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Produção do

Fracasso Escolar
Prof. Juliana Martini
Conteúdo estudado:

1. Relação entre Psicologia e Educação;


2. Antes de 1920 (Castigos – Controle)
3. Entre 1920 e 1970 (Escola Nova -
Oportunidades)
4. Depois de 1970 (Psicologia e Educação –
papel da família e culpabilização do sujeito,
crítica)

→Período da crítica
(Psicologia e Ideologia,
reflexões sobre a Psicologia Escolar-PATTO)
Compôs-se um panorama da história da Psicologia Educacional e Escolar brasileira e é então
sugerida uma proposta de periodização desse histórico

Colonização, saberes psicológicos e Educação (1500-1906);


A Psicologia em outros campos de conhecimento (1906-1930);
Desenvolvimentismo – a Escola Nova e os psicologistas na Educação (1930-1962);
A Psicologia Educacional e a Psicologia “do” Escolar (1962-1981);
O período da crítica (1981-1990); PATTO, M. H. S.

A Psicologia Educacional e Escolar e a reconstrução (1990-2000);


A virada do século: novos rumos? (2000- ).
Anos 60 e 70 – “criança-problema”

Instituto de Pedagogia Terapêutica em Campinas em


1960 – estudava as crianças “anormais” –identificação
destes indivíduos com diagnósticos e avaliações
diversas, bem como orientação e “tratamento”
(educação especial).

(influência do behaviorismo, testes psicológicos, teoria da carência cultural, etc.)


“anormais de escola” – identificados com questões não
apenas físico-biológico, mas sobretudo
comportamentais
Publicação: “A produção do
fracasso escolar”
Em 1990 Maria Helena Souza Patto publicou “A
produção do fracasso escolar: histórias de
submissão e rebeldia (1990/2020), discutindo a
temática do conceito de fracasso escolar que
rompeu com as explicações biologicistas,
ambientalistas e de culpabilização dos
indivíduos pelo fenômeno do “não aprender na
escola. A autora inova ao relacionar esse “não
aprender” não ao indivíduo, mas a todo um conjunto
de condições inclusive ideológica, (política pública,
formação dos professores, educação burguesa e
excludente, entre outras).
9/10/2023
Produção do Fracasso Escolar
Questionadas sobre os motivos para a existência de queixas escolares, a
diretora atribuiu-a “à falta de tempo dos pais para com os seus filhos”; e
a professora apontou, como razão, o fato de que “os pais são separados”

Além do envolvimento da família, a professora afirmou haver relação da


queixa escolar com aspectos da própria criança, como a “preguiça
mesmo”; e aspectos de ordem inata: “eu acho que já vem da criança”

Ao atribuir à criança a responsabilidade por seu “fracasso”, exime-se todo


um contexto de relações que está implicado nesse processo de não
aprendizado ou de problemas de comportamento. (REGO, 1997)
Produção do Fracasso Escolar
“levava várias atividades coordenadas para que ele se
acalmasse”... “a gente tenta fazer de outras formas, dá
outras atividades” (Diretora). Percebe-se que, apesar de tais
estratégias ainda indicarem certo desconhecimento da gênese
multifacetada do problema, elas demonstram um esforço na
busca por alternativas que propiciem aproximar-se dos
estudantes

“os professores, às vezes, estão desestimulados”


(assistente de direção); “pode ser que essa criança
pegou algum professor ruim..”
Fracasso Escolar e Processos Internos
A profissional da direção comentou sobre a “falta de interesse” e
a necessidade de que o estudante “‘acorde’, que tenha vontade”.
Já a ATP fez relação desse fato com “alguma coisa [ocorrida]
durante a infância deles”, em que “não conseguiram assimilar
aquilo ali”; enquanto o professor considerou que esse embaraço
no processo de aprendizagem “pode ser genético, têm os
déficits, o TDAH, todas essas coisas hoje aí”.

...o fracasso escolar, historicamente, se voltava de modo


exclusivo para as capacidades e os “processos internos” do
estudante (Souza, 2007).
Manutenção do “Status Quo”
Patto (1984) afirma que este período é
marcado pela nuance da prevenção de
problemas no âmbito escolar e de atuação do
psicólogo na escola para cumprir um
papel ideológico de manutenção do status
quo da sociedade capitalista e excludente.
A autora afirma que aqueles que eram
considerados desajustados na verdade eram
identificados assim por não corresponderem
aos padrões da educação burguesa, e a
Psicologia Escolar tradicional e normativa
tinha como propósito prevenir ou eliminar
estes desvios.
Três perspectivas na investigação do
fracasso escolar:
Teoria da Carência Cultural: fracasso relacionado
Fracasso a pobreza material e intelectual do contexto
familiar (abstém escola)
Escolar Teoria da Diferença Cultural: escola não leva
(Patto, 1991)
conta os padrões culturais do aluno (a cultura da
escola não é presente na realidade da criança)
Teoria da Desencontro Cultural: padrões
culturais do aluno e do professor são diferentes
(metodologias).
A afirmação da patologia generalizada das crianças pobres, a patologização

“ de suas dificuldades escolares tem algumas consequências que convém


destacar:

dispensa a escola de sua responsabilidade; induz a uma concepção


simplificadora do aparato psíquico dos pobres, visto como menos complexo
do que o de outras classes sociais.
RESUMO

A partir do fato de que a escola pública elementar tem fracassado em sua função de escolarizar a maioria das crianças
brasileiras e levando em conta que as crianças mais atingidas pertencem aos segmentos mais pobres das classes
trabalhadoras, o artigo analisa os determinantes da má qualidade da escola oferecida a estas crianças. Entre estes
determinantes, o preconceito contra pobres e negros, de profundas raízes na sociedade brasileira, atua como poderoso
estruturante das práticas e processos que se dão na escola. A superação deste estado de coisas é discutida no âmbito
dos direitos da cidadania e das relações de poder numa sociedade de classes.

Descritores: Família. Escolas. Fracasso Escolar. Preconceito. Interação professor-aluno.


Fracasso Escolar e outros determinantes

Experiências narradas por adolescentes entre 15 e 17 anos (2012-2013),em


São Paulo: possível observar estereotipização de corpos negros (vistos como
anormais), aliados ao silenciamento, e que interferem na autoimagem e na
autoestima dos jovens → evasão.

A mudança de perspectiva do estudo do fracasso do aluno na escola não


resultou da superação da concepção liberal de educação.

Noção de fracasso escolar (Bourdieu) - “consciência social do momento”


→ resultado da elaboração de um instrumento de construção da realidade
social para cuja evidência contribuiu.
Novo olhar sobre o problema do
Fracasso Escolar
A teoria da Diferença e do Desencontro Cultural
trazem para a discussão novos fatores: o problema do
fracasso escolar deixa de ser puramente extraescolar.

Currículo, formas e conteúdos ensinados, passam a


compor as investigações sobre o fenômeno.

É pela cultura que os dominantes garantem a sua


dominação, a instituição escolar seria o lugar onde se
exerce essa dominação cultural, reproduzindo as
relações de exploração.

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