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ETANOL / ALCOOL ETÍLICO

ASPECTOS
FARMACOLÓGICOS
sangue
Ingestão de
etanol

absorção

Etanol na distribuição Farmacocinética


circulação sistêmica
biotransformação
excreção

Etanol no sítio
de ação
Farmacodinâmica

Efeitos farmacológicos
ABSORÇÃO,DISTRIBUIÇÃO E
METABOLISMO
• Rápida absorção através do estômago e do
intestino.
• Corrente circulatória → cérebro, rins ....
• Metabolismo no estômago e no fígado pela
enzima “álcool desidrogenase” (ADH) e
CYP2E1.
• 10 ml de álcool são metabolizados por hora
formando acetaldeido ( indivíduo de 70kg ).
Absorção
Intestino delgado
- 70 – 80% do etanol
- absorção rápida
Estômago
- absorção lenta

Alimento retarda o
esvaziamento gástrico e a
absorção de etanol
• Homens tem metabolismo
gástrico maior portanto
menor absorção que
mulheres.
jejum
etanolemia

após alimentação

Tempo (horas)
Interações na absorção

• Antagonistas H2 (cimetidina , ranitidina, etc.)


Inibem ação da ADH no estômago

- Aumentam a concentração sérica do álcool


Interações na absorção

• AAS inibe ADH no estômago = aumenta


biodisponibilidade do álcool.

• Álcool indutor do sistema enzimático P 450


do figado = diminui os níveis de alguns
fármacos → tolerância metabólica.
Interações na absorção
Fármacos que aceleram o esvaziamento gástrico
– Exemplos: metoclopromida, eritromicina,
cisaprida
– Aceleram absorção de etanol

Fámacos que diminuem a motilidade do trato


gastrintestinal Ex. Loperamida
– Retardam o esvaziamento gástrico e
retardam a absorção de etanol
Distribuição
• Meia vida de distribuição: 7 – 8 minutos
• Etanol não se liga a proteínas plasmáticas
• Alta solubilidade na água corpórea
– Vd = 0,5 l/kg em mulheres
– Vd = 0,65 l/kg em homens

– Atravessa a placenta
Eliminação
• Excreção
– Etanol excretado na forma inalterada ( 2%-10%)
• Pulmões
• Rins
• Suor
• Leite materno
Biotransformação
– Biotransformação

90 – 98% do etanol convertido a acetaldeído no


fígado - 7 – 10 g de etanol / h (adulto 70 kg).

• Enzimas :
• Álcool desidrogenase
• CYP2E1
Biotransformação

Álcool desidrogenase Monoxigenase do citocromo P450


CYP2E1
(~ 90%)
(~ 10%)
Biotransformação
Isoenzimas da álcool desidrogenase (ADH) humana

http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arh294/245-255.pdf
Acetaldeído desidrogenase

▪ Enzima NAD-dependente
▪ ALDH2 – maior afinidade por acetaldeído
▪ Polimorfismo
Isoenzimas da aceldadéido desidrogenase (ALDH)
Dissulfiram

X
Dissulfiram

X
Dissulfiram (Antabuse®)
• Aumenta concentração de acetaldeído
– Vasodilatação
• face quente, rubor intenso
• cefaléia pulsátil
• sudorese
• sede
• dificuldade respiratória
• nausea, vomito, fraqueza, vertigem
• visão turva
• hipotensão
• choque
Fármacos que associados ao etanol
causam reações tipo dissulfiram
• Cefalosporinas
• Furazolidona
• Sulfoniluréias
– Clorpropamida, tolbutamida e tolazamida
• Itraconazol
• Cetoconazol
• Metronidazol
• Pargilina
• Quinacrina
neoglicogenese

piruvato lactato

NADH NAD+

oxaloacetato
NADH

NAD+

NAD+ NADH NADH NAD+

etanol acetaldeído acetato


Interações
• Álcool + Fármacos anti-diabéticos :
Sulfoniluréias e insulina

Provocam hipoglicemia por diminuírem a


neoglicogênese ( formação de glicose no
fígado ) .
• Administração de glicose em pacientes
alcoolizados.
Biotransformação

Álcool desidrogenase Monoxigenase do citocromo P450


CYP2E1
(~ 90%)
(~ 10%)
Sistema P450

CYP2E1

família isoforma
subfamília
Sistema P450
• Etanol
– Substrato de CYP2E1
H3C – CH2OH
H+ , O 2
NADPH
CYP2E1
H 2O
NADP+
O
H3C – CH

Acetaldeído desidrogenase

Ácido acético
Interações
• Substâncias metabolizadas pela CYP2E1

– Fenitoína, varfarina, amitripitilina, nortripilina,


acetaminofeno, cafeína, teofilina, fenobarbital.

– Anestésicos halogenados: halotano, enflurano,


sevoflurano, metoxiflurano, isoflurano.
Interações

• Ingestão aguda de etanol


– Competição do fármaco com etanol pelo
metabolismo de CYP2E1
• Inibição do metabolismo do fármaco e do
etanol
• Aumento das concentrações plasmáticas de
ambos
Interações

• Ingestão crônica de etanol


– Indução de CYP2E1- aumento de 2 – 3 vezes da
atividade
• Aumento do metabolismo de fármacos
substratos de CYP2E1
– Diminuição da concentração
– Produção de metabólitos tóxicos
» Exemplo: paracetamol
N-acetil-p-benzoquinona imina
Farmacodinâmica
Mecanismo de ação do
etanol
Mecanismo de ação do
Etanol
Potencialização dos efeitos inibitórios da transmissão
GABAérgica.
Bloqueio dos efeitos excitatórios da transmissão
glutamatérgica.

Uso crônico
– Diminui sensibilidade transmissão gabaérgica
inibitória (down regulation).
– Aumenta sensibilidade da transmissão
glutamatérgica excitatória ( up regulation ).
Receptor GABA
Canal iônico - Receptor GABAérgico

Cl- Cl -
-
- Cl - GABA
Cl Cl
Extra-celular

Intra-celular

Cl-
Cl -
Cl - Cl-
GABA

Cl - Cl-
Mecanismo de ação do
etanol
Cl- - -
Cl Cl
Cl- Cl-
Cl -
Cl-
Extra-celular
GABA

Intra-celular

Cl- Cl- Cl-


Mecanismo de ação do
etanol
-
-
Cl
Cl
Cl -
Cl-
Extra-celular
ETOH GABA

Intra-celular

-
Cl - - Cl Cl
-
Cl
-
- Cl
Cl- Cl
Cl-
Mecanismo de ação do etanol

Ca2+ ETOH
glutamato
Extra-celular

Intra-celular

Ca2+
Mecanismo de ação do etanol

glutamato Ca2+

Extra-celular
ETOH

Intra-celular
INTOXICAÇÕES

• AGUDA : diminui controle motor,prejudica crítica,


impulsividade , depressão respiratória e coma.

• CRÔNICA : neuropatias periféricas, dependência


e síndrome de abstinência (delirium tremens).
Principais efeitos do etanol
Conc. sang. Efeitos
(mg/100ml)

0,02 -0,04 relaxamento, sensação de calor, de alegria, rubor

0,05 desinibição, diminuição do controle dos


pensamentos, do auto-controle e da capacidade de
julgamento, tontura

0,06 prejuízo da avaliação das capacidades individuais


e do processo de tomada de decisões

0,08 comprometimento da coordenação motora,


diminuição da velocidade dos reflexos, dormência na
face, braços e pernas
Principais efeitos do etanol

Conc. sang. Efeitos


(mg/100ml)

0,10 lentificação dos reflexos, deterioração do


controle dos movimentos voluntários

0,20 controle motor e emocional consideravelmente


afetados, fala pastosa, perda do equilíbrio,
visão dupla

0,30 confusão mental, perda da consciência

0,40 perda da consciência, pele fria e úmida,

0,50 depressão respiratória e morte


Unidades de álcool em cada dose de bebida

Quantidade de Álcool = Volume x Teor Alcoólico)


Gramas de Álcool = Volume de Álcool x 0,8 (densidade do álcool)
Mulheres
Homens
Padrões de consumo de álcool
• Beber com moderação
– Baixo risco ou beber com responsabilidade
• Mulheres: até 1 dose/dia
• Homens: até 2 doses/dia
• Beber “leve”
– Sem padrão definido, beber menos do que padrão
moderado
• Beber “pesado”
• Mulheres: acima de 1 dose/dia
• Homens: acima de 2 doses/dia
• Embriaguez
– Consumo de etanol que atinge concentração plasmática > 0,08%
• Homens: > 4 doses
• Mulheres: > 3 doses 2 horas

• Beber abusivo
– Padrão que compromete a saúde do indivíduo e/ou relações sociais
• Dependência
– Perda do controle do uso
Ações no Sistema Cardiovascular

• Beber com moderação :


– Diminui o risco de doenças coronarianas
• Aumento de HDL
• Redução de fibrinogênio
• Aumento da fibrinólise
• Diminuição da agregação plaquetária
• Efeito antioxidante
• Diminuição de marcadores de inflamação
– Proteína reativa C
Sistema cardiovascular
• Beber excessivo :
– Hipertensão
– Cardiopatia alcoólica
– AVC
– Aumento da mortalidade
Ações no SNC

• Depressor do SNC (efeito ansiolítico).


• Desinibição comportamental (superego).
• Provoca neuroadaptação, dependência e
síndrome de abstinência.
• Intoxicação : anestesia e depressão
respiratória grave.
Interações no SNC

• Psicofármacos
– Benzodiazepínicos, antidepressivos, barbitúricos,
opióides, antipsicóticos
• Aumento da sedação e prejuízo motor

• Outros depressores do SNC


– Anti-histamínicos (antagonistas H1)
EFEITOS EM OUTROS LOCAIS

• Musculatura esquelética : diminui


força muscular chegando até miopatias.
• Sistema gastrintestinal : refluxo esofágico,
gastrite, diarréia crônica, pancreatite,fígado
gorduroso, hipovitaminose.
• Sistema urinário-sexual : inibe HAD,
aumenta o libido e dificulta execução ( no
homem).
USOS CLÍNICOS DO ETANOL

• Neuralgia do trigêmio (álcool desidratado).


• Dor inoperável : injeção paravertebral.
• Rubefaciente : (compressa local)
• Refrescante : (evaporação local)
• Síndrome de abstinência ao álcool.
Danos à saúde
• Sistema nervoso
- demência alcoólica
- neuropatias
- degeneração cerebelar

• Sistema gastrintestinal
- hepatite alcoólica
- cirrose
- úlceras gástrica e duodenal
Danos à saúde
• Olho e pele
-hiperemia conjuntival
- edema de pálpebra
- dermatite seborréica

• Hematológico/Imunológico
- distúrbios da coagulação
- tendência a infecções

• Endócrino/reprodutivo
- hipoglicemia
- diminuição da libido
- impotência
Danos à saude

• Câncer
- cavidade oral
- esôfago
- fígado
- estômago

• Nutricionais
- desnutrição
- deficiência de vitaminas
- pelagra
Síndrome Alcoólica Fetal (SAF):

+ Retardo mental, déficit de atenção e/ou hiperatividade,


problemas de fala, hipotonia, distúrbios cognitivos e
comportamentais
• Dependência
– Perda do controle do uso
– Bebida prioridade na vida
– Uso compulsivo
Etanol- Síndrome de Abstinência
- desejo intenso por bebida alcoólica
- tremor
- irritabilidade
- náusea
- distúrbios do sono
- aumento dos batimentos cardícos
- hipertensão
- aumento do suor
- percepção distorcida
- convulsões
Etanol- Síndrome de Abstinência

• Delirium tremens
– agitação severa
– confusão mental
– alucinações visuais
– febre, suor intenso
– aumento dos batimento cardíacos
– náusea, diarréia
Tratamento do alcoolismo
Tratamento “Delirium tremens”
Protocolo Clínica Mayo
Agitação neurológica :Àcido valpróico ( BDZ).

Hiperatividade autonômica : Clonidina .

Agitação e delírio : Haloperidol.

Síndrome de Wernicke-Korsakoff ( ataxia, confusão


mental, movimentos oculares ) : Tiamina ( vit B )
Tratamento
• Alcoólicos anônimos
• Medicamentoso
– Dissulfiram (Antabuse®)
– Naltrexona (Revia®)
– Acamprosato (Campral®)
• Psicoterapia
– identificação de fatores de risco
– mudança de estilo de vida
– identificação e tratamento de outras doenças
– depressão
– ansiedade

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