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Química Farmacêutica: Aspectos estruturais que influenciam na

absorção, distribuição, metabolismo e excreção de fármacos

MSc. Lívia de Melo Feitosa

E-mail: livia.feitosa@far.fiocruz.br
Química Farmacêutica
DEFINIÇÃO

“Segundo definição da IUPAC, é uma disciplina baseada na química, envolvendo aspectos das ciências
biológica, médica e farmacêutica, cuja missão é o planejamento, descoberta, invenção, identificação e
preparação de compostos biologicamente ativos (protótipos), o estudo do metabolismo, interpretação do
mecanismo de ação a nível molecular e a construção das relações entre a estrutura química e a atividade
farmacológica (SAR).”
Química Farmacêutica
MISSÃO

Possui missão complexa que envolve uma multiplicidade de fatores responsáveis pela resposta
terapêutica de uma substância exógena (p.ex., fármaco) que precisa apresentar elevada eficácia, reflexo
das propriedades farmacodinâmicas – aquelas que regem as interações responsáveis pelo
reconhecimento molecular do fármaco pelo biorreceptor e resultam na resposta terapêutica desejada – e
as farmacocinéticas – aquelas que governam os fatores de absorção, distribuição, metabolismo e
eliminação do fármaco, resultando no perfil de biodisponibilidade -, além de possuir reduzida toxicidade.
Química Farmacêutica
Química Farmacêutica
LIVROS
Química Farmacêutica
LIVROS
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LIVROS
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RELEMBRANDO CONCEITOS

• Fármaco: Princípio ativo, sendo uma substância pura, quimicamente definida, natural ou sintetizada
em laboratório, dotada de ação biológica.

• Droga: Matéria-prima de origem vegetal ou mineral, que contém um ou vários princípios ativos, e
que não sofreu manipulação.

• Medicamento: Se apresenta como uma forma farmacêutica, constituída por um ou vários


princípios ativos e excipientes.
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DESCOBERTA DOS FÁRMACOS
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Química Farmacêutica
Química Farmacêutica
FASES PERCORRIDAS PELO FÁRMACO APÓS SUA ADMINISTRAÇÃO

Fase Fase Fase Efeito


Medicamento
Farmacêutica Farmacocinética Farmacodinâmica Terapêutico

Desintegração Absorção Interação


Desagregação Distribuição Fármaco-Receptor
Dissolução Metabolismo
Excreção
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JANELA TERAPÊUTICA

Efeito farmacológico
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JANELA TERAPÊUTICA

Toxicidade

Inatividade

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Química Farmacêutica
MEIA-VIDA

- O t1/2 é o tempo necessário para que a concentração de um fármaco se reduza à metade.

- O perfil de eliminação de um fármaco em humanos também pode ser avaliado pelo tempo de meia-vida (t1/2)

Via intravenosa Via oral


Química Farmacêutica
DOSAGEM DE FÁRMACOS
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DOSAGEM DE FÁRMACOS
Química Farmacêutica
DOSAGEM DE FÁRMACOS
Química Farmacêutica
FARMACOCINÉTICA

•É o estudo do movimento do fármaco no organismo.


•O que o organismo faz com o fármaco?
Farmacocinética

• Fatores que definem se o fármaco chegará ao seu alvo.

• Fármacos ativos in vitro podem ser inativos in vivo.

• O fármaco mais potente em termos de ligação ao sítio ativo ou ligante pode ser inútil clinicamente.

• Planejamento racional deve considerar simultaneamente interações ligantes(farmacodinâmica) e


parâmetros farmacocinéticos.
Farmacocinética

PARÂMETROS A SEREM CONSIDERADOS (ADME)

• Absorção do fármaco
• Distribuição do fármaco
• Metabolismo do fármaco
• Excreção do fármaco

É comum encontrarmos o parâmetro TOXICIDADE juntamente com os demais parâmetros


farmacocinéticos. ADMET
Farmacocinética

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

• Solubilidade

• Ionização

• Lipofilicidade
Propriedades Físico-químicas

IONIZAÇÃO
Propriedades Físico-químicas

IONIZAÇÃO

Eletrólitos: ácidos e bases

• Teoria de Bronsted-Lowry

– Ácido à doa prótons – Base à recebe prótons

HA → H+ + A- B + H+ → BH+

Fármacos: ácidos e
– Ácidos e bases fortes – dissociação completa bases fracos

– Ácidos e bases fracos – dissociação parcial


Propriedades Físico-químicas

IONIZAÇÃO
Eletrólitos fortes (exemplo)
Sais de amônios quaternários

Cloreto de cetilpiridínio
Antisséptico bucal - microorganismos
Propriedades Físico-químicas

IONIZAÇÃO
Propriedades Físico-químicas

IONIZAÇÃO
Propriedades Físico-químicas

IONIZAÇÃO
Propriedades Físico-químicas
Propriedades Físico-químicas
Propriedades Físico-químicas

LIPOFILICIDADE

Coeficiente de partição: O log do coeficiente de partição pode ser determinado através da partição
de um composto entre dois líquidos imiscíveis, sendo uma fase orgânica (octanol) e uma fase
aquosa em um pH, onde as moléculas encontram-se na forma neutra.

Quanto maior o Log P,


maior a lipofilicidade.
Propriedades Físico-químicas

LIPOFILICIDADE
Propriedades Físico-químicas

LIPOFILICIDADE
Propriedades Físico-químicas

LIPOFILICIDADE
Para alcançar uma melhor permeabilidade, deve-se ter um valor de log P moderado (usualmente
entre 0 e 3).

Nesta faixa, é provável que exista um bom balanço entre permeabilidade e solubilidade.
Propriedades Físico-químicas

LIPOFILICIDADE
ABSORÇÃO
Absorção de Fármacos

DEFINIÇÃO

• É a transferência de um fármaco desde o seu local de administração até a circulação sanguínea.

• A velocidade e a eficiência da absorção vai depender, entre outros fatores, da via de administração.
Absorção de Fármacos

BIODISPONIBILIDADE

Biodisponibilidade significa a quantidade de fármaco e a velocidade com a qual esse atinge a corrente
circulatória.

Dois medicamentos são considerados bioequivalentes quando possuem a mesma biodisponibilidade, ou


seja, não apresentam diferenças significativas na quantidade absorvida do fármaco ou na velocidade de
absorção, quando administrado em dose equivalente, sob as mesmas condições experimentais.

A via de administração do fármaco, a sua forma química e certos fatores específicos do paciente como
transportadores e enzimas gastrintestinais e hepáticos combinam-se para determinar a
biodisponibilidadede um fármaco.
Absorção de Fármacos

BIODISPONIBILIDADE
Absorção de Fármacos

BIODISPONIBILIDADE
Absorção de Fármacos
Absorção de Fármacos

BIODISPONIBILIDADE

- Os fármacos de administração intravenosa são


administrados diretamente na circulação sistêmica; para
esses fármacos, a quantidade administrada equivale à
quantidade que alcança a circulação sistêmica. Sua
biodisponibilidade é, por definição, igual a 1,0.

- A absorção gastrintestinal incompleta e o metabolismo


hepático de “primeira passagem” tipicamente fazem com
que a biodisponibilidade de um fármaco de administração
oral seja menor que 1,0.
Absorção de Fármacos
Os órgãos e os tecidos variam acentuadamente na sua capacidade de captar diferentes fármacos, bem
como na proporção de fluxo sangüíneo sistêmico que recebem. As forças que governam a distribuição de
um fármaco entre os diversos tecidos e compartimentos afetam enormemente a concentração do fármaco
no plasma.
Absorção de Fármacos

• Fármacos a serem prescritos por via oral necessitam atravessar a parede do sistema digestivo
para atigir a corrente sanguínea.

• Equilíbrio entre hidrofilicidade/hidrofobicidade é necessário.

• Fármacos polares podem ser administrados por injeção. A vantagem desta forma de administração é
que a biodisponibilidadedo fármaco é muito maior.

• Fármacos orais geralmente seguem a regra de Lipinski (regra dos cinco).


Absorção de Fármacos

REGRA DOS 5 DE LIPINSKI

Baseia-se em critérios físico-químicos que os compostos químicos devem apresentar para poderem ser
absorvidas pelo organismo humano por via oral.
Absorção de Fármacos

TRANSPORTE PASSIVO

• Ocorre sem consumo de energia.


• Maioria dos fármacos entram nas células por este mecanismo.
Absorção de Fármacos

TRANSPORTE ATIVO

Transporte ativo: fármacos entram na célula e há consumo de energia.

Glicoproteína-P promove o efluxo de fármacos sendo um dos mecanismos responsáveis pela


resistência à múltiplas drogas (MDR).
Processo ocorre com consumo de ATP.
Absorção de Fármacos

• Absorção oral
• Difusão lipídica
• Efeito do pH
Absorção de Fármacos
Absorção de Fármacos

ABSORÇÃO ORAL
Absorção de Fármacos

ABSORÇÃO ORAL
Absorção de Fármacos

DRUG LIKENESS (DROGABILIDADE) – Fármacos Orais


Absorção de Fármacos

EXCEÇÕES

Pinocitose – Processo que permite a passagem de grandes moléculas polares (fármacos) para dentro
da célula sem de fato atravessar a membrana celular
Absorção de Fármacos
Absorção de Fármacos

FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO


DISTRIBUIÇÃO
Distribuição de Fármacos

• Após atravessar a parede do sistema digestivo, fármaco entra no sistema sanguíneo (artérias, veias
e capilares).

• Fármacos podem passar através de poros entre células sanguíneas.

• Fármacos absorvidos por via oral são primeiramente levadas ao fígado.

• Enzimas do fígado podem modificar fármacos – metabolismo do fármaco.

• Um certo percentual do fármaco é desativado pelo metabolismo do fígado antes da distruibuição


ocorrer – efeito de primeira passagem.
Distribuição de Fármacos
• A distribuição do fármaco pelo corpo não é igual, pois o suporte sanguíneo é variável dependendo do
local.

• A distribuição é rápida em tecidos e órgãos.

• Fármaco necessita entrar na célula se o alvo está dentro da célula – lipofilicidade vs hidrofilicidade.

• Distribuição é rápida se o alvo estiver na membrana.

• Fármacos lipofílicos podem ser armazenados em tecidos gordurosos e removidos da corrente


sanguínea. Problema em obesos!
Distribuição de Fármacos

• Barrera hematohencefálica: protege que fármacos


polares entrem no cérebro. Aumento de polaridade
da molécula ajuda a reduzir efeitos colaterais no
SNC.

• Placenta: impede que haja contato


entre o sangue materno e fetal.
Porém, nutrientes e produtos
químicos podem atravessá-la.
Distribuição de Fármacos

COEFICIENTE DE DISTRIBUIÇÃO (LogD)

O log do coeficiente de distribuição (logD) pode ser determinado através da partição de um composto
entre dois líquidos imiscíveis, sendo uma fase orgânica (octanol) em um pH específico.
Distribuição de Fármacos
► Log D7,4 < 1: Boa solubilidade, mas baixa absorção, devido a baixa permeabilidade. Os compostos tendem a
apresentar alta eliminação renal.

► 1 < Log D7,4 < 3: É a faixa considerada ideal. Os compostos geralmente têm boa absorção intestinal, devido a um
bom balanço entre solubilidade e permeabilidade. O metabolismo também é favorecido, devido a baixa ligação
às enzimas metabólicas.

► 3 < Log D7,4 < 5: Os compostos apresentam boa permeabilidade, mas a absorção não é significativa, devido a
baixa solubilidade. Os metabolismo é mais expressivo nesta faixa, devido a maior ligação às enzimas
metabólicas.

► Log D7,4 > 5: Nesta faixa, os compostos apresentam baixa absorção e biodisponibilidade, devido a baixa
solubilidade. O metabolismo é alto em função da alta afinidade por enzimas metabólicas.
Distribuição de Fármacos
Distribuição de Fármacos
Os órgãos e os tecidos variam acentuadamente na sua capacidade de captar diferentes fármacos, bem
como na proporção de fluxo sangüíneo sistêmico que recebem. As forças que governam a distribuição
de um fármaco entre os diversos tecidos e compartimentos afetam enormemente a concentração do
fármaco no plasma.
Distribuição de Fármacos
O fluxo sangüíneo também varia acentuadamente entre diferentes sistemas de órgãos, e os que
recebem o maior fluxo são o fígado, os rins e o cérebro (SNC). Esses fatores cinéticos determinam a
quantidade de fármaco que precisa ser administrada para atingir a concentração desejada do fármaco
dentro do compartimento vascular.
Distribuição de Fármacos

VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO DE UM FÁRMACO (Vd)

Representa o volume de líquido necessário para conter a quantidade total do fármaco


absorvido no corpo, numa concentração uniforme equivalente à do plasma no estado
de equilíbrio dinâmico.
Distribuição de Fármacos

VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO DE UM FÁRMACO (Vd)

A proporção de fármaco captada pelo corpo é maior quando o fármaco distribui-se amplamente pelos
tecidos corporais. O Vd é relativamente baixo para fármacos que são principalmente retidos no
compartimento vascular e relativamente alto para aqueles que sofrem ampla distribuição no músculo,
tecido adiposo e outros compartimentos não-vasculares

Numerosos fármacos apresentam volumes de distribuição muito grandes, como: amiodarona (4.620
litros/70 kg), amitriptilina (1.050 L), amlodipina (1.120 L), azitromicina (2.170 L), cloroquina (9.240 L),
clorpromazina (1.470 L), digoxina (645 L), fluoxetina (2.450 L), gefitinibe (1.400 L), haloperidol (1.260 L),
itraconazol (980 L), ivermectina (700 L), olanzapina (1.150 L) e triantereno (940 L).
Distribuição de Fármacos
• Após a administração de uma injeção intravenosa direta, o fármaco é liberado em vários tecidos
através da circulação sistêmica. No início, a concentração do fármaco é maior no compartimento
vascular (sangue); entretanto, subseqüentemente, a concentração sangüínea cai rapidamente à
medida que o fármaco se distribui para os diferentes compartimentos teciduais.

• Uma vez concluída a administração de um fármaco,


observa-se o padrão inverso: fármaco deixa o
compartimento altamente vascular e, a seguir, os
compartimentos muscular e do tecido adiposo,
respectivamente.
Distribuição de Fármacos

ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DIRETA


Concentração do fármaco é maior no compartimento sanguíneo e cai à
medida que o fármaco se distribui acumulando-se, geralmente, nos
tecidos altamente vascularizados.
Os compartimentos teciduais também variam na sua capacidade de
captar os fármacos. Como a massa do compartimento muscular é maior
que a do compartimento altamente vascularizado (CAV), o
compartimento muscular tem maior capacidade de ligação.
O compartimento mais precariamente perfundido é o tecido adiposo (maior capacidade de acumular
fármacos). O nível máximo do fármaco no compartimento do tecido adiposo não é tão alto quanto aquele
observado no compartimento muscular, pois parte do fármaco é eliminado (metabolismo e excreção) antes
de se acumular no no compartimento adiposo.
Distribuição de Fármacos

ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DOSE ÚNICA

Concentração do fármaco aumenta rapidamente à medida que é adicionado ao primeiro


compartimento. Na ausência de eliminação, a elevação inicial na concentração do fármaco é seguida de
rápido declínio para um novo platô, quando o fármaco equilibra-se (distribui-se) entre os dois
compartimentos
Distribuição de Fármacos

ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DOSE ÚNICA

Se a distribuição do fármaco for limitada ao volume sanguíneo, a concentração plasmática irá declinar
mais lentamente à medida que o fármaco for eliminado do corpo. Em ambos os casos, à medida que a
concentração do fármaco no plasma diminui, as forças que impulsionam a distribuição (slide anterior) e
a eliminação (figura abaixo) do fármaco diminuem, e a quantidade absoluta de fármaco distribuída ou
eliminada por unidade de tempo diminui.
Distribuição de Fármacos

ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DOSE ÚNICA


Observe que a curva abaixo é a soma dos dois processos mostrados nos dois slides anteriores. Nos
esquemas apresentados à esquerda da figura, o volume no compartimento “Sangue” representa a
concentração plasmática do fármaco, enquanto o volume no compartimento “Volume extravascular”
representa a concentração tecidual, o conta-gotas acima do compartimento “Sangue” representa a
absorção do fármaco na circulação sistêmica, e as gotas abaixo do compartimento “Sangue”
representam a eliminação do fármaco por metabolismo e excreção.
Distribuição de Fármacos

BARREIRAS TECIDUAIS ESPECÍFICAS

• Barreira Hematoencefálica: 98% dos medicamentos


em potencial não ultrapassam essa barreira.

• Placenta.

• Glândula mamária.

• Testículos.
Distribuição de Fármacos

LIGAÇÃO ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS


Distribuição de Fármacos

LIGAÇÃO ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS


Distribuição de Fármacos

LIGAÇÃO ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS

Fármacos são administrados em associação para facilitar que fármacos que possuem grande afinidade
pela proteínas plasmáticas, como a albumina, possam ficar livres no sangue. Está prática pode levar a
efeitos terapeutivos e tóxicos aumentados.
METABOLISMO
Metabolismo de Fármacos

Xenobiótico = Toda e qualquer


Definição substância estranha a um

- Modificação na estrutura química de xenobióticos. organismo ou sistema biológico.

Reações Químicas

- Oxidação, redução, hidrólise e conjugação.

Locais onde ocorre

- Pode ocorrer em muitos tecidos.


Ex: TGI, cérebro, pulmão, sangue e majoritariamente no fígado.
Metabolismo de Fármacos
Objetivo geral da biotransformação

• Favorecer o processo de eliminação de


xenobióticos.

- Aumentando a polaridade das substâncias.


- Tornar uma substância mais hidrofílica.
Metabolismo de Fármacos
Efeitos possíveis

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Metabolismo de Fármacos
Pró-fármacos

• Ciclofosfamida só se torna ativa depois de metabolizado no fígado; por isso, ele pode ser administrado por via
oral sem causar danos graves ao epitélio gastrointestinal.

• Levodopa é absorvida do trato gastrointestinal e atravessa a barreira hematoencefálica através de um mecanismo


de transporte de aminoácidos antes de ser convertida em dopamina ativa nas
terminações nervosas dos gânglios da base.

• Z i dovudina somente é fosforilada em seu metabólito trifosfato ativo, em células que contêm a apropriada
transcriptasereversa, conferindo, assim, toxicidade seletiva para as células infectadas com o HIV.

• Diacetilmorfina (“heroína”) é um pró-fármaco que atravessa a barreira hematoencefálica ainda mais rápido que
os seus metabólitos ativos, morfina e 6-monoacelilmofina, sendo responsável pelo aumento da excitação e,
consequentemente, do potencial abuso.
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Metabolismo de Fármacos
Fases da metabolização dos fármacos
- Reações de fase I: reações de oxidação, redução e hidrólise.
- Reações de fase II: reações de conjugação
Metabolismo de Fármacos
Estruturas de vitaminas hidrossolúveis
- Vitaminas do complexo B: B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e vitamina B12. Substâncias eliminadas
sem sofrer
- Vitamina C metabolismo

Vitamina B12
Metabolismo de Fármacos

• Compostos absorvidos oralmente passam através do fígado antes de serem distribuidos no resto do
corpo.

• Um percentual do fármaco absorvido oralmente é metabolizado no fígado antes de ser distribuido pelo
corpo – Efeito de primeira passagem.

• Compostos absorvidos por outras vias evitam o efeito de primeira passagem e podem circular pelo
corpo antes de chegarem ao fígado.
Metabolismo de Fármacos
Efeito da lipofilicidade na absorção e no tempo de meia-vida

LIPOFILICIDADE METABOLISMO

• Enzimas metabolizadoras geralmente apresentam um sítio de ligação lipofílico e, portanto, aceitam


moléculas lipofílicas;

• Remoção ou redução de grupos lipofílicos, ou ainda a introdução de grupos mais polares;

• Tais intervenções nem sempre são bem-sucedidas, uma vez que grupos lipofílicos podem estar
envolvidos na ligação com o alvo terapêutico.
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I (oxidações, reduções e hidrólise) e fase II (conjugações)

• Reações de fase II ocorrem quase exclusivamente no fígado. Nestas reações, grupos polares são ligados
a molécula/metabólito que já sofreu modificações de fase I. Assim, as moléculas se tormam muito
polares facilitando suas excressões pelos rins ou bile.

• Reações de fase I e II podem ser específicas necessitando de estudos metabólicos in vivo.

• Metabólitos formados em animais não necessariamente são os mesmos a seremformados em humanos.

• Importante conhecer os tipos de reações metabólicas experadas para a escolha do modelo animal
adequado a ser utilizado para ensaios de metabolismo de fármacos.
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I
Reações oxidativas não-microssomais
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I
Reações oxidativas microssomais

- Enzimas oxidases de função mista (MFO) ou mono-oxigenases.


- Necessitam de um agente redutor NADPH (fosfato dinucleotídeo de nicotinamida e
adenina) e de oxigênio molecular (O2).
- Principais enzimas:
- Citocromo P450 ou CYP

Hemeproteínas apresentam o sistema heme e ferro.


Catalisam a reação que cliva oxigênio molecular de modo a
um dos átomo de oxigênio ser capturado pelo fármaco e o
outro átomo pela água. Como resultado, são classificadas
como mono-oxigenases.
Metabolismo de Fármacos

Responsável pelo
metabolismo da maioria
dos fármacos.
Metabolismo de Fármacos
Metabolismo de Fármacos
Reação de redução Reações de fase I
Metabolismo de Fármacos
Reações de hidrólise Reações de fase I
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I
Reações de hidroxilação aromáticas
Eletrófilo = afinidade por nucleófilos.
Gosta de elétrons (negativo). Ex:
espécies positivas.

Nucleófilo = afinidade por eletrófilos.


Gosta de prótons (positivo). Ex:
espécies negativas ou neutras com
pares de e- livres

Espécie eletrofílica = pode reagir com DNA.


Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I
Metabolismo de Fármacos
Reações de fase I

Indução enzimática

- Aumenta a expressão de CYP através do aumento de sua síntese.


- Aumenta o metabolismo.
- Diminui o tempo de meia-vida dos fármacos.

Indutores: Fenobarbital, Fenitoína, Carbamazepina, Primidona, Rifampicina,


Fumo, Álcool crônico*, alimentos (carne vermelha queimada em carvão) e
erva-de-são-João.
Metabolismo de Fármacos
Indução enzimática

- Efeito da indução enzimática de CYP3A.

- Nifedipina sozinha (diamantes)


- Nifedipina com Nafcilina (quadrados).
Metabolismo de Fármacos
Indução enzimática

- Efeito da indução enzimática de CYP3A4.

- Indinavir sozinho (linha sólida)


- Indinavir com concomitante erva-de-são-João (linha tracejada).
Metabolismo de Fármacos
Indução enzimática

- Inibem a atividade enzimática da CYP impedindo o metabolismo de substratos


endógenos ou de outros fármacos coadministrados através de inibição competitiva.

Inibidores: Cimetidina, Azóis,


Omeprazol, Fluoxetina, Amiodarona,
Floxacinas, Diclofenaco, Eritromicina,
Valproato, Grape-Fruit e Ginkgo Biloba.

Inibição da CYP51 de Trypanossoma cruzi pelo fluconazol


Metabolismo de Fármacos
Alguns Inibidores de CYP
Metabolismo de Fármacos
Inibição enzimática
- Efeito do suco de grapefruit na concentração plasmática de felodipino
Metabolismo de Fármacos
Inibição enzimática
- Efeito do suco de grapefruit na concentração plasmática de felodipino
Metabolismo de Fármacos
Reações de Fase II
- Fármacos ou metabólitos com grupos polares.
- Reações de conjugação com substâncias endógenas.
- Conjugados (altamente hidrofílicos) na maioria das vezes são inativos.
- Enzimas (microssômicas e citossólicas) de transferência específicas (transferases).
Metabolismo de Fármacos
Reações de Fase II
Uma variedade de grupos funcionais como: sulfonamidas, amidas, aminas e thiois podem reagir para
formar N- ou S-glicuronídeos.
Metabolismo de Fármacos
Reações de Fase II

• De maneira geral, a maior polaridade de metabólitos de fase I não é suficiente


para assegurar sua eliminação pela principal via de excreção dos fármacos, a
renal.

• Esses metabólitos podem sofrer reações enzimáticas por meio do metabolismo


de fase II.
Metabolismo de Fármacos
Acetilação da isoniazida
Metabolismo de Fármacos
Reações de Fase II
Metabolismo de Fármacos
Metabolismo de Fármacos
Efeito da lipofilicidade na absorção e no tempo de meia-vida

Coeficiente de partição P
Fármaco Absorção gastrointestinal (%) Tempo de meia-vida (h)
[CHCl3/MeOH:H2O (16:84)]
Digitoxina 96,5 100 144

Digoxina 81,5 70-85 38


Metabolismo de Fármacos
Contribuições relativas de várias vias de fase II

UGT – UDP-glicuroniltransferase
GST – glutationa-S-transferase
SULT – sulfotransferase
NAT – N-acetiltransferase
Metabolismo de Fármacos
Polimorfismo genético
Metabolismo de Fármacos
Polimorfismo genético

• A UDP-glicuronil transferase (UDPGT) é responsável pela conjugação da bilirrubina no fígado, facilitando


a sua excreção.

• A deficiência congênita dessa enzima no nascimento faz com que o bebê corra risco de desenvolver
icterícia neonatal.
Metabolismo de Fármacos
Polimorfismo genético
SÍNDROME DO BEBÊ CINZENTO

• Reação adversa devido ao uso de cloranfenicol pela gestante.

• Baixa capacidade de conjugação hepática (glicuronidação).

CIANOSE
EXCREÇÃO
Excreção de Fármacos

ROTAS DE EXCREÇÃO

• Pulmões – geralmente anestésicos (gases)

• Pele (suor)

• Leite materno – nicotina (amamentação – CUIDADO!)

• Bile – ex.: morfina

• Rins – principal rota de excreção


Excreção de Fármacos

EXCREÇÃO x ELIMINAÇÃO

Excreção

É quando há eliminação do fármaco sem que ele tenha sofrido biotransformação.

Eliminação

É a eliminação do fármaco após sofrer biotransformação.


Biotransformação + excreção = eliminação
Excreção de Fármacos

O equilíbrio relativo das taxas de filtração, secreção e reabsorção determina a cinética de eliminação
dos fármacos pelos rins. O aumento do fluxo sangüíneo, taxa de filtração glomerular e diminuição da
ligação às proteínas plasmáticas causam uma excreção mais rápida do fármaco (aumento da filtração no
glomérulo). Embora a reabsorção possa diminuir a taxa de eliminação de um fármaco, muitos fármacos
sofrem seqüestro no túbulodistal (devido aopH ~ 6,5) sendo excretados eficientemente na urina.

Para os fármacos que dependem do rim para eliminação, o comprometimento da função renal pode
resultar em concentrações plasmáticas mais altas do fármaco, de modo que é preciso modificar suas
doses e freqüências de administração.
Excreção de Fármacos

ELIMINAÇÃO DE FÁRMACOS LIPOFÍLICOS E HIDROFÍLICOS


Excreção de Fármacos
Excreção de Fármacos

Moléculas com MM > 300 redirecionados pelo canal da bile para o intestino. Assim, essas moléculas
ganham uma segunda chance de serem absorvidas e levadas para o sistema sanguíneo.
Excreção de Fármacos
Circulação entero-hepática

1 - Administração
2 - Absorção
3 - Conjugação com ácido glicurônico
4 - Canal biliar
5 - Retorno ao intestino
6 - Alta concentração β-glicuronidase
7 - Conjugação com ácido glicurônico
8 - Eliminação renal

Consequência:
- Aumenta o tempo de meia-vida
Excreção de Fármacos
Processos básicos:
- Filtração glomerular
- Secreção tubular ativa
- Reabsorção
Excreção de Fármacos
Filtração glomerular
- Processo passivo
- Apenas fármacos livres
- Filtra substâncias com PM < 20 kDa
- Representa 20% da eliminação
Excreção de Fármacos
Processo de Secreção tubular ativa:
- Processo ativo (saturável).
- Utiliza transportadores.
- Substâncias que não sofreram filtração.
Excreção de Fármacos
Processo de reabsorção:
- Processo passivo.
- Apenas fármacos lipofílicos.
- Influência da variação de pH.
Excreção de Fármacos
Fatores que afetam a eliminação renal de fármacos

- Idade.
- pH da urina.
- ácida ou basica
- Ligação com proteínas plasmáticas.
- Fármaco livre ou ligado
- Interações medicamentosas.
- Fármacos que aumentam a reabsorção
- Doenças
Excreção de Fármacos
Influência do pH urinário na excreção de fármacos

- Grau de ionização de fármacos com características ácidas e básicas


- Relacionado com o processo de reabsorção tubular.
Excreção de Fármacos
Influência do pH urinário na
excreção de fármacos
Excreção de Fármacos
Influência do pH urinário na excreção de fármacos
Excreção de Fármacos
Influência do pH urinário na excreção de fármacos
Excreção de Fármacos
Influência do pH urinário na excreção de fármacos

Fármaco Excreção

Ácidos Urina ácida Urina básica

• Fenobarbital
• Salicilatos
• Fenilbutazona
•Ácido Nalidíxico
• Acetazolamida

Básicos

• Anfetaminas
• Quindina
• Imipramina
•Amitriptilina
• Nicotina
• Morfina
Excreção de Fármacos
Influência do pH urinário na excreção de fármacos

Aceleramento do processo de eliminação:


- Acidificação ou alcalinização da urina

Acidificação da urina = aumenta a eliminação de substâncias básicas


- Ácido ascórbico (vitamina C)

Alcalinização da urina = aumenta a eliminação de substâncias ácidas


- Citrato de potássio
- Frutas: Amora, morango, framboesa, maçã, damasco, pera, pêssego; Mamão,
abacaxi, melancia, melão, melada e banana; Uva, uva-passa e cereja; Abacate e
azeitona verde
APLICAÇÃO
Aplicação da Farmacocinética
Aplicação da Farmacocinética
Aplicação da Farmacocinética
Aplicação da Farmacocinética
Aplicação da Farmacocinética

VARIÁVEIS FARMACOCINÉTICAS DE DIVERSOS FÁRMACOS


Fatores que alteram a Farmacocinética
Fatores que alteram a Farmacocinética
Fatores que alteram a Farmacocinética
Obrigada!

E-mail: livia.feitosa@far.fiocruz.br

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