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Psicofarmacologia Clínica

Prof. Dr. Moacyr Luiz Aizenstein


Departamento de Farmacologia
FÁRMACO

• Substância química conhecida e de


estrutura química definida utilizada para
alterar funções no organismo.

• Pharmakon ( grego ) = remédio ou veneno


dependendo da dose.
Exemplos de psicofármacos

Diazepam Carbamazepina

Fluoxetina Risperidona
Farmacologia

Estudo das propriedades físico–químicas


( absorção, distribuição, biotransformação,
excreção ), ações bioquímicas e fisiológicas,
efeitos desejados e adversos e as indicações
terapêuticas dos FÁRMACOS
Psicofarmacologia Clínica
Definição :
✔ Estudo dos fármacos utilizados para o
tratamento das doenças psiquiátricas.

✔ Estudo dos agentes farmacológicos que


afetam as funções mentais e emocionais
( humor, cognição, comportamento,
personalidade ).
Fármaco
(Princípio ativo) Medicamento
Fármaco
(Princípio ativo) Medicamento

Excipientes
Fármaco
(Princípio ativo) Medicamento

Excipientes

- substâncias inertes
- possibilitar a preparação do medicamento
- melhorar a estabilidade, a disponibilidade biológica do
fármaco e a aceitabilidade do paciente
Fármaco
(Princípio ativo) Medicamento

Lactose, amido
Metilcelulose,
Laurilsulfato de sódio,
estearato de cálcio
Excipientes

- substâncias inertes
- possibilitar a preparação do medicamento
- melhorar a estabilidade, a disponibilidade biológica do
fármaco e a aceitabilidade do paciente
Medicamento inovador ( referência )

É aquele que apresenta marca


comercial e que obteve o primeiro
registro para comercialização (
patente)
Medicamento genérico
Medicamento intercambiável com o medicamento de
referência.
Deve conter o mesmo fármaco, na mesma dose, mesma
forma farmacêutica e mesma via de administração do
medicamento de referência.
Testes de perfil de dissolução equivalentes (quando
sólidos: desintegração,desagregação e dissolução).

❑ Testes de bioequivalência + ( estudo comparativo das


biodisponibilidades).
BIODISPONIBILIDADE E
BIOEQUIVALÊNCIA
Biodisponibilidade: É a fração do fármaco
administrado que foi absorvido na corrente circulatória.

Bioequivalência: comparação da absorção de dois


medicamentos, sendo um deles referência, na mesma
forma farmacêutica administrada na mesma dose e
mesma via
✔ Ex.: genéricos x referência
Medicamentos
Introdução à Farmacologia

Farmacocinética e Farmacodinâmica
Vias de administração

Formas Farmacêuticas
Formas Farmacêuticas - Via Oral

Líquidas Sólidas
▪ Xaropes ▪ Pós
▪Suspensões ▪ Cápsulas
▪Soluções ▪Comprimidos
▪ Drágeas
Administração parenteral

• Subcutânea (SC)
• Intramuscular (IM)
• Endovenosa (EV)
Outras vias de administração

• Inalatória
• Retal
• Dérmica
• Ocular
Administração

oral i.m. s.c.


i.v.

absorção
Fármaco na distribuição
circulação sistêmica
biotransformação Farmacocinética
excreção

Fármaco no
sítio Farmacodinâmica
de ação

Efeito farmacológico

Resposta clínica
Farmacocinética (ADME)
• Absorção
• Distribuição
• Metabolismo ( Biotransformação)
• Excreção
FARMACOCINÉTICA
Conceito

– diferentes etapas por que passam os


fármacos desde sua administração até
chegar em seu local de ação.

ou:

– o que o organismo faz com os fármacos.


ABSORÇAO DE FÁRMACOS

Passagem do local de administração até


a corrente circulatória
Circulação
Absorção sistêmica
(sangue)
Circulação
Absorção sistêmica
(sangue)
ABSORÇÃO DE FÁRMACOS (vo)
Fatores que influenciam

✔ Forma farmacêutica
✔ Lipossolubilidade
✔ Velocidade de esvaziamento gástrico
▪ Presença de alimentos
✔ Interações com outros fármacos
DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS

Após a absorção fármaco distribui-se para


os tecidos e órgãos
Distribuição depende do débito cardíaco e
fluxo sanguíneo regional:

Órgãos bem irrigados recebem o fármaco


inicialmente
coração – fígado – rins – cérebro
Órgãos menos irrigados recebem o fármaco
tardiamente
músculos – vísceras – pele – gordura
distribuição

Circulação
sistêmica
(sangue)
FATORES RELACIONADOS A
DISTRIBUIÇÃO
✔ Ligação a proteinas plasmáticas (albumina,
globulina)

✔ Volume de distribuição ( Vd )

✔ Tempo de meia vida (t½)


Meia vida de eliminação

• Definição : Tempo necessário para que a


concentração plasmática do fármaco decline
para a metade.
REDISTRIBUIÇÃO

• Fármaco migra do local em que


inicialmente se instalou, volta para a
corrente circulatória e se redistribui pelo
organismo.
Barreiras biológicas

• Barreira hematoencefálica
– células endoteliais dos capilares cerebrais
com junções estreitas e células da glia

• Barreira placentária

• Passagem pelas barreiras: moléculas


pequenas e mais lipossolúveis
Biotransformação
O fármaco sofre reações químicas, geralmente
mediadas por enzimas, que o convertem em um
composto diferente do originalmente administrado
(metabólito) com natureza mais hidrossolúvel.

Substâncias hidrossolúveis são excretadas mais


facilmente do organismo.

METABÓLITOS : ativos ou inativos.

Principais locais de biotransformação: fígado,


plasma, rins, pulmões, trato gastrintestinal.
Enzimas do sistema P450
Biotransformação de Psicofármacos
INIBIÇÃO ENZIMÁTICA

• CYP1A2: cimetidina
• CYP3A4/5: cetoconazol, eritromicina, amiodarona,
cimetidina
• CYP2C19: flluoxetina, cetoconazol, omeprazol
• CYP2D6: clomipramina, haloperidol, fluoxetina,
bupropiona

Diminuição da biotransformação de outros fármacos


metabolizados pela mesma isoenzima
Indução enzimática

Administração repetida do fármaco

Aumento da expressão e atividade enzimática (CYP)

Aumento da biotransformação
Indutores enzimáticos

• Fenobarbital
• Fenitoína
• Carbamazepina
• Rifampicina
• Tabaco
• Etanol
Exemplos
Indução enzimática :

✔ Fenobarbital : Situação clínica : uso crônico de


anticonvulsivantes.

✔ Rifampicina : Situação clínica : associação com


anticoncepcionais.
Fatores que afetam a biotransformação
• Idade

•Fatores genéticos
✔ Polimorfismo

• Sexo

•Exposição a inibidores

•Exposição a indutores

•Doença hepática
EXCREÇÃO DE FÁRMACOS

• Processo de eliminação dos fármacos, inalterados


ou seus metabólitos, do organismo
• Principal via de excreção: RENAL

• Outras vias de excreção:


– Pulmonar
– Biliar, fecal
– Leite materno
– Suor
– Saliva
– Cabelo
Excreção Renal de Fármacos

URINA
FARMACODINÂMICA
FARMACODINÂMICA

• Estuda a relação entre a concentração (do


fármaco) no seu local de ação, e a
intensidade dos efeitos alcançados

• O que os fármacos fazem no organismo


Mecanismo de Ação de
Fármacos
RECEPTORES: Macromoléculas orgânicas
(proteínas) nas quais os fármacos se ligam.

BIOLOGIA MOLECULAR: Descoberta de genes


(genoma humano) que codificam as proteínas
(receptores).
Receptores

Interação fármaco - receptor


RECEPTOR ADRENÉRGICO

Extra-cel
ular

Intra-cel
ular
RECEPTOR ADRENÉRGICO
RECEPTOR ADRENÉRGICO
Sítio de ligação da adrenalina/noradrenalina

Ser OH - OOC Asp


188 106

Ser OH
192

OH
Phe
163
Sítio de ligação da adrenalina/noradrenalina
HO +
HO C C N

Ser OH - OOC Asp


188 106

Ser OH
192

OH
Phe
163
OH
Ligação
Ligação iônica
de hidrogênio

Ser O HO
- OOC Asp

Ser O HO C C N+

OH

Phe

Van der Waals


Interação fármaco - receptor

F+R FR
agonista

efeito
receptor receptor

Ativação do receptor
Interação fármaco - receptor

F+R FR
Interação fármaco - receptor

Afinidade – ligação do fármaco ao sítio de ligação do receptor


“chave – fechadura”

F+R FR
Interação fármaco - receptor
Afinidade – ligação do fármaco ao sítio de ligação do receptor
“chave – fechadura”

F+R FR estímulo efeito

Atividade intrínseca:
capacidade do fármaco modificar o receptor e gerar estímulo
Fármaco nos sítios
de ação

Interação com
receptores

Alterações bioquímicas
intracelulares

Alterações bioquímicas
intracelulares

Efeitos farmacológicos

Resposta clínica
Classificação dos fármacos

• Agonista pleno : efeito máximo ( ex. Fentanila -


Fentanil ® )

• Agonista parcial : efeito intermediário ( exs.


Buspirona – Buspar ® e Aripiprazol - Abilify ® )

• Antagonista : bloqueia o agonista ( ex. Haloperidol-


Haldol ® )
Agonista pleno

100 Agonista parcial


Efeito %

75

50

25
Antagonistas
agonista

receptor
efeito
receptor

antagonista

Não ocorre ativação do receptor


receptor Bloqueia o efeito do agonista
100
Efeito do agonista (%)

50

Concentração do agonista
DOSE EFICAZ ( DE )

• DOSE EFICAZ 50% (DE 50) : Dose


que produz o efeito desejado (ex.:anestesia)
em 50% da população testada.
Curva dose - efeito para um agonista
DOSE TÓXICA ( DT )

• DOSE TÓXICA 50% ( DT 50) : Dose que


produz um efeito tóxico ( ex. depressão do
Centro Respiratório utilizando anestésico ) em
50% da população testada.
Índice Terapêutico
INDICE TERAPÊUTICO ( IT )

• IT = Relação entre (DL50) / ( DE50 )


• Ex. 5 mg Fenobarbital: sono
• 40 mg Fenobarbital : coma
• IT Fenobarbital = 40/5 = 8
JANELA TERAPÊUTICA

❖ Eficácia : Produção do efeito desejado

❖ Segurança : Relação risco / benefício


Efeito

Início do efeito
Efeito máximo

Tempo
Efeito

Início do efeito
Efeito máximo

Intensidade

Duração do efeito

Tempo
Efeito Concentração
para o efeito tóxico
Início do efeito
Efeito máximo
Janela terapêutica

Intensidade

Concentração mínima eficaz


para efeito desejado
Duração do efeito

Tempo
EFEITOS

DESEJÁVEL INDESEJÁVEL

TERAPÊUTICO COLATERAL ADVERSO


OU
TÓXICO
EFEITOS
80

Efeitos adversos severos: alcolase respiratória,


Conc. Plasmática de salicilato (mg/dl)

acidose metabólica, insuficiência renal e respiratória,


60
colapso cardiovascular

40 Faixa terapêutica - febre reumática


(efeitos adversos: náusea, vômito, hiperventilação)

Faixa terapêutica - anti-inflamatório


20 (efeitos adversos: vertigem, cefaléia, perda da audição)

Faixa terapêutica - analgésico, antipirético e


anti-agregante (efeitos adversos: intolerância gástrica)
Farmacoterapia

Ramo da ciência relacionado à aplicação de


medicamentos com o objetivo de prevenir,
controlar ou curar doenças
Ensaios Clínicos

✔Fornecerão as bases científicas para as decisões


terapêuticas que deverão ser tomadas à partir dos
resultados e conclusões destes ensaios.
Farmacoterapia

Conhecimento científico

Farmacoterapia baseada em evidências

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