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do Mio-cárdio
Rita Freixo | Catarina Sousa
2022/2023
Resumos para a 1ª Frequência de Farmacologia II – Teórico
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Modificadores do Sistema Nervoso Central
Introdução:
Entre os fármacos mais prescritos (patologia neurológica, psiquiátrica, analgesia)
Mecanismos de ação nem sempre bem compreendidos, mas a maioria atua em recetores
especí cos modulando a transmissão sináptica (exceções: álcool, anestésicos gerais…)
Locais de ação:
o Pré-sináptica
o Pós-sináptica
Alvos farmacológicos:
o Recetores
o Enzimas
o Canais iónicos
o Proteínas de transporte
Neurotransmissores centrais:
1. Aminoácidos
2. Acetilcolina
3. Monoaminas
4. Péptidos
5. Óxido Nítrico
6. Endocanabinóides
AMINOÁCIDOS
1. Glutamato – Excitatório
Medeia o influxo excitatório de Na+ no neurónio pós-sináptico
2. GABA – Inibitório
Medeia a maioria dos potenciais inibitórios pós-sinápticos (abertura de canais de Cloro, Cl-)
SISTEMA COLINÉRGICO
1. Acetilcolina – dos principais NT do SNC, participa na libertação doutros NT
- Recetores:
o Muscarínicos (Metabotrópicos – ação lenta)
o Nicotínicos (Iónicos – ação rápida)
- Ações:
o Controlo motor
o Aprendizagem e memória, atenção
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MONOAMINAS
1. Noradrenalina – recetores adrenérgicos alfa e beta
- Ações:
o Emoção, excitação
o Motivação, concentração
2. Serotonina / 5-HT – vários subtipos de recetores, 5HT1, 5HT2, 5HT3…
- Ações:
o Humor, sono, apetite e perceção sensorial
o Analgesia
3. Dopamina – recetores da família D1 e D2
- Ações:
o Controlo motor
o Motivação/recompensa (podem atuar aqui as drogas de abuso, dependência)
o Libertação de prolactina
NEUROPÉPTIDOS
1. Encefalinas, endor nas, substância P, VIP, Neuropéptido Y…
- São sintetizados como polipéptidos precursores de grandes dimensões
- São armazenados em vesículas de grandes dimensões e densas
Recetor vazio está inativo e o canal de sódio Recetor vazio está inativo e o canal
encontra-se fechado de cloro encontra-se fechado
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CLASSIFICAÇÃO DOS MODIFICADORES DO SNC
1. Depressores gerais (não seletivos) do SNC
Álcoois
Ansiolíticos / sedativos / hipnóticos
Antipsicóticos
Anestésicos gerais
2. Estimulantes gerais (não seletivos) do SNC
Estricnina (causa contrações musculares e espasmos que podem levar à morte), picrotoxina,
pentetrazol
Xantinas / metilxantinas
Anfetamínicos
3. Fármacos que modi cam seletivamente as funções do SNC
Anticonvulsionantes
Analgésicos narcóticos
Analgésicos antipiréticos
Relaxantes musculares de ação central
Antidepressores
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Efeitos agudos do etanol no SNC – ação bifásica
Concentração plasmática Efeitos esperados em indivíduos não tolerantes
(mg/dL)
50 – 100 mg/dL Desinibição, ação ansiolítica, euforia, excitação
Aumento do tempo de reação, desatenção a estímulos externos
100 – 150 mg/dL Desorganização do pensamento, turvação mental, alterações da
memória, sonolência, visão turva
150 – 200 mg/dL Linguagem arrastada, visão dupla, instabilidade emocional,
perturbações cerebelosas e ataxia
200 – 300 mg/dL Vómitos, letargia
300 – 400 mg/dL Anestesia, letargia, coma
> 400 mg/dL Depressão respiratória, colapso circulatório e morte
!!Limite legal em Portugal: 50 mg/dL (20 mg/dL em situações especiais)
Efeitos crónicos do etanol no SNC
- Tolerância:
Sobreexpressão de recetores NMDA
Redução dos recetores GABAA
O que acontece na tolerância é que, com o uso crónico, o indivíduo precisará de ingerir mais
álcool para ter o efeito pretendido. É como uma “habituação”
- Dependência física e psicológica (alcoolismo)
- Síndrome de Wernicke-Korsakoff:
Distúrbios neurológicos secundários ao dé ce de tiamina: 1º) encefalopatia de Wernicke
(confusão, oftalmoplegia e ataxia); 2º) psicose de Korsakoff (estado confusional, amnésia,
confabulação, alterações de memória)
Podem ocorrer sobreposição das duas patologias de cima
- Síndrome de privação alcoólica:
Pode durar dias: agitação, ansiedade, insónia, convulsões, vómitos, paranóia
Delirium tremens: tremores, confusão, alucinações, pode levar à morte
Efeitos do etanol sobre outros sitemas:
1. Cardiovascular
Vasodilatação cutânea e flushing (doses baixas)
Taquicardia ligeira e aumento da pressão arterial (doses médias) – Alcoolismo é uma das causas
de HTA secundária
Choque e colapso circulatório (efeito agudo – doses elevadas)
Depressão da contractilidade miocárdica (efeito crónico – doses elevadas)
Arritmias cardíacas (Holiday Heart Syndrome) – acontecem quando é ingerida uma quantidade
elevada de álcool num curto espaço de tempo (binge drinking). Normalmente acontece nas
férias, daí o nome.
2. Digestivo
Aumento da secreção salivar e gástrica
Gastrite (efeito crónico) – devido ao tal aumento da secreção gástrica
Lesão de Mallory-Weiss (efeito crónico)
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Ação hepatotóxica direta (acetaldeído): esteatose – hepatite – cirrose hepática
Risco aumentado para neoplasias digestivas (efeito crónico)
3. Sangue
Redução do LDL e aumento do HDL (doses baixas)
Redução do risco de doença coronária aterosclerótica (doses baixas)
Anemia megaloblástica (dé ce de vitamina B12 e ácido fólico)
4. Sistema endócrino
Hipoglicémia (intoxicação aguda)
Inibição da libertação de vasopressina – poliúria (por isso é que quando se bebe dá a vontade
de fazer xixi)
Disfunção erétil (redução da produção de testosterona)
Farmacocinética
- Absorção
O etanol é altamente lipossolúvel, sendo rapidamente absorvido (20-25% no estômago, 75-85%
no intestino delgado)
Pico plasmático aos 30 minutos
- Distribuição
Rapidamente distribuído pela H2O corporal (VD: 0,5 – 0,5 L/Kg)
Atravessa facilmente a BHE e a barreira placentar (por isso alguns bebés nascem com a
síndrome alcoólica fetal)
- Metabolismo
90% do etanol é metabolizado no fígado
5 – 10% excretado sem modi cações pelos
pulmões (teste do balão) e urina
Metabolismo com cinética de ordem 0
A oxidação pode ser inibida pelo dissul ram
(fármaco usado para desabituação alcoólica)
- Excreção
Pelos rins e pulmões
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ANTIDEPRESSORES
- A depressão nervosa é a doença afetiva mais comum. É uma das principais causas de incapacidade
e morte prematura.
- Classi cação da depressão:
Fisiopatologia da depressão
1. Hipótese monoaminérgica da depressão
- Dé ce funcional de monoaminas (NA, 5-HT e DA) nalguns locais do cérebro como causa da
depressão
- Os antidepressores vão atuar nestas aminas, aumentando o seu número ou mimetizando a sua
ação (agonistas)
2. Outras hipóteses neurobiológicas
- Vulnerabilidade genética (gene da apoE, DRD4, SLC6A4)
- Stress ambiental
- Fatores endócrinos
- Fatores imunológicos (citoquinas, inflamação)
- Distúrbio do ritmo circadiano, etc…
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Alterações que podem levar à depressão:
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c) Inibidores da recaptação da Dopamina e Noradrenalina (NDRIs)
d) Antagonistas 5-HT2A /Inibidores da recaptação da 5-HT (SARIs)
e) Antagonistas dos receptores α2 adrenérgicos (NaSSA)
ANTIDEPRESSORES TRICÍCLICOS
- Cada vez menos utilizados devido às reações adversas
Mecanismo de ação:
- Bloqueio da recaptação de 5-HT e NA no neurónio pré-
sináptico (isto vai levar a um aumento da concentração de
5-HT e NA na fenda sináptica)
- Bloqueio de recetores muscarínicos (M1), histaminérgicos (H1), alfa1-adrenérgicos (EFEITOS
ADVERSOS!)
Ações farmacológicas:
- Melhoria do humor em doentes com depressão
- Em pessoais normais, causa sedação, confusão, descoordenação motora e ansiedade
- Efeito antidepressor após semanas de tratamento (2-3 semanas)
Reações adversas:
- Efeitos anticolinérgicos (atropina-like): boca seca, visão turva, obstipação, retenção urinária
- Efeitos anti-histamínicos: sedação/sonolência, confusão
- Efeitos anti-adrenérgicos: hipotensão arterial postural, arritmias, defeitos de condução
- Outros: aumento do apetite e ganho ponderal, disfunção sexual, redução do limiar convulsivo
(convulsões em overdose), depressão respiratória (em overdose)
Farmacocinética:
- São lipofílicos – boa absorção GI e travessia da BHE
- Elevada ligação às proteínas plasmáticas e elevado VD
- Metabolização hepática (oxidação). Numerosos metabolitos biologicamente ativos com papel
relevante nos efeitos terapêuticos (ex: Imipramina ---> desipramina e amitriptilina ---> nortriptilina) e
tóxicos
- Grande variabilidade individual determinada geneticamente
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Como podemos ver na tabela, estes fármacos vão apresentar muitos efeitos adversos
Contra-Indicações:
- Glaucoma de ângulo fechado
- Hipertro a prostática (devido à ação “atropina-like”)
- Doença cardiovascular (cardiopatia isquémica, arritmias, IC)
- Distúbios convulsivos (ex: epilepsia)
- Insu ciência hepática grave
Reações adversas:
- “Cheese reaction” ou reacao tiraminica: ocorre quando MAOIs sao co-administrados com alimentos
ricos em tiramina (queijo, vinho tinto, cervejas, licores, salsichas, enchidos...)
Em condições normais, a tiramina é degradada
pela MAO-A no intestino e fígado
MAOIs permitem que a tiramina não degradada
alcance os neurónios adrenérgicos onde é
convertida a octopamina – falso
neurotransmissor que leva à libertação massiva
de NA – crise hipertensiva, cefaleias intensas,
hemorragia intracraniana
- Não existe risco de reação tiramínica com
moclobemida (deslocamento competitivo da
MAO-A pela tiramina)
- Efeitos antimuscarínicos
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- Hipotensão postural
- Insónia/sedação
- Ganho ponderal
Como podemos ver na tabela, estes fármacos apresentam muitos menos efeitos adversos quando comparados com os
antidepressivos tricíclicos
Interações farmacológicas:
1. Petidina
2. Descongestionantes nasais (efedrina e pseudoefedrina)
3. Simpaticomiméticos indiretos (ex: anfetaminas)
4. TCAs
5. SSRIs – risco de Sind. Serotoninérgica
Principais vantagens:
- São os antidepressores mais prescritos
- Sem efeitos adversos anticolinérgicos ou cardíacos (≠ TCAs)
- Sem “reação ao queijo” (≠ IMAO)
- Como não são sedativos, apresentam um baixo risco em overdose
- Fármacos de 1ª linha de tratamento da depressão nervosa. São
os fármacos mais prescritos a nível mundial
- A sertralina é fármaco de eleição dos cardiologistas
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Reações adversas:
- Sintomas GI: náuseas, vómitos (devido à estimulação 5-HT3) e diarreia
- Alterações do apetite e perda ponderal (estimulação 5-HT3)
- Insónia/perturbação do sono
Para evitar a perturbação do sono e insónias, estes fármacos são prescritos para se fazerem de
manhã, por exemplo.
- Disfunção sexual: diminuição da líbido
- PAROXETINA: Efeitos anticolinérgicos e sedação
Interações farmacológicas:
- Os SSRIs são inibidores das enzimas microssomias hepáticas: sertralina e citalopram são inibidores
fracos ---> menor risco de interações
Por causa deste baixo risco de interações, são fármacos muito utilizados em indivíduos idosos
polimedicados
- Não administrar em conjunto com IMAOs – risco de S. serotoninérgico (tremores, hipertermia,colapso
circulatório e morte)
- Intervalo de “washout” de 2 semanas entre administração de SSRIs e MAOI
Síndrome Serotononérgica:
- A síndrome serotoninérgica é uma reação a medicamento
potencialmente fatal que tende a provocar temperatura corporal alta,
espasmos musculares e ansiedade ou delírio.
Tratamento: todos os medicamentos que afetam os receptores de
serotonina devem ser interrompidos. Sintomas leves são muitas vezes
aliviados com um sedativo (benzodiazepinas). Em casos mais graves, é necessário o internamento
numa unidade de cuidados intensivos e se os sintomas não desaparecerem pode se administrar um
bloqueador de serotonina, como a ciproeptadina.
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Reações adversas:
- Irritabilidade, insónias, HTA
Reações adversas:
- Tremor (20%), convulsões, HTA, irritabilidade e ansiedade
SÍNDROME DE PRIVAÇÃO
- Ocorre quando há interrupção abrupta dum antidepressor após > 6 semanas de tratamento
- Probabilidade tanto maior quanto maior a duração do tratamento e menor a semi-vida do fármaco
- Tem de se fazer o desmame, ou seja, a redução gradual do tratamento
- Quadro típico:
Sintomas gripais
Insónias
Náuseas
Agitação
Irritabilidade
NOTA: um antidepressivo não tem efeito imediato, depois de iniciar a toma, vai haver um período de
latência onde o doente não vai ver efeitos. Isto tem que ser obrigatóriamente avisado, visto que o facto
de que o doente não vê nenhuma mudança pode fazer com que este queira desistir do medicamento.
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AGOMELATINA
Mecanismo de ação:
- Agonista melatoninérgico (recetores MT1 e MT2) – ressincronização do ritmo circadiano
- Antagonista 5-HT2C – aumento da libertação de NA e DA especi camente no córtex frontal
- Não tem influência nos níveis extracelulares de 5-HT
Efeitos clínicos:
- Antidepressor
- Ansiolítico
- Restauração do sono
Reações adversas: São ligeiras e pouco frequentes, normalmente o fármaco é bem tolerado
- Náuseas
- Tonturas
- Sonolência/Insónia
- Cefaleias
- Ansiedade
- Obstipação/diarreia
Vantagens:
- Não provoca ganho ponderal, disfunção sexual ou síndrome de privação
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Usos clínicos dos antidepressores
1. Depressão major (1ª linha SSRIs)
2. Distúrbios do pânico (SSRIs e imipramina)
3. Distúrbios obsessivo-compulsivos (SSRIs e Clomipramina)
4. Ansiedade generalizada (SSRIs, venlafaxina, duloxetina)
5. Dor neuropática (Duloxetina) e dor crónica (amitriptilina e nortriptilina)
6. Anorexia nervosa e bulimia (SSRIs)
7. Distúrbios esquizo-afetivos (Antidepressor + antipsicótico)
8. Enurese noturna (Imipramina)
9. Fibromialgia (SSRIs, TCAs, venlafaxina, duloxetina)
10. Desabituação tabágica (bupropiom)
INSÓNIA
A insónia é uma das principais queixas na prática clínica
Por vezes o tratamento pode ser não farmacológico
Não é indicada tratar a insónia de maneira crónica (administrar o fármaco por mais de 2/3
semanas)
Principais Distúrbios do Sono:
o Insónia transitória (duração < 3 dias)
o Insónia de curta duração (3 dias a 3 semanas de duração)
o Insónia de longa duração (> 3 semanas)
FISIOLOGIA DO SONO NORMAL
Ao longo da noite sucedem-se 4-5 ciclos idênticos - cada ciclo começa por uma fase de sono
lento (NREM), que se torna cada vez mais profundo, a que se segue uma fase de sono paradoxal
(REM)
Sono lento ou NREM (75% de cada ciclo):
- As ondas cerebrais são muito fortes e de muito baixa frequência (ondas lentas)
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- Sono profundo, reparador
- Os sonhos que ocorrem nesta fase habitualmente não são recordados
Sono REM ou paradoxal (25% de cada ciclo no adulto jovem):
- Rapid Eye Movement (REM) sleep – olhos com movimentos rápidos apesar da pessoa ainda
estar a dormir
- Sono menos reparador, frequentemente associado a sonhos vividos (apesar da hipotonia
corporal total podem ocorrer movimentos musculares irregulares)
- Sucede o sono lento e dura 10-25 minutos
- Pode ser mais curto ou estar ausente nalguns ciclos
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BARBITÚRICOS
Mecanismo de ação
- Ligação no recetor GABAA (ação pouco especí ca)
- Facilitam a ação do GABA, prolongando o tempo de abertura
dos canais de Cl- e promovendo a hiperpolarização das células
onde atuam
- Bloqueiam o recetor do glutamato AMPA, levando a uma
diminuição da atividade excitatória medicada pelo glutamato
- Inibem canais de Na+ e de K+ sensíveis à voltagem (em doses
muito altas)
Classi cação
São derivados do ácido barbitúrico que, de acordo com o T1/2, se agrupam em:
1. Barbitúricos de ação ultra curta (usados na anestesia geral)
Metohexital, Tiopental
2. Barbitúricos de ação curta (usados na anestesia geral)
Hexobarbital, Pentobarbital
3. Barbitúricos de ação intermédia (usados no passado como hipnóticos):
Amobarbital, Secobarbital
4. Barbitúricos de ação longa:
Fenobarbital (usado principalmente como anticonvulsivante)
Farmacodinamia
- Produzem todos os graus de depressão do SNC (desde sedação até anestesia geral) – risco de
depressão respiratória e morte em altas doses
- Aumentam a duração total do sono e alteram as fases do sono
- Reduzem o tempo de latência, o número de despertares noturnos e a duração do sono REM (sono não
reparador)
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Farmacocinética
- Administração oral e intravenosa – injeção no tecido èirritação local acentuada com dor e possível
necrose local
- Distribuição preferencial – S.N.C., tecido adiposo e outros tecidos
- T1/2 entre 4-60 h
- Metabolismo hepático
- Potentes indutores de enzimas metabolizadoras hepáticas (risco elevado de interações
medicamentosas)
Reações adversas
Reações cutâneas: eritema, urticária, eczema, fotossensibilidade, S. Stevens-Johnson e Lyell
Reações SNC: excitação, “ressaca”, depressão respiratória e vasomotora
Reações articulares: artralgias
Osteomalácia: por dé ce de vitamina D
Anemia megaloblástica
Por ria aguda (idiossincrasia)
Tolerância e dependência
Devido a todas estas reações adversas, e à grande possibilidade de overdose, estes
fármacos caíram em desuso como ansiolíticos e são apenas usados em situações S. Stevens-Johnson
Usos Clínicos
Com excepção de algumas situações pontuais têm sido substituídos pelas benzodiazepinas
quer no tratamento da ansiedade quer como hipnóticos
As BZD têm e cácia comprovada, boa tolerabilidade/menor toxicidade
Anestesia (tiopental)
Anticonvulsivantes (fenobarbital)
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BENZODIAZEPINAS
Mecanismo de ação
- Ligam-se a um recetor especí co das BZD (BZ1 ou BZ2)
situado na subunidade α de um dos recetores do GABA, o
receptor GABA-A, um recetor ionotrópico que funciona com
um canal de cloro, presente nas membranas neuronais no
SNC;
- Facilitam a ação do próprio GABA, promovendo a
hiperpolarização das células onde atuam, por favorecer a
abertura do canal de cloro;
- Potenciam a inibição GABAérgica a todos os níveis do
SNC, sem ativarem diretamente os recetores GABA;
potenciam a condutância no canal de cloro.
- Têm uma estrutura química semelhante
Depende:
- do fármaco
- da dose
- do indivíduo
NOTA: é muito difícil de se chegar ao estado de morte devido a um efeito plateaou, ou seja, a partir de
certo momento, quanto mais se aumenta a dose, mais difícil é de aumentar o efeito. Sendo assim, é
necessária uma dose muito grande para se chegar à morte.
- Na prática, classi cam-se em hipnóticas e as ansiolíticas/sedativas
- Esta distinção é arti cial porque todas são ansiolíticas e todas podem modi car o sono desde que se
atinjam doses e cazes
- O que as distingue é que todas as BZD hipnóticas são potentes e modi cam o sono em doses
relativamente baixas; as ansiolíticas são pouco potentes, permitindo uma “janela terapêutica” que
possibilita um efeito ansiolítico, sem modi cação signi cativa do sono
- Muitas das BZD possuem ainda efeitos miorrelaxantes
SEDATIVAS HIPNÓTICAS
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Efeito na estrutura do sono
- Reduzem o intervalo para adormecer
- Diminuem o nº de despertares noturnos
- Aumentam a duração total do sono
- Modi cam profundamente a estrutura do sono:
Redução do tempo em estadio 1
Aumento do tempo até ao 1º burst de sono REM
Aumento do nº de ciclos REM
Redução do tempo de sono lento (estádios 3 e 4)
Farmacocinética
- A absorção oral depende da lipossolubilidade:
Absorção mais rápida: triazolam, diazepam e o metabolito do clorazepato
Absorção mais lenta: oxazepam, lorazepam, temazepam
o Como neste caso o efeito é mais lento, tem que se tomar algum tempo antes de se deitar.
Ex: é indicado que a toma de lorazepam se faça 30 minutos antes de ir dormir.
- Biodisponibilidade irregular por via IM
- Elevada ligação às proteínas plasmáticas
- Ampla distribuição e acumulação no tecido adiposo
- Atravessam a barreira placentária e são excretadas no leite
- Metabolização hepática dando origem a metabolitos ativos
(CYP 3A4 +++)
- Excepções: 1) Lorazepam, 2) Temazepam e 3) Oxazepam
– apenas metabolismo de fase II (sem metabolitos ativos)
Os que não têm metabolitos ativos vão ser fármacos mais seguros em pessoas com insu ciência
hepática, indivíduos idosos…
CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A DURAÇÃO DE AÇÃO
Ansiolíticas
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Hipnóticas
Reações Adversas
Sonolência, confusão, sensação de ressaca
Amnésia anterógrada
Ataxia e incoordenação motora - di culdade na condução, risco de quedas nos idoso
Anemia hemolítica e discrasias sanguíneas
Hepatotoxicidade
Respostas paradoxais (++ idosos, crianças) - excitação paradoxal, ansiedade, agressividade
Dependência física e psíquica (logo após 3-6 semanas)
Tolerância (sedativos hipnóticos por > 1-2 semanas - tolerância para o efeito indutor do sono)
o Por isto é que na insónia não está indicado fazer tratamentos crónicos. Com a tolerância
aumentada, teria que se aumentar a dose para ter o mesmo efeito.
Síndrome de privação (insónia e ansiedade “rebound”)
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Síndrome de privação ou abstinência
Inicia-se alguns dias após suspensão abrupta
Atinge o máximo de intensidade aos 5-7 dias
15-44% dos doentes que tomam cronicamente BZD apresentam sintomas moderados a graves
aquando da sua suspensão brusca
Pode observar-se logo após 4-6 semanas de uso
As BZD com T ½ curta causam Síndroma de Privação mais precoce e mais intenso
Sinais e sintomas:
1. Insónia
2. Ansiedade
“Agitação”, ataques de pânico, hiperventilação, tremores, perturbação do sono, espasmos
musculares, anorexia, perda de peso, perturbações visuais, hipersudação, disforia
3. Distorções de percepção
Hipersensibilidade a estímulos, despersonalização/desrealização
4. Eventos major
Convulsões, precipitação de psicose (ex: alucinações, delírio...)
Previne-se pela redução de ¼ a 1/8 da dose diária cada 1 ou 2 semanas!
Vantagens
Ampla margem de segurança (devido ao efeito
plateau)
Existência de antídoto
Sem efeito indutor enzimático hepático (< risco de
interações medicamentosas)
Menor tolerância e dependência
Menor depressão respiratória e CV
Usos Clínicos
Ansiedade – BZD ansiolíticas
Sedação e indução do sono – BZD hipnóticas
Pré-anestesia – Midazolam e Diazepam
Relaxamento muscular – Diazepam
Anticonvulsivantes – Diazepam, Clonazepam, Clorazepato
Síndrome de privação alcoólica - Oxazepam, Lorazepam, Diazepam, Clorodiazepóxido,
Alprazolam
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Vantagens
Menor alteração da arquitetura do sono
Síndroma de privação menos intensa que as benzodiazepinas de ação curta (embora a insónia
de rebound também possa ocorrer - doses altas)
Menor risco de tolerância e dependência
Menor risco de distúrbios cognitivos
Risco de demência?
Estarão as BDZ e os
hipnóticos Z de ação mais
curta relacionados com um
maior risco de desenvolver
demência?
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AZAPIRONAS (AGONISTAS PARCIAIS 5-HT1A)
Buspirona
Mecanismo de ação:
Ação agonista parcial sobre o recetor pré-sináptico 5-HT1A,
inibindo a síntese e libertação de 5-HT para a fenda sináptica
Bloqueio fraco de recetores dopaminérgicos D2 e 5-HT2A
Sem ação no sistema GABAérgico
Características:
Não produz sedação, nem relaxamento
muscular
Não potencia os depressores do SNC (ex:
álcool)
Não causa amnésia nem altera as funções
cognitivas
Não produz dependência nem ansiedade
rebound ou S. privação
MAS
LATÊNCIA DE EFEITO (3 a 4 semanas!)
MENOS EFICAZ em doentes previamente sob BZD
Indicação: Ansiedade Crónica
Principais RAMs: Náuseas, cefaleias e tonturas (até 10%)
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BLOQUEADORES ADRENÉRGICOS β NÃO SELETIVOS
Propranolol
Reduzem o componente somático da ansiedade:
o Taquicardia
o Palpitações
o Tremores
o Hiperventilação
Não e caz na ansiedade psíquica
NÃO HÁ SEDAÇÃO
Úteis na ansiedade crónica
Reações adversas: insónias e cefaleias (raramente)
Contra-Indicações:
Asma
Atletas
Bradicardia e perturbações da condução elétrica cardíaca
ANTI-HISTAMÍNICOS SEDATIVOS
Hidroxizina
Antihistamínico H1 com propriedades ansiolíticas; também anticolinérgico;
usado como antipruriginoso e antialérgico
T ½ de eliminação: 6 a 8 horas
Pico plasmático às 2 horas
Doses: 50 a 300 mg/dia
Uso: ansiedades moderadas e doentes idosos (o metabolismo mais lento
impõe prudência na utilização das BZD neste grupo etário)
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Antipsicóticos ou Neurolépticos
ESQUIZOFRENIA
Doença psiquiátrica grave, crónica e incapacitante, caracterizada por profunda disrupção do
conhecimento e emoções que afeta as principais funções: pensamento, perceção, linguagem,
autoconhecimento e emoções.
SINTOMAS:
• Positivos: alucinações (visuais, auditivas, olfativas, táteis), confabulações/delírios, ideação paranóica,
sentido de grandeza, agressividade, agitação, desorganização do pensamento e da linguagem
• Negativos: desinteresse afetivo, anedonia, apatia, isolamento social, pobreza de expressão linguística
FISIOPATOLOGIA:
• A siopatologia da esquizofrenia é complexa e mal
compreendida
• Teoria inicial: “hipótese dopaminérgica”
- hiperatividade DA no sistema mesolímbico e hipofuncionalidade
noutras áreas (ex: córtex pré-frontal)
Vias dopaminérgicas
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Hipóteses mais recentes:
interação entre sistema dopaminérgico,
serotoninérgico, glutamatérgico, GABAérgico,
muscarínico, α-adrenérgico e histaminérgico.
ATÍPICOS OU DE 2ª GERAÇÃO
Clozapina, Olanzapina, Quetiapina, Risperidona, Paliperidona, Ziprasidona, Amisulprida,
Sertindol, Aripiprazol
MECANISMO DE AÇÃO
O bloqueio dos recetores pós sinápticos D2 é a base do efeito antipsicótico
Antipsicóticos de 1ª geração:
o Antagonismo D2 potente – inibição das 4 vias dopaminérgicas
o Bloqueio doutros recetores em graus variáveis: colinérgicos (M1), H1 e α1-
adrenérgicos...
Antipsicóticos de 2ª geração:
o Antagonismo 5-HT2A potente/Antagonismo D2 menos potente
o Rápida dissociação D2 (< a nidade D2) – “Hit and Run”
o Agonismo parcial D2 (aripiprazol)
o Agonismo 5-HT1A (clozapina, quetiapina, ziprazidone, aripiprazol)
o Bloqueio variável de recetores: M1, H1, 5-HT2C, α1- adrenérgicos
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Nota: Agonistas parciais podem funcionar como antagonismo competitivo;
As Fenotiazinas de 2a geração praticamente não têm risco extra-
piramidal;
O bloqueio de 60-80% dos recetores D2 é su ciente para o efeito
antipsicótico (controlo dos sintomas positivos)
A inibição da DA na via nigroestriada associa-se a risco de sintomas
extrapiramidais (se ocupação de > 80% dos recetores D2). Por isso,
é que os anti psicótico de 2a geração têm um menor risco
extrapiramidal
A inibição da DA na via tuberoinfundibular conduz a um aumento da libertação de prolactina
pela hipó se
Diferenças entre antipsicóticos de 1ª e 2ª geração:
A maioria dos antipsicóticos de 2ª geração exibe maior potência anti 5-HT2A vs anti-D2
Clorpromazina: α1 = 5-HT2A > D2 > D1
Haloperidol: D2 > α1 > D4 > 5-HT2A > D1 > H1
Clozapina: D4 = α1 > 5-HT2A > D2 = D1
Olanzapina: 5-HT2A > H1 > D4 > D2 > α1 > D1
Quetiapina: H1 > α1 > M1,3 > 5-HT2A > D2
Aripiprazol: D2 = 5-HT2A > D4 > α1 = H1 >> D1
AÇÃO ANTIPSICÓTICA
Efeitos sobre os sintomas positivos
Reduzidos quer pelos antipsicóticos de 1ª quer pelos de 2ª geração
(e cácia semelhante) – Antagonismo D2 -> ↓ DA na via mesolímbica
FARMACOCINÉTICA
Elevada lipossolubilidade – atravessam facilmente a BHE
VD elevados (>7 L/Kg)
Excretados geralmente por via renal ( t ½ de eliminação longos: 10-24 h)
Acumulação no tecido adiposo - duração de ação clínica muito maior do que a prevista pelo t
½ plasmático
Existem formulações de libertação prolongada injetáveis: haloperidol, flufenazina, mas também
de atípicos (aripiprazol, olanzapina, paliperidona e risperidona)
REAÇÕES ADVERSAS
1. ANTIPSICÓTICOS DE 1ª GERAÇÃO:
Relacionadas com o antagonismo Dopaminérgico -
na via nigroestriada:
Parkinsonismo (rigidez muscular,
bradicinésia, tremor, instabilidade postural)
– 5 a 10 dias
Acatísia – 5 a 60 dias
Distonia aguda -1 a 5 dias
Discinésia tardia: 20-40%, mais frequente
acima dos 50 anos, frequentemente
irreversível (supersensibilidade do recetor
da DA) – até anos mais tarde
Nota: Mais cedo se o indivíduo for idoso. Os idosos são mais
propensos a estas reações extrapiramidais.
Na via tuberoinfundibular:
Hiperprolactinémia - por bloqueio da ação inibitória da DA sobre
a hipó se:
- amenorreia/galactorreia
- ginecomastia
- infertilidade
- impotência
- diminuição da líbido
31
Síndrome Maligna dos Neurolépticos
o Distúrbio raro, mas potencialmente fatal (0,02 - 3%)
o Taxa de mortalidade: 21% (sem tratamento)
o Mais frequente com os antipsicóticos de 1ª geração (ex: haloperidol)
o Quadro clínico: hipertermia + rigidez + desregulação autonómica:
o Rigidez muscular à supressão dos movimentos espontâneos e hiporreflexia à febre alta à
variações de PA e FC à alteração do estado de consciência
o Elevação de CK e leucocitose
Como tratar:
• baixar a temperatura
• Benzodiazepinas para relaxamento muscular (ex: diazepam)
• Relaxantes musculares (ex: dantroleno)
• Agonista dopaminérgicos (bromocriptina)
2. ANTIPSICÓTICOS DE 2ª GERAÇÃO:
32
COMPARAÇÃO 1ª VERSUS 2ª GERAÇÃO
CLOZAPINA
Bloqueia vários recetores além de 5-HT2A e D2 (“orquestra completa”)
E caz nas psicoses resistentes
Ação antidepressora (bloqueio α2 adrenérgico)
Intensa atividade de bloqueio adrenérgico α 1 (sialorreia)
Efeitos sedativos e anticolinérgicos acentuados
Elevado risco de induzir agranulocitose (reservada para formas resistentes)
Efeitos metabólicos (+++) – Antagonismo 5-HT2C, H1
33
OLANZAPINA
Bloqueia menos recetores que a clozapina (X 5-HT1A, 5- HT7, α2 -
adrenérgicos)
Maior bloqueio 5-HT2A que D2
Efeitos extrapiramidais com doses altas
Efeito sedativo (bloqueio H1)
Hipotensão ortostática (bloqueio α1)
Efeitos metabólicos (+++) – Antagonismo 5-HT2C, H1
QUETIAPINA
Maior risco de efeitos extrapiramidais e hiperprolactinémia que
olanzapina
Ação antidepressora (bloqueio α2 adrenérgico)
Menor risco metabólico que olanzapina (X antagonismo 5-HT2C)
Efeito sedativo marcado (forte bloqueio H1)É por isso que é
muito utilizado em meio hospitalar
RISPERIDONA e PALIPERIDONA
Paliperidona - metabolito ativo da risperidona
Maior bloqueio 5-HT2A que D2 (10 X maior)
Melhor e cácia no controlo de sintomas negativos que antipsicóticos
típicos
Com doses altas: bloqueio D2 > 5-HT2A – efeitos extrapiramidais e
hiperprolactinémia
Hipotensão ortostática rara (bloqueio α1)
Síndrome metabólico menos frequente que com clozapina ou
olanzapina
ZIPRASIDONA
Maior bloqueio 5-HT2A que D2
Ligeiro efeito inibidor da recaptação de NA e 5-HT
Síndrome metabólico menos frequente que olanzapina, quetiapina
ou risperidona
Efeito prolongador do QT (média 20 ms)
Não é muito utilizado
ARIPIPRAZOL
AGONISTA PARCIAL DOS RECETORES D2:
o via mesolímbica hiperdopaminérgica - antagonista (controlo
dos sintomas positivos)
o via mesocortical hipodopaminérgica - agonista (controlo dos
sintomas negativos)
ANTAGONISTA 5-HT2A
Agonista parcial 5-HT1A – ação ansiolítica e antidepressora
Sem efeitos extrapiramidais ou hiperprolactinémia
Sem efeitos metabólicos
Sem efeito prolongador do QT
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USOS CLÍNICOS DOS ANTIPSICÓTICOS
Esquizofrenia
Outras psicoses
o Psicoses tóxicas (induzidas por fármacos)
o Psicose pós-parto
o Síndrome de la Tourette
Algumas formas de depressão major (refratárias), depressão bipolar
Alguns distúrbios de ansiedade (refratários)
Demência com agitação e delirium
Afeções não psiquiátricas (vómitos, vertigens e tosse refratários, dor crónica
CONVULSÃO:
o Alteração transitória do comportamento devido a despolarização excessiva de grupos de
neurónios cerebrais, desordenada, síncrona e rítmica
CRISE EPILÉPTICA:
o Atividade elétrica cerebral excessiva - origem no córtex cerebral e não noutras estruturas
cerebrais (++ lobo frontal e temporal)
EPILEPSIA:
o Doença neurológica crónica caracterizada pela ocorrência de crises epiléticas de forma
recorrente e imprevisível
o 2 ou mais crises epiléticas com intervalo > 24 horas
o Afeta 1 % da população geral
CLASSIFICAÇÃO DA EPILEPSIA
35
CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES EPILÉTICAS
Crises Focais
o Limitadas a um hemisfério
o Pode ou não haver perda de consciência
Crises generalizadas
o Envolve os 2 hemisférios
o Sempre perda de consciência
Ausências
o São crises generalizadas
o Eventos não convulsivos, breves (10 s)
o Pode confundir-se com sono
Crises mioclónicas
o Crises generalizadas ou focais
o Contrações musculares tipo choque
o Muito breves (1 a 2 s)
o Isoladas ou em clusters
Crises atónicas (“drop attacks”)
o Crises generalizadas ou focais
o Diminuição ou perda súbita do tónus muscular normal, quedas e TCE frequentes
o Duração < 15 s
Tónico-clónicas
o Crises generalizadas
o Fase tónica: rigidez muscular
o Fase clónica: contrações fortes, simétricas e ritmadas dos membros
o Fase pós-crítica
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FISIOPATOLOGIA DA EPILEPSIA
↑↑ neurotransmissor excitatório Glutamato
↓ ↓ neurotransmissor inibitório GABA
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GRUPOS FARMACOLÓGICOS
1. Bloqueadores dos canais de Na+-voltagem dependentes
Clássicos: Fenitoína, Carbamazepina, Valproato de sódio
Nova geração: Oxcarbazepina, Lamotrigina, Eslicarbazepina, Zonisamida, Felbamato,
Topiramato
2. Bloqueadores dos canais de Ca++
Clássicos: Etosuximida, Zonisamida, Valproato de sódio
Nova geração: Felbamato, Topiramato, Lamotrigina, Zonisamida, Gabapentina, Pregabalina
3. Potenciadores do GABA
Valproato, GabapenWna, Pregabalina, Tiagabina, Vigabatrina, Fenobarbital, BZD,
Carbamazepina, Felbamato, Topiramato, Levetiracetam
4. Antagonistas do glutamato
Felbamato, Topiramato e Perampanel
5. Antagonistas da SV2A
LeveWracetam e Brivaracetam
FENITOÍNA
MECANISMO DE AÇÃO:
38
FARMACOCINÉTICA
Absorção oral quase completa com pico máximo entre as 3-12h
Absorção intramuscular imprevisível e não recomendada
Ligação às proteínas plasmáticas de 70-95%
Passa rapidamente a BHE e placentar (teratogénica: síndroma da
hidantoína fetal)
T 1/2 de eliminação: 12 a 36 h; leva 5-7 dias a atingir o “steady-state”
É metabolizada por hidroxilação e conjugação; os metabolitos inativos são excretados na urina
Eliminação dependente da dose; à medida que a dose aumenta e a enzima satura, os níveis
sanguíneos sobem subitamente (cinética de ordem 1 vs cinética de ordem 0)
Indicações Clínicas:
Crises focais
Crises tónico-clónicas generalizadas
Estado de mal epilético - FOSFENITOÍNA: pró-fármaco da fenitoína, mais solúvel podendo ser
administrada facilmente em infusão (IM ou IV)
Não indicada nas crises mioclónicas nem nas ausências!
Reações adversas:
Náuseas e vómitos
Nistagmo e diplopia
Sinais de neurotoxicidade com níveis plasmáticos acima da janela terapêutica: sedação,
disartria, ataxia, di culdades cognitivas
Lesão permanente do cerebelo como consequência da toxicidade crónica
Agranulocitose, anemia megaloblástica por dé ce vit. B12 e ac. Fólico
Hiperplasia das gengivas e hirsutismo (não regridem com interrupção do tratamento)
Erupções cutâneas, dermatite exfoliativa, acne, fácies grosseiro
Risco teratogénico (fenda palatina)
Interações Farmacológicas:
Vantagens e Desvantagens:
Pouco sedativa
Pode administrar-se por via parentérica (desfenitoína)
Basta uma única administração diária na maioria dos adultos
Pouco dispendiosa
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MAS
Má aceitação cosmética: hirsutismo, hipertro a das gengivas, acne, feições grosseiras
Possível perturbação das funções intelectuais mais elevadas – aprendizagem CRIANÇAS!
Limitações farmacocinéticas
CARBAMAZEPINA
MECANISMO DE AÇÃO
Bloqueia os canais de sódio e inibe a geração de potenciais de ação de alta frequência
Atua também a nível pré-sinápico diminuindo a transmissão sinápica
Potencia a ação pós-sinápica do GABA
FARMACOCINÉTICA
AÇÕES FARMACOLÓGICAS:
Ação antiepilética nas epilepsias focais, nas psicomotoras do lobo frontal e no grande mal
Ação seletiva nas nevralgias do trigémeo e do glossofaríngeo
INDICAÇÕES CLÍNICAS:
Crises focais
Crises generalizadas tónico-clónicas
Nevralgia do trigémeo e pós-herpética
Doença bipolar
REAÇÕES ADVERSAS:
Diplopia, ataxia, visão turva, sonolência, secura da boca
Desconforto gastrintestinal
Hiponatrémia e intoxicação aquosa (em doses elevadas)
Perturbação da condução AV
Reações sanguíneas de idiossincrasia (anemia aplástica, agranulocitose, trombocitopenia e S.
Stevens-Johnson) nos primeiros 4 meses de uso
A reação idissincrásica mais frequente (10%) é o rash cutâneo
40
VANTAGENS E DESVANTAGENS:
Pouca sedação e perturbação das funções intelectuais
Menos depressora que a fenitoína
Não possui os efeitos adversos cosméticos da fenitoína
MAS
Não pode usar-se por via parentérica e deve-se administrar em várias frações diárias
Potente indutor enzimático – interações farmacológicas
Pode causar depressão medular (no início requer controlo hematológico regular)
OXCARBAMAZEPINA
ESLICARBAMAZEPINA
Derivado da oxcarbazepina
Origina dois metabolitos, um dos quais é ativo ((S)-licarbazepina), desaparecendo do sangue
quase todo o outro metabolito
T1/2: 20-24h
E cácia pelo menos semelhante à oxcarbazepina (e carbamazepina) mas mais segura (baixa
incidência de rash cutâneo e hiponatrémia)
Indução da CYP3A4 – contraceptivos orais
Indicações clínicas: epilepsia e dor crónica
LAMOTRIGINA
Inibe os canais de cálcio (tipo T) nos neurónios talâmicos, onde se iniciam as descargas de uma
crise de ausência
Pode inibir também canais de Na+
Atividade clínica de espetro estreito - indicada apenas nas crises de ausência
Ação muito rápida (desaparecimento das ausências logo na 1ª dose)
Bem absorvida por via oral, pico de concentração plasmática às 3-7 h, praticamente não se liga
às proteínas plasmáticas; VD alargado; T ½ = 40 h (18-72 h)
Reações adversas: sonolência ou fadiga, cefaleias, dor epigástrica, náuseas, vómitos, anorexia,
urticária, Sind. Stevens-Johnson
Reações adversas não relacionadas com a dose e reações de idiossincrasia muito raras
POTENCIADORES DO GABA
1. Potenciadores da síntese ou libertação do GABA
Valproato
Gabapentina
Pregabalina
2. Agonistas do recetor do GABA
Clonazepam
Clobazam
Fenobarbital
3. Inibidores da recaptação do GABA
Tiagabina
4. Inibidores do metabolismo do GABA
Vigabatrina
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VALPROATO
MECANISMO DE AÇÃO
Potencia a síntese do GABA (descarboxilase do ác. glutâmico – GAD)
Inibe o metabolismo do GABA (GABA transaminase) – em altas doses
Inibe o transportador do GABA (GAT-1);
Bloqueio de canais de Na+
Bloqueio de canais de Cálcio Wpo T
Aumenta a condutância do K+
Bloqueio do recetor do glutamato NMDA
Anticonvulsivante de largo espectro de ação!
FARMACOCINÉTICA
REAÇÕES ADVERSAS
Neurológicas: tremor no das mãos, ataxia (menos sedativo)
GI: náuseas, vómitos, dor epigástrica (dose dependente)
Hematológicas: trombocitopenia
Risco teratogénico: espinha bí da e defeito do tubo neural
Hepatotoxicidade: reação de idiossincrasia grave e eventualmente mortal; o risco é maior antes
dos 2 anos; implica vigilância hepática nos primeiros 4 meses de uso
Outras: alopécia, aumento do apetite e aumento de peso, ovários poliquísticos
INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS
Inibidor enzimático:
Inibe o metabolismo do fenobarbital, fenitoína e carbamazepina, levando a que estes fármacos
atinjam níveis superiores aos desejados em “steady state”
43
GABAPENTINA E PREGABALINA
MECANISMO DE AÇÃO
Modi cam a libertação de GABA – aumentam a sua
concentração
Diminuem a transmissão excitatória por bloqueio pré-
sináptico dos canais de Ca2+ (subunidade α2δ) – reduzem
libertação de glutamato
FARMACOCINÉTICA
Absorção oral da pregabalina melhor que a da gabapentina
A gabapentina e a pregabalina não são metabolizadas e não induzem enzimas hepáticas
São eliminadas pelo rim intactas
T1/2 curto (5-8h)
Sem ligação às proteínas plasmáticas
Sem interações farmacológicas relevantes
INDICAÇÕES CLÍNICAS
2ª linha (como coadjuvante) – gabapentina nas crises focais e nas crises tónicoclónicas;
pregabalina apenas nas crises focais
Dor crónica (neuropática)
Espasticidade
Enxaqueca
REAÇÕES ADVERSAS: Sonolência, tonturas, ataxia, cefaleias, tremores, aumento do peso, diplopia,
náuseas e vómitos. São bem tolerados.
TIAGABINA
MECANISMO DE AÇÃO Vigabatrina
Benzodi
Barbitúrios
azepinas
FARMACOCINÉTICA
REAÇÕES ADVERSAS
VIGABATRINA
MECANISMO DE AÇÃO
Inibição irreversível da transaminase do GABA
Aumenta os níveis de GABA nas sinapses cerebrais
Potenciação da atividade sináptica inibitória
REAÇÕES ADVERSAS
Sonolência, tonturas e aumento de peso (++)
Agitação, confusão, psicose (-)
Disfunção retiniana irreversível - limitação dos campos visuais (1/3)
INDICAÇÕES CLÍNICAS
ANTAGONISTAS DO GLUTAMATO
FELBAMATO
MECANISMO DE AÇÃO
Antagonista do recetor NMDA do glutamato
Bloqueador dos canais de Na+
Bloqueador dos canais de Ca2+
Potencia as respostas do recetor GABAA
FARMACOCINÉTICA
T1/2 ~ 20 h (encurtada pela co-administração de fenitoína ou carbamazepina)
Aumenta a concentração plasmática da fenitoína e diminui a da carbamazepina
Anticonvulsivante de largo espectro de ação!
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REAÇÕES ADVERSAS
GI: náuseas, vómitos, anorexia, elevação de enzimas hepáticas
Anemia aplásica e hepatite grave (reações de idiossincrasia)
INDICAÇÕES CLÍNICAS
É e caz em várias formas de epilepsia, incluindo o S. Lennox-Gastaut
Reservar para situações refratárias aos outros anticonvulsivantes
TOPIRAMATO
MECANISMO DE AÇÃO
Bloqueador do recetor AMPA do glutamato
Bloqueio de canais de Na+ voltagem
dependentes
Bloqueio de canais de Ca2+
Potenciação dos efeitos do GABA (local de ação
diferente das BZD e barbitúricos)
Anticonvulsivante de largo espectro de ação!
FARMACOCINÉTICA
INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS
Acelera o metabolismo dos contraceptivos orais
Redução da concentração de topiramato em 50% por FACE indutores enzimáticos
REAÇÕES ADVERSAS
Uro-litíase
Alterações da visão: diplopia, nistagmo, glaucoma
As mais frequentes: ataxia, redução da capacidade de concentração, lentidão cognitiva e
alterações da memória, lenti cação do discurso, sonolência, fadiga, tonturas, parestesias das
extremidades
INDICAÇÕES CLÍNICAS
Crises focais e generalizadas tónico-clónicas
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Enxaqueca
Dor crónica
PERAMPANEL
MECANISMO DE AÇÃO
Antagonista não competitivo do recetor AMPA do glutamato
Inibe o aumento da concentração intracelular de Ca2+ mediado pelo recetor AMPA e reduz a
excitabilidade neuronal
INDICAÇÕES CLÍNICAS
Crises focais
Crises generalizadas tónico-clónicas
(como adjuvante)
FARMACOCINÉTICA
INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS
Acelera o metabolismo dos contraceptivos orais
Uso concomitante com depressores do SNC – > risco de depressão
ANTAGONISTAS SV2A
LEVETIRACETAM
MECANISMO DE AÇÃO
Inibe seletivamente a proteína vesicular sináptica (SV2A)
Bloqueio de canais de Ca2+ voltagem dependentes
Redução das correntes de K+
Modulação de recetores AMPA
Anticonvulsivante de largo espectro de ação!
FARMACOCINÉTICA
Biodisponibilidade oral = 100%, Tmax = 0,6-1,3h
Absorção reduzida pelos alimentos
Sem ligação às proteínas plasmáticas
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REAÇÕES ADVERSAS
Bem tolerado
RAMs mais relevantes: sonolência, fadiga, vertigens e nasofaringite
INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS
Sem interações farmacológicas com outros antiepilépticos
FACEs
Largo espectro
Levetiracetam
Valproato
Lamotrigina
Topiramato
Zonisamida
Benzodiazepinas
(DZP, CLB, CLN, MDZ, LZP)
Felbamato
Se não for possível classi car o tipo de epilepsia, escolher um AE de largo espectro!
Crises focais
Carbamazepina
Oxcarbazepina
Eslicarbazepina
Lacosamida
Perampanel
Gabapentina
Pregabalina
Tiagabina
Retigabina (não comercializado)
Fenobarbital
Fenitoína
Casos particulares:
48
TIPO DE CRISE/SÍNDROME >> TRATAMENTO
49
Todos os anticonvulsivantes têm um baixo índice terapêutico; com exceção dos barbitúricos e
das benzodiazepinas, não dão dependência…
Monitorização periódica dos níveis farmacológicos
Tratamento crónico (eventualmente pode haver descontinuação, progressiva, se não houver
crises epilépticas por 3-5 anos) - suspensão gradual (6 meses)
Assegurar-se de que o doente não se esquece, um só dia que seja, de tomar o medicamento
Proibir o consumo de álcool
Antiparkinsónicos
PARKINSONISMO
Síndrome clínica caracterizada por alterações típicas do movimento:
1. Tremores
2. Instabilidade postural
3. Rigidez muscular (“roda dentada”)
4. Bradicinésia (lentidão de movimento)
Doença de Parkinson ou Parkinsonismo idiopático (75%)
Parkinsonismo secundário:
Iatrogénico
Tóxico
Metabólico
Secundário a lesão cerebral
Doença de Parkinson
Doença neurodegenerativa, progressiva, crónica
Idade média 60 anos, + frequente no homem
Sintomas não motores:
Diminuição do olfato
Distúrbios sensoriais (ex: dor)
Perturbações do humor (ex: depressão)
Perturbações do sono
Distúrbios autonómicos (hTA ortostática, perturbações
GI e urinárias, disfunção sexual)
Declínio cognitivo/demência
50
DOENÇA DE PARKINSON – EVOLUÇÃO CLÍNICA
52
PRECURSORES DA DOPAMINA – LEVODOPA (L-DOPA)
o Dopamina: não atravessa a BHE, administração
periférica não tem interesse terapêutico
o Levodopa ou L-DOPA: precursor direto da
Dopamina – já atravessa a BHE (via
transportador transendotelial de a.a. neutros)
o Após atravessar a BHE e atingir os terminais pré-sinápticos dos neurónios dopaminérgicos do
estriado, é descarboxilada até dopamina pela DOPA descarboxilase e liga-se a:
recetores D1-like (D1 e D5): distribuição homogénea, abundantes em todo o córtex
cerebral, com algum predomínio nos gânglios da base
recetores D2-like (D2, D3 e D4): distribuição heterogénea, + nos gânglios da base
o Substitui o dé ce de DA endógena provocado pela lesão
da via nigro-estriada
o Restabelece o equilíbrio entre as influências
dopaminérgicas e colinérgicas
o É o antiparkinsónico mais e caz no controlo dos sintomas
motores
o Em ~ 80% dos doentes melhoria clínica; 20% função
motora normal
o Os benefícios da terapêutica parecem depender mais da
estimulação D2, mas a D1 também é necessária para
benefício máximo
o Levodopa sofre conversão em dopamina em todas as
células que possuem descarboxilase dos a.a aromáticos:
a) No SNC – neurónios dopaminérgicos, 5-HT e NA
b) Fora do SNC – células da mucosa intestinal,
fígado, rim, músculo esquelético
o 95% da L-Dopa administrada é convertida em dopamina perifericamente
o Se administrada isoladamente, pequena quantidade atinge o SNC
o A conversão periférica a DA associa-se a efeitos adversos
FARMACOCINÉTICA:
53
REAÇÕES ADVERSAS:
MAS
CONTRA-INDICAÇÕES:
Psicose
Glaucoma de ângulo fechado
Úlcera péptica ativa
Doença cardíaca
INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS:
54
PRECURSORES DA DOPAMINA - LEVODOPA (L-DOPA) + inibidor da DOPA-
descarboxilase
o CARBIDOPA (4:1 e 10:1)
o BENSERAZIDA (4:1)
Inibem a DOPA-descarboxilase nos tecidos
periféricos e o metabolismo da DOPA e DA
Reduzem a quantidade de DOPA a administrar
Aumentam a semi-vida plasmática da levodopa – redução do nº tomas diárias
Reduzem as reações adversas resultantes dos efeitos periféricos da DA
Sem risco de interação com piridoxina
A dose total diária deve ser aumentada gradualmente
Praticamente desprovidos de RAM isoladamente, mas conjuntamente com Levodopa
agravam as reações consecutivas à ativação excessiva de recetores DA cerebrais
AGONISTAS DA DOPAMINA
o VANTAGENS DO GRUPO:
Sem necessidade de conversão enzimática para se tornarem ativos
Não competem com outras substâncias para o transporte ativo através da BHE
Ação seletiva sobre subtipos de recetores dopaminérgicos - < risco de efeitos adversos (?)
Não dependem da funcionalidade dos neurónios nigroestriados
55
Maior duração de ação que a Levodopa
MAS
Menor e cácia que a Levodopa e pior tolerabilidade em uso crónico
o REAÇÕES ADVERSAS
GI:
- Anorexia, náuseas e vómitos
- Obstipação, dispepsia e esofagite de refluxo. Hemorragia por úlcera pépbca (raro)
CV:
- Hipotensão arterial, arritmias cardíacas, edemas periféricos
Discinésias: movimentos anormais
Distúrbios mentais: confusão, alucinações
Com os derivados ergolínicos: cefaleias, congestão nasal, in ltrados pulmonares, brose
retroperitoneal/pleural, brose valvular cardíaca, vasoespasmo digital
o SELEGILINA:
Em baixas doses é seletiva para a MAO-B (inibe a degradação da DA e aumenta os seus
níveis cerebrais); com doses mais altas perde a seletividade e também inibe a MAO-A
Bem tolerada em doentes jovens com formas iniciais, ligeiras de Doença de Parkinson
Nas formas mais avançadas ou se disfunção cognitiva – pode acentuar os sintomas motores
e agravar as alterações cognitivas
Metabolitos: anfetamina e metanfetamina – ansiedade, insónia
Via oral e transdérmica (reduz metabolismo hepático de 1ª passagem – menor formação de
metabolitos anfetamínicos)
o RASAGILINA:
Não origina metabolitos indesejáveis
E caz em monoterapia nas formas iniciais da doença
56
Como adjuvante da Levodopa nas fases avançadas – reduz fenómenos “wearing off”
Alguma evidência de efeitos neuroprotetores (?)
o OPICAPONE
Semelhante ao entacapone mas uma única administração diária
o TOLCAPONE:
Duração de ação relativamente longa (2 a 3 X/dia)
Inibição periférica e central da COMT
Risco de hepatotoxicidade – uso com restrições
57
REAÇÕES ADVERSAS:
Agravamento das RAMs associadas à Levodopa
Náuseas, vómitos, hipotensão ortostática, sonhos/pesadelos, confusões e alucinações, diarreia
Hepatotoxicidade: hepatite aguda fatal com tolcapone (em 2% dos doentes elevação das
transaminases)
Rabdomiólise com tolcapone
AMANTADINA
o Agente antiviral – influenza tipo A
o MECANISMO DE AÇÃO:
Aumenta a transmissão dopaminérgica (aumento da
síntese e libertação de dopamina? Bloqueio da recaptação
da DA e da NA?)
É um agonista dopaminérgico fraco
Bloqueio muscarínico
Antagoniza o recetor NMDA do glutamato
o Efeito clínico modesto: tratamento da discinésia, como adjuvante da Levodopa
o REAÇÕES ADVERSAS:
Tonturas, letargia, perturbação do sono, confusão, alucinações
Náuseas e vómitos, dor abdominal
Efeitos anticolinérgicos
Edema maleolar
Livedo reticularis
o CONTRA-INDICAÇÕES:
Epilepsia
Insu ciência renal aguda
o TRI-HEXIFENIDILO
Atua em poucas horas
Em monoterapia ou em associação com a L-DOPA
Corrige os sintomas extrapiramidais
Uso prolongado - dependência pela procura de um estado eufórico (?)
58
o REAÇÕES ADVERSAS:
SNC: confusão, agitação, alucinações, alterações do humor, sedação, lentidão mental, falta
de atenção e alterações de memória; raramente discinesia
Efeitos atropina-like:
Secura da boca
Visão turva, midríase
Retenção urinária
Náuseas, vómitos e obstipação
Taquicardia, palpitações e arritmias cardíacas
Evitar suspensão abrupta – para prevenir exacerbação do Parkinsonismo
Long-term effectiveness of dopamine agonists and monoamine oxidase B inhibitors compared with
levodopa as initial treatment for Parkinson’s disease (PD MED): a large, open-label, pragmatic
randomised trial
59
REGRAS GERAIS NO USO DE ANTIPARKINSÓNICOS
o Não existe atualmente nenhum tratamento farmacológico modi cador da doença de Parkinson
– apenas para alívio sintomático
o Nas fases iniciais da doença, com sintomas motores ligeiros: Levodopa (dose mínima
necessária) ou agonistas da DA ou IMAO
o Nas fases avançadas da doença, com discinésia ou flutuações
motoras com Levodopa –Terapêutica adjuvante com:
Inibidores da COMT (entacapone) ou IMAO-B (rasagilina)
- redução do tempo ”off”
Agonistas da DA
Amantadina - para tratamento da discinesia
o Levodopa é o tratamento de 1ª linha para a maioria dos doentes
com doença de Parkinson (e caz nas fases iniciais e tardias da
doença)
o Preferir Levodopa mesmo nas fases iniciais se sintomas motores
com interferência com a QoL
o Nos fenómenos de “wearing off” com Levodopa, aumentos da
dose podem ser su cientes
o Os antiparkinsónicos não devem ser interrompidos abruptamente
Antidemenciais
Demência
Conjunto de doenças em que existe deterioração do desempenho cognitivo e comportamental,
condicionando a autonomia
As demências mais comuns são:
1. Doença de Alzheimer
2. Demência vascular
3. Demência dos corpos de Lewy
4. Demência fronto-parietal
5. Demência mista
Doença de Alzheimer
Doença neurodegenerativa, progressiva perda da memória recente, com manutenção da mais antiga
Clínica: 1) deterioração cognitiva e da memória, 2) perda de noção do tempo e do espaço; 3)
di culdade em realizar as tarefas diárias; 4) alterações do humor e personalidade
Principal causa de demência (2/3)
Incidência aumenta com a idade (aos 80 anos, atinge 1 em cada 4 indivíduos)
Sem causa conhecida e sem cura ou medicamentos modi cadores da doença
60
Fisiopatologia
Degenerescência neuronal, associada a perda sináptica
e baixos níveis de NT cerebrais (córtex cerebral e
hipocampo)
Histopatologicamente:
1) Placas amilóides extracelulares (depósitos amorfos de
proteína β amilóide)
2) Emaranhados neuro brilares intraneuronais ( lamentos de
proteína Tau hiperfosforilada)
Hipóteses Fisiopatológicas
Hipótese Colinérgica
↓ da biossíntese de Ach na base das alterações de
memória
↓ da atividade da colina acetiltransferase no
hipocampo e córtex cerebral de doentes com
Alzheimer
Hipótese amilóide
Agregados Aβ cruciais na patogénese e
progressão da Dça Alzheimer
Produção excessiva/↓ clearance
Mas depósitos amilóides em idosos sem
demência?
Hipótese do stress oxidativo
Ativação de múltiplas vias de sinalização – lesão
celular, distúrbios da reparação do DNA e
disfunção mitocondrial - início do processo de
neurodegenerescência
Promoção agregação amilóide Aβ e
hiperfosforilação da proteína Tau
Hipótese dos biometais
Desregulação do conteúdo de biometais no cérebro (Fe2+, Cu2+) - produção de radicais
livres/stress oxidativo, oxidação do DNA e peroxidação lipídica
Hipótese da inflamação crónica
Amilóide Aβ - ativação da microglia - cascatas pro-inflamatórias – degeneração neuronal
Hipótese do glutamato
Sobrestimulação do recetor NMDA do glutamato – aumento do influxo de Ca2+ intracelular –
excitotoxicidade – degenerescência e apoptose neuronal
61
CASCATA AMILÓIDE
Grupos Farmacológicos
1) INIBIDORES DA COLINESTERASE
Tacrina, Donepezilo, Rivastigmina, Galantamina
2) ANTAGONISTAS DO RECETOR NMDA
Memantina
3) ACs MONOCLONAIS ANTI-AMILÓIDE
Aducanumab
Evitar fármacos com atividade anticolinérgica!
62
INIBIDORES DA COLINESTERASE
MECANISMO DE AÇÃO
Inibição da hidrólise da Ach pela AchE nas sinapses
Aumento da concentração de Ach no córtex cerebral
EFEITOS CLÍNICOS
Benefício modesto na função cognitiva e AVDs nas formas ligeiras a moderadas
Estabilização da função cognitiva
Sem evidência de efeito modi cador da doença
DONEPEZILO
Inibidor reversível da AchE (elevada a nidade)
Biodisponibilidade 100%, Tmax: 3-4 h
T1/2: 60-90 h
Metabolismo hepático: CYP2D6, CYP3A4
Em estudos pré-clínicos: efeitos neuroprotetores (ação anti-inflamatória, redução stress
oxidativo, redução dos níveis do precursor amilóide, melhoria do fluxo sanguíneo cerebral)
Clinicamente: benefício modesto na cognição e comportamento, redução da atro a cerebral
Toma única diária
Globalmente bem tolerado (+ efeitos GI colinérgicos)
RAMs: náuseas, vómitos, diarreia, fadiga, bradicardia
Não hepatotóxico
1ª linha nas formas ligeiras a graves de Doença de Alzheimer
RIVASTIGMINA
Inibidor não competitivo pseudo-irreversível da AchE
Seletividade para hipocampo e córtex cerebral (vs periferia)
Tmax: 1,5 h (via oral) ou 3 h (STT)
T1/2: 0,5 - 2 h
Boa penetração da BHE
Metabolismo independente do Cit P450 (O que confere vantagem ao diminuir as possíveis interações
medicamentosas)
Estudos com RM e PET mostraram melhoria do metabolismo no hipocampo
Benefício na função cognitiva, atividades diárias e sintomas psicológicos na demência ligeira a
moderada
Indicação clínica:
o Formulações orais: doença ligeira a moderada
o STT: todos os estadios da doença
RAMs (+): náuseas, vómitos, dispepsia, astenia, anorexia e perda de peso
GALANTAMINA
Inibidor seletivo, competitivo e reversível da AchE
Modulação alostérica dos recetores nicotínicos pré e pós sinápticos, potenciando a ação da Ach
T max: 1 h
63
Baixa biodisponibilidade cerebral
T1/2: 5-7 h
Metabolização hepática via CYP3 A4
Em estudos pré-clínicos: ação anti-inflamatória e anti-oxidante
Clinicamente: melhoria função cognitiva e do comportamento
Globalmente bem tolerado (efeitos periféricos GIs: náuseas, vómitos, anorexia, diarreia)
Hepatotoxicidade por reações de idiossincrasia
64
Anticorpos monoclonais anti-amilóide
Aducanumab
Solanezumab
Bapineuzumab
Gantenerumab
Lecanemab
Donamemab
Agendes modi cadores da doença?
ADUCANUMAB
Ac monoclonal humanizado IgG1 dirigido contra oligómeros
solúveis e insolúveis de amilóide β
Objetivo: clearance dos depósitos amilóides
Ensaio PRIME: administrações ev a cada 4 semanas -
redução dos depósitos de amilóide (PET)
Menor deterioração cognitiva
Ensaios EMERGE con rmou resultados do PRIME, mas não
o ensaio ENGAGE (Resultados contraditórios, ou seja, e cácia não
está comprovada)
E caz apenas nas fases iniciais da doença
Reduzido nº de doentes
Sem evidência cientí ca su ciente da correlação entre
redução das placas Aβ cerebrais e a melhoria cognitiva
Custos elevados
Foi retirado o pedido de autorização de introdução no
mercado
Questões de segurança:
o ARIA (amyloid-related imaging abnormality) – edema cerebral e fenómenos
microhemorrágicos ou depósitos de hemodiserina
o Outras RAMs: cefaleias, tonturas, confusão, náuseas
65
Antihipertensores
Doenças Cardiovasculares
Principal causa de morte em Portugal
Em 2017, de um total de 110.187 óbitos,
ocorreram 32 366 mortes por doenças do
aparelho circulatório (29%), das quais 11 270
por AVC e 7 314 por doença isquémica
cardíaca
Hipertensão arterial
HTA Primária (essencial) HTA Secundária
Grande maioria (90-95%) Causada por uma condição identi cável (doença
arterial renal, hiperaldosteronismo, patologia
tiroideia, obesidade mórbida, alcoolismo,
anticoncecionais orais…)
Sem causa subjacente identi cável Tratamento: da condição subjacente
Tratamento: fármacos + alterações no estilo de
vida (exercício, diminuir o peso e stress,
cessação tabágica)
Prevalência da HTA
A prevalência da HTA aumenta para 56,2% acima dos 75 anos de idade!
Em 2014, 2,2 milhões de portugueses (25,3%) referiram ter HTA.
66
Tratamento da HTA em Portugal
São 30% de doentes que apesar de estarem medicados não estão controlados, uma percentagem alarmante
Definição de HTA
Tabela: Classi cação da Hipertensão arterial
Categoria Sistólica (mmHg) Diastólica
Ótima <120 E <80
Normal 120-129 e/ou 80-84
Normal Alta 130-139 e/ou 85-89
HTA Grau 1 140-159 e/ou 90-99
HTA Grau 2 160-179 e/ou 100-109
HTA Grau 3 >180 e/ou >110
Hipertensão sistólica >140 e <90
Fisiopatologia da HTA
O que é que determina a pressão arterial?
68
Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona
Importante na regulação do volume e função vasculares
O principal local de libertação de renina é o rim: estimulação simpática (activação dos
adrenoreceptores β1), hipotensão arterial renal (e.x. estenose), e ↓ do Na+ nos túbulos distais
A renina atua sobre o angiotensinogénio (produzido principalmente no fígado) que sofre clivagem
proteolítica para originar o decapeptídeo angiotensina I (AT I)
O endotélio vascular, particularmente nos pulmões contém a enzima de conversão da
angiotensina (ECA), que por remoção de 2 a.a dá origem ao octapeptídeo, angiotensina II (AT
II)
ANGIOTENSINA II
Vasoconstrição - aumento da resistência vascular e da pressão
arterial
Estimulação do cortéx suprarrenal com libertação de
aldosterona, que atua nos rins aumentando a retenção de hidro-
salina
Estimulação da libertação de vasopressina (ADH) a partir da
hipó se, que por sua vez por atuação renal leva a retenção hídrica
Facilita a libertação de noradrenalina e inibe a sua recaptação nos
terminais nervosos, estimulando, portanto, a função adrenérgica simpática
Estimulação de hipertro a vascular e cardíaca
69
Fármacos
Diuréticos:
o Tiazidas e homólogos - Hidroclorotiazida, Clorotalidona, Indapamida…
o Diuréticos da ansa - Furosemida, bumetanida, torasemida, … (importantes na insu ciência
cardíaca)
o Diuréticos poupadores de K+ - Espironolactona, amilorido, triantereno
Fármacos Simpaticolíticos:
o Bloqueadores dos adrenoceptores beta - Metoprolol, atenolol, bisoprolol …
o Bloqueadores dos adrenoceptores alfa - Prazosina, fenoxibenzamina, fentolamina,…
o Antagonistas adrenérgicos mistos - Carvedilol, labetalol
o Fármacos de ação central - Metildopa, clonidina,…
Bloqueadores da entrada do Ca2+ (Verapamil, diltiazem, amlodipina,…)
IECA (captopril, enalapril, perindopril, ramipril,…)
ARAII (losartan, candesartan, valsartan, telmisartan,…)
Vasodilatadores arteriais (hidralazina, minoxidil,…) e arteriais e venosos (nitroprussiato)
Diuréticos
Acetazolamida Tiazidas e tiazidas-like
- Inibidor da anidrase carbónica que vai inibir a reabsorção de - Inibem a reabsorção de Na+ e Cl- no túbulo
HCO3- no túbulo contornado distal contornado distal, o que resulta na retenção de água
- Fracas propriedades diuréticas no túbulo. Diuréticos mais usados na HTA.
- Espironolactona, um
antagonista da
aldosterona, inibe a
reabsorção de Na+
mediada pela aldosterona
e a secreção de K+
- Amiloride e triamtereno
bloqueiam os canais de
Furosemida, bumetanida, torsemida Na+
- Os diuréticos da ansa inibem o - Estes agentes podem
cotransporte de Na+/K+/Cl- na prevenir a perda de K+ que
parte ascendente da ansa de Henle, pode ocorrer com outros
o que vai resultar na retenção de diuréticos
Na+, Cl- e água no túbulo
- Estes fármacos são os diuréticos
mais e cazes
IECAs
Fármaco Dose diária (mg) Pró-fármaco Via de eliminação Duração de ação
Captopril 25 – 150 Não Renal 6 – 10h
Enalapril 5 – 40 Sim Renal 18 – 24h
Cilazapril 2,5 – 5 Sim Renal 24h
Imidapril 5 – 20 Sim Renal 24h
Lisinopril 5 – 40 Não Renal 24h
Fosinopril 10 – 40 Sim Renal/hepática 24h
Quinapril 5 – 80 Sim Renal 24h
Ramipril 1,25 – 20 Sim Renal 24h
Trandolapril 1–4 Sim Hepática 24h
Perindopril 5 – 10 Sim Renal 24h
Zofenopril 15 – 60
71
Bloqueadores Adrenérgicos BETA
72
Bloqueadores adrenérgicos beta Dose diária (mg)
Propanolol 80 – 160
Atenolol 25 – 100
Bisoprolol 2,5 – 10
Metoprolol 50 – 300
Nadolol 40 – 320
Pindolol 10 – 60
Carvedilol (tbm é antagonista alfa) 12,5 – 50
Labetalol (tbm é antagonista alfa) 200 – 1200
3ª Geração
Semi-vida plasmática longa: Amlodipina
Semi-vida tecidular longa: Lercanidipina, lacidipina Têm menor risco de edema maleolar
Intrinsecamente de longa duração
Redução da RVP
Redução do DC (por redução da
contractilidade miocárdica e da FC no
caso dos não dihidropirídinicos)
73
Bloqueadores dos Canais Ca+ Dose diária (mg)
Nifedipina 30 – 120
Nisoldipina 20 – 60
Felodipina 2,5 – 20
Isradipina 5 – 20
Dihidropiridinas
Amlodipina 2,5 – 10
(DHP)
Nicardipina 60 – 90
Lacidipina 2–8
Nitrendipina 10 – 40
Lercanidipina 10 – 20
Verapamil 120 – 360
Diltiazem 90 - 480
REAÇÕES ADVERSAS
Dihidropiridinas Diltiazem Verapamil
Hipotensão + + +
Rubor ++ - +
Cefaleias ++ + +
Edema maleolar ++ + +
Palpitações + - -
Pert. Condução - + ++
Insu ciência Cardíaca (+) - +
Bradicardia - + ++
Náuseas + + +
Obstipação - (+) ++
Bloqueadores Alfa
Bloqueadores alfa Dose diária (mg) Duração de ação Pico de efeito Freq. De administ.
Prazosina 2 – 30 4 – 6h 0,5h 2–3
Terazosina 1 – 20 >18h 1 – 1,7h 1-2
Doxazosina 1 – 16 18 – 36h 6h 1
Alfuzosina
Tamsulosina
Trimazosina 3 – 6h 3 – 7h 2-3
Simpaticolíticos
Simpaticolíticos Dose diária (mg)
Clonidina 0,2 – 1,2
Metildopa 500 – 3000
Guanabenz
Guanfacina
Reserpina
Guanetidina
74
A metildopa usa-se na hipertensão da grávida!
Outros
Agonistas dos recetores imidazolínicos
o Clonidina
o Rilmenidina (dose diária: 1 – 2 mg)
Relaxantes musculares diretos
o Minoxidil
Pouco usados…
Metanálise de 46 ensaios clínicos (N=248 887) revelou que IECAs, ARAs, BCC dihidropiridínicos
e diuréticos apresentam e cácia semelhante na prevenção da mortalidade CV e AVC.
Interações
Aumento do efeito Diminuição do efeito
Diuréticos Diuréticos com ação diferente AINEs, esteróides
Bloqueadores Beta Cimetidina AINEs, indutores enzimáticos
hepáticos
IECAs Clorpromazina, clozapina AINEs, antiácidos
Antagonistas Ca+ Cimetidina, ranitidina Indutores enziméticos hepáticos
AUMENTO DO RISCO
Contra-Indicações
Diuréticos: Gota
Bloqueadores beta: asma, bloqueio sinoatrial ou atrioventricular de alto grau, bradicardia
Antagonistas de Ca+ (dihidropiridinas): possíveis – taquicardia, insu ciência cardíaca, edema
do membro inferior pré-existente
Antagonistas de Ca+ (verapamil, diltiazem): bloqueio sinoatrial ou atrioventricular de alto grau,
bradicardia, disfunção LV
IECAs: gravidez, edema angioneurótico, hipercaliémia, estenose arterial renal bilateral
ARAs: gravidez, hipercaliémia, estenose arterial renal bilateral
O tratamento depende do risco CV global!
76
Na hipertensão
normal-alta e na de
grau 1 tenta-se
primeiro uma
abordagem não
farmacológica
77
Anti-Isquémicos
Doença Coronária
A Isquémia Miocárdica é de nida como um dé ce de oxigénio e diminuição ou ausência de irrigação
sanguínea do miocárdio causadas (geral/) por estreitamento ou obstrução das artérias coronárias.
Pode apresentar-se como:
1. ANGINA DE PEITO – SÍNDROMES CORONÁRIAS CRÓNICAS
2. SÍNDROMES CORONÁRIAS AGUDAS
Tipos de Angina
A. “ANGINA ESTÁVEL” à SÍNDROMES CORONÁRIAS CRÓNICAS
- Obstrução aterosclerótica, xa, das grandes artérias coronárias
- Surge com esforços (por aumento das necessidades de O2)
B. ANGINA VARIANTE ou DE PRINZEMETAL
- Surge em repouso
78
- Por espasmo coronário transitório (geralmente associado a ateroma subjacente)
- A eletrocardiograma é parecido ao de um enfarte
C. ANGINA INSTÁVEL
- > gravidade (sintomas em crescendo, em repouso ou de novo)
- Fisiopatologia semelhante à do EAM (trombose associada à ruptura da placa aterosclerótica),
mas sem oclusão completa do vaso – risco de evolução para EAM
Antianginosos Clássicos
BCC= Bloq canais de Ca
DHP = dihidropiridina
*Excepto amlodipina
79
Nitratos Orgânicos
Nitroglicerina
Mononitrato de isossorbido
Dinitrato de isosorbido
MECANISMO DE AÇÃO:
80
EFEITOS INDESEJÁVEIS NO TRATAMENTO DA ANGINA
Efeitos indesejáveis potenciais Resultado
Taquicardia reflexa e aumento do reflexo da Aumento das necessidades em O2 pelo
contratibilidade miocárdio
Redução do tempo de perfusão diastólico por Redução da perfusão do miocárdio
taquicardia
TOLERÂNCIA
Diminuição do efeito com doses repetidas de nitratos
Não ocorre com formulações de ação curta; ocorre com nitratos de ação prolongada (ex. MNI),
uso repetido de STT ou administração iv contínua -> intervalos 8 - 12h livres de fármaco
81
Bloqueadores dos Canais de Cálcio (BCC)
Verapamil Benzodiazepinas #
Diltiazem Fenilalquilaminas #
Nifedipina
Nicardipina
Amlodipina Dihidropiridinas *
Felodipina
82
USOS CLÍNICOS DOS BCC
Angina de Peito (“estável” - SCC, instável e Prinzmetal)
HTA (dihidropiridinas +++)
Disritmias (verapamil +++)
Miocardiopatia hipertró ca (verapamil +++)
Hipertensão arterial pulmonar
Doença de Raynaud
Enxaqueca (flunarizina)
Hemorragia subaracnoideia (nimodipina)
Bloqueadores Adrenérgicos β
Metoprolol
Bisoprolol
Carvedilol
Nebivolol
Nicorandilo
ATIVADOR DOS CANAIS DE K+
Ação nitrovasodilatadora (nitrato-like)
Ativa o GMPc – diminuição da pré-carga
Efeitos hemodinâmicos semelhantes aos nitratos de longa duração de ação
Ativação dos canais de K+ ATP sensíveis
Dilatação das arteríolas coronárias de resistência
Diminuição da pós-carga
84
Precondicionamento
Trimetazidina
MODULAÇÃO METABÓLICA
Durante isquémia – predomina a via metabólica dos AGL
O2 necessário à via da glicose é inferior ao da via dos AGL
Trimetazidina inibe parcial/ a oxidação dos ácidos gordos
(apenas nalguns estudos)
Desvio no sentido da via metabólica + e ciente
No estudo TACT – redução dos episódios anginosos
Associada a alguns eventos extrapiramidais
Ivabradina
INIBIÇÃO DO SNA
A corrente If é uma corrente Na+/K+ que ativa as
células com função de pacemaker do nódulo SA
Ivabradina
- Bloqueia selectiva/ a corrente If
- Reduz o declive da despolarização diastólica,
reduzindo a FC
Ranolazina
INIBIÇÃO DA CORRENTE TARDIA E NA+
Na isquémia miocárdica - ↑ da entrada de Na+ nas
células cardíacas
Diminuição do influxo de Na+ e efluxo de Ca++ pelo
transportador Na+/Ca++
Sobrecarga de Ca++
Inibição destes efeitos pela Ranolazina
Diminuição dos sintomas anginosos
85
Sem efeitos na FC ou PA
Prolongamento ligeiro do QT
E cácia antisquémica e antianginosa adicional em
doentes que permanecem sintomáticos com
terapêutica convencional
Deve ser reservada para doentes com angina crónica
não controlados com fármacos convencionais
Angina Vasoespástica
NITRATOS E BCC
São e cazes no alívio e prevenção da angina variante
A prevenção do espasmo arterial coronário é o principal mecanismo para uma resposta bené ca
Todos os BCC são igualmente e cazes e a escolha depende do doente
86
Tratamento Farmacológico da
Insuficiência Cardíaca
Fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca
Incapacidade do coração bombear o sangue necessário às necessidades dos tecidos
metabolizadores
e/ou
Pressão diastólica anormalmente elevada
Via nal comum de várias doenças CV
Etiologia:
Doença coronária (70%)
Valvulopatias (10%)
HTA
Miocardiopatias
Toxinas
Taquimiocardiopatias
DEFINIÇÃO/CLASSIFICAÇÃO DA IC
87
HISTÓRIA DO TRATAMENTO DA IC
Respostas “compensatórias”:
Hiperativação do SN simpático (aumento da FC e
da contratilidade)
Hiperativação do SRAA - diminuição da excreção
de sal e água pelos rins
88
Bloqueadores adrenérgicos β
Inibidores do SRAA
o IECAs
o ARAs
o ARNI (Sacubitril/Valsartan)
o Antagonistas dos receptores mineralocorticóides (espironolactona, eplerenona)
Inibidores do co-transportador 2 sódio-glicose (SGLT2)
Diuréticos
Outros: Ivabradina, digitálicos (digoxina), vasodilatadores
Bloqueadores Adrenérgicos β
Bisoprolol, carvedilol, nebivolol…
Recomendados em todos os doentes com FEVE </= 40%
Benefício resultante da inibição do efeito de elevadas concentrações de catecolaminas
(incluindo apoptose e remodelling), redução da FC
Melhoram a função VE, os sintomas de IC, ↓ hospitalizações por descompensação de IC, ↓
mortalidade
Classe de recomendação I
Nível de evidência A
CONTRA-INDICAÇÕES:
Asma (a DPOC não é uma contra-indicação absoluta !)
BAV de 2º ou 3º grau
Bradicadia sinusal (< 50 bpm)
Doença do Nod. Sinusal
IC descompensada (nos doentes internados iniciar cautelosamente antes da alta)
REAÇÕES ADVERSAS:
Hipotensão sintomática
Bradicardia
Insónia
Disfunção sexual
Queda de cabelo
89
IECAs
Enalapril, ramipril, lisinopril, …
Recomendados em todos os doentes com FEVE £ 40%
Efeitos:
o ↓ da pré-carga – por ↓ da retenção hidro-salina (por ↓
espironolactona)
o ↓ da pós-carga (por ↓ da resistência vascular)
o ↓ hipertro a e remodelling cardíaco e vascular
o Melhoram a função VE, os sintomas de IC, ↓ hospitalizações
por descompensação de IC, ↓ mortalidade
Classe de recomendação I
Nível de evidência A
CONTRA-INDICAÇÕES:
História de angioedema
Estenose arterial renal bilateral
Hipercaliémia (> 5.5 mmol/L)
Gravidez
REAÇÕES ADVERSAS:
Agravamento da função renal – Suspender se Cr > 3,5 mg/dl
Hipercaliémia – Suspender se K+ > 6,0 mmol/l
Hipotensão sintomática (comum)
Tosse seca irritativa
Angioedema
90
Recomendados em todos os doentes com FEVE </= 40% sintomáticos em substituição de IECA
para redução da mortalidade e hospitalização por IC
Classe de recomendação I
Nível de evidência B
Início de novo de ARNI em doentes com FEVE </= 40% naives de IECA também pode ser
considerado
Classe de recomendação IIb
Nível de evidência B
91
IVABRADINA
A corrente If é uma corrente Na+/K+ que ativa as células com função de pacemaker do nódulo SA
Ivabradina
o Bloqueia selectiva/ a corrente If
o Reduz o declive da despolarização diastólica, reduzindo a FC
INDICAÇÃO:
Nos doentes com IC sintomática (classe NYHA II a IV), em ritmo sinusal, com FEVE ≤ 35%, e
FC ≥ 70 bpm, apesar de bloq β nas doses recomendadas (ou máx tolerada) + IECA/ARNI +
antagonista da aldosterona
Indicação IIa B
Se intolerância a bloqueadores β
Indicação IIa C
92
IONOTRÓPICOS – COMO ATUAM?
Aumentam a força de contração
Maioria aumenta a concentração de Ca++ intracellular
Ex:
Digitálicos (digoxina) – inibem a Na+/K+-ATPase, causando um aumento no
Na+ intracelular => di culdade na troca Na+/Ca++=> aumento do Ca++
intracelular
Agonistas adrenérgico β (Dobutamina, Dopamina)
Inibidores da PDE (Milrinona)
Sensibilizadores dos canais de Ca2+ (Levosimendan – não aprovado nos EUA)
IONOTRÓPICOS – DIGOXINA
Doentes com IC e FA – para controlo da frequência ventricular
É usado principalmente como anti-arrítmico
Em doentes em Ritmo Sinusal e FEVE (força de ejeção do ventrículo esquerdo) </= 40%, a digoxina reduz
as hospitalizações por IC, mas não afeta a sobrevida (efeito neutro em termos de mortalidade ?)
Classe de recomendação IIb
Nível de evidência B
Digoxina
Semi-vida 40 horas
Concentração plasmática terapêutica 0.5 - 1.2 ng/mL
Concentração plasmática tóxica > 1.2 ng/mL
Dose diária 0.125 – 0.5 mg
93
REAÇÕES ADVERSAS:
Efeitos Cardíacos
o Bradicardia, redução da condução ou bloqueio AV (desejável em taquiarritmias)
o Despolarização ventricular prematura, bigeminismo, FV
GI: anorexia, náuseas, vómitos (podem ser os primeiros indicadores de intoxicação digitálica!!!)
SNC: cefaleias, cansaço, confusão, agitação, visão turva
TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO DIGITÁLICA:
Redução da dose: se BAV de 1º grau, extrassistolia, sintomas GI ou visuais
Atropina: se BAV de alto grau
KCl: se automaticidade aumentada
Antiarrítmicos: se arritmias ventriculares (lidocaína)
Anticorpos Fab (digoxin immune fab): se concentrações séricas tóxicas; toxicidade aguda
CONTRA-INDICAÇÕES:
S. pré-excitação
BAV 2º ou 3º grau
94
DIURÉTICOS – FUROSEMIDA
VASODILATADORES
NITRATOS, NESIRITIDA e NITROPRUSSIATO DE NA+
Recomendados no tratamento inicial da IC aguda desde que PAs > 110 mmHg (indicação IIb B)
↓ pressões diastólicas ventriculares esquerdas e direitas
↓ resistências periféricas sistémicas
DNI e NTG – venodilatadores (reduzem pré-carga)
E cácia limitada a 16-24 h – TOLERÂNCIA!
Nitroprussiato de Na+ - potente vasodilatador (ação direta no m. liso vascular)
Nesiritida – forma sintética do peptídeo natriurético cerebral (BNP) endógeno – ativa os receptores do
BNP – relaxamento m. liso vascular – dilatação arterial e venosa
REAÇÕES ADVERSAS: cefaleias, hipotensão
INOTRÓPICOS
AGONISTAS ADRENÉRGICOS β, INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE, SENSIBILIZADORES
DOS CANAIS DE CÁLCIO
Em doentes com baixo débito ou com sinais de hipoperfusão ou congestão apesar da
terapêutica com vasodilatadores e/ou diuréticos
Apesar da melhoria clínica na fase aguda – agravamento da isquémia miocárdica e aumento da
mortalidade a curto e longo prazo
Devem ser iniciados o + precocemente possível e suspensos assim que a perfusão seja
adequada e/ou a congestão reduzida
DOPAMINA
Pode associar-se à dobutamina
A Dopamina é uma catecolamina endógena com efeitos cardiovasculares dose-dependentes
por ação em 3 tipos de recetores: 1) dopaminérgicos, 2) adrenérgicos alfa-1 e 3) adrenérgicos
beta-1
Em baixas doses (< 3 µg/Kg/min) estimula os receptores dopaminérgicos – vasodilatação da
vasculatura esplâncnica, coronária e renal - efeito renal favorável (melhora a perfusão renal em doentes
anúricos)
Em doses intermédias (3 -5 µg/Kg/min) – estimulação de recetores adrenérgicos β1 – efeito
cronotrópico e inotrópico positivo
Em altas doses (>5 µg/Kg/min) - estimula os receptores adrenérgicos α - potente vasoconstrição
Os efeitos adversos mais importantes ocorrem com doses > 10 µg/Kg/min e são arritmias e HTA
NORADRENALINA
Amina vasopressora, agonista β e α
Usa-se bastante em associação com a dobutamina
Ação principal nos recetores adrenérgicos a vasculares – vasoconstrição e aumento da PA
Também atua nos recetores adrenérgicos β1 cardíacos, exercendo ação inotrópica e
cronotrópica positiva
Usada principalmente na IC aguda com choque cardiogénico, em associação com outros
inotrópicos mais potentes
Também é amplamente utilizada noutras patologias como o choque sético
Dose habitual: perfusão ev de 0.2–1.0 µg/kg/min
Reações adversas: taquicardia, hipertensão e arritmias ventriculares (mas aparentemente
menor risco que a dopamina)
96
SENSIBILIZADORES DOS CANAIS CA++ – LEVOSIMENDAN
Não aumenta a concentração intracelular de Ca2+ (ao contrário dos inotrópicos prévios)
Aumenta a sensibilidade ao cálcio, portanto, facilida a ligação do cálcio à troponina
Principais efeitos:
o ligação à troponina C aumentando a sua sensibilidade ao Ca
o inibição ligeira da PDE
o vasodilatação signi cativa através dos canais de K+ sensíveis ao ATP
Indicação: i.v. para tratamento de descompensações de IC crónica
A resposta hemodinâmica pode manter-se vários dias após suspensão do fármaco
Sem efeito proarrítmico importante
Efeitos adversos: hipotensão, cefaleias – CI se PAs < 85 mmHg ou choque cardiogénico
↑ custos!!!
97
Anti-arrítmicos
Atividade Elétrica Cardíaca Normal
Células com capacidade de pacemaker – sem potencial de repouso devido à abertura dos canais HCN
– despolarização espontânea (potencial de pacemaker – fase 4).
Corrente If (“funny” current) - corrente activada pela hiperpolarização; responsável pelo potencial de
marcapasso.
Os canais HCN4 no nod. SA estão próximos do receptor adrenérgico β, podendo explicar a regulação
autonómica da FC.
98
Por que razão é necessário tratar as arritmias?
Taquiarritmias
Bradiarritmias
Ritmo assíncrono
Risco de Morte Súbita
Como todos os fármacos antiarrítmicos têm potencial pro-arrítmico é fundamental avaliar relação
risco/benefício.
Arritmias assintomáticas ou apenas ligeiramente sintomáticas – sem tratamento antiarrítmico
CLASSIFICAÇÃO DE VAUGHN WILLIAMS
99
ANTIARRÍTMICOS DE CLASSE I
QUINIDINA
Espetro de efeitos antiarrítmicos relativamente largo (tb bloqueia canais de K+)
Praticamente obsoleto
Efeitos cardíacos:
o ↑ intervalo PR
o ↑ intervalo QT-------> risco arritmogénico
o Inotrópico negativo
Efeito vasodilatador (por bloqueio α adrenérgico)
PK: via oral, metabolismo hepático, CYP450 3A4, t1/2= 6 h, forte ligação proteínas plasmáticas
Indicações: atualmente muito limitadas
No passado: pro laxia de arritmias SV, cardioversão farmacológica de FA
EFEITOS ADVERSOS (comuns e graves)
GI – diarreia, náuseas e vómitos (em até 30% dos doentes)
SNC– „cinchonismo“ – cefaleias, vertigens, perturbações visuais
Hematológicos - trombocitopenia, anemia hemolítica
Cutâneas– urticária (rash), fotossensibilidade
Mialgias, artralgias, síndrome lúpus-like, hepatite
Cardiovasculares
o Indução de TV (Torsades de pointes) – 5 a 10% (1os dias de tratamento)
o Redução da contractilidade ventricular -> descompensação de IC
o Hipotensão arterial
o Bradicardia, paragem cardíaca
INTERAÇÕES:
Potente inibidor do CYP 2D6 ( anticoagulação oral) – antiarrítmico com + interações
farmacológicas
CONTRA-INDICAÇÕES:
BAV
IC sintomática
QT longo
Hipocaliémia
Trombocitopenia
gravidez e aleitamento
PROCAINAMIDA
↑↑ efeito inotrópico negativo
PK:
o Metabolizada (15-30 %) em N-acetilprocainamida (NAPA) (+++ classe III)
o O metabolito ativo NAPA é excretado pelo rim + lenta/ q a procainamida
o ↑ t1/2 na Insu ciência Renal (10-20h)
o Polimor smos genéticos – acetiladores lentos: + administrações (t 1/2 = 3 a 4 h; acetiladores
rápidos (~50%): acumulação de NAPA – intervalos entre administrações > (t1/2 = 5 a 6 h)
100
INDICAÇÕES: semelhantes às da quinidina, raramente usada, excepto por curtos períodos de tempo
(S. lupus like)
EFEITOS ADVERSOS:
Hipotensão, especialmente após infusão ev rápida (por ↓ atividade simpática eferente)
Síndrome de QT longo
Síndrome lúpus-like (15-30%): após longos períodos de tratamento (> 6 M):
Outros: GI (vómitos, diarreia) (25%), alergias, SNC (depressão, alucinações), distúrbios
hematológicos (agranulocitose)
LIDOCAÍNA e MEXILETINA
Anestésico local sintético
↓ condução com FC rápidas e no tecido isquémico
Alteração automatismo e refractariedade apenas nos ventrículos e Purkinje
PK
o Lidocaína apenas por via ev, mexiletina por via oral
o Metabolismo hepático; t1/2 = 90 min
Indicações
o Taquiarritmias ventriculares agudas potencialmente fatais (após EAM e cirurgia cardíaca)
No entanto, não está indicada na pro laxia de arritmias após EAM
o Arritmias ventriculares associadas a sobredosagem de digoxina
Reações adversas: relativamente aceitáveis
o SNA – parestesias, tremor, náuseas, sonolência
o Em elevadas doses - agitação e convulsões, apneia, ação inotrópica negativa e
hipotensão (< que os IA)
PROPAFENONA
Farmacodinamia: Além do efeito bloqueador dos canais de Na+
Bloqueador fraco dos canais de Ca2+
Bloqueador β fraco (estruturalmente ~ ao propranolol)
Em uso crónico a acumulação de propafenona pode produzir inibição
β-adrenérgica clinicamente signi cativa
Indicações: Taquiarritmias SV – sem cardiopatia estrutural
Efeitos adversos: dose-dependentes
Cardíacos – BAV ou bloqueios de ramo, taquiarritmias ventriculares,
descompensação da IC
GI – Náuseas, vómitos, obstipação e sabor metálico
SNC – tremor, cefaleias, perturbações do sono
CI – cardiopatia estrutural
Maior risco proarrítmico
101
Inibição dos canais de Na+ pelos antiarritmicos de classe I é maior durante ativação auricular rápida –
BLOQUEIO USO-DEPENDENTE
ANTIARRÍTMICOS DE CLASSE II
BLOQUEADORES ADRENÉRGICOS β
Diminuem o potencial da membrana em repouso (+ negativo) – efeito batmotrópico negativo
Reduzem a automaticidade dos pacemakers espontâneos
Prolongam a condução AV
Implicações clínicas
o ↓ FC
o ↓ condução do impulso para os ventrículos ( período refratário do NAV)
o ↑ limiar para FV
o Melhoram o prognóstico após EAM (prevenção de MS – efeitos antiarrítmicos)
PK variável – t1/2 diferentes!
Esmolol, propranolol, Labetalol – por via iv para situações de urgência
Metoprolol, bisoprolol – por via oral, uso a longo prazo
102
o Eliminação – 1ª fase “precoce“ (3-10 dias, 50 % do fármaco), 2ª fase - várias semanas
(semi-vida eliminação > 30 dias)
o Sem eliminação renal (não dializável)
Interação – inibidores/indutores do CYP 3A4 (e.x. cimetidina e rifampicina, sumo de toranja)
o Impt interação com varfarina - ê dose de varfarina em 25%
Efeitos adversos e tóxicos
Cardíacos
o Bradicardia, Bloqueios Auriculo-Ventriculares
o Síndrome de QT longo e risco de Torsade de Pointes
Extracardíacos
o Fibrose Pulmonar (forma grave em até 1%) – dose total acumulada – (após meses/anos)
o Hepatotoxicidade (pode ser fatal; 30% ↑ enzimas hepáticas)
o Depósitos cutâneos – fotodermatite e coloração cinzenta-azulada da pele nas àreas
expostas ao sol
o Microdepósitos na córnea – detetáveis logo após poucas semanas de tratamento (98 a
100% dos doentes após 3 meses de tratamento), geralmente assintomáticos, por vezes
visão turva (reversível com interrupção da amiodarona)
o Hipo/hipertiroidismo
DRONEDARONA
Derivado da amiodarona – remoção de grupo iodo e adição de grupo metilsulfonamida ---->
minimização dos efeitos adversos e redução da acumulação tecidular
Também com propriedades das 4 classes Vaughan-Williams
Steady state após 4-8 dias de tratamento
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SOTALOL
Mistura racémica D, L do sotalol efeitos classe II e classe III
o Isómero L (bloqueador β não selectivo) + Isómero D (prolongador do potencial de ação–
efeito classe III puro)
o Isómero D isolado não é um antiarrítmico tão e caz como a mistura racémica
PROLONGAMENTO DO PA: bloqueio rápido da corrente de saída de K+ -> atrasa a fase de
repolarização – prolongamento -> > período refractário efectivo (EPR)
Doses baixas (< 320 mg/d) – efeito bloq. β
INDICAÇÕES: i.v. – arritmias ventriculares e SV graves
P.O. – e caz na pro laxia de arritmias SV recorrentes, para manter o RS após cardioversão de
FA
PK: relativamente simples e previsível (p.o. e i.v.)
Bx risco de interações farmacológicas
Eliminação renal ---> evitar se ClCr < 40 ml/min
RAMs: fármaco relativamente bem tolerado (>> transitórias)
Risco de indução de QT longo e Torsade de Pointes (3-4% dos doentes)
Bradicardia, hipotensão, broncoconstrição, perturbação do sono
ANTIARRÍTMICOS DE CLASSE IV –
BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO
Efeitos nas estruturas de resposta lenta (NSA e NAV)
o Condução baseada no Ca++
o Deprimem a despolarização espontânea do
NSA
o Diminuem a condução no NAV
reduzem a resposta ventricular na FA e flutter auricular
suprimem taquicardias de reentrada nodal AV (TRNAV)
o sem impacto signi cativo nas taquiarritmias ventriculares
Efeitos nas estruturas de resposta rápida (restante miocárdio)
o Bloqueio dos canais de Ca2+ (tipo L) na fase 2 do PA Þ menos Ca++ para a contração -
resposta inotrópica negativa
VERAPAMIL e DILTIAZEM
INDICAÇÕES :
Taquiarritmias SV - mais e cazes que a digoxina no controlo da FC em doentes com FA
EFEITOS ADVERSOS E TOXICIDADE:
Altas doses: BAV ou inibição/supressão do NAV (particularmente quando em combinação com
bloqueadores β, digoxina ou outros inibidores dos nódulos SA ou AV)
Obstipação (+ frequente com verapamil)
Precaução se: depressão da função ventricular ou pressão arterial baixa
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CONTRA-INDICAÇÕES:
Insu ciência cardíaca
Doença do nódulo sinusal
Bloqueios cardíacos
Hipotensão grave
Síndroma de WPW – poderiam facilitar a condução anterógrada através da via anómala e induzir
FV
OUTROS ANTIARRÍTMICOS
DIGOXINA
Glicosídeo cardíaco que inibe a Na+/K+ ATPase
Como esta bomba tem ampla distribuição pelo organismo, a digoxina tem efeitos em vários
tecidos excitáveis, incluindo o coração, o SNC e o SNA
Usada no tratamento da Insu ciência Cardíaca
Usada no controlo da frequência ventricular em doentes com taquicardias auriculares
Aumenta o tónus vagal, inibindo a condução nodal AV
Janela terapêutica estreita (1,0-2,0 ng/ml)
Interações farmacológicas: quinidina e outros antiarrítmicos
ADENOSINA
Composto endógeno que é um agonista dos receptores purinérgicos
Receptores especí cos da adenosina no NAV (receptores A1 ---> ativação corrente saída de K+
e inativação de canais de entrada de Ca++ ---> hiperpolarização da membrana)
Bólus iv rápido no tratamento de TSVP
Pode bloquear o NAV 10 a 30 seg após a administração
A semi-vida de eliminação é de 1,5 a 10 segundos
Efeitos adversos (comuns – 40-60%, mas breves):
o Flushing facial, cefaleias, tonturas, parestesias
o Dispneia
o Dor torácica, palpitações
o Redução da pressão arterial
Contra-indicações:
o BAV 2º ou 3º grau, doença do nod. sinusal
o Asma brônquica ou HS à adenosina
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