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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Exame - Avaliação I
Existem dois modelos de intervenção na saúde:

O modelo médico da O modelo


saúde centra-se na holístico da
doença/deficiência do saúde considera
doente. todas as
Saúde = Ausência de vertentes do
Doença utente,
entendendo
saúde como um
completo bem-
estar físico,
social e mental.

O médico atua tratando a fratura e o fisioterapeuta atua tratando as sequelas/consequência dessa fratura
(não esquecendo que todos os doentes são diferentes e como tal reagem de forma diferente à mesma
fratura). O nosso objetivo é minimizar a incapacidade e maximizar a funcionalidade.

O PROCESSO DA FISIOTERAPIA:

Nota: Apesar de ser um processo


sequencial, as etapas não são
estanques e podemos voltar atrás
para corrigir erros.

O processo da fisioterapia é igual para todas as áreas, mas pode apresentar particularidades consoante as
condições que os pacientes apresentam:
• Condições benignas do sistema neuro-musculoesquelético;
• Condições neuromusculares;
• Condições cardiovasculares e respiratórias;
• Condições tegumentares.

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Exame:
Processo para a obtenção da história, realização da revisão de sistemas e selecção e administração de testes
e medidas para reunir dados acerca do doente/cliente.
É um processo de exame e aplicação de testes específicos que levam a uma classificação de diagnóstico.
O processo de exame permite identificar possíveis problemas que requeiram ou a consulta ou o referenciar
para outro profissional/prestador.

Exame Subjetivo
Exame "O que o doente diz."
Metodologia utilizada
para recolher dados. Exame Objetivo
Confirmar aquilo que o doente disse.

Avaliação: → Processo cognitivo, intimamente relacionado com o exame.


Processo dinâmico no qual o fisioterapeuta faz julgamentos clínicos baseados nos dados recolhidos durante
o exame. Este processo pode também permitir identificar possíveis problemas que requeiram ou a consulta
ou o referenciar para outro profissional/prestador.

No processo de avaliação, não basta identificar os problemas. É necessário descobrir as causas desses
problemas. Perante a análise dessas causas, poderá ser necessário recorrer a outro profissional de saúde.
É importante notar que a nossa avaliação nunca pode ser substituída por uma avaliação previamente
realizada por um médico, se tal existir.

Avaliação analítica:
Para que a nossa avaliação seja bem dirigida ao problema e para que
possamos ter noção da eficiência do nosso trabalho, é importante avaliar o
doente:
1. No inicio de cada tratamento;
2. Durante a aplicação de uma técnica → Para avaliar se a técnica
aplicada está a resultar. É ainda importante questionar o doente ao
longo do tratamento acerca da intensidade e localização da dor.
3. Após ter sido aplicada uma técnica;
4. No fim da sessão de tratamento → Normalmente, utilizamos mais
do que uma técnica no paciente. No final, devemos avaliar os
resultados do tratamento enquanto conjunto.

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5. Nas 24h que se seguiram à última sessão de tratamento → É o fisioterapeuta quem deve decidir qual
o espaço de tempo mais indicado, consoante a nossa avaliação. Na maior parte das vezes, a
frequência periódica com que se estabelecem as consultas deve-se aos horários do cliente e do
fisioterapeuta, e não à avaliação. Por isso, é importante questionar o doente acerca dos seus
sintomas durante o tempo que não estivemos com ele, e moldar a nossa intervenção se estas novas
informações o justificarem.
6. Como avaliação retrospetiva:
a. No inicio de cada 4ª ou 5ª sessão;
b. Quando os progressos diminuíram ou pararam;
c. Após uma interrupção do tratamento;
Tratamos → Paramos → Avaliamos
7. Quando damos por concluída a nossa intervenção → Enquanto profissionais, devemos
responsabilizarmo-nos pelas nossas intervenções. Por isso, é importante manter registos acerca dos
nossos pacientes, pois estes salvaguardam-nos em caso de queixas que nos atribuam e das quais não
temos responsabilidade (são a nossa defesa enquanto profissionais).

A dor/ os problemas atingem pessoas diferentes de maneira diferente.


Diagnóstico Apresentação clínica Diagnóstico Apresentação clínica
Hérnia discal
Espondilose
Prolapso discal com H1, S1, S1
Lumbago
compromisso radicular H2, S2, S2
Lombalgia H, S, S
H3, S3, S3
Discartrose
H4, S4, S4
Osteoartrose
Diferentes diagnósticos (nomeadamente, Um mesmo diagnóstico não implica que apliquemos
diagnósticos provenientes de diferentes médicos) o mesmo tratamento a todas as pessoas que
podem resultar na aplicação das mesmas técnicas de apresentarem esse diagnóstico.
intervenção.
Neste caso, para a mesma patologia verificaram-se 4
Neste caso, para 6 patologias diferentes verificou-se histórias, 4 sinais e 4 sintomas diferentes.
a mesma história, sinais e sintomas.


Brick Wall: Devemos impedir que os nossos
conhecimentos teóricos interfiram
/condicionem o conhecimento proveniente da
história, sinais e sintomas do doente.

Quando não priorizamos a história, sinais e
sintomas do doente, e nos focamos demasiado
nos nossos conhecimentos, muitas vezes
“facilitamos” a avaliação. Isto pode levar
posteriormente a uma intervenção incorreta.
Ex: Se uma pessoa com uma escoliose à 20
anos apresentar uma dor nas costas, não
devemos supor logo à partida que essa dor se deva à escoliose.

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Diagnóstico: (baseados na Associação dos Fisioterapeutas)


Ambos, o processo e os resultados finais da avaliação dos dados do exame, através dos quais o
fisioterapeuta organiza e define conjuntos, síndromes, ou categorias que ajudam a determinar o prognóstico
(incluindo o plano de tratamento) e as estratégias de intervenção mais apropriadas.

Prognóstico: → Capacidade de prever o que vai acontecer e comparar com outras alterações possíveis.
Determinação do nível ótimo de melhoria que pode ser atingido através da intervenção, bem como do
período de tempo necessário para atingir esse nível. O plano de tratamento especifica as intervenções
usadas e o seu timing e frequência.

Intervenção:
Interação propositada e qualificada do fisioterapeuta com o doente/cliente e, se apropriado, com outros
indivíduos envolvidos nos cuidados do doente/cliente, através da utilização dos vários métodos e técnicas da
fisioterapia por forma a produzir alterações na condição que sejam consistentes com o diagnóstico e
prognóstico.
O fisioterapeuta conduz uma reavaliação para determinar alterações no estado do doente/cliente e para
modificar ou redirecionar a intervenção. A decisão para reavaliar deve ser baseada em novos achados
clínicos ou na falta de progressos do doente/cliente. O processo de reavaliação pode também identificar a
necessidade de consultar ou reencaminhar para outro profissional/prestador.

Intervenção → Reavaliação

Resultados:
Resultados da gestão do doente/cliente, que incluem o impacto da intervenção da Fisioterapia nos seguintes
domínios:
• Patologia/patofisiologia (doença, desordem ou condições)
• Incapacidades, limitações funcionais e deficiências.
• Redução/ prevenção do risco
• Saúde, bem-estar e forma física
• Recursos Sociais
• Satisfação do Doente/Cliente.

Exemplos de funções do corpo que podem estar alteradas:


✓ Força;
✓ Amplitude; É ao nível destas funções que vamos
✓ Postura; intervir enquanto fisioterapeutas. A
✓ Tónus; nossa intervenção irá refletir-se a nível
✓ Equilíbrio; das atividade e participação do paciente
✓ Dor (o nosso principal fator de intervenção!); (ex.: marcha, resistência, coordenação,
✓ Sensibilidade; atividades da vida diária…)
✓ Instabilidade.

A nossa intervenção só apresentará bons resultados se conseguirmos alterar positivamente a qualidade de


vida do paciente. Por isso, é importante avaliar a sua qualidade de vida no início e no final do tratamento, e
desta forma efetuar o balanço entre estas.

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ICF

No contexto da saúde:

Funções corporais são as funções


fisiológicas ao nível dos sistemas (inclui as
funções psicológicas).

Estruturas corporais são as partes


anatómicas do corpo, tais como, órgãos,
membros e seus componentes.

Deficiências são problemas na estrutura


ou funções do corpo, como seja, uma
variação ou perda significativa.

Atividade é a execução de uma tarefa ou ação, por um indivíduo.

Participação é o envolvimento numa situação de vida.

Limitações da atividade são as dificuldades que um indivíduo pode ter na sua execução.

Restrições da participação são os problemas que um indivíduo pode demonstrar no envolvimento em


situações de vida.

Fatores ambientais caracterização do ambiente físico, social e de costumes, no qual as pessoas vivem e
regem as suas vidas.

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Modelo da resolução de problemas


(aplicado em qualquer área
profissional):
1. Identificar o problema existente
(tem de ser solucionável);
2. Identificar sub-problemas que
constituem o “grande problema”;
3. Encontrar estratégias que ajudem a
resolver cada sub-problema, até
alcançar uma solução;
4. Avaliar se a solução encontrada é a
solução pretendida. Se não for,
repetir o processo até alcançar a
solução pretendida.

Modelo específico da fisioterapia:


É possível comparar os comportamentos de um resolutor de problemas e de um não resolutor de
problemas, em cada um dos estádios do processo de resolução de problemas.
Resolutor Não resolutor
Apresentação do
Reconhece o problema imediatamente. Não reconhece como problema.
problema
É-lhe dito que existe um problema.
Definição do Traduz, interpreta os dados. Dificuldade em identificar os contornos do problema.
problema Estabelece os contornos do problema. Despreza dados/elementos ou não lhes atribui a
devida importância.
Divide o problema em componentes
Estabelece juízos sobre o problema, antes de recolher
específicos, de menor dimensão.
os dados.
Análise do Determina a relação entre estes
Fecha-se a novas relações entre os elementos que
problema componentes.
possui.
Determina os resultados desejados.
Sente-se fechado e defensivo.
Sente-se recetivo e aberto.
Identifica os dados específicos que são
Identifica apenas em termos gerais os dados que são
necessários recolher.
necessários recolher.
Seleciona métodos de colheita de dados.
Usa métodos standard com pouco trabalho de
Recolha de dados Utiliza técnicas eficientes de recolha de
seleção.
dados (exemplo: técnicas de avaliação,
Pode ser ou não eficiente na execução das técnicas.
entrevista).
Pouca originalidade ou criatividade.
É criativo.
Desenvolve uma solução baseada nos
dados recolhidos e nos componentes do Despreza os dados recolhidos e procura uma solução
Desenvolvimento
problema que identificou. que “venha nos livros”.
da solução
É criativo e recetivo a novas ideias e Constrói soluções gerais e não específicas.
relações.
Aplica a solução de forma eficiente. A solução é implementada corretamente, mas pouca
Implementação É capaz de modificar e adaptar as modificação é efetuada.
da solução soluções em função de novos dados que Incapaz de estabelecer uma relação direta entre a
vão surgindo. solução e o problema.
Relaciona os resultados obtidos com os Incapaz de relacionar os resultados obtidos com os
resultados desejados. resultados desejados, porque nunca teve uma ideia
Avaliação dos Reconhece quais as componentes do muito clara do que eram os resultados esperados.
resultados problema inicial que foram resolvidas e Tem que se lhe dizer quais os aspetos que foram
quais as que necessitam de atenção resolvidos e quais os aspetos que necessitam de nova
particular. intervenção.

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O fisioterapeuta pode recorrer ao exame subjetivo e ao exame objetivo.

Exame subjetivo: Exame objetivo:

1. Para recolha de informação relevante acerca 1. Para despiste das anomalias funcionais
do local, da natureza, do comportamento e do aplicando testes de movimento (ativo e
aparecimento dos sintomas atuais, passivo), neurológicos ou outros testes
relacionando estas informações com: específicos a todos os tecidos ou sistemas
• Situações passadas; hipoteticamente envolvidos.
• Tratamentos anteriormente realizados.

2. Para ajudar a planear a etapa seguinte: os


testes físicos.

Planeamento do tratamento, com base em toda a informação recolhida.

Durante o exame subjetivo, é importante que nos foquemos nos sintomas atuais. Além disso, a informação
recolhida deve ser concreta (ex.: onde se localiza a dor, quais os sintomas e como se comportam, como
apareceu o problema, como está a evoluir o problema…). Desta forma, podemos tomar uma decisão
justificada acerca dos melhores testes a aplicar ao doente (exame objetivo).
Nota: A espera por uma consulta médica arrasta-se, por vezes, por semanas. Um doente que tinha uma
lombalgia, quando vem à fisioterapia, provavelmente já não a tem. Assim, é necessário fazer uma avaliação
atual do problema e depois atuar na prevenção da ocorrência de lombalgias.

Etapas da Avaliação do Fisioterapeuta:


• Ouvir (história);
• Olhar (observação);
• Testar (testes);
• Sentir (palpação);
• Registar (registos de informação obtida);
• Avaliar (interpretação dos dados e informações colhidas ou observadas).

Raciocínio Clínico:
• Processo cognitivo; “…Processo no qual o fisioterapeuta, interage com o
doente e outros (como familiares ou outros prestadores
• Processo interativo (considera o de cuidados de saúde), ajudando os doentes/utentes a
raciocínio do outro); estruturar significados, objetivos e estratégias de gestão
• Pensamento situacional (focado numa baseados nos dados clínicos, escolhas dos doentes e nos
julgamentos e conhecimentos profissionais” (Higgs and
situação específica);
Jones, 2000).
• Pensamento retrospetivo (aprendemos “Raciocínio clínico pode ser definido como o processo
com as experiências/vivências); cognitivo, ou de pensamento, usado na avaliação e
• Objetivo: chegar a um acordo acerca da gestão dos cuidados aos doentes. O objetivo do
melhor solução para o problema, raciocínio clínico é a “wise action”, isto é, fazer o melhor
julgamento num contexto específico. Raciocínio clínico
considerando os melhores interesses do
requer pensamento situacional, efetuado no momento
doente. bem como retrospetivamente.” (Rose, M., 1999)

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Processo Mental da Informação:


• Método científico: Criar hipóteses → Testar as hipóteses → Avaliação causa-efeito
• Modelo lógico-racional (reconhecimento de padrões): As situações inserem-se em padrões, e através da
identificação de um conjunto de padrões consigo identificar o problema que eles codificam. (muito
usado por médicos)
• Modelo hipotético-dedutivo: Criar hipóteses → Encontrar evidências que confirmem/rejeitem essa
hipótese → Ponderar e concluir se é viável manter a hipótese. (modelo utilizado na fisioterapia)

Fatores que influenciam o raciocínio clínico:


• Base de conhecimentos do fisioterapeuta: É mais importante a organização do seu conhecimento do que
a simples quantidade deste.
✓ Conhecimentos biomédicos: o que sabemos ou acreditamos acerca das ciências básicas,
particularmente as relativas à anatomia, patomecânica, patofisiologia, psicologia e mecanismo
da dor e reparação tecidular.
✓ Conhecimentos clínicos: relativo ao conhecimento como seja o reconhecimento de padrões
clínicos e se estes guiam a ação usada no dia-a-dia com ou sem uma base de explicação
biomédica.
• Skills cognitivos: Cognição referente ao processo de pensamento, seja na análise e síntese de dados e
nas estratégias de entrevista, seja no testar hipóteses. Podem ser adquiridos e melhorados.
• Skills metacognitivos: Refere-se à habilidade e sensibilidade dos clínicos para pensar sobre a sua forma
de pensamento/ interpretar. Refere-se a situações específicas.

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Modelo da Teoria Biopsicossocial na Prática Clínica – (Jones et al., 2002)

Catastrofismo: Quando o problema deixa de ser a lesão, mas a situação mantém-se porque o paciente entra
num ciclo de medo-evitamento. (ex.: situações crónicas)

Problema
(condicionamento
físico)

Evita o movimento
Dor
(para evitar a dor)

Quando retoma o
movimento, sente
dor devido à Imobilidade
imobilização
prolongada

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Organização do Conhecimento:

Categorias das Hipóteses


Fonte/causa dos
Refere-se à estrutura ou tecido alvo responsável pelo aparecimento dos sintomas
sintomas ou
atuais, com particular atenção, se possível, para a patologia presente nessa estrutura.
disfunção
Exemplos de tecidos alvo que podem ser lesados, provocando dor: articulações,
(incluindo patologias
dos tecidos alvo) músculos, tecidos moles (ligamentos, tendões, fáscias, cápsulas articulares, bolsas
serosas…) e nervos.

O mecanismo dos sintomas relaciona-se ao sistema nervoso e especificamente ao


modo como as mensagens de dor são iniciadas ou mantidas.
Mecanismo dos • Mecanismos relacionados com o “Input”: Dor nociceptiva, dor neuropática.
sintomas
• Mecanismos relacionados com o processamento da informação: Dor central.
• Mecanismos relacionados com o “Output”: Sistema nervoso autónomo, respostas
motoras.

Quaisquer fatores predisponentes ou contribuintes que possam estar envolvidos no


Fatores
desenvolvimento ou manutenção do problema do doente.
contribuintes
Ex.: fatores ambientais ou de contexto, emocionais, físicos e/ou biomecânicos.
Precauções e
Serve para determinar a extensão do exame objetivo de forma a ser efetuado de forma
contra-indicações
segura, ou mesmo, se o tratamento é indicado, bem como, se existem algumas contra-
do exame
indicações ao tratamento.
objetivo e
tratamento Ex.: utilização de técnicas de tratamento que entrem vs. técnicas que tratamento que
não entrem na dor.

Relativo às hipóteses que consideram a saúde global do doente, bem como as medidas
e técnicas específicas da fisioterapia que devem ser consideradas.
Gestão dos Inclui considerações sobre se a fisioterapia é indicada, e se for o caso, o que deve ser
cuidados e experimentado. No caso das terapias manuais, deve ser decidido por exemplo, e o
tratamento tratamento é dirigido à causa dos sintomas ou aos fatores contribuintes. Se a opção for
mobilização passiva, se esta deva incluir movimento fisiológicos ou acessórios, entrar
ou não na dor, qual a direção do movimento, que amplitude, velocidade e duração
deve ser aplicada.

Para além da evolução provável das diferentes condições e lesões, o fisioterapeuta


deve ser capaz de informar o doente da extensão do seu problema que pode ser
resolvido pela fisioterapia, e apresentar uma estimativa do tempo necessário para essa
Prognóstico
recuperação.
Esta apenas pode ser feita com base na apresentação individual do problema de cada
doente.

As categorias de hipóteses foram concebidas numa perspetiva dos fisioterapeutas que trabalham com
doentes que apresentam condições neuro-musculo-esqueléticas.
A informação que conduz às diferentes categorias de hipóteses é obtida através dos exames subjetivo e
objetivo, em que cada fração de informação contribui muitas vezes para mais do que uma categoria de
hipóteses.

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Estratégias de raciocínio clínico:

Raciocínio diagnóstico Elaboração do diagnóstico.


Diagnóstico
Raciocínio narrativo Compreensão do doente e do seu contexto.
Raciocínio sobre os Determinação e realização dos procedimentos do tratamento.
procedimentos
Raciocínio interativo Estabelecer a comunicação terapeuta – doente.
Fomentar uma abordagem de colaboração para decidir e
Raciocínio colaborante implementar os objetivos de tratamento.
Intervenção Adaptar-se a um exercício de ensino individualizado e
Raciocínio sobre ensino contextualizado (fragilizado).
Prever cenários futuros em conjunto com o cliente e explorar
Raciocínio preditivo as suas escolhas e implicações.

Raciocínio ético Aprender e resolver os dilemas éticos e pragmáticos.

EXAME SUBJECTIVO

É uma recolha sistemática de dados, desde o passado ao presente, relativos ao motivo pelo qual o
utente/cliente recorreu aos cuidados do fisioterapeuta. (APTA, 2001)

Deve ser estruturado

Entrevista Processos Clínicos Outros

Os dados obtidos neste tipo de exame constituem a informação inicial para que o fisioterapeuta formule as
hipóteses sobre a existência e origem de deficiências ou limitações funcionais mais comummente
relacionadas à condição médica, aos fatores sócio-demográficos ou a características pessoais.

Nota: Nem todas as informações precisam de ser recolhidas na presença do fisioterapeuta. O preenchimento
prévio de questionários com informações de nome, idade, escolaridade, profissão… podem ser preenchidos
apenas pelo doente.

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Exame Subjetivo – Passos a seguir:


1. Tipo de problema
2. Localização dos sintomas
3. Hierarquização dos sintomas
4. Relacionamento dos sintomas
5. Fator tempo
6. Origem dos sintomas
7. Tipo/intensidade dos sintomas
8. Comportamento dos sintomas
9. História clínica
a. História atual (medicação)
b. História anterior (tratamentos)
10. Exames complementares
11. Perguntas especiais
12. (Observações)

➢ Tipo de problema:
Motivo pelo qual o paciente vem ter connosco. Essencialmente, o doente tem de responder de forma
concreta a uma questão:

“Para si, hoje, qual é o seu principal problema?”

≠ o que alguém lhe disse ≠ doenças/sintomas anteriores


que tinha (ex.: médico)
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➢ Localização dos sintomas:


“Mostre-me onde está a dor.”

“A dor está só aqui ou vai para mais algum lado?”

“Está só aqui.” “Vai para outro lado.”

A região foi avaliada e não foi “Para onde? Mostre-me.”


identificado nenhum problema.

→ Dor;
Podemos retirar informação importante da forma como
o doente representa/ mostra a dor.
→ Dor mais intensa;
Devemos questionar o doente acerca de sintomas em
→ Dor irradiada;
todas as partes do corpo, e representar essa informação
no body chart.
→ Dor num ponto fixo;
Aquando destas perguntas, é importante tentar não
influenciar a resposta do doente.
→ Parestesia (dormência);

“Sente dor na perna/ cabeça/braço…?
→ Foi avaliado e não foram encontrados
Sim ou não?”.
problemas.
Notas:
• Quanto mais central é a lesão, mais extensa pode ser a área para que é referida.
• Toda a dor de raiz nervosa é irradiada, mas nem toda a dor irradiada é de origem nervosa.

➢ Hierarquização dos sintomas:


“De todos os problemas que mencionou, qual é o pior?”
Os problemas são numerados consoante a sua gravidade.
Nunca numeramos problemas diferentes com o mesmo número! Se o doente não conseguir decidir qual a
pior dor, tentamos chegar a um compromisso ou decidimos nós.

➢ Relacionamento dos sintomas:


“Acha que há alguma relação entre estes sintomas?”
As relações entre as dores podem estabelecer-se a nível de:
• Tempo;
• Intensidade;
• Movimento …
Quando detetamos relações entre os problemas, esperamos que a resolução do primeiro problema faça
desaparecer os outros.

Nota: A relação entre sintomas pode quantificar o número de estruturas envolvidas.

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Quando a dor ① aumenta, provoca a dor ③.

Se a dor ① se mantêm por 2h, aparece a dor ③

Se a dor ① se mantêm por 2h, aparece a dor ③, e se esta de mantiver


por 30 min, aparece dor ④.

Quando surge a dor ①, aparece a dor ③ logo a seguir.

Não existe relação entre as dores ②, ⑤ e ⑥.

As dores ②, ⑤ e ⑥ não estão relacionadas com as dores ①, ③ e ④.

➢ Fator tempo:

Variável
O paciente abstrai-se da dor em
vários momentos

Constante Sugere processo inflamatório ou
infecioso (até 20 dias após trauma)
Está sempre presente
Dor

Constante
Intermitente Presente 24h e sempre intensa
Aparece e desaparece, depende ↓
de certos movimentos... Sugere neoplasias/ Tumores
↓ malignos (cancro)
Sugere distúrbios mecânicos

➢ Origem dos sintomas:

Superficial Normalmente, é
produzida por
("Parece que lhe consigo tocar.")
articulações.
Dor
Profunda Normalmente, é
produzida por
("Dói lá dentro.")
músculos.

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➢ Tipo/intensidade dos sintomas:

"Facada" Dor Aguda

"Como é a dor?" "Moínha" Dor Fraca

"Cão a morder" Temos de descodificar a


terminologia usada pelo
"Bala" cliente para descrever a
"Picada" ... sua dor.

Dor Estrutura
Dor aguda, tipo queimadura, distribuída ao longo do trajeto dos nervos específicos. Nervo
Profunda, incomodativa e difícil de localizar. Osso
Localizada, mas pode referir dor para outras áreas. Articulação
Difusa, desconfortável e difícil de localizar.
Vascular
Frequentemente referida para outras áreas.
Dor surda, difícil de localizar e referida para outras áreas. Músculo

Avaliação da dor:
Escala visual análoga da dor (EVA): A linha reta horizontal que se segue mede 10 cm de comprimento, não
numerados. Numa das extremidades está assinalada a classificação “sem dor” e na outra a classificação “a
pior dor imaginável”. O doente terá que fazer um traço perpendicular à linha, no ponto que representa a
intensidade da sua dor sentida no momento.

Escala numérica da intensidade da dor: Constitui uma variante da escala anterior, na qual é feita a
quantificação da intensidade dolorosa através de scores que variam de zero a dez, sendo essa caracterizada
por dor leve, intensa, aguda ou muito intensa.

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Escala de OUCHER: Dispõe de seis fotografias de crianças chorando, apresentando diferentes níveis de
expressões faciais de desconforto. A criança relaciona a expressão que melhor reflete a sua experiência de
dor.

Escala de cores: O utente é orientado a escolher uma das três cores que considera melhor descrever a
intensidade da dor. Este modelo permite que se utilize mais a sua intuição do que a avaliação cognitiva.

Escala Visual Analógica (EVA): Indicada por uma linha reta, com extremidades significando de um lado,
ausência de dor, do lado oposto, a maior intensidade de dor já sentida pela criança, a qual localiza-a no
contínuo da escala, o grau da intensidade de sua dor.

➢ Comportamento dos sintomas:


“O que agrava o seu principal problema?”
“O que alivia o seu principal problema?”

Objetivo: Compreender a evolução do


problema

Relacionar com:
• Tempo (padrão diário e as 24h)
• Postura
SIN
• Atividade

Uma situação é severa quando uma pequena postura/atividade (ex.: correr para apanhar
o autocarro…) provoca uma dor tão forte que obriga o indivíduo a parar essa mesma
Severidade
postura/atividade.
S
I Irritável Uma situação é irritável quando uma pequena postura/atividade provoca uma dor tão
N forte que se prolonga por um período de latência superior ao que seria espectável.

Devido à natureza da doença, a nossa intervenção poderá desencadear a dor se não nos
prevenir-mos (ex.: Se um indivíduo tem doença cardíaca, devemos tomar precauções para
Natureza
evitar desencadear um ataque).

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Padrões diários:

A dor surge quando estamos parados ou na mesma posição por


Pior de manhã
longos períodos de tempo (as estruturas imobilizam e retraem).
Pior à noite

Relacionado com processos inflamatórios

Pior de manhã Relacionado com processos inflamatórios mais agudos


Melhor à noite

Atividades ao longo do dia agravam a dor.


Melhor de manhã

Pior à noite
Relacionado com lesões musculares ou de outras estruturas
contráteis (ex.: tendinites…)

Varia conforme a
atividade
(ON/ OFF)

➢ História clínica:
❖ História atual (medicação)
Se o paciente tomar medicação para minimizar o problema, esta pode mascarar sintomas (ex.: analgésicos
diminuem a dor).

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❖ História anterior (tratamentos):

1. 1ª Crise:
▪ Causa;
▪ Duração;
▪ Tratamento.
2. Crises seguintes:
▪ Frequência com que as crises acontecem;
▪ Razão da repetição;
▪ Recuperação.
3. Situação médica:
▪ Situação socio-económica;
▪ História clínica anterior:
Antecedentes ligados à atual situação;
Antecedentes que tenham provocado incapacidades funcionais;
Antecedentes que possam condicionar o tratamento;
Nível funcional prévio ao atual “problema/acidente”;
Antecedentes familiares.

➢ Exames complementares:
Não devem ser vistos no início do exame para não influenciar a avaliação.
Ex.: Raios-X, ressonâncias, ecografias, ecocardiogramas…

➢ Perguntas especiais: Questões que, quando adequadas à situação, permitem identificar fatores
que ajudam a perceber se estamos perante uma condição músculo-esquelética ou se o problema é
mais grave e é preciso da intervenção de outro profissional. É importante notar que as respostas a
estas questões não fornecem verdades absolutas.

“Quando tosse, a situação agrava?”



Quando tossimos, verifica-se grande pressão abdominal, intratorácica e nos discos
intervertebrais. A dor pode indicar, por exemplo, problemas na coluna.

Lesão nos discos: Os discos intervertebrais absorvem choques e facilitam a


Tossir/espirrar mobilidade entre as diferentes vértebras. Quando os seus anéis rasgam/colapsam, o
líquido sai do disco, originando uma hérnia. Se o nº de fibras rasgadas não for
demasiado grande, este processo pode ser revertido (levando o líquido extravasado
de volta para dentro do disco). Se a lesão for muito grande, estamos perante uma
hérnia discal verdadeira. Nestes últimos casos, devemos encaminhar o paciente para
fazer cirurgia.

Interessam-nos grandes intervenções cirúrgicas (ex.: próteses…)


Operações/ ↓
Intervenções
cirúrgicas Os processos de cicatrização também ocorrem internamente, pelo que estas
intervenções podem causar alterações nas estruturas mecânicas que estejam a
causar os sintomas do indivíduo.

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Saúde em geral A saúde, em geral, pode ser quantificada.

Perda de peso Perda de peso pode indicar a existência de uma “doença silenciosa” (ex.: cancro).
Atenção! O indivíduo pode estar a seguir uma dieta.

Comum em doentes com problemas da cervical, que comprometem a irrigação


cerebral.
Ex.: Artrite vertebro-basilar pode causar compressão e/ou obstrução da artéria
Tonturas
basilar (artéria que irriga o encéfalo), daí as tonturas. Neste caso, é preciso muito
cuidado ao mobilizar a cervical, para que a artéria não seja ainda mais comprimida.
Um tratamento incorreto pode mesmo provocar a morte do doente.

Muita da dor sentida pelo doente deve-se a esta patologia. Temos de distinguir essa
Artrite reumatoide dor daquela que causa o problema. Devemos considerar esta informação ao realizar
o exame objetivo, para não despoletar problemas.

A nível das vértebras L2/L3 forma-se a cauda equina (ramificações nervosas da


Micção espinal medula, que se assemelham a uma crina de cavalo), que assegura a
enervação dos membros inferiores. Uma lesão nesta estrutura poderá justificar
Intestinos perdas de urina, problemas de defecação e anestesia (= falta de sensibilidade) na
zona perineal.

Anestesia perineal Atenção! Estes sintomas são comuns/não alarmantes em idosos e grávidas.
Espinha bífida: Lesões muito graves na cauda equina, comuns nas crianças.

Sintomas nos Queixas dirigidas a todo o membro inferior (ex.: pernas cansadas, inchadas…)
membros podem indicar problemas vasculares.
inferiores

Sensações anormais:
Associadas a nervos periféricos ou cranianos, incluindo raízes nervosas. A causa mais
normal é a isquemia (compressão/falta de irrigação) do nervo, mas pode também haver origem central.
• Parestesia: sensação de encortiçamento, formigueiro, edema de um membro, aperto em volta de certas
zonas do corpo e sensação de “água a correr”;
• Anestesia: perda de sensibilidade;
• Hipostesia: diminuição da sensibilidade táctil, ou necessidade de utilização de maior intensidade que o
normal para provocar uma sensação;
• Hiperstesia: aumento da sensibilidade ao toque;
• Analgesia: ausência de sensibilidade dolorosa;
• Hipoalgesia: diminuição da sensibilidade dolorosa;
• Hiperalgesia: aumento da sensibilidade dolorosa;
• Alodinia: resposta dolorosa a um estímulo previamente inócuo (situações mais incómodas, e por isso
mais graves).

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Categoriais dos sintomas:


(Pág. 16) Implica cuidado por parte do fisioterapeuta no contacto físico
SIN
com o paciente.
(severidade, irritação, natureza)
A dor surge no final do movimento. Pode ocorrer em pontos específicos
EOR da amplitude e impedir o indivíduo de terminar o movimento.
(“End of range”)
Arco doloroso: A dor surge numa fração da amplitude do movimento (Sem
ROM
dor → ↑ Dor → ↓Dor → Dor desaparece ).
(“Range of motion”)
O esforço necessário para desencadear esta dor é muito grande. Por isso,
estes sintomas são difíceis de reproduzir em clínica para o fisioterapeuta
Momentary pain avaliar.
(dor momentânea)
Ex.: Um maratonista corre bem durante 35km, e a partir daí surge dor que
o impede de concluir a prova (42Km).
Quando a dor/ sintoma se mantém durante mais tempo do que seria
Latency
espectável. (Latency ≠ SIN porque não ocorre irritação)
(latência)

Categorias dos problemas relacionados com a atividade:


Situações repetitivas, que são mantidas durante muito tempo (ex.: profissão, hobbies…)
Overuse

(desgaste)
O desgaste elevado pode implicar um tratamento mais prolongado.
Situações em que uma estrutura é demasiado forçada, ou usada mais do que o comum.
Abuse

(abuso)
Resolução rápida e mais fácil
Situações associadas a traumas (fatores externos)
Misuse

(mau uso)
Resolução fácil
Situação em que utilizamos estruturas que normalmente não são utilizadas daquela maneira
Newuse
(“abuse” numa situação nova)

Categorias de mecanismos da dor:

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

EXAME OBJECTIVO

Área de exame Procedimentos


Observação formal e informal da postura, massa corporal e tónus, tecidos
Observação moles, marcha e atitudes do doente.
Teste de integridade
Teste de movimento Movimentos fisiológicos ativos e passivos Incidem essencialmente
(articular) Medição de edema articular sobre o sistema esquelético.
Movimentos acessórios passivos
Força muscular
Controlo muscular
Testes do sistema Retrações musculares
muscular Testes isométricos
Massa muscular e edema
Testes diagnósticos
Integridade do sistema nervoso
Testes/exames Mobilidade do sistema nervoso
neurológicos Testes diagnósticos
Testes vasculares
Testes especiais Medição de deformações ósseas
Testes tecidos moles
Se adequado → Consiste na reprodução dos sintomas do paciente (tarefa
Demonstração funcional que nem sempre é fácil de concretizar)
De superficial para profundo: tecidos moles, osso, articulação, ligamentos,
Palpação músculos, tendões e tecido nervoso.
Palpação dinâmica. Pode incluir:
NAG’s → Movimento acessório ao nível da coluna vertebral;
Movimentos acessórios
SNAG’s → Movimento acessório + Movimento fisiológico (associados);
(movimentos “misturados”)
MWM’s → Movimento acessório + Movimento fisiológico, nas articulações
periféricas.

Testes de integridade articular → Testes específicos para determinar a estabilidade articular.

Medidas de Descriminação:
As medidas de descriminação permitem retirar conclusões a partir dos seguintes parâmetros:
• Sensibilidade
• Especificidade
• Valores preditivos positivos e negativos (VPP/VPN)
• Valores de probabilidade positivos e negativos (LR+/ LR-)

Referência Standard (+) Referência Standard (-)


Teste de diagnóstico (+) VP FP
Teste de diagnóstico (-) FN VN

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Sensibilidade: Proporção de sujeitos com a condição que tem um resultado positivo no teste, ou seja, é a
habilidade do teste reconhecer a condição quando ela está presente.
Um teste altamente sensível terá um número de falsos negativos relativamente baixo.
VP
Sensibilidade (%) = x 100
VP + FN

Especificidade: Proporção de sujeitos que não têm a condição que tem um teste negativo, ou seja, é a
habilidade do teste reconhecer que a condição está realmente ausente.
Um teste altamente específico terá poucos resultados falsos positivos.
VN
Especificidade (%) = x 100
VN + FP

Valores preditivos: Proporção de sujeitos com um resultado de teste positivo ou negativo que têm de facto
um resultado negativo.
Responde à pergunta: “Dado um resultado de teste (positivo ou negativo), qual é a probabilidade de o
resultado ser correto?”
VP VN
VPP (%) = VP + FP
x 100 VPN (%) = VN + FN
x 100

Apesar da sua aparente utilidade, os valores de predição podem ser irreais, uma vez que são altamente
dependentes da prevalência da condição de interesse na amostra de estudo.

Razão de probabilidade: Combinação da informação contida nos valores de sensibilidade e especificidade,


numa razão que pode ser usada para quantificar escalas de probabilidade.
➢ LR + : Indica quantas vezes o resultado de um teste é mais provável estar correto em pessoas com a
patologia, comparadas com as pessoas que não apresentam a patologia.
Sensibilidade
LR + (%) = x 100
(1 − Especificidade)

➢ LR - : Indica quantas vezes o resultado de um teste é menos provável estar correto em pessoa com a
patologia, comparadas com as pessoas que não apresentam a patologia.
(1 − Sensibilidade)
LR − (%) = x 100
Especificidade

LR+ LR- Interpretação


Gera elevados e, frequentemente, conclusivos valores de probabilidade, ou seja, o
>10 <0,1
teste permite retirar conclusões acerca da condição testada.
5-10 0,1-0,2 Valores moderados de probabilidade.
2-5 0,2-0,5 Gera pequenos, mas por vezes importantes, valores de probabilidade.
Valores de probabilidade baixos e raramente importantes. O teste não permite
1-2 0,5-1,0
inferir qualquer tipo de conclusão acerca da condição testada.

Nota:

VP + FN VP + VN
Probabilidade Pré − teste = VP + FP + FN + VN
Desempenho = VP + FP + FN + VN

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Exemplo:
Imagem radiológica Imagem radiológica
positiva negativa
6
Sinal positivo do teste 6 38 VPP = 44 = 14,95%

46
Sinal negativo do teste 4 46 VPN = = 92,95%
50

6 46
Sensibilidade = = 60% Especificidade = = 55%
10 84

Testes de integridade articular:

Testes que visam testar a capacidade de tensão dos ligamentos de cada articulação.

Articulação
Sem testes específicos, algumas sub-luxações minor podem ser palpadas durante o
temporo-
movimento ativo.
mandibular
Testes de distração

• Teste de estabilidade posterior da art. AO;


• Teste de estabilidade anterior da art. AO;
Testes de stress sagital
• Teste de Sharp-Perser;
Cervical
• Teste de stress da translação anterior do atlas no áxis.
superior
Testes de stress coronal Teste de stress da estabilidade lateral para a art. atlanto-axial

Teste de stress do • Teste de stress da flexão lateral;


ligamento alar • Teste de stress em rotação.

Coluna cervico- Para C0-C1 e C1-C2, testes anteriores.


torácica Sem testes específicos para a cervical inferior.

Coluna torácica Teste de estabilidade lateral (rotação) – níveis T3-T7; 75-T6

• Anterior shoulder drawer test


Instabilidade anterior
Complexo • Fulcrum Test
articular do
Instabilidade posterior Jerk test
ombro
Instabilidade inferior Sulcus sign

Cotovelo Testes de instabilidade ligamentar

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Watson`s scaphoid shift test

Lunotriquetral ballottement test


Punho e mão
Midcarpal test

Testes de instabilidade ligamentar para polegar e dedos

Coluna lombar PPIVM´s

Pélvis Sem testes específicos

Anca Sem testes específicos

Teste de stress em abdução

Teste de stress em adução

Lachman`s test
Teste de gaveta anterior
Anterior draw test

Teste de gaveta posterior Posterior draw test


Joelho
Testes de instabilidade anterolateral e anteromedial

Lateral Pivot shift

Posterolateral drawer test


Testes de instabilidade posterolateral
External rotation recurvatum test

Fairbank`s apprehension test

Anterior drawer sign


Tíbio-Társica e

Talar tilt

Livro com testes de integridade articular: Magee DJ (2006) Orthopedic Physical Assessment, 4º ed Elsevier
Sciences

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

ANTROPOMETRIA
Etimologicamente: antropo (homem) + metria (medida)
Ramos das ciências biológicas direccionado para o estudo dos caracteres mensuráveis da morfologia
humana.
Conjunto de técnicas de medição sistematizadas que expressam quantitativamente as dimensões do corpo
humano.

Variação da morfologia externa: Vcf= variação de qualquer carácter fenotípico


Vh= variação atribuível à hereditariedade
Vfa= variação atribuível aos factores ambientais
Vcf = Vh + Vfa + (Vh x Vfa) + e e= erro inerente aos processos de avaliação

Controlo aos erros de medida:


• Utilização de procedimentos de testes padronizados; → Além de dizermos que medimos, devemos dizer como medimos.
• Seleção criteriosa dos instrumentos de medição;
• Bom estado de funcionamento dos instrumentos; → Alguns equipamentos permitem inferir o erro da medição realizada.
• Treino dos observadores;
• Condições ambientais (ex.: temperatura, luminosidade, horário…).

Medidas antropométricas:
▪ Distância entre pontos ou linhas:
o Alturas
o Comprimentos
o Diâmetros
o Circunferências
▪ Superfícies
▪ Volumes
▪ Medidas de massa
▪ Pregas de adiposidade subcutânea

Antropometria em ciências da fisioterapia:


✓ Composição corporal
✓ Dimensões corporais
✓ Edema

Instrumentarium:

1 3 4 5 6

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1. Antropómetro de Nota: Para uma maior precisão das medições,


Medição das alturas e dos comprimentos.
Martin devemos ter a régua bem calibrada e a extensão
Graduação: mm superior a descrever um ângulo de 90º com a régua.

Medição dos diâmetros:


▪ Biacromial
2. Antropómetro de
▪ Tóraco-transverso
pontas curvas
▪ Tóraco-sagital
▪ Bicristal
Graduação: mm

Medição dos diâmetros:


3. Compasso de pontas
▪ Bicôndilo-umeral
redondas
▪ Bicôndilo-femural
Graduação: mm

Medição de circunferências. Nota: A fita métrica deve ser de um material


4. Fita métrica maleável e macio (ex.: pano).
Graduação: mm

Medição dos valores locais dos depósitos de gordura subcutânea.


5. Adipómetro É utilizado para obter a estimação antropométrica da composição corporal.
(plissómetro) Hastes com pressão constante de 10g/mm2.
Graduação: mm

Medição da massa corporal.


6. Balança A medição feita com o indivíduo despido e totalmente imóvel sobre a balança.
Graduação: g

Posição antropométrica de referência:

Plano sagital Plano frontal Plano transversal


Eixo frontal Eixo sagital Eixo vertical

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Pontos de referência antropométrica:

• Pterion: Ponto inferior e posterior do calcâneo;


• Acropodion: Ponto anterior do dedo do pé grande;
• Sphyrion tibiale: Ponto distal do maléolo interno;
• Sphyrion fubulate: Ponto distal do maléolo externo;
• Tibiale laterale: Situado no bordo externo da cabeça da tíbia;
• Tibiale mediale: Ponto anterior da cabeça da tíbia;
• Dactylion: Ponto distal do dedo médio da mão;
• Stylion: Ponto mais alto da apófiso estilóide do rádio;
• Trochanterion: Ponto superior do grande trocânter;
• Symphysion: No bordo superior da sínfise púbica;
• Iliocristale Anterior: ponto anterior da crista ilíaca;
• Iliocristale ou Supracristale: Maior projeção externa da crista ilíaca;
• Iliocristale posterior: Ponto posterior da crista ilíaca;
• Xyphion: Ponto inferior do esterno;
• Mesosternale: Ponto médio do esterno, aproximadamente ao nível da 4ª articulação condro-esternal;
• Supraesternale: No plano mediano do bordo superior do manúbrio do esterno;
• Acromiale: Ponto do acrómio que mais se projeta lateralmente;
• Cervicale: Proeminência posterior da 7ª vértebra cervical;
• Vértex: Ponto superior da caixa craniana, no plano mediano.

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Medidas somáticas:
Alturas: Distâncias nos planos sagital e frontal, desde um ponto de referência até ao solo
(ex.: altura acromial)
Comprimentos: distâncias num plano paralelo ao eixo longitudinal do segmento
(ex.: comprimento do braço)
Distâncias
Diâmetros transversos (larguras): distâncias no plano frontal
Diâmetros (ex.: diâmetro tóraco-transverso)
Diâmetros sagitais: distâncias no plano transversal
(ex.: diâmetro tóraco-saguital)
Para a medição de perímetros corporais:
▪ A fita métrica deve ser flexível.
Circunferências/
▪ A fita deve contornar o local a ser medido, mantendo uma pressão constante, sem
Perímetros
deformar o tecido.
▪ Os pontos a serem medidos devem ser marcados antecipadamente, de modo a
aumentar a precisão da medida.

A gordura representa 11 e 24% do peso total, no


homem e na mulher, respetivamente.
O tecido adiposo subcutâneo oscila entre 55 e 60% da
gordura total. O restante é constituído pelo tecido
adiposo profundo.
Os depósitos de gordura subcutânea apresentam
padrões de distribuição distintos, consoante o sexo.
✓ Homem: face, pescoço, tórax e abdómen;
✓ Mulher: mamas, abdómen, regiões
Pregas de laterolombares e nadegueiras e terço superior
gordura da coxa.
subcutânea
Nota: Ao contrário dos homens, as mulheres apresentam panícula adiposa.
Procedimentos do teste:
1. Medir o lado direito do corpo (normalmente, este é o lado dominante), com o
indivíduo na posição de pé;
2. Localizar os pontos de referência anatómicos;
3. Destacar com firmeza a pele e a gordura subcutânea do tecido muscular, usando o
polegar e o indicador em forma de pinça;
4. Abrir o adipómetro com o polegar;
5. Colocar as pontas do adipómetro 2cm ao lado dos dedos, a uma profundidade de
1cm;
6. Ler a graduação após 1-2 segundos;
7. Reabrir e remover o adipómetro, fechando-o cuidadosamente;
8. Medir 3 vezes e registar a média das 2 medições mais próximas.

Peso Medido com o indivíduo despido e totalmente imóvel sobre a balança.

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Distâncias:

Alturas:

• Altura total do corpo (estatura): Distância entre o vértex e o plano de referência do solo.
O plano de Frankfurt é uma referência fundamental na medição da estatura.

• Altura sentado: Distância entre o vertex e o plano de referência da mesa



Permite o cálculo indireto do comprimento dos membros inferiores:
Comprimento dos membros inferiores = Altura total do corpo – Altura sentado

Comprimentos:

• Envergadura: Distância entre um e outro dactylion.


Cálculo indireto: Envergadura = Diâmetro biacromial + 2 x Diâmetro total do membro superior

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• Comprimento total do membro superior: Distância entre o acromiale e o dactylion.


Envergadura – Diâmetro Acromial
Cálculo indireto: Comprimento total do membro superior = 2

• Comprimento do braço: Distância entre o acromiale e o radiale.

• Comprimento do antebraço: Distância entre o radiale e o stylion.

• Comprimento da mão: Distância entre o stylion e o dactylion.

• Comprimento total do membro inferior: Distância entre o iliospinale anterion e o sphyrion tibiale (ou
seja, entre a espinha ilíaca antero-superior e o maléolo interno)
Cálculo indireto: Comprimento total do membro inferior =Altura total do corpo – Altura sentado

Nota: Usamos o
maléolo interno como
referência (e não o
externo) porque a tíbia
é mais estável do que a
fíbula.

Na clínica pode ser alternativa a medição aparente dos membros inferiores através da medição da distância
do umbigo ao maléolo interno. Na medição do comprimento real por vezes utiliza-se o maléolo externo
como referência.
Nota: O umbigo poderá ser usado como ponto de referência nesta medição. No entanto, a medida torna-se
menos fiável.

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• Comprimento da coxa:
 Distância entre o trochanterion e a interlinha articular externa do joelho;
 Distância entre a prega da coxa e bordo superior da rótula.

• Comprimento do pé: Distância entre o acropodion e o pterion.

• Comprimento da perna: Distância entre a interlinha interna do joelho e o sphyrion tibiale.


Pode também ser medida a diferença das distâncias provocadas pelo posicionamento do colo do fémur.
Medida efetuada entre a parte mais externa da crista ilíaca (meio da CI) e o grande trocânter.

Causas de membros inferiores com tamanhos diferentes:


• Fémures com tamanhos diferentes → Visualizamos um
joelho mais anteriorizados/ posteriorizados em relação ao
outro;

• Tíbias com tamanhos diferentes → Visualizamos um joelho


mais alto/ baixo em relação ao outro; ou uma planta do pé
mais acima/ abaixo em relação à outra.

Diâmetros:

• Diâmetro bicôndilo-umeral: Distância entre o epicôndilo e a epitróclea umeral. O cotovelo deve estar à
altura do ombro e fletido a 90º.

• Diâmetro bicôndilo-femoral: distância entre os pontos mais salientes dos côndilos femorais. O joelho
deve estar fletido a 90º.

• Diâmetro biacromial: Distância entre um e outro acromiale.

• Diâmetro tóraco-transverso: Distância entre as faces externas das costelas, na linha midaxilar ao nível
do mesoesternale.

• Diâmetro tóraco sagital: Distância entre o ponto mais anterior e ponto mais posterior do tórax, ao nível
do mesoesternale.

• Diâmetro bicristal: Diâmetro entre os dois pontos mais exteriores da crista ilíaca.

• Diâmetro do pulso: Distância entre os pontos distais do antebraço.

• Diâmetro do tornozelo: Distância entre os pontos mais salientes dos maléolos internos e externos.

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Circunferências:

• Circunferência do pulso: Medida acima do stylion.


Forma alternativa para medição
do edema nos pulsos (avaliar o
volume de água deslocada por
uma mão, relativamente à outra)

• Circunferência do tornozelo: Medida acima do sphyrion tibiale e sphyrion fibulare.

Forma alternativa para


medição do edema, para
alem da forma já referida
para o pulso (recipiente com
liquido).

• Circunferência braquial (braço): Medida com o membro relaxado, ao nível do ponto médio do
comprimento braquial.

• Circunferência torácica: Medida ao nível do mesosternale.

• Circunferência da coxa (ou crural): Medida ao nível da maior circunferência da coxa.

Indica se o edema é intra-


articular ou extra-articular.

• Circunferência da perna (ou geminal): Medida ao nível da maior circunferência da perna.

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• Circunferência do braço em contração máxima: Medida com o cotovelo fletido, na maior circunferência
do bíceps.

• Circunferência do antebraço: Medida ao nível da maior circunferência do antebraço com o membro


superior pendente.

• Circunferência da cintura: Medida ao nível do ponto médio entre a crista ilíaca e a base da grelha costal.

• Circunferência glútea:

Pregas de Gordura Subcutânea:

• Prega tricipital: Prega vertical medida na linha média da face posterior do braço, a meia distância entre
o ombro e o cotovelo.

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

• Prega subescapular: Prega oblíqua caudal e lateral medida imediatamente abaixo do ângulo inferior da
escápula, a 1-2 cm do bordo vertebral da escápula.

• Prega suprailíaca: Prega oblíqua caudal e medial medida acima da crista ilíaca, na linha midaxilar.

• Prega abdominal: Prega vertical medida a 5cm do umbigo, para a direita.

• Prega crural: Prega vertical medida na linha média da face anterior da coxa, a meia distância entre a
anca e o joelho. O indivíduo encontra-se com o joelho flectido a 90º.

• Prega geminal: Prega vertical medida na linha média da faca interna da pena, ao nível da maior
circunferência muscular. O indivíduo encontra-se com o joelho flectido a 90º.

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

• Prega bicipital: Prega vertical medida na linha média da face anterior do braço, a meia distância entre o
ombro e o cotovelo.

• Prega midaxilar: Prega vertical medida na linha midaxilar, ao nível do processo xifóide do esterno.

• Prega peitoral: Prega oblíqua caudal e medial medida a meia distância entre a axila e o mamilo.

• Prega suprapatelar: Prega vertical, medida imediatamente acima do bordo superior da rótula.

Índices antropométricos:

Índices do tronco
• Índice torácico de Fourmentin: (Diâmetro tóraco-transverso / diâmetro tóraco-sagital) x 100
• Índice torácico de Godin: (Diâmetro tóraco-sagital / diâmetro tóraco transverso) x 100
• Coeficiente torácico de Brugsh: (Perímetro torácico / estatura) x 100
• Índice acrómio-ilíaco: (Diâmetro bicristal / diâmetro biacromial) x 100
• Índice de Tanner: 3 x Diâmetro biacromial – Diâmetro bicristal
• Índice de feminilidade de Pende: (Diâmetro biacromial / diâmetro bitrocantérico) x 100
• Índice biacromial ou de largura do tronco: (Diâmetro biacromial / estatura) x 100
• Índice transverso do tronco: (Diâmetro tóraco-transverso / estatura) x 100
• Índice de largura do tronco: (Diâmetro bicristal / estatura) x 100
• Índice de largura do tronco (outra versão): (Diâmetro bitrocantérico / estatutura) x 100

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Índices dos membros


• Índice braquial: (Comprimento do antebraço / comprimento do braço) x 100
• Índice de comprimento do membro superior: (Comprimento do membro superior / estatura) x 100
• Índice crural ou tíbiofemural: (Comprimento da perna / comprimento da coxa) x 100
• Índice de comprimento do membro inferior: (Comprimento do membro inferior / estatura) x 10
• Índice braquial: (Comprimento do antebraço / comprimento do braço) x 100
Índices de proporcionalidade somática
• Índice de Manouvrier: (Estatura – altura sentado) x 100 / altura sentado
• Índice córmico: (Altura sentado / estatura) x 100
Índices estaturo-ponderais
• Fórmula de Broca:
o Estatura – 100, quando estatura < 165,0
o Estatura – 105, quando estatura entre 165,0 e 174,9
o Estatura 110, quando estatura > 174,9
• Coeficiente de Vervaveck: (Peso + perímetro torácico) x 100 / estatura
• Índice de Quételet: Estatura / Peso
• Índice de Kaup: Peso / (estatura)2
• Coeficiente de Pirquet: (Peso)0,33 / altura sentado
• Índice ponderal de Livi: 10 x (Peso)0,33 / estatura
• Índice de Roher: Peso / (estatura)3
• Índice ponderal recíproco: Estatura / (peso)0,33

Índice de massa corporal (IMC)

O IMC é reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de obesidade (unidade: kg/m2).

IMC = Peso / (Altura) 2

Classificação de Obesidade USDHHS – Adultos (1998)


IMC Classificação
< 18,5 Abaixo do Peso
18,5 a 24,9 Peso Ideal
25 a 29,9 Sobrepeso
30 a 34,9 Obesidade Moderada (I)
35 a 39,9 Obesidade Severa (II)
40 a 49,9 Obesidade Mórbida (III)
≥ 50 Super Obesidade

Limitações do IMC:
▪ Passar dos anos – motivado por factores biológicos e culturais;
▪ Não reflete a gordura corporal e a sua distribuição ( IMC ≠ % Gordura corporal);
▪ Massa magra elevada;
▪ Idosos: sarcopenia (↓densidade óssea) e aumento da adiposidade;
▪ Idade, dismorfismo sexual, origem étnica e classe social.

36
Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Somatotipo:

• Sistema de classificação física com determinação de três


componentes com significados distintos: endomorfo,
mesomorfo e ectomorfo;
• Expressão quantificada das características morfológicas de
um indivíduo;
• Dependente do tamanho, género, idade, histórico
nutricional e atividade física;
• Dentro de cada classificação existem vários níveis.

Importância do somatotipo:
✓ Permite descrever e comparar desportistas em diferentes níveis de condição física;
✓ Permite caracterizar a mudança física, decorrente do crescimento, do envelhecimento, do treino, estado
nutricional e recuperação de patologia;
✓ Permite comparar a forma relativa de homens e mulheres;
✓ Serve de ferramenta de análise de imagem corporal.

Determinação Antropométrica do Somatotipo:

Endomorfo Mesomorfo Ectomorfo

Nível de arredondamento das curvas corporais.


Endomorfia

Baseado em três medidas de dobras cutâneas (TR, SE e SI).

Robustez músculo-esquelética

Mesomorfia
Baseada nas medidas de diâmetros de úmero e fémur, e perímetros corrigidos de
panturrilha (face postero-superior da perna) e braço contraído

Nível de linearidade corporal


Ectomorfia ↓
Baseada nas medidas de estatura e massa corporal.

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

POSTURA

Postura: Estado de equilíbrio entre músculos e ossos com


capacidade para proteger as restantes estruturas do corpo humano
de traumatismo (quer seja na posição de pé, sentada ou deitada).
(Kisner et Colby, 1995)

Equilíbrio entre as diferentes estruturas, que nos permite manter
uma determinada posição.

Postura corporal: Postura que o corpo adota no espaço, bem como


a disposição entre os segmentos corporais em relação ao centro de
gravidade, promovendo uma sustentação do corpo económica,
harmoniosa e confortável.
(Liposcki et al., 2007)

Postura correta: Alinhamento do corpo com eficiências fisiológica e


biomecânica máximas, o que minimiza o stress e as sobrecargas
sofridas ao sistema de apoio pelos efeitos da gravidade.
Palmer & Apler, 2000)

A postura correta é uma postura idealizada. Não se verifica na
população.

A postura ereta é formada por 4 curvas fisiológicas:


As curvas cervical e a lombar (côncavas)
1) Coluna cervical: Côncava em C6 e C7; são lordóticas.
2) Coluna torácica ou dorsal: Convexa em D5 e D6;
3) Coluna lombar: Côncava em L3 e L4; As curvas dorsal e a sagrada (convexas)
4) Coluna sagrada: Convexa em S3 e S4. são cifóticas.

Postura Correta:
Vista lateral: a linha da gravidade (fio de prumo1) coincide com uma posição
ligeiramente anterior ao maléolo externo e ao eixo da articulação do joelho,
ligeiramente posterior ao eixo da articulação da anca, dos corpos das vértebras
lombares, da articulação do ombro, dos corpos da maioria das vértebras cervicais,
meato auditivo externo e ligeiramente posterior ao ápice da sutura coronal.

Vista posterior: a linha da gravidade (fio de prumo1) deverá ser equidistante das
faces internas dos calcanhares, pernas e coxas, omoplatas e coincidir com a linha
mediana do tronco e cabeça.

Na vista anterior e posterior, o alinhamento dos segmentos do corpo deve ser


analisado recorrendo à observação da simetria entre a metade direita e esquerda do
corpo, no plano sagital. (Kendall et McCreary, 1986)

1
Fio de prumo → Fio com um peso na ponta, que cai sempre na vertical
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Desenvolvimento Postural:

A nossa postura altera-se naturalmente ao longo do tempo:


✓ A inclinação da bacia é maior nos primeiros anos de vida, e vai normalizando à medida que avançamos
para a idade adulta.
✓ Nos idosos, o tónus muscular diminui e as curvaturas tendem a aumentar. Estas alterações culminam
numa diminuição do comprimento do tronco dos indivíduos.

Principais causas de uma postura incorreta:


• Traumatismo → Algumas alterações posturais ocorrem como forma de proteção contra a dor.
• Patologias que limitam a perda funcional da força muscular e a mobilidade
• Hábitos de postura viciosa
• Fraqueza muscular (ex.: idosos)
• Atitude mental → O nosso estado de espírito influencia a nossa postura. Quando estamos tristes,
adotamos uma postura mais curvada; quando estamos alegres, mantemos a nossa postura mais direita.
No entanto, o contrário também é válido (ou seja, alterar a nossa postura também altera a nossa atitude
mental)
• Hereditariedade (ex.: A escoliose idiopática é uma condição quase sempre hereditária, que afeta a
postura)
• Indumentária inadequada (ex.: sapatos de salto altos, espartilhos, roupas muito justas, carteiras num só
ombro…)

Nota: As nossas alterações posturais são muitas vezes adquiridas para conseguirmos manter a nossa linha de
olhar horizontal, assegurando a manutenção do nosso campo de visão.

Alterações posturais/ Desvios do alinhamento ideal:


Caracterizado por qualquer alteração ou desvio acentuado aos desvios fisiológicos acima descritos. A maioria
dos desvios posturais nas crianças em desenvolvimentos são classificados como desvios de desenvolvimento
e apenas se classificam em desvios posturais quando se tornam padrões habituais. (Detsch et Candotti, 2001)

Hiperlordose/ Retificação da lordose


Aumento da cifose torácica/ Retificação da cifose
Escoliose

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NATURAL GOOD POSTURE FIVE DEFFECTIVE BODY POSTURE

Head up.
Chin level with floor.
Shoulders relaxed.
Lower abdomen flat.

CENTER LINE
Extends from center of head,
through neck, shoulder, hips,
knees and arches of feet.

BODY WEIGHT
Body weight is balanced along
this center line and supported
by the weight-bearing arches
of the feet. Stiff-rigid Slumped- Lordosis Kyphosis Scoliosis
Poor humped (sway- (dropped (sway-back and
Posture Poor back) shoulders) dropped
Posture shoulders)

Nota: Segundo determinado autor, há 3 tipos de postura:


Normal – Normal Portura fisiológica, que encontramos nos livros como referência de uma boa postura.
É irrealista (não se encontra realmente na população)
Normal – Anormal Padrão normal, que encontramos na maioria da população. Engloba os indivíduos
que têm alterações posturais, mas estas não implicam problemas na função.
Anormal – Anormal Situações patológicas. Engloba os indivíduos que têm alterações posturais tão
acentuadas que comprometem a função.

Escoliose: Desvio da coluna vertebral, para a esquerda ou para a direita.

Neste caso, os “olhos” das vértebras estão desalinhados, porque ocorreu


rotação dos corpos vertebrais. Esta situação já não pode ser revertida por nós.

Escoliose idiopática (ou verdadeira)

Deformidade de Sprengel: Elevação congénita da escápula (escápula alta).

A deformidade de Sprengel pode causar compressão do plexo braquial.

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Escoliose (já com alguma gravidade)

Nota: Espelho com quadrículas são instrumentos que nos ajudam


a percecionar melhor os desequilíbrios/ desalinhamentos.

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Avaliação postural:
A avaliação postural deve determinar se um segmento corporal ou articulação se desvia de um
alinhamento da postura ideal.
✓ Envolve a identificação e a localização dos segmentos corpóreos relativos à linha de gravidade;
✓ A nossa abordagem deve ser organizada e sistemática;
✓ O paciente deve sentir-se à vontade e evitar rigidez e posições não naturais;
✓ Deve ser visualizado o equilíbrio global do corpo;
✓ Devemos utilizar um fio de prumo, se necessário.

Nota: É importante verificar as alterações de tempos em tempos, para nos certificarmos da veracidade
dos nossos dados (o paciente pode “corrigir” sua alteração momentaneamente, e uma avaliação
contínua permite-nos perceber se a posição não mudou de facto).

Há vários métodos para realizar uma avaliação postural:


 Observação
 Imagem (fotografias, softwares…) → http://sapo.incubadora.fapesp.br
 Posturografia.

Metodologia da avaliação postural:


A metodologia que utilizamos para realizar a avaliação postural é ao nosso critério.

Na aula, é-nos sugerido que avaliemos todas as vistas do doente, pela seguinte ordem:
1º Vista posterior;
O sentido da
2º Vista anterior; avaliação postural
3º Vista lateral/ de perfil esquerda; é da cabeça para
4º Vista lateral/ de perfil direita. os pés.

Nota: Para fazer uma avaliação postural correta, devemos posicionar-nos a cerca de 1m/ 1,5m de
distância do doente, e olhar a direito para ele.

Nota: É o fisioterapeuta quem se movimenta em torno do paciente para avaliar as estruturas que
deseja (não é o paciente quem se move durante a avaliação).

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VISTA POSTERIOR
1. Cabeça  Alinhada
 Inclinação lateral D/E
 Rotação D/E

2. Coluna cervical  Alinhada


 Convexidade D/E

3. Articulações dos ombros  Alinhados


 Ombro mais alto D/E

4. Triângulo de Tales *  Simétrico


(Distância entre o cotovelo e o tronco)  Maior D/E

5. Distância entre bordo medial da escápula e coluna  Simétrica


vertebral *  Assimétrica (D: .......cm e E: .......cm)
(As apófises espinhosas servem como referência para a linha média)

 Alinhadas
6. Posição das escápulas  Alada (s) D/E → Levantadas
 Abduzida D/E → Afastadas
 Aduzida D/E → Juntas
 Rodadas

7. Ângulos inferiores da escápula  Alinhados


(Polos no bico/ ângulo inferior da omoplata)  Desalinhados mais alto D/E

8. Coluna torácica *  Alinhada


 Convexidade D/E

9. Coluna lombar *  Alinhada


 Convexidade D/E

10. Altura das cristas ilíacas  Alinhadas


(Encontramos as cristas, afastamos bem a pele e avaliamos a altura  Desalinhadas mais alta D/E
pelo nível das nossas mãos)

11. Espinhas ilíacas póstero-superiores (EIPS)  Alinhadas


(Covas + - destacadas no fundo das costas → Polegares para avaliar )  Desalinhadas mais alta D/E

12. Articulações dos joelhos  Alinhadas


 Com valgo D/E
 Com varo D/E

13. Apoio do Retropé  Apoio homogéneo no bordo medial e lateral


 Maior apoio no bordo medial D/E
(Pode ser visto analisando onde os sapatos do paciente estão mais
 Maior apoio no bordo lateral D/E
gastos)

14. Retropé (Tendão de Aquiles) *  Alinhado


 Desalinhado

Nota: Quando usamos os polegares para avaliar uma estrutura, o nosso olhar deve estar ao nível dos
polegares, para que a avaliação seja correta.

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Vista Posterior – Imagens:

4. Triângulo de Tales: Distância entre o 5. Posição das escápulas:


cotovelo e o tronco.

A – Abduzida B - Aduzida

6. Distância entre bordo medial da escápula 12. Articulações dos joelhos


e coluna vertebral.

Nota: As apófises espinhosas servem como


referência para o bordo medial da omoplata. Varismo Valgismo

8 e 9. Coluna torácica e lombar:

Nota: Quando há uma


escoliose num sentido,
esta tende a ser
compensada no sentido
contrário com alterações
posturais.

14 e 15. Retropé (Tendão de Aquiles) e articulações dos tornozelos:


A–

B–

C – Valgo

D - Varo

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VISTA ANTERIOR
1. Cabeça  Alinhada
 Inclinação lateral D/E
 Rotação D/E
2. Fossas supraclaviculares  Simétricas
(Covas sobre a clavícula)  Assimétricas – aumentada D/E
3. Clavículas  Simétricas
 Clavícula mais horizontalizada D/E
 Clavícula mais verticalizada D/E
4. Articulações dos ombros  Alinhados
 Ombro mais alto D/E
 Rotação medial D/E
 Rotação lateral D/E
5. Cotovelos  Alinhados
 Aumento da flexão D/E
 Hiperextensão D/E
6. Tórax  Simétrico
 Assimétrico
7. Alinhamento do tronco *  Alinhado
 Rotação de cintura escapular D/E
 Rotação de cintura pélvica D/E
 Rotação de cintura pélvica e escapular D/E
 Inclinação lateral D/E
8. Alturas das cristas ilíacas  Alinhadas
 Desalinhadas mais alta D/E
9. Espinhas ilíacas antero-superiores  Alinhadas
(EIAS)  Desalinhadas mais alta D/E
10. Patelas  Alinhadas
 Patela mais alta D/E
 Patela rodada lateralmente
 Patela rodada medialmente
11. Articulações dos joelhos *  Alinhada
 Valgo D/E – Distância entre maléolos internos: … cm
 Varo D/E – Distância entre côndilos internos: …. cm
12. Apoio do ante-pé  Apoio homogéneo no bordo medial e lateral
 Maior apoio em bordo medial D/E
 Maior apoio em bordo lateral D/E
13. Arco longitudinal medial *  Plano D/E
 Cavo D/E
14. Antepé  Alinhado
 Abduzido D/E
 Aduzido D/E
15. Hálux * (dedo grande do pé)  Alinhado
 Valgo D/E (“joanetes”)

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Vista Anterior – Imagens:

7. Alinhamento do tronco:

11. Articulações dos joelhos:

Genovaro Genovalgo Varismo aparente

13. Arco longitudinal medial:

Plano ou chato Cavo

15.Hálux (dedo grande do pé):

Hálux valgo (“joanetes”)

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VISTA LATERAL
1. Cabeça *  Alinhada (maléolo externo está alinhado com o maléolo auditivo externo)
 Com protração
 Com retração
2. Coluna cervical  Curvatura normal
 Aumento da lordose
 Rectificação da lordose
3. Articulações dos ombros *  Alinhados
 Com protração D/E
 Com retração D/E
 Com rotação medial D/E
 Com rotação lateral D/E
4. Articulação do cotovelo  Alinhada
 Aumento da flexão D/E – Ângulo de carregamento
 Com hiperextensão D/E
5. Coluna torácica *  Curvatura normal (Quando o paciente está curvado, o normal é ver os
processos espinhosos das vértebras)
 Aumento da cifose (Processos espinhosos demasiado pronunciados)
 Retificação da cifose (Não se vêm os processos espinhosos)
6. Coluna lombar *  Curvatura normal
 Aumento da lordose
 Retificação da lordose
 Aumento da lordose tóraco-lombar
7. Alinhamento do tronco  Alinhado
 Rotação da cintura escapular D/E
 Rotação da cintura pélvica D/E
 Rotação da cintura escapular a pélvica D/E
8. Pélvis *  Alinhada
 Com anteversão (anteriorizada)
 Com retroversão (posteriorizada)
9. Articulação das ancas  Alinhada
 Em flexão D/E
 Em extensão D/E
10. Articulações dos joelhos *  Alinhados
 Flexum D/E
 Recurvatum D/E (Comum em raparigas muito jovens → Provoca varismo
aparente) (ver pág. 46)

11. Articulações dos joelhos –  Preservado


ângulo tíbio-társico  Aumentado D/E
 Diminuído D/E

Valgismo: Quando os maléolos estão afastados e os joelhos estão juntos.


Varismo: Quando os maléolos estão juntos e os joelhos estão afastados.

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Vista Lateral – Imagens:

1. Cabeça: 5 e 6. Coluna torácica e lombar:

Protração Retração

3. Articulações dos ombros: 10. Articulações dos joelhos:

Recurvatum Flexum

8. Pélvis:

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Testes:

Teste de Schober → Avaliação da flexibilidade da coluna

Valores de referência:
C. Dorsal: 30 +- 8 cm
C. Lombar: 15 +- 7 cm

Teste de Stibor → Avaliação da flexibilidade do tronco

Manobra de Adams → Avaliação da escoliose Para realizar a manobra de Adams, pedimos ao


paciente que flexione o tronco para a frente,
com os pés juntos, sem dobrar os joelhos e com
as mãos unidas. Desta forma, podemos
observar (anteriormente e/ ou posteriormente)
se o tronco está desnivelado.
Nota: A maneira mais precisa para identificar o
grau de curvatura é o raio-X.

Agirosidade → Desvio unilateral do tórax (um dos lados desvia-se relativamente ao outro)
Nota: A escoliose pode acontecer como resposta a diferentes comprimentos dos membros inferiores
(ex.: se um for mais curto do que o outro), ou mesmo devido a alterações na estrutura da coluna.

Medição do membro inferior

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Ângulo Q

O ângulo Q (quadríceps) é uma medida de alinhamento patelar


global. É o ângulo entre uma linha que se estende da espinha ilíaca
antero-superior até ao centro da patela, e uma linha que se
estende do centro da patela até o centro da tuberosidade tibial.
Valores normais:
▪ Homem – 15°
▪ Mulher - 12°

Teste de Thomas → Avaliação dos flexores da anca


Para realizar este teste, pedimos ao paciente para
puxar os 2 joelhos ao peito. Em seguida, pedimos-
lhe que liberte a perna que pretendemos avaliar, e
promovemos a sua extensão:
✓ Se a perna “deita na mesa”, não há problema;
✓ Se a perna “não deita na mesa”:
 Consideramos aceitável um ângulo articular
até 10⁰;
 Se o ângulo articular for superior a 10⁰,
verifica-se retração ou diminuição do
encurtamento nos flexores da anca e
extensores do joelho.

Posições inicial e final do teste de


Thomas, demonstrando os pontos
anatómicos e o ângulo articular
quantificado em graus (por meio de
fotografia) dos encurtamentos
músculo-tendinosos dos flexores da
anca.
(A) e (B) - Flexores da anca
uniarticulares (FQU) nas posições
inicial e final, respetivamente.
(C) e (D) - Flexores da anca
biarticulares (FQB) nas posições
inicial e final, respetivamente.

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GONIOMETRIA

Goniometria = Gonio (ângulo) + Metron (medida)

“… refere-se à medição de ângulos, em particular à medição de ângulos criados nas articulações do


corpo humano.”

A goniometria consiste na medição das amplitudes/ posições articulares ou da quantidade total
(possível) de movimento de uma articulação.

A goniometria emprega-se para medir e


documentar 2 formas de movimento articular
disponíveis:

Quantidade de movimento ativo Quantidade de movimento passivo


(movimento que o próprio (movimento que nós conseguimos
paciente consegue realizar fazer o paciente realizar, através de
sozinho). manipulação).

Objetivos da goniometria:
Os valores goniométricos podem ser usados para:
• Determinar a presença ou ausência de disfunção; → Comparamos os valores obtidos com valores estipulados.
• Estabelecer um diagnóstico;
• Desenvolver objetivos de tratamento;
• Avaliar o processo ou não dos objetivos da recuperação funcional;
• Modificar o tratamento; (se não estivermos a obter os resultados esperados)
• Motivar o indivíduo; (“Olhe, já ganhou x⁰!!!”)
• Pesquisar a eficácia das técnicas ou de determinados regimes terapêuticos;
• Fabricação de ortóteses e de equipamento adaptativos. → Como estes produtos são específicos para cada
indivíduo, as medidas utilizadas para o seu fabrico devem ser rigorosamente obtidas.

Amplitude de movimento (ADM/ROM): Quantidade de movimento de uma articulação.



Esperada: ADM média normal
Disponível: ADM real

Ex.: Na flexão do ombro, a ADM esperada é de 180⁰, mas o paciente pode apenas ter 120⁰ de ADM
disponível.

Em regra, a posição anatómica é a posição inicial para se mediar a ADM.

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➢ Amplitude ativa: Refere-se à quantidade de movimento → Medição do que o paciente


articular, realizar por um sujeito durante o movimento consegue fazer pelos seus
articular voluntário não assistido. próprios meios.

➢ Amplitude passiva: Refere-se à quantidade de movimento → Medição do movimento


obtida pelo examinador sem ajuda do sujeito. motivado por uma força
externa, provocada por outra
pessoa no paciente.

ADM passiva > ADM ativa Os segmentos corporais não fazem sempre o movimento até ao fim,
para evitarem o desgaste das estruturas ligamentares e articulares

Deve-se a …
Reserva passiva de movimento ou End of Range (EOR): Amplitude de
movimento que conseguimos acrescer passivamente à amplitude ativa.

End-feel: Informação que tiramos sobre o movimento da articulação, quando deixou de existir
movimento ativo, mas ainda existe movimento passivo.

Compressão dos tecidos moles → Sentimos que o movimento é → End-feel


parado por uma estrutura mole, macio,
Ex.: Flexão do cotovelo
macia. suave, mole

Tensão das partes moles → No fim do movimento, sentimos → End-feel


que a estrutura voltaria para trás muscular
Ex.: S.L.R (esticar a perna para
“End- cima) se a largarmos, como uma espécie
feel” de reflexo elástico.
normal
Osso com osso → Sentimos que o movimento é → End-feel
parado por uma estrutura dura. cartilagíneo
Ex.: Extensão do cotovelo

Fim firme do movimento → Sentimos que o movimento vai até → End-feel


uma determinada amplitude e capsular
Ex.: Fim da rotação da anca
depois pára.

Espasmo: Impede fim do movimento → O espasmo obriga-nos a parar


o movimento, atuando como
um mecanismo de defesa.

Bloco cartilagíneo: Pode ocorrer com um menisco → Bloqueio dentro da


“End- lesionado no joelho. articulação, que limita o
feel” movimento.
não
normal Vazio: Muita dor antes do final da amplitude. O doente → As dores muito fortes
ativamente resiste ao movimento. impedem-nos de completar o
Ex.: Bursite aguda movimento.

Laxo: Quando há hipermobilidade extrema. → Parece que o movimento não


tem fim.

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Nota: Um end-feel só é efetivamente normal se estiver associado a um movimento articular espectável


no determinado segmento corporal.

Padrão capsular: Permite saber se o problema está na cápsula articular.


Articulação Restrição de movimento

Temporomandibular Abrir a boca

Coluna cervical Flexão lateral e rotação estão igualmente limitadas


Flexão normal mais dolorosa, e a extensão limitada
Coluna torácica e
lombar Difícil detectar um padrão capsular

Sacroilíaca, sínfise
púbica e articulação Dor quando a articulação é colocada sobre stress
sacrococcigea

Acromioclavicular e
esternoclavicular Dor em amplitudes extremas

Glenoumeral Rotação externa a seguir abdução e depois rotação interna


Cotovelo Flexão mais limitada que a extensão
Radiocubital inferior Amplitude completa mas dolorosa em amplitudes extremas
Punho Flexão e extensão igualmente limitadas
Carpo metacárpica do
polegar Flexão completa, limitação da extensão e abdução

Polegar e articulações
dos dedos Flexão mais limitada que a extensão

Anca Rotação interna, extensão, abdução, flexão, e por fim, a rotação externa

Joelho Limitação substancial da flexão com limitação discreta da extensão, rotação


completa mas dolorosa nos estados iniciais
Articulações
tibiofibulares Dor à compressão

Tibiotársica Flexão plantar mais limitada que a dorsal


Astragalocalcaneana Limitação da inversão
Articulação Limitação da flexão dorsal, flexão plantar, adução e rotação interna; abdução
mediotarsica e rotação externa sem limitações
Metatarsofalângica do
dedo grande Extensão mais limitada que a flexão

Metatarsofalângicas
dos restantes dedos Variável, tendem a fixar-se em extensão com a interfalângica flectida

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Ana Margarida Santos Fisioterapia 2016/ 2017

Procedimentos:
Em cada articulação e movimento, o fisioterapeuta deve conhecer:
1. Posições recomendadas de testes (posições estandardizadas, nas quais devemos colocar o
paciente para avaliar)
2. Posicionamentos alternativos (a condição do paciente pode impedir-nos de o colocar na posição
padrão)
Nota: Quando usamos a articulação do ombro, o movimento
3. Estabilização necessária
abrange mais articulações além da escapulo-umeral
4. Estrutura e funções articulares
(nomeadamente, acrómio-clavicular, esternoclavicular…).
5. End-feel normal Este conjunto de articulações cria o chamado ritmo escapulo-
6. Limites ósseos anatómicos umeral. Por isso, devemos ter em atenção a necessidade de
7. Alinhamento do goniómetro imobilizar algumas articulações se queremos avaliar uma
articulação específica.
Nota: O fisioterapeuta avalia movimentos articulares simples. No entanto, estes não são exatamente os
movimentos que o paciente faz no seu quotidiano. (ex.: quando temos de fletir o ombro, muitas vezes elevamo-
lo primeiro).

Para cada articulação e movimento, o fisioterapeuta deve ter a capacidade de executar:


1. Posicionar e estabilizar corretamente o paciente
2. Movimentar uma parte do corpo de acordo com a amplitude adequada ao movimento (análise “a
olho”, para tentar perceber logo à partida se o end-feel está dentro dos parâmetros desejados)
3. Determinar o fim da amplitude de movimento (end-feel)
4. Palpar os pontos adequados (para saber como alinhar o goniómetro) Confirmação se as
5. Alinhar o goniómetro com esses pontos nossas primeiras
6. Ler o goniómetro impressões estavam
7. Registar corretamente a medição corretas.

Há vários métodos de registo, sendo a tabela um método


muito prático:
0⁰-50⁰
A B C
to
Flexão cotovelo D. 50⁰ 70⁰ 150⁰
to
Extensão cotovelo D. 0⁰ -20⁰ +20⁰

20⁰-70⁰

20⁰-0⁰-150⁰

Outro exemplo de uma tabela de registo

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Equipamentos em Goniometria:

Goniómetro:
▪ Analógico ou digital;
▪ Equipamento mais comum;
▪ Tem uma zona graduada (tipo transferidor)
e 2 braços (um fixo e outro móvel).

Inclinómetro:
▪ Analógico ou digital;
▪ Funcionam com base na ação da gravidade;
▪ Pouco fiáveis.

Eletrogoniómetro:
▪ Podem ser programados em sistema;
▪ Pouco práticos na clínica (exigem muito
rigor no posicionamento do equipamento e
ligação a sistemas de computadores).

Radiografia:
▪ Muito fiável.

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