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patológico
Apresentação
Atualmente, a psicologia tem buscado melhorar a saúde mental e a qualidade de vida das pessoas
como um todo. Para isso, é necessário que os profissionais da área debatam sobre temas diversos
ainda no processo de formação. A abordagem de questões em torno do normal e do patológico
devem ser discutidas, pois são temas centrais e relevantes para a compreensão e o
aprofundamento dos aspectos relacionados aos diagnósticos psicopatológicos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as diferenças entre o normal e o patológico,
passando pela compreensão desses conceitos e pela discussão sobre os critérios de normalidade
existentes. Por fim, serão expostas algumas situações que exemplifiquem condutas normais e
psicopatológicas.
Bons estudos.
a) O que você deveria fazer inicialmente? Sem considerar nenhum tipo de avaliação, qual seria a
hipótese psicopatológica inicial para a paciente, considerando apenas os sintomas relatados?
Neste Infográfico, você vai observar o conceito de normalidade sob a ótica de algumas das diversas
áreas da psicologia.
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Conteúdo do livro
No campo da atuação profissional, a compreensão dos aspectos subjetivos é fundamental para a
intervenção do psicólogo. Dessa forma, o estudo dos aspectos psicopatológicos e a discussão entre
o normal e o patológico contribuem com o entendimento e com a consolidação dessa área do
conhecimento.
É comum questionar a respeito do que é ser normal, refletir sobre qual área da psicologia estuda a
relação entre normal e patológico ou até mesmo pensar em condutas consideradas patológicas que
podem ser vistas como normais.
No capítulo Diferenças entre o normal e o patológico, você vai aprofundar seus estudos sobre o
conceito e os critérios da normalidade e entender a definição da psicopatologia. Por fim, você vai
ver exemplos que mostram a diferença entre condutas normais e patológicas. Situações que
poderão estar presentes em qualquer campo de atuação do psicólogo.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS DAS
PSICOPATOLOGIAS E
DO PSICODIAGNÓSTICO
Diferenças entre
o normal e o
patológico
Mariane Lopez Molina
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Na psicologia, a compreensão do ser humano é fundamental para o direcionamento
das intervenções. Mas você já se questionou por onde deve começar? A resposta
é simples: conhecendo as características do paciente. Na prática, porém, sabe-se
que isso é bastante complexo, pois deve-se diferenciar o normal do patológico.
Ciente de que cada indivíduo é único e, portanto, tem as suas subjetividades, o
psicólogo deve garantir que isso norteie a sua prática. Os manuais e instrumentos
de trabalho apresentam os critérios para as patologias, mas é de responsabilidade
do profissional realizar o diagnóstico diferencial, ou seja, distinguir o normal do
patológico.
Neste capítulo, você vai aprofundar os seus conhecimentos sobre psicopatologia
e psicodiagnóstico, com destaque para os conceitos de normalidade e psicopato-
logia, passando pelos campos que os permeiam. Além disso, você também será
apresentado a situações que exemplificam e diferenciam as condutas normais
das patológicas.
2 Diferenças entre o normal e o patológico
Os critérios da normalidade em
psicopatologia
Historicamente, a questão da normalidade versus anormalidade tem sido
objeto de estudos e debates, sobretudo na área da psicologia. Por isso, não
há um consenso sobre os limites entre o normal e o patológico, de modo que
muitas vezes esses limites acabam sendo delineados por padrões sociais e
culturais. Ao longo desta seção, serão abordados alguns critérios que devem
ser observados no que diz respeito à questão da normalidade, especialmente
no estudo dos aspectos psicopatológicos.
Segundo Dalgalarrondo (2019), há nove critérios de normalidade no campo
da psicopatologia. O primeiro seria a normalidade como ausência de doença.
Do ponto de vista de saúde, a normalidade é vista como a ausência de doença.
Para a psicopatologia, a normalidade é definida como a ausência de sintomas
que caracterizam o paciente como portador de um transtorno mental definido.
Segundo Dalgalarrondo (2019, p. 45), esse critério pode ser considerado “falho
e precário, pois, além de redundante, baseia-se em uma ‘definição negativa’,
ou seja, define-se a normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas
por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta”.
Contrapondo esse conceito, considerado falho e focado na inexistência
da doença, tem-se a normalidade ideal, que pode ser entendida a partir de
uma normalidade estabelecida como ideal. Ou seja, trata-se de um conceito
socialmente construído, que relaciona à normalidade a algo que supostamente
seria considerado mais sadio e evoluído. Esse conceito de normalidade está
estreitamente relacionado a questões socioculturais, entendendo os padrões
de normalidade como aqueles que se ajustam aos padrões estabelecidos por
determinada sociedade (CECCARELLI, 2010).
esses parâmetros podem ser considerados falhos, visto que nem tudo o que
é frequente pode ser considerado saudável e nem tudo que é infrequente
pode ser considerado patológico. Os sintomas ansiosos e depressivos, bem
como o abuso de álcool, são muito frequentes na população; porém, não
podem ser considerados normais ou saudáveis, por exemplo.
Já o conceito de normalidade como bem-estar toma, como base, o dire-
cionamento dado pela OMS, definindo a saúde não apenas como ausência de
doença, mas compreendendo-a como completo bem-estar físico, mental e
social (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1946). Essa definição tem sido contes-
tada por ser ampla e de difícil mensuração. De fato, o que seria o bem-estar?
Além disso, especula-se que as pessoas teriam dificuldade em se classificar
em completo bem-estar, o que, por consequência, as distanciaria de se consi-
derarem saudáveis. Esse questionamento é complementado pela abordagem
da normalidade funcional, que se baseia no parâmetro de funcionalidade e
considera patológico o que é disfuncional, gerando sofrimento significativo
para o indivíduo e/ou terceiros.
Essa disfuncionalidade pode ser abordada considerando a normalidade
como processo, critério que toma os aspectos mais dinâmicos do indivíduo,
ou seja, os processos correspondentes a cada etapa evolutiva. Tem relação
com o processo de desenvolvimento humano e os processos esperados
para cada faixa etária, levando em conta as questões psicossociais do in-
divíduo. Porém, nem sempre o desenvolvimento vai corresponder ao que
é esperado para cada etapa do ciclo vital, principalmente quando se trata
do papel das diferenças individuais. Nesse quesito, entra a normalidade
subjetiva, relacionada à percepção subjetiva, ou seja, à visão que o próprio
indivíduo tem de si e do seu estado de saúde. Algumas questões de saúde
mental podem demonstrar o ponto falho desse critério, como é o caso de
pacientes bipolares, por exemplo, que, na fase maníaca, enxergam-se em
perfeito estado de saúde, mas, na verdade, estão acometidos por uma fase
aguda do transtorno psicológico. Isso revela o quanto a percepção subjetiva
do indivíduo muitas vezes não corresponde à realidade quando se trata da
sintomatologia psicopatológica.
A normalidade como liberdade, sob a ótica fenomenológica existencial da
condição psicopatológica, ou seja, de ter uma doença mental, pode se relacio-
nar com a perda de liberdade em relação a si mesmo e perante a sociedade.
Segundo Dalgalarrondo (2019, p. 46), “as enfermidades físicas são ameaças
à vida, as enfermidades mentais são ataques à liberdade. [...] no transtorno
mental [...] o processo mórbido travando, bloqueando, dissolvendo a atividade
psíquica, diminui a liberdade e responsabilidade do paciente mental”.
4 Diferenças entre o normal e o patológico
Definição de normalidade e de
psicopatologia
Antes de mais nada, é necessário questionar o que é, afinal, ser “normal”.
Talvez você até mesmo tenha ficado confuso na tentativa de definir esse termo.
A mesma confusão assolou aqueles que, ao longo dos tempos, buscaram
delimitar as fronteiras entre normal e patológico.
Especialmente em psicopatologia, controvérsias marcam a história da
normalidade versus anormalidade. Dalgalarrondo (2019) destaca que essa
delimitação tem recebido carga “valorativa”. Ou seja, a definição de norma-
lidade tem sido atrelada ao desejável ou indesejável, bem como àquilo que
é bom ou ruim. Isso nos remete a uma questão social, reducionista, e mesmo
que se afirme a ilegitimidade desses valores, eles acabam presentes quando
se trata de definir alguém como “anormal” em termos psicopatológicos.
Para você compreender melhor essa questão valorativa, com influências
sociais e culturais, observe a Figura 1.
Diferenças entre o normal e o patológico 5
Referências
BARNHILL, J. W. Casos clínicos do DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2015. (E-book).
CABRITA, B. A. C.; ABRAHÃO, A. L. O normal e o patológico na perspectiva do envelheci-
mento: uma revisão integrativa. Saúde em Debate, v. 38, n. 102, p. 635-645, jul./set. 2014.
CECCARELLI, P. R. A patologização da normalidade. Estudos de Psicanálise, n. 33, p.
125-136, jul. 2010.
CECCARELLI, P. R. O sofrimento psíquico na perspectiva da psicopatologia fundamental.
Psicologia em Estudo, v. 10, n. 3, p. 471-477, dez. 2005.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. Porto
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DUMAS, J. E. Psicopatologia da infância e da adolescência. 3. ed. Porto Alegre: Artmed,
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MORAES, F. C.; MACEDO, F. S.; KOTHER, M. M. A noção de psicopatologia: desdobramentos
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OLIVEIRA, M. K. Sobre diferenças individuais e diferenças culturais: o lugar da aborda-
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SALGADO-NETO, G.; SALGADO, A. Sir Francis Galton e os extremos superiores da curva
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Preamble to the constitution of the World Health Or-
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Leituras recomendadas
SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Revista de Saúde Pública, v. 31, n. 5, p.
538-542, out. 1997.
WHITBOURNE, S. K; HALGIN, R. P. Psicopatologia: perspectivas clínicas dos transtornos
psicológicos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
12 Diferenças entre o normal e o patológico
Nesta Dica do Professor, você vai saber um pouco mais sobre a delimitação dos conceitos
normalidade e psicopatologia e vai compreender a relevância na prática do profissional de
psicologia.
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Exercícios
III. Parâmetros sociais de normalidade geralmente são criados e portanto devem ser tratados
com atenção pelos profissionais de saúde mental.
A) II e III.
B) Apenas I.
C) I e III.
D) Apenas II.
E) I, II e III.
2) A psicopatologia teve diversas vertentes e formas de ser conceituada ao longos dos tempos
e, por isso, configura-se como um campo complexo, composto por vários ângulos e direções.
Sendo assim, em psicopatologia existem algumas formas de abordar o conceito de
normalidade versus anormalidade, considerando as perspectivas biológica, sociocultural,
pragmática e fundamental.
C) A fundamental está focada na abordagem dos aspectos cerebrais, enquanto que a biológica
está focada nos aspectos neuroquímicos.
E) A pragmática baseia-se na definição dos transtornos mentais de forma clínica, enquanto que a
biológica tem seu foco nos aspectos dos conceitos históricos.
Por isso, tratando-se dos aspectos de normalidade alguns critérios precisam ser
considerados. Tendo em vista esses critérios, considere verdadeiro ou falso.
( ) A normalidade ideal não tem relação com os aspectos socioculturais, mas apenas com o
indivíduo que é considerado sadio e evoluído.
( ) A normalidade subjetiva está relacionada com a percepção que o próprio indivíduo tem de
si e de seu estado de saúde. Algumas questões de saúde mental podem demonstrar o ponto
falho desse critério.
( ) A normalidade como ausência de doença para a psicopatologia pode ser definida como a
ausência de sintomas que caracterizam o indivíduo como portador de um transtorno mental
definido.
A) F – V – V – V.
B) F – F – V – V.
C) F – V – V – F.
D) F – V – F – V.
E) V – V – V – V.
4) Para a delimitação das fronteiras entre o normal e o patológico, algumas questões precisam ser
observadas. Por isso, considere o seguinte caso:
Considerando os nove critérios de normalidade, esse caso pode ser melhor relacionado ao conceito
de:
B) normalidade estatística, aquela observada com mais frequência e relacionada aos aspectos
quantitativos.
D) normalidade como ausência de doença, aquela que considera a não existência do sintoma ou
da doença.
5)
A questão da normalidade versus anormalidade tem sido ponto de discussão e controvérsia
ao longo dos tempos. Na psicologia, esse debate pode ser considerado central quando se
refere ao ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença ou transtorno mental.
III. A psicopatologia é conhecida como ramo da ciência que estuda somente as formas de
manifestação dos transtornos mentais.
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) I e II.
D) II e III.
E) Apenas III.
Na prática
A reflexão sobre o normal versus o patológico possibilita compreender como esse tema é relevante
na prática profissional do psicólogo. Por isso, é necessário que ele esteja preparado para conduzir
demandas que envolvem questões culturais e sociais.
Neste Na Prática, você vai ver a importância do estudo e da compreensão dos aspectos
socioculturais e a sua relação com os fenômenos psicopatológicos.
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Saiba +
Para ampliar seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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