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físicas e culturais
e Sociais Aplicadas
Ciências Humanas
Leandro Gomes / Natália Salan Marpica
Priscila Manfrinati / Sabina Maura Silva
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
04
2
MANUAL DO
LE TO
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ÇÃ
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Fronteiras físicas e culturais
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P2 21
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Leandro Gomes / Natália Salan Marpica
Priscila Manfrinati / Sabina Maura Silva
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ISBN 978-85-10-08383-6
Leandro Gomes
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professor e coordenador em cursinhos populares e assessor pedagógico
especialista.
Priscila Manfrinati
Mestra em Ciências, área de concentração Humanidades, Direitos e Outras
Legitimidades pela Universidade de São Paulo (USP).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professora de História em cursos pré-vestibulares.
DA EDITORA DO BRASIL
Sabina Maura Silva
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mestra e licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação
em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (Cefet-MG).
1a edição
São Paulo, 2020
© Editora do Brasil S.A., 2020 Concepção, desenvolvimento e produção:
Todos os direitos reservados Triolet Editorial & Publicações
Direção executiva: Angélica Pizzutto Pozzani
Direção geral: Vicente Tortamano Avanso Coordenação editorial: Denise Pizzutto
Edição de texto: Guilherme Gaspar, Thais Ogassawara,
Direção editorial: Felipe Ramos Poletti Frank de Oliveira, Olívia Pavani Naveira
Gerência editorial: Erika Caldin Elaboração de conteúdo: Adriano Rogério Mastroléa, Ana Maria
Supervisão de arte: Andrea Melo Macarini, Ângelo Costa dos Santos, André Castilho Pinto, Bianca
Supervisão de editoração: Abdonildo José de Lima Santos Briguglio, Bianca Zucchi, Charles Ireno dos Santos, Fabiana Machado
Supervisão de revisão: Dora Helena Feres Leal, Júlia Bittencourt, Larissa Soares de Araujo, Marcelo Vasconcelos,
Supervisão de iconografia: Léo Burgos Paulo Victor de Figueredo Nogueira, Renata Cristina Pereira, Simone
Affonso da Silva, Tatiana Martins Venancio, Thaís Fucilli Chassot
Supervisão de digital: Ethel Shuña Queiroz
Preparação e revisão de texto: Alexander Barutti, Ana Paula
Supervisão de controle de processos editoriais: Roseli Said
Chabaribery, Arali Gomes, Brenda Moraes, Daniela Pita, Erika Finati,
Supervisão de direitos autorais: Marilisa Bertolone Mendes Glória Cunha, Helaine Albuquerque, Janaína Mello, Lara Milani,
Licenciamentos de textos: Cinthya Utiyama, Jennifer Xavier, Paula Malvina Tomaz, Márcia Leme, Miriam Santos, Patrícia Cordeiro,
Tozaki e Renata Garbellini Renata Tavares, Simone Soares
Controle de processos editoriais: Bruna Alves, Carlos Nunes, Assistência editorial: Carmen Lucia Ferrari, Gabriela Wilde, Janaína Felix
Rita Poliane, Terezinha de Fátima Oliveira e Valéria Alves Coordenação de arte e produção: Daniela Fogaça Salvador
Edição de arte: Ana Onofri, Christof Gunkel, Julia Nakano, Suzana Massini
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Assistente de arte: Lucas Boniceli
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto gráfico (miolo e capa): Caronte Design
Ilustrações: All Maps, Daniel das Neves, Julio Dian
Conexão mundo : ciências humanas e sociais Iconografia: Daniela Baraúna, Pamela Rosa, Tempo Composto
aplicadas : fonteiras físicas e culturais / Imagem de capa: David McNew/Getty Images
Leandro Gomes... [et al.]. -- 1. ed. --
São Paulo : Editora do Brasil, 2020. --
(Conexão mundo)
20-42096 CDD-373.19
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Índice para catálogo sistemático:
DA EDITORA DO BRASIL
1. Ensino integrado : Livro-texto : Ensino médio
373.19
Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427
1a edição / 2020
Olá, estudante!
aprendizado
geopolítico dos Estados-nações.
UNIDADE 2 começar o percurso de aprendizagem com este livro, leia quais são os objetivos
MAPA DO APRENDIZADO
É apresentado um panorama do
que se pretende atingir com o
INTRODUÇÃO
estudo de cada unidade: o
Momento de valorização de INTRODUÇÃO objetivo que se quer alcançar e
conhecimentos prévios. as justificativas para o trabalho
Promove a participação coletiva Embora o termo fronteira tenha diversos usos e significados, cos- proposto, além das
da turma, visando à ampliação
tumamos utilizá-lo com maior frequência para tratar da delimitação
competências gerais e
política entre territórios nacionais. No caso de fronteiras nacionais,
elas não são homogêneas, por isso se comportam de diferentes
de seu repertório de
maneiras. Nas fronteiras entre os países da União Europeia, por
estabelecendo novas
2. Que relações podem ser estabelecidas en- ter territorialidades definidas pelas rela-
tre a arte urbana e as fronteiras? Converse ções sociais. Você saberia mencionar algu-
vivências cotidianas. com os colegas sobre isso. ma delas? Instalação Giant Kikito, em
Tecate, México, 2017, criada por
e a reflexão.
UNIDADES
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Apresenta conceitos e definições
DA EDITORA
Textos, imagens, boxes, atividades DO que
e seções especiais BRASIL
mobilizam habilidades e
importantes para o entendimento
competências para que sejam desenvolvidas aprendizagens relacionadas a diferentes
de contextos de aplicação do
conteúdos da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
conhecimento.
4
UNIDADE Cabe destacar que os povos e as comunidades tradicionais são essenciais
DIFERENTES TERRITORIALIDADES NO
Outros modelos para o desenvolvimento sustentável, que pressupõe o uso consciente dos
recursos naturais visando uma melhoria da qualidade de vida da geração
Quem são os povos
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Os Estados plurinacionais: os casos da Bolívia e do Equador de terreiro?
de território A constituição dos Estados Nacionais na formação da modernidade não se deu sem conflitos internos, pois a nação
atual e das futuras. Entre os povos e as comunidades tradicionais, estão os Os povos de terreiro são Atualmente, são reconhecidos diversos tipos de território: aquele delimitado
indígenas, os quilombolas, as comunidades pescadoras, as comunidades populações ligadas às
é uma identidade complexa, que nem sempre corresponde a todos os grupos sociais que existem em determinado comunidades religiosas de pelas fronteiras do Estado, aquele ocupado por povos e comunidades tradicio-
território. caiçaras, as comunidades tradicionais pantaneiras, os povos de terreiro, os
matrizes africanas. Tratam-se nais, aquele apropriado por grandes agentes econômicos, entre outros. A seguir,
ciganos, entre tantos outros. de populações de origem
Nos países localizados nas Cordilheiras dos Andes, a população indígena resistiu aos anos de colonização e de exclu- analisaremos a questão dos territórios tradicionais no Brasil e dos territórios
afro-brasileira em sua
são, mantendo suas formas tradicionais de vida e conservando-se politicamente organizada, tendo fortes enfrentamen- coorporativos, assim como a problemática da segregação socioespacial.
tos com os governos centrais.
Territórios associados a identidades étnico-raciais maioria. Uma de suas
OS ESPAÇOS SOCIAIS: TERRITÓRIOS E FRONTEIRAS Qual é a relação entre território e identidade étnico-racial? Alguns povos
manifestações religiosas mais
importantes é conhecida Territórios tradicionais no Brasil: um olhar sobre
Em 2008 e 2009, a Bolívia e o Equador inovaram na formulação do conceito de Estado Nacional ao aprovar novas
Quando se fala em territórios, quase sempre nos vem Constituições, as Constituições plurinacionais, nas quais há o reconhecimento de que o Estado é formado por dife- e comunidades desenvolvem sua cultura e identidade de acordo com o como “Bembé do Mercado”. a diversidade
Alasdair Pal/Reuters/Fotoarena
batalhas, dizem mais que as demarcações institucionais dos andinas. As sete cores dessa
mente ocupados que servem, ainda, de parâmetros por todos os estados do Brasil, sendo o Amazonas o estado com maior
limites. Posto de fronteira em Torkham, Paquistão, 2019. bandeira representam os valores Segundo o decreto, cabe ao poder público promover o reconhecimento
reconhecidos para que determinadas conexões inter- número absoluto de habitantes indígenas. Desse grupo, aproximadamente
e a visão de mundo desses e a valorização da diversidade socioambiental e cultural dos povos e das
subjetivas e comunitárias possam se dar de maneira minimamente ordenada. Assim, a países. A simetria dos quadrados 70 tribos indígenas se encontram isoladas, sem nenhum contato com outros comunidades tradicionais, assim como o respeito a eles. Para isso, deve-se
territorialidade indica como essas demarcações se ligam às relações sociais, fornecendo simboliza a igualdade no sistema grupos sociais.
comunitário da região dos Andes. levar em conta “os recortes etnia, raça, gênero, idade, religiosidade, ances-
os contornos nos quais se dá o reconhecimento recíproco dos sujeitos que ocupam dado Os povos indígenas se reconhecem como descendentes dos habitantes ori- Subsumir: incluir, colocar (alguma tralidade, orientação sexual e atividades laborais, entre outros, além de
território. Trata-se, portanto, das relações sociais delimitadas espacialmente. coisa) em algo maior, mais amplo,
ginários do Brasil, mantêm uma relação próxima e intensa com seus territórios do qual aquela coisa é parte ou suas relações com cada comunidade ou povo, de modo a não desrespeitar,
Territorialidade é um conceito originado de estudos do comportamento de pássaros, na década e compartilham a luta pela manutenção de seus modos de vida, que envolve componente. subsumir ou negligenciar as diferenças dos mesmos grupos, comunidades
Homem toca durante a
de 1920, que foi incorporado pela Geografia e por outras áreas das Ciências Humanas, a partir celebração do quarto conflitos seculares pelo seu direito de existência. ou povos, ou, ainda, instaurar ou reforçar qualquer relação de desigual-
dos anos 1980, graças às suas possibilidades de utilização no contexto das relações sociais. Quem aniversário de Embora a Constituição de 1988 reconheça a ocupação tradicional e ori- dade”. O decreto ainda estabelece que cabe ao poder público, por meio de
já não ouviu dizer: “eu como pai” ou “eu como professora” ou ainda “eu como funqueiro”? fundação do Estado
ginária dos indígenas sobre a terra, é necessário que haja a demarcação física políticas específicas, “garantir aos povos e às comunidades tradicionais
plurinacional. La Paz,
Descontadas as tentativas de não se comprometer por inteiro com uma opinião ou de se Bolívia, 2014. dos limites dos territórios por eles ocupados para que esse reconhecimento seus territórios, e o acesso aos recur-
desculpar por outra, essas expressões revelam, na verdade, um aspecto real da vida humana: se efetive. sos naturais que tradicionalmente
LeoMercon/iStockphoto.com
sua particularidade, ou seja, os diferentes níveis e dimensões particulares que cada indivíduo utilizam para sua reprodução física,
Luciola Zvarick/Pulsar Imagens
Esclarece o significado de
Esse boxe traz informações
palavras e expressões.
complementares ao conteúdo do texto
principal. Também apresenta textos de
estudiosos e pesquisadores da área,
problematizando a construção do
conhecimento filosófico, histórico,
sociológico e geográfico.
Atividades
CONEXÕES
3. A globalização, nas suas mais diversas escalas, vem redefinido uma série de processos e
PENSAMENTO COMPUTACIONAL
1. Pesquiseentre
configurações no mundo atual ao criar certa integração na internet o significado
os espaços. do nome
Muitas vezes, Condições Algoritmos
Leviatã e das
a globalização costuma ser vinculada a uma eliminação responda: Por qual
fronteiras, razão Hobbes
possibilitando a de- • Comércio 3. Construir escolas.
nomina o Estado de “o grande Leviatã”? • Saúde 4. Comprar navios,
abertura dos espaços à livre circulação. A globalização tem apontado na direção de uma
2. Como você avalia a proposta política de Locke? • Educação aviões e ônibus.
algoritmos, a decomposição de
• Construir centros comer-
b) Com base no trecho, comente, em seu caderno, sobre a relação
Pensamento que o autor faz entre
computacional ciais.
espaço e território, citando exemplos dessa relação.
problemas e o reconhecimento de
5. Em grupos, leiam o texto a seguir e debatam o pedaço de terra
papel das para chamarsupranacionais
organizações de seu e autopro- dos ainda não correspondem à solução do
clamasse a independência desse lugar? Como problema, sendo preciso decompô-lo em par-
no âmbito dos conflitos geopolíticos. Em seguida, produzam uma lista com as principais
seria? Quem você convidaria para viver ali? Que
padrões.
desafio adicionando dados ao problema:
Conselho de Segurança da ONU encerrou hoje azessem missãoparte dele?
de paz Qual seria a delimitação
internacional na Eritreia edo • Uma escola para cada 2 mil habitantes.
Etiópia (Unmee) perante a falta de vontade dos dois território
paísestotal
em encontrado? Como seria
superar a disputa a políti-
fronteiriça • Um hospital e centros de saúde para cada
ca local e o papel de cada um dos envolvidos?
que, há dez anos, levou as duas nações à guerra. [...] 5 300 habitantes.
A Eritreia conseguiu sua independência da EtiópiaEssas
em e1993,
outras perguntas
mas são problemas
as contínuas que
disputas so- • Um centro comercial para cada 16 mil ha-
bre a demarcação exata da fronteira comum de cerca podemos
de mil resolver utilizando
quilômetros a lógica
levaram dospaí-
os dois algo- bitantes.
ses a uma guerra entre 1998 e 2000 que custou a vidaritmos,
de decompondo cada problema em partes
100 mil pessoas. • Um centro cultural para cada 6 mil habi-
cada vez menores. tantes.
ONU encerra missão de paz na Eritreia e Etiópia. EFE, 30 jul. 2008. Disponível em:
Então, vamos entender a lógica territorial que
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL706127-5602,00-ONU+ENCERRA+ • Um transporte público para cada 100 ha-
você vai adotar paraAcesso
MISSAO+DE+PAZ+NA+ERITREIA+E+ETIOPIA.html. gerir suaem:terra. Para
21 maio isso,
2020. bitantes.
você precisa de dados. Veja estes exemplos:
6. Assim como no Brasil, acordos e tratados internacionais para resolver questões frontei- Mais uma vez, analise o país, o estado ou a
cidade onde você mora e encontre padrões
Conexões
riças são realidade em diversos locais do mundo. População 300 000por
Na América Latina, hab.exemplo, há
para cada detalhe a seu redor. Utilize essas
diferentes casos e situações de conflito pela definição datotal
Área localização exata
163,6 km² de fronteiras.
informações para, enfim, fundar seu novo ter-
A própria construção de Itaipu resolveu um impasse Clima
pela domínio de uma porção terri-
Tropical atlântico. ritório. Em uma folha de papel, desenhe linhas
torial que era requerida por Brasil e Paraguai. e colunas iguais às do exemplo a seguir e de-
Transportes Aquaviário, aéreo e terrestre.
a) Em grupos, pesquisem um conflito (atual ou passado e já resolvido), envolvendo senvolva algoritmos para cada condição.
GRANDES PANDEMIAS DA HISTÓRIA
Ilustrações: DAE
definição de fronteiras entre Estados. A ideia é criar algoritmos com as informações Problema Algoritmos
GRÁFICO 1: ESCALA LINEAR GRÁFICO 2: ESCALA LOGARÍTMICA
desse quadro e as situações-problema descri- Fundar um novo território, ge-
b) Elaborem um breve histórico sobre o conflito.
tas a seguir, decompor cada um dos problemas rindo-o com base nas condições E SEU IMPACTO NAS POPULAÇÕES Óbitos acumulados (Quantidade) Óbitos acumulados (Quantidade)
c) Apresentem as discussões feitas e possíveisem
acordos
partes ou tratados
e, depois, relacionados,
repetir o processo.bem mencionadas a seguir.
25 mil 100 mil
como a existência de enfrentamentos violentos e suas consequências. Condições De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que caracteriza uma pandemia é sua abran-
Problema
d) Identifiquem se instituições supranacionais, como a ONU, atuaram naAlgoritmos
questão e sua • Comércio • Transporte gência global, ou seja, a existência de surtos da doença espalhados por vários países ao mesmo tempo, 20 mil 10 mil
Fundar um novo território, ge- 1. Construir cen- • Saúde • Cultura independentemente de sua letalidade.
relevância ou não para uma eventual resolução.
rindo-o com base nas condi- tros comerciais. • Educação
e) Caso estejam pesquisando um conflito atual,
ções estabeleçam, com base
mencionadas a seguir. na pesquisa,
2. Construir postos Você pode repetir o processo até o ponto que con- Conforme podemos observar no infográfico exibido a seguir, diversas doenças infecciosas se espalha- 1 mil
15 mil
algumas perspectivas e possíveis desdobramentos. de saúde.
siderar ideal. ram ao redor do mundo ao longo da história, resultando na morte de milhares de pessoas.
f) Ao final, montem um relatório sobre o impasse reunindo as informações pesquisadas 100
Óbitos
Óbitos
Daniel das Neves
e o compartilhem com os colegas. UM HISTÓRICO DAS PANDEMIAS | As grandes epidemias e suas consequências
10 mil
dia 1
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89
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dia 33
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dia 49
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• 1000
dia 9
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2
• 1100
Aqui, algumas das doenças
dia 1
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dia 37
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dia 25
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89
• 1200
dia 9
dia
6
2
• 1300 Dias desde o início da pandemia
Peste Negra | 1347-1351 | 200 M • 1400 que fizeram mais vítimas na
Dias desde o início da pandemia
• 1450 história.
ATIVIDADES
• 1500
Varíola | 1520 | 56 M • 1550
• 1600
• 1625
A Grande Praga de Londres
Século XVII | 1665 | 3 M • 1650 GRÁFICO 3: REGRESSÃO
• 1675
A Grande Praga de Londres • 1700 Previsão de óbitos
Século XVIII | 1700 | 600 K • 1725 40 000 óbitos
Mídia
Sexta Pandemia de Cólera
| 1817 - 1923 | 1 M • 1800
30 000 óbitos
• 1825
Ebola Sars
Em um estudo realizado pelo George C. Marshall European Center
| 2014 - 2016 | for Security Studies
| 2002 - 2003 | Novo Coronavírus COVID -19 plexa: se antes contavam apenas com a dos
Fonte cobertura midiática
gráficos: FIOCRUZ. das grandes
MonitoraCovid-19. redes
Disponível em: de comuni-
https://bigdata-covid19.icict.fiocruz.br/. Acesso em: 12 jun. 2020.
e debates.
770 | 2019 - Agosto 2020| 848 K
11,3 K
(Centro Europeu de Estudos de Segurança George C. Marshall), o doutor Carsten Bockstette cação, passaram então a produzir o próprio conteúdo, por meio de áudios e vídeos que eram
• 2025
define que “O objetivo do terrorismo é explorar a mídia, a fim de alcançar o máximo de pu- então distribuídos em canais mais descentralizados, pela internet. Essa descentralização co-
Fonte: LEPAN, Nicholas. Visualizando a história das pandemias. Disponível em: www.visualcapitalist.com/history-of-pandemics-deadliest/. Acesso em: 24 jun. 2020.
blicidade possível como multiplicador de força amplificadora, de maneira a influenciar o(s) municacional guarda semelhança com ATIVIDADES
a descentralização operacional que
público(s)-alvo(s) e de alcançarUma das mais
objetivos recentes
políticos depandemias
curto e médio a atingir o mundo
prazo foi causada pela Covid-19. A doença,se
e/ou objetivos diagnostica-
tornou a marca de vários desses grupos terroristas,
• Observe que podem
atentamente ser carac-
os gráficos acima e faça o que se pede:
da pela
finais desejados a longo prazo”. Ou seja,primeira
a mídiavez desempenha
no final do anoum de papel
2019, central
seis meses nas depois
táticas já havia atingido 181 dos 193 países como
terizados do uma “rede vagamente a) conectada”,
Identifiquena qualoscada
o que eixos célula ter-
representam nos gráficos. O que é uma
mundo.terroristas, pois é por meio dela – de seus noticiários e
e estratégias de ações e de grupos rorista é responsável pelo planejamento b) eOs execução
gráficos 1 das
e 2ações
exibem sem, no en- dados, mascélula
os mesmos
terrorista?
em escalas diferentes. Explique como a apresentação
O termo “célula terrorista”
análises – que a maioria das pessoas tomará conhecimento desses atos.
Mas como é possível lermos as informações de gráficos que exibem a disseminação da Covid-19? Quan- tanto, estar ligada diretamente a um comandodos dadoscentral.influencia em sua interpretaçãorefere-se e nas conclusões que podemos inferir de um gráfico.
a uma das estratégias
Os terroristas
do os números absolutos são elevados, uma opção é apresentar os dados numa escala logarítmica, em vez islâmicos, por exemplo,
c) valem-se
O gráfico 3do fatouma
exibe de que o mundo
regressão, ou seja, aque os grupos
previsão doterroristas
comportamento do fenômeno representado, de
usaram para lidar com o risco
de mostrar
NÚMERO DE MORTES na escala
POR CAUSA, linear,
MUNDO, 2017que é mais comum. A seguir, apresentamos um gráfico linear da comunicação
e um gráfico de massa passou a ser mediada em rede,
acordo com em que
os dados tecnolo- Comente a pertinência de se traçarem previsões acerca do com-
já disponíveis. de serem descobertos e
logarítmico com dados de óbitos decorrentes da Covid-19 em alguns estados do Brasil. gias diversas combinam dispositivos de mediação interpessoal
portamento com dispo-
de uma pandemia. desmantelados: subdividindo
Doenças cardiovasculares 17,79 milhões sitivos de comunicação de massa. Essas diferentes mídias são conectadas uma organização ou um
Gráfico: DAE
Pesquisa Como se pode notar pelo gráfico, apenas uma ínfima parcela da população no mundo
apresenta morte relacionada ao terrorismo (aproximadamente 0,05%, ou uma em cada 10
c) Como os terroristas são retratados? Atentem principalmente para o uso de adjetivos
que qualificam os agentes.
mil mortes, de todas as pessoas que morreram em 2017), ou seja, a imensa maioria das pes- d) Façam um resumo da matéria dando conta das características acima e compartilhem
soas no mundo (99,95%) não sofreu, não sofre ou não sofrerá morte ou ferimentos decor- o resultado com a turma.
rentes de atos terroristas. No entanto, o “terror” causado por esses atos não pode deixar de
e) Por fim, após as apresentações, comparem as abordagens jornalísticas entre os
ser considerado. A discrepância entre os efeitos imediatos e os efeitos simbólicos dos atos
grupos e foquem a atenção nas semelhanças e diferenças encontradas.
terroristas é sobretudo consequência da atenção midiática que esses atos recebem.
A CONSTRUÇÃO E OS LIMITES DO BAIRRO: Justificativa
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
A observação
98 participante permite o estreitamento dos laços dos estudantes com seus 99
OCUPAÇÃO E MEMÓRIA bairros e comunidades, contribuindo para o desenvolvimento do sentimento de pertenci-
Não escreva no livro. Não escreva no livro.
Ao longo deste volume, discutimos diversas manifestações de limites mento, que, por sua vez, é importante para o exercício da cidadania.
de territórios, tanto físicas e políticas, como culturais e afetivas, entenden-
Materiais
do o território como um espaço de poder, de pertencimento.
• Computador com acesso à internet
MÍDIA
DA EDITORA DO BRASIL
O bairro pode ser compreendido como um es- • Impressora (opcional)
Willian Moreira/Futura Press
paço da cidade, mas qual é sua função e quais • Material para registro
são os critérios para tal divisão? Seria apenas
para fins de planejamento? Seus limites são per- Desenvolvimento
de fragilidades argumentativas.
disso são as festas populares, referência.
como a retratada acima, realizada A proposta deste trabalho é o estudo do bairro. Considerando seu cará- d) Determinem pontos no bairro estudado, buscando distribuir por toda a sua extensão.
no Bairro da Liberdade, ter popular e o vínculo dos estudantes com esses espaços e seus signifi-
São Paulo, SP, em 2018. e) Definam o número de entrevistados e elaborem perguntas, visando à compreensão da
cados, a pesquisa será feita por meio da observação participante.
visão dos entrevistados sobre os limites e funções do bairro. No caso, pode-se ou não
Observação participante é um método de pesquisa, muito utilizado na incluir a delimitação do bairro em mapas impressos, mas é preciso obter informações
Antropologia e nas Ciências Humanas e Sociais em geral, que considera a sobre onde são realizadas atividades de lazer, consumo, estudo etc. e o que eles en-
inserção do pesquisador no objeto de estudo e sua participação nas práti- tendem que é o bairro.
cas observadas. 2. Agora é hora de sair a campo. Visitem os pontos determinados e realizem as entrevistas
Dessa forma, você e seus colegas buscarão, por meio de conversas com com moradores/frequentadores nesses pontos.
3. Organizem os dados obtidos em sala, sob orientação do professor.
a comunidade, definir limites e significados para seu bairro e para bairros
vizinhos. 4. Elaborem um relatório com as informações obtidas. Esse relatório deve incluir um mapa Para continuar
Objetivos
com os limites traçados pelo grupo e com base nas entrevistas, além de pelo menos dois
gráficos referentes às atividades realizadas ou não no bairro e em bairros vizinhos.
aprendendo
• Refletir sobre limites e significados do bairro. Conclusão
• Definir estratégias e elaborar ferramentas para pesquisa participante. Vocês deverão incluir os elementos de imagem do produto final do grupo em uma apre-
• Elaborar mapas e gráficos para expressar os dados obtidos na pesquisa. sentação de slides em sala de aula, que será acompanhada de uma breve exposição da Em Berlim Oriental, uma mulher entra em coma e acorda tempos
UNIDADE 1 – FORMAÇÃO DOS ESTADOS
pesquisa sobre cada bairro e de um debate a respeito. depois da queda do Muro de Berlim. Seu filho, temendo pela saú
E FRONTEIRAS de da mãe, que era fiel ao regime socialista, encena aspectos da
vida cotidiana como se eles ainda estivessem na República De
154 155 Filme mocrática Alemã.
Não escreva no livro. Não escreva no livro.
Caramuru: a invenção do Brasil, direção de Guel Arraes.
Brasil, 2001 (88 min). Infância clandestina, direção de Benjamín Avila. Argentina/
Brasil/Espanha, 2012 (112 min).
Com humor, o filme apresenta a trajetória do jovem português Diogo,
que chega, em 1500, às terras que hoje compreendem o Brasil. A história do filme se passa na Argentina, em 1979, e conta a his
tória do garoto Juan e sua família, que passam a viver na clandes
PESQUISA
Livros tinidade enquanto os órgãos de repressão do regime perseguem
Globalização a olho nu, de Clóvis Brigagão e Gilberto M. A. os opositores.
Rodrigues. São Paulo: Moderna, 2015.
A obra apresenta um completo panorama sobre o fenômeno da Livros
globalização e seus efeitos na produção industrial, nas trocas co Globalização, democracia e terrorismo, de Eric J. Hobsbawm.
merciais e de serviços, na produção cultural e na difusão de ideias São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
relatórios, pesquisa-ação.
UNIDADE 2 – A RELAÇÃO ENTRE
OS ESTADOS NACIONAIS Filme
Eternamente Pagu, direção de Norma Bengell. Brasil, 1987
Livro
(100 min).
A Primeira Guerra Mundial, de Jayme Brener. São Paulo:
O filme apresenta a história da ativista política Patrícia Galvão,
Ática, 2000. (Coleção Retrospectiva do Século XX). importante participante do movimento Modernista no Brasil. Poe
A obra apresenta os principais aspectos que deram início à Primei tisa e escritora, ela também se dedicou ao teatro de vanguarda.
ra Guerra Mundial, assim como o seu desenvolvimento e desfecho.
Site Livros
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: Mulheres negras na primeira pessoa, de Jurema Werneck,
https://declaracao1948.com.br/. Acesso em: 19 ago. 2020. Nilza Iraci e Simone Cruz (orgs.). Porto Alegre: Rede, 2012.
O site tem como objetivo divulgar informações sobre a Declaração O livro traz diversas entrevistas cedidas por mulheres negras no
Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e também traz refle Brasil. Nas entrevistas, elas relatam sua trajetória de vida e refle
xões sobre problemas da geopolítica no cenário contemporâneo. tem sobre problemas do Brasil contemporâneo que afetam dire
tamente seu cotidiano, como a falta de acesso à educação, o pre
Filme conceito racial no mercado de trabalho, entre outros.
Cavalo de guerra, direção de Steven Spielberg. Estados
Racismo, preconceito e intolerância, de Edson Borges, Carlos
Unidos, 2012 (146 min).
Site
UNIDADE 3 – O ENFRAQUECIMENTO
Atividades 121
Para começar o percurso de aprendizagem com este livro, leia quais são os objetivos
de cada uma das unidades do volume, assim como suas respectivas justificativas. Conheça
também as competências, as habilidades e os Temas Contemporâneos Transversais que
serão mobilizados ao longo do percurso.
UNIDADE 1
OBJETIVOS
O objetivo desta unidade é possibilitar a compreensão de como se dá o processo de
formação dos Estados e fronteiras por meio da análise de alguns exemplos em diferentes
momentos históricos. Com base nesse estudo, você poderá analisar criticamente o papel
que as principais nações exercem no cenário geopolítico. Também terá um entendimento
amplo de como se deu a formação do Estado brasileiro e sua configuração territorial atual.
JUSTIFICATIVA
Território e fronteira são dois conceitos amplamente utilizados na área de Ciências
Humanas, pois são fundamentais para a compreensão da organização espacial, social e
política de um lugar. Os temas da unidade possibilitam o entendimento desses conceitos
por meio de atividades que incluem diversas linguagens, como texto, fotografias, gráficos
e obras de arte, e ampliam sua capacidade de se colocar criticamente no mundo, permi-
tindo-lhe a identificação de diferentes fatores que influenciam o seu dia a dia e impactam
diretamente a vida das pessoas.
UNIDADE 2
OBJETIVOS
O objetivo desta unidade é ampliar o estudo da relação entre os Estados nacionais iniciado na unidade anterior,
por meio da apresentação das ideias de Kant e Hegel, importantes filósofos políticos dos séculos XVIII e XIX. Em
seguida, o imperialismo e as diferentes manifestações de nacionalismo são discutidos no contexto das guerras
mundiais. Esse escopo logo é ampliado para a reflexão sobre o imperialismo no capitalismo. Por fim, é realizada
uma análise das dinâmicas populacionais, o que possibilita um amplo debate sobre temas contemporâneos, como
transição demográfica, Divisão Internacional do Trabalho (DIT) e refugiados ambientais.
JUSTIFICATIVA
O trabalho proposto nesta unidade é fundamental para que você seja capaz de analisar e caracterizar os
os fatores que têm grande importância na vida dos grupos humanos, como condições socioeconômicas e
políticas públicas, as quais podem levar pessoas a se deslocarem de um país para outro, por exemplo. Com
essa capacidade de compreensão e posicionamento crítico em relação a esses aspectos, você tomará decisões
alinhadas com seu projeto de vida de maneira assertiva.
JUSTIFICATIVA
Esta unidade é importante para que você compreenda melhor as relações internacio-
nais no mundo contemporâneo, que revela uma realidade fragmentada e multipolarizada.
Nesse processo, você e seus colegas vão discutir temas fundamentais para entender os
diferentes papéis que os agentes globais desempenham na economia, na política e na
cultura. Ser capaz de analisar essa rede internacional de relações, possibilitada pela
globalização e pelos diversos avanços comunicacionais, os quais permitem essa interação
instantânea entre diferentes partes do globo, é extremamente importante, pois suas
consequências impactam diretamente o dia a dia de todos.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e
criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes
áreas.
3. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais, apropriar-se de conhecimentos
e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artís-
tica, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências,
ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares)
DA EDITORA DO BRASIL
para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos
e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, nego-
ciar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam
os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar
e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades, suas
culturas e suas potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resi-
liência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democrá-
ticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
UNIDADE 4
OBJETIVOS
Esta unidade propõe uma reflexão sobre alguns modelos de território, pensando além das marcações tradicio-
nais de fronteira e território. Aqui, são apresentadas, territorialidades ligadas à identidade e ao pertencimento,
uma vez que podem ser encaradas como formas de luta e resistência por diferentes grupos. É apresentado, tam-
bém, o processo de construção da identidade nacional no Brasil, discutindo as políticas governamentais conduzi-
das no Império e na República. Um dos fatores que ajudaram na construção da identidade brasileira, que recebe
o merecido destaque, são os diversos movimentos artísticos que ocorreram no Brasil, sobretudo no século XX.
Ainda sobre o Brasil, são discutidos os territórios tradicionais dos povos quilombolas, indígenas e outros, cujas
territorialidades são delineadas com base nos conhecimentos e nas práticas desses grupos.
JUSTIFICATIVA
A proposta desta unidade é possibilitar a identificação não somente de projetos diferentes ligados à construção
dos símbolos da pátria, como também das representações do povo brasileiro, sem deixar de refletir sobre os povos
tradicionais de nosso território e o papel do Estado em relação a eles. Por meio do estudo sobre as raízes e os laços
de identidade e pertencimento desses povos construídos ao longo do tempo, você será capaz de tomar decisões
embasadas em princípios inclusivos e solidários, respeitando os Direitos Humanos. Essa proposta de abordagem
também levará você a argumentar em favor de práticas que respeitem esses princípios.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e
digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação,
a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipó-
teses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar
de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual,
sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se
expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos, além de
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que
lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
DA EDITORA DO BRASIL
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético
em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo- se na diversidade
humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo
o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos
e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades, suas culturas e suas potencialidades, sem precon-
ceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Para mais informações sobre as competências específicas de cada área, acesse em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 10 ago. 2020.
Começo de conversa
1. Que mensagem o artista quis transmitir ao 3. Reflita sobre as fronteiras que existem no
instalar a obra e realizar um piquenique na espaço e no cotidiano escolar. Quais são elas?
fronteira entre os Estados Unidos e o México? 4. Além dos limites físicos, a escola pode con-
2. Que relações podem ser estabelecidas en- ter territorialidades definidas pelas rela-
tre a arte urbana e as fronteiras? Converse ções sociais. Você saberia mencionar algu-
com os colegas sobre isso. ma delas?
JR/Agence VU
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Em 1688, Guilherme de Orange e suas tropas desembarcaram na Inglaterra para tomar o trono do rei James II.
O evento faz parte da Revolução Gloriosa. A ilustração foi publicada originalmente no volume IV da obra Curta
história do povo inglês, de J. R. Green, publicada em 1894.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL As leis e a Geografia
Na obra O espírito das leis, de 1748, Montesquieu curiosamente diz que a legislação deve ter relação não só com
as pessoas que habitam um lugar, mas também com o país em si, até mesmo dos pontos de vista geográfico, físico e
climático. É isso o que se pode depreender do texto a seguir.
Biblioteca Nacional da França, Paris
A lei, em geral, é a razão humana, enquanto governa todos os povos da terra; e as leis políticas
e civis de cada nação devem ser apenas casos particulares onde se aplica esta razão humana.
Devem ser tão próprias ao povo para o qual foram feitas que seria um acaso muito grande
se as leis de uma nação pudessem servir para outra.
Devem estar em relação com a natureza e com o princípio do governo que foi estabeleci-
do, ou que se pretende estabelecer [...].
Devem ser relativas ao físico do país; ao clima gélido, escaldante ou temperado; à quali-
dade do terreno, sua situação e grandeza; ao gênero de vida dos povos, lavradores, caçadores
ou pastores; devem estar em relação com o grau de liberdade que sua constituição pode su-
portar; com a religião de seus habitantes, com suas inclinações, com suas riquezas, com seu Frontispício da
número, com seu comércio, com seus costumes, com seus modos. edição francesa da
obra O espírito das
[...] todas estas relações [...] formam juntas o que chamamos o ESPÍRITO DAS LEIS. leis, de Montesquieu,
MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 16-17. publicada em 1748.
Maurice Quentin de La
Tour. Retrato de Jean-
-Jacques Rousseau, século
XVIII. Óleo sobre papel,
46 cm × 37 cm.
Anicet-Charles Lemonnie. O salão de Madame Geoffrin, 1812. Óleo sobre tela, 126 cm × 195 cm.
Allmaps
h
h
h
reenwic
reenwic
reenwic
no de G
ATLÂNTICO
no de G
ATLÂNTICO
no de G
ATLÂNTICO
ASTÚRIAS NAVARRA NAVARRA
NAVARRA Porto
Meridia
Meridia
Meridia
Fonte: HILGEMANN, Werner; KINDER, Hermann. The Penguin Atlas of World History. Londres: Penguin, 2003. v. 1.
A maior parte da península, no entanto, demorou mais tempo para alcançar uma maior cen-
tralização. Até o século XV, os reinos de Castela, Leão, Navarra e Aragão disputavam a liderança
na luta contra os muçulmanos. Ao longo do tempo, esses reinos passaram por processos de
unificação (veja os mapas acima). Em 1469, os dois maiores reinos se uniram por meio do
casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, conhecidos como os “reis católicos”.
Foi durante o reinado de Fernando e Isabel, em 1492, que o último bastião muçulmano
na península,MATERIAL DEGranada,
a cidade de DIVULGAÇÃO
foi derrotado. A fronteira entre cristãos e muçulmanos,
que definiu asDA
relações
EDITORA DO BRASIL na Península Ibérica, estava dominada. O agora
durante séculos
chamado reino da Espanha preparava-se para expandir suas fronteiras para além do con-
tinente europeu.
Mapa-múndi desenhado por Alberto Cantino, 1502. Trata-se da primeira representação cartográfica que mostrou a localização da
linha imaginária delimitada no Tratado de Tordesilhas.
50° O
Percursos de bandeirantes
Manuel Preto (1606-1630)
Raposo Tavares (1628-1651)
0°
Equador Pedro Teixeira (1637-1640)
Fernão Dias Pais (1638-1681)
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Pascoal Moreira Cabral Leme (1682-1719)
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera
DA EDITORA DO BRASIL (1682-1725)
Ciclo de Bandeiras do Paraupava
(séculos XVI-XVII)
Tratado de Tordesilhas
Bandeiras e entradas
Ocupação europeia no século XVII
Efetiva Tênue Formal
Portuguesa
Espanhola
Fonte: FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Atlas histórico do Brasil. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: https://atlas.fgv.br/marcos/bandeiras-e
-bandeirantes/mapas/bandeiras-e-entradas. Acesso em: 29 jun. 2020.
As bandeiras e as missões
Um dos fatores que contribuíram para a interiorização da América Por-
tuguesa foram as missões jesuíticas, introduzidas no Brasil no final do
século XVI. Com o intuito de catequizar os indígenas e adequá-los ao modo
A pecuária abre caminhos
de vida cristão, os jesuítas formaram os aldeamentos, tipos de comunida-
A pecuária, que começou a ser
praticada na colônia entre os des religiosas autossuficientes. Inicialmente instalados na Bahia, esses
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
séculos XVI e XVII, também aldeamentos se estenderam até o sul do território, ocupando a fronteira
DA
contribuiu para alargar EDITORA
os
limites do território brasileiro.
DO BRASIL
com a América Espanhola na região denominada Sete Povos das Missões
Inicialmente, a atividade visava
(no atual estado do Rio Grande do Sul).
ao abastecimento do mercado Conforme os bandeirantes avançaram pelo interior do território, nas cha-
interno de couros e carnes e ao madas expedições de apresamento, as missões tornaram-se seus principais
uso da tração dos bovinos nos
transportes e nos engenhos de alvos. Eles saíam em busca de indígenas para a escravização nas lavouras
açúcar. Após a proibição da e, quanto mais cativos capturassem, mais lucros poderiam garantir com sua
criação extensiva de bovinos venda. Assim, diversas missões e aldeias indígenas foram destruídas pela
na faixa litorânea, decretada
pela Coroa portuguesa em ação dos bandeirantes, sobretudo até o final do século XVII, como as da
1710, o gado passou a ser região de Piratininga, onde se encontrava a Vila de São Paulo e a de Guairá,
conduzido para o sertão, no oeste do atual estado do Paraná.
adentrando o território pelas
margens do Rio São Francisco.
Assim, regiões onde hoje estão
A exploração do ouro e a sociedade das minas
o Ceará, a Paraíba, o Piauí, o
Além de terem expandido os limites territoriais da América Portuguesa,
Rio Grande do Norte e o
Maranhão receberam criações os bandeirantes deram início a uma “corrida do ouro” rumo ao interior da
de gado, e este, por sua vez, colônia. No fim do século XVIII, grande quantidade desse minério foi encon-
adquiriu importância na trada no que é hoje o estado de Minas Gerais e, em menor número, nos atuais
economia colonial em meados
do século XVIII. estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso. A mineração era vista na época
como uma das formas mais rápidas de obter riqueza.
1. Caracterize os principais fatores que levaram à formação dos Estados Nacionais europeus
e relacione-os à consolidação de um dos países estudados.
2. Analise as afirmativas a seguir e, em seu caderno, classifique-as em correta, parcialmente
correta ou incorreta. Justifique as suas respostas.
a) Nos reinos ibéricos, as Grandes Navegações antecederam a formação dos Estados
modernos, possibilitando aos reis a ampliação das fronteiras marítimas antes mesmo
da consolidação dos territórios nacionais.
b) Entre os principais fatores que levaram à centralização do poder na Europa estão
os casamentos e as guerras. Um exemplo disso ocorreu na formação da Espanha
com o casamento entre os soberanos dos reinos de Aragão e Castela e a expulsão
das mouros da península ibérica nas Guerras de Reconquista.
c) As fronteiras que delimitaram os Estados modernos são naturais, ao passo que o
regime monárquico, predominante nessas formações, é resultado da ação humana.
Uma das principais funções do governo centralizado era proteger as fronteiras com
exércitos nacionais, que eram financiados pelo recolhimento de impostos.
3. A manutenção da unidade territorial brasileira foi constantemente ameaçada por revol-
tas separatistas ao longo dos períodos colonial e imperial. Em duplas, escolham um dos
movimentos separatistas ocorridos no passado e façam uma pesquisa sobre ele.
a) Identifiquem as principais informações do movimento: seus principais atores sociais,
seus motivos, aspectos de seu desenvolvimento e seu desfecho.
b) Registrem as fontes que utilizaram para a pesquisa.
c) Com base nos dados coletados, elabore uma resposta para a pergunta: “Como esse
movimento contribuiu para a produção do espaço brasileiro?”
4. O processo de configuração do território
MAPA COM A DIVISÃO POLÍTICA DO BRASIL EM 1889
brasileiro passou por diversas fases entre
Allmaps
o Segundo Reinado e a declaração da Re-
pública, em 1889. Observe o mapa ao lado
que representa o território brasileiro em Equador
Coleção particular.
dos Estados Unidos influenciaram os processos de independência e o
nascimento de novos Estados-nação, entre eles o Brasil. À emancipação
do Haiti (1804), feita pela população escravizada, sob a liderança do gene-
ral Toussaint Louverture (1743-1803), seguiu-se uma série de guerras e
conflitos pela independência na Argentina (em 1816), na Colômbia (que
se completou em 1819) e no México (1821). Cuba e Porto Rico foram as
últimas colônias do continente a se tornarem independentes, em 1898.
Esses movimentos, de cunho liberal e moderno, que em geral foram reali-
zados pela burguesia que se desenvolveu nos países colonizados, em
conjunto com a população, deram origem a novas repúblicas – com exce-
ção do Brasil, que se estabeleceu como império até 1889, e do México, que
de início se declarou uma monarquia independente e se tornou uma repú-
blica em 1823.
1. Observe a imagem acima, que representa três diferentes momentos da história mexicana: a colonização espanhola,
a guerra de independência do México e a Revolução Mexicana.
2. Agora, pesquise sobre esses três eventos e responda ao que se pede:
a) Quais elementos do mural A guerra de independência do México (1810) ajudam a identificar cada um desses momen-
tos históricos?
b) Ao retratar esses três períodos históricos, o que o autor quis comunicar sobre o processo de independência do México?
E sobre a construção da nação mexicana?
c) No centro da obra há uma águia comendo uma serpente. Trata-se do símbolo do México. Forme um grupo com quatro
colegas e pesquisem a história desse símbolo. Procurem descobrir por que ele assumiu um lugar central no mural de
Rivera. Ao final, elaborem um texto coletivo sobre essa história.
Lluis Gebe/AFP
Manifestação ligada ao movimento pela independência da Catalunha, região da Espanha que busca
se separar do poder central do país. Barcelona, Espanha, 2018.
Akg-Images/Album/Fotoarena
natureza de classe, isto é, em seu funcionamento amparado nas relações 1
Allmaps
SUÉCIA
DINAMARCA
Mar
Báltico
Mar do SCHLESWIG
Tilsit
Norte Schleswig
Königsberg
Kiel
Gdansk
HOLSTEIN
BURGO
Lübeck Rostock
la
Rio Vístu
PAÍSES Hamburgo
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
OLDEM
DA EDITORA DO BRASIL
Rio
H A N N O V E R
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Hannover Berlim
E
Rio
Império Alemão, formado em 1871 após a unificação de diferentes reinos. Esse processo inspirou Max Weber
a refletir sobre o Estado e a formação nacional.
czar Nicolau faz a revista das tropas. Óleo sobre tela. Nicolau foi imperador da Rússia entre 1825 e 1855.
O
Para Weber, o Estado tem a prerrogativa de utilizar as armas e a violência nos limites de um território.
1 2
Tanto um vilarejo flutuante de pescadores no Vietnã [1], foto de 2018, quanto uma aldeia indígena em Juína, em Mato Grosso [2], foto de
2020, podem ser definidos como territórios que se caracterizam por ser abrigo e refúgio.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
FronteirasDA
materiais
EDITORA DOe BRASIL
imateriais
Para desenhar os territórios, buscam-se marcos que definam onde um deles termina e o
outro começa, ou seja, onde termina um regime jurídico e o outro se inicia. Assim, os limites
e as fronteiras são elementos técnicos da configuração territorial. No entanto, desde que o
mundo todo foi delimitado por fronteiras nacionais, entre o fim do século XIX e o início do
século XX, há uma tensão entre a fixidez desses contornos e a fluidez das informações. Dessa
maneira, essas linhas divisórias podem ser consideradas formas arbitrárias e, até determinado
ponto, incertas. Elas podem se alterar no decorrer da história, visto que são sempre limites
construídos socialmente, ainda que, muitas vezes, adotem-se elementos naturais como
marcos de sua delimitação. A emergência da globalização e suas contradições reacenderam,
por um lado, a questão das fronteiras fortificadas, inclusive a construção de muros e barrei-
ras destinados a conter populações consideradas intrusas, e, por outro, a questão da abertura
das fronteiras à livre circulação de capitais e mercadorias, conforme os interesses das gran-
des corporações e do mercado financeiro.
As fronteiras são materiais e políticas, como as linhas que separam os Estados Nacionais, mas
também podem ser imateriais e culturais, como os muros invisíveis da segregação socioespacial
que se interpõem entre as pessoas em uma mesma sociedade. Isso porque uma fronteira cria
um território que pretende ser homogêneo e deliberadamente diferenciado do exterior.
Organização das
1951 1961 Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados.
Nações Unidas
Organização
1954 1965 dos Estados Convenção sobre Asilo Territorial.
Americanos
Organização das
1954 1995 Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas.
Nações Unidas
Tabela elaborada com base em dados disponíveis em: BRASIL. Ministério das Relações Exteriores.
Disponível em: https://concordia.itamaraty.gov.br/. Acesso em: 27 jul. 2020.
EQRoy/Shutterstock.com
da atualidade, destaca-se a Organização das Nações Unidas
(ONU), fundada em 24 de outubro de 1945, após o fim da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com o objetivo de
fomentar a paz e o desenvolvimento em âmbito global.
Atualmente, a ONU tem 193 países-membros e é formada
por dezenas de agências especializadas, fundos e progra-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
mas, conforme podemos verificar no website da organiza-
DA EDITORA
ção. Além disso, DO BRASIL
a ONU tem sido responsável pela
elaboração de diversos tratados, convenções e acordos
internacionais sobre os mais variados temas.
As questões relacionadas a conflitos e guerras, inclusive
aquelas associadas à delimitação de fronteiras internacio- Sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em
nais, são de responsabilidade do Conselho de Segurança Genebra, Suíça, 2019.
da ONU, formado por 15 países-membros, sendo que cinco deles são permanentes e com
direito a veto – Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China –, e dez não são perma-
nentes, ocupando uma das cadeiras por dois anos. O Conselho de Segurança é o único órgão
da entidade que tem poder decisório, o que significa que suas deliberações têm de ser aca-
tadas por todos os países-membros.
Por sua vez, a Organização Mundial do Comércio (OMC) desempenha papel essencial no
contexto da globalização. A OMC, criada em 1995, tem 164 países-membros e atua como
a principal instância para administrar o sistema multilateral de comércio. Seus objetivos
são: estabelecer regras em comum para regular as relações comerciais entre os países-
-membros; estabelecer um mecanismo de solução pacífica das controvérsias comerciais,
considerando os acordos que estão em vigor, e criar um ambiente que permita a negociação
de acordos comerciais entre os países-membros.
1 2
ATIVIDADES
1. Com base em seus conhecimentos nas áreas de Biologia e Geografia,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
discuta com os colegas e identifique as principais implicações do tráfico
DA EDITORA
internacional de animaisDO BRASIL no que diz respeito tanto às regiões
silvestres,
de onde eles são retirados como aos lugares a que se destinam.
2. Faça uma pesquisa sobre tratados, convenções e acordos internacio-
nais que buscam inibir o tráfico internacional de animais silvestres e a
biopirataria e, depois, justifique a importância deles.
3. Com base na concepção de território como abrigo e recurso, debata com os
colegas sobre como a biopirataria prejudica as comunidades tradicionais
detentoras de conhecimentos relativos ao uso de espécies da biodiversi-
dade local. Depois, explique como isso ocorre.
4. Conforme indica o texto, diversos grupos de animais são alvo do tráfico
de fauna e da biopirataria. No entanto, milhares de espécies animais
e vegetais endêmicas da Amazônia ainda não foram identificadas e
catalogadas pela ciência. Debata com os colegas sobre a importância
de o Brasil obter maior conhecimento científico acerca de sua própria
biodiversidade, levando em consideração a questão da biopirataria.
Depois, aponte por que isso é importante.
Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 45
Migrações e fronteiras
Deslocamentos humanos, das mais diversas naturezas, recorrentemente reacendem o
debate das fronteiras, no tocante à sua existência material, efetividade política e importância
para a proteção interna, seja econômica, social ou política. Em um mundo pautado pela
integração cada vez mais ampla de Estados e instituições, no seio de uma rede de relações,
conexões e interdependências, muito se fala sobre um pretenso fim das fronteiras, de modo
que se constituiria um mundo mais integrado e aberto aos fluxos de informações, capitais,
mercadorias e, inclusive, pessoas. Contudo, bem distante desse discurso, o que se tem visto
ao longo das últimas décadas, principalmente em relação aos fluxos populacionais, é uma
reafirmação das fronteiras e seu fortalecimento enquanto meio de inibir a entrada de pessoas
e fluxos populacionais em diferentes contextos. Essa situação é mais evidente em países
considerados desenvolvidos, que se configuram como polos atrativos a determinados grupos.
Como pontua Santos no trecho acima, existe uma noção de que o tempo e o espaço se
contraíram, relacionada ao avanço dos meios de transporte e de comunicação. Essa sensação
transmite a ideia de que o mundo, mais objetivamente os territórios e os países, são alcan-
çáveis e acessíveis. Mas essa acessibilidade, diferentemente do que pode parecer, é parcial
e voltada a alguns segmentos populacionais. Vamos fazer uma breve reflexão: a possibilidade
de mobilidade internacional de um alto executivo de uma corporação transnacional, cuja sede
se localiza em um país considerado desenvolvido, com filiais espalhadas por diversos países,
é a mesma de um cidadão que busca refúgio diante de contextos de perseguição e conflito
em seu país de origem? Ainda em relação ao executivo, sua possibilidade de mobilidade é
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
igual ou semelhante à de um indivíduo pobre e sem qualificação que deseja sair de seu local
DA
de EDITORA
origem emDO BRASIL
busca de melhores condições de vida e trabalho em um país desenvolvido?
Imigrantes tentam pular pelo muro na cidade de Melilla, na fronteira entre Marrocos e Espanha, 2014.
Laura T. Garrido/Zuma Press/Easypix Brasil
Refugiados vindos do continente africano tentam chegar à Europa por mar. Melila, Espanha, 2019.
A receptividade desses diferentes indivíduos e a forma como acessam esse mundo global
não têm nenhuma semelhança, visto que o território e as fronteiras se apresentam a eles de
formas bastante desiguais e contraditórias. Portanto, a análise da migração no mundo atual
precisa ser considerada na perspectiva dessas duas categorias e na preponderância que os
Estados nacionais assumem na condução das políticas migratórias. Cabe retomar, nesse
contexto, a menção que se fez anteriormente a um possível enfraquecimento dos Estados,
de modo a evidenciar seu destaque e hegemonia, em que pesem as novas formas de relação
e interação surgidas com a ordem multipolar.
Muitas vezes, os países definem suas políticas migratórias em desacordo com as reco-
mendações de órgãos supranacionais, como a ONU, que inclusive desenvolve e alinha
propostas voltadas aos deslocamentos populacionais, principalmente aos de pessoas em
situação de vulnerabilidade. Nesse sentido, os refugiados são um dos exemplos de maior
gravidade no que se refere à relação entre território, fronteira e deslocamento populacional,
situação queMATERIAL
se agravouDEna DIVULGAÇÃO
segunda década de século XXI. A eclosão de conflitos de cunho
territorial, fronteiriço,
DA EDITORA DOétnico,
social, BRASILentre outros, em diferentes locais do mundo, com
destaque para os continentes africano e asiático, colocou a vida de milhares de pessoas
em risco, levando muitas delas a buscar refúgio em outros países.
Segundo a ONU, em 2018, havia mais de 25 milhões de refugiados em todo o mundo. A
organização tem tentado articular modelos e diretrizes para o acolhimento dessas pessoas
e a resolução desse problema, que se tornou uma crise global; contudo, muitos dos gover-
nos que teriam condições de receber essas pessoas têm se mostrado irredutíveis quanto
a oferecer refúgio, inibindo a entrada de imigrantes por meio da construção de barreiras
em regiões de fronteira e atuando para a deportação de indivíduos que conseguiram ingres-
sar no território. Situações dessa natureza são mais comuns em países do centro da eco-
nomia capitalista, onde o discurso e a prática de recusa ao recebimento de refugiados
encontra projeção nas instituições oficiais e entre parcelas da população.
O contexto dos deslocamentos populacionais, de forma geral, mostra que os territórios e,
principalmente, as fronteiras emergem como elementos que reforçam, por um lado, a iden-
tidade nacional, que pode ser reiterada por governos e discursos nacionalistas e, por outro,
as barreiras materiais e simbólicas que contradizem e mostram mais uma vez a impossibili-
dade de se pensar um mundo aberto, flexível e acessível a todos.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Félix Henri Emmanuel Philippoteaux. Batalha de Fontenoy, 1745. Óleo sobre tela, 71,8 cm × 116,2 cm.
A sociedade de hoje é fruto de guerras e enfrentamentos.
DA EDITORA DO BRASIL
McLain/ONU
Em 26 de junho de 1945, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Pedro Leão Velloso (1887-
-1947), assina a Carta das Nações Unidas na Conferência de São Francisco, nos Estados Unidos.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Hegel: entre a paz e a guerra
Será possível considerar a guerra uma coisa racionalmente justificável?
Museus Estatais de Berlim, Berlim. Fotografia: Fine Art Images/Album/ Fotoarena
Há algo de positivo na guerra? De acordo com Hegel, sim. Porém, isso não
significa que o filósofo alemão seja um incentivador e defensor de conflitos.
O que ele busca demonstrar é que a guerra é consequência do próprio desen-
volvimento dos Estados nacionais.
Em Princípios da filosofia do direito, escrito em 1820, Hegel analisa,
entre outros assuntos, as questões relativas ao direito internacional. Dis-
cute sobre os motivos que levam os Estados à guerra e o seu significado
superior: “[...] tal como os ventos protegem o mar contra a estagnação em
que os mergulharia uma indefinida tranquilidade, assim uma paz eterna
faria estagnar os povos”.
Ainda que não seja esse o fator motivador, as guerras geram um efeito
benéfico para a vida interna das nações porque mobilizam as aspirações
Jakob Schlesinger. Retrato de particulares em favor da unidade do Estado. Porém, a causa imediata delas
Georg Wilhelm Friedrich Hegel,
1831. Óleo sobre tela,
é, justamente, o confronto entre os Estados em razão de seus interesses
3,59 m × 4,66 m. particulares. Como Hegel explica isso?
Em 1943, os marcos principais foram as conferências de Moscou e de Teerã. Neste ano, todas as principais na-
ções aliadas estavam comprometidas com a vitória e, posteriormente, com uma tentativa de criar um mundo fun-
damentado na paz e na segurança internacionais. Em 1944 e 1945, propostas foram elaboradas nos encontros de
Dumbarton Oaks e Ialta.
A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 50 países presentes à Conferência sobre Orga-
nização Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de abril a 26 de junho de 1945. No dia 26 de junho, úl-
timo dia da Conferência, foi assinada pelos 50 países a Carta, com a Polônia – também um membro original da ONU
– a assinando dois meses depois.
As Nações Unidas, entretanto, começaram a existir oficialmente em 24 de outubro de 1945, após a ratificação da
Carta por China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a ex-União Soviética, bem como pela maioria dos signatários.
O 24 de outubro é comemorado em todo o mundo, por este motivo, como o Dia das Nações Unidas.
A Carta da ONU é o documento mais importante da Organização, como registra seu artigo 103: “No caso de confli-
to entre as obrigações dos membros das Nações Unidas, em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de
qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da presente Carta”.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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Bakr Alkasem/AFP
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Crianças sírias brincam em um acampamento para pessoas que fugiram dos ataques pró-regime nas províncias de
Idlib e Alepo, em 18 de fevereiro de 2020, ao norte da cidade de Idlib, perto da fronteira com a Turquia.
*P
reâmbulo: relatório que antecede uma lei ou decreto; parte inicial em que se anuncia a promulgação de uma
lei ou decreto.
Osugi/Shutterstock.com
a) Você considera que os Estados têm
MATERIAL
cumprido DE DIVULGAÇÃO
os compromissos firmados
DA EDITORA
em 1945? DOsua
Justifique BRASIL
resposta.
b) Como você avalia a atuação da ONU em
relação aos conflitos internacionais
atualmente existentes?
Allmaps
0° 90° L
IMPÉRIO TURQUISTÃO COREIA
(ao Japão,
TOGO CAMBOJA
SERRA COSTA
LEOA DO OURO
NIGÉRIA SOMÁLIA BRITÂNICA
CEILÃO BRUNEI
OCEANO
ETIÓPIA
OCEANO
ATOR
LIBÉRIA MALÁSIA
CAMARÕES SOMÁLIA ITALIANA SARAWAK PACÍFICO
ÍNDICO
EQU
UGANDA Equador
0° SINGAPURA
CONGO QUÊNIA SUMATRA
CA
BORNÉU NOVA
ÁF BELGA
RI
Espanha
MB
SUDOESTE MADAGASCAR
AFRICANOBOTSUANA
ÇA
N Grã-Bretanha COMUNIDADE
DA AUSTRÁLIA
ÁFRICA Holanda
DO SUL
Meridiano de Greenwich
O L Império Russo
Império Otomano
S Itália NOVA
ZELÂNDIA
Portugal TASMÂNIA
0 960 1 920 km
Estados principescos da Índia
1 : 96 000 000
Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral & Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 136-137.
Os povos colonizados, porém, reagiram à dominação imperialista, tanto por vias diplomáti-
cas como pelo confronto armado. O resultado desses embates foi o massacre da população
civil em diferentes confrontos, como na Revolta dos Sipaios (Índia, 1857), na Guerra dos Ashanti
(atual Gana, 1869-1874), na Guerra do Império Malinque (África, 1882-1900), nas duas Guer-
ras de Matabele (Zimbábue, 1893 e 1896), na Guerra dos Boxers (China, 1900), no confronto
dos Maji Maji em Tanganika (Tanzânia, 1905-1907), no genocídio dos hereros e namaquas
(Namíbia, 1904-1907), entre outros.
O imperialismo neocolonialista estendeu-se até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
A partir de então, tiveram início os movimentos de independência na Índia e nos países da África.
Nesse período, também ganhou força a rejeição às teorias racialistas, sobretudo após o conhe-
cimento do genocídio da população judaica promovido pelos nazistas.
A despersonalização do colonizado
O escritor Albert Memmi (1920-2020) nasceu em Tunes, na Tunísia, quando o território era um protetorado francês.
Sua experiência como um colonizador vivendo em meio aos colonizados inspirou a obra Retrato do colonizado prece-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
dido de retrato do colonizador, publicada em 1957.
DA EDITORA DO BRASIL
[...] A melhor definição da colônia: nela ganha-se mais, nela gasta-se menos. [...] Se o seu nível de vida [do
colonizador] é elevado, é porque o do colonizado é baixo; se pode beneficiar-se de mão de obra, de criadagem
numerosa e pouco exigente, é porque o colonizado é explorável impunemente e não se acha protegido pelas
leis da colônia; se obtém tão facilmente postos administrativos, é porque esses postos lhe são reservados e por-
que o colonizado deles está excluído [...].
Assim se destroem, uma após outra, todas as qualidades que fazem do colonizado um homem. [...] Sinal des-
sa despersonalização do colonizado: o que se poderia chamar a marca do plural. O colonizado jamais é carac-
terizado de maneira diferencial: só tem direito ao afogamento no coletivo anônimo. [...] O colonizado não dispõe
de saída alguma para deixar seu estado de infelicidade: nem jurídica (a naturalização) nem mística (a conver-
são religiosa): o colonizado não é livre de escolher-se colonizado ou não colonizado.
MEMMI, Alberto. Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador. In: MARQUES, Adhemar Martins.
História Contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 1997. p. 93-97.
Unificação da Itália
Até meados do século XIX, o território atual da Itália era dividido em diversos reinos que
tinham autonomia política entre si: a Lombardia e o Reino do Piemonte (norte), o Reino das
Duas Sicílias (sul) e os Estados Pontifícios (região central). Outros países, como Áustria,
França e Espanha, ocuparam a região em diferentes momentos.
Com a derrota de Napoleão Bonaparte (1769-1821), o absolutismo foi restaurado em
uma porção da atual Itália pelo Congresso de Viena (1815). Mas, internamente, não havia
um posicionamento único sobre a unificação. Republicanos monarquistas e grupos favorá-
veis à unificação em torno dos Estados Pontifícios disputavam os rumos políticos dos rei-
nos italianos. Nesse contexto, duas tentativas de unificação ocorreram em 1830 e em 1848,
mas foram frustradas pela presença dos austríacos ao norte.
Graças a um acordo entre Napoleão III (1808-1873) e o Reino de Piemonte-Sardenha, que
saíra vitorioso da Segunda Guerra de Independência Italiana (1859), uma parte dos austríacos
foi expulsa do Norte da Itália e iniciou-se o processo de unificação. Em 1860, o grupo dos Cami-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sas Vermelhas, liderados pelo general Giuseppe Garibaldi (1807-1882), conseguiu integrar o
Reino das Duas Sicílias e entregar a região ao comando do Rei Vitório Emmanuel III.
DA EDITORA DO BRASIL
A região do Vêneto só foi anexada com o fim da Guerra da Prússia com a Áustria, que
permitiu a expulsão definitiva dos austríacos da região em 1866. Com a derrota dos fran-
ceses na Guerra Franco-Prussiana, os Estados Pontifícios, então protegidos por eles, foram
retomados, juntamente com a cidade de Roma, em 1870.
Unificação da Alemanha
Até meados do século XIX, o atual território da Alemanha estava separado em reinos poli-
ticamente independentes que falavam a mesma língua e eram regidos pela mesma cultura,
compartilhadas do antigo Sacro Império Romano-Germânico. A região tinha uma economia
agrícola, com exceção da Prússia, reino já em acelerado processo de industrialização.
Com a subida ao trono prussiano de Guilherme I (1797-1888), que, ao lado de seu primei-
ro-ministro Otto von Bismarck (1815-1898), era favorável à construção de uma monarquia
centralizadora, foram feitos investimentos na formação do exército e a exaltação do nacio-
nalismo entre a população. A ideia da unificação alemã passava a ganhar ação concreta.
Em sete anos, a Prússia venceu todas as guerras em que esteve envolvida. Na Guerra dos
Ducados (1864), retomou áreas que estavam em poder da Dinamarca; na Guerra Austro-
-Prussiana (1866), reconquistou territórios ocupados pela Áustria; e, na Guerra Franco-Prus
siana (1870-1871), afastou os franceses da região oeste.
Aeronave usada
Dpa/Picture Alliance/Getty Images
na Primeira
Guerra Mundial,
a primeira
guerra com
ataques aéreos.
Foto de 1913.
Allmaps
cu 0° 40° L
lo Po OCEANO GLACIAL ÁRTICO
lar Império Alemão em 1914
Árt
ico
Império Austro-Húngaro em 1914
h
nwic
(fronteiras em 1923)
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Países vencedores
Mer
Norte
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ESTADO DINAMARCA
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Alsácia Lorena
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40°
N Alto Adige IUGOSLÁVIA ROMÊNIA
PORTUGAL Mar Negro
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Córsega ITÁLIA BULGÁRIA
ALBÂNIA
Sardenha
TURQUIA
N
GRÉCIA
Sicília SÍRIA
O L (mandato
Chipre francês) IRAQUE
Fonte: VICENTINO, Creta (mandato britânico)
S LÍBANO
Cláudio. Atlas histórico: Mar Mediterrâneo (mandato francês)
geral e Brasil. 0 395 790 km PALESTINA TRANSJORDÂNIA
(mandato britânico) (mandato britânico)
São Paulo: Scipione,
1 : 39 500 000
2011. p. 141.
O fascismo italiano
Benito Mussolini (1883-1945), ex-combatente da Primeira Guerra, foi o principal responsá-
vel pela criação e consolidação do regime fascista na Itália. Em um contexto de grande cares-
tia e de insatisfação geral com a decisão do Tratado de Versalhes – pelo qual a Itália não rece-
beu a compensação territorial pretendida –, Mussolini atraiu pessoas de todas as classes sociais
com suas ideias nacionalistas e foi eleito deputado em 1921. Contribuiu para isso também uma
forte campanha das milícias fascistas contra movimentos de cunho operário, tidos como uma
ameaça à ordem e ao progresso da Itália.
Em 1922, Mussolini organizou a Marcha sobre Roma, quando, acompanhado por milha-
res de apoiadores, fez uma demonstração de força na capital italiana. Em resposta, o rei
Vítor Emanuel III (1869-1947), concedeu-lhe o cargo de primeiro-ministro. Desde então,
o fascismo, que tinha como princípios ideias anticomunistas, antiliberais e ultranacionalis-
MATERIAL DE aDIVULGAÇÃO
tas, passou ser a política de Estado da Itália. Em alguns anos, Mussolini tornou-se um
DA EDITORA
ditador DO BRASIL
e passou a ser chamado de Duce (guia).
Oronoz/Album/Fotoarena
Coleção particular. Fotografia:
Bridgeman images/Easypix Brasil
Bettmann/Getty Images
Em 1920, foi criado o Partido
Nazista, sob a liderança de Adolf Hitler
(1889-1945), que tinha como base,
além das ideias fascistas, viés racista
e antissemita. Assim como ocorreu
na Itália, o nazismo ganhou popula-
ridade em um contexto de miséria e
de humilhação do povo alemão após
as sanções impostas pelo Tratado de
Versalhes. Colocando-se contra as
nações responsáveis pelas sanções
de guerra e prometendo reerguer a
Alemanha, o Partido Nazista conse-
guiu eleger muitos políticos de 1928
a 1932. Em 1933, Hitler foi nomeado
chanceler da Alemanha e, com a morte
Adolf Hitler, acompanhado do
do presidente da República de Weimar, Paul von Hindenburg, ele o substi- marechal Hermann Goering,
tuiu no cargo e assumiu o título de Führer (guia, em alemão), o que marcou inspeciona tropas de honra em
o início do chamado Terceiro Reich. frente à Chancelaria em seu
retorno a Berlim, depois de ataque
Hitler impôs a censura e colocou fim aos direitos civis. Criou a Gestapo à Áustria. Berlim, Alemanha, 1938.
e a SS – respectivamente, uma polícia secreta e uma tropa de elite nazista
– para controlar, perseguir, torturar e matar judeus, ciganos, comunistas e República de Weimar:
outros grupos considerados “inferiores” ou “indesejáveis” pelo regime. Democracia liberal parlamentar
instalada após a queda do
Em 1934, o controle sobre os judeus e a violência contra eles se tor- Segundo Reich na Alemanha,
naram sistemáticos. Vistos pelos nazistas como integrantes de uma “raça que durou de 1919 e 1933.
deteriorada”, foram impedidos de ocupar cargos públicos e tiveram seus
bens confiscados. Os pogroms, ataques físicos e humilhações direciona-
dos aos judeus, passaram a ser praticados por civis amplamente nas cida-
des alemãs.
A propaganda nazista era difundida por meio das escolas, de obras de arte
MATERIAL
e de programas de rádio,DE DIVULGAÇÃO
com os objetivos de reverenciar a figura de Hitler,
DA EDITORA
rebaixar os judeus DO BRASIL
e promover os valores nazistas. A relativa recuperação
econômica do país sob o comando de Hitler fez com que sua popularidade
aumentasse e, com o tempo, o Führer passou a desobedecer às sanções do
Tratado de Versalhes, investindo no exército e na fabricação de armas.
Anne Frank foi uma jovem judia nascida na Alemanha em 1929. Em função da perse-
guição de Hitler, sua família mudou-se para Amsterdã. Em 1940 os nazistas invadiram a
Holanda (Países Baixos) e, de 1942 a 1944, ela e seus parentes tiveram de viver em um
esconderijo, junto com amigos. Nesse período, ela escreveu um diário que mostra a forma
como os judeus eram tratados pelos nazistas. O esconderijo foi descoberto, e Anne foi
levada a um campo de concentração, onde morreu um ano depois.
Nossa liberdade foi gravemente restringida com uma série de decretos antissemitas:
os judeus deveriam usar uma estrela amarela; os judeus eram proibidos de andar nos
bondes; os judeus eram proibidos de andar de carro, mesmo em seus próprios carros; [...] Retrato de Anne Frank,
os judeus eram proibidos de sair às ruas entre oito da noite e seis da manhã; os judeus 1940.
eram proibidos de frequentar teatros, cinemas ou ter qualquer forma de diversão; os judeus eram proibidos de ir a
piscinas, quadras de tênis, [...] ou qualquer outro campo esportivo; [...]; os judeus eram proibidos de visitar casas de
cristãos; os judeus deveriam frequentar escolas judias, etc. Você não podia fazer isso nem aquilo, mas a vida conti-
nuava. Jacque sempre me dizia: “Eu não ouso fazer mais nada, porque tenho medo de ser algo proibido”.
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008. p. 21.
1. O imperialismo não ficou restrito à Europa, manifestando-se também nos Estados Uni-
dos no século XIX. Leia o trecho a seguir, que trata do expansionismo estadunidense, e
responda ao que se pede.
[...] foi nas colônias da Nova Inglaterra, fundadas por refugiados religiosos protestantes ra-
dicais, que a conexão entre expansão imperial e um senso de missão divina tornou-se mais
aparente. Os peregrinos e seus descendentes acreditavam que terras existentes fora do domí-
nio de um Estado propriamente organizado eram uma violação do mandamento de Deus “cres-
cei e multiplicai-vos”. Terras incultas chamavam os fiéis a ocupá-las e a desenvolvê-las em
nome da glória de Deus (PEARCE, 1988:20).
BLANCHETTE, Thaddeus Gregory. Entre acomodação e extermínio: raízes da “Questão indígena” nos Estados Unidos.
35o Encontro Anual da Anpocs. Disponível em: https://anpocs.com/index.php/papers-35-encontro/gt-29/gt12-23/968
-entre-acomodacao-e-exterminio-as-raizes-da-questao-indigena-nos-estados-unidos/file.
Acesso em: 25 jul. 2020.
a) Explique o trecho em destaque considerando as dinâmicas entre nativos e colonos.
b) Com base no texto, que semelhanças podem ser estabelecidas entre o imperialismo
europeu e o estadunidense?
2. Observe a charge e faça o que se pede.
[...] primeiro, – arruiná-los; segundo – ir habitá-los; terceiro – deixá-los viver com suas leis, arre-
cadando um tributo e criando um governo de poucos, que se mantenham amigos nesse governo,
tendo sido formado por aquele príncipe, sabe que não sobreviverá sem a sua amizade e poder, e, na-
turalmente, tudo fará para mantê-lo. Por intermédio de seus próprios cidadãos, com maior facilidade
se conservará o governo de uma cidade acostumada à liberdade, do que de outra qualquer forma.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 23. (Coleção Os Pensadores.)
Com o fim da União Soviética em 1991, ficou mais evidente o propósito do novo imperialismo
na chamada nova ordem mundial – conceito usado para determinar a substituição da ordem
bipolar pela ordem multipolar, pela qual o mundo deixava de ser regido pela Guerra Fria e
passava para uma nova etapa. O domínio dos países periféricos não mais seria feito por meio
do neocolonialismo, mas pelo poder econômico. A influência de governos das superpotências
começou a ser exercida por grandes conglomerados de empresas multinacionais, que, por sua
vez, passaram a dominar todo o processo produtivo das regiões em que se estabeleciam, prin-
cipalmente da indústria de base, usando mão de obra local, pagando baixos salários e enviando
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
os lucros para seus países de origem, além de explorarem os recursos naturais, como foi o caso
da extração doDA EDITORA
petróleo e daDO BRASIL Diferentes mecanismos começaram então a ser usa-
mineração.
dos por Estados nacionais poderosos para enfraquecer os países mais pobres e controlar seus
recursos e sua mão de obra, situação exemplificada na citação a seguir.
As grandes potências são aqueles Estados de toda parte da Terra que possuem elevada capa-
cidade militar perante os outros, perseguem interesses continentais ou globais e defendem estes
interesses por meio de uma ampla gama de instrumentos, entre os quais a força e ameaças de
força, sendo reconhecidos pelos Estados menos poderosos como atores principais que exercem
direitos formais excepcionais nas relações internacionais.
TILLY, Charle. Coerção, capital e estados. São Paulo: Edusp, 1996. p. 247.
Mas o que acontece quando governos de países periféricos resolvem tomar medidas de pre-
servação dos meios de produção nacionais? Os países mais poderosos desenvolveram, ainda no
começo dos anos 1990, um novo tipo de guerra: a guerra híbrida. Essa nova forma de abordagem
tem como objetivo enfraquecer um determinado governo e não se limita aos tradicionais conflitos
entre dois Estados. Os países agressores exploram diferentes modos de guerra simultaneamente,
empregando armas convencionais avançadas, táticas irregulares, tecnologias agressivas, terrorismo
e criminalidade, com o objetivo de desestabilizar a ordem vigente em um Estado nacional.
Thaier Al-Sudani/
Reuters/Fotoarema
DA EDITORA DO BRASIL
2
A então primeira-dama estadunidense Hillary Clinton (1947-) e a filha Chelsea visitam soldados de seu país na Bósnia,
em 1996. O Partido Democrata, dos Estados Unidos, é famoso por promover guerras em nome da democracia.
1. País único até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando vivia sob domínio imperialista
do Japão, a Coreia dividiu-se durante a Guerra Fria em Coreia do Norte, sob influência
soviética, e Coreia do Sul, sob influência dos Estados Unidos. Esse processo culminou
na Guerra das Coreias, em 1950.
A história das Coreias nos ajuda a compreender as diferentes formas de imperialismo
que ocorrem ao longo do século XX e que deixam consequências até hoje. Com o intuito
de conhecer a situação geopolítica entre as duas Coreias, faça uma pesquisa que promo-
va a reflexão e a argumentação sobre as questões abaixo:
a) Pesquise na internet para elaborar uma linha do tempo na qual constem os principais
eventos relativos aos dois países durante o século XX, iniciando a partir de 1910,
quando o Japão anexa a Coreia e encerra a monarquia que vigorava ali até então.
b) Qual foi o papel da ONU diante do conflito?
2. Analise a tabela a seguir e pesquise dados adicionais sobre as duas Coreias, como ín-
dices populacionais, econômicos e sociais, expectativa de vida, dados educacionais,
PIB total e PIB per capita, índice de Gini, tipo de indústria e de produção econômica
e IDH. Comente então as diferenças mais marcantes entre os dois países.
Economia População
2015 16 283 1 465 773 População 2015 25 307 665 50 983 446
Total do
total
PIB (US$ x 2016 16 786 1 500 112 2016 25 429 816 51 096 408
(número de
1 000 000)
habitantes)
MATERIAL
2017 DE DIVULGAÇÃO
17 365 1 623 901 2017 25 549 606 51 171 700
DA EDITORA
2018 DO BRASIL
17 487 1 720 489 2018 25 666 158 51 225 321
3. Faça uma dissertação argumentativa, buscando responder: Como a história das Coreias
ilustra diferentes formas de imperialismo na modernidade?
Transição demográfica
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando um regime com
altas taxas de mortalidade e de fecundidade/natalidade passa para um regime em que as
duas taxas se encontram em níveis mais baixos, diz-se que está havendo uma transição
demográfica. Esse processo resulta em uma mudança na estrutura etária de uma população.
Isso se dá porque essas mudanças diminuem o número de crianças e aumentam o número
de idosos em uma mesma população. Além desses efeitos, a transição demográfica também
altera as taxas de crescimento da população.
DAE
Porcentagem (%)
DA EDITORA DO BRASIL
5,00
4,500
4,00
3,500
3,00
2,500
2,00
1,500
1,00
0,500
Taxa bruta de natalidade
0,00 Taxa bruta de mortalidade
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3.5 4 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3.5 4
População (em milhões) População (em milhões)
A transição demográfica costuma ser organizada em quatro fases distintas. Ao passo que
a primeira etapa é marcada por altas taxas de natalidade e mortalidade e baixa expectativa
MATERIAL
de vida, a quarta etapa DE DIVULGAÇÃOpor uma realidade oposta, taxas de natalidade e
é caracterizada
mortalidade baixas e equilibradas e expectativa de vida elevada, situação típica de socieda-
DA EDITORA DO BRASIL
des mais desenvolvidas.
Analise as pirâmides etárias da Alemanha. Que informações é possível obter dessa obser-
vação? Houve estreitamento ou alargamento de algum setor da pirâmide? Note que, ao passo
que o número de jovens decresceu, os segmentos de adultos e idosos tiveram acréscimos
importantes. Essa configuração, embora mais comum em países desenvolvidos, é uma ten-
dência que já se observa na realidade brasileira, cujas taxas de fecundidade e natalidade se
encontram em processo de redução.
No Brasil, observa-se uma redução no crescimento da população de jovens, faixa entre 15
e 29 anos, relacionada a uma queda da fecundidade em década anteriores. A faixa de pessoas
entre 30 e 59 anos é marcada por um crescimento importante, algo que é benéfico, pois é
gerado um bônus demográfico, conforme veremos a seguir.
Por sua vez, o segmento populacional composto por idosos apresenta crescimento cons-
tante. O envelhecimento da população apresenta grandes desafios para a sociedade e, con-
sequentemente, para seus governos, pois exige políticas públicas que ajudem a manter a
saúde e a qualidade de vida dos idosos.
Ilustrações: DAE
100 Homens Mulheres 100 Homens Mulheres
90 90
80 80
70
70
Idade
60
60
Idade
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
10 5 0 5 10 0
10 5 0 5 10
População
(em milhões) População
(em milhões)
Fonte dos gráficos: ONU. Perspectivas da população mundial, 2019. Disponível em: https://population.un.org/wpp/Graphs/DemographicProfiles/Pyramid/76.
Acesso em: 24 jun. 2020.
Mapas: Allmaps
Círculo Polar Ártico
Trópico de Câncer
OCEANO
OCEANO
PACÍFICO
PACÍFICO
Equador
0°
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
Taxa de mudança (%) N
Meridiano de Greenwich
5 a 10
4a5
O L
3a4
2a3
1a2 S
0a1 Círculo Polar Antártico
0 2 040 4 080 km
-1 a 0
1 : 204 000 000
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Sem informação
DA EDITORA
TAXA MÉDIA ANUAL DO BRASIL
DE VARIAÇÃO POPULACIONAL (%), 2020-2025 (PROJEÇÃO DE VARIANTE MÉDIA)
0°
Trópico de Câncer
OCEANO
OCEANO
PACÍFICO
PACÍFICO
Equador
0°
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO ÍNDICO
Taxa de mudança (%)
Trópico de Capricórnio
5 a 10 N
Meridiano de Greenwich
4a5
3a4
O L
2a3 Fonte dos mapas: ONU.
1a2
S
Perspectivas para a
0a1
população mundial,
-1 a 0 Círculo Polar Antártico
0 2 040 4 080 km 2019. Disponível em:
Menos de -1
1 : 204 000 000 https://population.un.
Sem informação
org/wpp/. Acesso em:
13 jun. 2020.
DAE
Migrantes residentes (em milhões) Migrantes no exterior (em milhões)
Estados Unidos Índia
Alemanha México
Arábia Saudita China
Federação Russa Federação Russa
Reino Unido Síria
Emirados Árabes Unidos Bangladesh
França Paquistão
Canadá Ucrânia
Austrália Filipinas
Itália Afeganistão
Espanha Indonésia
Turquia Polônia
Índia Reino Unido
Ucrânia Alemanha
África do Sul Casaquistão
Casaquistão Territórios Palestinos
Tailândia Mianmar
Malásia Romênia
Jordânia Egito
Paquistão Turquia
0 20 40 60 0 5 10 15 20
Fonte: ORGANIZAÇÃO Internacional para as Migrações (OMI). Relatório mundial sobre migração 2020.
Disponível em: https://publications.iom.int/system/files/pdf/wmr_2020.pdf. Acesso em: 13 jun. 2020.
• 1825
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Terceira Pandemia
de Peste Negra
• 1850
Gripe Russa
DA EDITORA DO BRASIL
| 1855 | 12 M • 1875 | 1889 - 1890 |
1M
Febre Amarela • 1900
| Final dos anos 1800 | Gripe Espanhola
100 - 150 M Gripe de • 1925 | 1918 - 1919 |
Gripe Asiática Hong Kong 40 - 50 M
| 1957 - 1958 | | 1968 - 1970 | • 1950
Mers 1,1 M 1M
| 2015 - Atual | Gripe Suína
HIV/AIDS 850 M ou K | 2009 - 2010 | • 1975
| 1981 - Atual | 200 K
25 - 35 M
Sars • 2000
Ebola
| 2014 - 2016 | | 2002 - 2003 | Novo Coronavírus COVID -19
770 | 2019 - Agosto 2020| 848 K
11,3 K
• 2025
Fonte: LEPAN, Nicholas. Visualizando a história das pandemias. Disponível em: www.visualcapitalist.com/history-of-pandemics-deadliest/. Acesso em: 24 jun. 2020.
Uma das mais recentes pandemias a atingir o mundo foi causada pela Covid-19. A doença, diagnostica-
da pela primeira vez no final do ano de 2019, seis meses depois já havia atingido 181 dos 193 países do
mundo.
Mas como é possível lermos as informações de gráficos que exibem a disseminação da Covid-19? Quan-
do os números absolutos são elevados, uma opção é apresentar os dados numa escala logarítmica, em vez
de mostrar na escala linear, que é mais comum. A seguir, apresentamos um gráfico linear e um gráfico
logarítmico com dados de óbitos decorrentes da Covid-19 em alguns estados do Brasil.
20 mil 10 mil
1 mil
15 mil
100
Óbitos
Óbitos
10 mil
10
5 mil
0
0,1
di 1
di 5
di 13
di 21
di 25
di 37
di 57
di 61
di 85
89
di 17
di 33
di 41
di 45
di 49
di 53
di 65
di 69
di 77
di 9
di 73
di 81
di 9
a
2
a
a
di
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
di 1
di 5
di 85
di 13
di 37
di 21
di 25
di 57
di 61
di 17
di 33
di 41
di 45
di 49
di 53
di 65
di 9
di 77
di 9
di 73
di 81
89
di 9
a
6
2
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
Dias desde o início da pandemia
GRÁFICO 3: REGRESSÃO
Previsão de óbitos
40 000 óbitos
35 000 óbitos
30 000 óbitos
15 000 óbitos
0 Dobra no no
2 9 16 23 30 6 13 20 27 4 11 18 25 1 8 de óbitos
mar. mar. mar. mar. mar. abr. abr. abr. abr. maio maio maio maio jun. jun.
Fonte dos gráficos: FIOCRUZ. MonitoraCovid-19. Disponível em: https://bigdata-covid19.icict.fiocruz.br/. Acesso em: 12 jun. 2020.
ATIVIDADES
•• Observe atentamente os gráficos acima e faça o que se pede:
a) Identifique o que os eixos representam nos gráficos.
b) Os gráficos 1 e 2 exibem os mesmos dados, mas em escalas diferentes. Explique como a apresentação
dos dados influencia em sua interpretação e nas conclusões que podemos inferir de um gráfico.
c) O gráfico 3 exibe uma regressão, ou seja, a previsão do comportamento do fenômeno representado, de
acordo com os dados já disponíveis. Comente a pertinência de se traçarem previsões acerca do com-
portamento de uma pandemia.
Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 79
As migrações e as relações internacionais
Nas últimas duas décadas, assistiu-se a um uso político dos debates sobre os fluxos
migratórios internacionais por parte de alguns líderes mundiais. Assim, certos aspectos
têm sido usados para mobilizar a opinião pública, sobretudo com o objetivo de promover
uma oposição ao recebimento de imigrantes, utilizando diferentes formas de legitimar esse
discurso, como o receio de um afluxo de massas de imigrantes de países em desenvolvi-
mento; o medo dos países da União Europeia de uma invasão por cidadãos de novos paí-
ses-membros a cada ampliação de seu quadro de participantes; as supostas consequências
negativas do afluxo de imigrantes para as economias e sociedades nacionais; a suscetibi-
lidade a ações terroristas e outros tipos de situações que podem colocar em risco a vida e
a segurança da população local etc.
Alexandru Nita/Shutterstock.com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Um importante afluxo de imigrantes é o dos países do Leste Europeu que buscam a Europa ocidental. Plataforma de
metrô lotada em Berlim, Alemanha, 2019.
Todos esses exemplos ilustram, de um lado, os vínculos estreitos entre questões econô-
micas, políticas e sociais, e, de outro, a mobilidade. Mais que nunca, portanto, a migração é
um tema com conotações psicológicas e econômicas que influenciam fortemente as relações
internacionais.
Contudo, há exemplos de esforços internacionais que se posicionaram de forma favorável
e positiva no recebimento de fluxos migratórios nos últimos anos, sobretudo de pessoas
refugiadas, com vistas, inclusive, a fomentar e dinamizar o mercado de trabalho. Na Alemanha,
por exemplo, país que já sente os efeitos de um crescimento populacional perto de zero,
(dados do Banco Mundial), decorrente do estágio avançado na transição demográfica, a
entrada desses refugiados é vista por alguns setores como uma possibilidade de compensa-
ção desse decréscimo, visando contribuir para a dinamização da economia, que pode sofrer,
a longo prazo, os efeitos de uma força de trabalho que se encolhe a cada ano.
Família síria aguarda na fronteira após ter recebido asilo na Hungria. Fronteira de Kelebija, Subotica, Sérvia, 2017.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Estados Unidos
parte é reassentada nos países de acolhimento.
Canadá, Estados Unidos e Austrália são os países
Canadá
que mais reassentaram refugiados do mundo
Austrália nas últimas décadas. Em 2018, aproximadamente
92 400 refugiados foram admitidos para reas-
Reino Unido
sentamento em diversos países do mundo, sendo
Noruega os sírios, congoleses e eritreus os principais
Suécia beneficiários.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 Conforme exibe o gráfico, com quase 23 mil
milhares
refugiados reassentados em 2018, foi a primeira
2018 2015 2010 2005 vez que, desde 1980, os Estados Unidos não foram
o principal país de reassentamento. O declínio sig-
Fonte: ORGANIZAÇÃO Internacional para as Migrações (OMI). Relatório mundial nificativo no número de refugiados ali reassentados
sobre migração 2020. Disponível em: https://publications.iom.int/system/files/
pdf/wmr_2020.pdf. Acesso em: 13 jun. 2020. deveu-se a uma redução substancial no número
máximo de admissão de refugiados por ano e à
maior rigidez na triagem de segurança para refugiados de países considerados de “alto risco”.
Com isso, o Canadá se tornou o principal país de reassentamento em 2018, com pouco mais de
28 mil refugiados reassentados.
Bangladesh
Costa do Marfim
Mianmar
Tailândia
Letônia
Síria
Kuwait
Uzbequistão
Estônia
População total em milhares
Federação Russa
Proporção da população nacional (%)
15 10 5 0 5 10 15
milhares
Fonte: ORGANIZAÇÃO Internacional para as Migrações (OMI). Relatório mundial sobre migração 2020. Disponível em: https://publications.
iom.int/system/files/pdf/wmr_2020.pdf. Acesso em: 13 jun. 2020.
DAE
Os países com maior saldo migratório são países de renda alta ou média-alta
10
Estados Unidos
Alemanha
Saldo migratório líquido internacional (em milhões)
Federação Turquia
Russa Reino Unido
Arábia
Canadá
África do Sul Saudita
Iraque Omã Itália Austrália
Líbano O tamanho da bolha é proporcional
Jordânia ao tamanho da população em 2019.
0 África Subsaariana
Mianmar
Nepal Norte da África e Ásia ocidental
Zimbábue Filipinas
Ásia central e setentrional
Paquistão
MATERIALBangladesh
DE DIVULGAÇÃO
China Leste e sudeste da Ásia
Venezuela
-5 DA EDITORAÍndiaDO BRASIL
América Latina e Caribe
Oceania*
Austrália/Nova Zelândia
Síria
Europa e América do Norte
Fonte: ONU. Perspectivas da população mundial 2019: destaques. Disponível em: https://population.un.org/wpp/Publications/Files/
WPP2019_Highlights.pdf. Acesso em: 13 jun. 2020.
Câmeras de vigilância na Exposição Agropecuária de Londrina, PR, 2019. As câmeras de segurança podem ser
comparadas com o processo de transição entre a “sociedade do disciplinamento” de Foucault e a “sociedade de
controle” de Deleuze.
Sergio Ranalli/Pulsar Imagens
A missão do cosmonauta soviético Yuri Gagarin (1934-1968), primeiro ser humano a viajar pelo espaço, em abril de
1961, deu início à corrida espacial, em que URSS e EUA rivalizaram.
Mais uma vez, a Europa se via arrasada pela guerra: crises econômicas, estruturais e
sociais foram deflagradas mesmo nos países mais desenvolvidos do continente, como
Inglaterra, França e Alemanha. A configuração política mundial baseada nos grandes
impérios europeus entrava em colapso.
Por outro MATERIAL DE das
lado, a União DIVULGAÇÃO
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) despontou como
grande potênciaDAeconômica
EDITORA DO BRASIL
e militar, mas, diferentemente dos Estados Unidos, baseava-se
em um regime socialista e pretendia expandi-lo. Assim, após um primeiro momento de recu-
peração econômica, os investimentos soviéticos se direcionaram para a indústria bélica e
espacial, como forma de demonstrar seu potencial tecnológico diante de seu novo inimigo.
Nesse contexto, surgiram dois processos que caracterizam a Guerra Fria (1947-1991): a
corrida armamentista, na qual as duas potências investiram fortemente em novas tecnolo-
gias de guerra, sobretudo nas possibilidades destruidoras da energia atômica; e a bipolari-
dade, que, ao opor os regimes capitalista e socialista, levou ao alinhamento de grande parte
dos países do mundo a uma ou outra potência.
Oriental, cuja capital foi chamada de Berlim Oriental. Sob o domínio sovié-
tico, a RDA passou a receber auxílio econômico do Conselho para Assistên-
cia Econômica Mútua (Comecon).
Após as conferências, o primeiro-ministro inglês Winston Churchill (1874-
-1965) declarou, em uma viagem aos Estados Unidos, que havia uma “cor-
tina de ferro” representada pela União Soviética no Leste Europeu, o que
poderia levar a uma hegemonia socialista na região. A afirmação gerou rea-
ções do governo estadunidense.
Em 1947, o presidente Harry Truman (1884-1972) oficializou uma política
Com a doutrina que leva seu para combater o comunismo e sua expansão, a chamada Doutrina Truman.
nome, Harry Truman colocou os Por meio dela, os Estados Unidos assumiam a liderança dos países capitalis-
Estados Unidos na linha de frente
do combate ao comunismo. tas ocidentais contra o avanço do comunismo. De forma complementar, foi
Washington DC, EUA, 1946. criado o Plano Marshall, que auxiliou economicamente os países europeus
destruídos pela guerra com o objetivo de consolidar o capitalismo na região.
13°
Berlim
ALEMANHA
ORIENTAL
N
O L
Berlim
Berlim Oriental S
Ocidental
0 5 10 km
1 : 500 000
52°
Território sob controle estadunidense
Território sob controle britânico
Território sob controle francês
Território sob controle soviético
ALEMANHA
Muro de Berlim, construído em 1961
OCIDENTAL
Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral & Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 148.
Coleção particular
propriedade privada e que todos os bens e meios de produ-
ção devem pertencer ao Estado e ser organizados e distribuí-
MATERIAL
dos exclusivamente por DE
ele.DIVULGAÇÃO
Assim, esse tipo de economia é
planificado pelo Estado, que decide
DA EDITORA DO BRASIL como são feitos os inves-
timentos, quais devem ser os valores dos salários etc.
Durante a Guerra Fria, tanto a União Soviética quanto os
Estados Unidos investiram fortemente em propaganda para
defender suas ideias e combater o sistema oponente. Na
época, os Estados Unidos criaram desenhos animados, his-
tórias em quadrinhos, filmes e cartazes que exaltavam o capi-
talismo e construíam uma imagem dos comunistas como
inimigos e contrários à liberdade. A União Soviética fez o
mesmo, criando campanhas de propaganda, direcionadas
sobretudo ao público jovem, que exaltavam os benefícios do
comunismo. Eram comuns exposições de obras de arte que
valorizavam a saúde, a beleza e a disposição da juventude,
associadas à prática de esportes.
A Guerra do Vietnã
A Guerra do Vietnã (1955-1975) foi a mais longa
e emblemática disputa armada ligada à Guerra Fria.
Em 1946, após o fim da Segunda Guerra, a colônia
Biblioteca Nacional da França, Paris. Fotografia: Bridgeman images/Easypix Brasil
Daniel Garcia/AFP
Pablo Porciuncula/AFP
Andre Durand/AFP
poder na União Soviética e colocou em ação diver-
sos planos para aplacar a crise vivida pelo país e
pelo Leste Europeu, em uma política que ficou
conhecida como perestroika (“reestruturação”). As
ações econômicas de Gorbachev se concentraram
sobretudo na descentralização econômica e polí-
tica, na desmilitarização, na privatização de algu-
mas empresas estatais e na gradual abertura para
empresas multinacionais. Também colocou em prá-
tica medidas de distensão política, como o fim da
censura, a liberdade de presos políticos e o pluri-
partidarismo – acabando com a exclusividade do
Partido Comunista. Essa política foi chamada de
glasnost (“transparência”). Países do Leste Euro-
peu, como a República Tcheca e a Eslováquia, pude- Com o fim da União Soviética, a população passou por uma
ram se afastar da influência da União Soviética de carestia de alimentos. Na foto, pessoas se aglomeram em uma
modo pacífico. Já outros, como Romênia e Iugos- mercearia para comprar comida para comemorar o Ano-novo.
Moscou, Rússia, 1990.
lávia, passaram por conflitos internos para conse-
guir sua emancipação.
Apesar das mudanças, Gorbachev perdeu popularidade no início da década de 1990,
em boa parte em decorrência da crise econômica que assolava a União Soviética. Foi subs-
tituído por Boris Iéltsin (1931-2007), que colocou fim ao Partido Comunista. Na sequên-
cia, aos poucos, países que faziam parte da União Soviética, como Letônia, Estônia,
Lituânia, Ucrânia e Belarus, tornaram-se independentes, o que levou ao fim da União Sovié-
tica e à criação da Federação Russa.
O término da Guerra Fria foi marcado pela destruição, do muro que dividia Berlim, nos
dias 9 e 10 de novembro de 1989, pela população berlinense, logo após o anúncio da
livre circulação de pessoas entre as duas regiões. O evento conduziu à reunificação da Ale-
manha e simbolizou o fim do bloco comunista e, consequentemente, da Guerra Fria. Com
isso, a globalização também entrou em uma nova fase: a da hegemonia capitalista, que levou
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
o nome de Nova Ordem Mundial.
DA EDITORA DO BRASIL
Jacques Langevin/Sygma/Getty Images
O que é o terrorismo?
O que é terrorismo Uma das maiores expressões da instabilidade política, das desigualdades
de Estado? econômicas e das disputas entre o global e o local na atualidade é o terro-
Atentados políticos como os rismo. No entanto, não há forma única de definir o que é terrorismo. Aque-
cometidos pelos militares na
instauração de ditaduras na les que buscam conceituá-lo são unânimes em afirmar que o terrorismo
América Latina podem ser envolve ações violentas de grupos organizados contra a população civil ou
considerados terrorismo de contra Estados para atingir algum fim revolucionário, nacionalista, criminoso
Estado. Esse conceito se refere
ao tipo de ameaça ao poder ou religioso. A Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), em sua Decla-
constituído com o intuito de ração sobre Medidas para Eliminar o Terrorismo Internacional, define e cri-
gerar incerteza e, ao chegar às minaliza os terroristas da seguinte forma:
vias de fato, conquistar o
poder. Do mesmo modo, atos
violentos de grupos de Atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de
resistência às ditaduras terror no público em geral, num grupo de pessoas ou em indivíduos para
também foram considerados fins políticos são injustificáveis em qualquer circunstância, independente-
terroristas por alguns setores.
Como se vê, o uso do conceito mente das considerações de ordem política, filosófica, ideológica, racial,
de terrorismo parte do ponto étnica, religiosa ou de qualquer outra natureza que possam ser invocadas
de vista do interlocutor, para justificá-los.
podendo ser manipulado de
Declaração sobre Medidas para Eliminar o Terrorismo Internacional (Resolução 49/60 da Assembleia
acordo com disputas de poder.
Geral, par. 3). Disponível em: https://nacoesunidas.org/acao/terrorismo/. Acesso em: 17 jun. 2020.
Keystone/Getty Images
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA em
Cena de devastação EDITORA DOumBRASIL
Madri, após atentado feito pelo grupo que resultou no assassinato do primeiro-ministro
Luis Carrero Blanco, em dezembro de 1973.
MÍDIA E TERRORISMO
Em um estudo realizado pelo George C. Marshall European Center for Security Studies
(Centro Europeu de Estudos de Segurança George C. Marshall), o doutor Carsten Bockstette
define que “O objetivo do terrorismo é explorar a mídia, a fim de alcançar o máximo de pu-
blicidade possível como multiplicador de força amplificadora, de maneira a influenciar o(s)
público(s)-alvo(s) e de alcançar objetivos políticos de curto e médio prazo e/ou objetivos
finais desejados a longo prazo”. Ou seja, a mídia desempenha um papel central nas táticas
e estratégias de ações e de grupos terroristas, pois é por meio dela – de seus noticiários e
análises – que a maioria das pessoas tomará conhecimento desses atos.
Gráfico: DAE
Câncer 9,56 milhões
Doenças respiratórias 3,91 milhões
Infecções respiratórias inferiores 2,56 milhões
Demência 2,51 milhões
Doenças digestivas 2,38 milhões
Distúrbios neonatais 1,78 milhão
Doenças diarreicas 1,57 milhão
Diabetes 1,37 milhão
Doenças hepáticas 1,32 milhão
Mortes no trânsito 1,24 milhão
Doença renal 1,23 milhão
Tuberculose 1,18 milhão
HIV/aids 954 492
Suicídio 793 823
Malária 619 827
Homicídio 405 346
Mal de Parkinson 340 639
Afogamento 295 210
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Meningite
Deficiências nutricionais
288 021
269 997
DA EDITORA DO BRASIL
Desnutrição proteico-energética
Distúrbios da maternidade
231 771
193 639
Transtornos por uso de álcool 184 934
Transtornos por uso de outras drogas 166 613
Conflitos 129 720
Hepatite 126 391
Fogo 120 632
Envenenamento 72 371
Temperatura (exposição a calor ou frio) 53 350
Terrorismo 26 445
Desastres naturais 9 603
0 2 milhões 6 milhões 10 milhões 16 milhões
Fonte: IHME, Global Burden of Disease. Disponível em: https://ourworldindata.org/causes-of-death. Acesso em: 3 jun. 2020.
Como se pode notar pelo gráfico, apenas uma ínfima parcela da população no mundo
apresenta morte relacionada ao terrorismo (aproximadamente 0,05%, ou uma em cada 10
mil mortes, de todas as pessoas que morreram em 2017), ou seja, a imensa maioria das pes-
soas no mundo (99,95%) não sofreu, não sofre ou não sofrerá morte ou ferimentos decor-
rentes de atos terroristas. No entanto, o “terror” causado por esses atos não pode deixar de
ser considerado. A discrepância entre os efeitos imediatos e os efeitos simbólicos dos atos
terroristas é sobretudo consequência da atenção midiática que esses atos recebem.
Depois de 1990 e do colapso dos Estados comunistas que proviam a figura do inimigo da Guer-
ra Fria, o poder de imaginação do Ocidente passou por uma década de confusão e ineficácia, pro-
curando “esquematizações” adequadas para a figura do Inimigo, passando pelos chefões dos
cartéis do narcotráfico até uma sucessão de senhores da guerra dos assim chamados “Estados
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
renegados” (Saddam, Noriega, Aidid, Miloševič...) sem se estabilizar numa única imagem central;
só com o 11 de Setembro essa imaginação recuperou seu poder com a construção da imagem de
DA EDITORA DO BRASIL
Osama Bin Laden, o fundamentalista islâmico par excellence, e a Al-Qaeda, sua rede “invisível”.
ZIZEK, Slavoj. Bem-vindo ao deserto do real! São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. p. 135-136. (Coleção Estado de Sítio).
•• Monte um grupo com três ou quatro colegas, pesquisem na internet e escolham um caso
de ataque terrorista retratado pela mídia nos últimos dez anos. Leiam a reportagem e
problematizem, com base no trecho acima, as seguintes características:
a) A matéria jornalística descreve com detalhes o ataque específico? Traz o local, os
métodos utilizados, a extensão dos danos (pessoais e estruturais) causados por esse
ataque?
b) Há contextualização dos ataques? Ou seja, a matéria explicita a historicidade dos agen-
tes envolvidos e suas possíveis intenções ou motivações?
c) Como os terroristas são retratados? Atentem principalmente para o uso de adjetivos
que qualificam os agentes.
d) Façam um resumo da matéria dando conta das características acima e compartilhem
o resultado com a turma.
e) Por fim, após as apresentações, comparem as abordagens jornalísticas entre os
grupos e foquem a atenção nas semelhanças e diferenças encontradas.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
O ataque às Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, provocou uma forte
reação do governo estadunidense e fez recrudescer a luta contra o terrorismo.
Ispyfriend/iStockphoto.com
MATERIAL
A criseDE DIVULGAÇÃO
mundial de 2020, em consequência do coronavírus, responsável pela covid-19,
de certa forma também se mostrou um tipo de produto da globalização. Pode-se imaginar
DA EDITORA DO BRASIL
que o vírus provavelmente não se disseminaria com tanta rapidez e de forma tão intensa
se não houvesse as atuais cadeias globais de produção e consumo, o que permitiu que ele
atingisse quase todos os países a uma velocidade espantosa, em poucos meses. Além
disso, com a desindustrialização de uma parte do
Katatonia82/Shutterstock.com
[1] Jean-Michel Basquiat (1960-1988), Filisteus, pastel de óleo sobre tela e acrílico, 1982, 183 cm × 312,5 cm.
As obras do artista, feitas durante os anos 1980, retratam as incertezas que se abatem sobre a juventude em
decorrência das políticas neoliberais. [2] Basquiat pintando em Saint Moritz, na Suíça, em 1983.
Gráfico:DAE
~1980 ~1990 ~2000 ~2010 ~2020
1G 2G 3G 4G 5G
Voz Voz e texto Dados móveis Banda larga Qualquer coisa,
móvel qualquer lugar,
W-CDMA, qualquer hora,
NMT, AMPS, GSM, IS-95, UMTS LTE ilimitado
TACS D-AMPS CDMA1X
EV-DO IMT 2020
100 Mbps
2,4 Kbps 64 Kbps 384 Kbps 10 Gbps
1 Gbps
Gigabit Multigabits
LTE 5G
INFRAESTRUTURA DA REDE 5G
Como o 5G sem fio alcança usuários
Instalação central
• Abriga roteadores,
servidores e softwares
que controlam a rede
Beamforming
• Concentra a
Fonte: Por que os Estados Unidos estão preocupados com a tecnologia 5G. Share America. Disponível em: https://share.america.
gov/pt-br/por-que-os-estados-unidos-estao -preocupados-com-a-tecnologia-5g/. Acesso em: 17 jun. 2020.
A principal vantagem das novas redes é que elas terão maior largura de banda, proporcio-
nando velocidades de download mais rápidas. Por causa do aumento da largura de banda,
espera-se que as novas redes não atendam apenas a telefones celulares, mas também se-
jam usadas como provedores gerais de serviços de internet. O aumento da velocidade é al-
cançado pelo uso de ondas de rádio de frequência mais alta que as das redes celulares atuais.
No entanto, as ondas de rádio de alta frequência têm um alcance menor que as das torres
de telefonia MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
celular anteriores, exigindo células menores. Portanto, para garantir um amplo
DA5G
serviço, as redes EDITORA
operamDOemBRASIL
até três bandas de frequência: baixa, média e alta.
Assim, o 5G amplia exponencialmente a velocidade de conexão e o trânsito de informações,
além de ser estável, o que promete um avanço dos processos produtivos em termos de inteligên-
cia artificial. Contudo, o domínio da infraestrutura do 5G, sobretudo das antenas, concentra-se
na empresa chinesa Huawei, na finlandesa Nokia e na sueca Erickson. O fato de a China ter maior
controle sobre esse processo acentuou o conflito tecnológico com os Estados Unidos, que, em
2020, já faziam pressão para que países aliados se recusassem a operar com a Huawei, alegan-
do que sua tecnologia era insegura em termos de proteção de dados, algo que a China negava.
Muitos países, embora aliados históricos dos Estados Unidos, negaram-se a romper com a em-
presa chinesa, pois consideravam inviável conter o avanço tecnológico trazido por ela.
1. Com alguns colegas, montem um painel com uma linha do tempo composta de fotos dos
aparelhos celulares de cada geração, apontando quais são suas características principais e
suas contribuições para mudanças na sociedade. Em seguida, façam uma exposição na escola.
2. Considerando que as mudanças tecnológicas geram impactos sociais, faça uma lista – com ao
menos cinco itens – com possíveis transformações advindas do avanço do 5G na sociedade,
no campo do emprego e das relações sociais. Um exemplo disso pode ser a possibilidade
de automóveis serem dirigidos por inteligência artificial usando a transmissão de dados do
5G, o que teria impacto em toda a cadeia de trabalhadores ligados ao transporte.
Funcionário do Lehman
Brothers deixa a sede do
banco em Londres com seus
pertences. O banco foi
Ben Stansall/AFP
1. O automóvel é um marco da produção industrial NOVO: Patentes por escritório de patente, 2014
do século XX. Hoje em dia, ele é um produto
Gráfico:DAE
29% 14% 10%
totalmente globalizado. Escolha um carro de EUA OMPI EPE
3% Alemanha
28%
b) Em que país ele foi projetado? China
c) Onde foi montado?
9%
d) Para quais países é vendido? Japão
1
gressores. Portanto, cada ordem mundial tem
suas lacunas, que dão margem à existência
de conflitos, os quais, por sua vez, podem
alterar todo o equilíbrio de poder e, assim,
levar a uma reordenação e ao estabeleci-
mento de outras ordens.
[1] A reunião dos líderes vencedores da Segunda Guerra
Mundial, Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e
Joseph Stalin (da esquerda para a direita), na cidade de
Ialta, na Crimeia, em 1945, prenunciou o início da Guerra
Fria. [2] O fim desse conflito foi marcado pela queda do
Muro de Berlim, em 1989.
Metamorworks/iStockphoto.com
DA EDITORA DO BRASIL
Com a globalização, alguns atores políticos e econômicos que atuam na escala global têm grande influência
sobre as decisões tomadas internacionalmente. Foto de 2020.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
VANTAGENS DESVANTAGENS
AePatt Journey/Shutterstock.com
BLOCOS ECONÔMICOS E NÍVEIS DE INTEGRAÇÃO
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL Adoção de tarifas preferenciais (mais baixas em relação às
Zona de preferência tarifária praticadas com países de fora do bloco) sobre produtos
determinados entre os países-membros.
Diego Vara/Reuters/Fotoarena
bloco foi criado com o Tratado de Assunção,
em 1991. Seus membros fundadores são Uru-
guai, Paraguai, Brasil e Argentina. A Venezuela
passou a fazer parte do bloco em 2012. Além
da integração econômica entre os países-mem-
bros, destacam-se os seguintes objetivos do
Mercosul: a coordenação de políticas macroe-
conômicas, a instauração do livre-comércio, a
adoção de uma tarifa externa comum, a facili-
tação da circulação de pessoas e a livre circu-
lação de mão de obra e de capitais. Atualmente,
Chile, Colômbia, Bolívia, Peru e Equador tam-
bém são membros associados e México e Nova
Zelândia atuam como observadores. Em 2017,
Encontro da Cúpula do Mercosul. Da esquerda para a direita,
a Venezuela foi suspensa devido à crise política os presidentes Mauricio Macri (Argentina), Jair Bolsonaro
do país nos últimos anos, que, segundo o enten- (Brasil), Mario Abdo Benitez (Paraguai) e a vice-presidente Lucia
dimento dos outros membros do bloco, põe em Topolansky (Uruguai). Bento Gonçalves, RS, 2019.
risco a democracia venezuelana.
• Cooperação Econômica Ásia-Pacífico – Apec, na sigla em inglês. Criada em 1993,
busca o livre-comércio em todo o Oceano Pacífico e o estabelecimento de novos
mercados para produtos agrícolas e matérias-primas. A Apec tem uma característica
que a diferencia da maioria dos blocos regionais: ela tem membros que não estão
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
geograficamente próximos. Todos eles estão localizados no Círculo do Pacífico, che-
gando a terDApaíses
EDITORA DO BRASILcontinentes. Seus membros são: Austrália, Brunei,
em diferentes
Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coreia do
Sul, Tailândia, Estados Unidos (1989); China, Hong Kong (China), Taiwan (Formosa)
(1991); México, Papua-Nova Guiné (1993); Chile (1994); Peru, Federação Russa,
Vietnã (1998). Seu objetivo principal é a redução de tarifas e de outras barreiras
comerciais, de forma a proporcionar a seus membros melhoramentos econômicos
com maior oferta de empregos e mais oportunidades para o comércio internacional
com níveis crescentes de investimento.
• Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio – Nafta, na sigla em inglês. Criado
em 1994, tratava-se de um acordo de livre-comércio entre os Estados Unidos, o Canadá
e o México, tendo o Chile como membro associado. Apresentava como objetivo o livre
acesso aos mercados com o estabelecimento do fim das barreiras alfandegárias entre
seus membros, diminuindo os custos comerciais e aumentando as exportações. Espe-
rava-se que isso elevasse a competitividade das economias nacionais e gerasse opor-
tunidades de investimentos. Em 2017, foi assinado um novo tratado, que substituiu o
Nafta, e expandiu algumas áreas contempladas pelo antigo acordo. O novo acordo
entrou em vigor em 1o de junho de 2020, sob a sigla Cusma (Canada-United States-
-Mexico Agreement, Acordo Estados Unidos-México-Canadá, em português).
AllMaps
0°
Mercosul – Mercado SADC – Comunidade
Comum do Sul Círculo Polar Ártico
para o Desenvolvimento
Argentina da África Austral
Brasil África do Sul
Paraguai Angola
Uruguai Botsuana
Venezuela Lesoto
Madagascar
Malauí
Comunidade Andina
Trópico de Câncer Maurício
Bolívia Moçambique
Colômbia Namíbia
Equador Rep. Dem. do Congo
Seicheles
Peru 0° Equador
Suazilândia
Tanzânia
Zâmbia
UE – União Europeia Zimbábue
Trópico de Capricórnio
Alemanha Holanda
Áustria Hungria
Bélgica Irlanda ECO – Organização de
Bulgária Itália Cooperação Econômica
Chipre Letônia Afeganistão
Meridiano de Greenwich
Croácia Lituânia Azerbaijão
Dinamarca Luxemburgo Casaquistão
Eslováquia Malta Irã
Eslovênia Polônia Círculo Polar Antártico Paquistão
N
Espanha Portugal Quirguistão
Estônia República Tcheca Tadjiquistão
Finlândia Romênia Turquia
O L Turcomenistão
França Suécia
Grécia MCCA – Mercado Comum Nafta – Acordo de Livre- Uzbequistão
Centro-Americano -Comércio da América do Norte
Costa Rica Canadá S
El Salvador Estados Unidos da América
Guatemala México 0 3 155 6 310 km
Honduras
Nicarágua 1 : 315 500 000
Nota: Mapas elaborados pelo IBGE a partir de dados obtidos junto às organizações econômicas representadas, 2018.
Mercosul: a Venezuela está suspensa desde 12/2016 por descumprimento de seu Protocolo de Adesão e, desde agosto de 2017, por violação da Cláusula Democrática do Bloco; a Bolívia encontra-se em processo de adesão.
União Europeia: os cidadãos do Reino Unido votaram pela saída do país da União Europeia, em 23/6/2016.
AllMaps
0°
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Chile Austrália
China Áustria
Cingapura Bélgica
DA EDITORA DO BRASIL
Coreia do Sul Trópico de Câncer Canadá
Estados Unidos da América Chile
Filipinas Coreia do Sul
Indonésia Dinamarca
Japão 0° Equador Eslováquia
Malásia Eslovênia
México Espanha
Nova Zelândia Estados Unidos
Papua-Nova Guiné Estônia
Trópico de Capricórnio Finlândia
Peru
Rússia França
Tailândia Grécia
Vietnã Holanda
Hungria
Meridiano de Greenwich
Irlanda
Islândia
Israel
Círculo Polar Antártico Itália
Japão
Letônia
Luxemburgo
N
México
ECOWAS – Comunidade Econômica Pacto de Visegrád COMESA – Mercado Comum dos Noruega
dos Estados do Oeste da África Eslováquia Países do Leste e Sul da África Nova Zelândia
Benin Libéria Hungria Burundi Quênia O L Polônia
Burkina Faso Mali Polônia Comores Rep. Dem. do Congo Portugal
Cabo Verde Níger República Tcheca Djibuti Ruanda Reino Unido
Costa do Marfim Nigéria Egito Seicheles S República Checa
Gâmbia Senegal Eritreia Sudão Suécia
Gana Serra Leoa Etiópia Suazilândia Suíça
Guiné Togo Líbia
0 3 155 6 310 km
Uganda Turquia
Guiné-Bissau Madagascar Zâmbia 1 : 315 500 000
Malauí Zimbábue
Maurício
Produção
Estados Unidos 1929
industrial
Em milhões
de desempregados
10 200
150
5 100 Produção industrial
50 Número de desempregados
0 0
1920 1925 1930 1935 1938
Anos
Adaptado de: HART-DAVIS, Adam. History: the Definitive Visual Guide. Londres: DK, 2007. p. 385.
Ilustrações :DAE
Mercados emergentes e economias em
Economias avançadas desenvolvimento, exceto a China
15
10 15
Investimentos (%)
Investimentos (%)
5 10
0 5
-5 0
-10 -5
-15 -10
-20 -15
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
Anos Anos
China
25
20
Investimentos (%)
15 Investimento real
5 Importações reais
-5
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019
Anos
Fonte: FMI. Relatório Perspectivas da economia mundial (outubro de 2019). Disponível em: https://www.elibrary.imf.org/view/IMF081/28248
-9781513508214/28248-9781513508214/28248-9781513508214.xml?redirect=true. Acesso em: 7 set. 2020.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA Embora
EDITORAasDO
teorias liberais e neoliberais sejam defendidas como proposta de regulação
BRASIL
econômica eficaz, em contextos de crise, empresas, organizações e sociedade recorrem aos
Estados para resolver problemas causados por crises sistêmicas do capitalismo, promovendo
políticas de assistência social, de geração de
empregos, de incentivo às atividades econômi-
cas e de socorro aos setores produtivos mais
afetados. No entanto, é necessário que haja uma
regulamentação nacional e internacional mais
efetiva da circulação de capitais pelo mundo,
sobretudo do capital especulativo, para coibir
práticas abusivas e danosas para as sociedades,
como as ocorridas nas crises de 1929 e 2008.
Passados mais de dez anos, as consequências
dessa última crise ainda são sentidas em dife-
rentes partes do mundo, especialmente entre
Justin Sullivan/Getty Images
Os territórios são geralmente demarcados por limites que separam ambientes e locais de relação. Porém, fronteiras, como
pontes, sempre existem em relação aos lados que, simultaneamente, as têm como separação e se relacionam por meio
delas. Ponte em Da Nang, Vietnã, 2019.
Prawat Thananithaporn/Shutterstock.com
Ian Allenden/Alamy/Fotoarena
Ambientes como a escola servem de conexão entre pessoas, pois possibilitam a construção de laços de
compartilhamento e de confiança por meio das situações ali enfrentadas. Foto de 2017.
Diante disso, as relações sociais também podem ser entendidas e lidas com base nos ter-
ritórios que cada uma delas estabelece. Essas demarcações das relações nos põem sempre
em posições relativas, as quais se alteram conforme o trânsito realizado entre os territórios
socioculturais. Dessa forma, família, escola, grupo religioso, turma de amigos, relacionamen-
tos amorosos, trabalho, lazer, práticas esportivas são todos exemplos de territórios social-
mente configurados. Eles têm em comum o traço de serem conexões entre indivíduos.
Entretanto, carregam cada qual uma ou mais marcas que os distinguem uns dos outros.
Por exemplo, um jovem que faz manobras no skate num lugar público ao mesmo tempo
MATERIAL
que ocupa um DE DIVULGAÇÃO
espaço urbano socialmente configurado, com normas próprias, transita por
DA EDITORA
esse espaço segundo DO BRASIL
as regras de uma territorialidade que inclui movimentos e comporta-
mentos definidos por sua prática esportiva e pelos hábitos dos praticantes desse esporte.
Dessa maneira, o conceito de território, no contexto das relações sociais, apresenta uma
maleabilidade relativamente maior que aquela que apresentava naquele em que foi inicialmente
pensado. Diante disso, alguns geógrafos defendem, então, que seria possível pensar geografi-
camente os lugares sociais em sua especificidade, bem como as estratégias de movimentação
dentro deles e em relação a eles. Tais estratégias dizem respeito ao modo como se estabele-
cem, de forma às vezes espontânea e às vezes refletida, certas regras que fixam os limites.
Já foi mencionado que estabelecer uma territorialidade significa criar fronteiras. A delimi-
tação social de um vínculo a um grupo, como toda e qualquer demarcação, sinaliza espaços
particulares de movimento e comportamento. Desse modo, nem tudo é lícito, permitido ou
válido em qualquer lugar e relação. Estar vinculado a alguém por meio de uma conexão car-
rega o sentido específico definido pela natureza dessa relação.
Assim, o contexto de uma amizade é bastante diferente do contexto da paixão. Por mais que
ambas sejam expressões e vivências de afeto, cada uma delas pressupõe um ser que é afetado
pelo outro e um ser que afeta o outro, os quais dirigem as expectativas, as atitudes, as emoções
e os sentimentos de maneira diversa. Os limites que as pessoas precisam observar e reconhe-
cer, e em relação aos quais devem se posicionar, derivam do que se dá em cada relação.
Jacob Lund/Alamy/Fotoarena
Cada tipo de relacionamento estabelece limites específicos. Dessa forma, condutas que são permitidas
em uma situação de amizade não são possíveis em um compromisso amoroso, pois a cumplicidade
compartilhada entre amigos difere daquela que une os amantes. Foto de 2017.
Então, como definir a fronteira dos territórios se só é possível vê-los quando estamos
neles ou quando podemos nos posicionar em relação a eles? Essa questão põe em causa
vários aspectos da territorialidade social, desde os mais imediatos e cotidianos, que se
relacionam com as vivências, até aqueles que se referem a relações sociais mais amplas,
as quais podem se expressar em leis e regras bem definidas em códigos de conduta.
De certa maneira, discernir bem as fronteiras depende não somente dos graus de informa-
ção que as pessoas têm, mas da formação que elas alcançaram. Viver de forma adequada em
cada situação exige dos indivíduos um esforço de aprendizagem continuado. Espera-se das
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
pessoas a atenção e o reconhecimento crescente de elementos que se relacionam de maneira
DA EDITORA
muito DO e,BRASIL
complexa por vezes, igualmente, contraditória.
Essas relações que definem marcações de limitações e de proximidades apresentam em
geral características que remetem a várias dimensões da vida social dos indivíduos. Nesse sen-
tido, um mesmo espaço social
Pixelfit/iStockphoto.com
de relacionamentos é atra-
vessado por componentes
que são de caráter moral e
ético, que têm a ver com valo-
res compartilhados e escolhi-
dos, bem como de teor
estético, com a forma como
os indivíduos sentem o
mundo.
específicos.
1. Tendo em mente os conhecimentos que você construiu ao longo do estudo das páginas
anteriores e também considerando seus conhecimentos e suas experiências de vida,
você possivelmente já sabe que as ações humanas, de maneira geral, ocorrem sempre
em espaços delimitados e com regras de funcionamento e de conduta. Essas regras de
funcionamento e de conduta são estabelecidas socialmente.
Que tal refletir sobre esse tema? Para isso, elabore no caderno uma lista com os espaços
em que você estabelece suas relações sociais. Na lista, você deve anotar o nome dos
espaços e também registrar os seguintes pontos:
a) as regras de funcionamento e de conduta existentes em cada um desses espaços;
b) os lugares que você ocupa neles.
2. Apresente a lista ao professor e aos colegas. Depois, organize, com o restante da turma,
uma discussão em sala de aula, seguindo as sugestões abaixo:
a) Formem uma roda para que as listas de todos os colegas sejam apresentadas aos
demais, coletivamente.
b) Em seguida, sob orientação do professor, converse e discuta com os colegas sobre
os espaços citados nas listas de todos.
c) Na discussão, considerem as seguintes questões:
•• A que resultados vocês chegaram?
•• Há espaços em comum, citados tanto por você como pelos colegas?
•• Vocês consideram que as regras de funcionamento e de conduta dos espaços lis-
tados em comum parecem ser semelhantes a todos?
•• Com base nas reflexões da turma nesta atividade e na atividade anterior, procurem
responder: O que se pode concluir acerca das relações sociais?
3. Leia o texto e faça o que se pede:
A superexposição nas redes sociais pode ser um hábito perigoso, de acordo com especia-
listas em segurança da informação. As redes sociais ocupam cada vez mais espaço na vida
dos brasileiros, mas é necessário usar com cautela essas ferramentas por questões de segu-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
rança e privacidade. Os apresentadores do programa Tarde Nacional conversaram com Ro-
drigo Nejm, diretor de Educação da Safernet Brasil, ONG que atua na promoção e defesa dos
DA EDITORA DO BRASIL
direitos humanos na Internet no Brasil. A instituição orienta crianças, adolescentes, pais e
educadores sobre uso responsável e seguro da Internet. Criou e coordena a Central Nacional
de Denúncias de Crimes Cibernéticos e o Helpline.br, canal de ajuda online que orienta víti-
mas de violações de direitos na rede. Mais informações no site http://www.safernet.org.br
(acesso em: 31 ago. 2020).
Rodrigo explicou sobre os riscos aos quais podemos estar submetidos ao expor informações
pessoais na internet. “Muitas pessoas se comportam nas redes sociais como se estivessem em
um bar em um pequeno grupo de amigos, mas, uma vez que isso vai para uma rede social, vo-
cê tira aquilo de um contexto íntimo e aquilo vai para um contexto público”, explica.
ESPECIALISTA alerta sobre cuidados com superexposição em redes sociais. Portal EBC. Disponível em:
https://radios.ebc.com.br/tarde-nacional/2019/07/especialista-alerta-sobre-cuidados-com
-superexposicao-em-redes-sociais. Acesso em: 31 ago. 2020.
Jean-Baptiste Debret. Uma tarde na Praça do Palácio, 1826. Aquarela sobre papel, 15,5 cm × 21,4 cm. As obras
de Debret, artista que participou da Missão Francesa (1816-1826), são alguns dos mais importantes documentos
históricos sobre as paisagens rurais e urbanas, as gentes e os costumes no Brasil do século XIX.
Victor Meirelles. Batalha dos Guararapes, 1875. Óleo sobre tela, 500 cm × 925 cm.
va-se que seria uma guerra fácil e curta, o que não aconteceu.
Apesar de o Brasil ter vencido o conflito, as despesas e a
grande violência empregadas no combate desgastaram a
imagem do imperador e da monarquia diante da opinião
pública interna e externa.
Após a guerra, setores militares ganharam projeção
nacional e seus interesses entraram em confronto com
medidas tomadas pelo imperador. Além disso, os confli-
tos com a Igreja e as questões envolvendo a abolição da
escravatura contribuíram para erodir a base de apoio de
D. Pedro II e da monarquia.
Enfraquecido, o Segundo Reinado não resistiu à investida
Mulheres no mercado, fotografia de Marc Ferrez. militar que, em 1889, articulou um golpe junto às elites
Rio de Janeiro, RJ, c. 1875.
pela implementação da República no Brasil.
1. Com a ajuda de um mapa político do Brasil, identifique a localização geográfica de cada um dos “Brasis” apon-
tados por Darcy Ribeiro. Em qual deles está a região em que você vive?
2. Faça uma pesquisa sobre as principais características culturais de sua região de acordo com Darcy Ribeiro e
responda: Você reconhece essas características em seu local de vivência? Explique.
3. A análise das variantes da cultura brasileira foi elaborada por Darcy Ribeiro em 1995, como fruto de seus es-
tudos históricos, sociológicos e antropológicos sobre a formação do Brasil. Com base nos seus conhecimentos
sobre a cultura e a sociedade brasileira de hoje, que “variante” você adicionaria a essa lista? Por quê?
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Apresentação de
dança típica
gaúcha em Santa
Maria, RS, 2018.
Sergio Ranalli/Pulsar Imagens
Tarsila do Amaral.
Operários, 1933.
Óleo sobre tela,
150 cm × 230 cm.
Esta é uma das obras
mais famosas da
artista, que passou a
integrar o
Modernismo após a
Semana de 1922.
Philips Records
Claudemiro/Acervo UH/Folhapress
1 2
1. A obra a seguir, intitulada A Pátria, faz parte se tornou diretor em 1935. Um de seus projetos
do acervo do Museu da República. Observe-a foi batizado de Missão de Pesquisas Folclóricas,
atentamente e responda ao que se pede. expedição de pesquisadores que explorou tra-
dições das regiões Norte e Nordeste do Brasil
Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri © Succession Pablo Picasso/
AUTVIS, Brasil, 2020
Pablo Picasso (1881-1973). Guernica, 1937. Óleo sobre tela, 3,49 m × 7,77 m faz referência ao bombardeio da
cidade de mesmo nome pela força aérea nazista, que lutou a favor do regime franquista na Guerra Civil Espanhola
(1936-1939). Transitando da modernidade para a pós-modernidade, a obra ressalta a angústia e o sofrimento
daquele momento histórico.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
[...] Na maior parte do Terceiro Mundo, onde ainda não se dera a transição
DA EDITORA DO BRASIL
demográfica de altas para baixas taxas de natalidade, era provável que alguma
coisa entre dois quintos e metade dos habitantes, em algum momento da
segunda metade do século, tivessem menos de catorze anos. Por mais fortes
que fossem os laços de família, [...] não podia deixar de haver um vasto abismo
entre a compreensão da vida deles, suas experiências e expectativas, e as das
gerações mais velhas. [...]
A cultura jovem tornou-se a matriz da revolução cultural do sentido mais
amplo de uma revolução nos modos e costumes, nos meios de gozar o lazer e
nas artes comerciais, que formavam cada vez mais a atmosfera respirada por
homens e mulheres urbanos. Duas de suas características são portanto rele-
vantes. Foi ao mesmo tempo informal e antinômica, sobretudo em questões
Antinômico: em que há
de conduta pessoal. Todo mundo tinha de “estar na sua”, com o mínimo de antinomia; oposto, contraditório.
questão externa, embora na prática a pressão dos pares e a moda impusessem
tanta uniformidade quanto antes, pelo menos dentro dos grupos de pares e
subculturas.
HOBSBAWM, Eric. J. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. p. 323.
Van Campos/Fotoarena
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Racionais MC’s, grupo brasileiro que usa a música como forma de contestação social
direto da periferia. Foto de um show do grupo realizado em São Paulo, SP, 2019.
Movimentos sociais
Um movimento social é, sobretudo, um exercício de cidadania. Os membros de um movi-
mento organizado visam lutar por direitos que lhes são negados, buscando ocupar espaços
de onde são excluídos. Como explica o sociólogo Alain Touraine (1925-), são grupos mobili-
zados pelo controle das transformações sociais, como o fim da desigualdade social e a amplia-
ção do direito ao voto, assim como por pautas identitárias, como o fim do racismo e da
homofobia. De acordo com o autor, esses movimentos costumam assumir três características
conjuntas – atuam contra alguma opressão, em favor de algum grupo ou de alguma causa.
Os movimentos sociais transformam-se de acordo com os componentes culturais, sociais e
políticos de seu tempo. Por exemplo, na Revolução Industrial, no século XVIII, na Inglaterra, o
ludismo foi a primeira manifestação de operários contra a exploração do trabalho. Seus pro-
testos foram marcados pela quebra de máquinas, pois seus membros acreditavam que elas
eram as responsáveis pela degradação do trabalhador e pelos índices de desemprego.
Bettmann/Getty Images
1. Qual é o seu estilo musical preferido? Ele também influencia sua identidade, sua forma
de se vestir e de se comportar? Junte-se a colegas que tenham o mesmo gosto que o
seu e, juntos, apresentem para a turma as características do estilo musical de que vocês
mais gostam e como ele influencia a identidade dos jovens que seguem esse estilo.
2. Faça uma pesquisa sobre um movimento social com o qual você se identifica e apresente
o resultado aos colegas. Procure responder às seguintes perguntas:
•• Quais são as reivindicações do movimento?
•• Quais são os grupos sociais envolvidos?
•• Quais são as estratégias adotadas por esse movimento para alcançar seus objetivos?
•• Esse movimento pode ser considerado identitário ou de classe social?
•• Como os meios de comunicação retratam esse movimento?
3. Muitos exemplares de artes plásticas produzidos no século XXI destacam questões de
identidade e raça, buscando ressignificar o olhar estereotipado sobre grupos historica-
mente excluídos. Observe as imagens da artista brasileira Rosana Paulino e responda
às questões no caderno.
Coleção particular. Fotografia: Rosana Paulino
A artista brasileira Rosana Paulino mistura questões de raça e de gênero para denunciar
a opressão das mulheres negras.
MATERIAL
a) Analise as obras DE DIVULGAÇÃO
de Rosana Paulino. O que você acha que a artista quis expressar com
esses dois rostos de mulheres negras? Em sua opinião, qual significado a artista quis
DA EDITORA DO BRASIL
dar ao desfigurar as imagens das mulheres negras nas fotografias, vedando os olhos
de uma e a boca de outra com uma linha de costura? Justifique suas respostas.
b) Você conhece outro artista que retrate as questões raciais no Brasil? Faça uma pes-
quisa sobre ele e depois elabore um painel ou um cartaz apresentando sua trajetória
biográfica, suas principais obras e o impacto social de sua produção artística.
4. Com a ajuda do professor, organizem-se em grupos para a realização de um seminário.
Escolham uma manifestação cultural de interesse comum dos participantes e planejem
uma apresentação com base na seguinte questão: “O que essa manifestação cultural
diz sobre a sociedade na qual ela está inserida?”.
Pesquisem os seguintes aspectos relativos à manifestação cultural escolhida:
•• Contexto histórico de surgimento e de consolidação.
•• Características gerais.
•• Grupos sociais envolvidos (faixa etária, classe social, localização, gênero, raça etc.) –
Quem produz? Quem consome?
•• Legitimidade: como a sociedade, o Estado, o mercado e os meios de comunicação
reconhecem essa manifestação?
Territórios quilombolas
As populações quilombolas contemporâneas são comunidades remanescentes dos anti-
gos quilombos, formados ainda no período escravista. Os quilombos representaram uma
forma de resistência à escravidão, uma vez que eram locais para onde fugiam os escravizados
e os recém-libertos, ambos marginalizados pela sociedade. Também foram incorporados aos
quilombos outros grupos sociais com baixo poder aquisitivo, perseguidos e excluídos, que
buscavam novas formas de viver em liberdade sob uma gestão coletiva.
Dessa maneira, foram criadas inúmeras comunidades, geralmente distantes das cidades
e dos povoados, espalhadas por todo o território nacional. Era comum os quilombos serem
instalados em topos de morros e curvas de rios para facilitar a identificação da chegada de
invasores, quando em áreas distantes das cidades. No caso de quilombos em áreas urba-
nas, eles geralmente ficavam nos limites das cidades e próximo das principais estradas,
para facilitar a fuga no caso de invasões.
Os quilombolas construíam sociedades que remetiam ao modo de vida desenvolvido nas
áreas de origem, no continente africano, com posse da terra e produção comunitárias. Assim,
é possível afirmar que, as comunidades quilombolas herdaram tradições de cultivo e explo-
ração do solo, assim como técnicas de construção, artesanato e medicina, além da religião.
Atualmente, os quilombolas buscam conservar sua identidade e manter as comunidades
unidas.
Adriano Kirihara/Pulsar Imagens
Allmaps
50° O
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
399
RR 3 32
DA EDITORA DO BRASIL 0°
Equador AP
23
3 66 63 57 33 2
AM RN 29
PA CE
MA PB
AC
5 63 PE 2
94
PI
2 5
33 SE
AL 1
17
RO 75 TO BA 4
30
Terras MT DF
quilombolas 35 20
249 314
1
1 767
comunidade quilombola de Inhanhum, 3
18 ES
MG
de Santa Maria da Boa Vista, PE, 2019. MS
50 20
6
Trópico de Capricórnio
RJ 3
N
Terras 38 1 SP 26
quilombolas
tituladas PR
O L
SC
181 1
19
4 103 S
OCEANO
RS 0 245 490 km
ATLÂNTICO
1 : 24 500 000
Fonte: Comissão Pró-Índio de São Paulo. Disponível em: http://cpisp.org.br/. Acesso em: 14 jul. 2020.
Casa em comunidade caiçara na Ilha do Pinheirinho, no Parque Nacional de Superagui, em Guaraqueçaba, PR.
Foto de 2019.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Zig Koch/Tyba
DA EDITORA DO BRASIL
Imagens da campanha da Coalizão Negra por Direitos a favor dos direitos das comunidades quilombolas que vivem
em Alcântara, MA.
Governo prevê expulsar quilombolas de terra onde vivem há 200 anos no MA.
O visual tranquilo da praia de Mamuna, no município onde vive a maior população quilombola do país, tem
um vizinho incômodo. Do alto das dunas e de frente para o mar é possível ver, do lado direito, a cobiçada plata-
forma do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.
[...]
ARAÚJO, Wilson. Governo prevê expulsar quilombolas de terra onde vivem há 200 anos no MA. UOL, 4 abr. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/
ultimas-noticias/2020/04/04/em-alcantara-ma-quilombolas-ameacados-de-expulsao-querem-ficar-em-casa.htm. Acesso em: 2 set. 2020.
1. Descreva as atuais condições de vida da população negra no Brasil, levando em consideração seu papel no
âmbito político, econômico e social. Em seguida, avalie a pertinência da criação da Coalizão Negra por Direitos,
tendo como referência seu contexto histórico.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
2. Consulte a página: https://coalizaonegrapordireitos.org.br/sobre/(acesso em: 21 jul. 2020) e observe a
DA EDITORA DO BRASIL
lista com as 150 organizações, entidades, grupos e coletivos que compõem a Coalizão. Escolha uma des-
sas instituições e registre o histórico de sua criação, seus objetivos e seus principais mecanismos de atua-
ção. Depois, coletivamente, comparem as informações apresentadas e discutam a importância do movi-
mento negro no Brasil atual.
3. Como demonstra a campanha “Alcântara é Quilombola”, há disputas pelo uso e pela apropriação do
território quilombola por distintos agentes, sendo que muitas vezes aqueles que expulsam os povos e
as comunidades tradicionais utilizam a justificativa da necessidade de modernizar essas regiões – afi-
nal, uma base de lançamento de foguetes espaciais é considerada um símbolo de modernidade e de
inovação tecnológica. Reflita e elabore um texto crítico sobre a relação entre o moderno e o tradicional,
comentando se esses aspectos são de fato contrapostos e irreconciliáveis. Dê exemplos que fundamen-
tem sua argumentação.
4. Ao longo do processo, alguns dos direitos das comunidades quilombolas, ainda que assegurados por lei,
não têm sido respeitados, como a consulta prévia. Em grupo, debata com os colegas e proponha estraté-
gias de intervenção política por parte dos movimentos sociais que poderiam reverter esse quadro. Em de-
bate organizado pelo professor, exponha as propostas elaboradas pelo grupo.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
DA EDITORA DO BRASIL
Apanhadores de sempre-vivas: sustentabilidade e cultura
As flores sempre-vivas ocorrem na região sul da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, que
abrange diversas localidades do estado. É nessa região que os apanhadores dessas flores
vivem, formando dezenas de comunidades rurais. As flores têm esse
Luciano Queiroz/Pulsar Imagens
Background Studio/Shutterstock.com
porções do espaço com melhor localização geográfica, que
propiciam adequadas condições para a construção de mora-
dias e têm boa infraestrutura de serviços sociais básicos –
como abastecimento de energia elétrica, saneamento básico,
asfaltamento, segurança pública, espaços de lazer etc.
De outro, as classes sociais mais pobres ocupam as áreas mais
afastadas dos centros econômicos, com mínimas ou quase ine-
xistentes condições para a construção de moradias – encostas
de morros, várzeas de rios, lixões abandonados etc. – e com inci-
piente infraestrutura rural ou urbana. Dessa maneira, essa parcela
da população está suscetível a sofrer perdas materiais e huma-
Prédios de alto padrão na orla da praia de Iracema,
em Fortaleza, CE. Foto de 2018. nas decorrentes de deslizamentos de encostas, enchentes e
poluição do solo e da água pelo despejo inadequado de lixo
doméstico e de resíduos sanitários. Sofre também com a falta de escolas e hospitais, entre outros
serviços públicos essenciais a todos os cidadãos.
A segregação socioespacial é um mecanismo que mantém as históricas desigualdades
entre as classes sociais e entre grupos étnicos envolvidos em relações de dominação e subor-
dinação. Assim, os locais com piores condições de vida são justamente aqueles onde reside
a população pobre, formada majoritariamente por negros e pardos, conforme retratam os
mapas do município de São Paulo a seguir.
Mapas: Allmaps
Perus Perus
Pirituba MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Freguesia
Jaçanã
Ermelino
Matarazzo
São
Miguel Freguesia
Jaçanã
Ermelino
Matarazzo
São Miguel
Paulista
do Ó
DA EDITORA DO BRASIL
Casa
Verde
Santana
Vila Itaim
Pirituba do Ó
Casa
Verde
Santana
Vila Itaim
Maria Paulista Maria Paulista
Lapa Penha Lapa Penha
Guaianases N Guaianases
Sé Mooca Sé Mooca
Aricanduva Pinheiros Aricanduva Itaquera
Pinheiros
Butantã Itaquera Cidade Butantã Cidade
Vila Vila Tiradentes O L Vila Vila
Mariana Prudente São Mariana Prudente São Tiradentes
Ipiranga Mateus Ipiranga
Mateus
Santo S Santo
Campo Amaro Jabaquara Sapopemba Campo Amaro Jabaquara Sapopemba
Limpo 0 4,7 9,4 km Limpo
Renda média dos domicílios
Cidade Cidade
M’Boi Ademar 1 : 470 000 M’Boi por subprefeitura
Ademar
Mirim Mirim Acima de R$ 5.400
Parelheiros 57,1% Pirituba 37,7% R$ 3.400 a 5.400
M’Boi Mirim 56% Casa Verde 36,7% Capela do R$ 1.900 a 3.400
Capela do Cidade Tiradentes 55,4% Jabaquara 34,2% Socorro
Socorro Guaianazes 54,6% Vila Maria 33,1%
Itaim Paulista 54% Butantã 31,1%
Cidade Ademar 52 % Penha 31,1%
Capela do Socorro 51% Ipiranga 27,8% N
São Miguel Paulista 50,6% Vila Prudente 22,2%
Perus 49,9% Aricanduva 21,6%
Campo Limpo 49,1% Sé 20,6% O L
Parelheiros São Mateus 45,6% Santana 18,9% Parelheiros
Itaquera 44% Mooca 16,4%
Freguesia do Ó 43,6% Lapa 15,4% S
Sapopemba 42,1% Santo Amaro 14,7%
Ermelino Matarazzo 39% Vila Mariana 7,9% 0 4,7 9,4 km
Jaçanã 38,6% Pinheiros 7,3%
1 : 470 000
Fonte dos mapas: PREFEITURA de São Paulo. Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Igualdade Racial em São Paulo: avanços e desafios. Disponível em:
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/igualdade_racial/arquivos/Relatorio_Final_Virtual.pdf. Acesso em: 7 set. 2020.
1. Escolha um povo ou uma comunidade tradicional dos que foram citados ao longo das
últimas páginas e elabore uma lista com as principais ameaças que podem colocar em
risco sua existência e manutenção. Faça uma pesquisa sobre as principais atividades
econômicas que predominam atualmente na região onde se localiza o território desse
povo ou dessa comunidade tradicional, a fim de identificar os fatores de risco presentes
nesse território. Alguns tópicos podem balizar o trabalho de pesquisa:
•• Comunidade selecionada.
•• Locais ao redor dessa comunidade.
•• Forma de apropriação do território pela comunidade.
•• Dispositivos legais que garantem segurança a essas comunidades.
•• Interesses antagônicos presentes nas áreas de ocupação dessa comunidade.
•• Riscos sociais e econômicos que essa comunidade está sujeita.
•• Outros dados e informações pertinentes.
Após o levantamento das informações, elabore um relatório evidenciando as principais ca-
racterísticas pontuadas, dando destaque às possíveis ameaças. Conforme orientação do(a)
professor(a) leve o material para apresentar aos colegas e debater as questões levantadas.
2. Leia o trecho a seguir.
É possível agrupar, e apenas para fins de análise, a territorialidade em três vertentes: polí-
tica, cultural e econômica; entretanto, na realidade ou na dinâmica territorial, várias das suas
dimensões estão entrelaçadas.
CALVENTEL, Maria del Carmen Matilde Huertas. Comunidades tradicionais, identidade territorial e memória: a tessitura
do passado comum. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/view/24648/23063.
Acesso em: 5 set. 2020.
[...] O dever de consulta prévia é a obrigação do Estado (tanto do Poder Executivo, como do
Poder Legislativo) de perguntar, adequada e respeitosamente, aos povos indígenas sua opi-
nião sobre decisões capazes de afetar suas vidas. [...] Trata-se de um mecanismo para garan-
tir que os povos indígenas tenham acesso a informações que lhes permitam influenciar nas
tomadas de decisões pelo Estado. Nos casos de decisões com impacto direto significativo
sobre as vidas e territórios dos povos indígenas a consulta visa obter o consentimento dos
povos indígenas afetados.
INSTITUTO Socioambiental. O dever de consulta prévia do Estado brasileiro aos povos indígenas. Disponível em:
https://pib.socioambiental.org/files/file/PIB_institucional/Dever_da_Consulta_Previa_aos_Povos_Indigenas.pdf.
Acesso em: 27 ago. 2020.
•• Nesse contexto, como é possível garantir a proteção e a não violação das terras e direitos
indígenas, ameaçados principalmente pelos interesses que se contrapõem a esses povos
no campo e na cidade? Reúna-se em grupo e juntos debatam a questão.
Objetivos
•• Refletir sobre limites e significados do bairro.
•• Definir estratégias e elaborar ferramentas para pesquisa participante.
•• Elaborar mapas e gráficos para expressar os dados obtidos na pesquisa.
Materiais
•• Computador com acesso à internet
•• Impressora (opcional)
•• Material para registro
Desenvolvimento
A pesquisa será realizada em grupos, que devem ser estabelecidos com base nos locais
de moradia de vocês, preferencialmente agrupando colegas que residam próximos uns dos
outros. Caso algum grupo precise ser formado por estudantes que morem distantes entre
si, a pesquisa pode ser realizada sobre um dos bairros de moradia ou, ainda, sobre o bair-
ro onde está localizada a escola.
Conclusão
Vocês deverão incluir os elementos de imagem do produto final do grupo em uma apre-
sentação de slides em sala de aula, que será acompanhada de uma breve exposição da
pesquisa sobre cada bairro e de um debate a respeito.
Site
UNIDADE 3 – O ENFRAQUECIMENTO Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo.
DOS ESTADOS E DAS FRONTEIRAS Disponível em: https://nev.prp.usp.br/. Acesso em: 19 ago. 2020.
O Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP) desenvolve
Filmes pesquisas sobre temas relacionados à violência, democracia, de
Adeus, Lênin, direção de Wolfgang Becker. Alemanha, 2002 sigualdades sociais e direitos humanos.
(118 min).
ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018. (Coleção Feminismos
Plurais).
Obra que apresenta uma linguagem acessível e direta na discussão a respeito do racismo estrutural no Brasil.
BLANCHETTE, Thaddeus Gregory. Entre acomodação e extermínio: raízes da “Questão indígena” nos
Estados Unidos. 35o Encontro Anual da Anpocs. Disponível em: https://anpocs.com/index.php/papers
-35-encontro/gt-29/gt12-23/968-entre-acomodacao-e-exterminio-as-raizes-da-questao-indigena
-nos-estados-unidos/file. Acesso em: 25 jul. 2020.
Artigo analisa a questão do processo de colonização na América do Norte sob perspectivas políticas e culturais
e analisa o não desaparecimento dos povos indígenas enquanto raça apesar da derrota das unidades políticas
nativas no fim do século XIX.
CALVENTEL, Maria del Carmen Matilde Huertas. Comunidades tradicionais, identidade territorial e
memória: a tessitura do passado comum. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/
geouerj/article/view/24648/23063. Acesso em: 5 set. 2020.
O artigo apresenta uma reflexão sobre a memória coletiva para a compreensão do conceito de identidade territorial
por meio de um estudo de caso em Ilhabela, São Paulo.
DELEUZE, Gilles. Conversações 1972-1990. São Paulo: Editora 34, 1992.
O livro apresenta uma coletânea de entrevistas realizadas por Gilles Deleuze entre os anos de 1972-1990. Os
temas abordados vão desde questões sobre política até literatura e televisão.
ERVATTI, Leila Regina; BORGES, Gabriel Mendes; JARDIM, Antonio de Ponte (org.). Mudança demográ-
fica no Brasil no início do século XXI: subsídios para as projeções da população. Rio de Janeiro: IBGE,
2015. p. 139. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv93322.pdf. Acesso em:
24 jun. 2020.
A obra apresenta uma análise a respeito das mudanças demográficas da população brasileira que serviram de
base para a elaboração das Projeções da População do Brasil e das Unidades da Federação, de 2013.
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008.
A obra escrita por Anne Frank, durante a Segunda Guerra Mundial, narra o cotidiano da autora, na época, escon
dida dos nazistas que perseguiam os judeus e os levavam para campos de concentração.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Atlas histórico do Brasil. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: https://
DA EDITORA DO BRASIL
atlas.fgv.br/marcos/bandeiras-e-bandeirantes/mapas/bandeiras-e-entradas. Acesso em: 29 jun. 2020.
Atlas histórico a respeito do Brasil, organizado de forma cronológica apresenta também textos e documentos
relacionados aos períodos indicados.
HART-DAVIS, Adam. History: the definitive visual guide. Londres: Dk, 2007.
Guia visual sobre a história da Humanidade, com ilustrações, textos, infográficos entre outros recursos.
HILGEMANN, Werner; KINDER, Hermann. The Penguin Atlas of World History. Londres: Penguin, 2003. v. 1.
Mapas detalhados e textos apresentando os principais eventos ocorridos desde o início da história da Humani
dade até a Revolução Francesa.
HOBSBAWM, Eric. J. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Obra que apresenta uma análise a respeito dos eventos políticos, econômicos e sociais ocorridos durante o
século XX, entre o início da Primeira Guerra Mundial em 1914 até o fim da União Soviética, em 1991.
IBGE. Mudança demográfica no Brasil no início do século XXI: subsídios para as projeções da população.
Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
O texto apresenta a divulgação da pesquisa a respeito das Mudanças Demográficas no Brasil, seguindo o Método
das Componentes Demográficas a partir de oito artigos elaborados por técnicos e pesquisadores do Instituto.
IBGE. Atlas Escolar IBGE, 2018. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_
mundo/mundo_blocos_economicos.pdf. Acesso em: 20 jul. 2020.
Atlas escolar com ilustrações e mapas a respeito do Brasil e do Mundo.
Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 157
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Pensadores).
Escrita em 1513 na forma de conselho aos soberanos a obra apresenta uma análise a respeito da questão da
liderança política e as melhores formas de exercer dominação.
MARQUES, Adhemar Martins. História Contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 1997.
Obra que apresenta por meio de textos e documentos o período que aborda desde as revoluções burguesas até
a Segunda Guerra mundial, com destaque para temas como a Revolução Industrial, movimento operário, entre
outros.
NAÇÕES UNIDAS. Declaração sobre Medidas para Eliminar o Terrorismo Internacional (Resolução 49/60
da Assembleia Geral, par. 3). Disponível em: https://nacoesunidas.org/acao/terrorismo. Acesso em:
17 jun. 2020.
O texto apresenta uma reflexão a respeito da adoção pela ONU, em 1994, da Declaração de Medidas para Eli
minar o Terrorismo Internacional. Destaca-se o esforço da instituição em advertir os países em relação à pos
síveis ações tanto em âmbito nacional como internacional para eliminar ou evitar o terrorismo.
NAÇÕES UNIDAS. Carta das Nações Unidas. Disponível em: https://nacoesunidas.org/carta. Acesso em:
17 ago. 2020.
O texto disponível no site apresenta a Carta da ONU, o tratado que estabeleceu as Nações Unidas e um histórico
sobre o processo da sua elaboração.
PARADA, Maurício. Formação do mundo contemporâneo: o século estilhaçado. Rio de Janeiro: Vozes/
Editora da PUC-Rio, 2014. (Série História Geral).
Obra que apresenta uma reflexão a respeito do século XX buscando a partir de fragmentos relacionados com a
política, arte e economia compreender a experiência vivida ao longo desse período. Considerado o “breve
século XX”, o livro analisa esse processo de longevidade que marca o período.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática,
1993. p 143.
Na obra, o autor trata de conceitos espaciais, sobretudo posição, e também discorre sobre fronteiras, população,
circulação, centro e periferia, entre outros temas.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,
2000.
Considerado um dos mais importantes antropólogos brasileiros, Darcy Ribeiro apresenta nessa obra uma tenta
tiva de compreender quem e o que são os brasileiros e a importância do país marcado pela desigualdade social.
SAQUET, Marcos Aurelio; SPOSITO, Eliseu Savério (org.). Territórios e territorialidades: teorias,
processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular: Unesp Programa de Pós-Graduação em Geo-
grafia, 2008. p. 86.
Coletânea de artigos de diversos autores sobre os conceitos de territórios e territorialidades.
TILLY, Charles. Coerção, capital e estados. São Paulo: Edusp, 1996.
Obra que apresenta uma análise a respeito das origens dos Estados modernos com base na reflexão sobre os
processos históricos dessa instituição e as relações com os Estados contemporâneos, com destaque para o
colonialismo e as influências pós-coloniais.
VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011.
Atlas que reúne representações cartográficas que auxiliam no entendimento de diferentes momentos da His
tória brasileira e mundial.
ZIZEK, Slavoj. Bem-vindo ao deserto do real! São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. (Coleção Estado
de Sítio).
Com cinco ensaios, a obra escrita por Zizek propõe uma reflexão a respeito dos acontecimentos de 11 de
setembro nos EUA e suas diversas consequências, refletindo sobre as questões políticas apresentadas no
mundo contemporâneo.
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Links consultados:
ARAÚJO, Wilson. Governo prevê expulsar quilombolas de terra onde vivem há 200 anos no MA. UOL, 4
abr. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/04/04/em-alcantara-ma
-quilombolas-ameacados-de-expulsao-querem-ficar-em-casa.htm. Acesso em: 2 set. 2020.
Reportagem sobre ação do governo federal que resultaria na remoção de quilombolas de suas terras.
BARTABURU, Xavier; MENDES, Ana; MOTOKI, Carolina. Quebradeiras de coco-babaçu. Repórter Brasil, São
Paulo, 27 jan. 2018. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/comunidadestradicionais/quebradeiras
-de-coco-babacu. Acesso em: 21 maio 2020.
Reportagem que apresenta as comunidades tradicionais de quebradeiras de coco, com destaque para suas
tradições, fontes de renda e dificuldades na realização do trabalho.
BRASILINO, Carlos Estênio. Saiba tudo sobre a nova composição da Câmara e do Senado Federal.
Metrópolis, Brasília, 1o fev. 2019. Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/
saiba-tudo-sobre-a-nova-composicao-da-camara-e-do-senado-federal. Acesso em: 14 jul. 2010.
Reportagem sobre a composição da Câmara e do Senado Federal brasileiro em 2019.
DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA. Por que os Estados Unidos estão preocupados com a tecnologia
5G? Share America, 2 out. 2019. Disponível em: https://share.america.gov/pt-br/por-que-os-estados
-unidos-estao-preocupados-com-a-tecnologia-5g. Acesso em: 17 jun. 2020.
Reportagem sobre a infraestrutura da rede 5G, suas vantagens, usos e dificuldades.
Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 159
DONNAN, Shaw; LEATHERBY, Lauren. Globalization Isn’t Dying, It’s Just Evolving. Bloomberg, 23 jul.
2019. Disponível em: https://www.bloomberg.com/graphics/2019-globalization. Acesso em: 17 jun.
2020.
Reportagem a respeito da globalização e da evolução ao redor do mundo ao longo do tempo.
ONU encerra missão de paz na Eritreia e Etiópia. EFE, 30 jul. 2008. Disponível em: http://g1.globo.com/
N o t i c i a s / M u n d o / 0 , , M U L 7 0 6 1 2 7 - 5 6 0 2 , 0 0 - O N U + E N C E R R A + M I S S A O + D E + PA Z + N A
+ERITREIA+E+ETIOPIA.html. Acesso em: 21 maio 2020.
Reportagem a respeito do encerramento da missão de paz realizada pela ONU na região da Eritreia e Etiópia em
2008 após uma atuação de sete anos na fronteira entre os países.
SEMPLE, Kirk. Paralisação econômica interrompe fonte de renda importante para famílias imigrantes.
O Estado de S. Paulo, 26 abr. 2020. Disponível em: https://internacional.estadao.com.br/noticias/
geral,paralisacaoeconomica-interrompe-fonte-de-renda-importante-para-familias-imigrantes,
70003283521. Acesso em: 27 ago. 2020.
Reportagem realizada em abril de 2020 a respeito das dificuldades econômicas enfrentadas no período e a
consequente diminuição do dinheiro enviado por imigrantes mexicanos que trabalham nos EUA aos familiares
e parentes que residem no México.
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
Leandro Gomes
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professor e coordenador em cursinhos populares e assessor pedagógico
especialista.
Priscila Manfrinati
Mestra em Ciências, área de concentração Humanidades, Direitos e Outras
Legitimidades pela Universidade de São Paulo (USP).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professora de História em cursos pré-vestibulares.
DA EDITORA DO BRASIL
Sabina Maura Silva
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mestra e licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação
em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (Cefet-MG).
1a edição
São Paulo, 2020
Apresentação
Caro professor,
II
Sumário
III
INTRODUÇÃO
O Novo Ensino Médio, cujas alterações à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) foram
propostas pela Lei no 13.415/2017,1 prevê uma ampliação do tempo mínimo do estudante na escola e
uma reorganização curricular atrelada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O foco principal das
mudanças está na maior flexibilidade curricular, expressa pela possibilidade de construção de itinerá-
rios formativos baseados em áreas de conhecimento e pelo destaque à formação técnica e profissional
do estudante.
Um dos aspectos mais significativos no que se refere ao Novo Ensino Médio consiste nas grandes
frentes que essa proposta contempla: o desenvolvimento do protagonismo dos estudantes e de seu
projeto de vida, a valorização da aprendizagem e a garantia de direitos de aprendizagem comuns, com a
definição das competências indispensáveis que devem ser desenvolvidas e alcançadas por todos os jovens.
Essas competências são descritas em detalhes no documento da BNCC.2
É importante ressaltar que, desde a Constituição Federal de 1988, se tem dispensado bastante aten-
ção ao Ensino Médio. Assim, o direito ao acesso e à permanência na escola se alia a uma preocupação
com a promoção da formação humanística e para o trabalho.
A tarefa delegada ao Ensino Médio é ampla e complexa e precisa ser pensada em relação aos marcos
teóricos e procedimentos que possibilitem a consecução dos objetivos assumidos perante a sociedade.
Entendendo que a renovação estrutural era fundamental para a execução dessa tarefa, o Plano Nacional
de Educação,3 de 2014, propôs a flexibilização curricular e a abordagem interdisciplinar como bases desse
Novo Ensino Médio, que começou a se desenhar e se concretizou com a LDB de 2017 e as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio de 2018.4
Esta coleção foi concebida e construída para ajudá-lo a realizar, de forma consistente e segura, a pro-
posta do Novo Ensino Médio. Os livros são autocontidos. Isso significa que você pode usá-los da maneira
que preferir e de acordo com os interesses dos estudantes. A abordagem tem aspectos interdisciplinares,
o que agrega flexibilidade ao currículo e aos conteúdos, além de facilitar a construção dos conhecimentos
de modo mais significativo graças à integração dos componentes curriculares no contexto da área de
conhecimento de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Ao longo deste material, você encontra sugestões
e orientações para o desenvolvimento de seu trabalho junto aos estudantes, assim como discussões que
podem auxiliá-lo a refletir sobre suas práticas.
Este Manual do Professor está dividido em duas partes: uma de caráter geral, em que se sintetizam os
pressupostos metodológicos nos quais nosso material se baseia, e uma específica, na qual são oferecidas
orientações e sugestões de como abordar os temas propostos em todas as unidades, além de sugestões
de atividades complementares, a fim de proporcionar um aproveitamento mais efetivo do material didá-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tico e o enriquecimento de sua prática diária.
DA EDITORA DO BRASIL
AS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
NO ENSINO MÉDIO
A área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, composta da integração entre Filosofia, História,
Sociologia e Geografia, no Novo Ensino Médio segue a tônica das diretrizes gerais: flexibilidade curricular,
abordagem interdisciplinar e promoção do protagonismo juvenil.
A área pretende aprofundar e ampliar aprendizagens desenvolvidas no Ensino Fundamental e tem o
objetivo de capacitar os estudantes para que consigam estabelecer diálogos e relações entre saberes,
culturas, indivíduos e grupos sociais. Para isso, baseia-se nas maiores habilidades de observação e abs-
tração de estudantes desse segmento, assim como no mais amplo domínio de diferentes linguagens e de
processos de simbolização.
1 BRASIL. Presidência da República. Secretaria Geral. Lei no 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 16 ago. 2020.
2 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base.
Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. p. 9-10.
3 BRASIL. Plano Nacional de Educação. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543
-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 16 ago. 2020.
4 BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/
downloads/pdf/dcnem.pdf. Acesso em: 16 ago. 2020.
IV
Os estudantes precisam ter acesso a uma base de conhecimentos contextualizados com o intuito de
se tornarem capazes de realizar reflexões e análises críticas, de se posicionar, de propor intervenções
responsáveis, que sejam alicerçadas na ética e observem o respeito aos direitos humanos, assumindo
uma postura criativa, engajada e protagonista. Além disso, é fundamental que desenvolvam as habilida-
des de elaborar argumentos e apresentar propostas alternativas sempre que necessário. Assim, poderão
propor soluções de problemas intrínsecos à realidade, apoiados em conhecimentos científicos, com a
utilização contextualizada, criteriosa e crítica das tecnologias.
Para assegurar a conquista da formação integral dos estudantes, o Novo Ensino Médio e a BNCC pro-
põem a problematização de algumas categorias da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Tempo
e espaço; Territórios e Fronteiras; Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura e Ética; Política e Trabalho.
Essas categorias favorecem a compreensão de diferentes processos e conceitos associados à realidade
brasileira e mundial. A discussão dos processos, conceitos e conteúdos precisa considerar os compro-
missos éticos, sociais, econômicos e ambientais que a educação e a escola têm não apenas em relação
aos indivíduos, mas também à sociedade como um todo.
Nesse contexto, a presente coleção oferece possibilidades de ensino e aprendizagem em confor-
midade com esses pressupostos. Os livros e as unidades estão organizados com o propósito de
contemplar os grandes temas indicados pela BNCC por meio de uma perspectiva interdisciplinar e,
com base nas situações propostas, desencadear a pesquisa e a discussão de temas contemporâneos,
os quais incentivam e desafiam os estudantes a responder às situações de forma crítica e consistente.
As demandas pelo protagonismo juvenil são atendidas não apenas pelos conteúdos propostos, mas,
sobretudo, por atividades diversificadas, a fim de que todas as competências e habilidades almejadas
sejam desenvolvidas.
V
A BNCC
A BNCC tem como marco fundamental a defesa dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento de
todos os estudantes brasileiros ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. De caráter nor-
mativo, ela propõe um conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens consideradas essenciais para
que os objetivos que defende sejam atingidos. Orienta-se ainda por princípios éticos, políticos e estéticos
cuja finalidade é a formação integral do ser humano. Assim, busca promover a construção de uma socie-
dade justa, democrática e inclusiva.
Há um alinhamento entre as ações e políticas nos âmbitos federal, estadual e municipal, com o obje-
tivo de atingir a meta proposta pela BNCC, para superar a fragmentação das políticas educacionais e
melhorar a qualidade da educação em nosso país. Desse modo, o documento entende que deve haver
um patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes e apresenta-se, assim, como um instrumento
fundamental para o alcance desse objetivo.
Em sua estrutura básica, a BNCC define que a Educação Básica, ao longo de seu percurso, deve asse-
gurar o desenvolvimento de dez competências gerais. Entende-se por competência a capacidade de
mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para oferecer soluções a problemas da vida
cotidiana, exercer plenamente a cidadania e atuar no mundo do trabalho. Destaque-se aqui que o docu-
mento, ao pensar nas competências, se alinha à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)5,
ao compreender a educação como meio e ferramenta para a afirmação de valores e atitudes capazes de
contribuir para a transformação da sociedade, de tal sorte que ela seja mais humana, justa e comprome-
tida com a sustentabilidade. As dez competências gerais, propostas pela BNCC, que a Educação Básica
deve desenvolver para formar cidadãos plenos são:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital
para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade jus-
ta, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refle-
xão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de
práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e parti-
lhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
DA EDITORA DO BRASIL
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da ci-
dadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pon-
tos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental
e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado
de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana
e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, toman-
do decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base.
Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. p. 9-10.
5 ONU. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://nacoesunidas.
org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 16 ago. 2020.
VI
A BNCC também define competências específicas para as áreas de conhecimento, as quais são vincu-
ladas às competências gerais da Educação Básica, e habilidades que ampliam e sistematizam as apren-
dizagens a serem desenvolvidas ao longo do Ensino Médio. O objetivo aqui consiste em contemplar os
conteúdos conceituais de cada área, contextualizando-os social, cultural, ambiental e historicamente e
familiarizando os estudantes com os processos e as práticas de investigação e análise das Ciências
Humanas, assim como problematizar e tematizar categorias fundamentais da área (Tempo e Espaço;
Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura e Ética; Territórios e Fronteiras; e Política e Trabalho) para a for-
mação do estudante de Ensino Médio.6
Cada competência se relaciona a um conjunto de habilidades específicas. A competência mobiliza conhe-
cimentos e conceitos (o “saber”), e a habilidade indica as práticas (o “saber fazer”), sejam elas socioemocio-
nais ou cognitivas. Portanto, para atingir uma competência, é necessário que todas as suas habilidades
correlacionadas sejam desenvolvidas.
As competências específicas e as habilidades a serem desenvolvidas em Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas no Ensino Médio são explicitadas na sequência.
Competência específica 1
Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional,
nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos,
científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, con-
siderando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
(EM13CHS101)
Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com
vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS102)
Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais,
ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, coo-
perativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as
a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS103)
Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, eco-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e infor-
mações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos
DA EDITORA DO BRASIL
históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
(EM13CHS104)
Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores,
crenças e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas
no tempo e no espaço.
(EM13CHS105)
Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre
outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção,
material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
(EM13CHS106)
Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais, incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimen-
tos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p. 562.
VII
Competência específica 2
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreen-
são das relações de poder que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.
(EM13CHS201)
Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos conti-
nentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de
eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicio-
nar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
(EM13CHS202)
Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e
sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de
valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais,
econômicas e culturais.
(EM13CHS203)
Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferentes
sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/seden-
tarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras).
(EM13CHS204)
Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialidades
e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Esta-
dos Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos),
a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
(EM13CHS205)
Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, ambien-
tais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
(EM13CHS206)
Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de
localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem
para o raciocínio geográfico.
Competência
MATERIAL específica 3
DE DIVULGAÇÃO
Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza
DA EDITORA DO BRASIL
(produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à propo-
sição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional, nacional e global.
(EM13CHS301)
Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte de
resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioe-
conômicas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambien-
tal, o combate à poluição sistêmica e o consumo responsável.
(EM13CHS302)
Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à
exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de análise,
considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comu-
nidades tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
(EM13CHS303)
Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo,
seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas
pelo consumo e à adoção de hábitos sustentáveis.
VIII
(EM13CHS304)
Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de
empresas e de indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e promo-
vendo aquelas que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.
(EM13CHS305)
Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de regula-
ção, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas
ambientais sustentáveis.
(EM13CHS306)
Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos
recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a
adoção dos sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros).
Competência específica 4
Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas,
discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.
(EM13CHS401)
Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas
distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de tra-
balho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
(EM13CHS402)
Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e
tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
(EM13CHS403)
Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho
próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da
opressão e da violação dos Direitos Humanos.
(EM13CHS404)
Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos his-
tóricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em considera-
ção, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.
MATERIAL
Competência DE DIVULGAÇÃO
específica 5
DA EDITORA DO BRASIL
Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios
éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
(EM13CHS501)
Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando processos
que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia,
o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
(EM13CHS502)
Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e proble-
matizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que
promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503)
Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas
causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e
avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
(EM13CHS504)
Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, histó-
ricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos
valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.
IX
Competência específica 6
Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.
(EM13CHS601)
Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos indígenas
e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a
história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econô-
mica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.
(EM13CHS602)
Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política, na
sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionan-
do-os com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade,
do diálogo e da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual.
(EM13CHS603)
Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercí-
cio da cidadania, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de
governo, soberania etc.).
(EM13CHS604)
Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de uma
visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos
e negativos dessa atuação para as populações locais.
(EM13CHS605)
Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade
e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas socieda-
des contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos
em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
(EM13CHS606)
Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de docu-
mentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de
seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
DA EDITORA DO BRASIL
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a
base. Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. p. 570-579.
O trabalho com o desenvolvimento das habilidades viabiliza uma abordagem multidisciplinar entre as
áreas do conhecimento, bem como relaciona eventos sociais, históricos, filosóficos e geográficos a situa-
ções cotidianas do estudante, conferindo aplicação prática e reflexiva dos aprendizados mobilizados.
Por isso, o desenvolvimento das competências específicas e das habilidades das Ciências Humanas e
Sociais não se faz apenas pela exemplificação, mas também pelo enfrentamento de situações-problema
para as quais os estudantes sejam desafiados a encontrar soluções. Nesse sentido, merece destaque o
caráter investigativo dessa área de conhecimento.
Abordamos, até o momento, os pressupostos básicos da BNCC. A seguir, apresentamos a estrutura de
nossa coleção, construída para auxiliá-lo a atingir os objetivos propostos pela BNCC com atividades,
textos e práticas que destacam as competências e as habilidades que seu trabalho junto aos estudantes
pode desenvolver.
X
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA OBRA
Tendo em vista as discussões, as metodologias e os conteúdos propostos pela reestruturação do
Ensino Médio e a homologação da Base Nacional Comum Curricular, esta obra de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas tem o objetivo de assegurar a valorização de princípios éticos essenciais para o con-
vívio social republicano e a ação cidadã, mobilizando temas contemporâneos transversais que se
relacionem com o cotidiano e o projeto de vida do estudante, preparando-o para o mundo do trabalho
e para ser agente em uma sociedade tecnológica em constante transformação.
Para isso, a obra se organiza em seis livros. Cada um deles tem o objetivo de problematizar uma das
categorias das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas mencionadas pela BNCC e de trabalhar, sobretudo,
com uma das seis competências específicas da área e suas habilidades.
Prezando a autonomia dos professores e dos jovens em sala de aula, os livros não foram idealizados
em uma ordem de progressão específica, podendo ser trabalhados de forma independente e na ordem
que considerarem mais adequada à realidade escolar e aos interesses e às aspirações dos estudantes.
Organização geral
Cada livro da obra apresenta quatro unidades, tendo como fio condutor a problematização das cate-
gorias de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da BNCC. Desse modo, a coleção está assim organizada:
QUADRO DE CONTEÚDOS
XI
Unidade 1: Formação dos Objetivo Competências gerais
Estados e fronteiras Possibilitar a compreensão de como se dá o processo de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
formação dos Estados e fronteiras por meio da análise Competência específica e
de alguns exemplos em diferentes momentos históricos, habilidades
avaliando criticamente o papel que as principais nações 2: EM13CHS203; EM13CHS204;
exercem no cenário geopolítico. EM13CHS206
Justificativa
A proposta possibilita a compreensão de conceitos como
fronteiras e territórios por meio do trabalho com diversas
linguagens, como texto, fotografias, gráficos e obras de
arte, e amplia a capacidade do estudante de se colocar
criticamente no mundo.
XII
Unidade 4: Desafios e Objetivo Competências gerais
perspectivas para um Analisar o papel de diferentes atores sociais, como o 1, 2, 7, 9 e 10
futuro sustentável Estado, a sociedade civil e a iniciativa privada, na Competência específica e
preservação e conservação ambiental. habilidades
Justificativa 3: EM13CHS304; EM13CHS305
A proposta permite que o estudante desenvolva os
conhecimentos e os mecanismos para agir no
ambiente, tendo em vista a conservação e a
preservação dos recursos naturais para seu próprio
usufruto e o de gerações futuras.
XIII
Unidade 4: Brasil: Objetivo Competências gerais
contradições na promoção Analisar o conceito de justiça, sobretudo em relação à 1, 2, 4, 6, 7, 8, 9 e 10
da justiça realidade brasileira. Competência específica e habilidade
Justificativa 5: EM13CHS502
A proposta permite que situações do cotidiano sejam
analisadas de forma crítica, desnaturalizando
preconceitos e formas de desigualdade, valorizando-se a
diversidade de vivências na sociedade.
Unidade 1: Modos de Objetivo Competências gerais
governança republicanos Apropriar-se de conceitos políticos pertinentes à trajetória 1, 2, 6, 7 e 9
histórica e à realidade política brasileira, podendo usá-los Competência específica e
para qualificar a análise, a interpretação e a intervenção na habilidades
sociedade e nas instâncias políticas. 6: EM13CHS602; EM13CHS603;
Justificativa EM13CHS606
O entendimento de conceitos políticos e da trajetória da
República no Brasil visa preparar o estudante para
participar do debate público, identificar problemas
sociais e propor ações que promovam a democracia e os
direitos humanos
Unidade 2: Minorias Objetivo Competências gerais
sociais e demandas Avaliar a ação política de minorias sociais e 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
históricas comunidades tradicionais, considerando suas lutas, Competência específica e
reivindicações e demandas históricas. habilidades
Justificativa 6: EM13CHS601; EM13CHS605
O reconhecimento das raízes históricas, sociais,
ideológicas e econômicas da desigualdade no Brasil,
assim como o entendimento de como ela se manifesta
no tempo e espaço, é fundamental para a promoção de
ações que visem ao combate a esse problema.
Unidade 3: Em busca da Objetivo Competências gerais
cidadania Conhecer e compreender os princípios de justiça, 1, 2, 3, 6, 7, 8 e 9
igualdade e liberdade presentes na Declaração dos Competência específica e
Direitos Humanos, bem como da Constituição federal habilidades
brasileira, refletindo sobre a aplicação dessas 6: EM13CHS605; EM13CHS606
normativas na sociedade brasileira.
Justificativa
A proposta contribui para o desenvolvimento da
capacidade do estudante de responsabilização em nível
individual, comunitário, nacional e internacional.
Unidade 4: Caminhos Objetivo Competências gerais
e debates para pensar Apresentar alguns debates pertinentes à construção de 1, 2, 6, 7, 8, 9 e 10
o futuro alternativas para o presente e o futuro, de modo que o Competências específicas e
estudante se localize neles e possa orientar melhor a habilidades
sua ação social, política e cidadã. 1: EM13CHS101; EM13CHS104
Justificativa 6: EM13CHS604; EM13CHS605;
O debate sobre o conceito de cidadania contribui para a EM13CHS606
formação cidadã do estudante e seu protagonismo social.
MATERIAL
OrganizaçãoDE DIVULGAÇÃO
das unidades
DA Cada
EDITORA
livro é DO BRASILem quatro unidades que apresentam, problematizam e debatem o tema por
organizado
meio de uma perspectiva multidisciplinar e um conjunto de habilidades diferentes. Essa divisão considera
o desenvolvimento das discussões em uma sequência lógica e facilita o planejamento dos docentes.
Cada uma dessas unidades apresenta conteúdos de Filosofia, História, Sociologia e Geografia, assim
ordenados, proporcionando uma linha de raciocínio interdisciplinar sobre determinados assuntos. Dessa
maneira, os estudantes, em uma unidade, observam o mesmo tema por diferentes óticas disciplinares,
construindo noções complexas de aprendizado e de expressões da própria realidade. Portanto, cada
unidade é iniciada pela discussão de um conceito pela perspectiva filosófica; em seguida esse conceito
é historicizado e analisado pelas teorias sociológicas, para, por fim, ter seus aspectos territoriais e
geográficos debatidos.
Veja, nas próximas páginas, de que maneira essas unidades se estruturam.
Texto principal
Exposição descritiva e analítica dos assuntos da unidade sob o viés filosófico, histórico, sociológico ou
geográfico, com o objetivo de introduzir ao estudante a construção de conhecimento sobre o mundo cultu-
ral, físico e social e propor abordagens reflexivas sobre temas contemporâneos. Com entrada eventual, os
textos citados ajudam a enriquecer a abordagem e apresentam o ponto de vista de um estudioso do assunto,
familiarizando os estudantes às suas ideias e às características da escrita acadêmica.
A linguagem utilizada possibilita ampliar o vocabulário do estudante, sem deixar de ser acessível ou
interessante para a faixa etária. A apresentação dos conteúdos é também facilitada pelo emprego de
ilustrações, imagens, gráficos e mapas, recursos que favorecem a aprendizagem por se tratar de lin-
guagens variadas.
XIV
Boxe principal
Traz informações complementares ao conteúdo do texto principal. Também apresenta textos de
estudiosos e pesquisadores da área, problematizando a construção do conhecimento filosófico, histó-
rico, sociológico e geográfico. Pode ser acompanhado de três ou quatros questões que instigam a
reflexão do estudante, chamando-o para protagonizar seu processo de aprendizado.
Boxe lateral
Apresenta conceitos e definições importantes para o entendimento de contextos de aplicação do
conhecimento. Indicam informações que ajudam a tornar os livros autocontidos.
Glossário
Esclarece o significado de palavras e expressões. Contém a definição de termos e expressões impor-
tantes para uma compreensão mais efetiva do assunto.
Atividades
Apresenta propostas de atividades individuais ou coletivas e trabalha diferentes processos cognitivos;
resolução de problemas; análise, compreensão e produção de diferentes tipos de texto, verbais e ima-
géticos; pesquisas e debates.
São atividades que contemplam diversos contextos, como culturas juvenis, desenvolvimento científico,
sustentabilidade etc., além de enfatizar as tecnologias digitais, a comunicação e o trabalho em grupo.
Também auxiliam os estudantes na compreensão leitora, incentivando a proposição de hipóteses e os
desafiando a interpretar gráficos e tabelas e a elaborar argumentos e contra-argumentos.
A sequência didática sugerida para a unidade permite verificar não apenas a apreensão de conceitos
científicos como também atitudinais e procedimentais. Vale destacar o papel da investigação nas ati-
vidades propostas, visto que essa metodologia de ensino tem ganhado projeção no campo da didática
das ciências. Com a proposição de atividades de cunho investigativo, os estudantes são instados a
exercer protagonismo e autonomia e também entram em contato com procedimentos científicos e com
os aspectos relacionados à natureza das Ciências Humanas, tão relevante nos processos de ensino-
-aprendizagem contextualizadores e críticos.
Essa seção é o marcador da transição da abordagem de determinado componente para a outro,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
facilitando a localização dos professores de diferentes perfis do conteúdo a que lhe compete em cada
unidade. DA EDITORA DO BRASIL
Pensamento computacional
Atividade que propõe a solução de um problema por meio da estratégia do pensamento computa-
cional, como a criação de algoritmos, a decomposição de problemas e o reconhecimento de padrões.
Embora algumas dessas características também estejam presentes em outras atividades, elas são mais
destacadas aqui.
Conexões
Seção que integra o conhecimento específico das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas outras áreas
de conhecimento, principalmente Ciências da Natureza e suas Tecnologias, relacionando-as a um Tema
Contemporâneo Transversal. Os estudantes poderão recorrer a seus conhecimentos em áreas distintas
e aplicá-los na resolução de questões teóricas ou práticas, podendo desenvolver assim o raciocínio não
compartimentado e promover o pensamento complexo.
Mídia
Com base em textos que circulam na mídia, a seção trabalha a análise crítica e propositiva da
produção, circulação e recepção desses textos, com foco na leitura inferencial e multimodal, desta-
cando processos de análise e interpretação textual, tratamento da informação e identificação de
fragilidades argumentativas.
XV
A compreensão crítica da realidade que nos é transmitida pelos meios de comunicação e também
pelas redes sociais evita a disseminação de notícias falsas, que podem acarretar danos à sociedade
como um todo. Saber interpretar notícias, pesquisar informações em fontes confiáveis e conseguir
transpô-las e adequá-las à realidade, transformando-a, é um instrumento importantíssimo para o
exercício pleno da cidadania.
Pesquisa
Seção que propõe a investigação científica que mobiliza práticas de pesquisa como estudo de caso,
grupo focal, estado da arte, análise documental, uso e construção de questionários, amostragens e
relatórios, pesquisa-ação.
Nela é retomada parte da problematização inicial do livro, agora enriquecida pelo percurso recém-
-completado. Essa retomada é particularmente interessante porque auxilia os estudantes no estabe-
lecimento de relações consistentes. Neste momento, eles têm a oportunidade de mobilizar os
conhecimentos, prévios e novos, para responder a questões ou interpretar dados diversos, podendo
ressignificar seus conhecimentos com autonomia, responsabilidade e criatividade. Assim, busca-se
estimular o estudante a atuar como um produtor de conhecimento, tendo sua produção científica auxi-
liada pelo professor e valorizada pelos seus pares.
XVI
tempo e espaço da BNCC e concentra o desenvolvimento da competência específica 1 e de suas
seis habilidades. Nele, propomos uma análise sobre as rupturas e as permanências da emergência
do mundo moderno, por exemplo, sobretudo no que diz respeito à ideia de indivíduo, mobilizando
as habilidades EM13CHS101 e EM13CHS103. O conceito de modernidade é colocado no centro
da discussão, que assume forma crítica na elucidação das suas margens de inclusão e de exclusão.
Ao longo do livro, as oposições dicotômicas de campo e cidade, civilização e barbárie, nomadismo
e sedentarismo, entre outras, são problematizadas e relacionadas à manifestação de expressões
divisórias como o etnocentrismo, o racismo e as desigualdades socioeconômicas, mobilizando as
habilidades EM13CHS102, EM13CHS104 e EM13CHS105. Nesse percurso são usados recursos
como documentos históricos, expressões artísticas e textos filosóficos, por meio dos quais os
estudantes devem elaborar análises e exercer protagonismo na construção e na disseminação de
conhecimentos, mobilizando a habilidade EM13CHS106.
A competência específica 2 apresenta outro eixo temático da BNCC, em que se destaca a comple-
xidade dos conceitos de fronteira e território. Esse tema implica, necessariamente, observar a dinâmica
das relações entre os seres humanos e a produção dos espaços, sejam eles físicos, geopolíticos ou
culturais, e as dinâmicas de mobilidade de pessoas e mercadorias. Nessa observação devem elucidar-
-se as formas de conflito, negociação e segregação implicadas na demarcação de limites entre grupos,
Estados e nações. Igualmente, deve-se reconhecer a legitimidade dos atores sociais na produção de
suas próprias territorialidades. Ao desenvolver essa competência, portanto, os estudantes estarão aptos
a compreender melhor o mundo em que vivem, podendo posicionar-se de forma ética e consciente
acerca dos desafios contemporâneos relacionados aos movimentos migratórios, às disputas por terri-
tórios e jurisdições e às identidades culturais, por exemplo.
A trajetória do livro cujo tema condutor é o conceito de fronteiras por meio da perspectiva de
diferentes contextos históricos, culturais e socioespaciais, correspondente à competência especí-
fica 2 e suas seis habilidades, parte da formação dos Estados modernos no âmbito político, jurídico
e territorial, introduzindo o trabalho com as habilidades EM13CHS204 e EM13CHS206. O objeto
inicial é o espaço físico e sua segmentação política na forma estatal, bem como as expressões de
nacionalismo, expansionismo e imperialismo dela decorrentes, o que possibilita ao estudante
começar o estudo de aspectos mais familiares do tratamento de fronteiras e territórios, mobilizando
as habilidades EM13CHS201 e EM13CHS203. Os conceitos de desterritorialização e globalização
também são introduzidos, sendo vinculados principalmente aos impactos das tecnologias nas
dinâmicas de trânsito global, eixo da habilidade EM13CHS202. Dessa maneira, espera-se que os
estudantes compreendam os processos de configuração de dissolução das fronteiras estatais,
avaliando as implicações políticas e sociais deles decorrentes, com sensibilidade para reconhecer
os grupos sociais diretamente afetados e suas demandas. Por fim, outras formas de territorialidade
entram em foco, possibilitando aos estudantes ir além na compreensão do assunto e identificar o
espaço de algumas culturas juvenis, mobilizando a habilidade EM13CHS205.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Nesta coleção, a discussão com a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias está em foco no livro
DA EDITORA DO BRASIL
cujo tema condutor é a construção da vida em sociedade pelos seres humanos e como, nesse processo,
eles se relacionam e transformam a natureza. Nele, são trabalhadas as categorias indivíduo, natureza,
sociedade, cultura e ética das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, a competência específica 3 da área
e suas seis habilidades. O uso dos recursos naturais por diversas sociedades no tempo, os impactos
socioambientais desse uso e as medidas de regulação, controle e fiscalização são objetos de análise crítica
nesse livro, que, para além da aquisição de conhecimentos teóricos, busca estimular a ação propositiva
dos estudantes e promover atitudes conscientes e sustentáveis, mobilizando as habilidades EM13CHS301,
EM13CHS302, EM13CHS304, EM13CHS305 e EM13CHS306. Também é proposto um estudo aprofun-
dado sobre a formação e a expansão da cultura de massa, orientado pela habilidade EM13CHS303,
estimulando uma discussão sobre a relação entre padrão de consumo, qualidade de vida e meio ambiente.
Esses debates são relevantes para o desenvolvimento do espírito crítico e o posicionamento consciente e
bem fundamentado dos estudantes.
De modo geral, os conteúdos e atividades desse livro apontam a relação intrínseca que os seres
humanos estabelecem com o meio em que vivem e a necessidade que têm do consumo de recur-
sos naturais para produzir a própria sobrevivência. Essa perspectiva é importante para que os
estudantes não demonizem a exploração de recursos naturais por princípio, mas compreendam o
modo predatório como isso tem sido feito, sobretudo após a expansão do sistema capitalista no
último século, e possam identificar e elaborar alternativas sustentáveis. Este é o propósito da
competência específica 3: ela possibilita a construção de uma visão equilibrada sobre o assunto e
fornece ferramentas para que os estudantes questionem os próprios comportamentos de consumo
e os modelos produtivos vigentes.
XVII
A preparação para o mundo do trabalho perpassa o conjunto da obra, sendo potencializada sobre-
tudo no livro cujo tema condutor é a maneira como os grupos humanos produzem sua vida material
e como as mudanças no mundo do trabalho impactam a vida social. Nele, mobilizam-se a categoria
trabalho, assim como a competência específica 4 da área de Ciências Humanas e suas quatro habi-
lidades. Ao longo do desenvolvimento desta competência na obra, os estudantes irão tomar contato
com a complexidade das formas de trabalho desenvolvidas no tempo e avaliar as causas e as conse-
quências das transformações no modo de produção da vida material. Com isso, poderão compreen-
der com maior clareza o lugar do trabalho na contemporaneidade e identificar o papel dos jovens e
das gerações futuras diante das rápidas transformações em curso, mobilizando as habilidades
EM13CHS401, EM13CHS403 e EM13CHS404.
Inevitável pontuar que o mundo do trabalho da atualidade é profundamente marcado pelas mudanças
ocorridas com o advento e a popularização das tecnologias digitais. Por isso, orientar os estudantes na
avaliação dos impactos tecnológicos e no bom uso das tecnologias de informação e comunicação é uma
tarefa a ser cumprida pelo professor. Muitas atividades propostas nesse livro sobre trabalho se apresentam
nesse sentido, com o intuito de incentivar os estudantes à análise crítica e ao uso orientado das tecnologias.
A diferenciação dos conceitos de trabalho, emprego e renda, um critério para o desenvolvimento da
habilidade EM13CHS402, também é abordado no livro. Durante o desenvolvimento do assunto, tabe-
las e gráficos são utilizados como recursos didáticos, estimulando os estudantes à verificação de dados
e à elaboração de conclusões sobre a distribuição do mercado de trabalho, a concentração de renda e
a desigualdade étnico-racial, por exemplo.
Na competência específica 5 das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, o foco é o reconhecimento
das formas de desigualdade e da violência com vistas à construção de um posicionamento ético e alinhado
aos direitos humanos. Tendo o conceito filosófico de ética como fio condutor, busca-se compreender
diferentes expressões socioculturais desenvolvidas no tempo e no espaço e, assim, desnaturalizar práticas
de opressão como o preconceito, o silenciamento e a segregação. Isso se dá, efetivamente, não pela dis-
cussão de situações hipotéticas, mas de casos reais em que a violência, o preconceito e a desigualdade se
expressam e marcam o cotidiano de grupos sociais específicos.
Nesse sentido, o livro cujos temas condutores são os conceitos de conflito, desigualdade, violência e
justiça foi elaborado em torno de quatro estudos de caso, que destacam situações reais vividas por povos
de diferentes partes do mundo: a África do Sul, a Índia, a Palestina e o Brasil. Por meio deles, convida-se
o estudante a refletir sobre violência, desigualdade, preconceito e justiça em contextos específicos da
atualidade, mobilizando a competência específica 5 e suas quatro habilidades: EM13CHS501,
EM13CHS502, EM13CHS503 e EM13CHS504. Espera-se que, ao longo do diálogo estabelecido pelo
texto e as imagens e na execução das atividades propostas, o estudante seja sensibilizado ao combate
às desigualdades e violências por meio, principalmente, da empatia.
O livro cujo tema condutor é o aprendizado sobre a política brasileira e o exercício da cidadania,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
valorizando-se a participação no espaço público de maneira crítica e responsável, desenvolve a
DA EDITORA DO
competência BRASIL6 de Ciências Humanas e suas seis habilidades. A familiarização com o
específica
vocabulário político é fundamental para a qualificação dos estudantes para o debate público e, con-
sequentemente, para que se sintam confiantes e aptos para defender e contribuir para o fortalecimento
das instituições democráticas.
Nesse livro, mobilizando as habilidades EM13CHS601, EM13CHS602, EM13CHS603, EM13CHS604,
EM13CHS605 e EM13CHS606, os estudantes poderão não apenas compreender os mecanismos polí-
ticos que estruturam o Estado brasileiro, mas compreender a si mesmos como atores políticos necessá-
rios e relevantes. Em um âmbito mais amplo, busca-se dirimir a falsa ideia de que a política está restrita
aos círculos privilegiados da sociedade, levando ao entendimento de que as condições coletivas só
melhoram os debates públicos.
XVIII
MEIO AMBIENTE
Educação ambiental
Educação para o consumo
DAE
ECONOMIA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA Trabalho
Ciência e tecnologia Educação financeira
Educação fiscal
TEMAS CONTEMPORÂNEOS
TRANSVERSAIS
MULTICULTURALISMO (BNCC)
SAÚDE
Diversidade cultural
Saúde
Educação para a valorização do
multiculturalismo nas matrizes Educação alimentar
históricas e culturais brasileiras e nutricional
CIDADANIA E CIVISMO
Vida familiar e social
Educação para o trânsito
Educação em direitos humanos
Direitos da criança e do adolescente
Processo de envelhecimento,
respeito e valorização do idoso
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Temas contemporâneos transversais na BNCC: propostas
de práticas de implementação. Brasília: MEC/SEB, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/
implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.pdf. Acesso em: 4 ago. 2020.
Trata-se, portanto, de temas bastante amplos, que podem ser divididos em tópicos e trabalhados em
diferentes momentos na obra. No “Mapa do ensino”, são apresentados alguns dos temas que foram abor-
dados pelas diferentes unidades. No entanto, todos podem ser relacionados com a área de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas. Vale ressaltar que eles também geram excelentes oportunidades para tra-
balhos interdisciplinares.
7 MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.).
Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. E-book.
XIX
Portanto, textos, boxes, seções e atividades foram construídos, nessa coleção, com o objetivo de
colocar o estudante no centro do processo de aprendizagem. Nesse sentido, o papel do professor é de
mediador, facilitador e ativador dessa aprendizagem, motivando os estudantes para irem ainda além
daquilo que alcançaram de forma independente.8 Na obra, essas metodologias podem ser observadas,
sobretudo, nas seções “Mídia” e “Pesquisa” que desenvolvem propostas em que os estudantes con-
duzem práticas científicas de forma autônoma e para solucionar e/ou debater uma questão que afeta
o seu contexto histórico, social, econômico, geográfico e ambiental.
A coleção foi construída com o objetivo de incentivar o desenvolvimento integral dos jovens como
protagonistas de seus percursos de vida, por meio do reconhecimento de suas singularidades, e sua
formação para o exercício pleno da cidadania, com autonomia e responsabilidade em relação a si mes-
mos, ao outro e ao mundo. Além disso, há o aprofundamento dos conhecimentos científicos desenvol-
vidos no Ensino Fundamental.
Os pressupostos teórico-metodológicos que nortearam a produção da coleção são apresentados em
mais detalhes na sequência.
Professores e a BNCC
Esta obra apresenta uma diversidade de propostas que visam à formação plena e interdisciplinar
dos estudantes e de acordo com os princípios da BNCC.
A autonomia dos estudantes é estimulada tanto em exercícios circunscritos aos conteúdos propria-
mente ditos como naqueles mais abrangentes. Nestes, favorecem-se a reflexão crítica, a argumentação
e a comunicação das produções para uma comunidade ampliada.
A nova BNCC traz desafios importantes e requer a adoção de novas posturas e metodologias, além
de um processo de revisão e de melhoria de práticas consolidadas, e não a recusa delas. Trata-se de
um ponto importante, pois a capacidade de refletir sobre as próprias práticas e de promover mudanças,
quando necessárias, caracteriza o professor. Provavelmente, o maior desafio da nova BNCC está em
pensar o trabalho pedagógico por meio de áreas de conhecimento. Muitas atividades interdisciplinares
já são realizadas nas escolas com consistência, mas a formação dos professores ainda segue a pers-
pectiva disciplinar, o que acaba por dificultar a concretização dessa nova abordagem.
De acordo com Maurice Tardif,9 o saber docente é social e plural, advindo das experiências individuais,
da formação acadêmica, da formação continuada, dos programas escolares e da experiência em sala de
aula. Assim, é composto de saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares
e saberes próprios da experiência de vida e outros obtidos ao longo da carreira profissional. Nessa nova
realidade, o professor aprenderá a articular sua experiência e seus saberes em torno de conteúdos temá-
ticos. Conhecê-los é importante para que possa atuar como mediador, sem necessariamente assumir a
visão de especialista, mas tentando provocar o interesse dos estudantes pela temática por meio da
contextualização. Com isso, é essencial apropriar-se de ferramentas que propiciem boa comunicação com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
as juventudes com que lidará: o que funciona com uma turma não necessariamente funciona com outra,
o que exige do professor o emprego de diferentes estratégias para realizar essa mediação.
DA EDITORA DO BRASIL
De maneira geral, para iniciar a implementação da BNCC no Ensino Médio, será necessário que o
docente conheça as referências empregadas para a reelaboração curricular, adéque projetos pedagó-
gicos, bem como os processos de ensino e aprendizagem, encontre formas de utilizar os materiais
didáticos, introduza práticas de utilização de tecnologias digitais e adapte a avaliação e o acompanha-
mento de aprendizagem. Este Manual do Professor pode auxiliar em alguns desses tópicos.
8 Ibidem.
9 TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
XX
Tais metodologias variam em termos de pressupostos metodológicos e teóricos e também se apre-
sentam sob diferentes modelos e estratégias. Todas, porém, se alicerçam no protagonismo dos estu-
dantes no que se refere à construção de conhecimento. A nova BNCC prioriza a autonomia e a formação
de espírito crítico na prática pedagógica, para que o protagonismo desponte na sala de aula. Para
ajudar o professor na execução dessa importante tarefa, descrevemos algumas possibilidades de
metodologias ativas, que são trabalhadas na coleção.
discussão e
contrato didático
DA EDITORA DO BRASIL
programa de aprendizagem com os estudantes
levantamento da problematização
do tema com os estudantes
avaliação coletiva e
levantamento de contextualização
sugestões
10 BEHRENS, Maria A. Metodologia de projetos: aprender e ensinar para a produção do conhecimento numa visão complexa.
Coleção Agrinho, 2014, p. 95-106. Disponível em: https://www.agrinho.com.br/materialdoprofessor/metodologia-de-projetos-
aprender-e-ensinar-para-producao-conhecimento-numa-visao-complexa. Acesso em: 5 set. 2020.
XXI
A pedagogia de projetos também favorece, em função de seu caráter interdisciplinar, o desenvolvi-
mento de temas transversais. Discutir temas como ética, saúde, pluralidade cultural, meio ambiente,
ciência, tecnologia e sociedade por meio de projetos propicia abordagens ricas, com possibilidades
concretas de promover uma aprendizagem significativa para estudantes e professores.
XXII
A coleção apresenta diversas oportunidades de trabalho em grupo, porém, vale ressaltar, cabe
sempre ao professor, por meio da avaliação do contexto da sala de aula, decidir pela realização da
atividade em grupo ou individual. Assim, considere a orientação de trabalho das atividades apenas
como sugestões, que podem ser adaptadas de acordo com seu plano de aula.
Duas variáveis devem ser consideradas nessas propostas: o tamanho e a composição dos grupos.
Em relação ao tamanho, devem-se levar em conta I) o escopo e a duração da tarefa e II) o perfil da
turma. Há vantagens e desvantagens em se optar por grupos maiores ou menores, conforme descrevem
Cohen e Lothan:
[...] Grupos de quatro ou cinco membros parecem ser ideais para discussão produtiva e cola-
boração eficiente. Esse tamanho permite que os membros estejam em proximidade física para
ouvir as conversas e sejam capazes de estabelecer contato visual com qualquer outro colega. Se
o grupo for maior, há chances de que um ou mais alunos sejam quase que inteiramente deixados
de fora da interação.
Um dos principais argumentos a favor de grupos maiores é a necessidade de haver mais pes-
soas para a realização de um projeto de longo prazo; o grupo maior, então, divide-se em grupos
de trabalho para realizar submetas. Além disso, quando o equipamento é caro ou difícil de encon-
trar, pode ser mais prático ter menos grupos, mesmo que maiores. No entanto, o desafio nesse
projeto é o de que o grupo-como-um-todo desenvolva um consenso sobre quais serão as tarefas
parciais e quem vai trabalhar nos vários subgrupos. O professor pode ter de verificar o processo
de tomada de decisão para garantir que todos expressem sua opinião e sintam-se participantes
da decisão final. É bom lembrar ainda que, quando o grupo fica maior, organizar horários e locais
para reuniões e atividades torna-se mais e mais difícil. Grupos que são menores evidenciam di-
ficuldades próprias. Em um grupo de três alunos, muitas vezes dois formam uma coalizão, dei-
xando o terceiro isolado. Para certas tarefas, duplas são ideais. A limitação da dupla é que, se a
tarefa é um desafio que requer diferentes e múltiplos conhecimentos intelectuais e outras habili-
dades, algumas podem não ter os recursos adequados para concluí-la, tampouco ideias suficien-
tes nem insights criativos. [...]
COHEN, Elizabeth G.; LOTHAN, Rachel A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula
heterogêneas. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. p. 95-96.
Quanto à composição dos grupos, existem diversas formas de organizá-los. Algumas delas são: por
afinidade; por sorteio; por interesse no tema; por habilidades complementares. Todas são válidas, mas é
interessante mesclá-las para que se formem grupos diferentes ao longo do ano. Com isso, os estudantes
podem desenvolver diversas habilidades e competências, além de entrarem em contato com distintas
dinâmicas de trabalho e socializarem entre diferentes grupos, ampliando laços de amizade e de afeto.
11 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p.32.
12 ALVARENGA, Augusta T. de et al. Histórico, fundamentos filosóficos e teórico-metodológicos da interdisciplinaridade. In:
PHILLIPPI JR., Arlindo.; NETO, Antônio. J. S. (ed.). Interdisciplinaridade em ciência, tecnologia e inovação. Barueri, São Paulo:
Manole, 2011. p.4.
XXIII
Abordagens interdisciplinares, tanto na produção dos conhecimentos científicos como nos processos
de ensino-aprendizagem, demandam propostas de um trabalho colaborativo, seja entre as disciplinas
de uma área de conhecimento, seja entre as diferentes áreas de conhecimento. É isso que conduz a
uma interação de fato, na qual existe reciprocidade nas trocas com enriquecimento mútuo.13 Tem-se,
então, o desafio da BNCC para que todos os estudantes do Brasil sejam capazes de ler o mundo de
forma crítica, consciente e, portanto, cidadã.
O diálogo entre as áreas do conhecimento oferece ao estudante as principais ferramentas teóricas
e metodológicas para pensar o mundo social em que vive, com seus desafios e potencialidades. Partindo
do concreto ao abstrato, permite transformar o conhecimento escolar em habilidades e competências
úteis ao cotidiano do estudante e de seu desenvolvimento integral. Cada área do conhecimento tem
suas contribuições específicas para analisar e agir no mundo, e juntas ampliam a capacidade crítica e
analítica da realidade.
Assim, para que a integração seja possível e consistente, é indispensável conhecer as competências
específicas e as habilidades que cada área intenta desenvolver, a fim de que a formação integral dos
estudantes se concretize.
13 Ibidem, p. 37.
XXIV
No mesmo sentido, as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas contribuem para a área de Matemá-
tica e suas Tecnologias ao fornecerem o sentido desta linguagem na abordagem de temas concretos,
que fazem parte da realidade do estudante e do mundo ao seu redor. Nesta via de mão dupla, ambas
as áreas se enriquecem ao se apropriarem das contribuições uma da outra, em um movimento com-
plementar.
XXV
Os temas mencionados podem ser trabalhados por meio de textos, filmes, vídeos, saídas a
ambientes de educação não formal (museus, casas de cultura etc.), entrevistas, debates, pesquisas,
entre outras possibilidades. Como disparador, uma excelente opção é utilizar uma situação-problema
proposta pelos jovens em conjunto com o professor. Não se pode perder de vista que é pela reso-
lução de um problema que os jovens têm a possibilidade de desenvolver um pensamento que
podemos chamar de computacional.
Esse termo é aplicável quando a resolução segue o seguinte percurso: o estágio de formulação do
problema – o que requer abstração –, o estágio de expressão de uma solução – automação – e o estágio
de solução e avaliação – um processo de análise, portanto. O pensamento do tipo computacional também
promove a capacidade de inferir o que é fundamental no desenvolvimento de um pensamento racional e
consistente. Percebe-se, assim, que as atividades propostas aos estudantes, desde que pensadas e
intencionais, podem ajudá-los a desenvolver o pensamento crítico e a capacidade argumentativa engen-
drada de forma computacional e inferencial. É importante ressaltar, porém, que a abordagem interdisci-
plinar é condição indispensável para o êxito dessas propostas pedagógicas.
À medida que os jovens entram em contato com diferentes perspectivas sobre um mesmo tema, as
possibilidades de análise crítica se potencializam. Mas, acima de tudo, os jovens devem ter a oportunidade
de falar e de serem ouvidos, promovendo sua capacidade argumentativa, o autoconhecimento e a auto-
nomia, pré-requisitos para o protagonismo no ambiente escolar. Poder falar e ser ouvido, poder escrever
e ser lido, para os jovens, significa a consolidação da autoestima e o alargamento do horizonte de enga-
jamento na construção do conhecimento.
A literatura especializada identifica diferentes perfis de estudantes e de aprendizagens. Portanto, a
adoção de uma abordagem única em sala de aula pode prejudicar aqueles estudantes que apresentam
perfis diferentes. Por essa razão, é importante variar os estilos de abordagem para contemplar todos
os estudantes de uma turma. Uma das propostas para classificar os perfis foi elaborada pelos pesqui-
sadores Richard Felder e Linda Silverman,14 os quais também criaram um modelo de estilos de apren-
dizagem em que cada estudante pode ser classificado de acordo com um polo de cada uma das
seguintes dimensões:
• Percepção – o estudante é sensorial ou intuitivo;
• Entrada (ou input) – o estudante é visual ou verbal;
• Processamento – o estudante é ativo ou reflexivo;
• Entendimento – o estudante é sequencial ou global.
Cada estudante apresenta um polo de cada uma dessas características. O ideal é avaliar a turma
e considerar todos esses perfis no planejamento, com brechas para as ações dos estudantes. A
tarefa é complexa e trabalhosa, mas é facilitada por atividades que foram concebidas para dar
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
protagonismo aos educandos, já que eles podem encaminhar a resolução de cada atividade de
DA EDITORA DO BRASIL
acordo com o próprio perfil.
Além dessa proposta de perfis de estudante, existem diversas outras. Vale lembrar que, assim como
os estudantes têm perfis de aprendizagem distintos, professores têm perfis de ensino diferentes. Como
resultado, um estudante pode apresentar melhor desempenho nos componentes em que o perfil dele
e o do docente sejam semelhantes. Então, nossa sugestão é que o professor se mantenha atento ao
próprio perfil e faça ajustes em seu planejamento de aula, tendo como referencial a análise dos varia-
dos perfis apresentados pela turma.
14 FELDER, Richard. M.; SILVERMAN, Linda. K. Learning and Teaching Styles in Engineering Education. Journal of Engineering
Education, Washington, v. 7, n. 78, p. 674-681, 1988.
XXVI
Com base nos estudos de Felder e Silverman,15 podemos propor algumas estratégias para trabalhar
com estudantes com diferentes estilos de aprendizagem.
• Relacione, sempre que possível, o conteúdo a ser apresentado ao que veio antes e ao que ainda es-
tá por vir, dando destaque a suas relações com outras áreas de conhecimento. Então, estimule os
estudantes a relacionar esse conteúdo às experiências pessoais deles.
• No caso das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, o contexto é muito importante. Assim, nem sem-
pre uma teoria científica é universal, devendo ser analisada sob qual circunstância sua aplicação é
pertinente.
• Use figuras, esquemas, gráficos e esboços simples sempre que considerar oportuno e em conjunto
com a apresentação do conteúdo. Apresente filmes e vídeos relacionados, com discussões acerca
de seu conteúdo.
• Oriente e estimule o uso de recursos digitais na realização de pesquisas, na produção de conteúdo
e na obtenção e análise de dados.
• Não preencha todos os minutos das aulas dando palestras e escrevendo na lousa. Estabeleça inter-
valos, ainda que breves, para a turma pensar sobre o que foi dito ou proposto.
• Organize-se para alternar seu estilo de aula: se for mais expositivo, prepare algumas aulas interativas.
Se for mais interativo, planeje algumas aulas mais introspectivas.
• Forneça também atividades e problemas abertos, que exijam análise e síntese.
• Nas tarefas a serem realizadas em casa, proponha resoluções colaborativas, e não apenas indivi-
duais. Permita que os estudantes colaborem na proposição das estratégias de cooperação.
15 Ibidem.
16 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p. 463.
17 DAYRELL, Juarez (org.). Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do Observatório da Juventude da UFMG.
Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016. p. 27.
XXVII
significativo para o eu e [que] gera consequências no mundo além do eu”.18 É relevante ressaltar que
essa definição identifica três dimensões indissociáveis: a intenção estável orientada para o futuro, o
engajamento significativo em atividades que conduzam à realização da intenção e um desejo de conec-
tar-se e contribuir para algo que está além da individualidade, ou seja, que antes se insere no campo
social. Para que possam ser viáveis, os projetos de vida devem apresentar estabilidade, incluir objetivos
concretos e de longo prazo e ser organizadores e motivadores da tomada de decisão e do engajamento
com as etapas necessárias para sua concretização.
Tendo em vista o que se aponta acima, podemos afirmar que cabe à escola, e também aos profes-
sores, auxiliar os jovens a organizar seus projetos de vida. Vale enfatizar que o professor orientador ou
mediador é aquele que, na interação com os estudantes, faculta a clareza na formulação e na concre-
tização dos projetos de vida das juventudes plurais que compõem a sala de aula. Para isso, ele deve
ser capaz de olhar para cada juventude singular.
A tarefa é bastante complexa, visto que projetos de vida são processos dinâmicos e carregados de
pessoalidade, mas que dependem, ao mesmo tempo, da construção da identidade e das interações e
experimentações sociais. Por ter como princípio o desenvolvimento, a escola e a educação estão capa-
citadas a propiciar aos jovens, por meio de práticas críticas e autônomas, não apenas a construção dos
projetos de vida, mas também os meios para que eles possam se concretizar. Esta coleção pretende
contribuir para isso.
Pensamento computacional
Quando se fala em pensamento computacional, pensamos de início nas Ciências da Computação e
na Matemática, ou, ainda, em aparelhos tecnológicos e digitais, como computadores e celulares. De
fato, essa era a perspectiva dominante em sua origem, nos anos 1960 e, posteriormente, na década de
1980, época em que o termo foi cunhado, quando se desejava legitimar as nascentes Ciências da
Computação. Mas, à medida que as tecnologias da computação se desenvolviam e os equipamentos
digitais e computacionais passavam a fazer parte do nosso dia a dia, a noção de pensamento compu-
tacional ganhou novas dimensões e adentrou o universo escolar.
18 DAMON, William. O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes. São Paulo:
Summus, 2009. p. 53.
19 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p. 10.
20 OPAS Brasil. Folha informativa - Saúde mental dos adolescentes. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.
php?option=com_content&view=article&id=5779:folha-informativa-saude-mental-dos-adolescentes&Itemid=839. Acesso
em: 10 ago. 2020.
XXVIII
O pensamento computacional é indicado pela BNCC como parte fundamental do processo de desen-
volvimento dos estudantes brasileiros. Não podemos nos esquecer de que a Base Nacional Comum
Curricular fundamenta todo o trabalho a ser desenvolvido na Educação Básica no que se refere a com-
petências e habilidades. Dentre elas, destaca-se a necessidade de o pensamento computacional estar
presente ao longo de toda a escolaridade.
Tomando como ponto de partida uma compreensão mais alargada do conceito de pensamento
computacional, pode-se sustentar que as competências e habilidades ligadas a ele, apesar de recaírem
sobre os processos de ensino-aprendizagem de Matemática, não se restringe a ele, pois é estratégia
de formulação e resolução de problemas. Dito de outra maneira, trata-se do processo de pensamento
envolvido na formulação de um problema e na expressão de suas soluções, de tal modo que possam
ser executadas, seja por uma pessoa, seja por uma máquina, seja por ambos.
Essa formulação mais abrangente foi proposta por Jeannette Wing, professora do Carnegie Mellon,
em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Segundo Wing, no pensamento computacional, a conceitualização
é entendida como organização dos conceitos e não a programação deles. Trata-se de uma habilidade
não mecânica, em que se tem uma forma humana de pensar, diferente daquela dos computadores.
Além disso, é um pensamento complementar, que articula a Matemática à Engenharia e deve ser pro-
movido para todos e em todos os lugares.21
O pensamento computacional subdivide-se nos conceitos de decomposição, algoritmo, reconheci-
mento de padrões e abstração. A decomposição consiste em dividir um problema em partes menores,
ou seja, trata-se de um processo de análise. O conceito de algoritmo está relacionado à estipulação de
uma ordem ou sequência de passos para resolver o problema. Procede-se, assim, à análise. A identifi-
cação dos padrões que geram o problema também concerne à análise. Finalmente, os processos de
abstração podem ser entendidos como uma possibilidade de síntese, na medida em que a capacidade
de abstrair requer que sejam ignorados os detalhes de uma ou mais soluções e se parte para a cons-
trução de uma solução (ou soluções) válida e que possa ser extrapolada para atender a outros proble-
mas, assim como para o descarte de partes não essenciais.
O pensamento computacional não exige necessariamente o uso de um computador, tendo em vista
que as unidades escolares variam quanto à disponibilidade de dispositivos digitais. Contudo, ele pode
ser trabalhado de maneira transversal, encaixado nos componentes já existentes. Nesta coleção, como
dito, algumas propostas de atividade dão destaque a esse tipo de abordagem, ainda que seus pilares
possam ser observados em outras seções e propostas de atividades.
21 WING, Jeannette M. Viewpoint. Computational Thinking. Communications of the ACM, v. 49, n. 3, mar. 2006. Disponível em:
https://www.cs.cmu.edu/~15110-s13/Wing06-ct.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
XXIX
Não são apenas os jovens que impregnam de significado suas leituras e ações. Também o autor do
texto está sujeito a forças, como pressões sociais e econômicas, e à própria subjetividade. Isso equivale
a dizer que uma leitura inferencial não pode prescindir de um olhar crítico cujo intuito seja descobrir a
conjuntura da produção de determinado um texto. Essa questão é central para que o estudante seja
capaz de realizar uma leitura inferencial competente, reconhecendo todas as camadas de significação.
Se é verdade que, de um lado, o leitor tem liberdade para construir os sentidos, de outro, ele está,
necessariamente, limitado pelos significados presentes no texto, pelas suas condições de uso e contexto
de produção da obra. Ter liberdade em uma leitura inferencial não significa apenas opinar; ela é, de
fato, uma construção de sentidos alicerçada na racionalidade, na utilização de argumentos e de ele-
mentos lógicos que recontextualizam o texto para o leitor, com base em sua história de vida.
A inferência é, por conseguinte, o resultado de um processo cognitivo que revela algo desconhecido
ao apoiar-se na observação e na interação do leitor e de sua subjetividade com o texto em seu contexto.
É o resultado, enfim, de um raciocínio fundado em indícios. Sua qualidade é tanto maior quanto mais
relações e mais camadas o leitor for capaz de alcançar.
As informações de um texto funcionam como pistas ou indícios que, aliados aos conhecimentos
prévios dos estudantes, ativam a construção de sentidos. Mas esse processo não é natural, tampouco
inato, não obstante tenhamos sempre o impulso de atribuir sentidos às coisas.
Para o desenvolvimento da leitura inferencial, a mediação do professor é de grande importância.
Lembremo-nos da técnica socrática, a maiêutica, em que o professor atua como um “parteiro” dos
conhecimentos de seus discípulos. Ao mediar o processo de construção de novos conhecimentos pelos
estudantes com base no que já sabem, ele promove o desenvolvimento da autonomia e do pensamento
crítico e fomenta a ação no mundo, transformando os jovens em cidadãos.
Daí a importância de aumentar a capacidade dos estudantes de desenvolver estratégias de seleção
daquilo que é mais relevante e daquilo que não está explícito no texto. Esse procedimento auxilia na
formulação de hipóteses, de antecipação e de inferência, as quais, contudo, precisam ser verificadas
– afinal, inferir não é um vale-tudo, não é a expressão de uma opinião. Logo, retomar o texto é neces-
sário para respaldar as hipóteses formuladas ou reelaborá-las por meio de um processo de verificação.
Propiciar o acesso a textos multimodais, introduzir a pluralidade de perspectivas sobre um mesmo
tema, trazer contribuições dos saberes de comunidades tradicionais, promover discussões em sala de
aula, possibilitar a prática de debates com defesa de pontos de vista, incentivar a argumentação e a
tomada de decisões – eis algumas estratégias para ajudar os estudantes no desenvolvimento da leitura
inferencial com o objetivo de formá-los integralmente e capacitá-los para uma ação consciente no mundo.
Portanto, a leitura inferencial está relacionada com o desenvolvimento da capacidade argumen-
tativa. Argumentar é uma habilidade que requer o domínio, por parte dos estudantes, das diferentes
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
dimensões constitutivas dos temas estudados, por meio da análise dos diversos discursos e pontos
DA EDITORA DO BRASIL
de vista. Assim, implica no exame de noções, conceitos e ideias que se apresentam nos cenários
científico e social, pelos quais são apreendidos, compreendidos e “explicados” os diferentes elemen-
tos da prática social. Exige, também a apreensão crítica das múltiplas e diferentes alternativas dis-
cursivas que buscam expor questões sociais e históricas, permitindo ao estudante se posicionar
diante dos problemas a elas relacionados.
O desenvolvimento da capacidade argumentativa possibilita ao estudante uma reelaboração pes-
soal qualificada de referenciais de entendimento do mundo. Nesse sentido, ele deve ser capaz de
levantar possibilidades de explicação para os processos sociais, mobilizando o conjunto de elemen-
tos disponíveis.
XXX
vida. Tudo isso é vivenciado pelos professores, dentre os quais muitos não nasceram em um mundo assim
regido. No entanto, para os mais jovens, o mundo digital é uma realidade. Eles são os chamados nativos
digitais, e isso tem consequências na maneira como entendem as relações entre as pessoas, entre as
pessoas e o conhecimento, entre as pessoas e a velocidade, entre as pessoas e o tempo e o espaço. Os
jovens tendem a naturalizar as tecnologias digitais como se elas sempre tivessem existido. Esse é um dos
pontos sobre os quais é preciso refletir quando se pensa na presença das TDICs na educação.
O volume de informações disponibilizado pela internet em uma fração de tempo incrivelmente
diminuta é imenso, mas vale ressaltar que informação não é conhecimento, ainda que possa vir a
sê-lo. Assim, a escola enfrenta o desafio de auxiliar os estudantes a organizarem, selecionarem e
verificarem tantas informações, de modo a promover o salto qualitativo para que estas se transformem
em conhecimento sólido.
As TDICs criaram formas de distribuição da informação que permitem o trabalho com novas culturas
de aprendizagem. Porém, para que a informação se torne conhecimento, é necessário dialogar com
essas tecnologias. As competências cognitivas demandadas para isso se relacionam à construção de
um novo olhar, com uma capacidade crítica distinta, a fim de dar conta de um volume tão grande e
difuso de informações.22
Um dos grandes desafios das escolas, na atualidade, é o desenvolvimento de habilidades de aprendi-
zagem, para que os estudantes consigam assimilar as informações de forma crítica. Esse desafio talvez
seja ainda maior para os professores do que para os estudantes, em razão de os primeiros não serem
nativos digitais. Assim, pode ser necessário desenvolver novas formas de aprender e de ensinar.
Juan Pozo e Carlos de Aldama23 apontam três posturas possíveis em relação às TDICs na educação:
a otimista, a pessimista e a cética. O argumento otimista baseia-se na ideia de que as TDICs têm grande
apelo junto aos jovens, o qual pode se traduzir em um engajamento maior, o que é fundamental nos
processos de ensino-aprendizagem. Entre os pessimistas, há quem defenda que o uso das TDICs
empobrece as formas de ensinar e conhecer, em face do imediatismo e da superficialidade com que as
informações são recebidas e tratadas. O argumento cético, por sua vez, apoia-se na noção de que não
houve mudanças, de fato, nos processos de ensino-aprendizagem. Com as TDICs, segundo os autores,
as mudanças foram apenas de suporte (como o uso de computadores em sala de aula), mas os pro-
cessos se mantiveram. Esse tipo de discurso aponta um dado interessante: os estudantes têm dificul-
dade em converter as informações digitais em conhecimento. Para comprovar essa conclusão, os
céticos utilizam, por exemplo, o Informe PISA-ERA (Programa Internacional de Avaliação de Estudan-
tes) de 2009, cujos dados revelam que a leitura digital dos adolescentes em muitos países, incluindo
o Brasil, é deficiente, pior do que a leitura tradicional, em papel.
Cabe aos professores, então, refletir sobre como tornar o uso das TDICs mais produtivo em sala de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
aula. Se, por um lado, uma perspectiva positiva se impõe, por outro, o ceticismo não pode ser deixado
de lado. A inclusão digital é necessária para que os estudantes não sejam alijados dos processos de
DA EDITORA DO BRASIL
construção de conhecimento no mundo contemporâneo.
Falemos agora do reverso da inclusão: a exclusão digital. A definição desse termo não é tão simples
como pode parecer. A exclusão digital pode ser minimamente entendida como a falta de acesso a com-
putadores e aos conhecimentos básicos para poder utilizá-los. A essa definição mínima acrescenta-se a
falta de acesso à internet.24 Assim, a inclusão digital demanda o uso de programas, aplicativos e congê-
neres que passam a fazer parte da esfera educacional.
A maior dificuldade na implementação de aprendizagens ativas relacionadas às TDICs são as
condições técnicas e tecnológicas das escolas. Vamos tomar como exemplo os clickers: tais aparelhos
são semelhantes a um controle remoto, com teclado numérico e, em alguns casos, botões de controle,
por meio dos quais os estudantes podem responder rapidamente a questões propostas pelo profes-
sor. Um software compila essas respostas, as armazena e produz estatísticas de desempenho. Ainda
que as respostas possam ser dadas por meio de um formulário disponível em rede, a utilização dos
22 POZO, Juan I. A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento. Revista Pátio, ano 8,
p. 34-36, ago./out. 2004. Disponível em: http://www.udemo.org.br/A%20sociedade.pdf. Acesso em: 30 maio 2020.
23 POZO, Juan I.; ALDAMA, Carlos de. A mudança nas formas de ensinar e aprender na era digital. Revista Pátio, n. 19, dez. 2013.
Disponível em: https://www.academia.edu/33795030/A_MUDAN%C3%A7A_NAS_FORMAS_DE_ENSINAR_E_APRENDER_
NA_ERA_DIGITAL. Acesso em: 30 maio 2020.
24 SILVEIRA, Sérgio A. da. Inclusão digital, software livre e globalização contra-hegemônica. Parcerias Estratégicas, n. 20,
p. 421-446, jun. 2005.
XXXI
clickers é importante, pois, com eles, os estudantes têm acesso às escolhas dos colegas em tempo
real, o que oferece a possibilidade de mudar ou não as respostas depois das discussões.
Trata-se de um uso muito interessante das TDICs, mas, infelizmente, ainda de difícil viabilização. Isso
não quer dizer que soluções alternativas não possam ser encontradas. O importante é a ideia da partici-
pação ativa dos estudantes mediada por um recurso tecnológico capaz de alterar o andar do pensamento.
Talvez o professor possa fazer uma adaptação usando algum aplicativo de mensagens instantâneas. Ou
ainda poderia ser criado um grupo da sala, com as respostas sendo enviadas por meio do celular. A con-
tabilização ficaria um pouco mais complicada, porém, ainda assim, vale a pena considerar essas alterna-
tivas. As respostas também podem ser enviadas em tiras de papel e então contabilizadas, o que simplifica
os materiais necessários, mas aumenta o tempo usado para a aplicação da metodologia.
Há muitas outras possibilidades de utilização de metodologias ativas em sala de aula, usando o
pensamento computacional e as TDICs. Ao longo das unidades, este Manual do Professor apresenta
outros exemplos e sugestões para sua prática. A seleção de dados em páginas de internet confiáveis,
como de instituições públicas ou de centros de pesquisa, são requisitados de forma a estimular os
estudantes a trabalharem com informações quantitativas como subsídios para análises qualitativas.
Da mesma forma, levantamento de dados próprios é estimulado para que os estudantes consigam
elaborar questões e diferenciar o essencial do supérfluo no processo de analisar um determinado
cenário. Com a articulação entre o conhecimento acumulado dos docentes e a habilidade digital dos
estudantes, pode-se construir uma nova forma de colaboração entre professores e estudantes na
construção dos conhecimentos relevantes e úteis para o desenvolvimento de seus projetos de vida.
XXXII
artigos e a trabalhos de terceiros para sua formação e inspiração, seu trabalho pode se transformar em
fonte para outros docentes.
Como a escola é um espaço em que se produz conhecimento, ao adaptar e transformar seus regis-
tros em apresentações ou artigos, por exemplo, para congressos da área educacional ou específicos
da área de Ciências Humanas, você contribuirá para a efetivação desse processo.
Para finalizar, lembramos que o conjunto de ideias aqui apresentado não tem a intenção de ser um
manual ou um protocolo de procedimentos lineares, com etapas consecutivas, fixas e rígidas; em vez
disso, consiste apenas em um lembrete de que o planejamento permite a articulação entre ideias e
objetivos, maximizando as chances de promover uma aprendizagem significativa para estudantes e
professores, segundo os processos de ensino-aprendizagem fundamentados na perspectiva das meto-
dologias ativas. Para que esse trabalho seja possível, é necessário que você, professor, reflita sobre sua
prática continuamente e esteja sempre aberto às mudanças.
XXXIII
disciplina para a construção de um processo de ensino-aprendizagem que contribua para a forma-
ção de estudantes protagonistas, ativos e críticos.
Assim, a Filosofia, a História, a Sociologia e a Geografia estão representadas em todos os livros pela
contribuição própria de cada um desses componentes na análise e reflexão dos temas propostos em cada
unidade, mobilizando as competências específicas e as habilidades proposta para a área pela BNCC.
As aproximações temáticas entre os quatro componentes são, às vezes, muito claras, outras nem
tanto. No livro que trata do trabalho como tema condutor, os diferentes componentes trazem con-
tribuições que dialogam de forma direta e clara sobre o mundo do trabalho, suas contradições e as
formas de relações entre os indivíduos no contexto de uma sociedade pautada pelo sistema capi-
talista e sua busca incessante de lucros, debatendo temas e conceitos centrais para essa discussão.
O mesmo exemplo cabe ao livro que trata dos quatro estudos de caso (África do Sul, Índia, Palestina
e Brasil), no qual, a partir de contextos selecionados, cada componente lança luz para a reflexão
acerca de problemáticas contemporâneas, a fim de permitir a construção por professores e estu-
dantes de um debate amplo, diverso, interdisciplinar e efetivo.
25 ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
XXXIV
A dimensão epistêmica é composta dos processos de elaboração, assim como de métodos de vali-
dação do conhecimento científico, dando-lhe um significado em relação ao mundo real. A dimensão
pedagógica constitui-se dos papéis desempenhados pelo professor e pelos estudantes e das interações
recíprocas. Seguindo as proposições metodológicas desta coleção, parte-se da proposição de uma
situação-problema e, ao longo da sequência didática, executam-se atividades diversificadas e previa-
mente estabelecidas. Estas formam a dimensão pedagógica dessa sequência. A diversificação é impor-
tante porque oportuniza o desenvolvimento de diferentes habilidades e competências ao mesmo tempo
que privilegia as que os estudantes já possuem.
Assim, dependendo do tema escolhido para a unidade e dos conteúdos previstos para a sequência
didática, esta última pode ser composta de aulas práticas, saídas, registros escritos, produção de port-
fólios, apresentação de seminários, pesquisas, entre outras possibilidades, considerando o que é mais
adequado a cada turma.
Cronograma
A proposta do Novo Ensino Médio possibilita que as escolas distribuam a carga horária referente à
formação geral básica e aos itinerários formativos da maneira que melhor condiga com a realidade da
comunidade, desde que seja implementada uma carga anual mínima de 1 000 horas para todos os anos
do Ensino Médio até março de 2022.
Veja o exemplo a seguir.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia de implementação do Novo Ensino Médio. Disponível
em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/Guia.pdf. Acesso em: 9 jul. 2020.
DA EDITORA DO BRASIL
Por isso, de acordo com a escola, as diretrizes curriculares do estado, a necessidade dos diferentes
jovens e as especificidades da comunidade, o trabalho com os seis livros pode ser rearranjando de
diferentes maneiras ao longo dos três anos que formam o Ensino Médio.
Nas orientações específicas deste Manual do Professor, como sugestão, estão propostos cronogra-
mas para o trabalho com cada um dos livros; consideramos que cada volume poderá ser trabalhado
em um semestre. Nessa sugestão, a formação básica se estende pelos três anos do Ensino Médio, com
a divisão da carga horária com os itinerários formativos desde o primeiro ano.
26 Ibidem.
XXXV
A avaliação inicial ou diagnóstica é interessante porque permite ao professor levantar os conheci-
mentos prévios dos estudantes. Como discutido anteriormente, trata-se de um procedimento funda-
mental não apenas porque valoriza aquilo que o educando traz como conhecimento, como também
porque possibilita um replanejamento, se isso se mostrar necessário, logo no início. Essa avaliação pode
ser feita por escrito ou por meio de uma aula dialogada. Em ambos os casos, o registro é importante
para que, ao final da sequência didática, seja possível verificar as mudanças conceituais dos estudan-
tes. A verificação final pode ser feita por evocação da sequência didática; é muito interessante perceber,
na evocação que lida com a memória, aquilo que realmente foi significativo para eles.
A avaliação reguladora tem a finalidade de criar uma percepção sobre o que cada estudante
aprende. Ela é processual e contínua e requer do professor sensibilidade e atenção para notar as
especificidades que cada um apresenta. Quando o planejamento é bem-feito, essa sensibilidade é
amplamente favorecida.
Por sua vez, a avaliação integradora também é processual e fornece uma dimensão global do apren-
dizado, uma vez que integra, ao final, todas as avaliações efetuadas ao longo da sequência didática.
Tanto as avaliações reguladoras como as integradoras pressupõem constante reflexão do professor
sobre os processos de ensino-aprendizagem. Realizadas ao longo do processo, seja em uma unidade
de aprendizagem, seja em uma sequência didática, a avaliação reguladora recai sobre cada atividade
desenvolvida, ao passo que a avaliação integradora, como o nome indica, integra as avaliações regula-
doras feitas no decorrer do processo.
Vale ressaltar o caráter intrinsecamente intencional dessas avaliações. O professor deve definir com
clareza seus objetivos e o modo de atingi-los por meio das atividades propostas e desenvolvidas em sala de
aula. Ele deve ainda efetuar a avaliação comparando o que se pretendia com o que foi efetivamente realizado.
A autoavaliação é particularmente valiosa em uma proposta pedagógica ativa porque traz para o cenário
um estudante que vai se tornando protagonista dos seus processos de aprendizagem. Nesse processo,
devem ser combinados critérios de avaliação entre o professor e os estudantes de modo que esse procedi-
mento gere uma reflexão e uma análise sobre sua aprendizagem. Trata-se de um processo metacognitivo
na medida em que a autoavaliação permite que os estudantes percebam a maneira como aprendem.
Qualquer avaliação deve ser compatível com os objetivos previamente estabelecidos e com os con-
teúdos efetivamente discutidos ao longo da sequência didática. Não faz sentido avaliar aquilo que não
foi trabalhado nem o que não foi explicitamente identificado como objetivo a ser atingido.
INDICAÇÕES COMPLEMENTARES
Documentários
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
• Human, volumes 1, 2 e 3, direção de Yann Arthus-Bertrand, França, 2015, 83 min (volume 1); 86
DA min
EDITORA
(volumeDO
2);BRASIL
93 min (volume 3).
O documentário dá voz a dezenas de pessoas de diferentes nacionalidades, religiões, gêneros, línguas,
profissões e classes sociais, as quais são convidadas a falar sobre temas como a existência humana, a
felicidade, a morte, a pobreza e o sentido da vida. As entrevistas mostram que a homogeneização cultu-
ral pode ser nociva para a preservação da diversidade de formas de ser e estar no mundo.
• Pro dia nascer feliz, direção de João Jardim. Brasil, 2005 (89 min).
O documentário acompanha o cotidiano escolar de estudantes de diferentes realidades, trazendo
depoimentos dos jovens sobre suas aspirações, medos, visões de mundo etc. Trata-se de uma obra que
retrata a multiplicidade das juventudes e de seus diferentes projetos de vida.
• Últimas conversas, direção de Eduardo Coutinho. Brasil, 2015, 85 min.
O documentário entrevista uma série de jovens para buscar compreender seus sonhos, desejos e
perspectivas de mundo.
Filmes
• Efeito Pigmaleão, direção de Grand Corps Malade e Mehdi Idir. França, 2019 (111 min).
Em uma escola de um bairro periférico de Paris, os estudantes, em sua maioria de minorias étnicas
empobrecidas, recebem uma nova coordenadora pedagógica, também ela de origem étnica mino-
ritária. Com base no conhecimento da realidade desses jovens, novas relações se estabelecem e
geram frutos mais positivos para toda a comunidade escolar.
XXXVI
• Entre os muros da escola, direção de Laurence Cantet. França, 2008 (131 min).
O filme se passa em uma escola na periferia de Paris que apresenta tensões étnicas de difícil trato.
São mostradas a aproximação da escola com o mundo da vida e as dificuldades que o professor de
francês enfrenta ao tentar despertar nos estudantes o interesse pelo conhecimento. Trata-se de uma
reflexão sobre o papel que a escola poderia ocupar na vida de estudantes.
• Escritores da liberdade, direção de Richard LaGravenese. Estados Unidos, 2007 (123 min).
O filme é baseado na história real de Erin Grunwell, uma jovem e idealista professora de Língua
Inglesa que vai lecionar em uma escola periférica marcada pela violência e pela desmotivação. Ela
propõe aos estudantes, em sua maioria pertencentes a minorias étnicas, que escrevam sobre a
própria vida ou sobre aquilo que desejarem. Grunwell acaba por criar a Freedom Writers Foundation,
cujo objetivo é difundir sua metodologia e dar a jovens carentes a oportunidade de estudar.
• O sorriso de Mona Lisa, direção de Mike Newell. Estados Unidos, 2003 (119 min).
Em uma instituição de alto padrão exclusiva para mulheres, que, em meados do século XX, ainda
eram educadas para o casamento, uma professora de História da Arte tenta alargar os horizontes
das estudantes, o que a leva a confrontar valores tradicionais arraigados do local. Fugindo de fórmu-
las simplistas, o filme mostra que as influências dos professores nem sempre são capazes de pro-
mover a emancipação.
• O substituto, direção de Tony Kaye. Estados Unidos, 2011 (100 min).
O professor de Ensino Médio Henry Barthes optou por trabalhar sempre como substituto, a fim de evitar
a criação de vínculos com os estudantes. No entanto, ao substituir um professor em uma escola pública
de uma comunidade carente e diante de colegas desmotivados, ele acaba se envolvendo e mostrando
que as relações professor-estudantes podem ser ricas e transformadoras.
• Sementes podres, direção de Kheiron. França, 2018 (105 min).
O filme trata de jovens considerados “estudantes-problema”. Expulsos de suas escolas e pertencentes
a minorias étnicas, eles frequentam uma espécie de ONG como forma de se “reintegrarem” à escola. Lá
eles entram em contato com um educador cuja família foi exterminada pelo Exército de Israel quando
criança. O contato que ele consegue estabelecer com os jovens é surpreendente.
Livros
• OLIVEIRA, Paulo de Salles (org.). Metodologia das Ciências Humanas. São Paulo: Editora Hucitec, 2001.
Coletânea de textos de diversos estudiosos da área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, como
a filósofa Marilena Chaui (1941-), o historiador Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) e o soció-
logo Florestan Fernandes (1920-1995), cujo objetivo é a construção de um material de consulta para
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
todos os professores e pesquisadores da área.
DA EDITORA DO BRASIL
• PURIFICAÇÃO, Marcelo M.; CATARINO, Elisângela M. (org.). Teoria, prática e metodologias das Ciên-
cias Humanas. Ponta Grossa: Atena Editora, 2019.
Obra que apresenta relatos e debates de diferentes práticas relacionadas às Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas feita por pesquisadores e educadores em distintos contextos.
XXXVII
• Juventudes na escola, sentidos e buscas: por que frequentam?. Disponível em: http://flacso.org.br/
files/2015/11/LIVROWEB_Juventudes-na-escola-sentidos-e-buscas.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020.
Esse livro digital apresenta o panorama teórico e debates conceituais sobre juventude/juventudes;
cultura escolar; a importância da condição juvenil; educação; escola e o lugar do saber. Também busca
responder por que os jovens frequentam a escola. Além disso, mostra e discute os resultados obtidos
por uma ampla pesquisa de mapeamento das problemáticas juvenis. Trata-se de um livro fundamental
para compreender o jovem de hoje.
• Relatório Juventudes e Ensino Médio. Disponível em: https://fazsentido.org.br/wp-content/
uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020.
O relatório digital Juventudes e Ensino Médio, derivado do Projeto Faz Sentido, é mais um exemplo de
material de qualidade que pode e deve ser consultado pelos professores. Nele são apresentadas
questões fundamentais que dizem respeito à vida dos jovens. Sexualidades, identidades, cidadania e
política, entretenimento e cultura, aprendizado, projeto de vida, entre outros temas, são abordados
com o objetivo de informar os educadores e fazê-los refletir sobre os jovens no Ensino Médio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, Augusta T. de et al. Histórico, fundamentos filosóficos e teórico-metodológicos da interdiscipli-
naridade. In: PHILLIPPI JR., Arlindo; NETO, Antônio J. S. (ed.). Interdisciplinaridade em ciência, tecnologia e
inovação. Barueri: Manole, 2011.
Nesse livro são apresentadas numerosas pesquisas, levadas a cabo por professores universitários, sobre práticas in-
terdisciplinares e seus resultados. Trata-se de uma obra inspiradora porque aponta as potencialidades positivas do
desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares.
AULER, D.; DELIZOICOV, D. Pedagogy, Symbolic Control and Identity: Theory, Research, Critique. ed. rev. atual.
Londres: Rowman & Littlefield, 2000.
O livro aborda aspectos do trabalho com a identidade juvenil, articulando premissas sociais que têm como base prá-
ticas pedagógicas
BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem
teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. E-book.
Livro em que se discutem diferentes práticas de metodologias ativas que envolvem tecnologias digitais, tornando-se
MATERIAL
uma obraDE DIVULGAÇÃO
importante no desenvolvimento desse tipo de método em sala de aula.
DA EDITORA
BEHRENS, DOA. BRASIL
Maria Metodologia de projetos: aprender e ensinar para a produção do conhecimento numa vi-
são complexa. Coleção Agrinho, 2014, p. 95-106. Disponível em: http://www.agrinho.com.br/site/wp-content/
uploads/2014/09/2_04_Metodologia-de-projetos.pdf. Acesso em: 30 maio 2020.
Artigo em que se discutem a nova realidade da sociedade do conhecimento e o modo como ela tem desafiado os pro-
fessores a repensarem suas práticas pedagógicas. O aprender a aprender e a formação de estudantes autônomos e
criativos são centrais na metodologia de projetos, pois, como defende a autora do artigo, é por intermédio dela que os
estudantes podem entrar em contato com o pensamento complexo e com o trabalho colaborativo em grupo, cons-
truindo assim seu conhecimento de forma significativa e crítica.
BRASIL. Competências socioemocionais como fator de proteção à saúde mental e ao bullying. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/
195-competencias-socioemocionais-como-fator-de-protecao-a-saude-mental-e-ao-bullying. Acesso em:
31 ago. 2020.
Documento que trata do trabalho com as competências socioemocionais e como essa abordagem pode auxiliar no
combate ao bullying e no cuidado com a saúde mental dos estudantes.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.
gov.br/resources/downloads/pdf/dcnem.pdf. Acesso em: 16 ago. 2020.
Documento que atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio de acordo com a BNCC.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é
a base. Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 5 maio 2020.
XXXVIII
No documento da Base Nacional Comum Curricular estão detalhados os fundamentos da proposta, seus marcos le-
gais e teóricos, bem como a explicitação das áreas de conhecimento com suas competências específicas e as habili-
dades a elas vinculadas. Trata-se de um documento rico, com muitos subsídios para pensar o desenvolvimento da
autonomia dos estudantes na perspectiva das juventudes plurais.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia da implementação do Novo Ensino Mé-
dio. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/Guia.pdf. Acesso em: 9 jul.
2020.
Documento que busca orientar docentes e gestores na construção de caminhos para a implementação do novo Ensi-
no Médio.
BRASIL. O Novo Ensino Médio. Brasília, DF: MEC, 2016. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/#!/
pagina-inicial. Acesso em: 5 maio 2020.
A página do MEC traz todas as informações necessárias para que o professor conheça e entenda as propostas do No-
vo Ensino Médio – o que é, o que muda, o marco legal e as relações dessa proposta com a BNCC.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Geral. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 16 ago. 2020.
Lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional
COHEN, Elizabeth G.; LOTHAN, Rachel. A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula he-
terogêneas. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017.
O livro traz sugestões para aplicar com a aprendizagem cooperativa, indicando estratégias para lidar com grupos grandes
e pequenos, orientações sobre como proceder com turmas heterogêneas e formas de preparar o trabalho em grupo, pa-
ra que ele de fato contribua para o desenvolvimento e a participação ativa dos estudantes.
DAMON, William. O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adoles-
centes. São Paulo: Summus, 2009.
Nesse livro, o pesquisador estadunidense William Damon, utilizando dados de uma extensa pesquisa de campo,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
busca entender a mente dos jovens entrevistados para descobrir as razões de sua desmotivação e ansiedade dian-
te da vida. Comparando esse quadro com o que pensam os jovens “bem encaminhados”, ele mostra que o papel da
DA EDITORA DO BRASIL
família, da escola e dos mentores é fundamental na constituição das subjetividades dos jovens motivados e dos
desmotivados. Damon destaca, como conclusão, a importância dos projetos de vida para o desenvolvimento posi-
tivo e pleno dos jovens.
DAYRELL, Juarez (org.). Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do Observatório da Ju-
ventude da UFMG. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016.
Obra que apresenta relatos e teses derivados de anos de pesquisa sobre culturas juvenis no Observatório da Juven-
tude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
FELDER, Richard M.; SILVERMAN, Linda K. Learning and Teaching Styles in Engineering Education. Journal of
Engineering Education, Washington, v. 7, n. 78, p. 674-681, 1988.
Artigo clássico sobre o trabalho com estudantes e professores de diferentes estilos. Apresenta as principais carac-
terísticas de cada perfil de ensino e aprendizagem propostos por eles e sugestões de como lidar com esses perfis.
XXXIX
FERRARINI, R., SAHEB, D.; TORRES, P. L. (2019). Metodologias ativas e tecnologias digitais: aproximações e
distinções. Revista Educação em Questão, v. 57, n. 52, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.21680/
1981-1802.2019v57n52ID15762. Acesso em: 31 ago. 2020.
Artigo que aborda as conexões entre as práticas de metodologias ativas e o uso de tecnologias digitais.
ONU. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 16 ago.2020.
Plano de ação da ONU para garantir um futuro sustentável.
OPAS Brasil. Folha informativa - Saúde mental dos adolescentes. Disponível em: https://www.paho.org/bra/
index.php?option=com_content&view=article&id=5779:folha-informativa-saude-mental-dos-
adolescentes&Itemid=839. Acesso em: 10 ago. 2020.
Relatório com dados sobre a saúde mental dos jovens na contemporaneidade.
POZO, Juan I.; ALDAMA, Carlos de. A mudança nas formas de ensinar e aprender na era digital. Revista Pátio,
n. 19, dez. 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/33795030/A_MUDAN%C3%A7A_NAS
_FORMAS_DE_ENSINAR_E_APRENDER_NA_ERA_DIGITAL. Acesso em: maio 2020.
Nesse trabalho, os pesquisadores defendem que as TICs são ferramentas com potencial extraordinário para a cons-
trução de competências e de uma nova cultura de aprendizagem. Considerando que os jovens de hoje são nativos di-
gitais, colocar-se no contexto digital é condição fundamental para que os estudantes se engajem e aprendam, de for-
ma significativa e crítica, os conteúdos científicos e suas relações com a sociedade em sentido mais amplo.
SILVEIRA, Sergio A. da. Inclusão digital, software livre e globalização contra-hegemônica. Parcerias Estraté-
gicas, n. 20, p. 421-446, jun. 2005.
O artigo defende a necessidade de uma política efetiva de inclusão digital e as possibilidades de existência do movi-
mento do software livre. Essa defesa está relacionada ao entendimento de que, no mundo contemporâneo, não ter
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
acesso às tecnologias e ao ambiente digital é uma forma de exclusão social e, portanto, de negação da cidadania ple-
na. Pela análise de dados relativos a diversos países, Silveira mostra quanto o Brasil ainda precisa se desenvolver pa-
DA EDITORA DO BRASIL
ra que a inclusão digital seja uma realidade.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
O livro apresenta discussões sobre os conhecimentos utilizados como base para o trabalho do professor em sala de
aula e a importância de uma sólida formação profissional.
WING, Jeannette M. Viewpoint. Computational Thinking. Communications of the ACM, v. 49, n. 3, mar. 2006.
Disponível em: https://www.cs.cmu.edu/~15110-s13/Wing06-ct.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
Artigo que apresenta os quatro pilares do pensamento computacional de maneira simples, derrubando alguns mitos
a respeito desse tipo de raciocínio.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Zabala já se tornou referência no campo da Pedagogia. Nesse livro, o autor tece comentários importantíssimos so-
bre o ato de ensinar. Partindo do conceito de unidades de análise, Zabala afirma que o planejamento de sequências
didáticas é indispensável para a prática docente. Segundo ele, essas sequências devem apresentar atividades di-
versificadas, de modo a contemplar as diferentes inteligências e os variados interesses dos estudantes. O autor
enfatiza a importância de pensar a avaliação como um processo: por meio da observação e da coleta de dados, o
professor reflete sobre os resultados de seu trabalho e o modifica, se julgar pertinente. É uma obra de leitura fácil
e agradável, fundamental para ajudar os professores em seus planejamentos e suas práticas.
XL
Orientações didáticas e
comentários específicos
SUMÁRIO Dinâmicas populacionais no mundo
contemporâneo LXVII
Introdução XLII • Conexões: Grandes pandemias da história e
Mapa do ensino XLIII seu impacto nas populações LXVII
Cronograma XLVII • Atividades LXVIII
Indicações complementares LXIX
INTRODUÇÃO DO LIVRO
DO ESTUDANTE XLVIII UNIDADE 3: O ENFRAQUECIMENTO
DOS ESTADOS E DAS FRONTEIRAS LXIX
Orientações didáticas XLVIII
Visão geral LXIX
UNIDADE 1: FORMAÇÃO DOS Orientações didáticas LXX
ESTADOS E FRONTEIRAS XLVIII O poder para além das fronteiras
Visão geral XLVIII do Estado LXX
• Atividades LXXI
Orientações didáticas XLVIII Da Guerra Fria à nova ordem mundial LXXI
A filosofia política moderna • Mídia: Mídia e terrorismo LXXIV
e a delimitação dos territórios • Atividades LXXV
da vida social XLVIII O que é globalização? LXXV
• Atividades XLIX • Conexões: O 5G e o conflito entre China
Processos de centralização política e Estados Unidos LXXV
e de formação territorial L • Atividades LXXVI
• Atividades LIII O espaço geográfico
da ordem multipolar LXXVI
A formação do Estado-nação LIV
• Atividades LXXVIII
• Atividades LV
Indicações complementares LXXVIII
Territórios, territorialidades
e fronteiras LVI UNIDADE 4: OUTROS MODELOS
MATERIAL
• Conexões: DE DIVULGAÇÃO
As fronteiras na região DE TERRITÓRIOS LXXIX
amazônica DAeEDITORA DO BRASIL
a biopirataria LVII Visão geral LXXIX
• Atividades LVIII Orientações didáticas LXXX
Indicações complementares LVIII Os espaços sociais: territórios
e fronteiras LXXX
UNIDADE 2: A RELAÇÃO ENTRE • Atividades LXXX
OS ESTADOS NACIONAIS LIX As identidades no Brasil e os discursos
nacionais LXXX
Visão geral LIX
• Atividades LXXXIV
Orientações didáticas LX Ascensão da juventude
Os Estados Nacionais: e identidade cultural LXXXIV
tratados e conflitos LX • Atividades LXXXV
• Atividades LXI Diferentes territorialidades no mundo
Imperialismo, nacionalismos contemporâneo LXXXVI
e as guerras mundiais LXI • Atividades LXXXVII
• Atividades LXV • Pesquisa: A construção e os limites
do bairro: ocupação e memórias LXXXVIII
Relações imperialistas no capitalismo
moderno LXVI Indicações complementares LXXXVIII
• Atividades LXVI Referências bibliográficas LXXXIX
XLI
INTRODUÇÃO
Neste volume são desenvolvidas discussões sobre os significados dos conceitos de território, fronteira
e espacialidade, destacando a polissemia desses termos, além de uma discussão em quatro contextos
diferentes: a formação do Estado nacional, a relação entre esses Estados, as relações de poder e as
territorialidades sociais.
A apresentação e discussão desses conceitos se articulam com a competência específica 2 da
BNCC e das habilidades EM13CHS201, EM13CHS202, EM13CHS203, EM13CHS204, EM13CHS205
e EM13CHS206.
A referida competência tem como centro organizador o objetivo de formar a subjetividade do estu-
dante, para que ele seja um agente social capaz de perceber, tematizar, discutir e se posicionar perante
os diversos desafios e situações, a partir da compreensão qualificada dos processos societários obje-
tivos que constituíram o espaço de relações das variadas e diferentes formações culturais e nacionais.
Nesse sentido, essa subjetividade tem de ser capacitada a entender e apreender o jogo das determi-
nantes históricas da ocupação espacial por dada comunidade, tanto naquilo que se apresenta como
traços comuns a outras, quanto, e principalmente, no que se refere a elementos e relações sociais que
constituem a peculiaridade da sociedade em questão.
A utilização de mediações e situações educativas objetiva o desenvolvimento de capacidades que
permitam ao estudante apreender as relações ampliadas pelo intercâmbio social, que tende a engen-
drar um contexto de relações nacionais e internacionais cada vez mais complexo. Visa também à
compreensão das principais implicações para a vida social, em geral resultantes do incremento dos
processos tecnológicos, bem como à apreensão crítica da dimensão territorial como algo além das
fronteiras geográfico-políticas. A territorialidade como um resultado processual que depende da arti-
culação das diversas condicionantes da vida social.
Nesse sentido, o conteúdo pretende estimular o estudante a compreender processos de configura-
ção político-social da territorialidade nacional moderna, impactos do desenvolvimento tecnológico
sobre as relações políticas e sociais, relações de poder em diferentes tempos e espaços e diferentes
sentidos sociais de territorialidade.
Diante dos objetivos acima enunciados, espera-se incentivar os estudantes a apreender o jogo das
determinantes históricas da ocupação espacial por dada comunidade. O sentido do conceito de ocu-
pação territorial abrange, aqui, tanto o que se apresenta como a construção das fronteiras nacionais
quanto, e principalmente, com referência a elementos que constituem a demarcação de limites e cir-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
cunscrição estabelecida pelas relações sociais, em seus diversos níveis.
DA Assim,
EDITORA DO BRASIL
por meio da abordagem histórica, busca-se levar o estudante a compreender o espaço como
um produto histórico, resultado de ações diversas dos grupos humanos no tempo. Fronteiras e territó-
rios são assim desnaturalizados, possibilitando um questionamento sobre os significados historicamente
atribuídos a eles, as relações de poder que eles expressam e os desdobramentos sociais que acarretam,
especialmente nas dinâmicas de pertencimento e marginalização. O reconhecimento dessa caracte-
rística do espaço como uma construção histórica é fundamental para o entendimento de si e dos outros
como agentes produtores do meio e, mais além, para a criação de uma consciência crítica sobre como
produzi-lo.
Aspectos da História Geral são abordados nesse volume de forma combinada à História do Brasil,
destacando eventos e processos de caráter global e local e suas intersecções. Demonstra-se, por
exemplo, desde as semelhanças na formação dos territórios e fronteiras dos Estados modernos até
a generalização dos impactos da globalização nos contextos macro e micro. A ocorrência de guerras
no século XX, que envolveram impérios, países e colônias, é abordada em meio a essas discussões,
promovendo o entendimento de fenômenos como o expansionismo, o nacionalismo e o imperialismo.
XLII
Para a compreensão da construção do espaço brasileiro, mais especificamente, destacam-se os
processos de formação do território nacional e as iniciativas voltadas ao estabelecimento de uma iden-
tidade brasileira. Desse modo, o conceito de território é analisado historicamente tanto por sua expres-
são mais clássica, isto é, político-espacial, como pela mais ampla, presente nas territorialidades
produzidas pelos grupos sociais em seu modo de vida cotidiano. O tema contemporâneo transversal
da pluralidade cultural emerge da abordagem dessas territorialidades e identidades múltiplas que
marcam o processo de construção da nação brasileira.
A análise de territórios e fronteiras segundo dinâmicas e categorias específicas, conforme expli-
cita a habilidade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, efetiva-se neste volume pela mobiliza-
ção das habilidades EM13CHS203, EM13CHS204 e EM13CHS206. Sob a perspectiva geográfica,
propõe-se a reflexão acerca do sentido e da dinâmica dos territórios no mundo contemporâneo,
permeado por processos de luta, ruptura e permanência, tendo por base, por exemplo, a impor-
tância de acordos e convenções internacionais para a definição de fronteiras, as várias dimensões
existentes no território e os movimentos e contradições que se relacionam aos territórios e às
fronteiras, como as dinâmicas migratórias. De modo a propiciar o trabalho com temas transversais
contemporâneos, como meio ambiente, quando se fala de biopirataria e tráfico de fauna e flora,
por exemplo, o volume colabora para importantes reflexões acerca de processos e dinâmicas em
curso no mundo atual.
Mapa do ensino
Veja a seguir de que modo se articulam os temas contemporâneos, as competências e as habili-
dades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os objetivos e as justificativas de cada unidade
do livro, assim como qual é o perfil do professor indicado para tratar com cada um dos segmentos
da obra.
UNIDADE 1
OBJETIVOS
O objetivo da unidade é possibilitar a compreensão de como se dá o processo de formação dos
Estados e fronteiras por meio da análise de alguns exemplos em diferentes momentos históricos. Com
base nesse processo, o estudante poderá analisar criticamente o papel que as principais nações exer-
cem no cenário geopolítico. Ele também terá uma compreensão mais aprofundada de como ocorreu a
formação do Estado brasileiro e sua configuração territorial atual.
JUSTIFICATIVA
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Território e fronteira são dois conceitos amplamente utilizados na área de Ciências Humanas. Eles
DA EDITORA DO BRASIL
são fundamentais para a compreensão da organização espacial, social e política de um lugar. A proposta
da unidade possibilita a compreensão desses conceitos por meio do trabalho com diversas linguagens,
como textos, fotografias, gráficos e obras de arte, e amplia a capacidade do estudante de se colocar
criticamente no mundo, permitindo a identificação de diferentes fatores que influenciam o dia a dia e
impactam diretamente seu cotidiano.
Competência específica de
Competências gerais da Tema contemporâneo
Ciências Humanas e Sociais Habilidades
Educação Básica transversais
Aplicadas
•• EM13CHS203
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, •• Educação ambiental
2 •• EM13CHS204
9 e 10 (Meio ambiente)
•• EM13CHS206
XLIII
PERFIL DO PROFESSOR
A FILOSOFIA POLÍTICA MODERNA E A DELIMITAÇÃO DOS Sugere-se que o professor tenha formação em Filosofia, pois
TERRITÓRIOS DA VIDA SOCIAL nesse momento da unidade são apresentadas algumas
•• Thomas Hobbes e a defesa do poder absoluto ideias de Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau, filósofos
•• John Locke e o contratualismo liberal contratualistas fundamentais para a Filosofia Política
•• Montesquieu e o espírito das leis moderna.
•• Rousseau e a política do contrato
PROCESSOS DE CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA E DE FORMAÇÃO Sugere-se que o professor tenha formação em História, pois
TERRITORIAL nesse momento a unidade apresenta alguns processos
•• Mudanças políticas na Europa históricos, como a formação de Estados absolutistas e o
•• Formação dos Estados absolutistas: França e Inglaterra processo de interiorização da América Portuguesa.
•• Processo de interiorização da América Portuguesa
•• Expansão e manutenção territorial na América Portuguesa
•• O Brasil Império e a política de unidade territorial
UNIDADE 2
OBJETIVOS
O objetivo da unidade é aprofundar o estudo da relação entre os Estados Nacionais iniciado na uni-
dade anterior. Esse aprofundamento é iniciado com a apresentação de ideias de Kant e Hegel, impor-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tantes filósofos políticos dos séculos XVIII e XIX. Em seguida, o imperialismo e diferentes manifestações
DA EDITORA DO BRASIL
de nacionalismo são discutidos no contexto das guerras mundiais. Esse escopo logo é ampliado e é
proposta uma reflexão sobre o imperialismo no capitalismo. Por fim, é realizada uma análise das dinâ-
micas populacionais. Esse trabalho possibilita um amplo debate sobre temas contemporâneos, como
transição demográfica, Divisão Internacional do Trabalho (DIT) e refugiados ambientais.
JUSTIFICATIVA
O trabalho proposto nessa unidade é fundamental para que o estudante seja capaz de analisar e
caracterizar fatores que têm grande importância na vida dos grupos humanos, como condições socioe-
conômicas e políticas públicas. São fatores como esses que podem levar pessoas a se deslocarem de
um país para outro, por exemplo. Com o desenvolvimento da capacidade de compreensão e posicio-
namento crítico em relação a esses processos, o estudante será capaz de tomar decisões alinhadas
com seu projeto de vida de maneira assertiva.
XLIV
PERFIL DO PROFESSOR
OS ESTADOS NACIONAIS: TRATADOS E CONFLITOS Sugere-se que o professor tenha formação em Filosofia, pois
•• Kant e a paz perpétua a unidade é iniciada com a apresentação da Filosofia Política
•• Hegel: entre a paz e a guerra dos séculos XVIII e XIX, destacando ideias de Kant e Hegel.
IMPERIALISMO, NACIONALISMOS E AS GUERRAS MUNDIAIS Sugere-se que o professor tenha formação em História, pois
•• Os nacionalismos a unidade discute o imperialismo e diferentes manifestações
•• Primeira Guerra Mundial de nacionalismo, no período das grandes guerras.
•• A ascensão dos regimes totalitários na Europa
•• Segunda Guerra Mundial
RELAÇÕES IMPERIALISTAS NO CAPITALISMO MODERNO Sugere-se que o professor tenha formação em Ciências
•• Internacionalismo: solidariedade entre povos e nações Sociais, pois nesse momento é proposta uma reflexão
acerca do imperialismo na sociedade capitalista.
DINÂMICAS POPULACIONAIS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO Sugere-se que o professor tenha formação em Geografia,
•• Transição demográfica pois a unidade trabalha com a análise das dinâmicas
•• Estrutura etária e políticas públicas no Brasil populacionais e discute temas como transição demográfica,
•• Crescimento e distribuição populacional pelo mundo Divisão Internacional do Trabalho e refugiados ambientais.
•• Fluxos migratórios mundiais
•• As migrações e o trabalho
•• As migrações e as relações internacionais
UNIDADE 3
OBJETIVOS
A unidade aborda o período que vai da Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje. Esse percurso
foi proposto com o objetivo de possibilitar um aprofundamento na discussão sobre o enfraquecimento
dos Estados e fronteiras. O mundo bipolar da Guerra Fria é analisado sob essa ótica, com destaque para
os conflitos e guerras por procuração, nome dado aos confrontos bélicos indiretos que houve entre
Estados Unidos e União Soviética nesse período. O surgimento de um mundo multipolar pós-guerra Fria
é analisado profundamente, com todas as suas idiossincrasias e contradições. A internet e seu papel
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
nessa nova organização mundial também são analisados aqui.
DA EDITORA DO BRASIL
JUSTIFICATIVA
Essa unidade é importante para que o estudante compreenda melhor o mundo contemporâneo e as
relações que se dão entre as nações nessa realidade fragmentada e multipolarizada. Nesse processo,
são discutidos temas fundamentais para a compreensão dos diferentes papéis que agentes globais
desempenham na economia, na política e na cultura. É muito importante ser capaz de analisar a rede
internacional de relações possibilitada pela globalização e pelos diversos avanços comunicacionais que
permitem uma interação instantânea entre diferentes partes do globo cujas consequências impactam
diretamente o cotidiano de todos.
XLV
PERFIL DO PROFESSOR
O PODER PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS DO ESTADO Sugere-se que o professor tenha formação em Filosofia,
•• Michel Foucault e as tecnologias do poder pois a unidade é iniciada com uma discussão sobre os
•• Gilles Deleuze e a sociedade de controle conceitos de biopolítica, de Michel Foucault, e sociedade
de controle, de Gilles Deleuze.
DA GUERRA FRIA À NOVA ORDEM MUNDIAL Sugere-se que o professor tenha formação em História,
•• A oposição entre Estados Unidos e União Soviética pois nesse momento a unidade apresenta um panorama
•• Conflitos e guerras por procuração histórico que vai da Guerra Fria à Nova Ordem Mundial e
•• A Guerra Fria e as ditaduras latino-americanas ao mundo multipolar.
•• O começo do fim da Guerra Fria
•• O que é o terrorismo?
UNIDADE 4
OBJETIVOS
Essa unidade propõe uma reflexão sobre outros modelos de território, indo além das marcações tradi-
cionais de fronteira. Aqui são apresentadas, portanto, territorialidades ligadas a identidade e pertencimento
que podem ser encaradas como formas de luta e resistência por diferentes grupos. A unidade apresenta
também o processo de construção da identidade nacional no Brasil, discutindo os mitos das três raças e
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
do homem cordial, além de políticas de branqueamento. Um dos fatores que ajudaram na construção da
identidade brasileira são os diversos movimentos artísticos que ocorreram no Brasil, especialmente no
DA EDITORA DO BRASIL
século XX. Ainda sobre o Brasil, são discutidos os territórios tradicionais, de povos quilombolas, indígenas
e outros, cujas territorialidades são delineadas com base nos conhecimentos e práticas desses grupos.
JUSTICATIVA
A proposta da unidade é possibilitar a identificação de projetos ligados à construção dos símbolos
da pátria e a busca por representações do povo brasileiro em geral, sem deixar de discutir e propor uma
reflexão sobre os povos tradicionais que vivem em nosso território e qual é o papel do Estado em rela-
ção a eles. Por meio de um conhecimento aprofundado sobre as próprias raízes e os laços de identidade
e pertencimento que foram construídos ao longo do tempo, o estudante será capaz de tomar decisões
de maneira cidadã, embasadas em princípios inclusivos e solidários, respeitando os Direitos Humanos.
Essa proposta de abordagem apresentada na unidade também possibilitará que ele argumente em
favor de práticas que respeitem esses princípios.
XLVI
PERFIL DO PROFESSOR
Cronograma
Para trabalhar com os conteúdos indicados anteriormente, sugerimos que este livro seja desenvol-
vido ao longo de um semestre. Porém, trata-se apenas de uma sugestão de trabalho, adapte-a de acordo
com as determinações de carga horária de sua escola e currículo estadual, e da realidade e dos inte-
resses dos estudantes.
XLVII
JR, que poderiam ser usados para limites que eles não
INTRODUÇÃO DO LIVRO conseguiram justificar: por exemplo, se gostariam de
DO ESTUDANTE ter acesso ao pátio no intervalo e não têm.
XLVIII
P. 15 P. 18
XLIX
bem comum, o qual corresponde à vontade geral da feudais, o que modificou as relações de forças políticas na
sociedade. É importante destacar que essa vontade Europa na passagem para a Idade Moderna.
não é o desejo de cada pessoa ou grupo tomado indi- É importante trabalhar com os estudantes os motivos
vidualmente, nem um somatório de diversas vontades para o enfraquecimento da nobreza, que havia sido a
particulares. O princípio teórico-ideológico que norteia principal envolvida nas Cruzadas e na Guerra dos Cem
o desenvolvimento conceitual de Rousseau é o que Anos e encontrara seus domínios abandonados pelos
podemos denominar hoje de “interesse do público”. camponeses ou imersos em convulsão social. Nas
5. São eles: soberania exercida e derivada do corpo social; jacqueries, que tomaram a França do século XIV ao XVII,
a lei tendo por fundamento a garantia dos direitos indi- os camponeses revoltosos agiam de maneira violenta
viduais: pessoalidade e cidadania; a repartição do poder contra os nobres, a exemplo do que ocorreu na revolta
político exercido entre diferentes instâncias autônomas dos Pitauts e na dos Croquants. De maneira geral, o cená-
e de igual peso; o monopólio legal da coerção perten- rio de fome e de altos impostos motivava formas de orga-
cente ao Estado; a representatividade na soberania. nização campesina que questionavam os fundamentos
da ordem estamental vigente no feudalismo. Tanto o
Pensamento computacional
pagamento de taxas aos nobres quanto o dízimo devido
Os estudantes terão a tarefa que identificar demandas
à Igreja eram alvo de contestação.
reais de um país, Estado ou cidade para compreender o
que a população espera do governo local e como essas Explique aos estudantes que, apesar de suas especifi-
demandas são solucionadas ou, ao menos, levadas em cidades temporais e regionais, historiadores como Perry
consideração pelas autoridades. A atividade fornece os Anderson identificaram processos que ocorreram em dife-
macroproblemas que os estudantes deverão decompor rentes países, como a formação dos exércitos, elemento
em problemas menores. fundamental para a manutenção do território e do poder
dos monarcas. Somente um corpo armado e profissionali-
P. 20 zado poderia assegurar a proteção contra ameaças internas
e externas ao território nacional em formação. E, para isso,
Processos de centralização política e de era preciso unificar e organizar a arrecadação de impostos
formação territorial por meio da estruturação de uma máquina estatal.
Ao introduzir a reflexão sobre os coiotes e a travessia do Sugere-se problematizar a relação da Igreja com os
México aos Estados Unidos, sugere-se chamar a atenção dos Estados modernos. Enquanto a nobreza e a burguesia
estudantes para a imagem e que situação da atualidade ela viam sobretudo vantagens na centralização do poder
representa. É possível que eles tenham tido contato com esse monárquico, a Igreja tinha seu poder ameaçado nesse
assunto por meio de noticiários recentes, que reproduzem um processo, uma vez que, até aquele momento, era a ins-
ponto de vista sobre a migração irregular. Utilize esse momento tituição política mais abrangente e poderosa da Europa.
para verificar os conhecimentos prévios da turma e propor um A saída encontrada para isso foi a aliança entre os
olhar crítico para a maneira como essa questão contemporâ- monarcas e a Igreja: enquanto as autoridades eclesiás-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
nea é usualmente abordada pela mídia e pelas autoridades. ticas endossavam o poder dos reis, conferindo-lhes
DA EDITORA DO BRASIL
Na sequência, cabe questionar os motivos que levam indi-
legitimidade perante os súditos, permaneciam relevan-
tes no âmbito dos Estados Nacionais, mantendo seus
víduos e famílias a contratar os serviços dos coiotes e o que a
privilégios e sua influência sobre a população. Se con-
fronteira e o território dos Estados Unidos significam para eles.
siderar válido, retome com os estudantes as ideias dos
Nessa reflexão inicial se pretende sensibilizar os estudantes
teólogos franceses Jacques Bossuet e Jean Bodin na
aos conceitos centrais do estudo das próximas páginas. Orien-
justificação do poder divino dos reis, as quais deram
te-os a observar como a fronteira e o território são operados
sustentação às monarquias absolutistas.
na inclusão e na exclusão de pessoas e quem são as pessoas
geralmente sujeitas a cada um desses processos. No caso da Inglaterra, poderes religioso e político pas-
saram a ser reunidos em uma só autoridade após a insti-
P. 20-21 tuição da Igreja Anglicana. O rompimento com a Igreja
Católica, instituição que implicava limitações ao poder real,
Mudanças políticas na Europa levou à criação de uma igreja nacional protestante e a uma
Pode ser proveitoso retomar com os estudantes aspec- longa perseguição aos fiéis católicos.
tos ligados à Baixa Idade Média, principalmente o processo Cabe observar ainda que, naquele momento, não havia
de desestruturação do feudalismo, marcado pelo renasci- a noção de pertencimento ao território, mas a identidade de
mento comercial e urbano, pelas guerras internas e externas súdito de determinado governante. Assim, o que mobilizava
à Europa e pelas epidemias de peste negra. Esse contexto a união entre os indivíduos como povo não eram os elemen-
deve ser relacionado ao processo de concentração política tos em comum, o território incluso, mas a referência no
nas mãos dos monarcas em detrimento dos senhores monarca e na dinastia real. Posteriormente, no século XIX,
L
a eclosão de movimentos nacionalistas após a Revolução estudantes que ela durou de 1485 a 1603, quando foi suce-
Francesa viria a delinear a ideia contemporânea de nação. dida pela Casa Stuart. O auge do absolutismo inglês se deu
nesse período, especialmente no reinado de Elizabeth I,
P. 21-22 chamado de “A Era de Ouro da Inglaterra”.
Formação dos Estados absolutistas: França Logo após ascender ao trono, a rainha promulgou dois
atos que contribuíram para fortalecer seu poder: o Ato de
e Inglaterra
Uniformidade e o Ato de Supremacia, e assim se tornou a
Nesse tópico são estabelecidas relações entre a Guerra autoridade maior da Igreja da Inglaterra. Nesse momento,
dos Cem Anos e o fortalecimento das monarquias e exér- a marinha naval britânica ocupava o lugar de mais poderosa
citos da França e da Inglaterra. Esclareça que o estopim do mundo, o comércio marítimo conferia grandes lucros à
dos conflitos se encontra nas disputas entre as dinastias burguesia e iniciou-se a colonização da América. Se con-
Plantageneta, da Inglaterra, e Valois, da França, pelo trono siderar válido, relembre com os estudantes o processo de
francês. Após a morte do rei Carlos IV, o rei inglês, Eduardo formação das Treze Colônias, que deram origem aos atuais
III, reivindicou o trono em razão de sua linhagem materna, Estados Unidos da América, apontando as diferenças na
mas foi preterido em favor de Felipe IV. Após cerca de dez ocupação dos territórios localizados ao Norte e ao Sul.
anos de Felipe IV no poder, com o consentimento de
Eduardo III, a interferência do rei francês na guerra entre P. 23
a Inglaterra e a Escócia despertou antigas rivalidades e
deu início à Guerra dos Cem Anos. Estados modernos na Península Ibérica
O entendimento dos Estados modernos envolve a Destaque com os estudantes o fato de os países da Penín-
Guerra dos Cem Anos por diversos fatores. Em primeiro sula Ibérica terem sido os primeiros a dar início ao processo
lugar, a monarquia e a nobreza da França e da Inglaterra de centralização monárquica, tendo em vista as especifici-
passaram por grandes transformações nesse período, dades da região e a união dos reinos de Castela, Leão,
delineando as dinâmicas de poder que marcaram a tran- Navarra e Aragão para expulsar os mouros. Comente que as
sição do modelo feudal para a formação estatal. O poder investidas cristãs contra a ocupação muçulmana estão inse-
real foi fortalecido e as relações entre governantes e ridas no contexto das Cruzadas, quando a Igreja Católica
súditos foi alterada. É pertinente esclarecer, no entanto, coordenou ações de reconquista de territórios dominados
que enquanto os reis franceses impunham seu poder pelo Império Muçulmano. É importante que observem que
absoluto e baseado na fé, na Inglaterra o rei era o repre- a Igreja Católica teve papel essencial na configuração dos
sentante da lei. No primeiro caso, foi estabelecida uma reinos ibéricos e se manteve forte e presente na região.
monarquia absolutista e, no segundo, uma monarquia Se considerar válido, esclareça aos estudantes que,
constitucional. durante a Alta Idade Média, a Europa Ocidental estava frag-
A guerra servia aos reis como forma de provar sua força mentada em feudos, em razão do desmantelamento do
e autoridade, além de estender seu poder para novos ter- Império Romano do Ocidente, enquanto a Europa Oriental
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ritórios. Os nobres cavaleiros medievais, por outro lado, era dominada pelo Império Bizantino, e o Império Muçul-
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tiveram seu papel social ameaçado durante a Guerra dos mano tinha forte presença no Mediterrâneo. Ao observar a
Cem Anos – em razão das derrotas que sofriam nas bata- história medieval por uma ótica não eurocêntrica, pode-se
lhas, esse setor era culpado por não proteger o povo dos constatar que o período viu um esplendor dos povos orien-
ataques inimigos. Além disso, conforme a baixa nobreza e tais e que esses ocupavam amplos territórios com forte
o campesinato participavam das guerras lado a lado, e organização política. Essa perspectiva deve contribuir para
podiam provar seu valor no campo de batalha, as hierar- a compreensão das diferentes temporalidades dos grupos
quias sociais se enfraqueciam. humanos e da complexidade da relação entre sociedades,
territórios e poder político na Idade Média.
Outro fator a ser considerado é a formação de exércitos
permanentes leais aos reis durante a Guerra dos Cem Sugere-se também trabalhar a sequência de mapas da
Anos, que pode ser vista como elemento fundacional dos página, que revelam a configuração territorial da Península
exércitos modernos. Se considerar válido, converse com Ibérica na Alta Idade Média, durante as Campanhas de
os estudantes sobre a história de Joana d’Arc, combatente Reconquista, e após a união das coroas de Aragão e Cas-
que se tornou heroína e símbolo nacional da França. tela, que conseguiu a incorporação posterior do Reino de
Granada. É importante que observem como os conflitos
P. 22 entre muçulmanos e cristãos levaram a uma reconfigura-
ção dos territórios e fronteiras, marcada inicialmente pela
A Guerra das Duas Rosas fragmentação dos territórios em reinos e posteriormente
Ao tratar da Dinastia Tudor, que foi estabelecida no trono pela unificação deles, processo que tornou o traçado geo-
inglês após o fim da Guerra das Duas Rosas, esclareça aos político semelhante ao que conhecemos hoje.
LI
P. 24 tratados (Madri, Santo Ildefonso e Badajoz). Se considerar
pertinente, aprofunde o estudo sobre esses tratados, de
Expansão marítima e a divisão da América modo que os estudantes conheçam e questionem a impor-
Comente com os estudantes que o processo de unificação tância deles na formação territorial do Brasil hoje.
precoce de Espanha e Portugal foi um fator de grande rele- Explique como os interesses da Coroa portuguesa, em
vância para esses países dessem início às Grandes Navega- especial o de achar ouro e metais preciosos em sua maior
ções. Para estimular a reflexão em torno do assunto, colônia, teve papel fundamental no processo de interiori-
sugere-se questionar por que a centralização política era fun- zação do Brasil.
damental para a expansão marítima e quais os interesses da Destaque a importância dos bandeirantes nesse processo.
monarquia, da burguesia e da Igreja nesse empreendimento. Apesar de terem sido considerados heróis nacionais durante
Ao discutir o Tratado de Tordesilhas, é conveniente des- muitos anos, em razão da construção de uma imagem relativa
tacar dois fatores que ajudam a questionar antigas pre- aos interesses das elites paulistanas nos séculos XIX e XX,
missas da historiografia. O primeiro deles é que já se tinha hoje os bandeirantes são entendidos como personagens con-
conhecimento das terras americanas, que foram repartidas traditórios, que utilizavam conhecimentos indígenas para
antes mesmo da chegada de Pedro Alvares de Cabral em adentrar o sertão, ao mesmo tempo que massacravam e
1500 na costa do Atlântico sul. O outro é que, embora escravizavam grande número de indígenas em seus percursos.
acordado por Portugal e Espanha, o Tratado não era sufi- Chame a atenção dos estudantes para o fato de que
ciente para manter outros interessados distantes do ter- esse processo de interiorização não se deu de forma rápida
ritório sul-americano. A França, por exemplo, que postulava ou simples. Explorar o interior do Brasil, com sua diversi-
a ideia de uti possidetis, passou a promover incursões pela dade natural, geográfica e étnica, foi uma aventura para
ocupação e dominação de regiões na América do Sul, como todos os que participaram das entradas e bandeiras e,
as experiências da França Antártica e França Equinocial. posteriormente, para aqueles que se deslocaram para a
Posteriormente, até mesmo os colonos das terras portu- região onde foi encontrado ouro. Após o Período Colonial,
guesas transpuseram os limites definidos no tratado. quando ocorreu esse primeiro movimento de ocupação do
interior e o estabelecimento de redes de integração regio-
P. 25-26
nal, a exemplo do tropeirismo, outras iniciativas contribuí-
ram para a definição das fronteiras no Império e na
Processo de interiorização da América
República. As fronteiras com o Uruguai e o Paraguai foram
Portuguesa
motivo de contestação e guerras no Primeiro e no Segundo
Dá-se início ao estudo de como os limites territoriais do Reinados, quando os acordos de paz incluíram o estabe-
atual Brasil foram construídos e se consolidaram, ao longo lecimento de limites claros. No Período Republicano, a
do tempo, processo que teve início durante o período colo- reivindicação de territórios do Amapá, do Acre e de
nial. Para introduzir o tema, questione os estudantes sobre Roraima, por exemplo, ocupou a agenda das autoridades
o território brasileiro atual: Será que o Brasil sempre teve brasileiras em acordos diplomáticos internacionais.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
essa disposição geográfica? Como foram definidas as fron-
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teiras do país? Como se formou uma nação de tamanho P. 26-27
continental? Houve conflitos ou a configuração geográfica
do país ocorreu de forma pacífica? A exploração do ouro e a sociedade das
É relevante levantar conhecimentos prévios dos estudan- minas
tes como esses e mostrar a eles a mobilidade e a transito- Destaque que a descoberta de ouro no atual estado de
riedade de dados que, muitas vezes, entendemos como fixos Minas Gerais provocou importantes mudanças na colônia.
e imutáveis. Reforce que nem sempre o que hoje entendemos Além da interiorização, o eixo econômico, que até então era
como Brasil foi assim, tendo em vista que essa noção de país localizado na atual Região Nordeste, foi deslocado para a
foi construída com base em acontecimentos históricos que atual Região Sudeste. Em decorrência disso, a capital da
promoveram importantes transformações no passado. colônia passou a ser o Rio de Janeiro, em 1763.
Proponha uma análise do mapa “As entradas e bandeiras O ciclo da mineração foi marcado pela cobrança de altos
e a expansão do território brasileiro” e incentive os estudan- impostos sobre o ouro por parte da Coroa portuguesa e pela
tes a exercitar a leitura cartográfica e a identificação de movi- ocupação territorial no interior de uma maneira diferente da
mentos de interiorização na América Portuguesa. Chame a que ocorreu no litoral. Enquanto a sociedade do engenho
atenção deles para a localização da linha de Tordesilhas e tinha hierarquias sociais bem demarcadas, com grande pre-
questione como a instalação de missões jesuíticas e a orga- dominância do trabalho de pessoas escravizadas, nas Minas
nização de bandeiras se comportaram em relação a ela. É houve um processo de urbanização acompanhado pela
importante que reconheçam como a ocupação avança do diversificação dos setores sociais. Conviviam nas cidades
litoral para o interior e, junto com ela, são elaborados novos mineiras escravizados, senhores e homens e mulheres livres,
LII
com diferentes condições socioeconômicas e em atividades P. 28
variadas: aquelas voltadas à mineração e às relacionadas ao
abastecimento do mercado interno e aos serviços. O Brasil Império e a política de unidade
É imprescindível tratar da questão do escravismo na territorial
região das Minas. O trabalho de exploração de ouro era feito Retome com os estudantes as principais características
em grande parte por escravizados que enfrentavam condi- e fatos ligados à Independência do Brasil em 1822: seu
ções de extrema insalubridade na busca do ouro de aluvião caráter conservador; o fato de ter sido feita por um membro
(presente nos rios) e nas construções subterrâneas em da família real portuguesa; e a manutenção do escravismo,
busca de minérios. O trabalho escravizado também foi a do latifúndio agroexportador e da profunda desigualdade
base da construção das cidades da região mineradora. Algu- social. Mesmo com a Independência, as estratégias violen-
mas dessas cidades, como Ouro Preto, ainda preservam tas para a manutenção do território permaneceram, como
aspectos arquitetônicos e urbanísticos do Período Colonial. ocorreu com a Confederação do Equador, de 1824.
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e as conjurações. Enquanto as primeiras visavam resolver Atividades
problemas locais, sem questionar o status de colônia, as
1. As principais características da formação dos Estados
conjurações foram movimentos que, além de reivindicações
absolutistas europeus foram a concentração de poder
sociais e econômicas locais, pretendiam se tornar indepen-
nas mãos dos monarcas, a formação e aumento dos
dentes de Portugal, tendo sido os primeiros movimentos
exércitos, a contenção de movimentos sociais e acor-
contestatórios nesse sentido. dos feitos entre a nobreza e a burguesia. A França, por
Explique que, durante muito tempo, a historiografia e, con- exemplo, se firmou como absolutista após participar
sequentemente, os livros didáticos usavam o termo “inconfi- da Guerra dos Cem Anos, na qual disputou contra a
dência” para se referir a esses eventos. No entanto, atualmente Inglaterra o trono francês, saindo vitoriosa graças ao
entende-se que “inconfidência”, sinônimo de traição, é um seu poderoso exército. O absolutismo francês se con-
termo relacionado à visão que os portugueses tinham desses solidou durante o século XVI com o fortalecimento do
movimentos separatistas. “Conjuração”, por sua vez, remete monarca, que, diante de disputas religiosas, tornou o
a uma associação de pessoas com uma finalidade comum, o exército permanente, e consolidou sua ligação com a
que revela um ponto de vista nacional sobre os fatos. Além burguesia e criou novos impostos.
disso, chame a atenção dos estudantes para duas questões: 2. a) Incorreto. Os países da Península Ibérica foram os
ambas as conjurações queriam autonomia regional, tendo em primeiros a consolidar Estados modernos, tendo em
vista que não havia a noção de Brasil como existe hoje; no vista o processo de expulsão, pelos soberanos cató-
entanto, havia grandes diferenças entre os segmentos sociais licos, dos muçulmanos que ocuparam a região. A
envolvidos em cada uma das conjurações e seus objetivos. expulsão dos muçulmanos fez com que Portugal e
LIII
Espanha centralizassem o poder nas mãos de seus P. 30-31
monarcas antes dos demais países da Europa, o que,
juntamente com seu posicionamento geográfico A formação do Estado-nação
estratégico, possibilitou os investimentos e a produ- O conceito de Estado-nação é apresentado como a orga-
ção de saberes que levaram à Expansão Marítima. nização política própria das sociedades modernas. A Socio-
Um empreendimento como esse só poderia ser rea- logia e a Ciência Política são mobilizadas para oferecer ao
lizado por um Estado centralizado, tanto em razão
estudante as teorias que fundamentam a natureza do
da necessidade de mobilização de recursos como
Estado moderno em suas múltiplas dimensões, política,
pelo estabelecimento de uma máquina estatal com
econômica e cultural, por meio da junção da política com a
funcionários para esse fim.
ideia de nação.
b) Correto. Ao estabelecerem alianças entre si, na forma
A Revolução Francesa, a Revolução Gloriosa e a Indepen-
de casamentos, os reis garantiam o fortalecimento
dência dos Estados Unidos são os três eventos históricos
do poder monárquico. Ao mesmo tempo, guerras
que consolidam o Estado tal como o conhecemos hoje, com
como a Guerra dos Cem Anos e as Guerras de Recon-
a burguesia sendo a classe social protagonista desse movi-
quista possibilitaram a conquista de territórios e o
mento. O Estado moderno em geral é analisado com base
fortalecimento dos reis em relação aos nobres.
em duas vertentes: a de continuidade, como uma comuni-
c) Parcialmente correto. Tanto as fronteiras como as
dade política que antecede as revoluções burguesas, sendo
estruturas dos Estados modernos são produzidas
o Estado moderno um novo formato de um mesmo modelo;
pela ação humana. Eventualmente, rios e montanhas
e a de descontinuidade, pela qual o Estado moderno é uma
são usados como parâmetros na delimitação de
organização nova na história das sociedades.
territórios, mas o traçado das divisões internas e
as margens externas aos Estados é resultado de Para iniciar a discussão, é importante levantar os conhe-
disputas e acordos políticos. cimentos prévios dos estudantes acerca das questões que
3. Resposta pessoal. Um dos objetivos da atividade é fazer perpassam o tema do Estado, em especial sua diferenciação
com que os estudantes compreendam que as fronteiras do conceito de governo. Entretanto, poder, política, partido
nacionais são construções históricas que se modificam e eleições são termos que fazem parte do universo do estu-
ao longo do tempo. Essa pode ser uma oportunidade de dante e, para avançar nesse debate, o conceito de Estado-
“desnaturalizar” o que, no senso comum, pode ser -nação é discutido ao longo da unidade, por meio de
entendido como algo imutável. Além disso, é importante diferentes abordagens.
que eles identifiquem o processo violento que deu ori- Há muitas charges produzidas nesse período, que
gem ao território do atual Brasil: a utilização e escravi-
podem ser apresentadas aos estudantes para ilustrar o
zação de indígenas pelos bandeirantes, o fato de a tota-
conflito das classes sociais e estamentos em disputa, que
lidade das revoltas e conjurações terem sido abafadas
daria origem à revolução. Um exemplo é a Pintura dos
por meio das forças oficiais, seja da Coroa ou do Impé-
franceses sobre a Inglaterra, de Jacques Louis David, 1794.
rio, e a grande quantidade de mortos, presos e degre-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
dados que lutaram por mudanças.
A imagem é uma sátira da monarquia inglesa, que aparece
4. a)
DA EDITORA DO BRASIL
Espera-se que os estudantes indiquem processos
como um monstro que oprime o povo inglês. A obra pode
ser encontrada no site do museu britânico (disponível em:
relacionados à ocupação do litoral, como o estabele-
https://www.britishmuseum.org/collection/object/
cimento da economia açucareira, e outros relaciona-
P_1882-0812-471. Acesso em: 11 ago. 2020). David foi
dos à interiorização, como o movimento da pecuária e
um importante artista francês, entusiasta da revolução bur-
o das bandeiras. A expulsão dos holandeses do Nor-
guesa e pintor oficial de Napoleão.
deste e as negociações diplomáticas entre a Coroa
portuguesa e a espanhola também podem ser men- P. 31
cionadas.
Boxe: A guerra de independência do México
b) A repressão de movimentos separatistas pode ser
As transformações políticas e sociais derivadas das
mencionada, o que contribuiu para a manutenção
da unidade territorial do Brasil, bem como as guer- revoluções burguesas influenciaram os processos de
ras da Cisplatina e do Paraguai. independência na América como um todo, inspirando as
burguesias que nasceram nas antigas colônias a formar
c) Espera-se que os estudantes identifiquem que o
novas repúblicas.
território atual é resultado de transformações em
relação ao mapa da atividade. A incorporação do O objetivo aqui é apresentar aos estudantes um diálogo
Acre, a criação do Tocantins e a transferência da entre um processo de independência e de formação nacio-
capital do Brasil para a cidade de Brasília, construí- nal latino-americano e as artes plásticas da região. Aqui
da no Distrito Federal, em meio ao estado de Goiás, foi dado destaque ao México, com a análise da pintura de
são algumas das mudanças a serem identificadas. Diego Rivera. Os casos latino-americanos são importantes
LIV
para o conceito de Estado-nação, pois a formação de uma Nicolau Maquiavel cunhou o termo “Estado” para desig-
população que agregava diferentes povos de origens dis- nar a organização política em dado território. Ele é consi-
tintas, como os indígenas, os europeus colonizadores e os derado o fundador da Ciência Política moderna, ao pensar
africanos escravizados, joga luz sobre as dificuldades o Estado tal como ele é, e não como deveria ser, desvin-
envolvidas no ideal de nação como agrupamento cultural, culando a moral e a religião das características do governo
com línguas, origens e valores comuns. para conquistar o poder.
Atividades
P. 32-35
1. a) A Revolução Francesa foi levada adiante pela bur-
Diferentes abordagens sobre o Estado guesia.
Para analisar o sentido do Estado moderno na socie- b) Os objetivos dessa revolução eram dar fim à mo-
dade, são apresentados os principais pensadores da Ciên- narquia absolutista e fundar uma república basea-
cia Política. da nos ideais iluministas.
LV
c) Historicamente, a Revolução Francesa representou mada em plurinacional, tendo em vista que o Es-
o início de uma nova era, chamada “modernidade”. tado conduz as políticas de demarcação de terras
2. O trecho da declaração dos Direitos do Homem e do por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Cidadão expressa a igualdade jurídica do pensamento
P. 38-39
iluminista. Proponha uma discussão sobre a ideia de
igualdade presente no ideário iluminista e como ele Territórios, territorialidades e fronteiras
está presente atualmente na maioria das constituições
É possível utilizar um exemplo local para destacar a sobre-
democráticas.
posição de territórios, como um bairro ou parte de um bairro
3. a) A origem da Ciência Política está em Maquiavel, prin- que é utilizado por distintos grupos sociais durante o dia e
cipalmente em O Príncipe (1513). Nessa obra, o autor durante a noite, ao longo dos dias da semana, ou mesmo
rompe com o pensamento vigente típico da Idade
onde coexistam grupos identitários diferentes. Aprofunde os
Média, de olhar o Estado como ele deveria ser num
debates sobre o território como abrigo e como recurso, res-
modelo ideal, para analisá-lo tal como ele é, separando
saltando as disputas que envolvem a manutenção das popu-
a visão religiosa da visão política.
lações tradicionais e o avanço de atividades econômicas que
b) Para Maquiavel, metade de nossas ações é gover- forçam a sua desterritorialização e, portanto, comprometem
nada pela fortuna, metade pela virtude (virtú). O sua existência. Caso julgue interessante, apresente casos
termo vem do latim, varão, e designa o agir pro- locais ou regionais.
priamente viril, varonil, ou seja, tudo que vem de
uma deliberação madura e atenta de como agir. É P. 39-40
a capacidade de leitura de mundo e de estabelecer
um plano de ação que seja capaz de mudar essa Fronteiras materiais e imateriais
realidade. Trata-se da capacidade do príncipe de Aqui, recomenda-se o aprofundamento da problemática
controlar as ocasiões e acontecimentos de seu das fronteiras invisíveis criadas pela segregação socioespacial.
governo, das questões do principado. É possível abordar casos de bairros que são largamente ocu-
A sorte individual diz respeito às circunstâncias, ao pados por imigrantes de baixa renda (a exemplo de bolivianos
tempo presente e suas necessidades. É, para o fi- no Brás, na cidade de São Paulo, e de romenos no Boulevard
lósofo, a ordem das coisas em todas as dimensões Ney, em Paris). Muitos desses imigrantes sofrem xenofobia por
da realidade que influenciam a política. Observa-se causa do nível de desenvolvimento de seu país de origem,
que a Fortuna não pode ser vista como um obstá- inferior àquele dos países onde residem, legal ou ilegalmente.
culo ao governante, mas um desafio político que Dessa maneira, os imigrantes estão sujeitos à exclusão social,
deve ser conquistado e atraído. que fere os princípios da igualdade e da dignidade humana.
c) Essa discussão pode tomar diferentes rumos. É
importante, portanto, que o estudante consiga ana- P. 40-41
lisar as questões do Estado a partir de como ele
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
funciona, na prática, e que consiga perceber quais Geopolítica e relações internacionais no
DA EDITORA DO BRASIL
são as condições dadas pelo contexto e momento mundo contemporâneo
histórico e quais são advindas da habilidade do O conteúdo sobre a formação dos Estados Nacionais
governante. pode ser retomado para uma comparação entre o papel do
4. Diferentes notícias podem ser consideradas para pen- Estado nos séculos anteriores com seu papel no mundo
sar no conceito weberiano de Estado. A violência poli- contemporâneo. É importante aprofundar as explicações
cial, por exemplo, pode ser analisada à luz do mono- sobre o funcionamento das relações internacionais no
pólio legítimo da violência pelo Estado, ou a burocracia mundo contemporâneo, que, além dos Estados soberanos,
como forma de controlar a vida dos cidadãos, como
conta com a atuação de organismos supranacionais, bas-
parte da decisão racional-legal. De forma geral, é
tante relevantes no que diz respeito às relações internacio-
importante que os estudantes consigam contrastar um
nais, inclusive na formulação de tratados e convenções.
evento contemporâneo com uma teoria sociológica,
de modo a fundamentar sua análise. P. 41-42
5. a) O Estado-nação não considera os direitos dos povos
nativos. Já no caso dos Estados plurinacionais, diver- Tratados e convenções internacionais
sas nações são reconhecidas em sua Constituição. Ao trabalhar esse tema, o conteúdo abordado anterior-
b) Espera-se que o estudante, por meio de sua pes- mente sobre o processo de interiorização da América Portu-
quisa, indique que, no caso do Brasil, pode-se guesa pode ser retomado, com o intuito de aprofundar o tema
considerar que a população indígena não tem for- da formação territorial do Brasil, já que parte dos tratados
ça política para que a Constituição seja transfor- mencionados nesse tópico faz parte desse processo.
LVI
P. 43 biodiversidade, podendo acarretar problemas tanto na origem
como no destino das espécies ilegalmente contrabandeadas.
Os Estados Nacionais e as fronteiras na RESPOSTAS
globalização
1. A captura de animais silvestres para a venda ilegal, seja
É possível retomar alguns conteúdos abordados anterior- dentro das fronteiras nacionais ou no mercado inter-
mente para contextualizar melhor as discussões sobre o nacional, bem como a biopirataria, podem causar a
mito do enfraquecimento dos Estados e das fronteiras na redução drástica de espécimes, aumentando o risco
passagem do mundo bipolar para o mundo multipolar, ou de extinção de plantas e animais onde eles são endê-
seja, na passagem dos anos 1980 para os anos 1990. É micos. Além disso, a inserção de espécies exóticas num
importante destacar que esse discurso sobre a perda de ecossistema pode causar desequilíbrio ambiental,
preponderância do Estado não ocorreu apenas devido às comprometendo a sobrevivência de espécies endêmi-
mudanças políticas do período. A emergência de um novo cas do local de destino das espécies de flora e fauna
modelo produtivo (toyotista) que propiciou a fragmentação ilegalmente adquiridas.
de cadeias produtivas pelo espaço geográfico, as inovações 2. Como o tráfico internacional de animais silvestres e a
tecnológicas que possibilitaram a gestão à distância das biopirataria ocorrem entre países diferentes, somente
filiais de empresas e o incremento do comércio internacional por meio de negociações bilaterais ou multilaterais,
também foram fundamentais no surgimento desse discurso. como a celebração de tratados, convenções e acordos
Ao discutir a atuação do Conselho de Segurança da ONU, internacionais, é possível definir normas para o combate
problematizar a concentração de poder e a falta de repre- dessas atividades ilegais, bem como punições aos cri-
sentatividade do órgão pode ser uma estratégia interessante minosos. Sozinho, um país não tem como enfrentar redes
para engajar os estudantes. Esse debate pode fazer parte criminosas que atuam também fora de seu território.
de uma discussão mais ampla sobre o papel de outras orga- 3. Quando as empresas patenteiam descobertas cientí-
nizações supranacionais nas relações interestatais, em ficas associadas à princípios ativos retirados de plantas
especial a atuação da Organização do Tratado do Atlântico e animais amplamente utilizados na vida cotidiana de
Norte (Otan), no que concerne às disputas fronteiriças. Caso comunidades tradicionais, estas ficam proibidas de
julgue interessante, proponha também um debate sobre a manter o uso e consumo das respectivas espécies, já
Organização Mundial do Comércio (OMC), dando enfoque que uma patente confere uso e exploração exclusivo
para a questão da porosidade e flexibilização das fronteiras ao seu detentor. Dessa maneira, os costumes e o modo
no contexto de intensificação do comércio internacional na de vida de uma comunidade tradicional podem ser
globalização. Como um contraponto, sugerimos que seja fortemente impactados, já que sua identidade cultural
aprofundada a discussão sobre a influência das corpora- e as atividades econômicas que desempenham estão
ções, mediante lobbies, sobre as decisões dos Estados diretamente associadas ao território e, consequente-
Nacionais e sobre a regulamentação feita pela OMC. mente, aos recursos naturais que este lhe oferece.
4. Embora a biopirataria envolva tanto espécies já conhe-
P. 44-45 MATERIAL DE DIVULGAÇÃO cidas como aquelas ainda não catalogadas pela ciên-
DAfronteiras
Conexões: As EDITORA DOnaBRASIL
região cia, à medida que abundam as espécies ainda não
identificadas nos biomas brasileiros, em especial na
amazônica e a biopirataria
Amazônia, cresce o interesse da biopirataria no país,
A seção “Conexões” traz uma proposta de aprofunda- já que essas espécies ainda desconhecidas represen-
mento e ampliação da discussão sobre os conceitos de tam um grande potencial para descobertas de princí-
território e fronteira sob a perspectiva da Floresta Ama- pios ativos que podem ter bons retornos comerciais.
zônica. Essa seção mobilizando o tema contemporâneo
transversal meio ambiente e articula a discussão com a P. 46-47
área de Ciências da Natureza, no que diz respeito à bio-
diversidade brasileira e sua importância, inclusive geo- Migrações e fronteiras
política, nacional e internacional. A proposta é viabilizar Esse é um bom momento para aprofundar as discussões
uma reflexão sobre a biopirataria e o tráfico de fauna e que distinguem as migrações voluntárias das migrações
flora, pensando nessas ações enquanto crimes ambien- forçadas, de forma que os estudantes compreendam os
tais, mas também como infração e desrespeito às ordens diversos motivos que causam os fluxos migratórios no
territoriais estabelecidas, pois tanto a biopirataria quanto mundo contemporâneo e identifiquem os principais polos
o tráfico operam na ilegalidade, não apenas violando a receptores e repulsores. Esse tema possibilita ao estudante
natureza, mas infringindo acordos e limites territoriais. aprimorar seu olhar crítico sobre aspectos políticos e eco-
É importante conduzir as discussões com os estudantes nômicos que estão no cerne das dinâmicas sociais atuais.
em sala de aula, a fim de destacar que o tráfico de animais Destaque a problemática das migrações forçadas, que
silvestres e a biopirataria colocam em risco a preservação da poderá ser debatida à luz dos direitos humanos.
LVII
P. 48-49 relevante para a pacificação de conflitos geopolíticos,
inclusive concernentes à delimitação de fronteiras, o
Atividades sucesso das negociações depende da cooperação das
partes envolvidas.
1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam
formas não institucionais de apropriação do território e 6. Espera-se que os estudantes organizados em grupos de
de conformação de territorialidades. Em espaços urba- 3 a 5 pessoas, pesquisem de forma autônoma um con-
nos, sobretudo de grandes cidades, por exemplo, é flito envolvendo questões fronteiriças: há diversos exem-
possível identificar diferentes territorialidades coexis- plos ao redor do mundo. A proposta é analisar conflitos
tindo, sejam ligadas a determinados grupos com algum envolvendo definição de fronteiras já estabelecidas e
elemento de identificação, como imigrantes que estando não os casos de povos e nações que buscam constituir
em um país estrangeiro passam a estabelecer laços de Estados Nacionais. Alguns exemplos: fronteira entre
identidade e vínculo com determinadas parcelas do Brasil e Bolívia; região da Caxemira na Ásia; fronteira
espaço, criando territorialidades. Também é possível entre Peru e Chile; entre outros.
pensar em termos de comunidades tradicionais que, se
apropriando do espaço, expressam um modo de vida e INDICAÇÕES COMPLEMENTARES
influenciam a organização desse espaço.
2. Resposta pessoal. As cidades-gêmeas podem ser o Filmes
objeto da pesquisa, pois são áreas de grande dinâmica
1798 – Revolta dos Búzios, direção de Antônio Olavo. Bra-
social, cultural e econômica. No Brasil, existem diversos
sil, 2018 (73 min).
exemplos que podem ser investigados. Espera-se que
os estudantes percebam como essas áreas envolvem Retrata a Conjuração baiana e a luta da população pela inde-
dinâmicas e relações próprias, pois tem uma forma de pendência e o fim da escravidão.
ocupação e apropriação bastante singular, que envolve
população, poder público, forças de segurança etc. A boa mentira, direção de Philippe Falardeau. EUA, 2014
(110 min).
3. Espera-se que os estudantes ponderem que, apesar
dos discursos que pregam o fim de fronteiras ou O filme mostra a trajetória de um grupo de jovens sudaneses que,
mesmo o enfraquecimento de Estados, tem se verifi- ao tentar escapar da Guerra Civil no Sudão (1983-2005), migran-
cado seu fortalecimento, sobretudo em relação à cir- do a pé para um campo de refugiados no Quênia, encontra a opor-
tunidade de embarcar num voo de ajuda humanitária e se refugiar
culação de pessoas. A globalização, enquanto processo
nos Estados Unidos da América. Ao chegar nesse país, os jovens
que vem reforçando desigualdades entre países,
são acolhidos por uma assistente social, que está disposta a aju-
regiões e pessoas, não parece apontar na direção da dá-los a ter uma vida melhor e a se adaptar a cultura do país. Es-
anulação das fronteiras, no sentido de uma abertura se é o início de uma grande amizade entre os personagens.
ampla aos fluxos, mesmo os econômicos.
4. a) Espera-se que os estudantes mencionem a relevân- Citizenfour, direção de Laura Poitras. Alemanha, Estados
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
cia que o território possui para os Estados, na Unidos e Inglaterra, 2014 (114 min).
medida em que é o território que garante a existên-
DA EDITORA DO BRASIL
cia do Estado e da nação. Ele é o suporte físico que
Documentário que aborda a política internacional e a comple-
xidade da luta pela hegemonia econômica e política, mostra
sustenta as relações sociais, políticas e econômicas o escândalo de espionagem pela NSA e como se deram os
e a reprodução da vida. encontros com Edward Snowden antes e depois de sua iden-
b) Com base no trecho, espera-se que os estudantes tidade ser revelada ao público.
comentem que a partir da apropriação do espaço,
Elizabeth – a Era de Ouro, direção de Shekhar Kapur. EUA,
os atores o territorializam. No que se refere aos
países, por exemplo, essa apropriação ocorre pelos 2007 (114 min).
agentes e instituições oficiais que legitimam o Narra as dificuldades encontradas pela rainha Elizabeth I em
território do Estado-nação. Em outras acepções, se manter no poder e as disputas religiosas do século XVI.
pode-se considerar a apropriação que grupos di-
versos fazem de determinadas parcelas do espaço, O capital, direção de Costa-Gavras. França, 2012 (113 min).
em um país, cidade ou bairro, criando territoriali- Aborda a especulação financeira e os negócios escusos pra-
dades e identidades específicas. ticados pelos bancos.
5. No âmbito dos conflitos geopolíticos, organizações
supranacionais, como a ONU – por meio de seu Con- Xica da Silva, direção de Carlos Diegues. Brasil, 1976
selho de Segurança –, buscam mediar as negociações (114 min).
entre as partes envolvidas e pactuar uma solução. Narra, de forma artística, a história da famosa afrodescenden-
Conforme destacado no exemplo descrito no texto, te que era escravizada e se tornou parte da elite de Diamantina
embora a atuação de organizações supranacionais seja no contexto do ciclo do ouro e do diamante no Brasil colônia.
LVIII
Livros a reflexão sobre as relações entre os Estados Nacionais,
tanto na modernidade como nos dias de hoje.
AYERBE, L. F. Estados Unidos e América Latina: a constru-
Nesse processo, as habilidades visadas pela aborda-
ção da hegemonia. São Paulo: Editora Unesp, 2002.
gem e exercício da reflexão filosófica podem ser objeto
O livro é composto de oito capítulos que trazem uma minu-
de estímulo e vivência. É importante que os estudantes
ciosa análise com perspectiva histórica e fontes bibliográficas
apreendam a diversidade de sentidos contida na existên-
de arquivos consultados na Agência Central de Inteligência
(CIA) e no Departamento de Estado dos EUA. cia plural dos Estados Nacionais, que expressam, por sua
vez, a multiplicidade de formas políticas de organização
BECKER, Bertha. Amazônia, geopolítica na virada do II da vida social de cada população e ao processo histórico
milênio. São Paulo: Garamond, 2006. que a constituiu.
O livro aborda a dinâmica regional amazônica, utilizando co- Além disso, são fornecidos elementos simbólicos e
mo base o conceito de fronteira, numa acepção ampla, e des- conceituais que habilitam ao estudante superar a estrei-
tacando os conflitos territoriais, presentes em variadas teza de uma visão baseada apenas em referenciais de sua
escalas geográficas e pautados na atuação de diversos atores própria cultura nacional. Capturar e apreender intelectual-
econômicos, políticos e sociais. mente a diversidade humana incentiva o estudante a rela-
tivizar noções etnocêntricas fixadas pela dinâmica social
Site na qual ele está inserido.
Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Esse exercício de crítica e autocrítica de noções abre
Refugiados (ACNUR). Disponível em: https://www.acnur. ao estudante, ademais, a possibilidade de uma compreen-
org/portugues. Acesso em: 26 ago. 2020. são mais qualificada de situações conflituosas do presente,
No site do ACNUR, é possível obter dados e informações de- possibilitando colocar em pauta uma discussão sobre
talhados e atualizados sobre refugiados, apátridas e pedidos diferentes estratégias para resolução de conflitos e ten-
de asilo político ao redor do mundo. Também é possível acom- sões. Nesse sentido, o conteúdo apresentado desenvolve,
panhar as ações da ONU para mitigar o problema das migra- também, as competências gerais 1 e 10.
ções forçadas.
As habilidades EM13CHS203, EM13CHS204 e
EM13CHS206 são trabalhadas por meio da discussão de
UNIDADE 2 processos históricos de colonização e de disputas territo-
A RELAÇÃO ENTRE OS ESTADOS riais ocorridos entre os séculos XIX e XX, os quais tiveram
NACIONAIS grande importância na atual configuração dos territórios
e fronteiras e das relações entre o Norte e o Sul global. Ao
conhecerem as justificativas ideológicas para o imperia-
VISÃO GERAL lismo, espera-se que os estudantes compreendam como
visões dualistas de civilização e barbárie, território e vazio
Essa unidade tem por referência as habilidades
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
EM13CHS201, EM13CHS203 e EM13CHS206. Exploram- cultural foram manipuladas em prol da dominação de uns
DA EDITORA DO BRASIL
-se as principais questões e alguns temas mais centrais povos sobre outros. A ocupação dos espaços e a formação
das relações internacionais, problematizando-as em refe- e dissolução de impérios são discutidas por meio das duas
rência aos elementos mais característicos da política e do Grandes Guerras, eventos que provocaram grandes reor-
Estado modernos. Em termos gerais, busca-se delinear ao ganizações no espaço geográfico e das hegemonias polí-
estudante, por meio da explicitação de conceitos deter- ticas globais.
minantes, como, a partir da modernidade, o modo de orde- Com a globalização, o mundo está cada vez mais con-
namento dos Estados Nacionais e as intricadas, complexas tectado e os processos sociais vão além dos limites nacio-
e conflituosas conexões entre eles se determinam reci- nais, aprofundando as relações entre diferentes povos do
procamente. Assim, a dimensão externa da política apa- planeta – relações que nem sempre são respeitosas ou
recerá tematizada, nas apresentações e atividades, em igualitárias. Nessa unidade, mobiliza-se também a Socio-
referência à maneira com que o Estado aparece como logia e a Ciência Politica para que os estudantes consigam
síntese dos antagonismos sociais entre classes e grupos acompanhar os diferentes processos que envolvem as
da sociedade burguesa. fronteiras que orientam e definem nossa vida em socie-
A unidade se inicia com a apresentação de teorias de dade. Busca-se mostrar como as relações entre Estados
Kant e Hegel, importantes pensadores da tradição filosófica. Nacionais estão submetidos a demandas econômicas sob
A apresentação desses filósofos tem a função de explicitar o capitalismo, e que os valores modernos e democráticos
ao estudante a conexão entre as relações sociais que fazem são enfraquecidos diante de conflitos geopolíticos.
do Estado uma necessidade e de como elas se expressam No entanto, os territórios e as fronteiras não são vazios
nas interações internacionais, fornecendo elementos para de significado e sentido, pelo contrário, eles existem
LIX
enquanto a materialização que sustenta, em seu sentido P. 51
mais estrito, um Estado, um território e um povo. Nesse
aspecto, é relevante observar as dinâmicas populacionais Boxe: Organizações atuais e os princípios de
que se desdobram sobre os territórios, analisando como os Kant
movimentos demográficos impactam relações entre Esta- Esse boxe tem por objetivo trabalhar as proximidades
dos, modificam os espaços e criam contextos culturais existentes entre a constituição dos mecanismos e espaços
diversos. De modo a favorecer uma análise geográfica das multilaterais de política internacional e a tematização das
dinâmicas populacionais recentes, olhando, por exemplo, relações entre Estados Nacionais desenvolvida por Kant.
para os fluxos migratórios, propõem-se o desenvolvimento Incentive os estudantes a refletirem sobre as relações
das habilidades EM13CHS201 e EM13CHS206 da BNCC, entre o desenvolvimento real das dinâmicas internacionais
além de favorecer a mobilização de temas transversais con- e as formulações conceituais.
temporâneos, sobretudo economia e multiculturalismo. Comente o contexto de criação da Organização das
Nações Unidas, sucedendo a Liga das Nações. É impor-
tante refletir sobre a estrutura da ONU, no que tange à
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
composição de seu Conselho de Segurança. Deve-se dis-
cutir sobre sua composição, atribuições e poderes.
P. 50-51
Por fim, pode-se promover uma discussão com os estu-
Os Estados Nacionais: tratados e dantes, na forma de seminário, tendo por base a questão:
conflitos Até que ponto as atuais organizações internacionais
Nessa unidade, os elementos da reflexão filosófica elabo- podem se encaminhar, ou não, em direção a algo parecido
rada na modernidade são abordados principalmente a partir com o vislumbrado na teoria kantiana?
da análise dos trabalhos desenvolvidos pelos filósofos ale-
P. 52-54
mães Kant e Hegel em relação aos Estados Nacionais. Os
filósofos desenvolvem de maneira peculiar os antagonismos
Hegel: entre a paz e a guerra
e conflitos do Estado moderno. Dessa forma, o estudante tem
Hegel, em contraste direto e explícito com a posição
a possibilidade de compreender a complexidade do desen
kantiana, sustenta que as nações entram em conflito para
volvimento histórico e como o desenrolar da política moderna
fazer valer os seus interesses particulares. Deve-se enfati-
pode resultar na busca do entendimento ou em conflitos.
zar que para ele não há como se estabelecer leis e tratados
P. 51 que regulem as relações internacionais, uma vez que não
há um interesse comum que congregue os diversos inte-
Kant e a paz perpétua resses nacionais. Assim, a paz ou a guerra são momentos
Os principais aspectos do pensamento kantiano acerca da coexistência dos Estados Nacionais. Incentive o estu-
do tema das relações internacionais, são explorados des- dante a perceber o “realismo político” hegeliano. Para tal,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tacando o caráter iluminista racionalista de sua concepção. proponha que pesquisem na mídia sobre as razões que
DA EDITORA DO BRASIL
A base da posição kantiana está na crença filosófica da motivam os conflitos internacionais atualmente existentes.
força da racionalidade como mediação para o estabeleci- Seria interessante promover um seminário em que os
mento de um mundo caracterizado pela liberdade e pela estudantes relacionassem a argumentação de Hegel e o
maioridade dos seres humanos. Daí, sua proposta de cons- contexto em que se dão ou se deram conflitos internacio-
tituição de uma liga de Estados Nacionais que resolveriam nais, fundamentando suas posições a respeito.
suas pendências e demandas tendo por parâmetro a lei
da razão. Nesse momento, vale retomar as tematizações P. 54
de Thomas Hobbes, sobre a guerra de todos contra to- Boxe: A carta da ONU
dos com que ele caracteriza o estado de natureza, e de Esse boxe tem por objetivo levar os estudantes a dis-
Rousseau, a respeito do que ele preconiza como a supre- cutirem o quanto as relações internacionais, apesar de,
macia da vontade geral a partir do contrato social. por um lado, serem um conjunto de relações tensas entre
Desde o término da Primeira Guerra, em 1918, a comu- formações soberanas, podem, por outro lado, também
nidade internacional, de forma semelhante à proposta por constituir um fórum de expressão para suas demandas
Kant, estabeleceu coligações entre os Estados a fim de e oposições recíprocas. Nesse sentido, a Organização das
buscar soluções de paz por meio de tratados e compromis- Nações Unidas não se constitui como um Estado acima
sos. Os estudantes poderão pesquisar a respeito da forma- de todos, mas trata-se de uma federação de Estados
ção da Liga das Nações, as nações partícipes, os princípios voltada à busca de soluções negociadas para as tensões
e os compromissos assumidos pelos seus membros e as e divergências. As soluções de conflitos acabaram por se
razões de seu malogro. constituir em uma base para a normatização acordada
LX
que orienta os casos futuros. Pode-se propor aos estu- baseou-se principalmente na estruturação de dinâmicas
dantes a seguinte questão: Afinal, a ONU está mais perto comerciais transatlânticas, com destaque para o tráfico
de Kant ou de Hegel? de escravizados e o comércio de mercadorias orientais;
na busca por metais preciosos, considerados a base da
P. 55 riqueza nacional segundo o princípio metalista; e na explo-
ração da produção agroexportadora por meio do exclusivo
Atividades metropolitano.
1. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante demonstre A expressão do colonialismo europeu nos séculos XIX
os conceitos relativos a Kant e Hegel para expressar ade- e XX teve características distintas. Naquele momento, o
quadamente as diferenças existentes entre as elabora- mercantilismo havia sido superado e a Europa passava por
ções kantiana e hegeliana. Eles devem mostrar como a transformações sociais e econômicas em decorrência da
coexistência e os conflitos internacionais dos Estados
Revolução Industrial. Chamada pelo historiador Marc Ferro
Nacionais é pensada por cada um dos autores. Em Kant,
de “colonialismo de segundo tipo”, essa expressão estava
essa reflexão é feita a partir da perspectiva de constitui-
diretamente relacionada aos ímpetos imperialistas das
ção de uma federação mundial de Estados autônomos,
nações industrializadas e às demandas do capitalismo.
que deverão resolver acordadamente suas pendências,
Impondo-se sobre os territórios africanos e asiáticos, con-
evitando ao máximo pegar em armas ou iniciar conflitos
siderados “vazios culturais” sob a ótica eurocêntrica, as
que possam ser contornados diplomaticamente.
potências conseguiam obter mão de obra mais barata,
Já de acordo com Hegel, a convivência e coexistência aumento do mercado consumidor de industrializados e
de diferentes Estados Nacionais, com suas próprias matérias-primas a custos muito baixos. Também exerciam
pretensões e demandas históricas podem normalmen- poder político sobre os territórios coloniais, configurando
te levar à guerra. O conflito é entendido como uma pos- poderosos impérios intercontinentais.
sibilidade inerente ao próprio processo de constituição
da internacionalidade moderna. Quando acordos entre De posse dessas informações, estimule os estudantes
as nações não são possíveis, o confronto é inevitável. a analisar o mapa “Partilha colonial da África e da Ásia
(1870-1914)” e identificar elementos como: os territórios
2. a) e b) Resposta pessoal. Ambas as questões aqui apre-
que foram dominados pelas potências imperialistas, quais
sentadas têm o intuito de estimular o estudante a
eram as principais forças imperialistas e suas áreas de atua-
se posicionar acerca do funcionamento das insti-
ção e os novos limites geográficos impostos pelo imperia-
tuições internacionais encarregadas, após o fim da
lismo. A observação do mapa auxilia no desenvolvimento
Segunda Guerra Mundial, de intermediar as rela-
da habilidade EM13CHS204 da BNCC. As discussões sobre
ções entre Estados Nacionais.
o imperialismo, suas justificativas culturais e seus efeitos
3. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante seja sobre as populações nativas da África e da Ásia possibilitam
capaz de expressar sua posição a partir dos conheci- o trabalho com a habilidade EM13CHS203.
mentos adquiridos sobre as causas que desencadeiam
É pertinente explicar aos estudantes que o processo de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
os conflitos e sobre a atuação dos organismos que se
colonização associado ao imperialismo europeu é geral-
ocupam das relações internacionais.
DA EDITORA DO BRASIL mente chamado de “neocolonialismo”, termo que adotamos
4. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante seja
na obra para fins didáticos. O historiador Marc Ferro, na obra
capaz de expressar sua posição a partir do entendi-
História das colonizações, sugere o uso do termo “neoco-
mento dos argumentos de Hegel e dos conhecimentos
lonialismo” na abordagem das permanências de formas de
adquiridos sobre a atuação dos organismos que se
domínio colonial após a independência de países africanos
ocupam das relações internacionais.
e asiáticos. Para Ferro, após a superação do colonialismo
P. 56-57 de segundo tipo, as potências europeias continuaram exer-
cendo influência política e econômica sobre os territórios
Imperialismo, nacionalismos e as emancipados, ação que qualifica como “neocolonial”. Ainda
guerras mundiais nessa obra, destaca-se o conceito de “imperialismo multi-
Sugere-se retomar com os estudantes o conceito de nacional”, com o qual o autor direciona a análise sobre os
colonialismo com o objetivo de caracterizá-lo no contexto processos oriundos da globalização.
do imperialismo europeu dos séculos XIX e XX. Espera-se
P. 57
que observem que o colonialismo europeu teve início no
século XV, a partir da expansão marítima, e se caracterizou Boxe: A despersonalização do colonizado
naquele momento por uma intervenção política, econô- Com base na leitura do texto, auxilie o estudante na
mica e social direta das metrópoles sobre as colônias ins- compreensão do significado de colonizado, que aparece
taladas sobretudo no continente americano. Impulsionado aqui como aquele que não tem direito à sua humanidade,
pelos princípios mercantilistas, o colonialismo moderno mas é que exilado dela pelas dinâmicas da colonização.
LXI
RESPOSTAS Itália manteve-se ao longo da era Moderna como uma
região composta de diversos reinos e repúblicas indepen-
a) De acordo com o texto, o colonizador usufrui de
dentes e com grande diversidade étnica e cultural.
todas as vantagens a partir do momento em que
se beneficia de todos os direitos negados ao colo- Para aprofundar este tópico, cabe mencionar a onda
nizado. Exemplo: “[..] se pode beneficiar-se de mão nacionalista que se manifestara a partir de 1820 em dife-
de obra, de criadagem numerosa e pouco exigente, rentes regiões da Europa, reflexo dos ideais liberais da
é porque o colonizado é explorável impunemente Revolução Francesa. Nos reinos da Itália, a dominação aus-
e não se acha protegido pelas leis da colônia; se tríaca ao Norte e a dominação francesa ao Sul, especial-
obtém tão facilmente postos administrativos, é mente na região napolitana, foram alvo de forte contestação
porque esses postos lhe são reservados e porque popular. Igualmente, as tentativas frustradas de unificação
o colonizado deles está excluído [...].” em 1830 e 1848, ano da chamada Primavera dos Povos,
b) As vantagens do colonizador para o colonizado estavam conectadas a um movimento mais amplo de levan-
significam a sua desumanização e a usurpação de tes nacionalistas e revolucionários. Guiados por uma ideia
todos os seus direitos e espaços. Quanto maior o absolutamente nova, a do Estado nacional, os rebeldes
ganho do colonizador, maior a exploração sofrida propunham a superação da fragmentação territorial e a
pelo colonizado. unificação política das monarquias e repúblicas italianas.
c) Aqui, o estudante deverá refletir sobre a condição
P. 58-59
de despersonalização e inviabilização à qual está
sujeito esse colonizado – a marca plural, onde o
Unificação da Alemanha
um se torna um coletivo homogêneo anônimo e
indissociável. Espera-se que o estudante consiga Chame a atenção dos estudantes para o fato de a unifi-
enxergar esse processo em outros contextos sociais cação territorial alemã ter ocorrido sob a égide da industria-
que não só da colonização. Um exemplo que pode lização e da guerra, conduzida por um exército forte. Esses
ser utilizado é a permanência desse olhar de “co- dados são importantes para que os estudantes compreen-
letivo anônimo” aos povos africanos, quando se dam o viés expansionista do Estado alemão e o papel pos-
perpetua a ideia de que o continente africano é terior que a Alemanha exerceu nas duas guerras mundiais.
homogêneo, não considerando as especificidades
P. 59
das diversas nações e etnias que compõem o seu
território, reflexo do olhar colonizado. Uma reflexão
Primeira Guerra Mundial
mais profunda pode ser proposta, ao comparar esse
olhar ao olhar contemporâneo às classes sociais Solicite que os estudantes leiam atentamente os três
mais baixas que costumam ser vistas como um primeiros parágrafos do texto identificando os anteceden-
coletivo indissociável, sem individualidades, o que tes da Primeira Guerra Mundial. Em seguida, comente
determina a construção de estereótipos acerca das sobre as regiões disputadas pelas potências no início do
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
mesmas: “todo periférico é bandido” ou “todo século XX, frisando que as unificações tardias da Itália e,
pobre é mal educado”, e assim por diante. em especial, da Alemanha foram fatores determinantes
DA EDITORA DO BRASIL para o investimento na indústria bélica europeia e a for-
P. 58 mação de alianças que, nesse caso, podem ser vistas como
o prenúncio da Primeira Guerra Mundial.
Os nacionalismos
Uma possibilidade didática com relação ao tema é
Você pode começar a trabalhar o tema com um levan-
construir na lousa, em conjunto com os estudantes, um
tamento dos conhecimentos prévios dos estudantes. Per-
esquema identificando os países que compõem cada
gunte o que eles entendem pelo termo “nacionalismo”. Ao
aliança militar e seus interesses. Também é importante
fim da rodada de respostas, explicite que, assim como
diferenciar a Primeira Guerra Mundial das demais guer-
outros conceitos, nacionalismo não é um termo neutro,
ras estudadas anteriormente. Destaque a tecnologia
único e entendido da mesma forma pelos indivíduos e
bélica utilizada, a quantidade de nações e pessoas
pelos países. Além disso, tanto o conceito quanto o senti-
envolvidas e como o conflito modificou, em maior ou
mento de nacionalismo foram e ainda são muito relevan-
menor grau, a economia e política de boa parte dos
tes em diversas questões políticas e econômicas.
países do mundo.
Exemplifique isso usando as duas definições diferentes
apresentadas no segundo parágrafo. P. 60-62
LXII
a guerra de trincheiras e a retomada da guerra de movi- Sobre a quebra da bolsa de Nova York e a depressão
mento com o reforço das tropas estadunidenses. Chame que se seguiu na década de 1930, saliente que houve um
a atenção para os impactos da saída da Rússia do conflito desequilíbrio entre a superprodução de bens e as expor-
e a entrada dos Estados Unidos que estava, naquele tações e empréstimos feitos para os países em reconstru-
momento, numa posição privilegiada, pois a guerra não ção no pós-guerra, o que levou à crise financeira logo após
atingiu seu território. um período de prosperidade. Conforme a economia global
Peça aos estudantes que observem o mapa da Europa tornava-se cada vez mais integrada, os impactos foram
após a Primeira Guerra e proponha uma comparação com sentidos rapidamente em outras localidades do mundo.
o do início do conflito, estimulando-os a elaborar uma aná- Com base nisso, sugere-se chamar a atenção dos estu-
lise sobre as mudanças territoriais acarretadas no período. dantes para a superação das fronteiras físicas pelas dinâ-
micas financeiras e, consequentemente, pelas crises
Explicite que uma série de tratados foi firmada ao fim
econômicas.
da guerra, sendo o Tratado de Versalhes o mais conhecido
deles. Com o Tratado de Versalhes, as potências vence- P. 62
doras pretendiam impedir o crescimento do poder bélico
e a expansão territorial da Alemanha. Os seus termos A ascensão dos regimes totalitários na
foram considerados humilhantes pelos alemães e podem Europa
ser interpretados como catalisadores dos processos polí-
Uma das principais consequências da Primeira Guerra
ticos e econômicos do país no período entre guerras. Se
Mundial foi o surgimento de propostas políticas baseadas
considerar válido, mencione e explique também os trata-
na centralização excessiva do poder político. Essas pro-
dos de Saint-Germain-en-Laye (1919), de Neully (1919),
postas ganharam a simpatia de parcelas significativas da
Trianon (1920), Sèvres (1920) e Lausanne (1923).
população, que se encontrava desiludida com a demo-
P. 61 cracia liberal e buscava soluções para o desemprego, a
inflação exorbitante e outros efeitos da crise econômica
A crise do capitalismo no entreguerras que se instalara no pós-guerra. Com isso, líderes totali-
Relacione a participação dos Estados Unidos da Amé- tários chegaram ao poder e passaram a intervir nas mais
rica na Primeira Guerra Mundial ao aquecimento da eco- diversas áreas: economia, política, cultura, modo de vida,
nomia nesse país. Enquanto os Estados Unidos etc. Apesar de todas as características negativas ligadas
despontavam como uma potência industrial, os demais aos regimes totalitários, baseados no exercício do con-
países concorrentes encontravam-se destruídos pela trole e da violência, a população de vários países via nessa
guerra e precisando de ajudas financeiras para se reerguer. nova perspectiva uma forma de melhorar suas vidas.
Cabe apontar, ainda, a relação entre a ascensão de regi-
Comente que o american way of life teve impactos para
mes totalitários e a ameaça que os comunistas represen-
além do campo econômico, modificando também a cultura
tavam para a burguesia e os setores conservadores,
e o modo de vida da população estadunidense, que passou
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
a valorizar, cada vez mais, o consumo de diferentes tipos
especialmente os ligados à Igreja Católica.
DA EDITORA DO BRASIL
de produtos em quantidades excessivas. Este modelo foi Para o aprofundamento no tema, sugere-se a leitura do
exportado para outros países por meio de veículos da artigo “Hannah Arendt e o totalitarismo como forma de
indústria cultural sendo adotado inclusive no Brasil. governo apoiada na ralé e nas massas”, do filósofo Felipe
Augusto Mariano Pires, publicado no periódico Investigação
Uma possibilidade para aprofundar o tema com os estu-
Filosófica. Disponível em: https://periodicos.unifap.br/
dantes é tratar da dimensão política desses hábitos cul-
index.php/investigacaofilosofica. Acesso em: 3 jul. 2020.
turais por meio de uma discussão sobre o conceito de soft
power. Criado pelo cientista político estadunidense Joseph
Nye, em 1990, soft power se refere ao uso da música, do O fascismo italiano
esporte, do cinema e de outras expressões culturais como Retome com os estudantes as dificuldades e crises pelas
ferramentas de atração por um país. Ao exportar seus pro- quais a Itália passou em seu ainda recente processo de uni-
dutos culturais, que contêm seus próprios valores e cos- ficação juntamente aos prejuízos acumulados ao final da
tumes, o país busca criar relações de empatia e Primeira Guerra. É pertinente comentar que, apesar das pro-
identificação com os demais, facilitando as relações diplo- messas firmadas no Tratado de Londres, em 1915, que acer-
máticas e a conquista de seus objetivos políticos e econô- tavam a colaboração italiana junto aos Aliados, a Itália não
micos. Os Estados Unidos são um grande exemplo de uso foi agraciada com os almejados territórios nas regiões dos
do softpower que, aliado ao hardpower, isto é, à imposição Bálcãs e da Dalmácia. A criação da Iugoslávia ao final do
pela força, contribuiu para tornar o país uma das principais conflito era vista com frustração pelos italianos, que tiveram
potências mundiais de meados do século XX ao atual a maioria de suas reinvindicações territoriais ignoradas, tendo
momento do século XXI. conseguido a anexação somente de Trentino e do Tirol.
LXIII
Benito Mussolini foi o primeiro líder de ultradireita a regiões das cidades. Milhares de famílias foram obrigadas
ser eleito na Europa e manejou as demandas da popula- a ocupar imóveis que haviam pertencido a indivíduos
ção por melhores condições de vida para ascender rapi- expulsos pelo regime, aglomerando-se em muitas pessoas
damente à liderança do país e colocar em prática suas dentro de um mesmo aposento. A concentração popula-
ideias baseadas na violência do Estado. O nacionalismo cional nos distritos judaicos era muito alta, chegando a
exacerbado e a noção de uma comunidade nacional abrigar cinco vezes mais pessoas que no período anterior
baseada na integração dos indivíduos, sem margem para à guerra.
a diversidade, eram algumas das características princi- Destaque a violência e os horrores ocorridos antes e
pais do fascismo. durante a Segunda Guerra Mundial contra vários grupos.
Os campos de concentração nazistas criados durante o
P. 63-64 conflito tinham condições desumanas. Muitos prisioneiros
morreram de fome, frio e doenças que poderiam ter sido
O nazismo alemão
tratadas, muitos foram obrigados a participar de experiên-
Você pode retomar a questão do Tratado de Versalhes cias voltadas ao estudo da eugenia e parte dos prisioneiros
e suas consequências para a Alemanha ao iniciar a dis- era utilizada como mão de obra escravizada para empresas
cussão com os estudantes. Em comparação ao regime que existem até hoje antes de serem exterminados. Ao
fascista italiano, o nazismo agregou o antissemitismo às observar fotos dos campos, vê-se uma disposição espacial
políticas autoritárias, com Hitler apontando o povo judeu bastante elucidativa do que ali ocorria: havia os trilhos de
como um dos responsáveis pela crise pela qual passava o trem ou as estradas por onde chegavam os prisioneiros do
país. Dizia-se que os judeus viviam bem e tinham posses, nazismo; os barracões onde eles dormiam; os blocos admi-
enquanto os demais amargavam duras condições de vida. nistrativos; as enfermarias e ambulatórios; as câmaras de
Contudo, a realidade era bem diferente, uma vez que ape- gás e os fornos de incineração. No caso de campos de
nas uma pequena parcela de famílias judias era rica. trabalho como o de Birkenau, na Polônia, havia também
Para saber mais sobre o assunto, sugere-se consultar os prédios onde os prisioneiros passavam a maior parte
a Enciclopédia do Holocausto, disponível em: https:// do dia em trabalhos forçados. No site oficial do Museu
encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/jewish-life memorial de Auschwitz-Birkenau é possível baixar um
-in-europe-before-the-holocaust. Acesso em: 26 ago. 2020. texto informativo em português e ver fotos antigas e atuais
Vítimas das consequências da guerra assim como de um dos maiores campos de concentração nazista. Dis-
outros grupos étnicos, os judeus passaram a ser dura- ponível em: http://auschwitz.org/en/more/portugese/.
mente perseguidos na Alemanha. A propaganda nazista Acesso em: 3 jul. 2020.
afirmava, sem base científica confiável alguma, a inferio-
P. 64
ridade de judeus e de outros povos (como ciganos, por
exemplo) ao mesmo tempo que exaltava as qualidades do A Segunda Guerra Mundial
grupo que denominava de arianos. Outra questão a ser
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tratada é a perseguição sistemática aqueles que não con-
Faça um esquema juntamente com os estudantes para
que eles possam identificar as características e as relações
DA EDITORA DO BRASIL
cordavam com o regime nazista, simbolizado pela criação
de força entre Aliados e o Eixo nos três momentos do con-
da Gestapo e da SS. Explique aos estudantes que, assim
flito. Explicite que a Segunda Guerra Mundial tinha também
como ocorreu pouco antes da Primeira Guerra Mundial,
uma frente no Oceano Pacífico, ligada principalmente aos
a formação da aliança militar chamada de Eixo Roma-
interesses expansionistas dos japoneses. Foi justamente
-Berlim-Tóquio, somadas à retomada da indústria bélica
essa frente de batalha que provocou a entrada dos Estados
alemã, foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.
Unidos no conflito, após o ataque de Pearl Harbor.
P. 63 A participação estadunidense foi um dos fatores decisivos
que levaram à vitória dos Aliados. Com relação a isso é pos-
Boxe: Os guetos e campos de concentração
sível também tratar da questão das bombas atômicas esta-
Por meio desse boxe, os estudantes poderão refletir
dunidenses, que não cumpriram papel no encerramento do
sobre os campos de concentração e os guetos como espa-
conflito, mas serviram de alerta para o mundo sobre o pode-
ços criados com o intuito de segregar e excluir judeus e
rio destrutivo das armas em posse dos Estados Unidos,
outras minorias consideradas indesejáveis pelo regime especialmente à União Soviética. Para aprofundar esse tema
nazista. Sugere-se exibir imagens desses locais, facil- e estabelecer uma relação com o Brasil, leia a tese “A Asso-
mente encontradas na internet, para discutir como a orga- ciação Hibakusha Brasil pela Paz e os sobreviventes de
nização espacial e a arquitetura desses locais refletia o Hiroshima e Nagasaki no Brasil”, de André Lopes Loula, sobre
esforço de sujeição e opressão desses setores. os japoneses que sobreviveram às bombas atômicas e vie-
Nos guetos, cercas de arame farpado e torres de con- ram para o Brasil. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/
trole impediam o deslocamento dos judeus para outras handle/handle/19970. Acesso em: 4 jul. 2020.
LXIV
Boxe: O diário de Anne Frank rialista, ainda que a presença europeia já fosse
Faça uma leitura do trecho com os estudantes e ques- sentida em algumas regiões africanas e asiáticas.
tione-os sobre como eles imaginam que era a vida das c) O continente africano e demais países vítimas do
crianças e jovens durante a guerra. Com base no relato de imperialismo foram transformados em áreas do-
Anne Frank, espera-se que eles observem que as crianças minadas por outros países do ponto de vista eco-
judias eram sujeitas a um cotidiano de restrições à liber- nômico e político, sendo obrigados a seguir diretri-
dade, uma vez que uma série de imposições e proibições zes relacionadas aos interesses políticos dos países
recaía sobre elas e suas famílias. É possível também fazer europeus e do capitalismo. Esses países tiveram
um trabalho interdisciplinar com a área de Literatura e suas fronteiras artificialmente criadas o que levou
aprofundar o estudo da obra. a grandes conflitos étnicos, perderam reservas de
matérias-primas, sofreram com a violência dos
P. 65 imperialistas e perderam sua autonomia política e
econômica.
Atividades 3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes iden-
1. a) No trecho, o autor destaca a visão dos colonos da tifiquem semelhanças e diferenças entre esses dois
Nova Inglaterra sobre os territórios até então deso- eventos buscando posicionar-se criticamente. Ques-
cupados por eles, tidos como “terras incultas” que tões como o expansionismo territorial da Alemanha e
deveriam ser desenvolvidas. Assim, vê-se que os de outras nações, a violência, o uso de tecnologias
colonos desconsideravam a presença dos povos bélicas cada vez mais sofisticadas, a formação de alian-
nativos naquelas regiões, consideradas “vazios” a ças, as mudanças no mapa europeu, dentre outras, são
serem preenchidos e civilizados. O avanço sobre os elementos comuns aos dois conflitos. Por outro lado,
territórios indígenas na Marcha para o Oeste foi a a Segunda Guerra se diferencia da Primeira pela pre-
concretização desse ideal missionário e etnocêntrico. sença dos regimes totalitários; a perseguição e morte
em massa de judeus, comunistas, ciganos, homosse-
b) Vê-se a noção de “missão civilizatória” presente tanto
xuais etc.; a existência de campos de concentração e
no imperialismo estadunidense como no europeu. Ao
uma política de extermínio; o uso da energia nuclear
investir-se dessa tarefa, os agentes imperialistas im-
são características que diferenciam as guerras. Esti-
punham a sua concepção de religião e de desenvolvi-
mule-os a justificar seu posicionamento com relação
mento sobre os demais povos americanos, asiáticos
à afirmação do historiador Eric Hobsbawm.
e africanos. Ao trabalhar essa atividade, sugere-se
mencionar o processo de expansão colonial para a 4. Auxilie os estudantes a fazer suas pesquisas em fontes
costa oeste do atual Estados Unidos, bem como os confiáveis: jornais e revistas conhecidos, artigos cien-
processos de conquista e compra de territórios como tíficos, teses e dissertações, revistas acadêmicas,
o Texas e a Louisiana, que contribuíram para a confi- revistas de História ou Ciências Sociais etc.
guração dos limites e fronteiras do país tal como ele é a) Sobre a Primeira Guerra podem ser citadas as
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
hoje. Outro assunto a ser pontuado é a relação dos disputas pelo território da Alsácia Lorena, os mo-
Estados Unidos com os países latino-americanos nos vimentos nacionalistas por independência nos
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séculos XIX e XX, marcada pela Doutrina Monroe, o Bálcãs e o conflito por territórios entre o Império
imperialismo de Roosevelt e a continuidade de inter- Russo e o Império Turco Otomano, entre outros
venções no continente durante a Guerra Fria, como exemplos. Já a Segunda Guerra pode ser associa-
será tratado na próxima unidade. Destaque que em da às investidas expansionistas do Eixo e à forma-
eventos como a independência de Cuba, os Estados ção de uma aliança de contenção pelos Aliados.
Unidos participaram buscando os seus próprios inte- Nos antecedentes do conflito estava a invasão de
resses políticos e econômicos. territórios da Tchecoslováquia, da Áustria e da
2. a) A charge representa sete homens brancos bem ves- Polônia pelos exércitos nazistas.
tidos. Seis deles estão sentados em volta de uma b) Podem ser apontados processos como o fim da
mesa onde há um tipo de bolo redondo onde se pode União Soviética, ao final da década de 1980, que
ler “África”, o sétimo homem, que parece maior e levou ao desmembramento em países como a
mais poderoso, está com uma faca na mão repar- Rússia, Letônia, Estônia, Lituânia, Ucrânia, Bielor-
tindo o bolo (que representa a África) em partes. rússia e Moldávia; a dissolução da Tchecoslováquia
b) A charge faz alusão à Conferência de Berlim que em 1933, resultando na divisão em República
ocorreu em 1885 na qual os países industrializados Tcheca e Eslováquia; a dissolução da Iugoslávia em
dividiram o continente africano (como representa a Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina,
charge) e outras partes do mundo entre si, determi- Sérvia, Montenegro e Macedônia; os processos de
nando as zonas de exploração de cada um. O even- independência e reconhecimento internacional
to é considerado um marco no colonialismo impe- do Kosovo. Podem ser mencionados, ainda,
LXV
processos recentes que envolvem a disputa de Além do controle econômico, estratégias politicas são
territórios na Europa Oriental, como as tensões usadas para desestabilizar governos que exercem controle
entre Rússia e Ucrânia pelo estreito de Kerch. sobre seus recursos naturais. O conceito de guerra híbrida,
com ferramentas de diferentes naturezas, é cada vez mais
P. 66-68
atual. Lawfare (uso do Judiciário para perseguição de opo-
Relações imperialistas no capitalismo sitores), financiamento de manifestações antigoverno, e
moderno sanções econômicas são algumas das ferramentas usadas
no contexto atual.
Nessa unidade, o tema das relações internacionais é
abordado para além do Estado nacional. Embora a sobe- P. 69-70
rania nacional seja um dos pressupostos do Estado
moderno, diferentes experiências históricas mostram que Internacionalismo: solidariedade entre
o poder de um Estado sobre si mesmo pode ser contestado povos e nações
e colocado sob domínio político ou econômico de outro.
A busca histórica por relações harmônicas e solidárias
Os diversos entendimentos do conceito de soberania entre os diferentes povos do mundo é chamada de inter-
nacional podem ser discutidos com os estudantes. De nacionalismo e parte do pressuposto de que problemas
acordo com um dos princípios da Revolução Francesa, a comuns atingem diferentes nações. O internacionalismo
soberania de um Estado reside no povo e em sua vontade. liberal e o internacionalismo operário são exemplos estu-
Para Hegel, a soberania é discutida na condição da unidade dados na unidade.
do Estado, para além dos indivíduos. Rousseau desenvolve
Destaque as diferenças entre os conceitos de imperia-
a concepção de que a soberania reside no contrato social.
lismo, internacionalismo e globalização, que podem ser
Na modernidade, refere-se ao poder mais elevado do
Estado. Diferenciar essa caracterização do poder absoluto confundidos pelos estudantes. É possível demonstrar as
ou autoritário pode levar os estudantes a compreender as relações de poder existente nos três processos e as dife-
diferentes configurações de poder. rentes formas de cooperação e relação. Alguns temas
ligados a diplomacia internacional, como o método de soft
Outro tema trabalhado é a desigualdade entre os países,
power, a formação dos diplomatas no Brasil, a criação e o
que se manifesta no poder dos Estados Nacionais cuja bur-
papel das embaixadas, os organismos e encontros inter-
guesia e o desenvolvimento industrial são mais poderosos,
nacionais, como os promovidos pela ONU, propiciam aos
em detrimento dos países fora do centro do capitalismo, que
muitas vezes ficam submetidos às demandas econômicas estudantes compreender como os Estados Nacionais
daqueles com maior potencial bélico e industrial. desenvolvem suas estratégias de soberania.
LXVI
P. 72 P. 77
Dinâmicas populacionais no mundo As migrações e o Trabalho
contemporâneo Aborde as relações de dependência entre os países em
Realize uma apresentação dos aspectos demográficos desenvolvimento/periféricos e os países desenvolvidos/
que serão utilizados no estudo dos tópicos seguintes, como centrais. Grande parte dos migrantes, sejam eles consi-
o cálculo das taxas de natalidade, de fecundidade e de derados como mão de obra qualificada ou não qualificada,
mortalidade, além da questão das migrações interna e tende a ser absorvida nos países de média e alta renda,
externa no saldo da população. Sugerimos um debate abastecendo o seu mercado de trabalho com profissionais
sobre a importância dos estudos demográficos no âmbito com salários reduzidos, em comparação aos salários dos
do planejamento governamental. profissionais não migrantes. Fluxos migratórios muito
intensos podem comprometer o desenvolvimento econô-
P. 72-73 mico dos países que são polos repulsores, já que a perda
de mão de obra fragiliza o mercado de trabalho local,
Transição demográfica
sobretudo quando envolve a fuga de cérebros.
É possível realizar considerações mais aprofundadas
com os estudantes sobre as implicações do processo de P. 78-79
transição demográfica nas sociedades, no geral, e sobre as
políticas públicas voltadas a cada estrato da população, em Conexões: grandes pandemias da história
específico. Apresente como exemplo dados pertinentes ao e seu impacto nas populações
Brasil e a outros países do mundo, caso seja possível. A seção tem como objetivo apresentar algumas infor-
Destaque como o conhecimento sobre os aspectos mações e dados sobre as grandes pandemias que ocorre-
demográficos é crucial para o conhecimento da população ram ao longo da história, destacando suas implicações
e para o levantamento de dados e informações que auxi- demográficas e problematizando a questão das represen-
liem no atendimento de suas demandas. tações gráficas utilizadas para exibição de dados. De modo
Comente que, apesar de haver uma redução da taxa de a mobilizar o tema transversal contemporâneo saúde, ao
crescimento populacional nas últimas décadas, há um signi- abordar as consequências de grandes pandemias na his-
ficativo aumento absoluto da população mundial, tendência tória mundial, a seção favorece um trabalho interdiscipli-
que se manterá no restante deste século, de acordo com nar com matemática ao propor a análise da evolução das
estudos da ONU (2019a, 2019b). No entanto, a dinâmica pandemias por meio das escalas linear e logarítmica, além
demográfica varia bastante entre as diversas regiões do de um gráfico de regressão.
mundo. É recomendável que essa diversidade seja abordada
RESPOSTAS
tendo em vista os distintos níveis de desenvolvimento de cada
região e país, inclusive o papel que eles desempenham a) Em todos os gráficos, o eixo vertical representa o
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
enquanto polos de atração ou de repulsão de migrantes no número de pessoas infectadas com a Covid-19 e o eixo
horizontal representa diferentes momentos nos quais
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cenário internacional. Este último aspecto será aprofundado
os dados foram coletados.
nos itens seguintes, mas é interessante já indicar sua impor-
tância dentro desse debate mais específico, sobre o cresci- b) No Gráfico 1, a curva formada pela ligação dos pontos
mento e a distribuição da população pelo mundo. é conhecida como interpolação linear, ela serve para
termos uma noção do comportamento do número de
P. 76 casos entre cada medida realizada e dar uma ideia do
comportamento geral dos dados, porém não ajuda a
Fluxos migratórios mundiais prever como a curva se comportará sobre casos futu-
Comente com os estudantes não apenas o crescimento ros. Trata-se de um gráfico com escala linear, ou seja,
do número de migrantes nos últimos anos, mas, sobretudo, os valores indicados nos eixos horizontal e vertical
o que leva as pessoas a migrar de um país para outro. crescem a uma taxa constante/proporcional.
Grande parte dos fluxos migratórios é motivado pela busca No Gráfico 2, cada trecho do eixo vertical teve o valor
por melhores condições de vida por parte de pessoas que multiplicado por 10. Essa é a principal característica
vivem em situações muito precárias, que inclusive sob que distingue um gráfico “linear” (com escala propor-
risco de morte. Migrar, nesse contexto, é uma decisão pau- cional) de um gráfico em escala logarítmica. Neste tipo
tada na busca pela sobrevivência. Portanto, é pertinente de gráfico, distâncias iguais no eixo vertical não repre-
desmistificar as migrações internacionais sob o olhar do sentam o mesmo acréscimo nos valores totais repre-
senso comum, que, por vezes, relaciona os fluxos migra- sentados. Considerando que somente o eixo vertical
tórios com decisões voluntárias, sendo que, em grande está em escala logarítmica e que o eixo horizontal foi
parte dos casos, as migrações são forçadas. mantido na escala linear, pode-se dizer que é uma es-
LXVII
cala “semilogarítmica” (ou semilog). Neste tipo de Destaque que a condição de apátrida é decorrente de
gráfico, quanto mais próximo de uma reta os dados se embates políticos no cenário global que resultam no não
apresentam, mais eles se aproximam de um compor- reconhecimento da soberania de determinados territórios
tamento exponencial, ou seja, velocidades de cresci- e respectivos grupos que compartilham uma identidade
mento distintas ao longo do tempo. Dessa maneira, nacional. Geralmente esses embates estão associados a
podemos ver que nos primeiros dias o número de ca- processos inconclusos de independência ou desmembra-
sos se multiplicou por dez numa velocidade mais ace- mento de países.
lerada, já nas últimas semanas temos uma diminuição
na velocidade de aumento dos casos. P. 83
c) O Gráfico 3, além de mostrar os pontos com dados
reais, exibe uma curva chamada regressão (ou proje-
Atividades
ção), que ajuda a ter uma ideia do comportamento 1. Quanto maior o nível de desenvolvimento socioeconô-
geral dos dados no futuro. A previsão apresentada foi mico de uma região ou território (seja um município,
calculada a partir do último período de duplicação de estado ou país), menores as taxas de natalidade, de
casos/óbitos observados. Se o país demorou cinco dias fecundidade e de mortalidade. Isso ocorre porque, por
para duplicar os casos, o modelo assume um compor- um lado, as mulheres tendem a participar mais efetiva-
tamento linear e projeta um novo intervalo de tempo mente do mercado de trabalho e têm maior acesso a
para a duplicação em cinco dias, distribuindo os casos métodos contraceptivos e ao planejamento familiar,
igualmente para esse período. O modelo é dinâmico e aspectos que culminam na maternidade mais tardia e
à medida que novas informações são adicionadas, os numa menor quantidade de filhos por mulher, fatores
cálculos são refeitos. que levam à menores taxas de natalidade e de fecun-
didade. Por outro lado, as menores taxas de mortalidade
P. 80-81 estão diretamente associadas a um maior acesso aos
serviços de saúde (públicos ou privados), à menores
As migrações e as relações internacionais índices de violência e à padrões de consumo mais ele-
Ressalte a dimensão política dos fluxos migratórios, vados, que, por sua vez, influenciam no acesso à alimen-
seja o uso das migrações como ferramenta política para tação e à moradia adequadas. Esse conjunto de fatores
mobilizar a opinião pública (geralmente com discursos propicia melhor qualidade de vida e bem-estar para a
xenofóbicos), seja o envolvimento da diplomacia na con- população, o que tende a aumentar sua expectativa de
formação de atos internacionais (tratados, convenções, vida. Dessa maneira, nas regiões com indicadores
acordos etc.) que dizem respeito à problemática das socioeconômicos mais elevados, como o Sul e Sudeste
migrações. No cerne das discussões há embates políticos do Brasil, a tendência é que a dinâmica demográfica
entre aqueles que defendem o respeito aos direitos huma- apresente menores taxas de natalidade, de fecundidade
nos (a exemplo de políticas favoráveis ao acolhimento e de mortalidade, ainda que algumas localidades fujam
digno de refugiados, asilados políticos e apátridas) e aque- um pouco à esse quadro geral, devido às suas especi-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
les que defendem uma postura conservadora que restringe ficidades; nas regiões com indicadores socioeconômicos
mais baixos, a tendência é inversa.
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o acolhimento dos mais vulneráveis e impõe a segregação
socioespacial aos migrantes. 2. Espera-se que os estudantes pontuem que, no
período entre 2010 e 2020, grande número de paí-
P. 81-82 ses teve saldo migratório positivo, ou seja, a dife-
rença entre saídas e entradas em determinado ter-
O asilo político no âmbito das relações ritório, ao passo que há importantes registros de
diplomáticas saldo negativo. Ao analisar os saldos positivos, veri-
Aprofunde o debate sobre os acordos bilaterais e mul- fica-se que Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido,
tilaterais a respeito do asilo político, uma vez que, as nor- Canadá, Austrália, entre outros, têm destaque, o que
mas internacionais regulam em quais casos um país pode se se explica, também, pelo alto desenvolvimento
acolher refugiados, quais são as garantias de proteção dos econômico desses países e as oportunidades que os
asilados nos países acolhedores, bem como as regras de imigrantes vislumbram nesses locais. Por outro lado,
repatriação. países com saldos negativos, relacionam-se à loca-
lidades em que os indivíduos enfrentam dificuldades
P. 82 econômicas ou mesmo correm risco de vida, devido
a conflitos e instabilidades políticas, como na Vene-
O impasse que envolve os apátridas zuela e em Mianmar.
Comente com o estudante o significado dostatus polí- 3. Resposta pessoal. Os estudantes podem buscar dados
tico e as limitações que os apátridas enfrentam por não e informações em sites de instituições oficiais como a
serem considerados cidadãos de nenhum país soberano. ONU e Banco Mundial. É conveniente sugerir a busca
LXVIII
pelas pirâmides etárias dos países, as quais auxiliam contexto de uma violenta guerra civil. Acompanhando os pro-
a entender e localizar a posição do país na transição tagonistas, o leitor é levado aos mais diversos cenários geo-
demográfica. gráficos e humanos, numa surpreendente jornada. O livro
está entre os dez melhores do ano de 2017, segundo o jornal
The New York Times e a revista Time.
INDICAÇÕES
COMPLEMENTARES MOLEN, Janny van Der. O mundo de Anne Frank: lá fora, a
guerra. São Paulo: Rocco, 2015.
Filmes O livro é fruto de uma pesquisa científica sobre Anne Frank, sua
família e os elementos tratados pela jovem judia em seu diário.
A lista de Schindler, direção de Steven Spielberg. Estados
Unidos, 1993 (195 min).
RODRIGUES, Luiz Cesar B. A Primeira Guerra Mundial. São
Esse é um dos mais conhecidos filmes sobre a Segunda Guerra Paulo: Atual, 1994.
que conta a história de um empresário alemão que conseguiu
As principais causas, consequências e características da Pri-
salvar vários judeus dos campos de concentração da Polônia.
meira Guerra Mundial em linguagem acessível aos estudantes.
Feliz Natal, direção de Christian Carion. Alemanha, França
Série
e Reino Unido, 2005 (116 min).
O filme é baseado em fatos verídicos quando, durante a Pri- A guerra do Vietnã, de Ken Burns e Lynn Novick. Direção de
meira Guerra, soldados franceses que celebraram a noite de Ken Burns e Lynn Novick. Estados Unidos, 2017.
Natal com seus inimigos num momento de trégua. Série documental de 10 episódios com imagens, entrevistas
e analises sobre a Guerra do Vietnã.
Filho de Saul, direção de László Nemes. Hungria, 2016
(107 min). Site
Na trama, o prisioneiro do campo de concentração de Ausch-
MigraMundo. Disponível em: https://www.migramundo.
witz, Saul, é obrigado a trabalhar na limpeza das câmaras de
com. Acesso em: 26 ago. 2020.
gás para os nazistas. Propondo um olhar inovador sobre a Se-
gunda Guerra Mundial e seus horrores, já bastante tratados Contém notícias e relatos sobre problemas vividos por migran-
na cinematografia, o filme foca a sensibilidade e a subjetivi- tes dentro e fora do país como avanços e reconhecimentos
dade das vítimas do nazismo. obtidos na questão migratória.
LXIX
a vigência de suas normas particulares, foram progres- Essa moldagem não é mediada somente pelos disposi-
sivamente deslocados dos centros decisórios. Esse movi- tivos e coerções diretamente legais. Ao contrário, nos
mento estabeleceu mecanismos internacionais de pensamentos de Foucault e de Deleuze, ela aparece como
controle e fixação de normas econômicas e sociais que conteúdo formal de toda e qualquer relação social pela
resultaram no estabelecimento de formas de descentra- qual se fixam assimetrias, hierarquias e direcionamentos.
lização estatal, ao mesmo tempo que submeteu as par- Nesse sentido, a abordagem conceitual, a discussão
ticularidades das diversas nações a modos homogêneos dos autores e as atividades propostas visam estimular o
de tratar um conjunto importante de questões. estudante a compreender criticamente a complexidade
A abordagem histórica desta unidade é centrada na do desenvolvimento histórico capitalista. Tal compreen-
Guerra Fria e seus desdobramentos em diferentes partes são possibilita o entendimento qualificado e crítico da
do mundo, desde a Guerra do Vietnã às ditaduras na Amé- realidade, da superação potencial das aparências das
rica Latina, possibilitando um aprofundamento das habi- relações e do conjunto de pressupostos e implicações da
lidades EM13CHS204 e EM13CHS206. A reconfiguração vida em sociedade.
política do mundo com a queda da União Soviética também
é abordada, incentivando o estudante a refletir sobre a P. 84-85
passagem da ordem bipolar para a chamada Nova Ordem
Michel Foucault e as tecnologias do poder
Mundial e, então, para a ordem multipolar que vivemos
hoje, e apropriar-se de processos históricos fundamentais Para Michel Foucault, o poder não tem um lugar privi-
para a compreensão do mundo contemporâneo. legiado. Ele se irradia do Estado e estabelece diversas
formas de controle social. Assim, todas as interações pelas
As transformações sociais e tecnológicas que marcam a
quais se realizam os contatos e se constroem as conexões
sociedade nos anos 1970, com o aprofundamento da globa-
sociais se constituem como espaços de exercício de poder.
lização e a adoção do neoliberalismo como política econô-
mica, são analisadas a partir de seus avanços e contradições. Deve-se chamar a atenção para a consideração funda-
A Sociologia oferece os principais conceitos desse processo, mental do filósofo francês, segundo a qual todos os indiví-
auxiliando no desenvolvimento das habilidades que permi- duos são resultados das ações que os diversos poderes,
tem ao estudante compreender o mundo contemporâneo presentes nas esferas de suas vidas, exercem sobre eles.
global e seus desdobramentos na vida cotidiana. Estimule os estudantes a refletir sobre a educação que rece-
bem em suas famílias, relacionando os seus princípios ao
A abordagem geográfica da unidade mobiliza a habili-
modo como se comportam em relação à sua postura, como
dade EM13CHS202, pois favorece reflexões e debates
se relacionam com o próximo e como acatam ou resistem às
acerca das configurações relacionadas aos fluxos de capi-
autoridades e às suas concepções sobre o mundo e a vida.
tais, pessoas e informações no mundo contemporâneo,
Sugira que eles analisem a escola, reparando em sua
focando, particularmente, na estruturação de um mundo
arquitetura e refletindo sobre como os espaços escolares
multipolar e na ressignificação das relações internacionais
influenciam no comportamento dos estudantes e profes-
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no pós-guerra Fria, considerando avanços tecnológicos,
sores. Solicite que avaliem o sentido da formação que
formação de blocos econômicos, fluxos diversos e algumas
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das crises cíclicas do sistema capitalista.
recebem: “Vocês são educados para quê?”.
Leve-os a discutir sobre os avanços científicos, as polí-
ticas sociais nas áreas da saúde e do saneamento básico,
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS os direitos trabalhistas, incentivando-os a avaliar e se posi-
cionar quanto ao entendimento de Foucault de que se trata
P. 84
de dispositivos de poder sobre a vida, ou seja, da biopolítica.
O poder para além das fronteiras
Boxe: O panóptico e a busca pelo controle
do Estado
Neste boxe, destacam-se aspectos referentes ao sistema
Esta unidade tem como tema o exercício do poder, de ordenação dos espaços e das relações que têm a cons-
que é aqui considerado em uma acepção genérica e trução do disciplinamento e o controle sobre os indivíduos
ampla, conforme algumas elaborações da filosofia do como função. Comente que o modelo adotado pelo sistema
século XX. Concebido como a força que estabelece os prisional pode ser interpretado como um verdadeiro para-
parâmetros de delimitação social, as fronteiras entre o digma do disciplinamento social efetivo. Na medida em que
adequado e o inadequado, entre o lícito e o ilícito, o poder os indivíduos são vigiados por uma instância posicionada
extrapola o âmbito do Estado. de modo a ver os prisioneiros, mas não é vista por eles, o
O poder passou a ser entendido como algo não apenas controle disciplinar se exerce não somente como um movi-
político, centrado no Estado, mas também como o exer- mento de coação externa, mas também e, principalmente,
cício de um comportamento que modela vidas e relações. de forma internalizada pelos indivíduos vigiados. Uma vez
LXX
que as pessoas não sabem se estão ou não sendo vistas, o b) Resposta pessoal. Os estudantes devem ser ca-
controle disciplinar se exerce pela mediação da opacidade pazes de enxergar e observar em sua realidade
da situação. É importante que os estudantes percebam que traços do que caracteriza o biopoder, desde a
as formas de controle são exercidas de maneira não expli- constituição de sistemas de identificação de indi-
citamente coativa, pois podem ser realizadas de modo efe- víduos e grupos até os esquemas de controle da
tivo. Discuta a analogia que Foucault faz com os espaços população, passando pelos sistemas de atendi-
escolar e de trabalho. O sistema de panóptico continua em mento e seguridade social.
vigência? De que forma? 2. Esta atividade pressupõe a compreensão e a compa-
ração dos dois conceitos estudados na unidade.
P. 85-87 Tendo isso por base, estimula-se o desenvolvimento
da habilidade de relacionar a realidade vivida com
Gilles Deleuze e a sociedade de controle o que foi estudado na teoria. Aqui, a escola como
De certa maneira, esse tópico dialoga com a temática do espaço de vivência e convivência diário se torna um
disciplinamento posta em discussão por Foucault, mas objeto de observação reflexiva, tendo por matriz as
Deleuze chama a atenção para a transformação essencial definições distintas de disciplinamento e controle.
das relações de poder. Segundo ele, essas relações não 3. Esta atividade pressupõe a mobilização de diversas
mais se vinculam a certas instâncias nas quais elas explici- habilidades. Os estudantes devem ter a compreensão
tamente se realizam, mas passam a se distribuir de maneira dos conceitos e elementos contidos no texto de
dissipada por todas as mediações, mesmo aquelas que Deleuze. A partir disso, devem ser capazes de iden-
parecem ser neutras, como as tecnologias de informação, tificá-los tanto na realidade brasileira quanto na de
comunicação e levantamento de dados, por exemplo. outros países, a fim de que se posicionem e opinem
Deve-se ressaltar que, para Deleuze, não é mais o caso em relação a eles. Por se tratar de atividade em grupo,
de disciplinamento, mas sim de controle das formas da os estudantes devem ser capazes de, individual-
interação e das mediações que as possibilitam. mente, argumentar a respeito de suas posições e
defender seus pontos de vista. Devem, igualmente,
Os estudantes devem refletir, com base nas colocações
ser sensíveis ao pensamento divergente e estar dis-
do filósofo, sobre suas atividades na internet, a captura de
postos a rever suas posições em virtude de argumen-
seus dados e o direcionamento de informações conforme
tações mais bem fundamentadas.
suas concepções e estilo de vida, hábitos de consumo e
outros. Solicite que eles pesquisem na mídia informações P. 89
sobre apropriações indevidas de dados e sobre manipula-
ção da opinião pública a partir disso. Da Guerra Fria à nova ordem mundial
Comente sobre a relação atribuída por Deleuze entre a Caso considere oportuno, liste, com os estudantes, as
sociedade de controle e a nova configuração do sistema capi- principais características do comunismo e do capitalismo.
talista. Solicite que os estudantes reflitam sobre a indução Essa diferenciação é importante para que eles entendam
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de seus comportamentos por meio do marketing direcionado. o que estava em jogo na época em questão e qual foi a
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Leve-os a avaliar suas condutas pessoais diante do novo importância das conquistas de áreas de influência pelas
panóptico produzido pela interatividade tecnológica em rede. duas potências: Estados Unidos e Rússia. Duas obras da
Coleção Primeiros Passos, publicada pela Editora Brasi-
P. 88 liense, podem ser recomendadas aos estudantes que qui-
serem se aprofundar no tema: O que é comunismo?, de
Atividades Arnaldo Spindel, e O que é capitalismo?, de Afrânio Mendes
1. a) Para realizar a atividade, o estudante deve, ini- Catani, ambas de 1980.
cialmente, compreender a argumentação de Proponha uma leitura e análise conjuntas da definição
Foucault que separa o poder da figura do Estado de Guerra Fria no trecho citado do historiador Maurício
e o remete à sociedade como um todo e a cada
Parada. Espera-se que eles notem que o conflito foi mar-
um de seus nichos relacionais particulares.
cado principalmente por uma competição de poderio
Depois, posicionar-se diante de tal argumentação,
bélico e de capacidade tecnológica. Contudo, como será
ou seja, demonstrar competência para ponderar
tratado mais adiante, estadunidenses e soviéticos enfren-
e ajuizar acerca do pensamento do autor. Afinal,
taram-se indiretamente em diversas guerras.
o poder pode ser mesmo entendido de forma tão
dispersa, ou, ao contrário, haveria uma instância Sugere-se aproveitar o momento para tratar mais
real de exercício que fosse a sua esfera por exce- detidamente sobre a chamada “conquista do espaço”.
lência? Para tanto, é necessário desenvolver a Comente que a Rússia saiu na frente na corrida espa-
competência de comparar uma elaboração con- cial ao lançar o satélite artificial na órbita terrestre, em
ceitual com a realidade vivida. outubro de 1957. A façanha chocou o mundo ocidental,
LXXI
tendo sido o primeiro passo na conquista do espaço. prevista na Carta do Atlântico, documento aprovado em
Em 1969, foi a vez dos Estados Unidos de fazer algo 1941 pelos mesmos líderes, antecessor da Organização das
jamais visto: o sucesso da missão Apollo 11, que levou Nações Unidas (ONU), órgão principal da diplomacia mun-
uma missão tripulada a pisar no solo lunar e provou dial criado ao final da guerra.
que era possível a exploração da Lua e de planetas Com a divisão da Alemanha em República Democrática
próximos ao Sistema Solar. da Alemanha (RDA) e República Federal da Alemanha
Destaque que, com o tempo, os conhecimentos sobre (RFA), a região metropolitana de Berlim foi apartada pelas
o espaço se avolumaram e as tecnologias espaciais se duas zonas de influência, separadas por um muro de 43
tornaram mais sofisticadas. De 1998 a 2011, russos e quilômetros de extensão. Tratava-se de uma verdadeira
estadunidenses colaboraram para a construção da Estação fronteira física estabelecida pelos soviéticos em meio ao
Espacial Internacional, um laboratório que conta com a espaço urbano, que impedia o trânsito livre dos moradores
presença humana permanente no espaço. Atualmente, o e alterava drasticamente o modo de vida na cidade. Após
uso de robôs e sondas têm permitido a coleta de amostras fazer a leitura do boxe, peça que os estudantes analisem
e o estudo do solo de Marte e da Lua. o mapa da cidade de Berlim e chame a atenção para o
Pode ser interessante discutir com a turma sobre a ideia traçado do Muro de Berlim, estimulando a análise dessa
de tornar a humanidade multiplanetária, que vem mobili- construção como uma divisão física e simbólica entre a
zando investimentos de algumas empresas na atualidade. Alemanha Oriental e a Ocidental. Questione também as
razões que levaram os soviéticos a erguer o muro, fazendo
Essas empresas ambicionam iniciar o turismo espacial em
com que os estudantes elaborem reflexões e análises
um futuro não muito distante. Vislumbra-se até mesmo a
sobre o assunto.
colonização da Lua e de Marte, o que levaria a alcançar
fronteiras ilimitadas: o espaço sideral. Sugere-se demonstrar para eles onde Berlim se localiza
na Alemanha e destacar que a cidade não ficava na divisa
P. 90 entre Alemanha Ocidental e Oriental, o que é comumente
assumido por alguns. Comente que, pela posição geográ-
A oposição entre Estados Unidos fica, a cidade ficaria sob controle soviético. No entanto,
e União Soviética por ser a capital da Alemanha, ela também foi dividida
Ressalte a importância da Doutrina Truman e do Plano entre as potências vencedoras da Segunda Guerra.
Marshall como estratégias fundamentais dos Estados Uni-
dos durante a Guerra Fria no combate à expansão do comu- P. 91
nismo. Naquele período em que muitos países haviam sido
Formação de alianças militares
destruídos ou empobrecidos pela guerra, os Estados Uni-
dos entendiam a necessidade de fornecer ajuda financeira É pertinente comentar com os estudantes que a Orga-
para que não tivesse motivos para se aproximar da União nização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), criada no
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Como res- contexto da Guerra Fria como um braço armado dos países
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
posta, o Council for Mutual Economic Assistance, ou Con- capitalistas para conter a expansão soviética, existe até
DA EDITORA DO BRASIL
selho para Assistência Econômica Mútua (Comecon), hoje. Sugira a realização de uma pesquisa sobre os paí-
previa acordos comerciais e o fornecimento de suprimen- ses-membros da Otan atualmente, quais são suas funções
tos, permitindo a planificação da economia dos países e em que eventos recentes a organização esteve envolvida.
envolvidos e a centralização na produção soviética. Em seguida, proponha uma discussão sobre as formas de
atuação e seus limites. Essa atividade possibilita desen-
Boxe: Divisão da cidade de Berlim volver a habilidade EM13CHS603 da BNCC.
Explique aos estudantes que a proximidade do fim da
Segunda Guerra levou os líderes das principais potências Capitalismo e comunismo:
aliadas a se reunirem em fevereiro de 1945 na cidade da o uso da propaganda
Crimeia, então parte da União Soviética. Na Conferência A proposta desse item é apresentar a situação atual
de Yalta, o presidente dos Estados Unidos Franklin Delano do capitalismo global e dos países que se mantêm
Roosevelt, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill comunistas, compreender suas diferenças e mostrar de
e o secretário-geral do Partido Comunista soviético Josef que forma a propaganda foi utilizada pelas duas potên-
Stalin, discutiram caminhos possíveis para o fim do conflito cias como forma de levar a população a apoiar o regime
e o restabelecimento da paz mundial. político estabelecido. Proponha uma análise conjunta
Como decisão das potências, o território alemão foi divi- da capa do gibi do Capitão América, estimulando os
dido em quatro zonas. Houve também a preocupação em estudantes a identificar os personagens que represen-
recompor as democracias nos países ocupados pelo Eixo e tam os soviéticos e os estadunidenses e a forma como
promover a autodeterminação política e governamental, eles foram caracterizados.
LXXII
Sugere-se também conversar com os estudantes sobre
A Guerra Fria e as ditaduras
outras produções da Guerra Fria e como elas representam
latino-americanas
os conflitos do período, valorizando suas contribuições e
estimulando o protagonismo no processo de aprendizagem Relacione a vitória da Revolução Cubana, alinhada à URSS,
ao recrudescimento da política estadunidense de intervenção
coletivo. Aproveite para ressaltar o conceito de softpower
no demais países da América, sobretudo, da América Latina,
tratado anteriormente e problematizar o uso de ferramentas
para garantir a continuidade do alinhamento desses países
culturais na disseminação de ideologias políticas. É impor-
ao capitalismo. Alguns filmes podem ser usados para intro-
tante que eles observem como os filmes produzidos por
duzir as discussões sobre a influência dos Estados Unidos
Hollywood serviam para transmitir a ideia de que os heróis
nos contextos locais, junto às Forças Armadas dos países,
estadunidenses se dedicavam a lutar contra o mal encar-
que se investiam da tarefa de afastar “o perigo comunista”.
nado em personagens estereotipados como soviéticos.
O documentário O dia que durou 21 anos, de direção de
Camilo Galli Tavares, lançado em 2012, expõe a preparação
P. 92
para o golpe de 1964 por meio de imagens de arquivo e
Conflitos e guerras por procuração entrevistas com políticos e militantes da época. Na ficção
Missing – O Desaparecido, de Costa Gavras, lançado em
Com relação à crise dos mísseis em Cuba, explique aos
1982, o Chile é representado em meio aos acontecimentos
estudantes que esse momento foi um dos mais perigosos
do golpe perpetrado por Augusto Pinochet, sem deixar de
da Guerra Fria, quando pessoas do mundo todo, de fato,
destacar o apoio dos Estados Unidos ao regime ditatorial.
se sentiram ameaçadas por um conflito nuclear. Comente
que Cuba segue sendo um país socialista até os dias de P. 94
hoje, apesar das aberturas que vem fazendo para o turismo
e comércio internacional. Os governos militares
Nesse momento, é possível construir uma linha do
Boxe: O que são “guerras por procuração”? tempo das ditaduras latino-americanas explicitando suas
O boxe tem o intuito de familiarizar o estudante ao termo particularidades. Esse trabalho pode ser feito com base
da ciência política. Além da Guerra do Afeganistão, a Guerra em uma pesquisa feita pelos alunos a respeito do assunto.
da Coreia e a Guerra do Vietnã estão nessa categoria, assim O importante é que os estudantes compreendam as carac-
como disputas recentes na Síria, onde Rússia e Estados Uni- terísticas dos regimes e relacionem os governos ditatoriais
dos influenciam grupos e lideranças locais. com as estratégias estadunidenses para manter a influên-
cia na América Latina. No entanto, elementos políticos
P. 92-93 internos de cada país fez com que cada um desses regimes
tivesse características diferentes e algumas semelhanças.
A Guerra do Vietnã Estabeleça uma relação entre a derrota dos Estados Uni-
É possível destacar como a juventude mundial lidou dos na Guerra do Vietnã com os processos de abertura
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
com o conflito. A música Era um garoto que como eu amava política na América Latina. Essa abordagem possibilita o
DA EDITORA DO BRASIL
os Beatles e os Rolling Stones pode ser considerada um desenvolvimento da habilidade EM13CHS603.
questionamento sobre a falta de sentido da guerra para
os jovens soldados que foram alistados para ir ao Vietnã. P. 95
A música é uma versão em português de uma canção ori-
Reformas e desintegração da URSS
ginal italiana gravada em 1966 por Gianni Morandi. Há
duas gravações famosas em português: uma de 1967, A potência comunista seguiu investindo na indústria
bélica. Apesar da abertura e das distensões políticas e
gravada pela banda Os incríveis, e uma de 1990, gravada
econômicas dos governos de Gorbachev e Iéltsin, a URSS
pela banda Engenheiros do Hawaii.
perdeu sua força e deixou de ser uma potência mundial
É possível ouvir uma ou duas versões da música com os diante das crises internas e do aumento do poder e da
estudantes e levá-los a refletir sobre os impactos desse e influência dos Estados Unidos. Já a queda do Muro de
de outros conflitos sobre a juventude que, de modo geral, é Berlim, numa das cidades que mais sofreu no período
obrigada a participar de guerras que não estão vinculadas pós-Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria, é
aos seus objetivos e anseios. Chame a atenção para o refrão considerado um marco simbólico do fim da Guerra Fria
composto de uma onomatopeia do som de armas de fogo. e foi protagonizado tanto por jovens da Berlim Oriental
Explique que, nas décadas de 1960 e 1970, nos Estados quanto da Berlim Ocidental. Hoje é possível saber por
Unidos e em diversos outros países do mundo, a cultura onde passava o muro graças há uma demarcação no solo
juvenil construiu várias formas de resistência à Guerra Fria da cidade, assim como partes do muro que foram pre-
e ao modo de vida dos países capitalistas, por exemplo, o servadas como forma de manter na memória coletiva
movimento hippie, os movimentos negros e feministas. um passado recente.
LXXIII
Sugere-se trabalhar com os estudantes o significado dos eventos representados nas imagens também permi-
das ações representadas nas imagens da página, promo- tem desenvolver o assunto nesse sentido.
vendo uma análise documental ee sensibilizada sobre o O tema do terrorismo pode ser polêmico entre os estu-
momento histórico retratado em cada uma delas. Espera- dantes e, por isso, é necessário um cuidado a mais na
-se que eles observem os semblantes e os gestos de mediação das manifestações da turma, possibilitando que
comemoração no momento de demolição de limites físicos todos contribuam e pratiquem a escuta. Como base para
que haviam sido impostos durante a Guerra Fria. Eles as discussões, sugere-se utilizar o comentário do embaixa-
podem reconhecer como esses limites impunham sacrifí- dor Rubens Barbosa sobre o que é o terrorismo e como
cios e sofrimentos e como o fim deles teve importância preveni-lo. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/
subjetiva e objetiva na vida das pessoas. Pode ser interes- terrorismo-como-prevenir. Acesso em: 26 ago. 2020.
sante questionar se as emoções, como as expressas nas Após a reprodução do áudio em sala de aula, solicite aos
imagens, são objetos de interesse aos estudiosos do estudantes que identifiquem o que o embaixador qualifica
colapso da URSS e do Muro de Berlim, estimulando uma como terrorismo e as principais ideias que ele defende
troca de ideias entre a turma. sobre o assunto.
P. 96-97
P. 98-99
Boxe: A História terminou?
Mídia: Mídia e terrorismo
O boxe possibilita uma discussão sobre o conceito de
História e sobre o que faria a História acabar, como suge- RESPOSTA
riu Francis Fukuyama. Após a leitura, sugere-se estimu- Esta proposta de atividade tem o objetivo de mobilizar
lar uma conversa perguntando aos estudantes se eles práticas de pesquisas relacionadas à análise de mídias
concordam ou discordam da pergunta feita no título. impressas e sociais digitais e desenvolver as competências
Espera-se que notem que as ações dos seres humanos gerais 4 e 5. Para isso, propõe-se uma discussão sobre os
são aquilo que move a História e que elas não param de modos como os diversos meios sociais de comunicação
acontecer. Ao mesmo tempo, não se pode dizer que o apreendem, abordam, expressam e traduzem elementos
capitalismo se estabeleceu como doutrina triunfante e relacionados ao terrorismo.
sem questionamentos, tampouco que os Estados Unidos
Na seção, é apresentado um gráfico que relaciona as
tenham continuado como força hegemônica. A comple-
principais causas de morte no mundo em 2017. Enfatize
xidade das disposições políticas e econômicas do pre-
o baixo número de mortes causadas por ataques terro-
sente, com o protagonismo da China, por exemplo,
ristas. A partir dessa provocação, proponha um debate
sugere uma ordem multipolar.
que aguce o olhar dos estudantes antes de eles come-
çarem a atividade de pesquisa. Veja a seguir algumas
O que é terrorismo? indagações que podem ser debatidas: “O que os estu-
Explique aos estudantes que a ONU foi criada em 1945,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
mesmo ano do fim da Segunda Guerra Mundial, com o
dantes sabem sobre terrorismo? De quais ataques os
estudantes se lembram? Quais foram as motivações
DA EDITORA DO BRASIL
objetivo principal de fortalecer a Liga das Nações e evitar políticas por trás desses ataques?”.
a ocorrência de novas guerras. A ONU atua até hoje em
Após o debate, repasse com eles como será a atividade
conflitos regionais e busca firmar princípios de um conví-
de pesquisa. Por fim, organize a apresentação dos resul-
vio pacífico e humanitário entre as nações. Daí o posicio-
tados da pesquisa de cada grupo e organize um novo
namento da entidade diante do terrorismo.
debate. Dessa vez o foco pode ser a abordagem da mídia
Há muitas diferenças entre os ataques terroristas do sobre ataques. O objetivo da atividade é estimular os estu-
fim da segunda metade do século XX e as primeiras déca- dantes a desenvolver um olhar crítico sobre a maneira com
das do século XXI, mas, em comum, podemos apontar a que eles compreendem as notícias.
violência contra políticos, militares e civis e a negação de
saídas democráticas ou pacíficas para impasses preesta- P. 100
belecidos. Chame a atenção dos estudantes para o fato
de que existem vários tipos de terrorismo e que eles ocor- Os ataques do 11 de setembro de 2001
rem em diferentes continentes e por razões múltiplas: há É possível exibir trechos de documentários e filmes para
grupos e ações ligados à religião, contra políticas de tratar a forma como os estadunidenses entendem e repre-
Estado, que visam à independência de uma região, entre sentam os ataques terroristas de 2001. Também é possí-
outros. Essa abordagem permite problematizar os este- vel relacionar esse evento como uma das consequências
reótipos que vinculam o terrorismo ao fundamentalismo da Guerra Fria e do posicionamento e das intervenções
religioso, principalmente de caráter muçulmano, alta- políticas dos Estados Unidos para além de suas fronteiras,
mente reforçados pela mídia. A observação e a discussão o que ocorre até os dias de hoje.
LXXIV
P. 101 e as atividades partem do cotidiano dos estudantes para
pensar essa relação de forma ampla.
Atividades São destacadas também as tecnologias que permi-
1. a) O texto se refere ao Muro de Berlim. Ele foi criado em tiram a integração econômica entre os diferentes países,
1961 com o objetivo de dividir fisicamente a cidade bem como os impactos políticos, econômicos e culturais
de Berlim entre áreas de influência capitalista (Berlim desse processo. Os aspectos positivos e negativos são
Ocidental) e comunista (Berlim Oriental) no contexto analisados, destacando a volta do nacionalismo em paí-
da Guerra Fria. ses desenvolvidos. Desindustrialização, cadeias globais
de produção e consumo e migração são alguns dos
b) Para ela, o Muro se assemelhava a uma “estranha
importantes fenômenos tratados, tendo em vista a con-
ferida” que cortava a cidade de Berlim e impedia
juntura contemporânea.
a livre circulação de pessoas de um lado a outro
da cidade. Converse com os estudantes sobre os objetos usados
no cotidiano e as principais tecnologias que marcam os
c) Resposta pessoal. É possível que alguns deles co-
nheçam locais semelhantes ao citado no trecho (con- séculos XX e XXI, como o automóvel e o telefone celular.
siderando as diferentes épocas e os diferentes con-
P. 103-104
textos históricos e sociais): locais em que barreiras,
muros ou outros tipos de construção impedem, de O mundo globalizado e suas contradições
forma proposital e com intuitos planejados, o trânsi-
Os efeitos da globalização são complexos e carrega-
to de pessoas de uma parte a outra.
dos de decisões políticas. Assim como nos grandes
2. a) Resposta pessoal. Apesar de o termo fake news ter
avanços tecnológicos, a globalização beneficia apenas
se popularizado nas primeiras décadas do século
uma parte da sociedade enquanto prejudica certos gru-
XXI, notícias falsas ou com informações incorretas
pos. Compreender os custos e benefícios desse pro-
existem desde o início do jornalismo. É importante
cesso permite que o estudante se posicione criticamente
que os estudantes apontem que a fake news apre-
como cidadão.
sentada na atividade se relaciona com a Guerra
Fria, uma vez que evidencia a disputa política entre P. 106-107
esquerda e direita com base em notícias e fatos
que nem sempre condizem com a realidade. Conexões: O 5G e o conflito entre China e
b) Sim, a manchete sobre o rompimento com a União Estados Unidos
Soviética pode indicar que alguns objetivos do go- Esta seção propõe uma reflexão sobre a tecnologia 5G.
verno ditatorial estavam sendo cumpridos, como a Questiona-se como os processos de integração entre
continuidade da influência dos Estados Unidos no máquinas pode levar a uma profunda crise geopolítica entre
país e o distanciamento de ideias socialistas, nesse Estados Unidos e China. O objetivo da seção é apresentar
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
caso, representado pelo rompimento com a URSS. um debate contemporâneo em torno da relação entre tec-
c) Os estudantes podem indicar que tornar partidos
DA EDITORA DO BRASIL nologia e sociedade, de maneira interdisciplinar. Proponha
marxistas ilegais – como apresenta a notícia “Fue- aos estudantes uma análise dos países que aderiram à
ra de la ley los Partidos Marxistas” – era parte da orientação estadunidense de não abrir relações comerciais
disputa posta entre comunistas e capitalistas du- com a Huawei, empresa chinesa que fornece tecnologia 5G.
rante o período da Guerra Fria.
RESPOSTAS
P. 102-103
1. Para auxiliar os estudantes durante a pesquisa, é pos-
O que é globalização? sível indicar, por exemplo, uma reportagem feita pela
Revista Veja São Paulo sobre a evolução dos celulares.
Comente com os estudantes que a globalização pode ser
Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/blog/pop/
comprendida a partir da crescente interdependência das
infografico-do-dia-a-evolucao-dos-telefones-celulares.
economias, culturas e populações do mundo, provocada Acesso em: 27 jul. 2020.
pelo comércio transfronteiriço de bens e serviços, tecnologia
2. Os estudantes podem citar, por exemplo, o setor de
e fluxos de investimento, pessoas e informações. A partir do
serviços de entrega. Atualmente, o número de entre-
tema, eles podem desenvolver elementos que ampliem a
gadores por aplicativos é crescente. Em alguns países,
compreensão do mundo contemporâneo e as imbricações
já estão sendo testados entregas por drones, uma
entre tecnologia, economia e sociedade, que se desdobram
tendência para o setor. Esse modelo de entrega, que
em manifestações concretas na vida das pessoas. utiliza tecnologia 5G, amplia o trabalho remoto, com
As imagens apresentadas mostram a relação entre téc- máquinas operadas a distância. Acredita-se que uma
nica e sociedade nesse período marcado pela globalização, das consequências da tecnologia 5G será a extinção
LXXV
de muitos postos de trabalho, incluindo trabalhos P. 111-112
precarizados como os de entregadores que prestam
serviço por meio de aplicativos de entrega. O mundo bipolar e o mundo multipolar
P. 108 Sugerimos que as discussões se concentrem nas dis-
tinções do papel do Estado e nas fronteiras entre os dois
As propostas do Consenso de Washington períodos da história – mundo bipolar e mundo multipolar.
Comente com os estudantes que o consenso de Comente que a globalização não destitui o Estado e as
Washington é considerado um marco histórico de conso- fronteiras, mas os ressignificam. Destaque que cada ordem
lidação do neoliberalismo. Para além da política econô- mundial tem características próprias, o que significa que
mica, o neoliberalismo também é analisado como a análise das relações internacionais, bem como das dinâ-
ferramenta ideológica e modelo de racionalidade, que micas e dos movimentos de fronteiras, deve ser realizada
transforma a lógica social em decorrência do pensamento levando em conta o contexto da ordem mundial estabe-
gerencial e empresarial. O empreendorismo, por exemplo, lecida e o conjunto dos aspectos que a definem.
é apresentado como forma de conexão entre as políticas
A globalização no mundo contemporâneo
econômicas globais e o indivíduo.
É possível abordar de maneira detalhada o papel das ino-
P. 109 vações tecnológicas na configuração da Ordem Mundial Mul-
tipolar, sobretudo no que se refere ao aumento da capacidade
Atividades organizacional dos grandes agentes políticos e econômicos
1. Respostas pessoais. O objetivo desta atividade é que que atuam na escala global. Ademais, recomendamos que
os estudantes constatem que os veículos são fabrica- os debates sobre o mito do enfraquecimento do Estado e das
dos em diversas partes do mundo e montado em um fronteiras seja realizado com base num panorama mais
único lugar. amplo, capaz de identificar o que sustenta esse mito e os
2. O infográfico trata de patentes por escritórios no elementos que propiciam sua desmitificação. Alguns exem-
mundo comparando 2000 com 2014. Em 2000, os plos de como os Estados e as fronteiras se mantêm prepon-
Estados Unidos lideravam o número de patentes, derantes atualmente no âmbito das relações internacionais
seguidos pela agência de notícias EFE. Já em 2014, a auxiliam nessa tarefa, como a questão das migrações inter-
China se destaca com 28% das patentes. Isso mostra nacionais abordada na unidade anterior.
o crescimento econômico chinês, que investe muito
em tecnologia. O número de patentes por país mostra P. 113-116
a desigualdade entre países ricos e pobres.
Blocos regionais, fronteiras nacionais
3. Resposta pessoal. Esta atividade tem como objetivo
auxiliar o aluno a propor ideias e consolidá-las em for- e globalização
mato de projeto elaborado e coeso para ajudá-lo em Destaque as distinções entre as áreas de livre comércio,
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seus projetos de vida. Com isso, a atividade deve ser uniões aduaneiras, mercados comuns e uniões políticas e
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elaborada para que o aluno seja capaz de criar o passo monetárias, explicando que se tratam de níveis de integra-
a passo de uma ideia própria. ção diferentes, definidos no âmbito dos propósitos de cada
bloco regional. Dessa maneira, não se refere a fases às
P. 110 quais todos os blocos tendem a passar, indo da menor à
maior integração. Os exemplos abordados no quadro
O espaço geográfico da ordem multipolar
podem servir de exemplo para isso. Caso considere perti-
A passagem da ordem bipolar para a multipolar pode ser
nente, organize os estudantes em grupos e, com base nos
pontuada a partir das suas características sociais, espaciais,
mapas, peça que selecionem um dos blocos e façam uma
econômicas, políticas e tecnológicas. Trata-se de fornecer
pesquisa identificando: estágio de integração, relações
elementos para que os estudantes compreendam algumas
estabelecidas, contradições internas, dados e informações
configurações e dinâmicas do espaço mundial, bem como
relativos à produção econômica, à circulação de pessoas
as relações entre países e alguns tipos de organização, como etc. Em data combinada, os grupos podem expor suas pes-
os blocos econômicos. Existem diferentes formas para abor- quisas e debater sobre os diferentes blocos. Estratégias de
dar e desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. sala de aula invertida podem ser adotadas nesta atividade.
Procure motivar debates, reflexões e momentos de trabalho
em grupo, para que os conceitos e processos expostos sejam P. 117
construídos de forma coletiva e dialógica.
Proponha um debate sobre o conceito de ordem mun- Os fluxos internacionais e as redes
dial, destacando como é possível identificar, em cada Proponha um debate sobre o papel que os avanços tec-
período histórico, as ordens mundiais vigentes. nológicos têm trazido à vida cotidiana. A integração dos
LXXVI
mercados internacionais e a descentralização da produção falências. O debate sobre o papel desempenhado pelo Estado
industrial propiciaram maior disseminação da tecnologia no âmbito das crises do capitalismo é muito importante na
dos processos produtivos e dos bens e serviços comercia- compreensão da complexidade do tema.
lizados ao redor do mundo, nas diversas escalas espaciais.
Sugestão de atividade complementar
O mundo em rede: relações políticas e A CPLP foi criada em 1996, reunindo Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São
socioeconômicas
Tomé e Príncipe. Seis anos mais tarde, em 2002, com a
Amplie a discussão a partir da análise do papel das conquista de sua independência, Timor-Leste tornou-se
tecnologias na vida cotidiana. É interessante mostrar aos o oitavo país membro da Comunidade. Depois de um minu-
estudantes o avanço da internet e sua incorporação em cioso processo de adesão, em 2014, a Guiné Equatorial
distintas atividades econômicas e sociais. Atuamente, em se tornou o nono membro de pleno direito.
alguns países, a internet é considerada um serviço essen-
A CPLP tem três objetivos centrais: a concertação polí-
cial à população.
tico-diplomática, a ampla cooperação entre seus membros
P. 118 e a promoção e difusão da língua portuguesa. A Comuni-
dade reúne países de quatro continentes, com população
Recessões do capitalismo e consequências de cerca de 275 milhões de pessoas, e desperta cada vez
sobre o espaço mundial mais interesse entre países não lusófonos – é crescente
o número de observadores associados.
Sugere-se ressaltar que é inerente ao capitalismo pro-
duzir crises, sejam aquelas sistêmicas, que têm alcance e Como o nome sugere, a CPLP tem por objetivo primário
durabilidade elevados, sejam aquelas mais localizadas geo- a promoção da língua portuguesa. Mas, além da promoção
graficamente e de curta duração. As crises são intrínsecas da língua, a Comunidade é espaço privilegiado de diálogo
ao capitalismo, pois ele produz e reproduz intensas desi- e cooperação, com vistas ao bem-estar das respectivas
gualdades, que, num dado momento, se tornam insusten- populações. Acordos de cooperação foram feitos em áreas
táveis e geram períodos de graves instabilidades políticas, tão distintas como saúde, educação, segurança nutricional,
econômicas e sociais. Pode ser interessante pontuar que agricultura familiar, igualdade de gênero, meio ambiente,
essas crises estão associadas à própria natureza do capi- energia, inovação, governo eletrônico, defesa.
talismo, que se baseia na busca incessante do lucro e, na A CPLP abarca centenas de milhões de pessoas a pensar,
atualidade, está bastante atrelado aos mercados financeiros a imaginar e a falar utilizando um mesmo código: a língua
e ao potencial especulativo que o capital assumiu. portuguesa – patrimônio comum que, nem por isso, deixa
de guardar a marca da diversidade. É a enorme riqueza de
A crise de 1929 e a Grande Depressão variantes que dá corpo a nossa língua, que demonstra sua
Recomenda-se o desenvolvimento de discussões acerca plasticidade, que revela seu infinito potencial.
do liberalismo versus intervencionismo estatal e as vanta-
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gens e desvantagens de cada uma dessas doutrinas políti- Proposta
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co-econômicas. É possível destacar suas diferentes 1. Reúna os estudantes em grupos e organize um debate
perspectivas, tendo como contexto as consequências gera- na sala de aula, dividido em três partes. Cada um dos
das pela crise de 1929. grupos deve discutir os tópicos indicados a seguir:
a) Qual é a importância da língua na construção das
P. 119-120 identidades sociais?
b) Você acredita que a aproximação entre os países
A crise de 2008: uma nova falência de língua portuguesa promovida pela CPLP pode
do livre mercado? trazer algum benefício para os seus membros?
Destaque as tensões entre os defensores do neolibera- Exemplifique.
lismo e os defensores da intervenção estatal. Comente que c) Você conhece alguma medida implementada no
no contexto da globalização, o debate sobre o papel do Estado Brasil decorrente da participação do país na CPLP?
envolve múltiplos elementos. Se, por um lado há uma poro- Qual? Houve implicações na vida cotidiana das pessoas
sidade das fronteiras nacionais, até mesmo em relação aos que vivem nos países-membros dessa Comunidade?
capitais voláteis (aqueles capitais especulativos que rapida- Cada grupo deve expor para o restante da classe
mente entram e saem dos países), por outro, em momentos os principais aspectos levantados. Sugerimos que
de crise, a sociedade recorre ao Estado Nacional, seja a popu- o professor anote na lousa os aspectos menciona-
lação cobrando algum tipo de garantia mínima para sua sobre- dos pelos estudantes, de maneira que os aponta-
vivência, sejam as empresas privadas exigindo o auxílio do mentos de cada grupo contribuam para uma ava-
governo para evitar queda nas taxas de lucro ou mesmo liação coletiva do assunto tratado.
LXXVII
2. Solicite aos estudantes que pesquisem um mapa com fóruns multilaterais são importantes em diferentes
os países-membros da CPLP e pergunte a eles: qual é contextos, como na definição de políticas para a redu-
a importância geopolítica dos países que a compõem? ção da desigualdade.
Você pode conduzir uma análise crítica a partir da sín- Pensamento computacional
tese das contribuições feitas pelos estudantes, desta- Os estudantes deverão criar um canal de vídeo na inter-
cando os pontos em comum levantados pelos grupos e net com base nas pesquisas que desenvolveram ao longo
também as diferenças de perspectiva que cada grupo da atividade. A sistematização dessas informações, por
trouxe para a discussão. Também cabe ao professor meio de uma tabela, ajudará a fornecer uma melhor visão
corrigir possíveis equívocos, sanar dúvidas e explicar sobre o processo. A atividade de abstração neste exercício
aspectos que demandam uma análise mais aprofunda-
será importante para isolar aspectos que sejam menos
da, auxiliando na construção coletiva do conhecimento.
relevantes no processo de busca. Um canal de vídeos
P. 121 sobre rock, por exemplo, não corresponderá à pesquisa
sobre outro gênero musical.
Atividades
1. O Estado e as fronteiras nacionais continuam sendo a
base da organização no sistema mundial. Embora a glo-
INDICAÇÕES
balização tenha promovido maior interação entre os COMPLEMENTARES
países, de certa maneira tornando as fronteiras mais
porosas, ainda cabe ao Estado exercer sua soberania e Filmes
definir as regras de funcionamento da sociedade em 13 dias que abalaram o mundo, direção de Roger
seu território, bem como as maneiras de se relacionar Donaldson. Estados Unidos, 2000. (145 min).
com outros Estados. Uma distinção relevante sobre o
O filme narra, do ponto de vista estadunidense, o período da
Estado no contexto atual é a emergência do reconheci-
Guerra dos Mísseis, quando um ataque nuclear quase ocorreu
mento de múltiplas nacionalidades. Assim, alguns esta-
levando a população ao pânico.
dos estão se declarando plurinacionais, no intuito de
reduzir os conflitos internos e reconhecer a existência As torres gêmeas, direção de Oliver Stone. Estados Unidos,
e os direitos de distintos grupos étnicos e raciais. Quanto 2006. (129 min).
às fronteiras nacionais, embora elas estejam mais poro- Os ataques de 11 de setembro vistos pelo ponto de vista das
sas em razão da intensificação dos fluxos de mercado- equipes de resgate que atuaram após a ação dos terroristas.
rias, pessoas e investimentos, conforme destacado
anteriormente, a Ordem Multipolar não reduziu sua Cobaias, direção de Joseph Sargent. Estados Unidos,
importância, fato evidenciado pelos conflitos fronteiriços 1997. (118 min).
que surgiram e permaneceram no período. Este filme aborda um caso real: um experimento a que um
2. Os blocos econômicos regionais focam sua atuação grupo de homens negros foi submetido, sem o devido escla-
recimento. Apresenta-se um conjunto de questões e proble-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
na dinamização do comércio entre seus países-mem-
mas relacionados à bioética.
bros, sobretudo por meio da criação de: áreas de livre
DA EDITORA DO BRASIL
comércio (pautadas na redução ou eliminação de Grande demais para quebrar, direção de Curtis Hanson.
barreiras alfandegárias), uniões aduaneiras (que fun- Estados Unidos, 2011. (98 min).
cionam segundo normas que regulam o comércio
O filme é baseado no livro de mesmo nome do jornalista estadu-
intrabloco e extrabloco), mercados comuns (que pro- nidense Andrew Ross Sorkin, o qual aborda as negociações po-
movem a integração social e econômica, o que pos- líticas realizadas para evitar a quebra do banco privado Lehman
sibilita maior mobilidade de mercadorias e de pessoas Brothers, que foi o marco inicial da crise financeira de 2008.
entre os países) e uniões políticas e monetárias (com
base na criação de moeda única para os países do Livros
bloco e políticas setoriais em comum), do menor ao CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. São Paulo:
maior nível de integração. Por esse motivo, os blocos Brasiliense, 2011. (Coleção Primeiros Passos).
econômicos regionais são importantes no atual con-
Partindo das teorias de Karl Marx e Max Weber, o autor anali-
texto da globalização, uma vez que propiciam a seus
sa o capitalismo, suas teorias, suas crises cíclicas e suas ca-
países-membros melhores condições de negociação racterísticas no Brasil.
no comércio internacional. Os fóruns multilaterais
têm um caráter político, podendo ou não adotar ações HARVEY, David. 17 contradições e o fim do capitalismo.
que fomentam o comércio internacional. Por tratarem São Paulo: Boitempo, 2016.
de temas do interesse geral das sociedades que abar- Nesta obra, David Harvey, um dos mais prestigiados geógrafos
cam, como os serviços sociais básicos (saúde, edu- da atualidade, destaca as contradições inerentes ao modo de
cação, moradia, segurança pública etc.), os direitos produção capitalista e as crises sistêmicas que estão em seu
humanos, a sustentabilidade ambiental etc., tais cerne, lançando propostas práticas para a sua superação.
LXXVIII
LAVAL, Christian; DARDOT, Pierre. A nova razão do mundo. pelas quais o senso comum o percebe e o pensa. Antes
São Paulo: Boitempo, 2016. de tudo, o estudante será apresentado ao aspecto mais
Os autores analisam o neoliberalismo como ferramenta não complexo da territorialidade no mundo contemporâneo:
só econômica, mas também ideológica e que modifica a ra- a polissemia. Essa multiplicidade de sentidos, que evi-
cionalidade e a subjetividade modernas para se impor na vida dentemente abrange o que está relacionado à espacia-
das pessoas. lidade física, mas a supera, apresenta-se como uma
coordenada social. Isso significa que as próprias relações
ORTIZ, Renato. Universalismo e diversidade. São Paulo:
sociais, em sua diversidade inerente, se constituem de
Boitempo, 2016.
demarcações de diversidade de experiências, de deman-
O sociólogo brasileiro Renato Ortiz faz uma análise contem- das e formas de comportamento diferentes das requeri-
porânea sobre a globalização e a mundialização da cultura e
das de indivíduos e grupos.
as especificidades desse período, marcado pela pluralidade
em detrimento do conceito de humano universal. Em seguida, a unidade dá continuidade ao estudo das
territorialidades como resultado dos vínculos criados
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, entre grupos e do estabelecimento de limites de perten-
razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Editora da Universidade cimento por meio de uma abordagem histórica que pro-
de São Paulo, 2012. põe um olhar sobre a nação brasileira e a definição da
Neste livro o autor apresenta sua teoria sobre o espaço geo- identidade de seu povo. Um panorama de como a iden-
gráfico e estabelece importantes relações dela com os seus tidade brasileira foi pensada desde a independência do
estudos sobre a globalização e o papel dos avanços científicos país às últimas décadas possibilita aos estudantes com-
e tecnológicos na configuração espacial e nas relações entre preender as diferentes concepções e negociações que
os lugares.
incidem sobre essa questão.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamen- Pretende-se que eles identifiquem neste estudo a
to único à consciência universal. 13. ed. Rio de Janeiro: contribuição de diferentes atores sociais, uma vez que
Record, 2006. a identidade nacional foi mobilizada tanto pelo discurso
Neste livro o autor apresenta as principais características da oficial do Estado brasileiro como por intelectuais e movi-
globalização e suas influências políticas, econômicas e sociais, mentos sociais e culturais em busca da autenticidade
sobretudo a geração de desigualdades nas diversas escalas do brasileiro. Também é estimulado um olhar crítico
espaciais. O autor também discute alternativas ao processo sobre os mecanismos de inclusão e exclusão de grupos
de globalização vigente, no sentido de propiciar maior equi- sociais operacionalizados em torno da identidade nacio-
dade social e espacial.
nal brasileira.
SPINDEL, Arnaldo. O que é comunismo. São Paulo: Brasi- A juventude é abordada nesse contexto e entendida
liense, 2017. (Coleção Primeiros Passos). como uma construção social moderna. A unidade dá des-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
O autor trata da gênese e das características do comunismo, taque ainda para esclarecer como a produção cultural se
estabelecendo relações entre o passado e o presente. transformou, ao longo dos séculos XX e XXI, em uma forma
DA EDITORA DO BRASIL de delimitar territórios e identidades. A sociologia desna-
Site turaliza a juventude como uma fase cronológica e bioló-
Ministério das Relações Exteriores – Itamaraty. Disponível gica, para analisar os fatores sociais e históricos que
em: http://www.itamaraty.gov.br. Acesso em: 26 ago. 2020. favoreceram sua ascensão como sujeito histórico e pro-
dutor de identidades.
No site do Itamaraty, estão disponíveis informações sobre os
blocos regionais ou fóruns internacionais de que o Brasil faz A perspectiva geográfica desta unidade, por sua vez,
parte ou com os quais mantém acordos. favorece a mobilização das habilidades EM13CHS205 e
EM13CHS206 por meio da análise de diferentes territo-
UNIDADE 4 rialidades no espaço brasileiro, ou seja, as territorialida-
OUTROS MODELOS DE TERRITÓRIOS des de comunidades tradicionais e descendentes dos
povos originários. Assumindo outras concepções possí-
veis para o conceito de território, para além daquela mais
VISÃO GERAL tradicionalmente usual, parte-se para compreender e
Esta unidade tem por objetivo fundamental a explicita- analisar algumas formas de sociabilidade que se estabe-
ção, a análise e o entendimento dos diversos sentidos da lecem no âmbito da vida cotidiana de povos e grupos
territorialidade e das relações que nela se inscrevem. O diversos, contemplando os temas transversais contem-
território se delimita como uma instância que será explici- porâneos ligados ao multiculturalismo, ao meio ambiente,
tada em uma significação que ultrapassa as demarcações à cidadania e ao civismo.
LXXIX
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS P. 126
Atividades
P. 122-125
1. Resposta pessoal. A atividade tem como objetivo esti-
Os espaços sociais: mular o estudante a observar diversas situações e
territórios e fronteiras lugares sociais, tendo como perspectiva os elementos
conceituais apresentados e explorados na exposição.
As exposições e análises a respeito da noção de terri-
torialidade aparecem com acepção diferente. Até o 2. Resposta pessoal. A atividade propõe a realização de uma
momento, as análises sobre territórios e fronteiras refe- interação entre estudantes, por meio do exercício feito
riam-se aos conteúdos quanto ao espaço entendido como anteriormente, que apresenta natureza individual. É inte-
ressante organizar uma roda de discussão em sala de aula
lugares fisicamente ou institucionalmente definidos. A
para que a turma converse sobre os espaços citados nas
abordagem estava focada nas relações espacialmente
listas de todos. Caso diversos estudantes tenham citado
delimitadas ou politicamente organizadas pelo Estado e
os mesmos espaços, é importante comparar como cada
suas instituições.
estudante chegou a eles para que a turma reflita sobre
Aqui, os conceitos de territórios e fronteiras passam a suas percepções a respeito das regras de funcionamento
ser compreendidos em suas delimitações sociais de cará- e de conduta nos espaços e sobre as relações sociais de
ter simbólico e estabelecem limites comportamentais no maneira geral.
contexto de relações intersubjetivas. Assim, as fronteiras 3. Ao desenvolver a atividade, incentive os estudantes a
são dependentes do escopo circunscrito pelas funções, conversarem sobre o tema e, se possível, peça para
demandas e condições sociais, de natureza dinâmica. eles compartilharem suas experiências nas redes
Analisam-se as dimensões não materiais das relações sociais. Pode ser interessante entrar no site SaferNet
sociais, as quais, entretanto, circunscrevendo compor- Brasil, no qual estão disponíveis informações sobre
tamentos válidos ou não, podem ter resultados na esfera como denunciar crimes cometidos em redes sociais.
material da vida. O estudante, por meio das exposições Ao orientar a realização do relatório, solicite aos estu-
e das atividades, pode desenvolver a competência de dantes que indiquem os conteúdos que mais chama-
lidar com as diversas possibilidades dos significantes e, ram a atenção deles, as fontes que foram consultadas
e suas principais conclusões sobre a questão. Após a
ao mesmo tempo, se posicionar pertinentemente nas
produção dos materiais sobre o tema, organize a turma
diferentes situações e atuações sociais nas quais se
para que eles possam divulgar para a comunidade
envolve e realiza.
escolar os resultados da pesquisa.
O objetivo é proporcionar um desafio cognitivo e refle-
xivo pelo qual os estudantes são incitados a organizar a P. 127-128
compreensão das diferentes territorialidades humanas em
As identidades no Brasil e os discursos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
relação ao que experimentam na vida cotidiana.
nacionais
Os estudantesDA
devem ser estimulados
EDITORA DO BRASILa refletir sobre
É possível iniciar o trabalho sobre identidade nacional
os diversos territórios que delimitam suas vidas, reconhe-
com base nos questionamentos dispostos nos primeiros
cendo os contornos próprios a cada um por meio dos luga-
parágrafos da página. Incentive os estudantes a refletir e
res que ocupam e dos papéis que exercem neles.
compartilhar suas percepções sobre o tema. Destaque com
Assim, eles são levados a relacionar adequadamente a turma que as competições esportivas (como as Copas do
os conceitos apresentados com as situações nas quais Mundo de futebol ou os Jogos Olímpicos) são alguns exem-
vivenciam como membros de uma família, estudantes de plos dos momentos nos quais a ideia de identidade nacio-
determinada escola, jovens pertencentes a uma dada nal é reforçada entre os cidadãos de um país. Recentemente,
classe social, cidadãos de certa cidade, entre outras. Eles em razão da pandemia de coronavírus, a sensação de per-
podem compor uma dramatização em que apresentem tencimento à nação foi reforçada em alguns países onde os
essas várias territorialidades. cidadãos buscaram unir-se uns aos outros e demonstrar
É importante, também, estimular os estudantes a pen- solidariedade. Na Itália, por exemplo, bandeiras nacionais
sar sobre as fronteiras entre as esferas privada e pública. foram hasteadas nas varandas junto a mensagens de apoio,
Discuta com eles a exposição de aspectos da vida íntima como demonstração de esperança por dias melhores.
das pessoas em redes sociais. Promova também um debate Reforce com os estudantes que o Brasil é fruto de uma
sobre a subordinação dos interesses comunitários aos inte- grande mistura de povos e culturas, tanto em razão do nosso
resses particulares dos grupos que ocupam posições de passado como da continuidade de encontros no presente,
poder. Estimule-os a buscar informações em redes sociais, tendo em vista que o país ainda é o destino de muitos imi-
jornais, revistas e sites da internet. grantes atualmente. Essa pode ser uma boa oportunidade
LXXX
de valorizar o multiculturalismo e explicitar que não existem 1877, está disponível para a consulta no site da Biblioteca
etnias ou culturas superiores umas às outras, mas sim dife- Brasiliana Mindlin, em: https://digital.bbm.usp.br/handle/
rentes formas de ver e agir sobre cada realidade. bbm/4825 (acesso em: 28 ago. 2020). Graças a ela, Var-
Outro aspecto a ser reforçado nesse momento é a ideia nhagen despertou críticas em relação ao tratamento dis-
de “construção da brasilidade”. Questione os estudantes pensado aos indígenas e aos jesuítas, mas obteve grande
sobre o que eles entendem em relação a esse termo e reconhecimento entre estudiosos do período, entre eles
promova uma discussão introdutória sobre o tema a ser Capistrano de Abreu e Von Martius.
desenvolvido adiante. Sugere-se partir do tópico para propor uma reflexão
sobre a parcialidade do historiador no exercício de
Uma nova identidade para um novo país escrita da História. Ainda que o conhecimento histórico
Ao iniciar a abordagem do tópico, sugere-se chamar a seja produzido por meio de métodos e fontes documen-
atenção da turma para a bandeira do Brasil Imperial e pro- tais, a instrumentalização e a interpretação deles parte
por uma reflexão sobre esse símbolo nacional. Questione-os, de um indivíduo com valores, mentalidades e prioridades
por exemplo, sobre a função e o significado de uma bandeira próprias. Dessa maneira, não é possível perseguir “a
e outros símbolos nacionais que são associados ao Brasil. verdade histórica”, mas compor uma série de pontos de
Busca-se com isso a observação de insígnias comuns, reco- vista sobre determinado fato ou processo histórico para
nhecidas por uma vasta população dispersa em um amplo se ter uma noção sobre a complexidade que ele abrange.
território, que tem nelas uma forma de pertencimento e de Essa discussão possibilita também aprofundar a análise
união em torno de uma ideia nacional. É possível, ainda, que no título escolhido para o tópico. Questione os estudan-
os estudantes verifiquem a semelhança entre a bandeira tes sobre o que seria a (re)criação do passado brasileiro
imperial e a bandeira brasileira atual, fator que pode ser e que efeitos essa operação tem na formação da nação
problematizado se você considerar pertinente. e da identidade nacional.
LXXXI
militar era compulsório, muitos membros da elite do país, de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Guimarães Rosa
em vez de participar da guerra, mandaram seus escravi- e Euclides da Cunha, por exemplo, eles vão identificar que
zados para o conflito. identidades e territorialidades foram representadas pelos
Assim, a presença de afrodescendentes junto ao Exér- literatos, bem como a maneira como eles constroem os
cito brasileiro durante a guerra fez com que parte signifi- arquétipos brasileiros. O olhar crítico sobre a profundidade
cativa dos soldados aderisse ao movimento abolicionista, ou a superficialidade das representações deve ser incenti-
cobrando a promessa de alforria de si e de seus familiares vado, de modo que os estudantes tirem conclusões sobre
escravizados. Explique também que a postura do Impe- se os personagens “tipos nacionais” são elaborados de
rador ao tentar manter o apoio de latifundiários e das forma caricata e superficial ou se correspondem total ou
camadas mais progressistas da sociedade por meio da parcialmente à realidade. Essa atividade possibilita uma
promulgação de leis que previam um lento e controlado autonomia na construção do conhecimento e o protago-
fim da escravidão acabou por desgastar a sua figura que, nismo na própria aprendizagem, favorecendo também as
a cada dia, perdia mais apoiadores. competências gerais 2 e 3 e o tema contemporâneo trans-
versal do multiculturalismo.
Somando-se às insatisfações populares, surgiu naquela
época um movimento com propostas republicanas que obje- P. 131
tivava o fim do império e maior participação da população,
sobretudo das elites, nas decisões políticas. Não é por acaso Boxe: Os “Brasis” de Darcy Ribeiro
que, no ano seguinte à abolição da escravatura, que pode ser Dando continuidade à abordagem sobre as representa-
entendida como uma tentativa de acalmar os ânimos de seus ções do Brasil e dos brasileiros pela intelectualidade, a
opositores, foi dado o golpe que iniciou a Primeira República. seção apresenta a teoria de Darcy Ribeiro sobre a identidade
étnica dos brasileiros, apontada por ele como “vigorosa e
O povo brasileiro na Primeira República flexível”. Se considerar válido, inicie a abordagem por uma
breve biografia do autor, ressaltando a importância de sua
Ao iniciar o assunto com a turma, sugere-se reforçar que,
obra para as Ciências Humanas e Sociais no Brasil, bem
mesmo com o fim da escravidão e o início da República, o
domínio político e econômico do país continuou nas mãos como a sua atuação na esfera política.
das elites oligárquicas, tendo em vista os mecanismos de Explique aos estudantes que, segundo Ribeiro, a fusão de
manutenção do poder político e a diminuta parcela da popu- matrizes díspares deu origem à formação étnico-social ori-
lação que podia participar das eleições. Ou seja, apesar das ginal ao povo brasileiro, mas a mesma herança colonial tam-
grandes mudanças políticas, não houve transformações na bém se vê na dependência econômica do país e nas
estrutura econômica e social do país. desigualdades. Na sequência, auxilie na leitura e interpreta-
Comente que as escolas de ensino primário, existentes ção do texto e na realização das atividades, destacando as
em pouquíssima quantidade até então, foram criadas em cinco variantes culturais apontadas por Darcy Ribeiro.
todos os estados como tentativa de “civilizar” a população RESPOSTAS
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
brasileira caracterizada pela grande heterogeneidade e incu-
1. Resposta variável. A atividade permite o desenvolvi-
DA EDITORA DO BRASIL
tir valores de amor à pátria por meio da exaltação de suas
mento da alfabetização cartográfica, uma vez que os
características naturais e da criação de heróis nacionais.
estudantes são estimulados a verificar a representação
Explique que, durante a Primeira República, várias capi- gráfica de referências mencionadas no texto. É possí-
tais passaram por reformas urbanas com o intuito de vel que não haja variantes identificadas com a região
“esconder” dos olhares das elites a população pobre que em que você e os estudantes vivem. Nesse caso, pro-
ocupava os centros urbanos, política que deixou suas mar- blematize a razão disso e levante contribuições rele-
cas em diversas cidades com a criação de favelas e bairros vantes para a resposta da atividade 3.
periféricos. Assim, nas cidades, os grupos excluídos da 2. Resposta variável. É esperado que o estudante identifique
modernidade e da urbanização protagonizaram revoltas mudanças e permanências em relação às práticas e tra-
marcantes na história do Brasil. Enquanto isso, confrontos dições culturais identificadas por Darcy Ribeiro em 1995.
no campo revelavam a permanência de antigas estruturas Cabe ressaltar que, ainda que algumas características
de poder e a concentração de terras. Em ambos os espa- tenham se mantido, as transformações ocorrem em ritmo
ços foram constituídas múltiplas territorialidades sociais, acelerado, principalmente em razão dos processos de
culturais e políticas, as quais eventualmente eram vistas globalização. Por esse motivo, as particularidades regio-
como obstáculo aos interesses das elites dominantes. nais tendem a ficar cada vez mais irreconhecíveis.
Com relação à criação dos “tipos nacionais”, sugere-se 3. Resposta variável. Espera-se que o estudante faça
propor uma atividade conjunta com a área de Linguagens um exercício de análise social e cultural acerca da
para uma análise de trechos de obras dos autores citados sociedade brasileira atualmente e identifique algu-
e/ou outros de sua preferência. Ao observar os personagens mas territorialidades que podem compor as variantes
LXXXII
principais da cultura brasileira contemporânea. Con- etnias, era um elemento unificador da identidade brasi-
vém citar algumas culturas urbanas, que não cons- leira, historicamente fragmentada pela divisão étnico-ra-
tam no modelo de Darcy Ribeiro, por exemplo. Esse cial estabelecida na colônia e continuada na república.
exercício não é fácil, visto que antropólogos e soció- É pertinente esclarecer que manifestações afro-bra-
logos têm se debruçado longamente sobre essa
sileiras ganharam reconhecimento na Era Vargas e se
questão. Contudo, o intuito é gerar discussões pro-
tornaram até mesmo “modelo-exportação”. É o caso do
dutivas entre os estudantes, sem buscar respostas
samba, que, ainda no período varguista, foi trilha sonora
estritamente corretas, valorizar seus conhecimentos
de filmes hollywoodianos com orientação pela “política
prévios, suas visões de mundo e seus espaços de
da boa vizinhança”. Assim, o governo utilizava-se de um
vivência, bem como a cultura juvenil.
elemento cultural genuinamente brasileiro e popular,
P. 132 nascido em meio ao trabalho escravo nos portos do Rio
de Janeiro, para veicular os valores morais da nação
A semana de 1922 brasileira e torná-lo um dos cartões de visitas do Brasil
e o Modernismo brasileiro para o exterior.
O tema pode ser abordado de forma interdisciplinar As imagens da página podem ser utilizadas como
com o professor de Arte. Explique aos estudantes o sig- recursos didáticos pertinentes ao estudo proposto sobre
nificado que o termo “antropofagia” tinha para o país até a mobilização das identidades na Era Vargas, uma vez
aquele período. Algumas nações indígenas praticavam o que demonstram a adesão de trabalhadores ao discurso
ritual de deglutir pequenas partes do corpo de seus ini- trabalhista e a intervenção de Vargas em uma mani-
migos capturados, principalmente os considerados mais festação cultural genuína, o Carnaval. Outra possibilidade
fortes e poderosos, como uma forma simbólica de inge- é reproduzir alguns sambas do período varguista e soli-
rir seus poderes. Isso não se tratava de uma necessidade citar aos estudantes que identifiquem as noções de “bra-
alimentar nem ocorria com frequência, mas fazia parte silidade” na ideologia varguista. A canção O Bonde de São
de um ritual simbólico. Os europeus utilizaram esse fato Januário, de autoria de Wilson Batista, de 1940, é uma
para considerar os indígenas como selvagens que deve- das principais e mais representativas do período.
riam ser combatidos ou “civilizados”. Sugere-se, ainda, comentar com os estudantes sobre
Destaque que os modernistas se apropriaram da ideia o “mito da democracia racial”, que ganhou notoriedade
de antropofagia, mas de uma forma diferente e também durante o período varguista, ressaltando as tentativas liga-
simbólica, pois a proposta dos artistas era se desvincular das às Ciências Sociais de forjar uma identidade para o
dos modelos artísticos europeus que passaram a ser povo brasileiro. Se considerar válido, apresente o termo
“deglutidos”. Nesse processo, os artistas passaram a uti- para os estudantes e destaque a tendência da área de
lizar alguns dos elementos da arte europeia, mas de forma diminuir os conflitos e a violência presentes no processo
livre e criativa, sem amarras, com o intuito de mostrar de miscigenação. Chame a atenção para as críticas que
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
uma arte nova e essencialmente brasileira. A Semana de foram e continuam sendo feitas a esse tipo de interpreta-
Arte de 1922 trouxe essa proposta e não se limitou às ção que, ao fazer uma gênese do povo brasileiro, escamo-
DA EDITORA DO BRASIL
artes plásticas, abrangendo também a literatura, a música, teou processos e especificidades. Atualmente, teorias
a poesia, a escultura e a arquitetura. Com o passar do como as de (des)colonização e a atuação de pesquisado-
tempo, a perspectiva antropofágica se consolidou e as res indígenas, afrodescendentes e ligados a variadas matri-
obras modernistas são, até hoje, consideradas símbolos zes étnicas vêm produzindo novas interpretações sobre o
da identidade do povo brasileiro. passado e o presente do povo brasileiro, mostrando novas
perspectivas e formas verossimilhantes de pensar o povo
P. 133 brasileiro não mais em sua totalidade, mas propondo pes-
quisas centradas em grupos étnicos. Demonstre aos estu-
Samba, futebol e o elogio ao trabalho dantes que, no entanto, a teoria das três raças (europeia,
Neste tópico, os estudantes vão conhecer como alguns africana e indígena) teve papel importante na “naturaliza-
dos principais símbolos nacionais brasileiros vieram à ção” de uma construção histórica desigual.
tona. Para iniciar o estudo, contextualize e caracterize a
ação de Vargas pela criação da nação brasileira. Espera-se P. 134
que, ao estabelecer o que era “brasileiro”, o governo
excluía aquilo “que não era nacional”, agindo para cons- O Tropicalismo
truir o tipo identitário ideal segundo os próprios parâme- Converse com os estudantes sobre como esse movimento
tros. O trabalhador adquiriu centralidade nesse contexto foi uma das formas por meio da qual os jovens se expressa-
e virou um símbolo de um país promissor, moderno e em ram. Durante o período da ditadura militar, os tropicalistas
desenvolvimento. Essa figura, que atravessa diferentes buscaram uma nova identidade para a arte brasileira. Eles
LXXXIII
modificaram a forma de fazer música ao misturar elementos Além disso, buscava-se firmar o ideal de igualdade,
de diversos estilos musicais e fazer críticas diretas à passivi- embora ele estivesse longe da realidade da maioria
dade de grande parte da sociedade daquela época, além de dos brasileiros.
questionar estereótipos que ligavam o Brasil a um país tro- 2. a) Resposta variável. O estudante poderá citar a criação
pical paradisíaco e pacífico. É importante frisar que vários do IHGB durante o Segundo Império ou as políticas
tropicalistas foram ameaçados e tiveram que deixar o país de Vargas de estímulo ao samba, ao Carnaval e ao
por causa da censura e violência da ditadura militar no Brasil. futebol, entre outras possibilidades.
Se considerar oportuno, escute com os estudantes a b) Resposta variável. O estudante poderá citar o Mo-
música Tropicália, de Caetano Veloso, e solicite que eles dernismo ou o Tropicalismo.
identifiquem elementos de críticas na letra e no ritmo
c) Resposta pessoal. Com base nas próprias experiências
da canção.
e nos estudos do capítulo, sobretudo nas ideias de
Boxe: O brasileiro no Cinema Novo Darcy Ribeiro, espera-se que o estudante identifique
que a identidade nacional brasileira abarca diversas
Explique aos estudantes sobre o contexto do surgi-
identidades regionais, que conectam indivíduos pela
mento do Cinema Novo, quando a cinematografia brasileira
culinária, pela cultura, pelo modo de falar etc.
se afastava muito da realidade da população, represen-
tando personagens e cenários estereotipados e voltando- 3. a) Os modernistas defendiam a absorção de tudo o
-se ao mero entretenimento. Para os cineastas, essa forma que era produzido culturalmente no Brasil para a
conformação de uma verdadeira cultura brasileira.
de narrar o país contribuía para a alienação do povo, que
Ao registrar os patrimônios materiais e imateriais
deveria ver suas questões reproduzidas nas telas para que
brasileiros, a Missão possibilitou o conhecimento
pudesse refletir sobre elas. Se considerar válido e for do
e a sistematização dessas práticas e costumes,
interesse dos estudantes, promova uma sessão de filmes
configurando um material de primeira importância
desse movimento, atentando-se para a classificação etá-
para o projeto modernista.
ria. Assim eles vão entrar em contato com o movimento e
elaborar as próprias conclusões sobre o conteúdo e a esté- b) Espera-se que os estudantes verifiquem as múlti-
tica que propunha. plas territorialidades reveladas pela Missão, que
demonstraram a riqueza cultural e patrimonial das
P. 135 regiões Norte e Nordeste do Brasil.
c) Não, pois Vargas pretendia a criação de uma iden-
Atividades
tidade única e homogênea, com base no trabalho
1. a) As personagens representadas na obra são mulhe- urbano, de modo que todas as demais territoriali-
res e elas estão costurando uma bandeira do Brasil. dades e suas contribuições não tiveram espaço no
Há uma menina que segura uma parte da bandeira Estado Novo.
e um bebê deitado sob ela. 4. a) e b) Incentive a pesquisa sobre o Movimento do
b) A pinturaMATERIAL DEmomento
foi criada num DIVULGAÇÃO
em que o poder Cinema Novo. A elaboração de um roteiro de curta-me-
DA EDITORA
central promovia DO BRASIL
novos símbolos nacionais ligados tragem é uma ótima oportunidade para que os estudan-
à recém-instaurada República. Assim, ela transmite tes exercitem outras linguagens, trabalhando em grupo
que esse modelo político era democrático, pois e realizando discussões e debates, exercendo a empa-
permitia que o país fosse tecido a muitas mãos. Além tia e o diálogo. Sugestão de site sobre escrita de roteiros:
disso, a representação das crianças remete à ideia https://aicinema.com.br/roteiros-de-curtas/credito_
do Brasil como um país jovem. dani-botelho_rock. Acesso em: 3 set. 2020.
c) Diga aos estudantes que a letra é de Medeiros e c) Em data previamente combinada com a turma, é
Albuquerque, a música, de Leopoldo Augusto Miguez, possível promover, em sala de aula, uma exposi-
e que o hino foi publicado no Diário Oficial em 1890. ção dos roteiros e uma discussão sobre o proces-
Espera-se que os estudantes citem que, assim como so de escrita, os conteúdos abordados em cada
todos os hinos, o Hino da República é uma exaltação um deles etc.
à nação e ao povo brasileiro, ressaltando o ideal de
liberdade e de esperança no progresso. Destaca-se, P. 136-137
porém, o trecho “nós não cremos que escravos
Ascensão da juventude
outrora/tivessem havido em tão nobre país/hoje o
rubro lampejo da aurora/ acha irmãos, não tiranos e identidade cultural
hostis/ somos todos iguais!”. A abolição havia ocor- Nesta última unidade do livro acerca da relação entre tec-
rido poucos anos antes, mas o esforço de apaga- nologia, sociedade e fronteira, a sociologia apresenta alguns
mento desse passado, que ainda era vivo no dia a dos principais desdobramentos culturais e políticos ocorridos
dia da população liberta, já constava na letra do hino. no mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial.
LXXXIV
Converse com a turma sobre a obra Guernica, de classe média, o movimento tinha uma atuação literária
Picasso, convidando-os a perceber, a partir da estética contraventora, sem pretensões intelectualizadas ou revo-
artística, como as mudanças sociais transformaram a lucionárias. Preocupados no “existir”, esse tipo de produ-
forma de ver o mundo. Destaque que, naquele período ção, visceral e intensa, consistia em obras autobiográficas,
a esperança e a euforia de outros tempos deram lugar ao em que descreviam experiências pessoais.
desalento, à angústia e à desilusão, tanto para os artistas
Outro tema que pode aproximar os estudantes de movi-
quanto para grande parte da população.
mentos culturais contemporâneos é o K-pop. Produto da
globalização, ele apresenta algumas diferenças com os movi-
O protagonismo juvenil no Pós-Guerra mentos culturais históricos. Iniciado nos anos 1990, na
No cenário de mudanças econômicas e sociais do pós- Coreia do Sul, ganhou notoriedade mundial na década de
-guerra, que mesclava entre o medo surgido com a guerra, 2010, principalmente com as redes sociais. Muitos adoles-
o estado de bem-estar social implementado e o fortaleci- centes de diferentes partes do mundo passaram a aderir a
mento da indústria cultural, a juventude passou a ser pro- esse estilo musical e a se vestir como seus ídolos, formando
tagonista dos movimentos que viriam a ganhar notoriedade uma verdadeira tribo urbana global. O K-pop se difere de
no período, com seus valores e estilos. Para aproximar os outros movimentos por ter sido estimulado principalmente
estudantes da questão, esse tema apresenta uma tentativa pela indústria cultural coreana e pelo Estado coreano.
de desnaturalizar os fenômenos sociais, como a idade
cronológica, que a princípio é dado como natural, e a cons- P. 139-140
trução social da juventude, como elemento permeado pela
cultura, pela economia e pela política. Dessa forma, ser Movimentos sociais
jovem é ter determinada idade, mas também fazer parte Os movimentos sociais podem ser compreendidos
da construção social. como expressão da cidadania, pois conquistaram um
espaço importante diante do enfraquecimento do movi-
P. 138-139
mento operário e sindical. Buscam por novos direitos no
interior do próprio sistema capitalista, de forma a atender
Movimentos culturais
grupos específicos, como o movimento feminista, o movi-
Com a globalização, os movimentos culturais passaram
mento ambientalista e o movimento negro. No Brasil, o
a incorporar os valores econômicos que foram se conso-
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),
lidando com o neoliberalismo, como a flexibilidade, a incer-
por exemplo, é reconhecido no mundo todo por sua luta
teza, o eclético e o indeterminado, cujo centro está nas
pacífica pela reforma agrária.
características subjetivas de cada pessoa, suas dores e
angústias, seus gostos e desejos. Nesse sentido, o indiví- P. 141
duo universal da modernidade perde lugar para as espe-
cificidades de cada sujeito. Atividades
Assim, os movimentos culturais que se desenvolvem
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
no período do pós-guerra reivindicam a multiplicidade de
1. Resposta pessoal. Espera-se que o aluno relacione o
processo de construção de sua identidade com os movi-
DA EDITORA DO BRASIL
vozes e demonstram as diversas formas de vulnerabilidade mentos culturais com os quais ele se identifica. É impor-
existentes na sociedade. tante que eles aproveitem essa oportunidade para se
conhecer melhor e identificar gostos mútuos, o que lhes
Dos hippies aos punks propicia a ampliação do círculo de amizades na escola.
Entre os anos 1960 e 1970, os movimentos culturais 2. Esta atividade é importante para o aluno desnatura-
ganharam relevância como forma de contestação da lizar os processos sociais de reivindicação e conhe-
ordem social vigente. Dessa forma, é possível desenvolver cê-lo por meio de um processo analítico e de fontes
com os estudantes o conceito de tribos urbanas para com- de informações confiáveis. Por exemplo, se o estu-
preender esses fenômenos. Entre os exemplos a serem dante quiser ter informações sobre o MST em artigos
abordados, destacam-se os movimentos hippie e punk. acadêmicos e entrevistas de suas lideranças ou até
Também é possível apresentar para a turma outras mesmo visitar algum assentamento, é importante
perspectivas, como a dos beatniks. Movimento de contes- oferecer a ele a condição de analisar os processos
tação à cultura vigente, o beatnik, ou simplesmente beat, históricos da organização do movimento, com seus
se expressava contra o conservadorismo e a Guerra Fria, avanços, dificuldades e retrocessos.
entre os anos 1940 e 1950. 3. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
O livro mais emblemático dos beatniks foi Pé na estrada, reconheçam que a linha de costura representa a
escrito por Jack Kerouac. Ele inspirou o estilo “mochileiro”, opressão sofrida pelas mulheres negras, que, mui-
compreendendo as viagens como forma de vivenciar o tas vezes, precisam se fazer de cegas ou mudas em
mundo e conhecer a diversidade. Formado por jovens de relação à tal opressão.
LXXXV
b) Para auxiliar os estudantes na pesquisa, indique de um grupo de seu território pode significar a destruição
o site do Itaú cultural, disponível em: https://www. da sua identidade individual e coletiva, já que isso invia-
itaucultural.org.br/cinco-selecoes-para-debater biliza ou dificulta muito a manutenção da organização
-questoes-raciais. Acesso em: 30 jul. 2020. social, de hábitos e costumes, das práticas míticas e reli-
4. Ao desenvolver o seminário com a turma, incentive giosas, do modo de produção e consumo, por exemplo.
os estudantes a refletir como ocorre o processo sis- Se possível, realize um amplo debate sobre a luta dos
temático do conhecimento acerca do mundo que os povos indígenas e quilombolas para incluir na legislação
cerca e sobre o que eles se interessam. Para tanto, o direito a seus territórios ancestrais. Comente que as
destaque a necessidade de organização dos estilos conquistas desses povos foram feitas com base em muita
musicais com que os estudantes se identificam e luta e resistência, mas que ainda não há o respeito inte-
como é possível avançar do senso comum para uma gral a seus direitos.
compreensão fundamentada da organização social
e de seus desdobramentos na cultura. Territórios indígenas
P. 142 Os territórios indígenas são amparados na Constituição,
bem como o reconhecimento da organização e existência
Diferentes territorialidades desses povos. Caso seja possível, selecione alguns exem-
no mundo contemporâneo plos de territórios indígenas demarcados em estudo para
Destaque com a turma a existência de diversas expres- apresentar aos estudantes. É importante fazer uma con-
sões de territorialidade no panorama atual e, consequen- textualização, uma vez que os indígenas não são um grupo
temente, a coexistência de vários territórios que se homogêneo, constituindo-se de diferentes etnias, as quais
sobrepõem no espaço geográfico, mas, nem sempre, de resguardam profundas diferenças entre si em termos
forma harmônica. Uma das formas de ampliar a questão sociais, linguísticos, históricos etc. Convém mencionar que
dos territórios formais/normativos pode ser a pesquisa colocar todos os grupos indígenas sob um rótulo é uma
sobre as divisões políticas que delimitam os Estados Nacio- forma de etnocentrismo, que anula e apaga identidades e
nais e suas subunidades. Também é possível comentar a existência desses grupos.
sobre os territórios apropriados por grupos étnico-raciais e
que são reconhecidos por legislação específica no Brasil, Territórios quilombolas
como as Terras Indígenas e os Territórios Quilombolas. Os territórios remanescentes de quilombolas remontam
ao período escravocrata, relacionados a espaços de luta e
Territórios tradicionais no Brasil: resistência. Os territórios quilombolas carregam a memória
um olhar sobre a diversidade dos escravizados e de seus descendentes que requerem
A proposta desta parte da unidade é debater e refletir permanecer nesses territórios, exigindo reconhecimento e
sobre as diferentes formas de territórios e territorialida- titulação. O mapa da página favorece a visualização dos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
des, localizando no espaço percursos de luta e resistên- territórios quilombolas titulados e em processo.
cia pela manutenção dos modos de vida e da própria
DA EDITORA DO BRASIL
reprodução da vida. Nas próximas páginas, serão abor- P. 145
dadas com certo destaque algumas das comunidades
Territórios associados a atividades
tradicionais brasileiras, com o objetivo de estabelecer
diálogos que favoreçam a compreensão calcada no mul-
econômicas de base extrativista
ticulturalismo, visando não apenas compreender o Comente com a turma que esses territórios não neces-
aspecto da diversidade, mas também, conhecer como os sariamente são demarcados por legislação que garante o
grupos tradicionais se relacionam com a natureza, reve- uso exclusivo por parte dos grupos sociais que se apro-
lando formas de relação que podem parecer estranhas priaram dele. Embora os grupos extrativistas dependam
às sociedades externas a essas realidades, bem como à do uso do território, eles podem compartilhá-lo com outros
lógica de produção e reprodução ampla do capital, mobi- agentes econômicos e sociais, muitas vezes de maneira
lizando o tema transversal meio ambiente. conflituosa, quando essa coexistência impõe limitações
ao uso dos recursos naturais para os povos e comunidades
P. 143-144 tradicionais. Como consequência, eles lutam para manter
o acesso aos territórios e a seus respectivos recursos, por
Territórios associados meio de legislação específica que garanta os seus direitos
a identidades étnico-raciais como povos e comunidades tradicionais. É importante
Ressalte que a identidade étnico-racial e cultural de pontuar os exemplos ilustrados nas próximas páginas,
alguns povos está diretamente associada ao território destacando algumas de suas características principais e
onde eles habitam. Destaque que o processo de retirada formas de organização.
LXXXVI
P. 146-147 P. 151
Boxe: A base de Alcântara nas disputas pelos Territórios corporativos:
territórios quilombolas a apropriação privada do espaço
A seção tem como objetivo propiciar um amplo debate
Ao abordar este tópico, é possível fazer um contraponto
sobre o Movimento Negro no Brasil contemporâneo. Para
em relação aos territórios tradicionais. Se por um lado eles
tanto, apresenta-se como exemplo a criação da Coalizão
estão relacionados à sobrevivência de povos e comunidades
Negra por Direitos, que abarca 150 organizações, entidades,
que dependem do uso e da apropriação do território para
grupos e coletivos que têm atuado a favor dos direitos da
garantir sua identidade étnico-racial e cultural, por outro,
população negra no Brasil, em suas diversas vertentes. Para
aqueles que não têm nenhuma relação direta com o território
dar mais concretude ao tema, o texto explora a campanha
como base identitária visam apenas às vantagens que podem
Alcântara é Quilombola, organizada pela Coalizão Negra por
ser obtidas pela exploração privada de recursos naturais ou
Direitos. Com base nessa leitura, sugira uma discussão
pela exploração de mão de obra barata, a fim de lograr altas
sobre a importância da organização da sociedade civil, já
taxas de lucro em seus processos produtivos. Dessa maneira,
que, não raro, os direitos civis básicos e os direitos de povos
explique aos estudantes que, à medida que determinado ter-
e comunidades tradicionais, ainda que assegurados pela
ritório não mais satisfaz a busca pela obtenção de taxas ele-
legislação, não se concretizam em sua plenitude.
vadas de lucro para as corporações, elas não hesitam em
RESPOSTAS abandoná-lo para explorar outros que ofereçam melhores
1. Espera-se que os estudantes apresentem informações condições para seu enriquecimento. Portanto, o debate sobre
e dados sobre o perfil socioeconômico da população o papel do Estado, no mundo contemporâneo, é essencial
negra no âmbito da sociedade brasileira, destacando para ampliar as reflexões sobre as tensões existentes entre
fatos como: os menores indicadores de renda, empre- o público e o privado, entre a sociedade e o mercado, que
gabilidade, nível de instrução e precariedade no mer- devem ser mediadas pelo Estado. Comente que, em alguns
cado de trabalho, ou seja, as piores condições de casos, o Estado pode ser guiado por interesses corporativos,
acesso a bens e serviços básicos por parte dessa par- mas as lutas e resistências dos grupos sociais mais vulnerá-
cela da população. Com base nesse panorama, espe- veis estão sempre presentes, ainda que de forma bastante
ra-se que os estudantes pontuem que a Coalizão desproporcional, devido ao baixo poder político. Incentive os
Negra por Direitos cumpre um papel relevante na estudantes a ponderar se uma melhor compreensão sobre
busca por justiça e equidade social, uma vez que reúne esses embates pela sociedade, no geral, pode alterar esse
esforços de diversas instituições, o que facilita a orga- quadro de vulnerabilidade.
nização a dar maior efetividade ao Movimento Negro
no país. Esses dados podem ser pesquisados e obtidos P. 152
em instituições oficiais, como o Instituo Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Conflitos de classe e segregação
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO socioespacial: os territórios da exclusão
2. Espera-se que, ao comparar diversos agentes do Movi-
mento NegroDA EDITORA
Brasileiro, DO BRASIL
os estudantes percebam a diver- Comente com a turma sobre a apropriação desigual do
sidade de demandas e a existência de distintas formas espaço geográfico pelas classes sociais, ressaltando as
de organização. É importante destacar para a turma a desigualdades étnico-raciais que as permeiam. Um tópico
importância dos movimentos sociais na busca pela relevante a ser abordado é a questão fundiária, tanto no
garantia de direitos e pela redução das desigualdades. campo como nas cidades. É possível destacar que a
3. Resposta pessoal. Caso julgue interessante, faça uma extrema concentração de terras no Brasil ocorre pela des-
discussão com os estudantes sobre a tensão entre mesurada apropriação de imóveis rurais e urbanos pelas
tradição e modernidade. É possível pontuar que algu- classes sociais mais abastadas.
mas sociedades ainda mantêm certa harmonia entre
esses aspectos; outras estão em desequilíbrio ou P. 153
incentivam demasiadamente o processo de moder-
Atividades
nização em detrimento do que é tradicional.
4. Resposta pessoal. Durante as proposições realizadas 1. Incentive os estudantes a se organizarem para realizar
pelos estudantes, é possível fazer algumas observa- a pesquisa. Convém destacar que:
ções, como identificar e debater algumas violações • Povos indígenas são ameaçados pelo desmatamen-
aos direitos humanos e às normas gerais que regem to por causa do avanço do agronegócio e da mine-
nossa sociedade. Explique que os embates políticos ração; pela construção de grandes obras de infraes-
precisam ocorrer dentro de determinados limites, trutura, como estradas que atravessam suas terras;
prezando pela resolução pacífica dos conflitos. e pelo desrespeito à sua cultura e forma de vida.
LXXXVII
• Comunidades quilombolas enfrentam questões P. 154-155
ligadas ao histórico de invisibilidade das popu-
lações negras no Brasil; dificuldades no acesso Pesquisa: A construção e os limites do
a serviços públicos, infraestrutura, direitos bási- bairro: ocupação e memórias
cos e distanciamento geográfico. Ademais, as
A mobilização social do bairro é uma forma de assimilar
comunidades remanescentes dos quilombos e
diversos conceitos abordados na unidade, uma vez que se
os povos quilombolas lutam para reconhecimen-
aproxima da realidade dos estudantes, permitindo que ele-
to, demarcação e titulação de suas terras, que
mentos e relações sejam observados de forma concreta, o
sofrem constantes ameaças de grilagem, des-
que possibilita maior apropriação do conteúdo.
matamento e especulação imobiliária.
O método de pesquisa proposto traz reflexões sobre a
• Comunidades caiçaras precisam lidar com o
relação entre o pesquisador e o objeto, o que suscita a
turismo predatório, especulação imobiliária, so-
discussão sobre a neutralidade científica e contribui para
brepesca, entre outros.
a valorização do método científico e para o desenvolvi-
• Comunidades ribeirinhas estão sujeitas à des- mento da consciência crítica.
truição e à poluição, sobretudo, do bioma ama-
Oriente os estudantes na construção do questionário e
zônico em razão da construção de grandes obras
de infraestrutura nos rios, principalmente as na determinação de pontos da entrevista e números de
hidrelétricas, além da caça e pesca predatórias, entrevistados, pensando na extensão da área estudada.
da exploração de madeira e da extração mineral. Auxilie os grupos na elaboração de mapas e gráficos,
• Seringueiros: muitas reservas extrativistas não com destaque para os dados mais interessantes e signifi-
têm condições de infraestrutura mínimas, o que cativos coletados em cada pesquisa, que leva a sugestões
traz poucos benefícios para as comunidades ins- de temas a serem representados ou não.
taladas, além da biopirataria e dos conflitos por Os mapas podem ser elaborados no computador, com
posse de terras. recortes do Google e ferramentas de edição de imagens,
• Cipozeiros lidam com a destruição da mata atlân- em softwares de SIG ou mesmo à mão, considerando a
tica nativa e dos cipós e com as restrições no disponibilidade de materiais e a familiaridade dos estudan-
acesso aos territórios tradicionalmente utilizados tes com tais tecnologias. O mesmo vale para os gráficos.
por eles. Essa seção privilegia o desenvolvimento da habilidade
• Apanhadores de sempre-vivas: uma das principais EM13CHS205, mas também aperfeiçoa as habilidades
ameaças a seu modo de vida refere-se à criação EM13CHS204 e EM13CHS206. O Tema Contemporâneo
de áreas de preservação integral sobrepostas Transversal trabalhado é Vida Familiar e Social, que faz
aos campos de coleta tradicionais, além da ex- parte da macroárea Cidadania e Civismo.
ploração do trabalho pelos proprietários das
terras particulares e da grilagem de terras.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO INDICAÇÕES
2. Espera-se que os estudantes mencionem que as for-
DA EDITORA DO BRASIL
mas dessas comunidades garantirem seu direito à
COMPLEMENTARES
terra podem ser diversas. A Constituição e outros dis-
Filmes
positivos legais garantem às comunidades tradicio-
nais, como indígenas e quilombolas, respaldo à A casa de areia, direção de Andrucha Waddington. Brasil.
ocupação e reconhecimento, portanto, cobrança e 2005, (115 min).
denúncias junto ao poder público são um caminho. Trio parte em busca do sonho de viver em terras prósperas,
Outras formas de organização podem ser por meio de o qual se transforma em pesadelo quando eles descobrem
manifestações que demonstrem os riscos a que estão que as terras estão em um lugar totalmente inóspito, rodea-
submetidas. Essas reflexões devem ser concluídas do de areia por todos os lados e sem nenhum indício de civi-
lização por perto.
com a elaboração de propostas pelos alunos para o
problema exposto, levando em consideração posturas Na Estrada, direção de Walter Salles. Brasil/França/Canadá,
éticas e que respeitem os direitos humanos. 2012. (140 min).
3. Resposta pessoal. É importante pontuar que a legis- Adaptação cinematográfica de Pé na estrada, de Jack Kerouac.
lação brasileira apresenta dispositivos que garantem O filme se passa em Nova York, no final dos anos 1940. O per-
proteção e não violação aos direitos indígenas. Mui- sonagem Sal Paradise conhece Dean Moriarty e sua esposa,
tas vezes, faltam fiscalização e cumprimento das Marylou. Ao sonhar com um outro mundo, eles constroem uma
amizade que os levará a viajar.
legislações vigentes. Por esse motivo, é importante
haver compromisso por parte dos governos e de seus Tropicália, direção de Marcelo Machado. Brasil, 2017.
órgãos competentes para fazer cumprir a lei. (87 min).
LXXXVIII
Nesse documentário, o cenário cultural do Brasil da década http://www.verinotio.org/sistema/index.php/verinotio/
de 1960 bem como a repressão do regime militar são anali- article/view/16/6. Acesso em: 8 set. 2020.
sados, com a finalidade de lançar luz e mostrar diferentes
O propósito do artigo é delimitar as principais características
pontos de vista sobre o Tropicalismo.
da paixão, entendida como movimento das potências huma-
no-sociais do sentir.
Livros
CARVALHO, Marta M. Chagas de. A escola e a República. AMARAL, F. B.; MACHADO, M. I. Territorializações e sujei-
São Paulo: Brasilense, 2001. (Coleção Tudo é História). tos: das utopias às possibilidades. Curitiba: Editora Inter-
saberes, 2019.
Nessa obra, a autora relaciona a escola aos princípios mo-
dernizantes e homogeneizadores do Brasil durante a Primei- Reflete sobre de que forma o fazer e o saber modernos interfe-
ra República. riram nas concepções de natureza e de sociedade e sobre as
consequências que a modernidade radical trouxe para o mundo.
DORATIOTO, Francisco. A guerra do Paraguai. São Paulo:
Brasiliense, 2010. (Coleção Tudo é História). ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São
Paulo: Unesp, 2016.
O historiador Francisco Doratioto é um dos principais espe-
cialistas na Guerra do Paraguai e, nessa obra, faz um relato Esta obra traça o desenvolvimento dos Estados absolutistas
amplo do conflito: causas e desdobramentos. fundamentado nas raízes do feudalismo europeu, no início
do período moderno, e avalia suas diversas trajetórias. Ao
GARCIA, Antônia dos Santos. Desigualdades raciais e se- abarcar uma variada gama de exemplos e cenários, Perry
gregação urbana em antigas capitais: Salvador, Cidade Anderson coloca o desenvolvimento dos Estados europeus
D’Oxum, e Rio de Janeiro, Cidade de Ogum. Rio de Janei- no cerne das discussões sobre uma história universal, dando
ro: Editora Garamond, 2009. novo fôlego ao estudo das monarquias absolutistas e do mo-
do de produção que gestou o sistema capitalista.
O livro analisa a relação entre a segregação urbana em
Salvador e no Rio de Janeiro e a discriminação racial. A aná-
AQUINO, Maria Aparecida de. Censura, imprensa e estado
lise de indicadores de ocupação, educação, renda, bens ur-
banos e serviços de consumo coletivos evidencia como a autoritário (1968-1978): o exercício cotidiano da domina-
metrópole moderna recria a hierarquia racial, que se mantém ção e da resistência. O Estado de São Paulo e Movimento.
como um pilar da sociedade brasileira contemporânea. Bauru: Edusc, 1999. p. 17.
Na obra, a autora analisa o contexto mundial em que a Dita-
JÚNIOR, Catelli. Brasil: do café à indústria. São Paulo: Bra- dura Civil-Militar no Brasil estava inserida e se debruça sobre
siliense, 2004. (Coleção Tudo é História). a organização da censura pelo Estado autoritário.
O historiador narra de forma didática as transformações políticas,
econômicas e sociais, fruto da produção e exportação do café. ARRUDA, Jobson de Andrade. A Revolução Inglesa. São
Paulo: Ed. Brasiliense, 1984.
TRAVASSOS, Elizabeth. Modernismo e música brasileira.
O autor analisa a Revolução Inglesa de 1640 e mostra como,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. (Coleção Descobrindo pela primeira vez na história, a burguesia transformou a es-
o Brasil).
DA EDITORA DO BRASIL trutura política, social e econômica da Inglaterra.
Nessa obra, o modernismo é analisado por meio de seus prin-
cipais músicos e obras como Heitor Villa-Lobos. BHABHA, Homi. O local da cultura. 2. ed. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2013.
Uma das mais importantes obras da teoria pós-colonial, o li-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS vro apresenta análises inovadoras sobre a dominação colonial
ALMEIDA, Paulo Roberto de. A economia internacional e a subjetividade dos colonizados, tratando principalmente
no século XX: um ensaio de síntese. Rev. bras. polít. int., das negociações culturais estabelecidas nessa relação.
Brasília, v. 44, n. 1, 2001, p. 112-136.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências hu-
O artigo apresenta o histórico da economia internacional na se- manas. São Paulo: Zahar, 1999.
gunda metade do século XX, ressaltando a criação de organis-
mos supranacionais, os principais embates no comércio Obra importante sobre a globalização e seus impactos para a
internacional que marcaram o período e sua influência na geo- vida cotidiana nas relações econômicas e sociais, que passam
política. A globalização capitalista e as desigualdades estrutu- a ser cada vez mais efêmeras.
rais entre países e sociedades também é um tema de destaque
no artigo, que foi abordado ao longo desta obra. BECKER, Bertha. Síntese das contribuições da oficina da Po-
lítica Nacional de Ordenamento Territorial. In: Oficina sobre
ALVES, A. J. L. Os descaminhos da paixão: o problema da a Política Nacional de Ordenamento Territorial, 2003, Brasí-
afetividade alienada do mundo capitalista. In: Verinotio – lia. Para pensar uma política nacional de ordenamento terri-
Revista de Filosofia e Ciências Humanas, n. 5 (2006): torial. Anais... Brasília: BRASIL/MI/SDR, 2005. p. 71-78.
LXXXIX
Neste artigo, a autora faz uma revisão sobre o conceito de organização dos Estados e na configuração do sistema inter-
território nos estudos geográficos e no âmbito do planeja- nacional. As fronteiras, como qualquer outro fenômeno de
mento governamental brasileiro. De forma bastante didática, ordem social, se transformam em cada período histórico, ga-
diversas nuances do conceito são apresentadas, evidencian- nhando novas formas e funções, conforme o autor evidencia
do como diferentes correntes teóricas têm utilizado o con- no atual contexto da globalização.
ceito para analisar fenômenos socioespaciais no mundo
contemporâneo. CASALEGNO, F. Sherry Turkle: fronteiras do real e do vir-
tual – entrevista com Sherry Turkle. In: Revista Famecos,
BRENNER, Neil et al. State/Space. A Reader. Oxford: Porto Alegre, n. 1, dez. 1999, semestral, p. 117-123.
Blackwell Publishers, 2003.
Nesta entrevista, Sherry Turkle revela a sua visão do universo
O capítulo deste livro resgata a origem dos Estados Nacionais das novas tecnologias da comunicação e mostra as vantagens
e apresenta uma ampla revisão bibliográfica sobre o conceito que cada usuário pode obter ao mergulhar no mundo virtual.
de Estado, destacando a contribuição de autores de diversas
áreas de conhecimento, como Filosofia, História, Geografia, CASTEL, Robert; WANDERLEY, Luiz Eduardo W.; PAUGAM,
Sociologia e Direito Internacional. Serge; WANDERLEY, Mariangela Belfiore. Desigualdade e
a questão social. São Paulo: Educ, 2013.
BORON, A.(org.) A filosofía política moderna. De Hobbes
a Marx. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciên- Neste livro, diferentes autores, entre eles o sociólogo francês
cias Sociales – CLACSO; San Pablo: Departamento de Ciên- Robert Castel, analisam a exclusão social que se amplia com
cia Política – FFLCH – Universidade de São Paulo, 2006. a crise dos serviços públicos de proteção social.
XC
COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes vir- DELEUZE, G. A ilha deserta e outros textos: textos e entrevis-
tudes. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. tas (1953-1974). São Paulo: Editora Iluminuras, 2004. v. 1.
Dirigido ao grande público, discute sobre algumas virtudes, Este primeiro volume reagrupa a quase totalidade dos textos de
definindo-as e mostrando porque são necessárias. Gilles Deleuze publicados na França e fora dela entre 1953 e 1974.
COSTA, Gustavo Villela Lima da. O muro invisível: a nacio- DIAS, L. C.; FERRARI, M. (org.) Territorialidades humanas
nalidade como discurso reificado na fronteira Brasil-Bolívia. e redes sociais. Florianópolis: Insular, 2013.
In: Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 25, n. 2, Este livro leva à reflexão mais ampla sobre os territórios e as
p. 141-156, 2013. territorialidades humanas.
Neste artigo, o autor debate como as fronteiras apresentam tam-
bém uma dimensão imaterial, ou seja, como elas criam barreiras DOSSE, F. A história do estruturalismo. São Paulo: Editora
sociais que separam grupos com distintas identidades nacionais. Ensaio, 1996. v. I-II.
Há também uma importante discussão sobre segregação social
Reflexão sobre a história intelectual contemporânea, tendo
decorrente dessas fronteiras invisíveis, que separam aqueles que
por objetivo destacar o Estruturalismo.
pertencem e aqueles que não pertencem ao território nacional.
FERNANDES, Gide José. Tratados internacionais: o que
COSTA, Wanderley Messias da. Geografia política e geo-
são, tipos e como funcionam. In: Blog da Fundação Insti-
política. São Paulo: Edusp, 1992.
tuto de Administração – FIA, 7 fev. 2019. Disponível em:
Neste livro, o autor traça as principais características das cor- https://fia.com.br/blog/tratados-internacionais. Acesso
rentes teóricas da Geografia Política Clássica, da Geopolítica do
em: 8 set. 2020.
período entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial e da Geo-
grafia Política Contemporânea. Como principais tópicos da Geo- Neste texto, o autor explica o significado dos principais termos
grafia Política Contemporânea, destaca-se a abordagem da que caracterizam as relações exteriores no mundo atual, a
questão do Estado, das fronteiras e das identidades nacionais. exemplo dos conceitos de tratados e convenções, do signifi-
cado de “ratificação” de tratados internacionais, entre outros
CURVO, Raul Murilo Chaves. Comparação entre as grandes aspectos. Esse vocabulário é essencial na compreensão dos
crises sistêmicas do sistema capitalista (1873, 1929 e debates que envolvem a Geografia Política e a Geopolítica.
2008). Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Instituto de Economia, 2011. FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às
independências. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Nesta pesquisa, o autor descreve e explica os fundamentos e
as implicações das principais crises sistêmicas do sistema Neste livro, um dos mais abrangentes sobre o tema das coloni-
capitalista, como a crise de 1873, a crise de 1929 e a crise de zações do século XIII ao XX, o autor trata das particularidades
2008, mostrando os aspectos em comum e as peculiaridades do colonialismo europeu e das semelhanças e diferenças dele
de cada um desses processos históricos. com outras formas de colonialismo ocorridas na História. Assim,
constrói uma visão consistente sobre as causas e os efeitos do
DANNER, F. O sentido da biopolítica em Michel Foucault. In: colonialismo no atual estágio político e econômico mundial.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Revista Estudos Filosóficos, n. 4 /2010 – versão eletrônica
DA EDITORA DO BRASIL
– ISSN 2177-2967 DFIME – UFSJ - São João del-Rei (MG), FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica: curso dado no
p. 143-157. Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fon-
tes, 2008.
O texto defende a ideia de que tanto a anátomo-política do
corpo como a biopolítica da espécie foram os dois procedi- Curso ministrado por Michel Foucault no Collège de France,
mentos de poder postos em prática pelo Estado moderno e de janeiro a abril de 1979, em que o autor analisa as formas
que têm como tarefa principal a formatação e o controle do de governabilidade liberal.
indivíduo e da própria sociedade.
FOUCAULT, M. Segurança, território, população. São Paulo:
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classes. São Paulo: Boi- Martins Fontes, 2008.
tempo, 2016. Curso ministrado por Michel Foucault no Collège de France,
A filósofa Angela Davis, ativista e professora, explica como a de janeiro a abril de 1978, em que o autor analisa a implan-
questão de classe, raça e gênero atinge as mulheres negras tação do biopoder.
nos países que passaram pela colonização e pela escravidão.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petró-
DELEUZE, G. Conversações: 1972-1990. São Paulo: Edi- polis: Vozes, 1987.
tora 34, 1992. Examina um dos mecanismos sociais e teóricos que motiva-
Coletânea de entrevistas concedidas por Gilles Deleuze ao ram as grandes mudanças que se produziram nos sistemas
longo de 20 anos, além de cartas e ensaios sobre política, li- penais ocidentais durante a Era Moderna. Analisa a vigilância
teratura e televisão, possibilitando a introdução ao pensamen- e a punição presentes em várias entidades estatais (hospitais,
to do filósofo francês. prisões e escolas).
XCI
GOMES, Geórgia; LOPES, Joana. A crise migratória no sécu- Neste livro, o autor discute como as escalas local, regional,
lo XXI. Porto Alegre: UFRGS, 2017. Disponível em: nacional e global estão interligadas, cada uma contribuindo
https://www.ufrgs.br/ripe/wp-content/uploads/2017/05/ para a manutenção de certos fenômenos e processos eco-
nômicos, sociais e políticos. Um tópico de destaque é o pa-
migra%C3%A7%C3%B5es.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020.
pel que grandes corporações assumem na atualidade,
Trata-se de um encarte bastante didático e informativo sobre sobretudo no que diz respeito à apropriação privada de ter-
as migrações ocorridas no início de século XXI, voltado ao pú- ritórios e seus recursos.
blico geral. Ele traz conceitos importantes, como o de refugia-
dos, deslocados internos e apátridas, além de dados oficiais HEGEL, G. W. F. Princípios da Filosofia do Direito. São Paulo:
sobre o tema, seguindo parâmetros estabelecidos pela Orga- Martins Fontes, 1997.
nização das Nações Unidas. Texto clássico do pensamento filosófico, expõe a filosofia do
direito hegeliana.
GOMES, Gonçalo Santa Clara. O papel dos Estados Unidos
na Nova Ordem Internacional. In: Revista de Relações In- HEGEL, G. W. F. Enciclopédia das ciências filosóficas: em
ternacionais, n. 3, set. 2004. Disponível em: http://www. epítome. Lisboa: Edições 70 (s/d). v. III.
ipri.pt/images/publicacoes/revista_ri/pdf/r3/RI3_GSCG.
Texto clássico do pensamento filosófico, definido pelo autor
pdf. Acesso em: 26 ago. 2020. como um panorama geral do conjunto abrangido pela filosofia.
Neste artigo, o autor define o conceito de ordem mundial, ca-
racteriza as ordens bipolar e multipolar e discute o papel das HOBBES, T. O Leviatã ou matéria, forma e poder de um es-
potências econômicas e militares nas relações de poder que tado eclesiástico e civil. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
sustentam um dado sistema internacional. O texto traz noções (Coleção Os Pensadores).
básicas para a discussão do tema.
Obra clássica da filosofia política em que se teoriza a matéria,
GOMES, Henrique Manuel Candeias Rosa. A nova ordem a forma e o poder do Estado eclesiástico e civil. O Estado civil
mundial: do fim do mundo bipolar à emergência de novos é caracterizado como o homem artificial, constituído pela
actores internacionais. Dissertação de Mestrado em Estu- união de todos os indivíduos.
dos Euro-Asiáticos apresentada à Universidade Aberta,
Lisboa, 2009. HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios: 1875-1914. São
Paulo: Paz e Terra, 2015.
Nesta pesquisa o autor descreve e analisa as principais carac-
terísticas das ordens mundiais bipolar e multipolar, dando ên- Parte da série clássica do autor britânico, o livro discute a for-
fase ao contexto histórico e às disputas geopolíticas que mação dos impérios coloniais e os antecedentes da Primeira
conformaram o sistema internacional em cada período. Gran- Guerra Mundial.
de atenção foi dada aos atores políticos que sustentam as or-
dens mundiais, sobretudo aos países que atuam como HOBSBAWN, Eric. J. A era dos extremos: o breve século XX.
potências econômicas e militares no cenário internacional e São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
as organizações supranacionais.
Obra do historiador Eric Hobsbawn sobre o século XX e seus
HAESBAERT, Rogério. Desterritorialização, Multiterritoria- principais eventos políticos e econômicos.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
lidade e Regionalização. In: Oficina sobre a Política Nacio-
IBGE lança estudo metodológico sobre mudança demo-
nal de Ordenamento Territorial, 2003, Brasília. Para pensar
DA EDITORA DO BRASIL
uma política nacional de ordenamento territorial. Brasília: gráfica e projeções de população. IBGE. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de
BRASIL/MI/SDR, 2005, p. 15-30.
-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/9831
O artigo aborda distintas conceituações de território nos es- -ibge-lanca-estudo-metodologico-sobre-mudanca
tudos geográficos, chamando a atenção para os processos de -demografica-e-projecoes-de-populacao. Acesso em: 26
territorialização de diferentes atores sociais, políticos e eco-
ago. 2020.
nômicos e para a coexistência de múltiplos territórios no es-
paço geográfico, aspectos destacados nesta obra. A reportagem traz uma breve síntese do documento com in-
formações sobre a dinâmica da população no Brasil, tendo
HAESBAERT, Rogério; LIMONAD, Ester. O território em como base os dados levantados pelo Censo Demográfico de
tempos de globalização. In: Etc... espaço, tempo e crítica. 2010, a exemplo de projeções da população no curto, médio
n. 2 (4), v. 1, 15 ago. 2007. Disponível em: https://www. e longo prazos, pautadas em indicadores de natalidade, mor-
e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/ talidade, fecundidade e taxas de migração.
view/49049. Acesso em: 26 ago. 2020.
INTERNATIONAL MONETARY FUND – IMF. World economic
Neste artigo, os autores debatem a questão do território no con- outlook. Washington, DC: IMF, 2019. Disponível em: https://
texto da globalização, sua ressignificação diante das teorizações www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2019/10/01/
e conceituações mais tradicionais da Geografia Política, e as no- world-economic-outlook-october-2019. Acesso em: 26 ago.
vas perspectivas para compreensão do território nos dias atuais. 2020.
HAESBAERT, Rogério. Regional-Global: dilemas da região Trata-se de um relatório anual do Fundo Monetário Inter-
e da regionalização na Geografia contemporânea. Rio de nacional, com dados de 2018 referentes à economia inter-
Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. nacional, sobretudo à dinâmica de crescimento/retração
XCII
econômica e às disparidades entre países ricos e emergen- A página vinculada ao site do Ministério das Relações Interna-
tes e entre as diversas regiões do mundo. cionais do Brasil apresenta informações básicas sobre a criação
e o funcionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC).
INTERNATIONAL Organization for Migration – IOM. World
Migration Report 2020. Switzerland: IOM, 2020. Disponí- KANT, I. A Paz Perpétua. Um projecto filosófico. Portugal:
vel em: https://publications.iom.int/books/world-migration Universidade da Beira Interior, 2008.
-report-2020. Acesso em: 26 ago. 2020.
Obra em que Kant argumenta sobre a paz perpétua entre as
Trata-se de um relatório anual da Organização Internacional pa- nações, que se constrói porque a razão tem mais força do que
ra Migrações, que faz parte da Organização das Nações Unidas. o poder.
O documento apresenta dados e informações sobre as migra-
ções, tendo como referência o ano de 2019, sobretudo no que
KLEIN JUNIOR, P.; OLSSON, G. O sistema TRIPS como ins-
diz respeito aos refugiados, deslocados internos e apátridas.
trumento de poder das corporações transnacionais na socie-
dade globalizada. In: Rev. Direito Econ. Socioambiental, Curi-
INTERNATIONAL Organization for Migration – IOM. World
tiba, v. 9, n. 1, p. 164-186, jan./abr. 2018. Disponível em:
Migration Report 2003. Switzerland: IOM, 2003. Disponí-
https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6511233.
vel em: https://www.iom.int/world-migration-report-2003.
Acesso em: 26 ago. 2020.
Acesso em: 26 ago. 2020.
O texto aborda o papel das grandes corporações nas relações
Trata-se de um relatório anual da Organização Internacional
internacionais e na apropriação e uso do território, destacan-
para Migrações, que faz parte da Organização das Nações
Unidas. O documento apresenta dados e informações sobre do as tensões políticas, econômicas e sociais que emergem
as migrações tendo como referência o ano de 2002, sobre- da atuação dessas corporações em relação aos interesses ge-
tudo o que diz respeito aos refugiados, deslocados internos rais de cada sociedade.
e apátridas.
LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Mar-
INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. tins Fontes, 1998.
Mudança demográfica no Brasil no início do século XXI. Obra clássica da filosofia política em que se teoriza que o fun-
Subsídios para as projeções da população. Rio de Janeiro: cionamento da sociedade é pautado no direito natural e no
IBGE, 2015. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/
estabelecimento de um contrato social.
index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id
=293322. Acesso em: 26 ago. 2020.
MACHADO, M. W.; MATSUSHITA, T. L. Globalização e blo-
O documento traz informações sobre a dinâmica da população no cos econômicos. In: Revista de Direito Internacional e Glo-
Brasil, tendo como base os dados levantados pelo Censo balização Econômica, v. 1, n. 1, 2019. Disponível em:
Demográfico de 2010. Também são apresentadas projeções da http://200.144.145.24/DIGE/article/view/42353/28124.
população no curto, médio e longo prazos, pautadas em indicado- Acesso em: 26 ago. 2020.
res de natalidade, mortalidade, fecundidade e taxas de migração.
Neste artigo, o autor identifica e caracteriza os principais blocos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
INSTITUTO Socioambiental. Povos Indígenas no Brasil. econômicos regionais da atualidade, descrevendo sintetica-
Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Página_ mente seu processo de criação e suas modalidades. Também
DA EDITORA DO BRASIL
principal. Acesso em: 26 ago. 2020. se discute a relação entre a globalização e a disseminação de
A página apresenta informações e dados sobre a população in- blocos econômicos regionais nas últimas décadas.
dígena no Brasil, a exemplo da identificação e caracterização
dos povos indígenas que vivem no país, da legislação de prote- MAFFESOLI, M. O tempo das tribos: o declínio do individua-
ção a esses povos e da situação legal das terras indígenas. lismo nas sociedades de massa. São Paulo: Forense Uni-
versitária, 2014.
ITAMARATY. Concórdia. Acervo de atos internacionais do Análise sociológica sobre as tribos urbanas, defendida como
Brasil. Disponível em: https://concordia.itamaraty.gov.br. uma forma contemporânea de criação de vínculos sociais.
Acesso em: 26 ago. 2020.
O site apresenta uma lista dos atos internacionais do Brasil, MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Edipro, 2018.
contemplando tratados, convenções e acordos firmados com Nesta obra, que é um clássico sobre o pensamento político, o
outros países, sendo possível consultar os detalhes de cada grande escritor Maquiavel mostra como funciona a ciência políti-
ato internacional listado. ca. Discorre sobre os diferentes tipos de Estado e ensina como
um príncipe pode conquistar e manter o domínio sobre um Esta-
ITAMARATY. Organização Mundial do Comércio. Disponível do. Trata daquilo que é o seu objetivo principal: as virtudes que o
em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/ governante deve adquirir e os vícios que deve evitar para manter-
diplomacia- economica- comercial- e -financeira / -se no poder. Maquiavel mostra em O Príncipe que a moralidade
132-organizacao-mundial-do-comercio-omc. Acesso em: e a ciência política são separadas. Ele aponta a contradição entre
26 ago. 2020. governar um Estado e, ao mesmo tempo, levar uma vida moral.
XCIII
MARTINS, C. Z.; MARTINS, V.; VALIM, R. Lawfare: uma intro- MORAES, A. C. R. Ordenamento territorial: uma conceitua-
dução. São Paulo: Contracorrente, 2019. ção para o planejamento estratégico. In: Oficina sobre a
Obra recente sobre o uso cada vez mais recorrente do sistema Política Nacional de Ordenamento Territorial, 2003, Brasí-
judiciário para perseguição política de opositores. lia. Para pensar uma política nacional de ordenamento ter-
ritorial. Anais. Brasília: BRASIL/MI/SDR, 2005, p. 43-47.
MARX, K. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Neste texto, o autor faz uma revisão teórica e conceitual sobre
Boitempo, 2011. o território, destacando o papel do planejamento governamen-
Nesse livro fundamental, o filósofo desenvolve o estudo do tal na configuração e no uso do território nacional. Temas cor-
relatos ao ordenamento territorial são abordados, numa
papel da luta de classes como força motriz da história e
perspectiva bastante atual.
aprofunda a teoria do Estado, sobretudo demonstrando que
todas as revoluções burguesas apenas aperfeiçoaram a má-
MUÑOZ, E. E. A cooperação sul-sul do Brasil com a África.
quina estatal para oprimir as classes. Embasado por essa
Caderno CRH, v. 29, n. 76, p. 9-12, 2016.
observação, Marx propõe, pela primeira vez, a tese de que
o proletariado não deve assumir o aparato existente, mas Artigo sobre as formas contemporâneas de cooperação entre
desmanchá-lo. países do sul global, como superação do domínio estrangeiro
sobre tais regiões.
MINISTÉRIO do Meio Ambiente – MMA. Povos e comunida-
des tradicionais. Disponível em: https://www.mma.gov.br/ ÓRGÃOS apostam na inteligência para combater tráfico e
desenvolvimento-rural/terras-ind%C3%ADgenas, biopirataria na Amazônia. Renctas. Disponível em: http://
-povos-e-comunidades-tradicionais.html. Acesso em: 26 www.renctas.org.br/orgaos-apostam-na-inteligencia
ago. 2020. -para-combater-trafico-e-biopirataria-na-amazonia. Aces-
so em: 26 ago. 2020.
Nesta página do site do Ministério do Meio Ambiente, há in-
formações sobre a legislação que reconhece a existência e os A reportagem traz informações básicas sobre o tráfico de ani-
direitos dos povos e comunidades tradicionais que vivem no mais e a biopirataria, com a definição desses crimes e exem-
plos comuns no território brasileiro, sobretudo no que se
Brasil, como a Política Nacional de Desenvolvimento Susten-
refere à Floresta Amazônica. Também se debate a importân-
tável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), insti-
cia do combate a crimes contra a biodiversidade e estratégias
tuída em 2007 por meio do Decreto n. 6.040.
que poderiam ser adotadas pelo Brasil.
XCIV
PRADO, M. L. C. América Latina no Século XIX. São Paulo: O artigo apresenta noções básicas para a leitura de gráficos
Edusp, 2014. matemáticos e estatísticos, como o papel da escala matemá-
tica usada na apresentação dos dados, os tipos de gráficos e
A história da América Latina sob o ponto de vista da cultura e
as interpretações a que eles conduzem.
das ideias políticas é o enfoque adotado pela autora nestes
ensaios, que tratam de aspectos marcantes da independência
SATO, E. A. Crescimento exponencial: Como ficar rico ou
e da identidade nacional de diversos países do continente.
contaminar multidões rapidamente. Blog Unicamp. Dis-
ponível em: https://www.blogs.unicamp.br/covid-19/
QUÃO integrados estão os países da América Latina e
crescimento-exponencial-como-ficar-rico-ou-contaminar
Caribe no comércio internacional? Institutos de Estudos
-multidoes-rapidamente. Acesso em: 26 ago. 2020.
para o Desenvolvimento Industrial – IEDI. Disponível em:
https://iedi.org.br/artigos/top/analise/analise_iedi_2017_ O texto apresenta noções básicas para a leitura de gráficos
comercio_exterior.html. Acesso em: 26 ago. 2020. matemáticos e estatísticos que utilizam a escala exponencial,
destacando como a escala matemática usada na apresentação
Neste artigo, os autores debatem a integração regional na Amé- dos dados interfere nas interpretações que podemos fazer dos
rica Latina, destacando o papel e a atuação dos blocos econô- gráficos.
micos regionais e dos fóruns políticos multilaterais que buscam
fortalecer as relações econômicas e políticas na região. SECURITY Council – UN. Disponível em: https://www.
un.org/securitycouncil. Acesso em: 26 ago. 2020.
ROCHA, M. M. A narrativa e o contexto na produção dos
A página traz informações sobre o Conselho de Segurança da
mosaicos territoriais, In: Revista Percurso – NEMO Marin-
Organização das Nações Unidas, como o seu histórico de cria-
gá, v. 10, n. 2, 2018, p. 177-195. ção, seus membros, seus mecanismos de funcionamento e
Primeiro, de uma série de três artigos, resultado do estudo também as ações tomadas pela instituição.
teórico sobre a relação narrativa e território, do projeto “A es-
pacialidade das formas narrativas: entre ficção e realidade”. SOUZA, M. J. L. de. O território: sobre espaço e poder, au-
tonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E. de; GOMES,
ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cul- P. da Costa; CORRÊA, R. L. Geografia: conceitos e temas.
tural, 1983. (Coleção Os Pensadores). 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. p. 77-116.
Obra clássica do pensamento político em que Rousseau ex- Nesse capítulo de livro, o autor apresenta uma discussão so-
plana seu conceito de contrato social, que se baseia na noção bre o conceito de território, destacando perspectivas menos
de que a sociedade é responsável pelo corrompimento moral tradicionais ao enfatizar a ideia de multiterritorialidade, ou
do ser humano. seja, a coexistência de múltiplos territórios no espaço geográ-
fico, alguns formais e outros informais.
RÜCKERT, A. A. O processo de reforma do Estado e a Polí-
SCHWARCZ, L.; SPACCA. As barbas do imperador: D. Pe-
tica Nacional de Ordenamento Territorial. In: Oficina sobre
dro II, a história de um monarca em quadrinhos. São Pau-
a Política Nacional de Ordenamento Territorial, 2003, Bra-
lo: Companhia das Letras, 2013.
sília. Para pensar uma política nacional de ordenamento
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
territorial. Anais. Brasília: BRASIL/MI/SDR, 2005, p. 31-39. A história de D. Pedro II e questões do Segundo Reinado co-
mo o processo abolicionista e republicano são contadas em
DA EDITORA
Neste texto o autor DO BRASIL
discute a relação entre a estrutura e os forma de história em quadrinhos.
mecanismos de funcionamento do Estado brasileiro e o orde-
namento territorial, ou seja, a maneira como o Estado se apro- SILVEIRA, M. L. Los territorios corporativos de la globali-
pria do território nacional e conduz o seu uso, influenciando a
zación. In: Geograficando, v. 3, n. 3, 2016. Disponível em:
atuação de agentes públicos e privados.
https://www.geograficando.fahce.unlp.edu.ar/article/view/
GEOv03n03a01. Acesso em: 26 ago. 2020.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensa-
mento único à consciência universal. 13. ed. Rio de Janei- Neste artigo, a autora debate como a globalização e a inter-
nacionalização do capital produtivo proporcionaram às gran-
ro: Record, 2006.
des corporações a apropriação e o uso privado de territórios
Neste livro, o autor apresenta as principais características da ao redor do mundo. O papel desempenhado pelas grandes
globalização e suas influências políticas, econômicas e sociais, corporações teria grandes influências nas desigualdades so-
sobretudo a geração de desigualdades nas diversas escalas ciais e espaciais que marcam as sociedades atuais.
espaciais. O autor também discute alternativas ao processo
de globalização vigente, no sentido de propiciar maior equi- TEIXEIRA, A. N.; RIBEIRO, M. B. P. A urbanização brasilei-
dade social e espacial. ra: reflexões acerca da segregação socioespacial. In: Anais
do XVIII ENG, São Luís, 2016. Disponível em: http://www.
SATO, Eduardo Akio. Lendo gráficos sobre a COVID-19. eng2016.agb.org.br/resources/anais/7/1468292073
Blog Unicamp. Disponível em: https://www.blogs.unicamp. _ARQUIVO_Artigo-ENG_TEIXEIRA_RIBEIRO_Final.pdf.
br/covid-19/lendo-graficos-sobre-a-covid-19. Acesso em: Acesso em: 26 ago. 2020.
26 ago. 2020.
XCV
Neste artigo, os autores discutem a questão da segregação UNITED Nations – UN. Department of Economic and Social
socioespacial, sobretudo os seus efeitos na periferização da Affairs, Population Division. World Population Prospects
população pobre das cidades. Explica-se que a segregação 2019. Press Release. New York: UN, 2019a. Disponível em:
socioespacial é fruto das relações sociais, pautadas na divisão https://population.un.org/wpp/Publications/Files/
de classes e na subordinação de umas a outras.
WPP2019_PressRelease_EN.pdf . Acesso em: 8 set. 2019.
TEIXEIRA, T.; SABO, I. C. Democracia ou Autocracia Infor- O documento traz informações sobre a dinâmica atual da po-
macional? O Papel da Internet na Sociedade Global do pulação no mundo, tendo como referência o ano de 2018.
Também são apresentadas projeções da população no curto,
Século XXI. In: Revista de direito, governança e novas tec-
médio e longo prazos, pautadas em indicadores de natalida-
nologias, v. 2, n. 1, 2016. Disponível em: https://www.
de, mortalidade, fecundidade e taxas de migração.
indexlaw.org/index.php/revistadgnt/article/view/795/790.
Acesso em: 26 ago. 2020.
UNITED Nations – UN. Department of Economic and Social
Neste artigo, os autores debatem o papel da internet nas so- Affairs – Population Dynamics. Disponível em: https://
ciedades contemporâneas, sobretudo a questão da democra- population.un.org/wpp. Acesso em: 26 ago. 2020.
cia e das desigualdades. Dessa maneira, são discutidos temas
como o comércio eletrônico mundial fomentado pela internet, O site traz informações sobre a dinâmica da população no
a emergência de movimentos políticos e ideológicos nas re- mundo, disponibilizando diversos documentos, relatórios e
des sociais e a soberania dos Estados na regulamentação do estudos sobre demografia na escala global.
uso da internet.
VASCONCELOS, A. M. N.; GOMES, M. M. F. Transição de-
TILLY, Charles. Coerção, capital e estados. São Paulo: mográfica: a experiência brasileira. Epidemiol. Serv. Saú-
Edusp, 1996. de, Brasília, v. 21, n. 4, p. 539-548, dez. 2012. Disponível
em http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttex
Um dos livros mais adotados na ciência política, pois contempla
uma análise histórica do Estado moderno e as formas de domi- t&pid=S1679-49742012000400003&lng=pt&nrm=iso.
nação estabelecidas pelo imperialismo europeu, que se desdo- Acesso em: 26 ago. 2020.
bram nas relações com os países do chamado “terceiro mundo”. Nesse estudo, os autores descrevem o processo de transição
demográfica no Brasil e em suas grandes regiões com base
TRINDADE JR., Saint-Clair Cordeiro da; NASCIMENTO, D. M. nos Censos Demográficos de 1950 a 2010.
(org.). Pensando a noção de fronteira: um olhar a partir da
ciência geográfica. In: Amazônia e defesa: dos fortes as no- WEBER, M. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
vas conflituosidades. Belém: NAEA, UFPA, 2010, p. 101-124. Dentro de uma perspectiva pragmática, Weber discute con-
Nesse artigo, o autor faz uma revisão teórica e conceitual do ceitos básicos para a compreensão das dinâmicas sociais e
conceito de fronteira, explicitando tanto as noções mais tra- políticas, como as estruturas de poder, classe, ordem social,
dicionais, ligadas à delimitação de territórios nacionais e sua burocracia, disciplina, religião e capitalismo. Sua obra influen-
divisão interna, quanto as noções mais recentes, como aque- ciou a literatura acadêmica do século XX em diversas esferas,
las associadas à imaterialidade das distinções culturais, como sociologia, ciência política, história, filosofia, economia,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sociais e epistêmicas. arte, religião e educação.
DA EDITORA DO BRASIL
XCVI
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DA EDITORA DO BRASIL
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
ISBN 978-85-10-08383-6