonas principais: a insulina e o glucagon. Estas duas hormonas têm como principais funções
a regulação da taxa de glicémia no organismo.
Nesta estrutura encontramos células distintas: alfa, beta, delta. Cada um destes tipos de célu-
las é responsável pela produção de uma determinada hormona.
Existem outros órgãos no nosso organismo que apesar de não serem considerados parte inte-
grante do sistema endócrino possuem células que enviam hormonas para a corrente sanguínea.
Um exemplo é ao nível dos sistemas reprodutores. Nos homens ao nível dos testículos vão existir
células produtoras de testosterona. Nas mulheres, por sua vez, ao nível do ovário são produzidas
hormonas como o estrogénio.
Existem ainda outros órgãos como é o caso do coração, da pele, do fígado, e dos rins que tam-
bém tem a capacidade de produção de hormonas bastante importantes para o nosso metabo-
lismo.
2º neurónio • Estes neurónios vêm da medula termi‐ dade de detetar estímulos. Ao nível dos órgãos
nando ao nível lateral do tálamo. dos sentidos, os recetores estão associados a um
tecido que permite o aumento ou diminuição do
3º neurónio • Estas fibras vão ser as responsáveis estímulo recebido.
pelo envio do sinal até ao cérebro.
As fibras nervosas e o tecido associado aos órgãos dos sentidos podem estar associados de
formas distintas, dando assim origem a diferentes tipos de recetores.
Existem nervos associados a diversas regiões, e o sinal que chega ao sistema nervoso central
determina o local exato do estímulo. Porém, no nosso organismo, existem locais com diferente
densidade de nervos, e, consequentemente, nos locais de menor densidade, pode ser mais di-
fícil identificar com exatidão o local que recebeu um determinado estímulo. Após receberem o
estímulo, os recetores enviam-no para o sistema nervoso central, sendo que neste processo
existem 3 neurónios, ou fibras, que permitem a condução do impulso nervoso.
PALADAR
• As papilas filiformes são pequenas saliências que não possuem corpúsculos gus-
tativos. Assim não têm a capacidade de sentir o sabor, sendo apenas importan-
tes para sentir a textura dos alimentos. São as mais abundantes.
• As papilas foliadas que estão pouco desenvolvidas nos humanos. Formam es-
truturas paralelas nos lados da língua junto aos molares e pré-molares. As papi-
las gustativas associadas a estas estruturas degeneram nos 3 primeiros anos de
vida.
• As papilas fungiformes têm o seu nome devido à sua uma forma semelhante a
um cogumelo. Possuem 3 corpúsculos gustativos e estão distribuídas na ponta
da língua (doce/umami) e nas suas laterais.
• As papilas valadas ou circunvaladas ou caliciformes (sabor amargo) são as mai-
ores e estão no sulco terminal da língua, tendo à sua volta uma pequena depres-
são circular. São poucas (7 a 12) mas contêm metade dos corpúsculos gustativos
células sensoriais, células de suporte e células basais. Existe ainda um poro gustativo por onde
entram os químicos que vão ter contacto com o recetor.
Há 5 paladares primários que são o doce, salgado, amargo, azedo e por fim o umami, recente-
mente descoberto. Estas sensações podem ser sentidas ao longo da língua, apesar de haverem
zonas específicas que possuem uma maior sensibilidade. A sensação que nós temos de paladar
depende de muitos outros fatores como a textura, temperatura, aroma, etc.
Associados ao paladar, existem diversos nervos cranianos nomeadamente o lingual, o facial, o
glossofaríngeo e o nervo vago. O paladar dos dois terços anteriores da língua, à excepção das-
papilas circunvaladas, é transportado por um ramo do nervo facial (VII nervo craniano) - a cor-
dado tímpano (assim chamado por passar no ouvido médio, relacionando-se com amembranado
tímpano). O paladar do terço posterior da língua, papilas circunvaladas e faringe superior é
transportado pelo glossofaríngeo (IX nervo craniano). Para além destes dois nervos principais, o
vago (X nervo craniano) transporta algumas fibras para a sensação do gosto da epiglote.
O facto de existirem diversos nervos com esta função, faz com que para ocorrer a perda total
do paladar seja necessário que 3 desses nervos estejam danificados. Isto é um mecanismo de
sobrevivência para a alimentação.
Todas estas estruturas se vão encontrar no núcleo solitário ao nível do bulbo raquidiano. A
este nível, os neurónios de segunda ordem vão enviar estímulos para o hipotálamo, estimulando
reflexos autónomos, como a salivação ou o vómito. Também vão enviar informações para o tá-
lamo, que por sua vez as envia para o lobo da insula, para a circunvalação pós-central (localizada
no lobo parietal) e para o sulco lateral, permitindo a sensação do paladar.
OLFATO
Os recetores para o olfato encontram-se ao nível da mucosa olfativa, no teto da cavidade na-
sal. Esta mucosa olfativa cobre apenas uma pequena parte da narina superior e do septo, sendo
que o restante tem uma mucosa respiratória não olfativa.
Apesar da sua proximidade com o encéfalo, esta zona pituitária do nariz é pouco ventilada,
sendo necessária uma inspiração forte para perceber realmente um cheiro ou para identificar a
sua fonte.
Existem cerca de 15 milhões de neurónios olfativos, derivações do nervo olfativo, tendo no seu
tecido células de suporte e células basais. Os recetores olfativos são neurónios, enquanto os
corpúsculos gustativos não. A este nível encontramos os únicos neurónios expostos direta-
mente ao exterior, tendo assim uma curta duração, sendo estruturas que asseguram a sua re-
generação através das células basais.
Os cornetos encontram-se no nariz, cobrindo os meatos. Estas estruturas vão dirigir o ar para
os seios perinasais. Este processo, permite a climatização do ar, ao nível do interior dos ossos.
Isto funciona como uma proteção das vias aéreas.
As dendrites destes neurónios encontram-se, no entanto modificadas em pelos olfativos, que
estão rodeados por uma fina camada de muco, e que permitem a receção dos estímulos. Os
axónios destes neurónios organizam-se depois em feixes, saindo do nariz através do nervo olfa-
tivo, ao nível da placa crivosa do etmóide.
Após passarem pelo topo do nariz, entram nos bulbos olfativos que se encontram abaixo dos
lobos frontais. A este nível vão fazer sinapses com as células mitrais e as células tufosas, for-
mando aglomerados esféricos chamados glomérulos. Cada glomérulo está associado a um
cheiro, sendo que é ao nível do sistema nervoso central que existe a interpretação dos odores e
sua identificação. A zona sensitiva do olfato é abaixo do lobo frontal - córtex olfativo.
Após os glomérulos, os axónios formam os tratos olfativos que se vão continuar por baixo dos
lobos frontais, sendo que terminam ao nível do lobo temporal numa estrutura denominada de
córtex olfativo primário, continuando depois para outras estruturas ao nível do encéfalo. As
duas estruturas mais importantes são o lobo
da ínsula e o córtex orbifrontal - discrimina-
ção e identificação de odores. Uma vez que
recebe estímulos olfativos e do paladar, per-
mite a verdadeira sensação de sabor.
Através de todas estas relações, é possível
compreender como é que um estímulo olfa-
tivo pode evocar memórias, ou mesmo gerar
reações viscerais.
É importante referir que o olfato é a única
das grandes sensações que é diretamente
transmitida ao córtex cerebral, sem ir pri-
meiro ao tálamo.
TATO
A pele é o maior órgão do corpo humano, sendo o órgão associado ao tato. Esta estrutura tem
função de proteção e impede a perda de líquidos.
A pele é constituída superiormente por um epitélio: a epiderme, com função de proteção. Por
baixo, temos a derme que possui folículos pilosos para proteção contra o frio. Esta camada pos-
sui glândulas sebáceas (diminuição da evaporação do suor), sudoríparas e recetores nervosos.
Existe ainda uma hipoderme rica em gordura e vasos sanguíneos.
Existem diversos recetores nervosos ao nível da pele, que são divididos em dois grupos: termi-
nações nervosas livres e terminações nervosas encapsuladas, circundadas por uma cápsula de
tecido conjuntivo.
AUDIÇÃO
A audição para além de ser o sentido responsável por captar vibrações do ar, é também res-
ponsável pela postura e equilíbrio através do líquido existente ao nível do ouvido interno.
O órgão externo associado ao sentido da audição é a orelha. A função desta estrutura externa
é a de transmissão das vibrações sonoras para a membrana do tímpano, funcionando com um
funil. Esta estrutura é suportada maioritariamente por cartilagem, exceto no caso do lóbulo que,
na maior parte das vezes se encontra pendente.
Esta estrutura encontra-se próximo do temporal, sendo o canal auditivo a estrutura que atra-
vessa este osso. Esta estrutura inicia-se no meato externo. É no canal auditivo que podem ocor-
rer inflamações, denominadas otites. Este canal está protegido com pelos, para além de ce-
rúmen (ou cera) produzido ao nível das células sebáceas. Na orelha existe ainda a hélix que fun-
ciona como proteção, e o pavilhão auricular que permite uma melhor captação das vibrações.
A seguir ao ouvido externo, encontramos o ouvido médio, estrutura onde se encontram pre-
sentes pequenos ossos e músculos, na cavidade timpânica do temporal, aumentando as vibra-
ções transmitidas pelo exterior. A membrana timpânica separa o ouvido externo da cavidade
timpânica, e esta membrana por sua vez é ligeiramente côncava, encontrando-se suspensa. De-
vido à sua posição e fixação, esta estrutura tem a capacidade de vibrar em resposta a estímulos
sonoros.
Na cavidade timpânica existe o processo mastoide. Esta cavidade encontra-se preenchida com
ar, que entra através da trompa de Eustáquio. A trompa de Eustáquio tem origem na nasofa-
ringe e, normalmente, está fechada, sendo que a sua abertura ocorre quando bocejamos ou
espirramos. Este mecanismo permite que a pressão do ar seja igual em ambos os lados, permi-
tindo que a membrana do tímpano se mantenha livre. Apesar da sua função, a trompa de Eus-
táquio também permite a proliferação de algumas infeções da faringe.
Nesta cavidade encontramos os 3 ossos mais pequenos do ser humano, o martelo, o estribo e
a bigorna, encontrando-se interligados como vemos na imagem abaixo. Estas estruturas são
bastante importantes para uma melhor transmissão das vibrações sonoras. Existem também os
2 músculos esqueléticos mais pequenos.
O ouvido interno é como se fosse um labirinto ósseo por onde vão passar as vibrações. Esta
estrutura óssea é um prolongamento do processo pterigóide do temporal.
Ao nível desta estrutura óssea, vai existir um líquido bastante complexo e fluido e semelhante
ao fluído intercelular, a endolinfa. Ao nível do labirinto membranar vai existir um outro líquido
semelhante ao líquido cérebro espinal, a perilinfa. Apesar de possuírem líquidos distintos, estas
estruturas são contínuas.
A primeira zona vai ser o vestíbulo, bastante importante ao nível do equilíbrio, possuindo dois
órgãos, o sáculo e o utrículo. Após isto encontramos os canais semicirculares, que são estruturas
ósseas. Também a sair do vestíbulo encontramos a cóclea, com morfologia semelhante a um
caracol. É nesta estrutura que encontramos o ducto coclear, o órgão da audição, onde as ondas
sonoras são transformadas em sinais nervosos. Interiormente a cóclea possui uma membrana
basilar e outra vestibular que contém no seu interior perilinfa.
Os neurotransmissores produzidos ao nível da cóclea têm que depois ser transmitidos para o
sistema nervoso central. Vão ser diretamente transmitidos para o nervo coclear e este junta-se
ao nervo vestibular, formando o nervo vestíbulo coclear, que faz parte do oitavo nervo cranial -
nervo auditivo. O nervo auditivo sai pelo meato acústico interno, entrando na cavidade crani-
ana através do osso temporal, terminando ao nível do bulbo raquidiano. Após isto podem ser
enviados para o tálamo, e posteriormente para o lobo temporal, onde existe a integração dos
sons. Os dois lobos temporais têm conexão, permitindo uma melhor perceção do som. Ao nível
do córtex, existe a separação dos tipos de som.
- O equilíbrio:
A função mais primordial do ouvido é o equilíbrio. Nesta função a estrutura mais importante
é o vestíbulo. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico, sendo controlado por diferentes por-
ções. Estas estruturas também nos permitem ter a noção da aceleração seja ela dinâmica ou
angular. São os otólitos que vibram que vão estimular o nervo vestibular, mudando assim a sen-
sação de equilíbrio.
Devido à presença de diversos cílios e membranas que vão alterar a sua atividade com o mo-
vimento, é possível ter a sensação de gravidade ou de determinados movimentos.
Ao nível dos ductos semicirculares podemos também ter a noção de equilíbrio, mas em movi-
mento, através da movimentação do líquido no seu interior.
Assim as alterações ao nível da cóclea provocam surdez, enquanto alterações ao nível do ves-
tíbulo provocam vertigens devido a perdas de equilíbrio.
VISÃO
A visão consiste na perceção dos objetos à nossa volta, através da emissão ou reflexão da luz.
A estrutura principal deste sistema são os olhos existindo, no entanto, algumas estruturas aces-
sórias que os protegem.
As sobrancelhas são, na maior parte das vezes estruturas associadas às expressões faciais, po-
rém também protegem os olhos. As pálpebras têm movimentos repetitivos de fecho, permi-
tindo humedecer os olhos, mantendo-os hidratados, prevenindo também a entrada de objetos
estranhos nos olhos. As pálpebras são músculo orbicular orbital coberto de pele, existindo glân-
dulas que reduzem a evaporação das lágrimas. As pestanas também são estruturas protetores
com bastante importância.
Existe um complexo lacrimal composto pelas glândulas lacrimais e os ductos terminais, que
permite a saída das lágrimas para os olhos. As glândulas lacrimais encontram-se ao nível do
frontal. As lágrimas têm uma função de limpar e lubrificar a superfície do olho, matando também
algumas bactérias, devido à presença de lisossomas. As lágrimas são recolhidas ao nível da
carúncula lacrimal. Quando existem lágrimas em excesso as lágrimas vão para um saco lacrimal
que vai ter uma ligação com a cavidade nasal, através do ducto nasolacrimal.
Associado aos olhos encontramos também 6 músculos extrínsecos, que estão agarrados às
paredes das órbitas, estando responsáveis pelos movimentos do olho, representados na ima-
gem a cima. O estrabismo resulta de uma disfunção destes músculos.
• Os músculos retos (superior, inferior, interno e externo, enervados pelo nervo motor
ocular externo) começam na parede posterior da órbita, inserindo-se na região anterior.
Estes têm a função de mover os olhos para cima, para baixo, para o meio ou lateral-
mente.
• O músculo superior oblíquo-grande, enervado pelo nervo troclear ou grande oblíquo,
atravessa a parede medial da órbita, sendo que o seu tendão passa através da tróclea
(de fibrocartilagem) inserindo-se na porção supero lateral da órbita.
• O músculo inferior oblíquo-pequeno vem desde a parede medial da órbita até à porção
inferolateral.
Os músculos oblíquos baixam e levantam algumas porções dos olhos quando olhamos para o
lado, sendo também responsáveis por alguns movimentos de rotação. Todos os músculos não
referenciados, são enervados pelo nervo motor ocular comum. Este nervo também enerva o
músculo levantador da pálpebra.
Dos lados da órbita os olhos também possuem tecido adiposo - gordura orbital - dando apoio
ao olho, protegendo nervos e vasos sanguíneos.
FIM