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e cidadania
e Sociais Aplicadas
Ciências Humanas
Leandro Gomes / Natália Salan Marpica
Priscila Manfrinati / Sabina Maura Silva
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
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MANUAL DO
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Política e cidadania
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ISBN 978-85-10-08391-1
Leandro Gomes
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professor e coordenador em cursinhos populares e assessor pedagógico
especialista.
Priscila Manfrinati
Mestra em Ciências, área de concentração Humanidades, Direitos e Outras
Legitimidades pela Universidade de São Paulo (USP).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professora de História em cursos pré-vestibulares.
DA EDITORA DO BRASIL
Sabina Maura Silva
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mestra e licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação
em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (Cefet-MG).
1a edição
São Paulo, 2020
© Editora do Brasil S.A., 2020 Concepção, desenvolvimento e produção:
Todos os direitos reservados Triolet Editorial & Publicações
Direção executiva: Angélica Pizzutto Pozzani
Direção geral: Vicente Tortamano Avanso Coordenação editorial: Denise Pizzutto
Edição de texto: Guilherme Gaspar, Thais Ogassawara,
Direção editorial: Felipe Ramos Poletti Frank de Oliveira, Olívia Pavani Naveira
Gerência editorial: Erika Caldin Elaboração de conteúdo: Adriano Rogério Mastroléa, Ana Maria
Supervisão de arte: Andrea Melo Macarini, Ângelo Costa dos Santos, André Castilho Pinto, Bianca
Supervisão de editoração: Abdonildo José de Lima Santos Briguglio, Bianca Zucchi, Charles Ireno dos Santos, Fabiana Machado
Supervisão de revisão: Dora Helena Feres Leal, Júlia Bittencourt, Larissa Soares de Araujo, Marcelo Vasconcelos,
Supervisão de iconografia: Léo Burgos Paulo Victor de Figueredo Nogueira, Renata Cristina Pereira, Simone
Affonso da Silva, Tatiana Martins Venancio, Thaís Fucilli Chassot
Supervisão de digital: Ethel Shuña Queiroz
Preparação e revisão de texto: Alexander Barutti, Ana Paula
Supervisão de controle de processos editoriais: Roseli Said
Chabaribery, Arali Gomes, Brenda Moraes, Daniela Pita, Érika Finati,
Supervisão de direitos autorais: Marilisa Bertolone Mendes Glória Cunha, Helaine Albuquerque, Janaína Mello, Lara Milani,
Licenciamentos de textos: Cinthya Utiyama, Jennifer Xavier, Paula Malvina Tomaz, Marcia Leme, Miriam Santos, Patrícia Cordeiro,
Tozaki e Renata Garbellini Renata Tavares, Simone Soares
Controle de processos editoriais: Bruna Alves, Carlos Nunes, Assistência editorial: Carmen Lucia Ferrari, Gabriela Wilde, Janaína Felix
Rita Poliane, Terezinha de Fátima Oliveira e Valéria Alves Coordenação de arte e produção: Daniela Fogaça Salvador
Edição de arte: Ana Onofri, Christof Gunkel, Julia Nakano, Suzana Massini
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Assistente de arte: Lucas Boniceli
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto gráfico (miolo e capa): Caronte Design
Ilustrações: All Maps, Daniel das Neves, Julio Dian
Conexão mundo : ciências humanas e sociais Iconografia: Daniela Baraúna, Pamela Rosa, Tempo Composto
aplicadas : política e cidadania / Leandro Imagem de capa: Lionel Bonaventure/AFP
Gomes... [et al.]. -- 1. ed. -- São Paulo :
Editora do Brasil, 2020. -- (Conexão mundo)
20-42105 CDD-373.19
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Índices para catálogo sistemático:
DA EDITORA DO BRASIL
1. Ensino integrado : Livro-texto : Ensino médio
373.19
Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427
1a edição / 2020
Caro estudante,
UNIDADE 1
JUSTIFICATIVA
MAPA DO APRENDIZADO
É apresentado um panorama do
que se pretende atingir com o
INTRODUÇÃO
estudo de cada unidade: o
Momento de valorização de INTRODUÇÃO objetivo que se quer alcançar e
conhecimentos prévios. as justificativas para o trabalho
Promove a participação coletiva proposto, além das
da turma, visando à ampliação O que é ser cidadão? Como podemos nos posicionar no
debate público em prol do bem comum e nos organizar na luta competências gerais e
de seu repertório de
por nossos direitos? Essas são algumas questões que estive-
Começo de conversa
manifestação artística que se
participação ativa no debate ao 1. Se você fosse declamar um slam, sobre o 4. Você conhece alguma associação em seu
que ele seria? Qual insatisfação social ou bairro ou munícipio que se organiza para
relaciona ao tema principal,
relacionar o tema do livro com
desejo de transformação política expressaria? tratar de pautas políticas locais? Quais são
essas pautas? Como é o modo de ação des-
estabelecendo novas
2. O que você entende por cidadania?
sa organização?
3. Quais causas sociais você considera que
vivências cotidianas.
Slam das Minas, competição de
deveriam ser melhor representadas no poesia falada entre mulheres.
e a reflexão.
UNIDADES
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA
Textos, imagens, boxes, atividades DO que
e seções especiais BRASIL
mobilizam habilidades e
competências para que sejam desenvolvidas aprendizagens relacionadas a diferentes Esclarece o significado de
conteúdos da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. palavras e expressões.
2
UNIDADE OUTRO PONTO DE VISTA O conceito de república
Minorias sociais e O pensamento de Angela Davis Em uma república, o país é considerado patrimônio do povo. As repú-
Crítica à social-democracia
demandas históricas A filósofa estadunidense Angela Davis (1944-) blicas têm como base o caráter transitório do poder, conferido pela cole-
Digital First Media Group/Oakland Tribune/Getty Images
adicionou à tradição marxista a relação entre a Leia a seguir um pequeno trecho do texto “Sobre o conceito de história”, de Walter Benjamin (1892-1940). Nele, o tividade aos governantes, visando ao bem comum da sociedade. Para o
reprodução da sociedade capitalista e a constitui- autor faz uma crítica à social-democracia implementada na Europa, no século XX. Depois da leitura, responda às filósofo Renato Janine Ribeiro (1949-), república e democracia são pala-
ção das subjetividades, como a raça e o gênero. questões propostas.
vras comumente confundidas entre si, mas o autor as diferencia, já que a
Isto é, se o marxismo, em sua origem, pensava o democracia está do lado da sociedade e é popular; e a república, do lado
capitalismo por meio da revolução proletária e da A teoria e mais ainda, a prática da social-democracia foram determinadas por um conceito dogmático de pro-
gresso sem qualquer vínculo com a realidade. Segundo os social-democratas, o progresso era, em primeiro lugar,
do poder, das instituições.
luta de classes, Davis propõe que gênero e raça
O CONCEITO DE MINORIA também sejam categorias essenciais de análise. um progresso da humanidade em si, e não das suas capacidades e conhecimentos. Em segundo lugar, era um A palavra “república” vem do latim res publica e significa “coisa pública”
Frequentemente empregado no âmbito dos estudos políticos e sociais, o conceito de mi- A interseccionalidade entre essas três categorias processo sem limites, ideia correspondente à da perfectibilidade infinita do gênero humano. Em terceiro lugar, ou “bem público” e se traduz na participação do indivíduo em decisões polí-
seria fundamental, de acordo com a filósofa, para era um processo essencialmente automático, percorrendo, irresistível, uma trajetória em flecha ou em espiral. ticas de sua comunidade. Na Grécia Antiga, por exemplo, algumas cidades-
noria pode ser compreendido por meio de um entendimento quantitativo ou qualitativo. De Cada um desses atributos é controvertido e poderia ser criticado. Mas, para ser rigorosa, a crítica precisa ir além
desmantelar estruturas opressivas da sociedade. -estado, como Atenas, tinham um sistema que admitia o exercício do poder
acordo com a visão quantitativa, uma minoria é constituída de um grupo numericamente deles e concentrar-se no que lhes é comum. A ideia de um progresso da humanidade na história é inseparável
Uma categoria não poderia ser priorizada em rela- de seus cidadãos (homens, maiores de 21 anos, residentes na cidade e filhos
inferior em relação a outro. Por exemplo, em um regime democrático, os representantes ção a outras, pois todas estariam conectadas. da ideia de sua marcha no interior de um tempo vazio e homogêneo. A crítica da ideia do progresso tem como
políticos que recebem a minoria do número de votos em uma eleição não são eleitos. pressuposto a crítica da ideia dessa marcha. de cidadãos ateniense) por meio de assembleias.
Além de filósofa marxista, Angela Davis é ati-
Do ponto de vista qualitativo, as minorias são definidas como grupos humanos marginali- vista política e foi uma das principais vozes do BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito da história. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política:
ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. República Romana
zados social, econômica ou culturalmente por outro grupo dominante ou opressor. Dessa partido revolucionário dos Panteras Negras, que São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 229. (Obras escolhidas, v. 1).
forma, elas se tornam alvos de ações preconceituosas e discriminatórias. organizava diversos atos de resistência ao racismo O conceito de república surgiu na Roma Antiga, quando Marco Túlio Cícero
nos Estados Unidos, principalmente durante a (106 a.C - 43 a.C.), advogado e filósofo, definiu res publica como res populi,
Jolanta Wojcicka/Shutterstock.com
ofuscados pelo trabalho compulsório. Aparentemente, portanto, o ponto de partida de qualquer exploração da vida
das mulheres negras na escravidão seria uma avaliação de seu papel como trabalhadoras. O sistema escravista de-
lar – composta de patrícios e plebeus – e o Conselho da Plebe, composto
finia o povo negro como propriedade. Já que as mulheres eram vistas, não menos do que os homens, como unidades apenas de plebeus. Na República Romana, eram considerados cidadãos
de trabalho lucrativas, para os proprietários de escravos elas poderiam ser desprovidas de gênero. [...] A julgar pela os homens adultos e livres, estando excluídos da cidadania as mulheres,
crescente ideologia da feminilidade do século XIX, que enfatizava o papel das mulheres como mães protetoras, par- as crianças e os escravos.
ceiras e donas de casa amáveis para seus maridos, as mulheres negras eram praticamente anomalias.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016. E-book. Repúblicas italianas
Entre os séculos X e XV, algumas cidades adotaram o regime republicano
Fabiano's_Photo/Shutterstock.com
Atividades 1. Faça uma pesquisa e elabore um relatório sobre os representantes do Poder Legislativo
no seu estado e município. Quantos representantes compõem a Câmara dos Vereado-
res do seu município? Quantos deputados estaduais estão na Assembleia Legislativa? PENSAMENTO COMPUTACIONAL CONEXÕES
1. Leia o trecho de uma reportagem publicada em Existem mulheres
a) De acordo comocupando assentos
o autor, quais seriamnesses espaços? Quantas são? Quais partidos têm
os motivos
algoritmos, a decomposição de
Acesso em: 24 jul. 2020. porcentagem
• Para de pessoas brancas
concluir, posicionam-se sobre e negras na
os benefícios ou malefícios desta lei para a
África do Sul hoje, o que foi a política de apar-
população.
• Segundo os dados do Censo de 2010, feito pelo
theid e quem foi Nelson Mandela.
problemas e o reconhecimento de
(IBGE), o número de mulheres no Brasil era de 4. Leia o trecho abaixo, de uma reportagem, e res-
cerca de 97 milhões, enquanto o de homens ponda às perguntas.
Pensamento computacional
padrões.
esses dados e aqueles apresentados na repor- tou a frase “ação antifascista” e o logotipo com duas
o local por meio da comunicação de suas necessidades para o poder público e/ou
tagem se relacionam ao conceito de minorias? bandeiras para a campanha eleitoral de 1932. Des-
por ações feitas pela própria comunidade.
de o início da década de 1920, eles pressionavam
2. Quais são os diferentes posicionamentos den-
Organizem-se
por em gruposAktion”
uma “antifaschistische e investiguem a existência desse tipo de organização no
(ação antifas-
tro do marxismo sobre as categorias de classe,
cista) interpartidária.
bairro onde vocês moram. Em seguida, façam um levantamento dos principais
gênero e raça?
problemas da comunidade
O KPD tentou e encaminhem
se retratar como soluções para alguns deles. Para isso,
o único partido
3. Leia um trecho da obra Crítica da razão negra, sigam o roteiro de
verdadeiramente etapas. na última eleição
“antifascista”
do filósofo camaronês Achille Mbembe (1957-), livre1:da República de Weimar, a qual o NSDAP de
Etapa Investigar
e responda às questões a seguir. Adolf Hitler não venceria completamente, mas,
• Entrevistem moradores locais e identifiquem a existência de focos representativos.
mesmo assim, levaria os nazistas ao poder.
Conexões
Dito isso, por quais direitos os negros devem con- • Reconheçam lideranças locais e realizem entrevistas para compreender o pro-
tinuar a lutar? Tudo depende do lugar em que se en- Acesso
incapacidade
de coletadode
KPD, dos social-democratas
demandas da comunidade e o protocolo de resoluções.
contram, do contexto histórico em que vivem e das e de outras forças democráticas de trabalharem em
condições objetivas que se lhes apresentam. Tudo Etapa 2: Criar
conjunto, soluções
apesar de garantirem mais votos combi-
depende também da natureza das formações raciais • Listem
nados do que asoproblemáticas locaisa tomar
NSDAP, ajudou Hitler e as organizem
o con- por meio de categorias: ques-
no seio das quais são chamados a existir, quer como troletões sociais, infraestrutura,
da Alemanha. meioos
Em pouco tempo, ambiente,
nazistas entre outros pontos que acharem
minorias históricas cuja presença não se contesta, relevantes. e ilegalizariam sistematicamente
desmantelariam
mas cuja pertença integral à nação se mantém am- os• dois
Reconhecer padrões
[...] partidos [...]. entre os problemas apresentados em forma de tabela.
bígua (caso dos Estados Unidos); quer como mino- • Muitas
Com base em padrões
das principais reconhecidos,
figuras desenvolvam soluções para um dos pro-
do KPD no período foram tratadas separadamente. Essas diferentes formas clínicas, entretanto, se referem à diversidade
rias que se decide não ver, nem reconhecer, nem blemas apresentados.
entreguerras iriam, mais tarde, governar a Alema- DESMATAMENTO E SAÚDE de protozoários de um mesmo gênero, Leishmania, associada às diferenças na capacidade imunitária
escutar enquanto tais (caso da França); ou então co- • Desenvolver
nha Oriental (RDA)um storyboard
durante paraFria.
a Guerra transpor
[...] a solução por meio da criação de um
mo maioria demográfica no exercício do poder O Brasil é formado por seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa de indivíduos infectados. [...] De maneira geral, pode-se afirmar que 1% de área desmatada leva a incre-
algoritmo, isto é, descrever o passo a passo da solução formulada. O storyboard
HALLAM, Mark. “Antifa” é centro de debate há um século
político, mas relativamente desprovida de poder eco- é
nauma técnica
Alemanha. DW,muito utilizado
3 jun. 2020. na indústria
Disponível cinematográfica como forma de pré-
em: https://
e Pantanal. Todos são fundamentais para o desenvolvimento e a manutenção da vida mentos entre 5% e 9% na incidência de doenças causadas pelos protozoários do gênero Leishmania.
nômico (caso da África do Sul). Mas, quaisquer que www.dw.com/pt-br/antifa-%C3%A9-centro-de-debate
-visualização de determinada cena. Para isso, são desenhados, em uma sequên- humana e englobam a biodiversidade do país, abrigando espécies endêmicas de plantas e JUNIOR, Nilo Luiz; MATION, Lucas Ferreira; SAKOWSKI, Patrícia Alessandra Morita; MATION, Lucas Ferreira.
sejam os lugares, as épocas e os contextos, o hori- -h%C3%A1-um-s%C3%A9culo-na
cia-alemanha/a-53671770.
de quadros, o que deve acontecer em cada momento da cena. Aqui, o grupo
Acesso em: 5 ago. 2020.
animais. Impacto do desmatamento sobre a incidência de doenças na Amazônia. Ipea, 2015. Disponível em: https://www.
zonte dessas lutas continua a ser o mesmo: como ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2142.pdf. Acesso em: 15 ago. 2020.
deve desenhar o que deve acontecer em cada etapa da solução.
pertencer de pleno direito a este mundo que nos é a) De acordo com o trecho, havia um movimen- No entanto, nos últimos séculos, nossos biomas têm sido destruídos intensa e incessantemente.
comum? Como passar do estatuto de “sem-parte”
to que se opunha ao fascismo. Qual era esse O desmatamento também é responsável pelo fato de um número maior de triatomíneos,
ao de “parte interessada”? Como tomar parte na
Durante os últimos cinco séculos, todos os biomas sofreram grandes devastações com
movimento? insetos vetores da doença de Chagas, passar a se alimentar do sangue dos animais domés-
constituição deste mundo e na sua partilha? diferentes propósitos, tais como construções rodoviárias e expansão da pecuária e agricultura.
ticos e dos humanos. Essa reação foi uma forma de adaptação dos triatomíneos, uma vez
b) Na sua opinião, por que, nos dias de hoje,
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: No final dos anos 1950, Juscelino Kubitschek idealizou a construção de Brasília no meio que o desmatamento desencadeou o rareamento dos animais silvestres, suas fontes natu-
N-1 Edições, 2018. p. 304. ainda
Não escreva no livro.existem
grupos antifascistas? 111
do Cerrado, o segundo maior bioma do Brasil, ampliando significativamente o desmata- rais de alimentação. A seguir, o médico José Rodrigues Coura, especialista em doenças
mento. Hoje, o Cerrado tem apenas cerca de 50% de sua vegetação nativa. Na década infecciosas e parasitárias, alerta sobre esse problema.
52 Não escreva no livro.
seguinte, os governos da Ditadura Civil-Militar estimularam a ocupação da Amazônia, movi-
[...] No ciclo da mineração no Brasil, quando praticamente não se desmatava, não há evidências
dos por preocupações geopolíticas.
de adaptação de triatomíneos ao domicílio. Ela passou a ocorrer nos ciclos da agricultura e no da
O desmatamento causa considerável alteração na temperatura das regiões. Estima-se pecuária, períodos de desmatamento intenso. Somente encontramos triatomíneos adaptados ao
que o desmatamento de cerca de 25% de um hectare da área da Mata Atlântica, por exem- domicílio em áreas desmatadas e em cerrados. Não há adaptação em áreas de mata fechada, como
plo, leva a um aumento de 1 °C na temperatura local. Caso todo o remanescente deste na Amazônia, embora ali existam dezenas de espécies de triatomíneos. [...]
ATIVIDADES
hectare seja desmatado, esse aumento será de 4 °C. COURA, José Rodrigues. Tripanosomose, doença de Chagas. Ciência e Cultura, São Paulo,
v. 55, n. 1, jan./mar. 2003. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_
Além disso, o desmatamento é responsável por diversos desequilíbrios ambientais, como arttext&pid=S0009-67252003000100022. Acesso em: 24 jul. 2020.
perda da biodiversidade, agravamento do efeito estufa, aceleração da erosão dos solos, e,
ainda, pode afetar diretamente a saúde humana. ATIVIDADES
Individuais ou coletivas, trabalham diferentes A destruição das florestas aumenta o risco de seres humanos entrarem em contato com 1. Pesquise fotos antigas e atuais de seu bairro para compreender como se deu o desmatamento
Mídia animais hospedeiros de vírus e protozoários que podem causar doenças bastante conhe- na sua região ao longo do século XX. Busque fotos de diferentes décadas. Faça a exposição
análise, compreensão e produção de diferentes desmatamento no desenvolvimento de doenças na região amazônica, que verificou, por
exemplo que a cada 1% de Floresta Amazônica derrubada anualmente, houve um aumento
3. Leia o trecho a seguir e faça o que se pede.
e debates.
[...] o impacto do desmatamento sobre a malária é realmente marcante – podendo gerar incre-
CONTEXTO veículo vinculado à etnomídia, você e seustocolegas
mentos maiores que 23% nas taxas de incidência da doença para cada 1% de área desmatada. vão fazer
da população desses um estudo
animais, de caso
muitas sobre
vezes a Rádiode vírus, pode elevar o risco de conta-
reservatórios
Yandê. Reúnam-se em grupos e sigam astoetapas.
e transmissão de microrganismos antes restritos ao ambiente florestal para seres humanos. [...]
Alguns representantes de povos indígenas são Dessacríticos
forma,a fica
veículos da qualquer
claro que imprensa tradicional,
esforço de gerenciamento da malária deve necessariamen-
[...] Nas florestas, os vírus se encontram em equilíbrio com os seus hospedeiros — em geral,
pois consideram que, muitas vezes, reproduzem e reforçam
te levar em contaestereótipos dessas populações.
as taxas de desmatamento. Por outro lado, a magnitude do efeito encontrado,
quando associada à disseminação de malária em regiões tropicais – o número de casos Etapa da 1: Coleta de dados
última mamíferos —, infectando-os, na maioria das vezes, sem lhes causar mal. Morcegos e ratos são
os hospedeiros mais frequentes, por causa da ampla distribuição de espécies e por viverem
década, só na Amazônia, esteve na ordem dos milhões – evidencia a existência de um • custo
Busquem
socialinformações na internet sobre a formação da rádio: quem são os idealizadores;
A imagem do indígena na sociedade, bem como na mídia
elevado, ainda
que tem sidoépouco
carregada de olharnaetnocên-
considerado tomada de decisões sobre o uso do capital natural. De em comunidades com alta densidade de indivíduos. [...]
como criaram o projeto para a rádio; as razões de terem escolhido a internet como forma
trico. O indígena não é valorizado, e os meios defato,
comunicação
Garg (2014)têm uma tendência
defende a fortalecerem
que, na Indonésia, os benefícios sanitários locais do controle do desma- ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Da floresta para as cidades. Pesquisa Fapesp, 10 jun. 2020. Disponível em:
de veiculação dos programas; quanto tempo o projeto foi gestado antes do primeiro pro-
https://revistapesquisa.fapesp.br/da-floresta-para-as-cidades/. Acesso em: 21 ago. 2020.
preconceitos contra os povos nativos, [...] A mídia, por ter
tamento poder de
poderiam formar
exceder osopiniões,
benefíciostermina, na às mudanças climáticas.
relacionados
maioria das vezes, ajudando a desvalorizar essesAgrupos minoritários. grama ir ao ar; como a rádio é financiada/sustentada; quais são os objetivos da rádio, qual
outra doença que apresentou uma relação clara com o desmatamento foi a leishmaniose [...]. Suas • Explique como o desmatamento causa desequilíbrio ambiental e contribui para a dis-
diferentes manifestações – tegumentar
é o público-alvo etc. seminação de doenças infecciosas.
BATISTA, Daiane Nogueira; SILVA, Lucas Wilame Almeida da; SIMAS, Hellen Cristina Picanço.eOvisceral – são
outro lado dotratadas como duas doenças [...], e aqui também
índio: representações sociais na mídia. Revista Eletrônica Mutações, v. 6, n. 11, 2015. Disponível em: • Acessem ao
site da Rádio Yandê, disponível em: https://radioyande.com (acesso em:
https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/relem/article/view/1001/pdf. Acesso em: 9 ago. 2020.
9 ago. 2020) e recolham informações sobre a programação da rádio: quantos progra-
42 Não escreva no livro. Não escreva no livro. 43
mas são veiculados; quais são seus formatos; quais são as pautas abordadas com mais
Cassandra Cury/Pulsar Imagens
frequência.
• Escutem a um desses programas e anotem de que forma os locutores se comunicam, quais
são as notícias apresentadas e comentadas, quais são as fontes dessas notícias; etc.
Pesquisa
sa necessidade de incentivar novos “correspondentes indígenas” no Brasil, faz com que possa- etnomídia.
mos construir uma comunicação colaborativa muito mais forte, isso comparada às mídias tradi-
cionais de Rádio e TV. CONCLUSÃO
Estamos certos, de que uma convergência de mídias é possível, mesmo nas mais remotas aldeias • Em sala de aula, discutam com os colegas como foi o processo de investigação dessa rá-
e comunidades indígenas, e que isso é uma importante forma de valorização e manutenção cultural. dio, se chegaram às mesmas conclusões em seus relatórios e se acreditam que a etnomí-
RÁDIO YANDÊ. Comunicação e etnomídia indígena. Disponível em: https://radioyande.com/a-radio.php. dia pode ser uma ferramente importante na divulgação de pautas e reivindicações de
ESTUDO DE CASO – PARTICIPAÇÃO POLÍTICA JUSTIFICATIVA
Além do estudo do tema proposto, o trabalho contribui para a familiarização com a lin-
Acesso em: 9 ago. 2020.
diversos grupos minoritários no Brasil.
DAS MULHERES guagem e a estrutura de trabalhos científicos. A etapa final promove o debate de ideias.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
74 Não escreva no livro. Não escreva no livro. 75
APRESENTAÇÃO DESENVOLVIMENTO
1. Seguindo as orientações do professor, formem os grupos e determinem o país a ser
A democracia representativa é o sistema político de democracia indireta, ou seja, com elei-
estudado.
ção de representantes da população para os cargos políticos com o objetivo de defender os
2. Realizem a pesquisa na internet e em biblioteca(s), utilizando fontes confiáveis. A pesquisa
interesses da população. Dessa forma, pode-se dizer que o poder do representante é legiti-
MÍDIA
DA EDITORA DO BRASIL
deverá ser composta das partes indicadas a seguir. É importante que todos os integrantes
mado pela soberania popular.
do grupo participem de todas as etapas, pois elas se relacionam.
Esse modelo ainda é o de maior aprovação mundialmente, entretanto sua legitimidade tem a) Um histórico da participação política das mulheres no país estudado, incluindo possí-
sido cada vez mais questionada. Somos mesmo representados nesse modelo de democracia? veis conflitos, principais desafios, papel de movimentos sociais, ações implementadas
Para continuar
• Nova Zelândia • Cuba • EUA • Argentina
• Qual é o papel dos movimentos sociais nas conquistas políticas?
O estudo de caso é um tipo de pesquisa muito usado para explicar como ou por que deter- • Outros índices referentes à igualdade de gênero também são melhores em países com
minados fenômenos sociais ocorrem, que consiste na coleta dados, sobretudo qualitativos,
buscando explorar ou descrever um evento.
maior participação política feminina? Por quê?
• Quais são os principais desafios para o Brasil alcançar maior participação feminina
aprendendo
na política?
OBJETIVOS • Que estratégias vistas poderiam funcionar no Brasil?
• Elaborar um texto descritivo • Realizar uma análise • Como podemos explicar o posicionamento da mídia tradicional diante de governos lide-
• Apresentar dados • Participar de um debate qualificado sobre o tema rados por mulheres? UNIDADE 1 – MODOS DE GOVERNANÇA Site
REPUBLICANOS Geledés – Instituto da Mulher Negra. Disponível em: https://
www.geledes.org.br/. Acesso em: 30 ago. 2020.
Filmes Página da organização não governamental antirracista, que tra-
154 Não escreva no livro. Não escreva no livro. 155 balha pela promoção e valorização das mulheres negras e da
Batismo de sangue, direção de Helvécio Ratton. Brasil, 2006
comunidade negra em geral. Trata de diversos assuntos relacio-
(94 min).
nados a esses temas e outros correlatos.
Filme baseado no livro homônimo de Carlos Alberto Libânio
Christo, o Frei Betto (1946-), que conta a história real do apoio de
um grupo de frades dominicanos à luta contra a Ditadura Civil- UNIDADE 3 – EM BUSCA DA CIDADANIA
PESQUISA
-Militar, especificamente a Ação Libertadora Nacional, de Carlos
Marighella (1911-1969), no final da década de 1960. Filme
O dia que durou 21 anos, direção de Camilo Tavares. Brasil, Aconteceu bem aqui, direção de Camilo Tavares. Brasil, 2015
2012 (77 min). (durações variadas).
Documentário que mostra, por meio de registros audiovisuais Projeto que reúne cinco curta-metragens que tratam de lugares
Livro Livro
1988: Segredos da constituinte, de Luiz Maklouf Carvalho.
relatórios, pesquisa-ação.
E DEMANDAS HISTÓRICAS materia. Acesso em: 30 ago. 2020.
Página do site do Senado Federal em que são publicados todos
Filme os projetos de lei e demais proposições que tramitam no Senado
Branco sai preto fica, direção de Adirley Queirós. Brasil, 2015 para que a população possa opinar.
(95 min).
Filme que conta a história de dois homens negros vítimas de vio- UNIDADE 4 – CAMINHOS E DEBATES
lência policial que recebem o auxílio de um morador do futuro
para recolherem provas para processar o Estado. PARA PENSAR O FUTURO
Livro Filmes
Sejamos todos feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie. Eleições, direção de Alice Riff. Brasil, 2018 (100 min).
São Paulo: Companhia das Letras, 2015. O filme conta a história de uma eleição para o grêmio estudantil
Neste livro, a escritora nigeriana apresenta de forma simples e de um escola, mostrando de que maneira esse tipo de organização
direta a importância da questão de gênero no mundo, apontando afeta o dia a dia dos estudantes, assim como os preparam para
os benefícios da igualdade pela qual luta o feminismo. agir em sociedade.
Tomorrowland - Um lugar onde nada é impossível, direção
Podcast
de Brad Bird. Estados Unidos, 2015 (130 min).
Humor reforçou políticas de branqueamento nos anos 1920.
Filme conta a história de uma garota que, por meio de um broche,
Atividades 83
Para começar o percurso de aprendizagem com este livro, leia quais são os objetivos
de cada uma das unidades do volume, assim como suas respectivas justificativas. Conheça
também as competências, as habilidades e os Temas Contemporâneos Transversais que
serão mobilizados ao longo do percurso.
UNIDADE 1
OBJETIVO
O objetivo da unidade é apropriar-se de conceitos políticos pertinentes à trajetória
histórica e à realidade política brasileira, podendo usá-los para qualificar a análise, a
interpretação e a intervenção na sociedade e nas instâncias políticas. Para isso, é feito um
estudo das fases republicanas no Brasil, debatendo-se os conceitos de democracia,
autoritarismo, paternalismo, populismo e de partido político. Analisa-se também os impac-
tos de discursos desenvolvimentistas em diferentes momentos da história do país.
JUSTIFICATIVA
O entendimento de conceitos políticos e da trajetória da República no Brasil visa pre-
pará-lo para participar do debate público, identificar problemas sociais e propor ações
que promovam a democracia e os direitos humanos, assim como caminhos para a cons-
trução de uma sociedade mais justa, inclusiva e próspera.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo
a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções
(inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do
DA EDITORA DO BRASIL
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, nego-
ciar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam
os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento
e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identi-
dades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
JUSTIFICATIVA
O reconhecimento das raízes históricas, sociais, ideológicas e econômicos da desigualdade no Brasil, assim como
o entendimento de como ela se manifesta no tempo e no espaço, é fundamental para a promoção de ações que
visem ao combate a esse problema e à inclusão de grupos historicamente excluídos da ordem social republicana.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e
digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação,
a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipó-
teses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar
de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, signifi-
cativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar
e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria
na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
DA EDITORA DO BRASIL
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético
em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade
humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o
respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
JUSTIFICATIVA
Estudar a política, a democracia e a cidadania por meio de ferramentas metodoló-
gicas e conceituais fornece embasamento para ampliar o seu repertório crítico, pre-
parando-o para participar da vida pública de forma consciente e ativa, para assim atuar
em espaços de representatividade social e política em prol da garantia e da efetivação
de direitos.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e
criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes
áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais,
e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos
e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, nego-
ciar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam
os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-
-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO autocrítica e capacidade para lidar com elas.
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se
DA EDITORA DO 9.BRASIL
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento
e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identi-
dades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
JUSTIFICATIVA
O debate sobre o conceito de cidadania e sobre as diferentes ferramentas democráticas contribui para
sua formação cidadã e protagonismo social, de modo que se aproprie das discussões do espaço público de
modo crítico. Além disso, a compreensão das disputas nos âmbitos políticos, sociais e epistemológicos e o
posicionamento em meio a elas garantem o protagonismo na construção de uma perspectiva de futuro mais
igualitária, justa e fraterna.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e
digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação,
a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipó-
teses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
das diferentes áreas.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências
que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e respon-
sabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético
em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade
humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo
o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos
e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza. MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
DA EDITORA DO BRASIL
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Começo de conversa
1. Se você fosse declamar um slam, sobre o 4. Você conhece alguma associação em seu
que ele seria? Qual insatisfação social ou bairro ou munícipio que se organiza para
desejo de transformação política expressaria? tratar de pautas políticas locais? Quais são
2. O que você entende por cidadania? essas pautas? Como é o modo de ação des-
sa organização?
3. Quais causas sociais você considera que
deveriam ser melhor representadas no
debate público? Explique sua resposta.
Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 13
1
UNIDADE
Modos de governança
republicanos
Formas de poder
Em uma teocracia (do grego teo, “Deus”, e cracia, “poder”), as ações e leis do Estado são
orientadas e justificadas pela religião. Nesse tipo de governo, o chefe político é visto como o
representante de uma figura divina, como os faraós do Egito Antigo. Governos teocráticos
diferenciam-se de acordo com o contexto de sua época ou situação política, mas todos têm
em comum o fato de terem como base escrituras sagradas. Atualmente, os países que vivem
sob o regime teocrático podem ser divididos entre aqueles cujas leis são baseadas no Alco-
rão, como é o caso de países com população predominantemente muçulmana: a Arábia
Saudita, o Afeganistão, o Paquistão, a Mauritânia e o Irã – este último governado pelo aiatolá
Ali Khamenei; e aqueles cujas leis são fundamentadas na Bíblia, como é o caso do Vaticano,
governado pelo representante maior da Igreja Católica, o papa –
atualmente, papa Francisco.
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Ditadura e autoritarismo
Uma ditadura é instaurada com um golpe de Estado, quando uma força política toma o
poder, e é frequentemente exercida por uma junta militar. Nessa forma de governo, o Legis-
lativo e o Judiciário são subordinados ao Executivo. Além disso, é comum a repressão a
qualquer forma de oposição política e ideológica. Durante as décadas de 1960 e 1980, alguns
países da América Latina, entre eles o Brasil, passaram por ditaduras que contaram com a
prisão e o desaparecimento de pessoas que eram contra o governo vigente.
Uma ditadura pode ser apresentada por meio do autoritarismo ou do totalitarismo. No livro
As origens do totalitarismo, a filósofa Hannah Arendt (1906-1975) delineia suas diferenças.
Segundo ela, o autoritarismo atua por meio do cerceamento da liberdade e da repressão,
forçando a despolitização e a obediência passiva do povo, abolindo sindicatos, partidos polí-
MATERIAL DEforma
ticos e toda DIVULGAÇÃO
de representatividade política civil, além de utilizar a força do Estado para
reprimir indivíduos, como nas ditaduras militares. Exemplos de regimes autoritários ocorre-
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ram no Brasil (1964-1985); na Argentina (1966-1973); no Uruguai (1973-1985); e no Chile
(1973-1990). Já o totalitarismo conta com o engajamento popular e com a implantação do
sistema de um partido único, instituindo-se mediante a ideologia oficial do Estado, comandado
por um chefe carismático a quem Claude
Lefort (1924-2010) denomina egocrata,
Kaoru/CPDoc JB/Folhapress
Mulheres em manifestação a favor da democracia, em defesa da mulher e contra o racismo. São Paulo, SP, 2020.
República Romana
O conceito de república surgiu na Roma Antiga, quando Marco Túlio Cícero
(106 a.C - 43 a.C.), advogado e filósofo, definiu res publica como res populi,
ou seja, a coisa pública como a coisa do povo, unido em uma multidão cuja
associação é realizada por uma comunhão de interesses comuns.
A primeira república autônoma de que se tem notícia é a República
Romana (509 a.C.-27 a.C.), que se contrapôs ao regime monárquico e
surgiu para atender interesses dos cidadãos da época. A base do poder era
Patrícios: cidadãos que o Senado: uma assembleia formada por cerca de 300 senadores patrícios.
constituíam a aristocracia da O Poder Administrativo (gestão dos fundos e dos serviços públicos) era
Roma Antiga, equivalendo a uma exercido pelos cargos executivos, como cônsules, censores e governadores.
forma de nobreza hereditária.
Os Poderes Judiciário e Militar eram administrados por indivíduos aprova-
Plebeus: indivíduos que não
pertencem à nobreza. dos em diferentes assembleias, entre elas o Senado, a Assembleia Popu-
lar – composta de patrícios e plebeus – e o Conselho da Plebe, composto
apenas de plebeus. Na República Romana, eram considerados cidadãos
os homens adultos e livres, estando excluídos da cidadania as mulheres,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
as crianças e os escravos.
DA EDITORA DO BRASIL
Repúblicas italianas
Entre os séculos X e XV, algumas cidades adotaram o regime republicano
Fabiano's_Photo/Shutterstock.com
1. Leia o texto abaixo para responder à questão. 4. Analise a charge a seguir e relacione-a com o
que foi visto nesta unidade a respeito do con-
Imagine dormir em um país livre e acordar na ceito de democracia.
República de Gilead, um regime totalitário e teocrá-
tico com uma doutrina baseada no Velho Testamen-
to, onde as mulheres — todas, em diferentes níveis
— são submetidas aos caprichos de um homem.
Trata-se de uma história de ficção, o mote da série
The handmaid’s tale, inspirada no livro O conto da aia,
de Margaret Atwood, publicado em 1986. Mas po-
deria ser o Irã, pós-Revolução Islâmica, a Nigéria,
atormentada por extremistas do Boko Haram, ou a
Arábia Saudita, sob o regime do poderoso príncipe
© Laerte
herdeiro Mohammed bin Salman.
GONÇALVES, Marina. A assustadora semelhança de Charge da cartunista Laerte, publicada na Folha de S.Paulo
“The handmaid’s tale” com a realidade de mulheres no Irã, em 2017.
Nigéria e Arábia Saudita. Época, 3 jul. 2018. Disponível em:
https://epoca.globo.com/mundo/noticia/2018/07/ 5. Leia abaixo um trecho da obra Da República, de
assustadora-semelhanca-de-handmaids-tale-com-
realidade-de-mulheres-no-ira-nigeria-e- Marco Túlio Cícero.
arabia-saudita.html. Acesso em: 17 jul. 2020.
É pois, [...] a República coisa do povo, conside-
•• O trecho compara o regime de governo presen- rando tal, não todos os homens de qualquer modo
te na obra de Margaret Atwood com os gover- congregados, mas a reunião que tem seu funda-
nos do Irã, da Nigéria e da Arábia Saudita. mento no consentimento jurídico e na utilidade co-
Pesquise como se configuram tais governos mum. Pois bem: a primeira causa dessa agregação
atualmente, relacionando as informações en- de uns homens a outros é menos a sua debilidade
contradas na pesquisa com o que foi visto nes- do que um certo instinto de sociabilidade em todos
ta unidade. inato; a espécie humana não nasceu para o isola-
mento e para a vida errante, mas com uma dispo-
2. A partir da definição de governo expressa por sição que, mesmo na abundância de todos os bens,
Jean-Jacques Rousseau na página 14, explique a leva a procurar o apoio comum.
com suas palavras oDE
MATERIAL que significa governar.
DIVULGAÇÃO [...] Formadas assim naturalmente, essas asso-
ciações, como expus, estabeleceram domicílio, an-
DAum
3. Leia abaixo EDITORA
trecho DOdo BRASIL
texto “Democracia tes de mais nada, num lugar determinado; depois,
versus república”, do filósofo brasileiro Renato esse domicílio comum, conjunto de templos, praças
Janine Ribeiro. e vivendas, fortificado, já pela sua situação natural,
Evidentemente, sabemos que há repúblicas que já pelos homens, tomou o nome de cidade ou for-
não são democráticas – mas para elas não vale o taleza. Todo povo, isto é, toda sociedade fundada
nome de república! – e democracias que são mo- com as condições por mim expostas; toda cidade,
narquias constitucionais. [...] enquanto a democra- ou, o que é o mesmo, toda constituição particular
cia tem no seu cerne o anseio da massa por ter mais, de um povo, toda coisa pública [...] necessita, para
[...] a república tem no seu âmago uma disposição ser duradoura, ser regida por uma autoridade in-
ao sacrifício, proclamando a supremacia do bem teligente que sempre se apoie sobre o princípio que
comum sobre qualquer desejo particular. [...] presidiu à formação do Estado. [...]
CICERO, Marco Túlio. Da República. São Paulo:
RIBEIRO, Renato Janine. Democracia versus república. A
Edipro, 2011. p. 36.
questão do desejo nas lutas sociais. In: BIGNOTTO,
Newton (org.). Pensar a República. Belo Horizonte: Ed.
•• Com base no que foi exposto nesta unidade
UFMG, 2000. p. 17-18.
sobre o conceito de república, explique de que
•• Explique de que modo os conceitos de repú- modo esse conceito se relaciona com o atual
blica e de democracia se relacionam. regime político brasileiro.
O trabalhismo de Vargas
A política trabalhista tornou-se um dos pilares de toda a Era Vargas, estendendo-se também
ao longo do período do Estado Novo (1937-1945). Por meio do trabalhismo, Vargas concedia
benefícios aos trabalhadores ao mesmo tempo que os colocava sob controle estatal. A lei de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sindicalização de 1931, por exemplo, dava legitimidade apenas aos sindicatos vinculados ao
DA EDITORA DO BRASIL a atividade sindical e abrindo margem para a perseguição e repres-
Estado, regulamentando
são de outras organizações, em especial as anarquistas e comunistas. Desse modo, o apoio
ao governo se tornou condição para a ampliação dos diretos trabalhistas.
A partir da Constituição de 1937, a tutela do Estado sobre os trabalhadores e suas orga-
nizações se intensificou. Os partidos políticos foram fechados, as greves proibidas, e o sindi-
cato único por categoria se tornou regra. O Estado assumia então o papel de mediador das
tensões entre a força de trabalho e o capital, controlando os operários e representando os
interesses da burguesia industrial. Os conflitos entre patrões e empregados eram trazidos
para o interior do Estado e ali eram regulados.
Populismo (argumenta-se) é pecha que se joga no adversário, para denunciar sua farsante demagogia. Antes de
ser usado, necessita explicar-se em demasia. A partir de cima ou de forma exterior, é um conceito não só excessiva-
mente elástico como também característico de abordagens etnocêntricas ou distanciadas. Não é operacional para
vislumbrarmos as diferenças e os atritos entre as classes, ou dentro delas. Populismo nos induz, quase sempre, à te-
se do triunfo da manipulação, pois está baseado no preconceito de que “os outros” – sindicalistas, trabalhadores e os
pobres – são uma massa débil e maleável, ou cúmplices de um jogo cínico e excludente.
NEGRO, Antonio Luigi. Paternalismo, populismo e história social. Caderno AEL, v. 11, n. 20/21, 2004.
Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/24672/1/2004%20negro%20CADs%20AEL.PDF.
Acesso em: 24 jul. 2020.
• Ainda hoje não há consenso entre historiadores sobre como caracterizar a trajetória política de Getúlio Vargas. En-
quanto alguns buscam defini-lo como um líder autoritário que chegou ao poder por meio de um golpe, outros en-
fatizam a imagem do governante que modernizou o Estado brasileiro e promoveu mudanças na estrutura econô-
mica. Com base na discussão acima, qual seria o problema em classificarmos Getúlio Vargas como um líder po-
pulista? Na sua opinião, a utilização desse termo ajuda ou atrapalha o entendimento sobre o seu governo e o seu
legado para o país?
Peronismo na Argentina
Juan Domingo Perón, um dos mais importantes líderes populistas da história latino-americana, teve nos trabalha-
dores urbanos sua principal base de apoio. No início dos anos 1940, aproximou-se deles enquanto exercia a função
de secretário do Trabalho, aumentando o salário mínimo e atendendo grande parte das demandas dos sindicatos.
Graças a isso, conseguiu se eleger presidente em 1946 e se reeleger em 1952.
Em seu governo, Perón construiu uma complexa aliança entre empresários, trabalhadores e militares e despontou
como um líder nacional. No entanto, o fortalecimento das centrais sindicais era visto com maus olhos por empresários
e grupos militares, que acabaram por depô-lo em 1955 em uma violenta ação militar que bombardeou Buenos Aires,
deixando mais de trezentos mortos.
DA EDITORA DO BRASIL
DAampliar
A proposta de EDITORA DO BRASIL dos trabalhadores urbanos e rurais
a participação
na política e conceder-lhes mais direitos sociais, no entanto, era malvista
por setores conservadores, sobretudo devido à aproximação do presidente
a lideranças rurais e sindicalistas. Assim, as antigas denúncias contra Vargas
passaram a ser endereçadas a Jango, associado ao comunismo e à corrup-
ção e acusado de querer implementar uma “república sindicalista” no Brasil.
Um cenário de crise se abriu: as questões sociais dificultavam a forma-
ção de uma base de apoio capaz de garantir a participação massiva nos
O que são reformas de base?
processos políticos nacionais; as reformas sofreram duras derrotas no
São reformas nas áreas agrária,
Congresso; e a alta da inflação e da dívida externa aumentou ainda mais a urbana, fiscal, bancária,
pressão sobre Jango. Isolado de suas bases de apoio parlamentar, Jango universitária e eleitoral, com o
ficou acuado pela articulação entre setores das Forças Armadas e do intuito de promover mudanças
estruturais na economia e na
empresariado nacional dispostos a tomar o poder pela força. sociedade, reduzir as
A realização de um comício na Central do Brasil, em março de 1964, desigualdades e superar o
subdesenvolvimento.
marcou os últimos dias do governo de Jango. Ao chegar ao poder, em 1o de
abril, os militares depuseram a presidência e colocaram fim a uma experiên-
cia singular na história da República brasileira: a tentativa de reformar o
Estado e de ampliar a participação popular na democracia.
1. Sobre a expressão do populismo em líderes da autoridade paterna se, como esta, tivesse por fim
atualidade, leia o trecho do texto escrito pelo preparar o homem para a idade viril, mas não
filósofo Roger Scruton (1944-2020) em 2017: procura senão prendê-lo irrevogavelmente à in-
Populistas são políticos que apelam direta- fância”, [...].
mente ao povo quando deveriam recorrer ao pro- BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO,
Gianfranco (org.). Dicionário de política. Tradução Carmen
cesso político [i.e., institucional] e que estão pre- C. Varriale et al. 11. ed. Brasília: Editora UnB, 1998. p. 909.
parados para deixar de lado procedimentos e cui-
a) Como Tocquevile interpreta a política pater-
dados legais quando a maré da opinião pública
nalista em um regime democrático?
está a seu favor. [...] eles podem usar o voto po-
pular para derrotar todas as expectativas e pre- b) Você concorda que o Estado não deve ado-
visões da classe política. Todos têm, contudo, tar uma postura “tutelar” ou “paternalista”?
uma coisa em comum, qual seja, a pronta dispo-
Por quê?
sição para dar voz às paixões que não são nem 3. De 1937 a 1945 e, depois, de 1964 a 1985, a
reconhecidas, nem mencionadas no curso da po- República brasileira passou por longos regimes
lítica normal. E, por essa razão, não são demo- ditatoriais. Você saberia apontar as semelhan-
cratas, mas demagogos — não são políticos que ças entre eles? E as diferenças? É possível
lideram e governam mediante o recurso a argu-
afirmar que ambos garantiram os princípios
republicanos? Em duplas, pesquisem sobre o
mentos, mas sim agitadores que excitam os sen-
assunto para responder a essas questões. Em
timentos irrefletidos da massa.
suas respostas, mobilizem os conceitos de auto-
SCRUTON, Roger. Representação e o povo – sobre a ritarismo, ditadura e democracia, aplicando-os
relação entre o governo e os governados. In: WOLF,
Eduardo. Populismo e demagogia na era da democracia de maneira correta e contextualizada a cada
digital. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 10 fev. 2019. período da história política brasileira.
Estado da Arte. Disponível em: https://estadodaarte.
estadao.com.br/populismo-e-demagogia-na-era-da- 4. Observe a charge e responda às questões abaixo.
democracia-digital. Acesso em: 19 jul. 2020.
A negociação de diferentes interesses da sociedade é parte inerente ao processo democrático. Na foto, deputadas
de diferentes orientações políticas durante votação no plenário da Câmara dos Deputados. Brasília, DF, 2019.
Pedro Ladeira/Folhapress
No site do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE),
é possível consultar o
resultado de algumas
pesquisas eleitorais.
seus membros.
Com a introdução do sufrágio universal, os par-
tidos operários tiveram uma rápida expansão e
integração no sistema político e passaram a con-
correr com os partidos burgueses. Nesse processo,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
surgiram os partidos eleitorais de massa que não
DA EDITORA DO BRASIL se dirigiam aos interesses específicos de uma classe
social. Com um programa amplo de orientações,
buscavam a confiança dos eleitores com plataformas
flexíveis.
Atualmente, é possível identificar uma crise
entre os partidos ao redor do mundo, por sua
característica efêmera e do esvaziamento dos seus
programas, cada vez mais distantes da população
e dos interesses das classes sociais. De qualquer
forma, essas etapas de revisão política e de pro-
jetos fazem parte do processo de desenvolvimento
da democracia e dos partidos em suas diferentes
tendências e representações.
1. Existe algum partido político que represente os seus interesses? Faça uma pesquisa
sobre os partidos políticos no Brasil em jornais e sites na internet. Em seguida, escolha
um desses partidos, que melhor lhe representa e responda às questões abaixo.
a) Qual a origem desse partido?
b) Como é a sua composição? Ele tem militantes? Que classe social representa?
c) Qual é o seu programa de governo e sua atuação?
d) Você acha que o partido poderia ser melhor em algum aspecto?
2. Forme um grupo com os colegas e organizem um debate sobre o tema “eleições sem
partido”. Conversem sobre a importância ou não dos partidos no processo eleitoral
apresentando argumentos contrários e favoráveis à obrigatoriedade da candidatura estar
associada a um partido político.
3. Desde os anos 1950 há tentativas de impedir a proliferação de partidos nas disputas
eleitorais. As chamadas cláusulas de barreira, são ações que tentam controlar o cenário
eleitoral brasileiro garantindo a participação apenas de partidos grandes. Entretanto,
estas cláusulas limitam também a possibilidade de pequenos partidos crescerem e
participarem da atividade parlamentar. Sobre esse tema, faça o que se pede.
•• Em dupla, procurem notícias sobre as cláusulas de barreiras.
•• Levantem as legislações criadas com essa finalidade, seus impactos positivos e nega-
tivos para a democracia, e que setores sociais defendem essa medida.
•• Busquem posicionamentos divergentes sobre o assunto e, ao final, elaborem um re-
latório sobre o tema pesquisado.
4. Você conhece algum partido político de outro país? A história dos partidos nos ensina as
disputas sociais de cada lugar. Observe a imagem abaixo e faça a atividade a seguir. Em
grupo, escolha um partido de algum país que vocês gostariam de conhecer e pesquisem:
•• A trajetória do partido e o contexto da sua fundação;
•• A classe social e os intersses que representa;
•• O programa do partido e sua relevância no país em que atua;
•• Montem MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
uma apresentação para a turma.
DA EDITORA DO BRASIL
Pool New/Reuters/Fotoarena
Ron DeSantis, do Partido Republicano e Andrew Gillum, do Partido Democrata em debate da disputa para o cargo de
governador da Flórida em 2018. Nos Estados Unidos as principais disputas partidárias estão entre os dois partidos.
Coleção particular
Exploração do látex
A exploração do látex e o fornecimento da borracha para os Estados Uni-
dos tiveram grande relevância. Enquanto o governo estadunidense financiava
a exploração dessa matéria-prima, o Brasil criava o Serviço Especial de
Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA) para reunir mão de
obra e encaminhá-la aos seringais. A exemplo de outros movimentos migra-
tórios internos, a principal população mobilizada foi a do Nordeste, atingida
Cartaz Mais borracha para a
pela seca e pelo descaso político que se perpetua há anos na região. vitória, de 1943. Litogravura,
109,3 cm × 67,4 cm.
Arquivo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia - SEMTA
AllMaps
Equador Equador
0º 0º
N N
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Capital Federal
Trópico
Capricó
de
rnio O L
Trópico
Capricó
de
O L rnio
DA EDITORA DO BRASIL
Capital dos Estados
OCEANO S
S de influência dos OCEANO
Zona ATLÂNTICO 0 850 1 700 km ATLÂNTICO
0 principais
850 focos econômicos
1700 km
1 : 85 000 000
Centro
1 : 85 000 000de gravidade
econômico
50º O
Espaço realmente integrado Anos 1990
à economia nacional Capital Federal
Grande eixo rodoviário Capital dos Estados
Equador
0º
Rota marítima ou fluvial Zona de influência dos
Principais correntes migratórias principais focos econômicos
Frentes pioneiras e eixos Centro de gravidade
de progressão econômico
Espaço realmente integrado
à economia nacional
Grande eixo rodoviário
Rota marítima ou fluvial
N
Principais correntes migratórias
Trópico
O L Capricó
de
rnio
Frentes pioneiras e eixos
de progressão
Mapas: AllMaps
50° O 50° O
RR
RR AP AP
Equador Equador
0° 0°
AM AM
PA CE PA
MA MA CE
RN RN
PI PB PI PB
AC PE AC PE
TO AL TO BA AL
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MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
MT
BA SE
MT
SE
DF
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DF
OCEANO OCEANO
GO ATLÂNTICO MG
GO ATLÂNTICO
MG
MS ES MS
OCEANO ES
N OCEANO
PACÍFICO N
PACÍFICO RJ
rnio RJ rnio
de Capricó SP de Capricó
Trópico PR Trópico
O L SP
O L PR
SC SC
RS S S RS
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 140 e 150.
Gráfico: DAE
180
160
(milhões de habitantes)
140
120
100
80
60
40
20
0
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
urbana rural
Fonte: IBGE. Distribuição percentual da população por situação de domicílio. Disponível em: https://
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/distribuicao-da-populacao-por-situacao-de-domicilio.html.
Acesso em: 30 jul. 2020.
DA EDITORA DO BRASIL
Era um sinal claro de uma mudança profunda na sociedade e na economia brasileiras que
vinha sendo operada desde os anos 1930. O crescimento urbano, no entanto, tinha uma marca
de desigualdade territorial, pois esse crescimento tinha maior expressão e concentração no
Sudeste. A desigualdade também se projetava sobre a forma como esse aumento ocorreu,
alimentado por uma grande massa de migrantes que deixavam áreas agrícolas onde o acesso
à terra e ao emprego se tornou inviável por diversos motivos. Esses problemas tinham maior
expressão no Nordeste, de onde os migrantes saíam para ir em busca de oportunidades e
condições de vida melhores em outros locais, com destaque para a Zona da Mata nordestina e
as cidades do Sudeste, que cresciam de forma descontrolada e sem um efetivo planejamento.
As cidades cresceram de forma desordenada, as pessoas que chegavam de diferentes
localidades para ocupar os centros urbanos e industriais do Sudeste, muitas vezes, estabe-
leciam-se de modo precário. Sem condições financeiras para habitar as regiões das cidades
com infraestrutura adequada e abastecida por serviços básicos, como saneamento e trans-
porte, foram buscar moradia em áreas afastadas dos centros, desprovidas de qualquer
estrutura mínima. Era o início da ocupação das periferias, principalmente em São Paulo. Outra
saída para essas pessoas foram os cortiços, mais bem localizados, porém apresentando, em
diversos casos, situações insalubres de habitação.
[1] Vista aérea mostrando a construção da rodovia Transamazônica, AM, 1971. [2] Doze anos depois, a rodovia ainda
estava em construção. Marabá, PA, 1983.
DESMATAMENTO E SAÚDE
O Brasil é formado por seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa
e Pantanal. Todos são fundamentais para o desenvolvimento e a manutenção da vida
humana e englobam a biodiversidade do país, abrigando espécies endêmicas de plantas e
animais.
No entanto, nos últimos séculos, nossos biomas têm sido destruídos intensa e incessantemente.
Durante os últimos cinco séculos, todos os biomas sofreram grandes devastações com
diferentes propósitos, tais como construções rodoviárias e expansão da pecuária e agricultura.
No final dos anos 1950, Juscelino Kubitschek idealizou a construção de Brasília no meio
do Cerrado, o segundo maior bioma do Brasil, ampliando significativamente o desmata-
mento. Hoje, o Cerrado tem apenas cerca de 50% de sua vegetação nativa. Na década
seguinte, os governos da Ditadura Civil-Militar estimularam a ocupação da Amazônia, movi-
dos por preocupações geopolíticas.
O desmatamento causa considerável alteração na temperatura das regiões. Estima-se
que o desmatamento de cerca de 25% de um hectare da área da Mata Atlântica, por exem-
plo, leva a um aumento de 1 °C na temperatura local. Caso todo o remanescente deste
hectare seja desmatado, esse aumento será de 4 °C.
Além disso, o desmatamento é responsável por diversos desequilíbrios ambientais, como
perda da biodiversidade, agravamento do efeito estufa, aceleração da erosão dos solos, e,
ainda, pode afetar diretamente a saúde humana.
A destruição das florestas aumenta o risco de seres humanos entrarem em contato com
animais hospedeiros de vírus e protozoários que podem causar doenças bastante conhe-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
cidas, como malária, leishmaniose, doença de Chagas, e outras que eram desconhecidas
atéEDITORA
DA serem contraídas
DO BRASIL pelos humanos.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) fez um estudo sobre o impacto do
desmatamento no desenvolvimento de doenças na região amazônica, que verificou, por
exemplo que a cada 1% de Floresta Amazônica derrubada anualmente, houve um aumento
de 23% nos casos de malária.
Veja mais detalhes do estudo a seguir:
[...] o impacto do desmatamento sobre a malária é realmente marcante – podendo gerar incre-
mentos maiores que 23% nas taxas de incidência da doença para cada 1% de área desmatada.
Dessa forma, fica claro que qualquer esforço de gerenciamento da malária deve necessariamen-
te levar em conta as taxas de desmatamento. Por outro lado, a magnitude do efeito encontrado,
quando associada à disseminação de malária em regiões tropicais – o número de casos da última
década, só na Amazônia, esteve na ordem dos milhões – evidencia a existência de um custo social
elevado, que tem sido pouco considerado na tomada de decisões sobre o uso do capital natural. De
fato, Garg (2014) defende que, na Indonésia, os benefícios sanitários locais do controle do desma-
tamento poderiam exceder os benefícios relacionados às mudanças climáticas.
A outra doença que apresentou uma relação clara com o desmatamento foi a leishmaniose [...]. Suas
diferentes manifestações – tegumentar e visceral – são tratadas como duas doenças [...], e aqui também
ATIVIDADES
1. Pesquise fotos antigas e atuais de seu bairro para compreender como se deu o desmatamento
na sua região ao longo do século XX. Busque fotos de diferentes décadas. Faça a exposição
para suaMATERIAL DE DIVULGAÇÃO
turma e discutam entre si as principais modificações dos bairros ao longo do tempo.
DAmapa
2. Elabore um EDITORA DO BRASIL
conceitual explicando as relações de causa e consequência do des-
matamento dos biomas brasileiros ao longo do tempo.
3. Leia o trecho a seguir e faça o que se pede.
14
14
lidade – na primeira década do século XXI.
12
10
Conforme dito anteriormente, os emprés-
7,9 timos visavam financiar, principalmente, as
8
obras de infraestrutura, como a construção
6
4 3,4
da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que preten-
2
dia atender a demanda energética do Sul e
0
do Sudeste, da ponte Rio-Niterói, das usinas
nucleares de Angra, de polos petroquímicos
–2
–4
e rodovias.
–2,8
–6
–3,1 Nesse período, foi criada também a Zona
1964 1965 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 Franca de Manaus, no Amazonas, que ofe-
Fonte: BARRUCHO, Luis. 50 anos do AI-5: Os números por trás do ‘milagre econômico’ rece redução de impostos e incentivos para
da ditadura no Brasil. BBC Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/
brasil-45960213. Acesso em: 24 jul. 2020.
favorecer o desenvolvimento industrial e a
ocupação da região Norte.
O crescimento acelerado entre os anos 1960 e 1970 foi contrastado pelo cenário de crise
que se abateu sobre a América Latina na década de 1980, que ficou conhecida como a “década
perdida”. O colapso econômico comprometeu seriamente as políticas de desenvolvimento
brasileiras que vinham sendo propostas e agravou problemas socioeconômicos, sobretudo
os relacionados ao aumento da desigualdade, que se acentuou no final da ditadura, conforme
evidencia o gráfico a seguir.
Gráfico: DAE
35
República Estado Democracia Ditadura Democracia
Parte da renda com o 1% mais rico (%)
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
30
DA EDITORA DO BRASIL 25
20
15
10
0
1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985 1995 2005 2015
Fonte: BARRUCHO, Luis. 50 anos do AI-5: Os números por trás do ‘milagre econômico’
da ditadura no Brasil. BBC Brasil, 13 dez. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/
portuguese/brasil-45960213. Acesso em: 21 ago. 2020.
O CONCEITO DE MINORIA
Frequentemente empregado no âmbito dos estudos políticos e sociais, o conceito de mi-
noria pode ser compreendido por meio de um entendimento quantitativo ou qualitativo. De
acordo com a visão quantitativa, uma minoria é constituída de um grupo numericamente
inferior em relação a outro. Por exemplo, em um regime democrático, os representantes
políticos que recebem a minoria do número de votos em uma eleição não são eleitos.
Do ponto de vista qualitativo, as minorias são definidas como grupos humanos marginali-
zados social, econômica ou culturalmente por outro grupo dominante ou opressor. Dessa
forma, elas se tornam alvos de ações preconceituosas e discriminatórias.
No sistema de representação democrática, em termos de direitos assegurados, garantidos
e plenamente efetivados, um grupo considerado minoria pode ser numericamente grande.
Isso significa que alguns grupos minoritários podem até representar a maioria quantitativa
de uma sociedade, mas, em razão de entraves sociais, não conseguem superar estigmas e
alcançar a plenitude de seus direitos.
Portanto, minorias podem ser classificadas como grupos que estão em uma posição de
vulnerabilidade em consequência da opressão de um grupo dominante, detentor do poder
econômico, político e social. Essa opressão pode estar relacionada ao preconceito de gênero,
de raça, de sexualidade, religioso, etário e contra pessoas com deficiência.
Manifestação contra a violência policial infligida à população negra. Manaus, AM, 2020.
De acordo com a análise de Marx, a classe trabalhadora teria acesso à menor parte da ri-
queza material produzida em benefício de outro grupo social, a burguesia. Seria por meio da
revolução e da tomada dos meios de produção pelo proletariado que essa minoria poderia
reverter esse cenário. O pensamento de Marx, portanto, seria focado na categoria classe.
Giuseppe Pellizza da Volpedo. O quarto estado, 1901. Óleo sobre tela, 293 cm × 545 cm. Nessa obra, Volpedo representa o proletariado
unido, deixando a sombra de seu passado de opressão para trás, rumo a uma sociedade mais igualitária.
Martin Bernetti/AFP
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Proporcionalmente, as mulheres negras sempre trabalharam mais fora de casa do que suas irmãs brancas.
O enorme espaço que o trabalho ocupa hoje na vida das mulheres negras reproduz um padrão estabelecido durante
os primeiros anos da escravidão. Como escravas, essas mulheres tinham todos os outros aspectos de sua existência
ofuscados pelo trabalho compulsório. Aparentemente, portanto, o ponto de partida de qualquer exploração da vida
das mulheres negras na escravidão seria uma avaliação de seu papel como trabalhadoras. O sistema escravista de-
finia o povo negro como propriedade. Já que as mulheres eram vistas, não menos do que os homens, como unidades
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de trabalho lucrativas, para os proprietários de escravos elas poderiam ser desprovidas de gênero. [...] A julgar pela
crescente ideologia da feminilidade do século XIX, que enfatizava o papel das mulheres como mães protetoras, par-
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ceiras e donas de casa amáveis para seus maridos, as mulheres negras eram praticamente anomalias.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016. E-book.
1. Leia o trecho de uma reportagem publicada em a) De acordo com o autor, quais seriam os motivos
2017 e, depois, responda à questão. para os negros lutarem pelos seus direitos?
Atualmente, apenas 9,9% dos congressistas são b) Indique os tipos de lugares minoritários que
mulheres, proporção bem inferior à da já baixa mé- o autor afirma serem ocupados pelas pes-
dia mundial (22,1%). Semelhante situação acontece soas negras atualmente.
com negros, pardos e indígenas, que juntos somam
c) Pesquise, em revistas, sites de jornais ou de or-
51% da população, mas preenchem somente 20%
das vagas na Câmara dos Deputados. ganizações internacionais (como a ONU), sobre
a situação citada pelo autor referente ao caso
REED, Sarita; FONTANA, Vinícius. A democracia brasileira
está em crise? DW Brasil, 15 set. 2017. Disponível em: da África do Sul e com o que foi visto nesta uni-
https://www.dw.com/pt-br/a-democracia dade. Para enriquecer sua pesquisa, busque a
-brasileira-est%C3%A1-em-crise/a-40521729.
Acesso em: 24 jul. 2020. porcentagem de pessoas brancas e negras na
África do Sul hoje, o que foi a política de apar-
•• Segundo os dados do Censo de 2010, feito pelo
theid e quem foi Nelson Mandela.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o número de mulheres no Brasil era de 4. Leia o trecho abaixo, de uma reportagem, e res
cerca de 97 milhões, enquanto o de homens ponda às perguntas.
era de cerca de 93 milhões. De que maneira [...] o Partido Comunista da Alemanha (KPD) ado-
esses dados e aqueles apresentados na repor- tou a frase “ação antifascista” e o logotipo com duas
tagem se relacionam ao conceito de minorias? bandeiras para a campanha eleitoral de 1932. Des-
de o início da década de 1920, eles pressionavam
2. Quais são os diferentes posicionamentos den-
por uma “antifaschistische Aktion” (ação antifas-
tro do marxismo sobre as categorias de classe,
cista) interpartidária.
gênero e raça?
O KPD tentou se retratar como o único partido
3. Leia um trecho da obra Crítica da razão negra, verdadeiramente “antifascista” na última eleição
do filósofo camaronês Achille Mbembe (1957-), livre da República de Weimar, a qual o NSDAP de
e responda às questões a seguir. Adolf Hitler não venceria completamente, mas,
Dito isso, por quais direitos os negros devem con- mesmo assim, levaria os nazistas ao poder.
tinuar a lutar? Tudo depende do lugar em que se en- A incapacidade do KPD, dos social-democratas
contram, do contexto histórico em que vivem e das e de outras forças democráticas de trabalharem em
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condições objetivas que se lhes apresentam. Tudo conjunto, apesar de garantirem mais votos combi-
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depende também da natureza das formações raciais nados do que o NSDAP, ajudou Hitler a tomar o con-
no seio das quais são chamados a existir, quer como trole da Alemanha. Em pouco tempo, os nazistas
minorias históricas cuja presença não se contesta, desmantelariam e ilegalizariam sistematicamente
mas cuja pertença integral à nação se mantém am- os dois [...] partidos [...].
bígua (caso dos Estados Unidos); quer como mino- Muitas das principais figuras do KPD no período
rias que se decide não ver, nem reconhecer, nem entreguerras iriam, mais tarde, governar a Alema-
escutar enquanto tais (caso da França); ou então co- nha Oriental (RDA) durante a Guerra Fria. [...]
mo maioria demográfica no exercício do poder
HALLAM, Mark. “Antifa” é centro de debate há um século
político, mas relativamente desprovida de poder eco- na Alemanha. DW, 3 jun. 2020. Disponível em: https://
nômico (caso da África do Sul). Mas, quaisquer que www.dw.com/pt-br/antifa-%C3%A9-centro-de-debate
sejam os lugares, as épocas e os contextos, o hori- -h%C3%A1-um-s%C3%A9culo-na
-alemanha/a-53671770. Acesso em: 5 ago. 2020.
zonte dessas lutas continua a ser o mesmo: como
pertencer de pleno direito a este mundo que nos é a) De acordo com o trecho, havia um movimen-
comum? Como passar do estatuto de “sem-parte”
to que se opunha ao fascismo. Qual era esse
ao de “parte interessada”? Como tomar parte na
movimento?
constituição deste mundo e na sua partilha?
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo:
b) Na sua opinião, por que, nos dias de hoje,
N-1 Edições, 2018. p. 304. ainda existem grupos antifascistas?
Mulheres indígenas
parintintins preparando
farinha de mandioca, em
1926, no rio Ipixuna,
Amazônia. Em muitos
casos a produção era
destinada ao mercado e
não exclusivamente ao
sustento dos habitantes
da aldeia.
Mais que uma ideologia, ela [a democracia racial] foi um modo tacita-
mente pactuado de integração dos negros à sociedade de classes do Brasil
pós-guerra [...] tanto em termos de simbologia nacional, como em termos
da sua política econômica e social. Mas esse foi um compromisso dupla-
mente limitado: por um lado, incluía apenas os trabalhadores das cidades,
deixando de fora não apenas outros segmentos populares urbanos, como
[...] os empregados domésticos, mas todos os trabalhadores do campo; por
outro lado, era um pacto de poder restringido pelo fato de não haver espa-
ço para o reconhecimento de formações étnico-raciais que pretendessem
participar do sistema político.
GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Depois da democracia racial. Tempo Social – Revista
de Sociologia da USP, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 270, nov. 2006. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/ts/v18n2/a14v18n2.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
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DA EDITORA DO BRASIL Primeira página do jornal
A Voz da Raça, editado pela
FNB em abril de 1937.
Não é possível mantermos a anomalia tão perigosa como a de existirem camponeses sem
Gleba: terra gleba própria, num país onde os vales férteis como a Amazônia permanecem incultos e despo-
própria para voados de rebanhos, extensas pastagens, como as de Goiás e Mato Grosso. É necessário à rique-
o cultivo.
za pública que o nível de prosperidade da população rural aumente para absorver a crescente
produção industrial; é imprescindível elevar a capacidade aquisitiva de todos os brasileiros – o
que pode ser feito aumentando-se o rendimento do trabalho agrícola.
VARGAS, Getúlio. A nova política do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1941. In: CARDOSO, Adalberto. Uma
utopia brasileira: Vargas e a construção do Estado de bem-estar numa sociedade estruturalmente
desigual. Dados, Rio de Janeiro, v. 53, n. 4, p. 775-819, 2010. Disponível em: www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0011-52582010000400001&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 25 jul. 2020.
Com base no trecho, pode-se dizer que o plano desenvolvimentista e de integração nacio-
nal de Vargas visava à ocupação e ao desenvolvimento das regiões na Amazônia e no Cen-
tro-Oeste do Brasil. Para concretizá-los, em 1938 foi iniciada a chamada Marcha para o
Oeste, um movimento de exploração e colo-
nização de territórios que eram ocupados por
Acervo UH/FolhaPress
Antonio Pirozzelli/Folhapress
O Brasil, como nação, se proclama a única democracia racial do mundo, e grande parte do
mundo a vê e respeita como tal.
Mas um exame de seu desenvolvimento histórico revela a verdadeira natureza de sua es-
trutura social, cultural e política: é essencialmente racista e vitalmente ameaçadora para os
negros.
[…]
Neste pretensioso conceito de “democracia racial”, apenas um dos elementos raciais tem
qualquer direito ou poder: o branco.
NASCIMENTO, Abdias do. Democracia racial: mito ou realidade? Geledés, São Paulo, 20 abr. 2009.
Disponível em: https://geledes.org.br/democracia-racial-mito-ou-realidade/. Acesso em: 6 ago. 2020.
•• Você concorda com o que Abdias diz sobre a democracia racial? Por quê?
2. Com base no que você estudou sobre as políticas indigenistas entre a Primeira República
e a Ditadura Civil-Militar de 1964, responda:
a) É possível dizer que houve um esforço de inclusão dos indígenas na ordem social
brasileira? Elabore um comentário crítico sobre isso.
b) Que permanências desse período da história republicana marcam a questão indí-
gena hoje? Como elas se refletem nas atuais demandas dos povos indígenas? Se
necessário, pesquise notícias recentes sobre os povos indígenas brasileiros para
elaborar sua resposta.
Em suma, a sociedade brasileira largou o negro ao seu próprio destino, deitando sobre seus
ombros a responsabilidade de se reeducar e de se transformar para corresponder aos novos pa-
drões e ideais de ser humano, criados pelo advento do trabalho livre, do regime republicano e do
capitalismo.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Globo, 2008. E-book.
Mulher Negra
Latino-americana
e Caribenha. Rio de
Janeiro, RJ, 2019.
A descolonização não passa nunca despercebida, dado que afeta o ser, modifica fundamentalmente o ser, transforma
os espectadores esmagados pela falta do essencial em atores privilegiados, amarrados de maneira quase grandiosa
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pelo correr da História. Introduz no ser um ritmo próprio, provocado pelos novos homens, uma nova linguagem, uma
nova humanidade. A descolonização é realmente a criação de homens novos. Mas esta criação não recebe a sua legi-
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timidade de nenhuma força sobrenatural: a “coisa” colonizada converte-se, no homem, no próprio processo pelo qual
ele se liberta.
Na descolonização há, pois, a exigência de uma entrega completa da situação colonial. A sua definição pode
encontrar-se, se quer descrevê-la com precisão, na frase bem conhecida: “os últimos serão os primeiros”. A descolo-
nização é a prova exata dessa frase. Por isso, no plano da descrição, toda descolonização é um êxito.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p.26-27.
Segundo o autor, para acabar com a dominação colonial, o primeiro passo é que os nativos reconheçam que foram
assimilados pelo poder dos colonizadores. Em seguida, é necessário que os colonos retornem para a própria história
e valorizem sua cultura nativa. Finalmente, é preciso um esforço para despertar e inspirar o povo a realizar um movi-
mento cultural que embase uma luta mais ampla pela libertação e pela independência.
• Com base na leitura sobre as ideias de Frantz Fanon, responda às questões no caderno.
a) Por que, para Fanon, a consciência nacional e a valorização da cultura nativa são tão importantes?
b) Considerando a visão de Fanon a respeito da sociedade colonial cindida em o branco/europeu/colonizador e o
negro/indígena/nativo, há uma figura que medeia essa relação de forma violenta: o soldado. A violência é central
na análise desse pensador, pois é ela que garante o poder colonial. Explique, com suas palavras, por que as res-
postas ao colonialismo se traduzem em lutas e guerras.
3. Faça uma pesquisa sobre os vereadores de sua cidade e sobre os deputados estaduais
e federais do estado onde você mora, e observe quantos deles são negros. Pesquise na
internet ou nas câmaras legislativas quais são as plataformas de campanha e a atuação
desses vereadores e deputados. Eles incorporam a questão do racismo e da negritude
em sua ação política? Como ela aparece em seus discursos e em suas propostas? Depois,
apresente os resultados de sua pesquisa aos demais colegas e ao professor.
[...]
As concepções indígenas de “natureza” variam bastante, pois cada povo tem um modo parti-
cular de conceber o meio ambiente e de compreender as relações que estabelece com ele. Po-
rém, se algo parece comum a todos eles, é a ideia de que o “mundo natural” é antes de tudo uma
ampla rede de inter-relações entre agentes, sejam eles humanos ou não humanos [...].
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Índios e o meio ambiente. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/
pt/%C3%8Dndios_e_o_meio_ambiente. Acesso em: 25 jul. 2020.
DAE
10
8
2 morte de
12
indígenas
5 2
3
7 morte de
4
3 3 4 3 5 lideranças
3 indígenas
1 3
1 1 1 1 1
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Fontes: COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Conflitos no campo Brasil 2019. Disponível em: https://www.cptnacional.org.br/
publicacoes-2/destaque/5167-conflitos-no-campo-brasil-2019. Acesso em: 25 ago. 2020.
FIGUEIREDO, Patrícia. Número de mortes de lideranças indígenas em 2019 é o maior em pelo menos 11 anos, diz Pastoral
da Terra. G1, 10 dez. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/12/10/mortes-de-liderancas
-indigenas-batem-recorde-em-2019-diz-pastoral-da-terra.ghtml. Acessos em: 8 ago. 2020.
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Quantidade
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20
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1990-1994 1995-1998 1999-2002 2003-2006 2007-2010 2011-2014 2015-2018
A demarcação das terras, prevista na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 231,
não se trata apenas de reconhecer o direito ou de reparar injustiças, mas de legitimar uma
ocupação e garantir proteção à vida dos povos indígenas. O artigo explicita, ainda, que é
vedada a remoção de grupos indígenas de suas terras, salvo exceções; que esses grupos têm
plena capacidade e autonomia para ingressar com ações em defesa de seus direitos; que as
terras indígenas são inalienáveis, indisponíveis e imprescritíveis.
A demarcação é a forma pela qual a ocupação é efetivada e reconhecida. Quando a demar-
cação não é estabelecida, a vulnerabilidade desses grupos se acentua, pois outros agentes
podem se sentir livres para invadir e explorar essas terras.
120 EM
43
IDENTIFICADAS
74
DECLARADAS
487
HOMOLOGADAS
IDENTIFICAÇÃO E DECLARADAS
Etapa 5
Etapa 1
O Instituto Nacional de Colonização
A Fundação Nacional do Índio (Funai) organiza e Reforma Agrária (Incra) e a Funai
um estudo de identificação e delimitação, fazem o levantamento fundiário de
submetendo esse material ao presidente do avaliação de benfeitorias.
órgão, que tem um prazo para avaliar a
requisição e publicar, caso aprovado, no Diário
Oficial da União.
Etapa 3
O Ministério da Justiça e da Segurança
Pública declara os limites da área demarcada.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Etapa 4
Julio Dian
50º O
Boa
Vista
AMAPÁ
RORAIMA
Macapá
0° Equador
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 107.
Etapa 6
Marcos Amend/Pulsar Imagens
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Etapa 7 DA EDITORA DO BRASIL
A Funai retira os ocupantes não
indígenas da área com o
pagamento de indenizações
quando for pertinente, e o Incra faz
o reassentamento dos ocupantes
não indígenas de acordo com
regras estabelecidas.
Terra Indígena Enawenê-Nawê, Juína, MT, 2020.
Etapa 9
Etapa 8
A Funai, de forma simultânea ou não ao
A Funai realiza registro da Terra processo de demarcação, pode interditar
Indígena demarcada na Secretaria territórios indígenas, a fim de proteger
de Patrimônio da União. povos e grupos que vivam isolados.
A imagem do indígena na sociedade, bem como na mídia ainda é carregada de olhar etnocên-
trico. O indígena não é valorizado, e os meios de comunicação têm uma tendência a fortalecerem
preconceitos contra os povos nativos, [...] A mídia, por ter poder de formar opiniões, termina, na
maioria das vezes, ajudando a desvalorizar esses grupos minoritários.
BATISTA, Daiane Nogueira; SILVA, Lucas Wilame Almeida da; SIMAS, Hellen Cristina Picanço. O outro lado do
índio: representações sociais na mídia. Revista Eletrônica Mutações, v. 6, n. 11, 2015. Disponível em:
https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/relem/article/view/1001/pdf. Acesso em: 9 ago. 2020.
Cassandra Cury/Pulsar Imagens
A Rádio Yandê é educativa e cultural. Temos como objetivo a difusão da cultura indígena atra-
vés da ótica tradicional, mas agregando a velocidade e o alcance da tecnologia e da internet. Nos-
sa necessidade de incentivar novos “correspondentes indígenas” no Brasil, faz com que possa-
mos construir uma comunicação colaborativa muito mais forte, isso comparada às mídias tradi-
cionais de Rádio e TV.
Estamos certos, de que uma convergência de mídias é possível, mesmo nas mais remotas aldeias
e comunidades indígenas, e que isso é uma importante forma de valorização e manutenção cultural.
RÁDIO YANDÊ. Comunicação e etnomídia indígena. Disponível em: https://radioyande.com/a-radio.php.
Acesso em: 9 ago. 2020.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Quantidade de Tipos de Fontes das
Objetivos
DA EDITORA
Público-alvo
DO BRASIL
programas na programas na
Pautas debatidas na
informações
programação
grade grade apresentadas
CONCLUSÃO
•• Em sala de aula, discutam com os colegas como foi o processo de investigação dessa rá-
dio, se chegaram às mesmas conclusões em seus relatórios e se acreditam que a etnomí-
dia pode ser uma ferramente importante na divulgação de pautas e reivindicações de
diversos grupos minoritários no Brasil.
Tráfico transatlântico
A escravidão no Brasil durou cerca de 300 anos e se findou a contragosto de uma elite escravocrata que defendia
que a libertação traria prejuízos econômicos irreversíveis. Veja na tabela a seguir alguns dados sobre o tráfico transa-
tlântico de pessoas escravizadas que foram transportadas à força do continente africano para as Américas.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
América Inglesa/Estados Unidos 220,6 205,5
DACaribe
EDITORA
Inglês DO BRASIL 59,4 51,3
IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. p. 82.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Jean-Baptiste Debret. Ganhadeiras no Rio de Janeiro em 1827, 1839. Litografia colorida. As escravizadas
ganhadeiras eram mulheres negras que prestavam serviços para seus senhores, circulando pela cidade de
forma um pouco mais livre. Muitas vezes, transmitiam recados de revoltas de escravizados, utilizando-se desse
“poder de mobilidade”.
Parque Memorial Quilombo dos Palmares, União dos Palmares, AL, 2019. O local preserva a memória do Quilombo
dos Palmares, que surgiu na Capitania de Pernambuco, na Serra da Barriga, e chegou a abrigar milhares de
escravizados que conseguiram fugir.
Marcelino Luis/Fotoarena
A apropriação da terra
O reconhecimento do direito à propriedade sobre as
terras tradicionalmente ocupadas pelas comunidades
quilombolas e a garantia de preservação da memória e
da cultura desses povos estão previstos na Constituição,
tendo sido conquistados, também, por meio de movi-
mentos populares dessas comunidades. A presença de
entidades do movimento negro na Constituinte, pressio-
nando por reconhecimento e participação, foi essencial
para que as demandas pudessem ser reconhecidas pelo
governo e pela sociedade, abrindo um caminho para que
a luta pela titulação das terras ocorresse com respaldo
legal. Porém, há diversas situações que ameaçam a per-
manência e a residência desses povos.
Embora muitas terras tenham efetivamente sido
reconhecidas como remanescentes de quilombos, a
parcela demarcada é de cerca de 7% apenas. São mais
de 1 500 processos tramitando no Incra; o extenso
processo pode colocar essas comunidades em situações
de vulnerabilidade diante das pressões exercidas no
campo brasileiro.
Algumas comunidades quilombolas da região ama-
zônica, por exemplo, estão em áreas que despertam
interesse por serem áreas de expansão agropecuária,
atraindo latifundiários e agricultores para a região.
Muitas vezes, os mecanismos de luta das comunidades
quilombolas são restritos, pois a demora na demarca-
ção do território e a falta de dispositivos que efetivem
a proteção dessas comunidades criam barreiras à sua
sobrevivência.
O reconhecimento da propriedade da terra das comu-
nidades quilombolas é uma garantia de que essas famí-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO lias e populações não serão forçadas a abandonar o local
DA EDITORA DO BRASIL por causa de pessoas que aleguem ser as proprietárias
desses espaços ou de iniciativas de construção de obras
de infraestrutura. Além disso, a titulação facilita o acesso
a serviços básicos, como saúde, educação, energia, abas-
tecimento de água etc.
O processo de titulação das terras quilombolas ocorre
segundo diversas etapas, a exemplo do que ocorre com
a demarcação de terras indígenas, esse processo pode
se prolongar por muito tempo, sobretudo quando ques-
tões econômicas e/ou políticas criam obstáculos ao
andamento da titulação. Veja no infográfico ao lado as
etapas da titulação de territórios quilombolas.
As contradições e os interesses divergentes que surgem
em cada uma das etapas do processo podem atrapalhar
e retardar por anos o encaminhamento da titulação.
Lunae Parracho/Reuters/Fotoarena
Indígenas mundurucus protestam em frente ao Palácio do Planto em razão da construção da
hidrelétrica de Belo Monte. Brasília, DF, 2013.
Segundo
MATERIAL DE oDIVULGAÇÃO
Tribunal Superior Eleitoral, em 2016 apenas 0,34% dos candidatos às elei-
ções municipais se declararam indígenas. Em relação aos que se declararam negros, essa
DA EDITORA DO BRASIL
parcela foi de 8,65%. O total de negros nesses meios contrasta com outro dado do IBGE,
o qual revela que mais da metade da população se declara preta ou parda. Trata-se,
portanto, de construir um processo democrático em que as instituições que o compõem
reflitam sua sociedade e suas demandas.
Portanto, o baixo número de candidaturas indí-
genas e negras se relaciona principalmente ao
João Alvarez/Fotoarena
© Gilmar
a) Qual é a situação retratada na charge?
O que a fala do personagem “Eles estão
chegando!” expressa?
b) Em grupo, discuta com os colegas a im-
portância da valorização e da manuten-
ção dos modos de vida indígenas em
seus espaços de ocupação, contrapon-
do as formas de relação com a natureza
das sociedades indígenas, em geral, às
não indígenas.
3. Leia o trecho a seguir, de uma entrevista com Edson Kayapó, doutor em História pela
Universidade de São Paulo, cedida ao Centro de Informação das Nações Unidas para o
Brasil (Unic Rio).
[...]
“Os livros de história são perniciosos porque eles ensinam que tudo começou em 1500, e os mi-
lhares de anos antes disso são apagados. Os portugueses e europeus admitem que havia pessoas
aqui e que eles tiveram dificuldade de reconhecê-las como humanos. Quando as reconheceram,
chamaram todos de índio. Esse nome, definitivamente, não representa a nossa diversidade”
[...]
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ONU. “Índio, nome dado pelos europeus, não representa nossa diversidade”, diz historiador Edson Kayapó.
DA EDITORA DO BRASIL
Disponível em: https://nacoesunidas.org/indio-nome-dado-pelos-europeus-nao-representa-nossa
-diversidade-historiador-edson-kayapo/. Acesso em: 26 jul. 2020.
•• O termo “índio” foi utilizado pelos colonizadores europeus como forma de desginar
todos os povos que viviam nas terras das Américas. Levando em consideração a fala
de Edson Kayapó, o que esse termo revela sobre a visão do colonizador em relação aos
povos originários? Justique sua resposta.
4. Representação política nos espaços formais de poder pode ter um significado extrema-
mente relevante quando se trata da luta pela garantia de direitos e atendimento a deman-
das e necessidades de grupos da população. Nesse contexto, a presença de indivíduos
de grupos minoritários deveria ser uma constante em sociedades democráticas como a
brasileira, mas a realidade não costuma ser essa.
a) Em sua opinião, qual a importância da representatividade de populações como indí-
genas e afrodescendentes nos espaços de legislação política?
b) A representatividade se baseia apenas em questões étnicas ou sociais? Como garan-
tir equidade política em um contexto desigual como o brasileiro? Discuta com seus
colegas.
Em busca da cidadania
CIDADANIA E DIREITOS
O significado do conceito de cidadania, como tantos outros do campo social, passou e
ainda passa por transformações, pois está condicionado à organização e ao funcionamento
das sociedades humanas. Cidadania, do latim civitas, significa “cidade” ou “conjunto de
direitos atribuídos a um cidadão”. O termo em grego equivalente à cidadania é pólis, sendo
cidadão aquele que pertence à cidade ou que é nela reconhecido. Na Grécia Antiga, durante
o período socrático, séculos V a.C.- IV a.C., a democracia grega em Atenas, passou por um
importante desenvolvimento com a figura política do cidadão como indivíduo livre, autônomo
e participante da vida pública. Aos cidadãos cabia o direito de debater os destinos da coleti-
vidade. Os filósofos Platão (428 a.C.-347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) escreveram
importantes obras que abordam essa questão.
Victoria and Albert Museum, Londres
As concepções de cidadania
Na obra A república, Platão delineia um modelo de cidade ideal, em que os cidadãos estariam
unidos em torno do que consideram o bem comum. Eles deveriam ser capazes de alcançar um
alto grau de bondade e civilidade, dedicando-se ao funcionamento da vida coletiva, com base
em suas aptidões naturais e no uso público de sua razão, a fim de deliberar junto a seus pares
os destinos da cidade. Esse modelo de cidadão ideal era o objetivo da paideia, que designava
o processo educativo que proporcionava ao indivíduo grego a formação que o constituiria como
cidadão ideal por meio de um programa de estudos que incluía ginástica, música, escrita e
leitura de grandes poetas. O resultado da paideia era a formação de um cidadão capaz de
assumir a participação no espaço público.
Na obra de Aristóteles, a definição de cidadão é dada com mais precisão. Em A política, ele
define como cidadãos aqueles que nascem em determinada cidade. O fato de ter nascido de
pais cidadãos não era suficiente para alguém receber esse título. O que fazia um cidadão era o
direito de voto nas assembleias e de participação no exercício do poder público em sua pátria.
A ágora era um local público da pólis em que os cidadãos discutiam questões políticas e realizavam seus tribunais.
Na foto, ruínas da ágora da antiga cidade grega de Pérgamo, Turquia, 2019.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DADEEDITORA
OUTRO PONTO VISTA DO BRASIL
Leia abaixo um trecho da obra As origens do totalitarismo, da filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975). Nele, a
autora expressa como foi a recepção da Declaração dos Direitos do Homem, de 1789.
Os Direitos do Homem, afinal, haviam sido definidos como “inalienáveis” porque se supunha serem independen-
tes de todos os governos; mas sucedia que, no momento em que seres humanos deixavam de ter um governo próprio,
não restava nenhuma autoridade para protegê-los e nenhuma instituição disposta a garanti-los. Ou, quando, como no
caso das minorias, uma entidade internacional se investia de autoridade não governamental, seu fracasso se eviden-
ciava antes mesmo que suas medidas fossem completamente tomadas; não apenas os governos se opunham mais ou
menos abertamente a essa usurpação de sua soberania, mas as próprias nacionalidades interessadas deixaram de
reconhecer uma garantia não nacional, desconfiando de qualquer ato que não apoiasse claramente os seus direitos
“nacionais” [...]
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 397.
1. Segundo a autora, qual teria sido razão do fracasso da Declaração dos Direitos do Homem e, consequentemen-
te, da Declaração Universal dos Direitos Humanos?
2. Junte-se a seus colegas e produzam um documento que estabeleça direitos e deveres daqueles que fazem
parte da comunidade escolar.
BIOÉTICA
Atualmente, existem diversas discussões sobre a ética em pesquisas científicas, sobretu-
do quando se trata de experimentos envolvendo animais e seres humanos. Quais seriam os
limites desses experimentos? Extrapolá-los seria justificável diante da descoberta da cura
ou da vacina para uma doença altamente contagiosa?
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os alemães nazistas empreenderam
pesquisas científicas com prisioneiros de guerra, submetendo-os a torturas e levando mui-
tos à morte. Esses experimentos levaram a algumas descobertas sobre o funcionamento
do organismo humano, mas são considerados criminosos, antiéticos e desrespeitosos aos
direitos humanos.
Por causa de acontecimentos como esse, de pesquisas ligadas ao mapeamento do geno-
ma humano e dos testes em animais, conceitos como o de bioética se desenvolveram e
estimularam a reflexão acerca dos impactos das pesquisas empreendidas em prol do pro-
gresso científico. É necessário levar em conta seus métodos, de forma que se garanta o res-
peito aos direitos básicos dos pacientes e daqueles que se submetem aos testes.
Leia um trecho da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, texto referen-
dado por países-membros da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (Unesco), em que alguns dos princípios da bioética são definidos.
Artigo 3 – Dignidade Humana e Direitos deve ser adequada, fornecida de uma forma com-
Humanos preensível e incluir os procedimentos para a re-
a) A dignidade humana, os direitos humanos tirada do consentimento. O consentimento pode
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
e as liberdades fundamentais devem ser respei- ser retirado pelo indivíduo envolvido a qualquer
tados em sua totalidade. hora e por qualquer razão, sem acarretar qual-
DA EDITORA DO BRASIL quer desvantagem ou preconceito. Exceções a
b) Os interesses e o bem-estar do indivíduo
este princípio somente devem ocorrer quando
devem ter prioridade sobre o interesse exclusi-
em conformidade com os padrões éticos e legais
vo da ciência ou da sociedade.
adotados pelos Estados, consistentes com as pro-
Artigo 4 – Benefício e Dano visões da presente Declaração, particularmente
Os benefícios diretos e indiretos a pacientes, com o Artigo 27 e com os direitos humanos.
sujeitos de pesquisa e outros indivíduos afeta- c) Em casos específicos de pesquisas de-
dos devem ser maximizados e qualquer dano senvolvidas em um grupo de indivíduos ou
possível a tais indivíduos deve ser minimizado, comunidade, um consentimento adicional dos
quando se trate da aplicação e do avanço do co- representantes legais do grupo ou comunida-
nhecimento científico, das práticas médicas e de envolvida pode ser buscado. Em nenhum
tecnologias associadas. caso, o consentimento coletivo da comunida-
[...] de ou o consentimento de um líder da comu-
Artigo 6 – Consentimento nidade ou outra autoridade deve substituir o
consentimento informado individual.
[...]
DECLARAÇÃO Universal sobre Bioética e Direitos
b) A pesquisa científica só deve ser realizada
Humanos. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.
com o prévio, livre, expresso e esclarecido con- br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir
sentimento do indivíduo envolvido. A informação _hum.pdf. Acesso em: 30 ago. 2020.
“Camarada, por favor, peça ao oficial que acabe conosco com uma bala”, suplicou o sol-
dado russo. Depois de 3 horas dentro de um tanque de água gelada, ele já não suportava
mais a sensação de congelamento no corpo. [...]
Quando o cientista responsável pelo experimento descobriu o significado das palavras de
suas cobaias, retirou-se para o escritório. Voltou com um revólver na mão. Não para atender
ao pedido do soldado, mas para ameaçar seus assistentes na experiência. “Não se introme-
tam. Nem se aproximem deles!” Passaram-se mais duas horas de agonia antes que o alívio
da morte chegasse para os russos. Assim como eles, pelo menos outros 300 prisioneiros dos
nazistas foram usados em experimentos destinados a entender os efeitos do frio no organis-
mo – a hipotermia. A maioria não teve a sorte de um final rápido. Ao chegarem ao limite entre
a vida e a morte, eram reanimados e expostos novamente a temperaturas baixas.
[...]
As pesquisas sobre hipotermia, por exemplo, além de matar centenas de prisioneiros
do campo de Dachau, produziram dados que alguns cientistas gostariam de usar em pes-
quisas atuais. Robert Pozos, diretor do Laboratório de Hipotermia da Universidade de
Minnesota, nos EUA, é um deles. Ele estuda como o corpo responde ao frio para descobrir
a melhor maneira de reanimar pessoas que cheguem quase congeladas aos hospitais. Mas
seu trabalho enfrenta um problema: muitas de suas pesquisas não podem ser concluídas,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
pois os voluntários podem morrer quando sua temperatura cai abaixo de 36 ºC. A única
fonte conhecida de dados sobre pessoas nessas condições são os experimentos nazistas.
DA EDITORA DO BRASIL
É ético utilizá-los para salvar vidas? Pozos acha que sim. Mas o respeitado periódico mé-
dico New England Journal of Medicine se recusou a publicar a pesquisa.
Para enfrentar essa delicada questão, é necessário encarar o legado científico do na-
zismo, desconhecido até pouco tempo atrás. Estudos recentes, porém, lançaram nova luz
em direção ao que sabemos sobre a ciência no período. Afinal, houve experimentos de
qualidade no nazismo? O que acontece com a ciência sob um regime tão desumano?
[...]
REZENDE, Rodrigo. Doutores da agonia: por dentro da ciência nazista. Superinteressante, Ciência, 18 jan.
2019. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/doutores-da-agonia/. Acesso em: 28 jul. 2020.
a) Você acha que essas pesquisas são relevantes e válidas ainda que os resultados
sejam obtidos com métodos como os relatados? Justifique sua resposta.
b) Com base na leitura do texto e nos seus conhecimentos sobre a Declaração Uni-
versal sobre Bioética e Direitos Humanos, escreva um artigo de opinião sobre a
prática de pesquisas que não levam em conta o sofrimento das pessoas submetidas
a essas experiências.
DihandraPinheiro/Shutterstock.com
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O acesso ao transporte público de qualidade é um direito social do cidadão brasileiro. Na foto, estação de trem em São Paulo, SP, 2019.
[...] os direitos do homem constituem uma classe variável, como a história destes últimos sécu-
los demonstra suficientemente. O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua a se mo-
dificar, com a mudança das condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interesses, das
classes no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações técni-
cas, etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do século XVIII, como a propriedade sacre
et inviolable, foram submetidos a radicais limitações nas declarações contemporâneas; direitos que
as declarações do século XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, são agora pro-
clamados com grande ostentação nas recentes declarações. Não é difícil prever que, no futuro, po-
derão emergir novas pretensões que no momento nem sequer podemos imaginar [...]
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 13.
Mutirões para a construção de casas populares são uma das formas encontradas para garantir o direito à moradia para
a população. Moradias populares do Conjunto Residencial Vale Verde, Guaxupé, MG, 2019.
João Prudente/Pulsar Imagens
Ronaldo Almeida/Tyba
A desigualdade pode ser percebida nas diferenças de moradia e de acesso a serviços entre pessoas com maior e
menor poder aquisitivo. Na foto, bairro de alto padrão vizinho a uma comunidade em Juiz de Fora, MG, 2017.
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DA EDITORA DO BRASIL
[...]
O assunto que se segue é a equidade e o equitativo [...] e respectivas relações com a justiça e o justo. Porquan-
to essas coisas não parecem ser absolutamente idênticas nem diferir genericamente entre si; e, embora louve-
mos por vezes o equitativo e o homem equitativo [...], em outras ocasiões, pensando bem, nos parece estranho
que o equitativo, embora não se identifique com o justo, seja digno de louvor; porque, se o justo e o equitativo
são diferentes, um deles não é bom; e, se são ambos bons, têm de ser a mesma coisa.
São estas, pois, aproximadamente, as considerações que dão origem ao problema em torno do equitativo.
Em certo sentido, todas elas são corretas e não se opõem umas às outras; porque o equitativo, embora superior
a uma espécie de justiça, é justo, e não é como coisa de classe diferente que é melhor do que o justo. A mesma
coisa, pois, é justa e equitativa, e, embora ambos sejam bons, o equitativo é superior.
O que faz surgir o problema é que o equitativo é justo, porém não o legalmente justo, e sim uma correção da
justiça legal. A razão disto é que toda lei é universal, mas a respeito de certas coisas não é possível fazer uma
afirmação universal que seja correta. Nos casos, pois, em que é necessário falar de modo universal, mas não é
possível fazê-lo corretamente, a lei considera o caso mais usual, se bem que não ignore a possibilidade de erro.
E nem por isso tal modo de proceder deixa de ser correto, pois o erro não está na lei, nem no legislador, mas na
natureza da própria coisa, já que os assuntos práticos são dessa espécie por natureza.
Portanto, quando a lei se expressa universalmente e surge um caso que não é abrangido pela declaração uni-
versal, é justo, uma vez que o legislador falhou e errou por excesso de simplicidade, corrigir a omissão – em
outras palavras, dizer o que o próprio legislador teria dito se estivesse presente e que teria incluído na lei se ti-
vesse conhecimento do caso.
Por isso o equitativo é justo, superior a uma espécie de justiça – não justiça absoluta, mas ao erro provenien-
te do caráter absoluto da disposição legal. E essa é a natureza do equitativo: uma correção da lei quando ela é
deficiente em razão da sua universalidade. E, mesmo, é esse o motivo por que nem todas as coisas são deter-
minadas pela lei: em torno de algumas é impossível legislar, de modo que se faz necessário um decreto. Com
efeito, quando a coisa é indefinida, a regra também é indefinida, [...] a régua adapta-se à forma da pedra e não
é rígida, exatamente como o decreto se adapta aos fatos.
Torna-se assim bem claro o que seja o equitativo, que ele é justo e é melhor do que uma espécie de justiça.
Evidencia-se também, pelo que dissemos, quem seja o homem equitativo: o homem que escolhe e pratica tais
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atos, que não se aferra aos seus direitos em mau sentido, mas tende a tomar menos que seu quinhão embora
tenha a lei por si, é equitativo; e essa disposição de caráter é a equidade, que é uma espécie de justiça e não
DA EDITORA DO BRASIL
uma diferente disposição de caráter.
[...]
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 118.
© Alexandre Beck
Tirinha de Alexandre Beck. Armandinho – Artigo I , publicada no livro Armandinho Quatro, 2015.
•• Os direitos humanos são considerados, em teoria, direitos universais, o que pode ser
verificado pela utilização da expressão “Todas as pessoas” na tirinha. Porém, isso não
ocorre na prática. O que faz com que os princípios dos direitos humanos não sejam
concretizados? Justifique sua resposta.
4. De acordo com o filósofo Norberto Bobbio, o desenvolvimento técnico e econômico pode
fazer surgir novas demandas por direitos sociais. Leia o trecho de uma reportagem sobre
uma paralisação dos entregadores de aplicativos.
[...] trabalhadores que atuam no setor de entregas por meio de aplicativos têm se organiza-
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do para reivindicar melhores condições de trabalho e pagamento. [...]
DA EDITORA
Esse movimento mais DO BRASILe organizado no Brasil tem sido visto como uma novidade
combativo
no setor informal de serviços mediados por tecnologia. Ele começou em São Paulo [...], mas
tem ganhado força e atingindo outros Estados, como Pernambuco e Minas Gerais.
Nesta quarta (1º) [de julho de 2020], os trabalhadores prometem uma paralisação da cate-
goria. Segundo eles, o objetivo é “parar” o serviço de entregas em boa parte do país, setor co-
mandado principalmente por três empresas [...]. Movimentos nas redes sociais pedem que,
para contribuir com a paralisação, consumidores não façam pedidos via aplicativos de entrega
de comida.
Entre as demandas, o grupo pede maior transparência sobre as formas de pagamento ado-
tadas pelas plataformas, aumento dos valores mínimos para cada entrega, mais segurança e
fim dos sistemas de pontuação, bloqueios e “exclusões indevidas”.
MACHADO, Leandro. Greve dos entregadores: o que querem os profissionais que fazem paralisação inédita.
BBC News Brasil, 22 jun. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53124543.
Acesso em: 5 jul. 2020.
•• De que modo o trecho da reportagem ilustra o que Norberto Bobbio afirma sobre as
demandas por direitos sociais?
Jorge Araújo/Folhapress
Faixa em favor da “anistia ampla, geral e irrestrita” levantada por membros de torcida em jogo
de futebol. São Paulo, SP, 1979.
O.LUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO
MATERIAL DEPartido
Comício do DIVULGAÇÃO
do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). São Paulo, SP, 1982.
DA EDITORA DO BRASIL
Projetos nacionais em disputa
Na eminência do retorno à ordem democrática, projetos nacionais distintos passaram a
disputar os rumos do país. De um lado, militares e apoiadores do regime esforçavam-se por
permanecer influentes e garantir seus interesses na nova Constituição. De outro, os movi-
mentos sociais ampliavam as demandas sociais na luta por direitos. Na mediação entre os
dois lados, políticos da ordem e representantes da burguesia nacional atuavam em prol da
continuidade dos privilégios das elites.
Em meio às turbulências do ano de 1985, o sociólogo brasileiro Florestan Fernandes
(1920-1995) escreveu em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo:
De outro lado, havia os que reivindicavam uma intervenção estatal capaz de mediar as relações entre empresários e
trabalhadores, garantir o bem-estar da população por meio do oferecimento de serviços públicos e realizar reformas pe-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
la melhor distribuição da renda e da propriedade, por exemplo. Segundo artigo de 1986, de Plínio de Arruda Sampaio
(1930-2014),DA EDITORA
deputado DO BRASIL
constituinte:
Um conjunto articulado de reformas nos campos da tributação, dos salários, do sindicalismo, da previdência so-
cial, combinadas com transformações estruturais nos campos da educação, saúde, habitação e transportes, deflagra-
rão um processo acelerado de distribuição de renda, corrigindo, pelo menos parcialmente, a inaceitável distorção dos
dias atuais.
Modificações no direito de propriedade, a fim de compatibilizar razoavelmente a iniciativa privada com a justiça so-
cial, a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida constituem, hoje, exigências de amplos setores sociais [...]
SAMPAIO, Plínio de Arruda. Brasil na encruzilhada. Folha de S.Paulo, 6 nov. 1986. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/
bdsf/bitstream/handle/id/117593/1986_NOVEMBRO_017.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 24 jul. 2020.
1. Qual é a diferença entre um Estado mínimo e um Estado intervencionista? Justifique sua resposta com base
no texto.
2. Na sua opinião, qual modelo melhor atenderia às necessidades sociais e econômicas do país? Por quê?
3. Em 2020, o debate sobre o papel do Estado voltou à tona nos jornais brasileiros em razão da crise provocada
pela pandemia de Covid-19. Em duplas, façam uma pesquisa em artigos de opinião e reportagens para levan-
tar os principais argumentos abordados. Depois, façam um resumo sobre os pontos de vista que encontraram
e elaborem a posição da dupla sobre o assunto.
nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/
DUDH.pdf. Acesso em: 21 jul. 2020.
1. O texto a seguir foi escrito pelo sociólogo e cientista político brasileiro Herbert José de
Souza, conhecido como Betinho (1935-1997), em 1987, quando a Nova República não
tinha sequer recebido sua Constituição. Leia e responda ao que se pede.
[...] Com o desenvolvimento industrial, o surgimento da classe operária fez emergir a questão
social, tratada como questão social em tempos de paz e como questão de polícia em tempos de
crise. Cuidar dos desequilíbrios produzidos por uma ordem que seria naturalmente vocacionada
à harmonia foi sempre o papel do Estado, pelo menos de Getúlio aos nossos dias. Nesse sentido,
também a política social foi sempre uma variante da ideologia e da política da ordem.
[...]
A Nova República assumiu o social em seu discurso, mas não o assumiu em sua prática, e
nisso continuou tão velha como antes. [...]
Na Nova República o social assume um lugar de destaque no discurso do Estado, vira pro-
grama de governo, mas sofre de uma paralisia peculiar: não consegue sair do discurso, a não
ser como farsa.
Creio que seria inútil demonstrar com números, fatos e histórias que a reforma agrária não
realizou sequer 10% de suas modestas metas; que as greves continuam a ser ilegais e tratadas
militarmente; que o desemprego só não existe para o IBGE; que a inflação passa dos 20% ao
mês; que o Nordeste, assim como as periferias das grandes cidades do Brasil, continuam po-
bres; que a concentração da riqueza e das terras não diminuiu; que a distribuição de alimentos
não mata a fome dos pobres; que as crianças abandonadas ou carentes continuam presas nos
internatos oficiais ou perambulando pelas ruas e que, enfim, a questão social continua a exis-
tir no discurso, mas não na prática da Nova República.
SOUZA, Herbert de. A Nova República e as políticas sociais. Rev. Adm. Públ.,
Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p. 24-30, out./dez. 1987.
Presidencialismo x parlamentarismo
O presidencialismo é o regime em que o presidente desempenha ao mesmo
Qual é a função do chefe tempo as funções de chefe de Estado e chefe de governo eleito por voto
de Estado e a do chefe popular. Como chefe do Poder Executivo, ele é responsável por indicar os
de governo?
ministros que vão comandar as políticas públicas de cada área (Saúde, Edu-
Chefe de Estado é quem
representa o país cação, Economia etc.), para seguir o projeto do governo eleito. Ele deve
publicamente, recebe outros coordenar as políticas públicas a serem implantadas e tem poder de veto
chefes de Estado e mantém sobre projetos de lei vindos do Poder Legislativo.
diálogo com outras nações.
Em países onde há monarquia, No parlamentarismo, o sistema privilegia as decisões tomadas no Parla-
como a Inglaterra, o papel mento. O governo é organizado pelo gabinete formado pelo primeiro-minis-
de chefe de Estado é da
tro (em geral, alguém do partido majoritário, ou seja, do partido mais votado)
família real.
e os demais ministros (apontados pelo Parlamento). O primeiro-ministro é
Chefe de governo é quem
tem o papel preponderante o chefe de governo, mas não o chefe de Estado. Há um equilíbrio entre o
na tomada de decisões Executivo e o Legislativo, porque existem dispositivos legais que permitem
MATERIAL
e na elaboração de políticas DE DIVULGAÇÃO
que o Parlamento destitua os ministros, assim como que o primeiro-ministro
públicas, econômicas e sociais.
DA EDITORA
É quem representa o Poder DO BRASIL um voto de desconfiança e dissolva o Parlamento, convocando
apresente
Executivo e mantém novas eleições.
o equilíbrio dos poderes
Executivo e Legislativo. POOL New/Reuters/Fotoarena
Os três poderes
Em boa parte dos países do mundo, há a separação entre os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O pre-
sidencialismo se baseia no equilíbrio entre esses poderes.
O Poder Executivo é o poder do presidente da República, eleito de quatro em quatro anos pelo voto direto de todos
os eleitores e eleitoras brasileiros. Nos estados, o Poder Executivo é exercido pelos governadores, e nas cidades, pe-
los prefeitos.
No Brasil, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, composto de duas câmaras: uma delas é o Se-
nado Federal, em que 81 senadores são eleitos para mandatos de oito anos. Cada estado (e o Distrito Federal) elege
três senadores (após um período de quatro anos, renova-se um terço do Senado e, quatro anos depois, dois terços).
Todos os estados têm a mesma quantidade de senadores como forma de promover equilíbrio entre eles. A outra é a
Câmara dos Deputados, composta dos deputados federais. Ao todo, são 513 representantes de todos os Estados, elei-
tos a cada quatro anos. A proporção de deputados corresponde ao tamanho da população de cada Estado.
O Poder Legislativo está presente nos três níveis da federação. Assim, existe a Assembleia Legislativa Estadual, que
elabora as leis e faz o controle de gastos nos Estados, e a Câmara dos Vereadores, que cria a legislação no âmbito dos
municípios.
O Poder Judiciário encarrega-se da correta interpretação das leis e de seu cumprimento, como garantia dos direi-
MATERIAL
tos dos cidadãos. Cabe aDE
eleDIVULGAÇÃO
defender a Constituição e promover a justiça.
DA EDITORA DO BRASIL
Na Praça dos Três Poderes, na capital federal, Brasília, DF, forma-se um triângulo composto do prédio do Supremo Tribunal Federal
(STF), da sede do Poder Judiciário, do Palácio do Planalto e da sede do Poder Executivo; e do Congresso Nacional, sede do Poder
Legislativo. Foto de 2018. Diego Grandi/Shutterstock.com
Câmara dos
Deputados,
Brasília, DF, 2018.
A governabilidade
do Poder Executivo
depende do apoio
dos congressistas.
Quociente eleitoral
No Brasil, a câmara dos deputados representa a população dos estados. Dessa forma, há mais deputados de um es-
tado do que em outro de acordo com sua população e, aos contrário do que ocorria no passado, podemos votar somen-
te naqueles que representam nosso estado. São 513 deputados com mandatos de quatro anos, eleitos pelo sistema pro-
porcional, e não majoritário, de acordo com um quociente eleitoral (QE) que calcula os partidos e coligações que têm
direito a ocupar as vagas em disputa.
Esse quociente equivale ao número de votos válidos dividido pelo número de vagas por Estado. Assim, apenas os
partidos ouMATERIAL
as coligaçõesDE
deDIVULGAÇÃO
partidos que obtiverem quantidade de votos acima do QE vão preencher as vagas dispo-
DA EDITORA
níveis. É por isso DO BRASIL
que deputados que obtêm votações muito expressivas acabam “puxando” colegas de partido com
votações menores. A tabela a seguir mostra o número de deputados por estado brasileiro.
Fonte: CÂMARA DOS DEPUTADOS. Papel e história da Câmara. Disponível em: https://www2.
camara.leg.br/a-camara/conheca/numero-de-deputados-por-estado. Acesso em: 3 ago. 2020.
Pensamento computacional
3. Em alguns bairros, criam-se organizações com o objetivo de prover melhorias para
o local por meio da comunicação de suas necessidades para o poder público e/ou
por ações feitas pela própria comunidade.
Organizem-se em grupos e investiguem a existência desse tipo de organização no
bairro onde vocês moram. Em seguida, façam um levantamento dos principais
problemas da comunidade e encaminhem soluções para alguns deles. Para isso,
sigam o roteiro de etapas.
Etapa 1: Investigar
MATERIAL
•• Entrevistem DE DIVULGAÇÃO
moradores locais e identifiquem a existência de focos representativos.
•• Reconheçam lideranças locais e realizem entrevistas para compreender o pro-
DA EDITORA DO BRASIL
cesso de coleta de demandas da comunidade e o protocolo de resoluções.
Etapa 2: Criar soluções
•• Listem as problemáticas locais e as organizem por meio de categorias: ques-
tões sociais, infraestrutura, meio ambiente, entre outros pontos que acharem
relevantes.
•• Reconhecer padrões entre os problemas apresentados em forma de tabela.
•• Com base em padrões reconhecidos, desenvolvam soluções para um dos pro-
blemas apresentados.
•• Desenvolver um storyboard para transpor a solução por meio da criação de um
algoritmo, isto é, descrever o passo a passo da solução formulada. O storyboard
é uma técnica muito utilizado na indústria cinematográfica como forma de pré-
-visualização de determinada cena. Para isso, são desenhados, em uma sequên-
cia de quadros, o que deve acontecer em cada momento da cena. Aqui, o grupo
deve desenhar o que deve acontecer em cada etapa da solução.
Allmaps
50° O 50° O
RR
AP
Equador Equador
0° 0°
AM PA
MA CE
RN
PB
PI
PE
AC
AL
TO SE
RO
BA
MT
DF
GO
OCEANO
OCEANO ATLÂNTICO
ATLÂNTICO MG
OCEANO ES
PACÍFICO OCEANO MS
N PACÍFICO N
SP RJ
Centro-Oeste Trópico de Capricórnio Trópico de Capricórnio
Leste Meridional O L PR O L
Leste Setentrional Norte SC
Nordeste Ocidental S Nordeste S
RS
Nordeste Oriental Centro-Oeste
0 390 780 km 0 390 780 km
Norte Sudeste
1 : 39 000 000 1 : 39 000 000
Sul Sul
Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico do espaço mundial. 4. ed. Moderna: São Paulo, 2013. p. 152.
Nos anos seguintes, a regionalização foi revista algumas vezes, diante das mudanças polí-
ticas, territoriais e econômicas pelas quais o Brasil passou. Na década de 1970, a revisão da
proposta originou a regionalização mais próxima da que temos hoje.
Em 1990, no contexto da Nova República, a regionalização atual foi definida. A Cons-
tituição de 1988 transformou os antigos territórios federais de Roraima e Amapá em
estados, criou o estado de Tocantins e integrou Fernando de Noronha ao estado de Per-
nambuco. A regionalização oficial do IBGE levou em conta critérios sociais, econômicos
MATERIAL DE
e naturais, respeitando os DIVULGAÇÃO
limites político-administrativos dos estados.
DA EDITORA DO BRASIL
Regiões e as superintendências
de desenvolvimento regional
A regionalização do país se tornou estratégica para o Estado, pois, além da elaboração
e divulgação dos dados com base nos recortes regionais, ela possibilitou uma definição
mais clara das políticas territoriais, como as elaboradas no âmbito das superintendências
de desenvolvimento: Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene); Supe-
rintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam); Superintendência do Desenvol-
vimento do Centro-Oeste (Sudeco); Superintendência do Desenvolvimento da Região
Sul (Sudesul).
As superintendências foram criadas em momentos distintos, mas estavam relacionadas
às necessidades de cada região do Brasil, que puderam ser mais bem compreendidas com
base nos dados e nas informações divulgados. Embora algumas críticas sejam feitas à
regionalização oficial, por agrupar espaços e situações bastante díspares na mesma uni-
dade, ela serviu e ainda é útil para a análise de algumas situações mais genéricas e gerais
do território.
SEMIÁRIDO
40° O
Allmaps
MA CE
PA
RN
PB
PI
PE
AL 10° S
TO
SE
OCEANO
BA ATLÂNTICO
N
Fonte: ALAGOAS (Estado). Secretaria
de Estado do Planejamento, Gestão e
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO O L
Patrimônio. Estudo sobre o canal do
DA EDITORA DO BRASIL S
Sertão. Maceió: SEPLAG, 2017.
Disponível em: http://dados.al.gov.br/
DF dataset/39e70e25-4d9c-4680-b9e8-
GO 0 200 400 km
d709de9f0f94/resource/b2ffd9f1
1 : 20 000 000 -6bc0-4923-b4cd-625eb4d8ad5f/
download/estudosobreocanal
MG Semiárido
Polígono das Secas dosertaoalagoano.pdf. p. 5. Acesso em:
ES
26 jul. 2020.
50° O
RR
AP
Equador
0°
População: 8,3
AM
PIB: 6 PA MA CE
RN
PI PB
AC
População: 27,8 PE
TO PIB: 14 AL
SE
RO
BA
MT
DF Fontes: Para os dados de população: CENSO
População: 7,4 GO OCEANO (2010). Apud AMPARO, Paulo Pitanga do.
PIB: 10 ATLÂNTICO
MG Os desafios a uma política nacional de
OCEANO ES desenvolvimento regional no Brasil. Interações,
MS População: 42,1
PACÍFICO Campo Grande, v. 15, n. 1, p. 175-192, jan./jun.
PIB: 53
Trópico de Capricórnio
SP
RJ N 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/
inter/v15n1/v15n1a16.pdf. Acesso em: 26 jul.
PR
Macrorregiões O L 2020. Para os dados do PIB: IBGE explica.
Norte SC Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/
Nordeste População: 14, 4 S pib.php. Acesso em: 3 ago. 2020.
Centro-Oeste PIB: 17
Sudeste RS
0 525 1 050 km
*Os dados de população se referem ao censo
Sul de 2010, enquanto os dados do PIB
1 : 52 500 000
são de 2017.
Ao longo do tempo, algumas reflexões sobre a heterogeneidade interna das regiões, bem
como sobre o processo de desenvolvimento econômico do país levaram alguns pensadores
a refletir sobre a organização territorial do país e a sugerir outras formas para regionalizar
o Brasil. Duas das propostas mais conhecidas para isso foram as elaboradas pelo geógrafo
brasileiro Pedro Pinchas Geiger (1923-), na década de 1960, que olhou, também, para
a formação histórica do país, e a dos geógrafos Milton Santos (1926-2001) e María
Laura Silveira, abordada no livro O Brasil: território e sociedade no início do século XXI,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
publicado em 2001.
DA EDITORA DO BRASIL
As regiões geoeconômicas
Pedro Geiger propôs, em 1967, as regiões geoeconômicas (complexos regionais ). São elas:
Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. Essa proposta tinha uma preocupação relevante quanto à
formação histórica e econômica do país, que estava diretamente atrelada às dinâmicas
e características dos estados e à forma como eles se relacionam entre si.
As regiões geoeconômicas, nesse contexto, não seguem estritamente os limites dos esta-
dos, contrapondo-se à proposta oficial do IBGE. Além disso, o Norte de Minas Gerais foi
alocado na região Nordeste.
O caráter do complexo Amazônia é inegavelmente constituído pela floresta, intimamente
associada ao desenvolvimento histórico dos estados que fazem parte dessa região. A Ama-
zônia se se destaca não apenas pela extensão territorial, mas também como a região mais
sensível em termos de exploração predatória dos recursos naturais.
A região Centro-Sul é caracterizada por concentrar o desenvolvimento econômico do país
e um grande contingente demográfico. Ela é responsável pela produção da parte majoritária
do PIB nacional, abrigando áreas estratégicas no que diz respeito à produção industrial, à
agropecuária e ao setor de comércio e serviços.
50° O
número de problemas sociais e econô-
RR
AP micos, sobretudo aqueles relacionados
Equador
0°
à ausência de políticas eficazes no com-
bate à pobreza e à miséria. Na educação,
AM PA por exemplo, a região, em 2019, tinha o
MA CE
RN maior índice de analfabetismo do país,
PB
PI
PE
segundo dados da Pesquisa Nacional por
AC TO
AL Amostra de Domicílio (Pnad). Os estados
RO SE
BA
da região apresentam, isoladamente,
MT índices preocupantes. Em 2018, a taxa
DF
OCEANO de analfabetismo em Alagoas e no Ceará
GO ATLÂNTICO
era, respectivamente, de 17,2% e de
MG
MS ES
16,6%. Em termos comparativos, em São
OCEANO
PACÍFICO
SP
Paulo, essa taxa era, no mesmo ano, de
Trópico de Capricórnio RJ
N
2,6%, e em Mato Grosso do Sul, de 5%.
PR
A seca, durante muito tempo, foi pro-
O L
SC
pagandeada como a causa de vários pro-
Amazônia
RS S blemas nessa região. Contudo, sabe-se
Nordeste 0 470 940 km que políticas e projetos adequados podem
Centro-Sul 1 : 47 000 000 fornecer condições objetivas para solu-
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 150. cionar questões como essa. O projeto de
construção de cisternas, por exemplo,
iniciado em 2003, mostrou-se bastante
efetivo em algumas situações. O programa
de construção de cisternas é um projeto vinculado, atualmente, ao Ministério da Cidadania,
tendo sido responsável, até 2014, pela construção de mais de 1 milhão de cisternas no
Semiárido brasileiro. O projeto é um dos exemplos que evidenciam a importância de políticas
eficazes e estratégicas para garantir vida digna e desenvolvimento social às pessoas.
Gráfico: DAE
DA
20%EDITORA DO BRASIL
13,9%
15%
7,6%
10%
6,6%
4,9%
5% 3,3% 3,3%
0%
Brasil Sudeste Sul Centro-Oeste Norte Nordeste
Fonte: IBGE EDUCA JOVENS. Conheça o Brasil. População – Educação. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/
conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html. Acesso em: 3 ago. 2020.
Arthur De Souza/Fotoarena
mente dinâmicas, marcadas por urbanização intensa
e desenvolvimento expressivo, a exemplo da zona
portuária do Recife, em Pernambuco, que se tornou
um parque tecnológico de referência no Brasil.
A proposta de regionalização de Geiger também
foi alvo de críticas. Uma delas é justamente a opção
por não seguir os limites político-administrativos.
Isso poderia criar algumas barreiras, por exemplo,
à proposição e aplicação de políticas de desen-
volvimento, em razão da dificuldade para articular
investimentos e estratégias em estados que têm
porções em mais de uma região. Mesmo a leitura
de dados e informações se torna complicada nessa
regionalização, pois os dados nacionais, produzi-
dos por órgãos e institutos, como o IBGE, os minis-
térios e as secretarias de governos, costumam ser
divulgados segundo as unidades oficiais (país,
estado, município). Zona portuária do Recife, PE, 2018.
Os “quatro Brasis”
A proposta de regionalização elaborada pelos geógrafos Milton Santos e María Laura Silveira
ficou conhecida como os “quatro Brasis”. Eles propuseram uma forma diferente de regiona-
lização do território, fundamentada no desenvolvimento técnico surgido da inserção do país
nos circuitos do capital globalizado, com atenção específica ao grau de difusão (diferenciada)
do meio técnico-científico-informacional no país, ou seja, na forma como as diversas regiões,
por meio de suas cidades, redes de transporte e de informação, das trocas comerciais com
o restante do território e do exterior etc., são atingidas por dados da ciência, da técnica e da
informação. Segundo essa proposta, o país foi dividido em quatro regiões: Concentrada,
Centro-Oeste, Nordeste e Amazônia.
Na região Concentrada, que abriga as duas
REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL – 4 BRASIS
principais metrópoles do país, São Paulo e Rio
MATERIAL DEimportantes
DIVULGAÇÃO
Allmaps
50° O
de Janeiro, está a sede de institui-
RR
ções financeiras,
DAbolsas de valores,
EDITORA a instalação
DO BRASIL Equador
AP
PR O L
ao mercado externo.
SC
Região Amazônica
Os dois geógrafos citados mencionam que S
Região Nordeste RS
o meio técnico-científico-informacional no Região Centro-Oeste
0 390 780 km
Allmaps
50° O
VENEZUELA
SURINAME GUIANA FRANCESA
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
COLÔMBIA GUIANA
Boa Vista
AP
RR
DA EDITORA DO BRASIL
Equador Macapá
0°
RJ
menos de 1000
PARAGUAI Rio de Janeiro
Trópico de Capricórnio
N 1 000 a 5 000
São Paulo
PR
Curitiba 5 001 a 10 000
O L
SC 33 612
Florianópolis
ARGENTINA
RS S
Porto Alegre
0 530 1060 km
Fonte: IBGE. Atlas geográfico
URUGUAI
1 : 53 000 000 escolar. 8. ed. Rio de Janeiro:
IBGE, 2018. p. 34.
Allmaps
50° O
AP RR
RR
Equador AP
0° 0° Equador
AM
PA
CE AM PA
MA RN MA CE
RN
PB
PI PI PB
AC PE PE
TO AC
AL AL
SE SE
RO BA RO
TO BA
MT
MT
DF MG Quantidade de domicílios DF
GO
OCEANO com rendimento domiciliar OCEANO
OCEANO médio mensal maior que GO
ATLÂNTICO
MS ATLÂNTICO 10 salários mínimos* (%)
PACÍFICO ES
MG
ES N
N
2,18 a 4,00 MS
Trópico de Capricórnio SP
RJ 4,01 a 6,00 Trópico de
Capricórnio
RJ
O L
O L
PR SP 6,01 a 8,00 PR
Fonte: THÉRY, Hervé; MELLO-THÉRY, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 121.
disparidades e dinâmicas do território. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2018. p. 261.
É possível notar que a região Concentrada reúne uma rede densa de transportes. Além
disso, nota-se uma quantidade expressiva de domicílios que, em 2015, tinham rendimento
mensal superior a 10 salários mínimos.
Allmaps
50° O
Allmaps
50° O
DA EDITORA DO BRASIL
RR Equador
RR
AP
AP 0°
Equador
0°
AM
AM PA MA CE
CE RN
PA MA
RN PB
PB PI
PI AC PE
AC PE AL
AL RO SE
TO
RO SE
TO BA
BA MT
MT
DF
DF GO
GO OCEANO
OCEANO MG ES ATLÂNTICO
MG ES ATLÂNTICO OCEANO MS
OCEANO MS PACÍFICO N
PACÍFICO N SP RJ
SP Trópico de Capricórnio
RJ
Trópico de Capricórnio
PR O L
PR O L Sudam
SC
SC Sudene S
S Sudeco RS
FNO
RS 0 390 780 km
FCO 0 390 780 km
Área comum à Sudam/Sudene
FNE Área comum à Sudam/Sudeco 1 : 39 000 000
1 : 39 000 000
Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Fundos Constitucionais Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Fundos de
de Financiamento. Disponível em: https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/ Desenvolvimento Regional. Disponível em: https://www.gov.br/mdr/pt-br/
fundos-regionais-e-incentivos-fiscais/fundos-constitucionais-de assuntos/fundos-regionais-e-incentivos-fiscais/fundos-de-desenvolvimento
-financiamento. Acesso em: 3 ago. 2020. -regional. Acesso em: 3 ago. 2020.
© Nani
Nani. A seca no Nordeste. Charge publicada em 2013.
UTOPIAS
A palavra “utopia” pode assumir muitos significados, dependendo do
contexto em que é usada. Etimologicamente, utopia vem do grego ou, que
significa “não”, e topos, que significa “lugar”. Essa palavra designa, dessa
maneira, um não lugar, isto é, um lugar inexistente ou imaginário.
A expressão foi utilizada pela primeira vez em 1516,
Akg-Images/Album/ Fotoarena
Gustave Doré. Representação de crianças pobres em uma rua de Londres, no Reino Unido, 1872. Gravura. A vida
das camadas mais pobres das grandes cidades industriais, no início do século XIX, era cercada de dificuldades
econômicas e sociais.
T ecelagem industrial em Bagatelle, 1884. Gravura (autor desconhecido). O socialismo cientificamente elaborado entende que a
ordem social de cada época é determinada pelas suas classes dominantes. No capitalismo, essa ordem seria determinada pelos
donos dos meios de produção.
Crítica à social-democracia
Leia a seguir um pequeno trecho do texto “Sobre o conceito de história”, de Walter Benjamin (1892-1940). Nele, o
autor faz uma crítica à social-democracia implementada na Europa, no século XX. Depois da leitura, responda às
questões propostas.
A teoria e mais ainda, a prática da social-democracia foram determinadas por um conceito dogmático de pro-
gresso sem qualquer vínculo com a realidade. Segundo os social-democratas, o progresso era, em primeiro lugar,
um progresso da humanidade em si, e não das suas capacidades e conhecimentos. Em segundo lugar, era um
processo sem limites, ideia correspondente à da perfectibilidade infinita do gênero humano. Em terceiro lugar,
era um processo essencialmente automático, percorrendo, irresistível, uma trajetória em flecha ou em espiral.
Cada um desses atributos é controvertido e poderia ser criticado. Mas, para ser rigorosa, a crítica precisa ir além
deles e concentrar-se no que lhes é comum. A ideia de um progresso da humanidade na história é inseparável
da ideia de sua marcha no interior de um tempo vazio e homogêneo. A crítica da ideia do progresso tem como
pressuposto a crítica da ideia dessa marcha.
BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito da história. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política:
ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet.
São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 229. (Obras escolhidas, v. 1).
Jolanta Wojcicka/Shutterstock.com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
A Suécia é um exemplo de país europeu em que a social-democracia foi implantada no século XX. Na foto, prédios históricos no
centro de Malmo, Suécia, 2019.
2. Em grupo, façam uma pesquisa em jornais, revistas ou sites disponíveis na internet sobre os seguintes conceitos:
• utopia;
• socialismo dos utopistas;
• socialismo marxista;
• social-democracia.
3. Escolham um dos conceitos estudados e apresentem para os colegas. Em seguida, façam um debate a respeito
dos temas estudados.
4. Após o debate, escolham de maneira consensual o conceito que melhor se adéqua ao modelo social atualmente.
Naumova Ekaterina/Shutterstock.com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
A Noruega é, hoje, um dos países europeus que se destacam pela aplicação do Estado de bem-estar social. Na foto, moradores de Oslo,
na Noruega, refrescam-se nos canais da cidade, em 2019.
© Alexandre Beck
Alexandre Beck. Armandinho, tirinha publicada em 2017.
2. Leia a seguir um trecho da entrevista que o filósofo Zygmunt Bauman (1925-2017) con-
cedeu à revista Cult, especializada em conteúdo de teor filosófico, e responda à questão.
Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação (ainda que
difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus
fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confian-
ça no potencial humano à altura da tarefa de reformar o mundo, a crença de que “nós, seres
humanos, podemos fazê-lo”, crença esta articulada com a racionalidade capaz de perceber o
que está errado com o mundo, saber o que precisa ser modificado, quais são os pontos proble-
máticos, e ter força e coragem para extirpá-los. Em suma, potencializar a força do mundo para
o atendimento das necessidades humanas existentes ou que possam vir a existir.
OLIVEIRA, Dennis de. Bauman: Para que a utopia renasça é preciso confiar no potencial humano.
Cult, 9 jan. 2017. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/entrevista-zygmunt-bauman/.
Acesso em: 5 jul. 2020.
•• Como a fala de Bauman se relaciona com o pensamento dos socialismos utópico e
científico, compreendidos como modelos sociais ideais? Justifique sua resposta.
3. Leia abaixo um trecho do texto escrito pelo filósofo Jürgen Habermas, defensor da social-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
-democracia, denominada por ele como Estado social. Em seguida, responda às perguntas.
DA EDITORA DO BRASIL
[...] As políticas do Estado social recebem sua legitimação das eleições gerais e encontram
suas bases sociais nos sindicatos autônomos e nos partidos de trabalhadores. Porém, o êxito do
projeto depende antes do poder e da capacidade de ação do aparelho estatal intervencionista.
Ele deve intervir no sistema econômico com o objetivo de proteger o crescimento capitalista,
minorar as crises e proteger simultaneamente a capacidade de competição internacional das
empresas e a oferta de trabalho. O lado substancial do projeto nutre-se dos restos da utopia de
uma sociedade do trabalho: como o status do trabalhador é normatizado pelo direito civil
de participação política e pelo direito de parceria social, a massa da população tem a oportuni-
dade de viver em liberdade, justiça social e crescente prosperidade. Presume-se, com isso, que
uma coexistência pacífica entre democracia e capitalismo pode ser assegurada através da in-
tervenção estatal.
HABERMAS, Jürgen. A nova intransparência: a crise do Estado de bem-estar social e o esgotamento das
energias utópicas. Tradução de Carlos Alberto Marques Novais. Novos Estudos, n. 18, set. 1987. p. 107.
Toda visão global da história constitui uma genealogia do presente. Sele- Genealogia: estudo das ligações
ciona e ordena os fatos do passado de forma que conduzam em sua sequência entre membros de uma família
através das gerações. Nas ciências
até dar conta da configuração do presente, quase sempre com o fim, conscien- humanas, o termo é utilizado para
te ou não, de justificá-la. Assim, o historiador nos mostra uma sucessão orde- designar o estudo da origem de
nada de acontecimentos que vão se encadeando até tornarem-se resultado fenômenos sociais.
“natural” da realidade social em que vive [...].
FONTANA, Josep. Historia: análisis del passado y el proyecto social. Barcelona:
Editorial Crítica, 1982. p. 9. Tradução nossa.
A História oral
Com o tempo, a oralidade foi incluída entre as fontes utilizadas pelos historiadores, ganhando métodos de coleta
e análise próprios. Aliada ao uso de outras fontes e documentos históricos, a História oral garante que importantes
evidências sobre grupos historicamente excluídos sejam preservadas. Assim, é possível que os pesquisadores ampliem
os conhecimentos a respeito da história de grupos de tradição oral, como os indígenas brasileiros e os diversos povos
africanos, reduzindo aos poucos as lacunas sobre parcela significativa da humanidade.
Terão os acontecimentos históricos a mesma significação para todos? Sua lição será a mesma
para todos? Assim, a batalha de Poitiers, apresentada como um acontecimento feliz na história
nacional francesa, não o é para a historiografia árabe.
FERRO, Marc. A história vigiada. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
Quais questões sobre a História podemos depreender dessa ponderação? Como vimos, a
narrativa da História está inserida no terreno das disputas políticas, sociais e culturais do
nosso tempo. Ao dominar essa narrativa, certos grupos impõem a sua versão sobre como os
fatos aconteceram a outros, em geral, menos poderosos ou privilegiados. Assim, a História é
usada como instrumento de manutenção de poder, pois é capaz de criar no imaginário das
pessoas uma noção do passado que corrobora com os interesses de grupos dominantes. As
relações de dominação do presente são projetadas para o passado de tal maneira a fazer
parecer que a História se desenvolveu de modo favorável e inevitável à situação de hoje.
Porém, a História não se resume às narrativas hegemônicas. Precisamos sempre tomar
cuidado com as “histórias únicas”, buscando observar nas entrelinhas e nos silêncios onde
estão os grupos menos favorecidos na disputa para a inserção na História, dando-lhes opor-
tunidade de ouvir o que eles têm a dizer. Tal como Marc Ferro fez ao considerar o lado dos
árabes na Batalha de Poitiers, conflito que envolveu muçulmanos e cristãos em 732, ano que
ficou conhecido como o momento em que a expansão do Islã foi contida na Europa medieval.
Manifestantes celebram o momento em que a estátua do traficante de escravos Edward Colston é jogada ao mar, em
Bristol, na Inglaterra, em junho de 2020. A cidade foi um dos principais centros de tráfico de escravizados do planeta
no século XVIII.
A redenção messiânica/revolucionária é uma tarefa que nos foi atribuída pelas gerações pas-
sadas. Não há um Messias enviado do céu: somos nós o Messias, cada geração possui uma par-
cela do poder messiânico e deve se esforçar para exercê-la.
LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio. Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”.
São Paulo: Boitempo, 2005. E-book.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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Alexis Orand/Gamma-Rapho/Getty Images
Outro mecanismo mais recente para participação popular são as consultas públicas nos
sites do poder público. No Senado Federal, por exemplo, os projetos que estão em trami-
tação na casa passam por votação popular na internet, orientando o posicionamento dos
senadores sobre os mais diversos assuntos postos em votação, embora ela seja somente
consultiva e não deliberativa (serve de orientação e não obriga os senadores a votar de
acordo com o levantamento do site).
Para o sociólogo Jacques Rancière (1940-), esse desprezo pela participação popular como
demonstração de “ódio à democracia” é tão antigo quanto a própria democracia.
Participar politicamente implica tomar parte, agir, em relação à distribuição de poder, o
que requer responsabilidade e aprendizado, pois as decisões atingem o conjunto da socie-
dade. Nesse sentido, a práxis é um termo importante para pensar a democracia. A palavra
deriva do grego e significa “ação”.
Como conceito filosófico, esse termo ganhou relevância nos séculos XVIII e XIX, e passou
a ser um princípio fundamental da formação política com os materialistas históricos. Para
eles, práxis é a articulação intrínseca entre teoria e prática.
Essa proliferação de interfaces socioestatais coloca novos desafios no campo da teoria demo-
crática, na medida em que, diferente de se constituírem em sistemas integrados que articulam
participação, deliberação e representação, são criadas e funcionam, em boa medida, de forma de-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sarticulada e obedecendo a propósitos e objetivos de acordo com os interesses e estratégias polí-
tico-governamentais e de acordo com os diferentes contextos, áreas de políticas públicas, e dinâ-
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micas institucionais. Diante disso, é compreensível o diagnóstico formulado por [Felipe] Hevia e
[Ernesto] Isunza Vera (2010) ao apontarem para deficit de participação em contextos de ampliação e
de pluralização das ofertas de espaços de interface socioestatal. [Archon] Fung (2015) também elen-
ca alguns problemas e desafios diante da proliferação de mecanismos participativos, em especial, a
inconstância dada por origens de caráter oportunista, gerando iniciativas, na sua maioria, não siste-
máticas, além da sua trivialidade, ou seja, da expansão de canais de participação com baixo poder de
influência sobre a agenda e os resultados das políticas públicas.
LÜCHMANN, Lígia Helena Hahn. Interfaces socioestatais e instituições participativas: dimensões analíticas. Lua Nova
- Revista de Cultura e Política, São Paulo, n. 109, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-013049/109.
Acesso em: 11 set. 2020.
Lüchmann afirma que é necessário analisar com cautela o potencial democrático de algumas
ferramentas. A democracia implica que a participação articule a representação e a delibe-
ração (tomada de decisão), porém muitas das iniciativas, em especial quando feitas pela
internet, se dão de forma não sistematizada e com baixo poder de influência sobre a agenda
pública. Um exemplo são as consultas públicas no site do Senado, que não definem a votação
final da lei em tramitação. De qualquer forma, pode-se dizer que essas ferramentas trazem
um novo cenário para pensar as instâncias participativas da população brasileira nas deci-
sões e ações políticas e sociais do Estado.
1. O voto no Brasil é obrigatório para quem tem mais de 18 anos e menos de 70 anos de
idade. Essa obrigatoriedade é objeto de grandes debates entre a população. Seus defen-
sores justificam que o voto obrigatório é uma forma de evitar que apenas algumas pessoas
votem em candidatos pré-selecionados e indicados por líderes políticos regionais, como
ocorria com o voto de cabresto. Por outro lado, os críticos do voto obrigatório argumentam
que não é democrático obrigar uma pessoa a votar e que o ato de votar deveria ser uma
escolha do cidadão.
Organizem um debate sobre esse tema. Vocês podem utilizar os seguintes passos:
•• Formem três grupos: o primeiro será a favor do voto obrigatório; o segundo, contra, e
o terceiro será o mediador, que analisará os argumentos e deliberará o vencedor.
•• Em seguida, elaborem uma lista dos argumentos que legitimem a defesa do ponto defen-
dido pelos grupos. Busquem verificar outros países que consideram o voto obrigatório
ou facultativo.
•• O grupo a favor do voto obrigatório e o grupo contra devem, em primeiro lugar, fazer uma
exposição inicial dos seus argumentos.
•• Depois, inicia-se a etapa de discussão, em que esses dois grupos vão questionar o posi-
cionamento um do outro, tentando impor seus argumentos.
•• Não se esqueçam de determinar um tempo limite para os argumentos e as respostas.
•• Por fim, cada grupo terá direito a uma conclusão.
•• Depois, cabe ao grupo moderador tomar sua decisão com base na discussão presenciada.
•• O grupo mediador deve levar em conta os argumentos de ambos os lados e indicar os
pontos que considerar mais relevantes. Cabe salientar que não é apenas a quantidade
de argumentos que define sua importância, mas também sua qualidade e sua funda-
mentação.
2. Crie uma lei de iniciativa popular com base em demandas sociais que você considera
importantes. Essa lei pode ser direcionada, por exemplo, à Câmara dos Deputados do
seu município. Para a elaboração dessa proposta, considere as questões a seguir.
a) Quais instituições você deve procurar para aumentar o número de apoiadores de sua
MATERIALleiDEdeDIVULGAÇÃO
iniciativa popular?
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b) Quais órgãos do Poder Executivo podem ser responsáveis pela implementação de
sua lei?
c) Elabore o final de sua proposta de lei.
Discuta com os colegas da sala as diferentes leis propostas. Elejam uma delas como a
mais relevante. Em seguida, façam um debate sobre sua pertinência e importância. Por
fim, proponham melhorias à lei sugeridas pela sala.
3. Em grupos, pesquisem sobre os conselhos municipais, por exemplo:
•• a estrutura dos conselhos gestores do município onde vivem;
•• os conselhos existentes;
•• como são eleitos seus representantes.
Em seguida, escolham um dos conselhos existentes para aprofundar a pesquisa e, se pos-
sível, entrevistem um dos conselheiros. Vocês podem analisar a composição do conselho,
suas atribuições, suas conquistas, se é ativo e se a população conhece e confia em sua
atuação. Por fim, elaborem um relatório com as informações levantadas e apontem a ne-
cessidade da criação de um novo conselho em alguma área que não tenha órgão institu-
cional de participação popular.
Alexandre Boero/Shutterstock.com
após a Segunda Guerra Mundial, quando potências e
outros países, buscando garantir o equilíbrio global, ali-
nharam-se em torno da criação de uma organização para
mediar interesses, arbitrar conflitos e reduzir tensões.
A Segunda Guerra Mundial deixou evidente o poten-
cial destrutivo da humanidade para consigo mesma e o
planeta, o que gerou preocupação e levou os países a
criar mecanismos e instituições responsáveis por evitar
que novos conflitos daquela dimensão ocorressem. Por
meio da mediação e do acompanhamento das relações
entre as nações, inaugurou-se uma nova etapa da glo-
balização com a criação de organismos supranacionais, Sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Nova York,
como a Organização das Nações Unidas (ONU). Estados Unidos, 2019.
A ONU na atualidade
A ONU é um dos exemplos mais conhecidos e atuantes de instituição supranacional atual-
mente. Organizada com o propósito de mediar diferentes interesses políticos, sociais e eco-
nômicos e, principalmente, garantir equilíbrio entre as forças mundiais, ela atua nos limites
da soberania entre os países. Porém, vale a pena levantar algumas questões sobre sua função:
A instituição permanece a mesma desde sua fundação? Qual é a sua relevância no presente?
Essa relevância foi mantida desde 1945 ou mudou com o tempo? As decisões e ações da
ONU têm impacto sobre a realidade dos países?
MATERIAL
As respostas DE DIVULGAÇÃO
para essas reflexões não são simples. A princípio, a criação da ONU estava
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diretamente vinculada DO BRASILmundial de evitar conflitos e violações aos direitos
à preocupação
humanos, como ocorrido nas Guerras Mundiais, e garantir a manutenção da paz. Apesar de
muitos conflitos não terem sido evitados pela ONU, a organização mantém uma atuação sig-
nificativa no mundo, zelando pela proteção dos direitos humanos.
Entre as atuações humanitárias da ONU, podemos destacar o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef, na sigla em inglês), o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre
HIV/Aids (Unaids, na sigla em inglês); e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refu-
giados (Acnur).
A Unicef, presente em 190 países e territórios, incluindo o Brasil, atua em defesa e
pela garantia dos direitos de crianças e adolescentes, sobretudo aqueles que estão em
situação de vulnerabilidade, articulando projetos voltados à educação, à alimentação, à
saúde etc. A Unaids é o programa da Nações Unidas engajado no combate, prevenção e
tratamento do HIV em todo o mundo, com forte presença em países da periferia do capi-
talismo, onde o avanço da doença é preocupante. A Acnur tem sido cada vez mais pre-
sente em um mundo marcado pelos deslocamentos de refugiados. A agência atua junto
a países de origem e destino, buscando formas para que os refugiados tenham seus
direitos reconhecidos, além de dignidade e uma forma saudável de viver, distante de
ameaças que possam colocar sua vida em risco.
ESTADOS
UNIDOS
Membros permanentes
REINO
UNIDO
América Latina e Caribe
FRANÇA
Europa Ocidental e outros
África
RÚSSIA
Fonte: ONU BRASIL.
Conselho de Segurança. Ásia
Disponível em: https:// CHINA
nacoesunidas.org/ Leste Europeu
conheca/como-funciona/
conselho-de-seguranca/.
Acesso em: 8 ago. 2020.
Estrutura do conselho de segurança da ONU.
Dos 15 assentos do conselho, cinco são ocupados por membros permanentes, que têm
direito a veto em relação às ações propostas. São eles: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido,
França e China. Esses países eram, ao fim da Segunda Guerra, importantes agentes na geopo-
lítica mundial e, por isso, fundamentais na manutenção da paz e do equilíbrio do poder mun-
dial. Os outros dez assentos são rotativos e divididos entre as regiões do mundo, conforme
mostra a ilustração. De acordo com informações do Ministérios das Relações Exteriores, o Brasil
esteve no Conselho de Segurança da ONU por dez vezes. O mandato dos membros não per-
manentes é de dois anos; a última vez que o país ocupou uma cadeira foi no biênio 2010-11.
Desde a fundação da ONU e do Conselho de Segurança, o Brasil requer uma cadeira perma-
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nente no conselho, porém, embora a pauta tenha sido discutida em diferentes momentos, não
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parece DO um
haver em BRASIL
futuro próximo alguma mudança desse porte na estrutura da organização.
Outras importantes insituições supranacionais são a Organização Mundial do Trabalho
(OIT), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), todas
vinculadas à ONU, além da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esses órgãos exercem
grande influência sobre os territórios em que atuam, atingindo a vida das populações de forma
direta ou indireta. No mundo global, essa influência pode chegar mesmo a países ou territó-
rios que não sejam membros efetivos da ONU.
O FMI, por exemplo, ao fornecer crédito a países em desenvolvimento, condiciona os
governos a cumprir determinadas medidas. A OMC, por sua vez, medeia negociações entre
países e regula determinadas características do comércio mundial, como questões relacio-
nadas a protecionismo e subsídios agrícolas.
A OMS foi fundada em 1948. Trata-se da agência da ONU que busca a cooperação inter-
nacional em questões ligadas à saúde. Assim como outras agências da ONU, a OMS tem como
função aconselhar, acompanhar e mediar relações e estratégias em saúde ao redor do mundo,
calcando essas orientações em dados científicos e extensamente validados, produzindo e
divulgando relatórios constantemente. A agência atua em parceria com os governos nacio-
nais, seus órgãos e outras instituições. No Brasil, historicamente, a organização conta com a
parceria da Fiocruz e do Ministério da Saúde.
David Cliff/NurPhoto/AFP
nômico atuando, efetivamente, como um Estado, sobre-
tudo pelas experiências recentes.
A UE, por exemplo, apesar de ser bem-sucedida em
alguns campos, apresenta uma série de contradições
internas que ameaçam a sua existência e unidade.
Recentemente, o Reino Unido solicitou sua saída do
bloco, no episódio conhecido como Brexit (uma abre-
viação para british exit, “saída britânica” na tradução
literal para o português).
Em outro contexto, na Grécia, uma das economias
mais frágeis da UE, parte da população demonstrou
desapontamento com algumas determinações do bloco,
como as condições impostas em troca do socorro finan-
ceiro prestado pelo bloco em decorrência da crise eco- Apoiadores do Brexit comemoram a saída do Reino Unido
nômica enfrentada pelo país. da União Europeia. Londres, Reino Unido, 2020.
Existem diferentes estágios no que diz respeito às possibilidades de integração nos blocos
econômicos. Em cada um deles, certas barreiras são eliminadas e acordos são firmados.
O acordo entre Estados Unidos, México e Canadá, por exemplo, configura-se como uma área
de livre-comércio; o Mercosul, por sua vez, representa uma união aduaneira. Desde o início do
século XXI, os blocos econômicos surgiram, em paralelo ao aprofundamento do processo de
globalização, como uma nova forma de organização possível e privilegiada nesse contexto. A
união das economias é concebida como uma possibilidade de fortalecimento e aumento do
poder, da competitividade e da influência política, econômica e militar no contexto mundial.
Contudo, na atualidade, o que se observa é certo enfraquecimento da integração entre
esses blocos, por motivos políticos ou econômicos. Na América do Sul, por exemplo, diver-
gências políticas entre os governos têm afastado, a cada dia, as possibilidades de uma inte-
gração mais efetiva. Além disso, ganha força também um discurso antiglobalização e de
fortalecimento de certos nacionalismos. O governo Trump, nos Estados Unidos, com sua pla-
taforma de campanha com base no America First (“América primeiro”, em tradução livre),
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ilustra essa orientação.
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Saul Loeb/AFP
Líderes dos três países da América do Norte assinam acordo durante cúpula do G-20 em Buenos Aires,
Argentina, 2018. Da esquerda para a direita: Enrique Peña Nieto; do México; Donald Trump, dos Estados Unidos;
e Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá.
Eitan Abramovicj/AFP
sua suspensão do bloco por motivos de “ruptura de
ordem democrática”, segundo o entendimento dos
membros atuais – Brasil, Argentina, Paraguai e Uru-
guai. Em 2017, os membros chegaram a aplicar a
cláusula democrática do Mercosul para a Venezuela,
que prevê sanções a países-membros que, de algum
modo, estejam passando por momentos de ameaça
à ordem democrática.
Em 2020, outro impasse envolveu a Argentina,
que havia sinalizado a não adoção das mesmas tarifas
Da esquerda para a direita, chanceleres Eladio Loizaga
(Paraguai), Aloysio Nunes (Brasil), Susana Malcorra que os demais membros para as futuras transações
(Argentina) e Rodolfo Nin Novoa (Uruguai) reunidos para comerciais com os países de fora do bloco, visando
entrevista coletiva em Buenos Aires, Argentina, 2017. proteger o setor industrial e manter empregos.
Faça uma pesquisa em livros, revistas ou na internet sobre a relação entre as insti-
tuições supranacionais e os governos nacionais. Procure identificar os limites e as
possibilidades de ação dessas instituições em relação aos Estados. Em seguida,
escolha uma instituição ou um organismo vinculado, para estudá-lo de modo mais
específico. De posse das informações, elabore um texto sobre os limites de ação da
MATERIAL
instituição escolhidaDE
emDIVULGAÇÃO
relação aos Estados que são membros ou que a acompanham.
Em data marcada, apresente seu texto e debata com os colegas as descobertas e as
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problemáticas envolvidas na relação pesquisada por você.
3. Aprovado pela população em 2016,
Robert Ariail © 2017 Robert Ariail/Dist. by Andrews
McMeel Syndication for UFS
OBJETIVOS
•• Elaborar um texto descritivo •• Realizar uma análise
•• Apresentar dados •• Participar de um debate qualificado sobre o tema
DESENVOLVIMENTO
1. Seguindo as orientações do professor, formem os grupos e determinem o país a ser
estudado.
2. Realizem a pesquisa na internet e em biblioteca(s), utilizando fontes confiáveis. A pesquisa
deverá ser composta das partes indicadas a seguir. É importante que todos os integrantes
do grupo participem de todas as etapas, pois elas se relacionam.
a) Um histórico da participação política das mulheres no país estudado, incluindo possí-
veis conflitos, principais desafios, papel de movimentos sociais, ações implementadas
para alcançar os índices atuais e descrição da conjuntura atual.
b) Posteriormente, discutiremos a relação entre a participação feminina na política e
outros indicadores de igualdade de gênero, como acesso aos estudos, disparidade
salarial ou violência doméstica, buscando perceber se há uma correspondência
entre os países que alcançam maiores índices de igualdade na política e em outros
âmbitos. Para isso, apresentem índices variados, com apoio de tabelas e gráficos.
c) Como o governo de lideranças femininas é representado pela mídia tradicional? A pes-
quisa deverá incluir dados referentes a essa temática e período, bem como uma análise
crítica, utilizando informações sobre o país estudado na argumentação.
Os resultados da pesquisa devem ser organizados em um texto contendo os seguintes itens:
a. Introdução
b. Objetivos
c. Metodologia
d. Resultados
i. Histórico – Texto
MATERIAL DEdescritivo,
DIVULGAÇÃO referente à etapa 2.a.
ii. Dados – Apresentação de indicadores sociais, referente à etapa 2.b.
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iii. Mídia – Texto analítico, referente à etapa 2.c.
e. Conclusão
f. Referências – Bibliografia consultada, seguindo as normas da ABNT.
CONCLUSÃO
Os trabalhos vão ser discutidos pelo professor em sala de aula, com base nas reflexões
trazidas pelos grupos, sugeridas abaixo:
•• Os países com alta participação feminina na política tiveram trajetórias parecidas?
•• Que fatores vocês identificam como importantes para alcançar essa representatividade?
•• Qual é o papel dos movimentos sociais nas conquistas políticas?
•• Outros índices referentes à igualdade de gênero também são melhores em países com
maior participação política feminina? Por quê?
•• Quais são os principais desafios para o Brasil alcançar maior participação feminina
na política?
•• Que estratégias vistas poderiam funcionar no Brasil?
•• Como podemos explicar o posicionamento da mídia tradicional diante de governos lide-
rados por mulheres?
Livro Livro
Liberalismo – entre civilização e barbárie, de Domenico 1988: Segredos da constituinte, de Luiz Maklouf Carvalho.
Losurdo. São Paulo: Anita Garibaldi, 2006. Rio de Janeiro: Record, 2017.
O autor italiano marxista expõe na obra suas críticas ao liberalismo, A obra do jornalista investigativo traz diversas entrevistas para
analisando fatos históricos, compara o colonialismo europeu entender como foi elaborada a Constituição Cidadã, marco da
ao hegemonismo estadunidense atual e aponta as desigual- redemocratização brasileira e Carta Magna do país até hoje.
dades raciais e de gênero e a exploração dos trabalhadores.
Site
Consulta Pública – eCidadania – Senado Federal. Disponí-
UNIDADE 2 – MINORIAS SOCIAIS vel em: https://www12.senado.leg.br/ecidadania/principal
E DEMANDAS HISTÓRICAS materia. Acesso em: 30 ago. 2020.
Página do site do Senado Federal em que são publicados todos
Filme os projetos de lei e demais proposições que tramitam no Senado
Branco sai preto fica, direção de Adirley Queirós. Brasil, 2015 para que a população possa opinar.
(95 min).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Filme que conta a história de dois homens negros vítimas de vio- UNIDADE 4 – CAMINHOS E DEBATES
lência policial que recebem o auxílio de um morador do futuro
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para recolherem provas para processar o Estado. PARA PENSAR O FUTURO
Livro Filmes
Sejamos todos feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie. Eleições, direção de Alice Riff. Brasil, 2018 (100 min).
São Paulo: Companhia das Letras, 2015. O filme conta a história de uma eleição para o grêmio estudantil
Neste livro, a escritora nigeriana apresenta de forma simples e de um escola, mostrando de que maneira esse tipo de organização
direta a importância da questão de gênero no mundo, apontando afeta o dia a dia dos estudantes, assim como os preparam para
os benefícios da igualdade pela qual luta o feminismo. agir em sociedade.
Tomorrowland - Um lugar onde nada é impossível, direção
Podcast
de Brad Bird. Estados Unidos, 2015 (130 min).
Humor reforçou políticas de branqueamento nos anos 1920.
Filme conta a história de uma garota que, por meio de um broche,
Disponível em: https://jornal.usp.br/podcast/humor-reforcou consegue se transportar para uma realidade paralela futurista que
-politicas-de-branqueamento-nos-anos-1920-no-rio-de possui diversas novas invenções que visam o bem da humanidade.
-janeiro/. Acesso em: 30 ago. 2020.
O podcast Novos Cientistas, divulgado pelo Jornal da USP, apre- Livro
senta uma entrevista realizada com a historiadora Maria Margarete O que é participação política?, de Dalmo de Abreu Dallari.
dos Santos Benedicto, cuja pesquisa de doutorado trata de como São Paulo: Brasiliense, 2004.
a ideologia do branqueamento influenciou as representações de O livro apresenta de forma simples a importância da partici-
afrodescendentes em materiais humorísticos do Rio de Janeiro pação política como instrumento de construção da sociedade
nos anos 1920. que queremos.
ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Ter- pedagógicas e currículos escolares em todas as instituições de ensino do
ra, 1995. Brasil.
O autor apresenta suas concepções de educação e argumenta que ela é o BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponí-
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Obra clássica em que o filósofo grego Aristóteles reflete sobre formas de O trabalho discute os conceitos de minoria no Brasil.
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CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo. Ática, 2000.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1991.
Neste livro, a filósofa comenta os principais movimentos filosóficos ocidentais.
Na obra, o importante filósofo discorre sobre virtude, hábito e prudência.
CHAVES, Luiz Gonzaga de Mendes. Minorias e seu estudo no Brasil. Dis-
BATISTA, Daiane Nogueira; SILVA, Lucas Wilame Almeida da; SIMAS, ponível em: http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/4487/1/1971_
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Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e histó- COURA, José Rodrigues. Tripanosomose, doença de Chagas. Ciência e
ria da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasilien- Cultura, v. 55, n. 1, São Paulo, 2003.
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Texto em que Walter Benjamin apresenta suas principais teorias sobre a desde seu surgimento até os dias atuais.
História.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
BERTUCCI, Jonas de Oliveira. Do socialismo utópico à economia soli-
dária. Disponível em: http://www.abphe.org.br/arquivos/jonas-de
Obra fundamental para entender as nuances das opressões.
DA EDITORA DO BRASIL
-oliveira-bertucci.pdf. Acesso em: 3 jul. 2020.
O artigo discute conceitos de economia solidária.
DIAS, Maria Clara. Os direitos sociais básicos: uma investigação filosó-
fica da questão dos direitos humanos. Porto Alegre: EDIOUCRS, 2004.
BIGAZZI, Anna Rosa. “In difesa de la razza” – Os judeus italianos refu- O livro apresenta uma defesa dos direitos sociais básicos enquanto direitos
giados do fascismo e o antissemitismo do governo Vargas – 1938-1945. humanos.
Tese de doutorado. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses ENGELS, Friedrich. Do socialismo utópico ao socialismo científico. São
/disponiveis/8/8152/tde-27112009-103229/publico/PARTE1_PG1_ Paulo: Edipro, 2017.
ATE_PG184.pdf. Acesso em: 23 jun. 2020. Livro fundamental por desenvolver o socialismo científico, criando as bases
O estudo analisa a imigração italiana e as influências de políticas fascistas teóricas do socialismo e do comunismo.
no Brasil.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. sileira, 1968.
Obra com os principais artigos do autor relacionados à temática dos direitos No livro, o autor faz uma análise das violências que instauraram o mundo
humanos no contexto da democracia e da paz. colonial.
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco (org.). FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes.
Dicionário de política. Brasília: Editora UnB, 1998. São Paulo: Globo, 2008.
O livro faz uma interpretação sintética e abrangente dos principais conceitos No livro, Fernandes analisa o papel ocupado pelos negros no mercado de
políticos. trabalho e na sociedade brasileira após a abolição e durante o processo
BORGES, Vavy Pacheco. O populismo e sua história: debate e crítica. de industrialização.
Revista Brasileira de História, v. 22, n. 43, São Paulo, 2002. FERNANDES, Florestan. Que tipo de República? São Paulo: Globo, 2007.
Coletânea com artigos que questionam os conceitos e as interpretações do Coletânea de artigos publicados em jornal pelo autor.
populismo.
FERRI, Gil Karlos. Os impactos ecológicos da construção de Brasília.
BOTTOMORE, Tom; OUTHWAITE, William. Dicionário do pensamento Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/impactos-ecologicos
social do século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. -brasilia/. Acesso em: 15 jun. 2020.
Com cerca de quinhentos verbetes, o dicionário examina temas fundamen- Artigo que discute os impactos ecológicos proporcionados pela construção
tais do pensamento social. de Brasília.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Na- FERRO, Marc. A história vigiada. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
cional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. O autor analisa a dificuldade que os historiadores têm para escapar à pres-
Documento de referência obrigatória para a formulação de propostas são dos preconceitos, das ideologias ou das vaidades nacionais.
Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 157
FILHO, H. S. A Era Vargas: desenvolvimentismo, economia e sociedade. LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Martins Fontes,
Economia e Sociedade, v. 22, n. 3 (49), Campinas, 2013. 1998.
O livro reúne ensaios que retratam o contexto e o significado histórico do Obra clássica da Filosofia política em que se teoriza que o funcionamento
projeto varguista. da sociedade é baseado no direito natural e no estabelecimento de um
contrato social.
FONTANA, Josep. Historia: análisis del passado y el proyecto social.
Barcelona: Editorial Crítica, 1982. LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio. São Paulo: Boitem-
No livro, o autor faz uma denúncia em relação à historiografia descompro- po, 2005.
metida com as lutas sociais. Análise de texto de Walter Benjamin e suas teses sobre o conceito de história.
FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da jus- LUCHMANN, Lígia Helena Hahn. Interfaces socioestatais e instituições
tiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de Campo, n. 14/15, São Pau- participativas: dimensões analíticas. Lua Nova, n. 109, São Paulo, 2020.
lo, 2006. O artigo discute interfaces socioestatais e de instituições participativas.
Reflexão sobre os modelos de lutas sociais contemporâneas em relação aos MACEDO, SILVA Ana Vera Lopes da. Pontos e contrapontos para a com-
movimentos identitários. preensão de uma história do Brasil. São Paulo: USP, 1997.
GALVÃO, Andréia. Marxismo e movimentos sociais. Disponível em: https: O livro traz discussões sobre comunidades indígenas e a história do Brasil.
//www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo235 MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio.
artigo5.pdf. Acesso em: 22 jun. 2020. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
O artigo analisa os efeitos da teoria marxista nos movimentos sociais Obra fundamental para compreender a história da política.
brasileiros.
MARCUSE, Herbert. O fim da utopia. São Paulo: Paz e Terra, 1969.
GARFIELD, Seth. As raízes de uma planta que hoje é o Brasil: os índios
Traz uma análise crítica do que aconteceu com as correntes liberais e de
e o Estado-Nação na era Vargas. Rev. bras. Hist., v. 20, n. 39, São Pau- esquerda com a morte dos ideais utópicos que orientavam essas tendências
lo, 2000. políticas.
Esse trabalho analisa as construções culturais no período do Estado Novo
relativas aos movimentos indígenas. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2013.
GOMES, Flávio dos Santos. Quilombos/Remanescentes de quilombos.
In: SCHWARCZ, Lilia Moritz; GOMES, Flávio dos Santos. Dicionário da Manifesto político que apresenta os principais pontos do programa da Liga
escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. E-book. dos Comunistas.
Artigo sobre a questão dos quilombos presente em uma coletânea de MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. Utopias, distopias e o jogo da
50 textos que trazem pesquisas recentes sobre o sistema escravocrata criação de mundos. Revista UFMG, v. 24, n. 1 e 2, Belo Horizonte, 2017.
brasileiro. O artigo traz uma reflexão sobre a função política da utopia no mundo
GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Depois da democracia racial. contemporâneo.
Tempo Social, v. 18, n. 2, São Paulo, 2006. MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: N-1 Edições, 2018.
O trabalho faz uma discussão sobre a ideia de democracia racial e seus A obra trata da evolução do pensamento racial na Europa, denunciando
possíveis desdobramentos. modelos de submissão, depredação e exploração.
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. MONTESQUIEU, Charles. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. Obra em que o autor elabora conceitos sobre formas de governo que, até
Neste livro, o autor faz uma aproximação das reflexões sobre o Direito e o hoje, são utilizados na Ciência Política.
Estado Democrático.
MORE, Thomas. Utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
HABERMAS, Jürgen. A nova transparência: a crise do Estado de bem- Obra necessária para a compreensão do pensamento político ocidental.
-estar social e o esgotamento das energias utópicas. Novos Estudos,
n. 18, set. 1987. NEGRO, Antonio Luigi. Paternalismo, populismo e história social. Cader-
no AEL, v. 11, n. 20/21, 2004.
O autor faz uma aproximação temática dos movimentos sociais com a
psicanálise. MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Uma reflexão sobre as consequências de políticas populistas e paternalistas
para a história social do Brasil.
HABERMAS, Jürgen. Entre naturalismo e religião: estudos filosóficos.
DA EDITORA DO BRASIL
Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2007. NETTO, José Paulo. O que é marxismo. São Paulo: Brasiliense, 2006.
O livro apresenta os principais conceitos do pensamento marxista.
O autor faz um estudo filosófico sobre os pensamentos naturalistas e
religiosos. NETTO, José Paulo. O que é stalinismo. São Paulo: Brasiliense, 1981.
HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 2002. Neste livro, o autor apresenta os principais conceitos do stalinismo.
Nessa obra, Hobbes elabora uma filosofia moral e política cujo propósito ORWELL, George. O que é fascismo? E outros ensaios. São Paulo: Com-
principal é evitar a guerra. panhia das Letras, 2017.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Com- Livro que traz discussões sobre fascismo, socialismo e Guerra Fria.
panhia das Letras, 2005. PLATÃO. A República. São Paulo: Perspectiva, 2010.
Obra que debate os principais acontecimentos políticos, econômicos, sociais Aborda diversos temas como: política, educação, imortalidade da alma e
e culturais do século XX. justiça.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia RAMOS, Flamarion Caldeira; MELO, Rúrion; FRATESCHI, Yara (coord.).
das Letras, 1996. Manual de Filosofia Política: para os cursos de teoria do estado e Ciên-
Obra clássica de uma interpretação do processo de formação da sociedade cia Política, Filosofia e Ciências Sociais. São Paulo: Saraiva, 2015.
brasileira. Apresenta as ideias fundamentais da Filosofia política, da Antiguidade até
IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. a contemporaneidade.
Reúne dados e artigos que demonstram o processo de construção étnica do RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? São Paulo: Pólen, 2019.
Brasil. Obra que trata do conceito de lugar de fala dentro do debate teórico
INSTITUTO Socioambiental. Pankaruru. Disponível em: https://pib. interseccional.
socioambiental.org/pt/Povo:Pankararu. Acesso em: 9 set. 2020. RIBEIRO, Renato Janine. Democracia versus república. A questão do
Artigo com informações sobre o povo indígena Pankararu. desejo nas lutas sociais. In: BIGNOTTO, Newton (org.). Pensar a Repú-
blica. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia.
Rio de Janeiro: Zahar, 1990. Investigação da questão do desejo nos movimentos sociais.
Dicionário que apresenta termos técnicos da Filosofia de maneira sucinta e ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. São Paulo: L&PM, 2017.
acessível. Nesta obra, Rousseau expõe a sua noção de contrato social.
LEFORT, Claude. A invenção democrática. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. SALLES, A. O. T.; FERREIRA, M. B. M. Política ambiental brasileira: aná-
Claude Lefort comenta a democracia entre o Antigo Regime e o Estado lise histórico-institucionalista das principais abordagens estratégicas.
totalitário. Revista de Economia, v. 43, n. 2 (ano 40), 2016.
Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 159
INCRA. Passo a passo da titulação de território de quilombola. Dispo- Federal do Rio de Janeiro, 1993. Disponível em: https://biblioteca.ibge.
nível em: http://www.incra.gov.br/pt/passo_a_passo_quilombolas. Aces- gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/ColecaoMemo
so em: 25 jul. 2020. riaInstitucional/04-A%20Criacao%20do%20IBGE.pdf. Acesso em:
Material de divulgação do Incra que resume os passos para a titularização 3 set. 2020.
de terras quilombolas.
A tese do geógrafo Eli Alves Penha apresenta o histórico de fundação do
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Belo Monte pode deixar comunidades, IBGE.
animais e plantas do Xingu sem água para sobreviver. Disponível em:
https://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-xingu/belo- PRADO, Ney. A Constituição de 1988 na visão de Roberto Campos. Jus-
monte-pode-deixar-comunidades-animais-e-plantas-do-xingu-sem tiça e cidadania, 24 jan. 2018. Disponível em: http://www.editorajc.com.
-agua-para-sobreviver. Acesso em: 26 jul. 2020. br/constituicao-de-1988-na-visao-de-roberto-campos/. Acesso em:
O artigo comenta os contínuos prejuízos da hidrelétrica de Belo Monte para 30 jul. 2020.
o equilíbrio socioambiental da região. Artigo de opinião que reflete sobre os significados da Constituição de 1988.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Índios e o meio ambiente. Disponível RÁDIO Yandê. Comunicação e etnomídia indígena. Disponível em:
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Acesso em: 25 jul. 2020.
Artigo que comenta a relação dos povos indígenas com a preservação do Site com informações sobre a primeira rádio indígena brasileira.
meio ambiente. REED, Sarita; FONTANA, Vinícius. A democracia brasileira está em cri-
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Terras indígenas no Brasil. Disponível se? DW Brasil, 15 set. 2017. Disponível em: www.dw.com/pt-br/a
em: https://terrasindigenas.org.br/.Acesso em: 25 jul. 2020. -democracia-brasileira-est%C3%A1-em-crise/a-40521729. Acesso
Site que apresenta compilação de dados sobre terras indígenas do país. em: 24 jul. 2020.
JUNIOR, Nilo Luiz; MATION, Lucas Ferreira; SAKOWSKI, Patrícia Ales- Reportagem que comenta estudos divulgados sobre o envolvimento da popu-
sandra Morita; MATION, Lucas Ferreira. Impacto do desmatamento so- lação brasileira com seu sistema político.
bre a incidência de doenças na Amazônia. Ipea, 2015. Disponível em: REZENDE, Rodrigo. Doutores da agonia: por dentro da ciência nazista.
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br/ciencia/doutores-da-agonia/. Acesso em: 28 jul. 2020.
Relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre o
impacto do desmatamento no desenvolvimento de doenças na região Reportagem que trata da atuação de médicos e cientistas nazistas durante
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MACHADO, Leandro. Greve dos entregadores: o que querem os profis- ROCHA, Carmen Lúcia Antunes. Ação afirmativa: o conteúdo democrá-
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Acesso em: 5 jul. 2020. sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 23 jun. 2020.
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-mudou-na-primeira-decada-do-seculo-21/. Acesso em: 27 jul. 2020. handle/id/117593/1986_NOVEMBRO_017.pdf?sequence=3&is
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SCRUTON, Roger. Representação e o povo – sobre a relação entre o go-
verno e os governados. O Estado de São Paulo, 10 fev. 2019. Disponível
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DA EDITORA DO BRASIL
Entrevista com o economista Paulo Nogueira Batista Jr..
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NASCIMENTO, Abdias do. Trecho da tese apresentada no II Festival de Reportagem que comenta a tese publicada pelo pesquisador Roger Scruton
Artes e Culturas Negras e Africanas, em 1977. In: Democracia racial: sobre populismo.
mito ou realidade? Geledés. 20 abr. 2009. Disponível em: https://gele
des.org.br/democracia-racial-mito-ou-realidade/. Acesso em: 6 ago. SOUSA SÁ, Sérvula Isadora; SANTOS, Maria Laura Lopes Nunes. A sub-
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Trecho da tese de Abdias do Nascimento, em que ele argumenta que a eco- Jurídico. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direi-
nomia brasileira se estruturou com a escravidão da população negra. to-eleitoral/a-sub-representatividade-feminina-na-politica-e-a
OLIVEIRA, Dennis de. Bauman: Para que a utopia renasça é preciso -lei-de-cotas/. Acesso em: 3 set. 2020.
confiar no potencial humano. Cult, 9 jan. 2017. Disponível em: https:// O artigo procura estabelecer a efetividade das leis de cotas para a partici-
revistacult.uol.com.br/home/entrevista-zygmunt-bauman/. Acesso em: pação feminina na política brasileira.
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Entrevista concedida à revista Cult, pelo renomado sociólogo Zygmunt Bau- TERRA. O que afasta os indígenas da política? Disponível em: https://
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-politica,97fb9231d216f66192e6ed8b27998dfehdq1fxz5.html. Aces-
ONU. Índio, nome dado pelos europeus, não representa nossa
diversidade, diz historiador Edson Kayapó. Disponível em: https:// so em: 19 ago. 2020.
nacoesunidas.org/indio-nome-dado-pelos-europeus-nao-representa Notícia comenta a candidatura de Sônia Guajajara e reflete sobre a subre-
-nossa-diversidade-historiador-edson-kayapo/. Acesso em: 26 jul. 2020. presentatividade de indígenas na política nacional.
O historiador Edson Kayapó comenta sobre o trabalho de alguns indígenas THÉRY, Hervé; MELLO-THÉRY, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: dispa-
ativistas e fala do processo de apagamento cultural sofrido pelos grupos
indígenas. ridades e dinâmicas do território. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2018.
O atlas é composto de textos e imagens que retratam as desigualdades
ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos sociais brasileiras.
Humanos. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads
/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 29 jun. 2020. ŽIŽEK, Slavoj. A atualidade de Marx. Disponível em: https://blogda
Texto comentando os principais marcos históricos que a Declaração de Direi- boitempo.com.br/2018/05/04/zizek-a-atualidade-de-marx/. Acesso
tos Humanos inspirou ao redor do mundo. em: 23 jun. 2020.
PENHA, Eli Alves. A criação do IBGE no contexto de centralização polí- O artigo do psicanalista esloveno Žižek analisa a pertinência do pensamento
tica do Estado Novo. Tese de mestrado em Geografia. Universidade marxista quanto ao capitalismo contemporâneo.
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
Leandro Gomes
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professor e coordenador em cursinhos populares e assessor pedagógico
especialista.
Priscila Manfrinati
Mestra em Ciências, área de concentração Humanidades, Direitos e Outras
Legitimidades, pela Universidade de São Paulo (USP).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professora de História em cursos pré-vestibulares.
DA EDITORA DO BRASIL
Sabina Maura Silva
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mestra e licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação
em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (Cefet-MG).
1a edição
São Paulo, 2020
Apresentação
Caro professor,
II
Sumário
III
INTRODUÇÃO
O Novo Ensino Médio, cujas alterações à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) foram
propostas pela Lei no 13.415/2017,1 prevê uma ampliação do tempo mínimo do estudante na escola e
uma reorganização curricular atrelada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O foco principal das
mudanças está na maior flexibilidade curricular, expressa pela possibilidade de construção de itinerá-
rios formativos baseados em áreas de conhecimento e pelo destaque à formação técnica e profissional
do estudante.
Um dos aspectos mais significativos no que se refere ao Novo Ensino Médio consiste nas grandes
frentes que essa proposta contempla: o desenvolvimento do protagonismo dos estudantes e de seu
projeto de vida, a valorização da aprendizagem e a garantia de direitos de aprendizagem comuns, com a
definição das competências indispensáveis que devem ser desenvolvidas e alcançadas por todos os jovens.
Essas competências são descritas em detalhes no documento da BNCC.2
É importante ressaltar que, desde a Constituição Federal de 1988, se tem dispensado bastante aten-
ção ao Ensino Médio. Assim, o direito ao acesso e à permanência na escola se alia a uma preocupação
com a promoção da formação humanística e para o trabalho.
A tarefa delegada ao Ensino Médio é ampla e complexa e precisa ser pensada em relação aos marcos
teóricos e procedimentos que possibilitem a consecução dos objetivos assumidos perante a sociedade.
Entendendo que a renovação estrutural era fundamental para a execução dessa tarefa, o Plano Nacional
de Educação,3 de 2014, propôs a flexibilização curricular e a abordagem interdisciplinar como bases desse
Novo Ensino Médio, que começou a se desenhar e se concretizou com a LDB de 2017 e as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio de 2018.4
Esta coleção foi concebida e construída para ajudá-lo a realizar, de forma consistente e segura, a pro-
posta do Novo Ensino Médio. Os livros são autocontidos. Isso significa que você pode usá-los da maneira
que preferir e de acordo com os interesses dos estudantes. A abordagem tem aspectos interdisciplinares,
o que agrega flexibilidade ao currículo e aos conteúdos, além de facilitar a construção dos conhecimentos
de modo mais significativo graças à integração dos componentes curriculares no contexto da área de
conhecimento de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Ao longo deste material, você encontra sugestões
e orientações para o desenvolvimento de seu trabalho junto aos estudantes, assim como discussões que
podem auxiliá-lo a refletir sobre suas práticas.
Este Manual do Professor está dividido em duas partes: uma de caráter geral, em que se sintetizam os
pressupostos metodológicos nos quais nosso material se baseia, e uma específica, na qual são oferecidas
orientações e sugestões de como abordar os temas propostos em todas as unidades, além de sugestões
de atividades complementares, a fim de proporcionar um aproveitamento mais efetivo do material didá-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tico e o enriquecimento de sua prática diária.
DA EDITORA DO BRASIL
AS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
NO ENSINO MÉDIO
A área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, composta da integração entre Filosofia, História,
Sociologia e Geografia, no Novo Ensino Médio segue a tônica das diretrizes gerais: flexibilidade curricular,
abordagem interdisciplinar e promoção do protagonismo juvenil.
A área pretende aprofundar e ampliar aprendizagens desenvolvidas no Ensino Fundamental e tem o
objetivo de capacitar os estudantes para que consigam estabelecer diálogos e relações entre saberes,
culturas, indivíduos e grupos sociais. Para isso, baseia-se nas maiores habilidades de observação e abs-
tração de estudantes desse segmento, assim como no mais amplo domínio de diferentes linguagens e de
processos de simbolização.
1 BRASIL. Presidência da República. Secretaria Geral. Lei no 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 16 ago. 2020.
2 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base.
Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. p. 9-10.
3 BRASIL. Plano Nacional de Educação. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543
-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 16 ago. 2020.
4 BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/
downloads/pdf/dcnem.pdf. Acesso em: 16 ago. 2020.
IV
Os estudantes precisam ter acesso a uma base de conhecimentos contextualizados com o intuito de
se tornarem capazes de realizar reflexões e análises críticas, de se posicionar, de propor intervenções
responsáveis, que sejam alicerçadas na ética e observem o respeito aos direitos humanos, assumindo
uma postura criativa, engajada e protagonista. Além disso, é fundamental que desenvolvam as habilida-
des de elaborar argumentos e apresentar propostas alternativas sempre que necessário. Assim, poderão
propor soluções de problemas intrínsecos à realidade, apoiados em conhecimentos científicos, com a
utilização contextualizada, criteriosa e crítica das tecnologias.
Para assegurar a conquista da formação integral dos estudantes, o Novo Ensino Médio e a BNCC pro-
põem a problematização de algumas categorias da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Tempo
e espaço; Territórios e Fronteiras; Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura e Ética; Política e Trabalho.
Essas categorias favorecem a compreensão de diferentes processos e conceitos associados à realidade
brasileira e mundial. A discussão dos processos, conceitos e conteúdos precisa considerar os compro-
missos éticos, sociais, econômicos e ambientais que a educação e a escola têm não apenas em relação
aos indivíduos, mas também à sociedade como um todo.
Nesse contexto, a presente coleção oferece possibilidades de ensino e aprendizagem em confor-
midade com esses pressupostos. Os livros e as unidades estão organizados com o propósito de
contemplar os grandes temas indicados pela BNCC por meio de uma perspectiva interdisciplinar e,
com base nas situações propostas, desencadear a pesquisa e a discussão de temas contemporâneos,
os quais incentivam e desafiam os estudantes a responder às situações de forma crítica e consistente.
As demandas pelo protagonismo juvenil são atendidas não apenas pelos conteúdos propostos, mas,
sobretudo, por atividades diversificadas, a fim de que todas as competências e habilidades almejadas
sejam desenvolvidas.
V
A BNCC
A BNCC tem como marco fundamental a defesa dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento de
todos os estudantes brasileiros ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. De caráter nor-
mativo, ela propõe um conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens consideradas essenciais para
que os objetivos que defende sejam atingidos. Orienta-se ainda por princípios éticos, políticos e estéticos
cuja finalidade é a formação integral do ser humano. Assim, busca promover a construção de uma socie-
dade justa, democrática e inclusiva.
Há um alinhamento entre as ações e políticas nos âmbitos federal, estadual e municipal, com o obje-
tivo de atingir a meta proposta pela BNCC, para superar a fragmentação das políticas educacionais e
melhorar a qualidade da educação em nosso país. Desse modo, o documento entende que deve haver
um patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes e apresenta-se, assim, como um instrumento
fundamental para o alcance desse objetivo.
Em sua estrutura básica, a BNCC define que a Educação Básica, ao longo de seu percurso, deve asse-
gurar o desenvolvimento de dez competências gerais. Entende-se por competência a capacidade de
mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para oferecer soluções a problemas da vida
cotidiana, exercer plenamente a cidadania e atuar no mundo do trabalho. Destaque-se aqui que o docu-
mento, ao pensar nas competências, se alinha à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)5,
ao compreender a educação como meio e ferramenta para a afirmação de valores e atitudes capazes de
contribuir para a transformação da sociedade, de tal sorte que ela seja mais humana, justa e comprome-
tida com a sustentabilidade. As dez competências gerais, propostas pela BNCC, que a Educação Básica
deve desenvolver para formar cidadãos plenos são:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital
para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade jus-
ta, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refle-
xão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de
práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e parti-
lhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
DA EDITORA DO BRASIL
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da ci-
dadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pon-
tos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental
e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado
de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana
e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, toman-
do decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base.
Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. p. 9-10.
5 ONU. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://nacoesunidas.
org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 16 ago. 2020.
VI
A BNCC também define competências específicas para as áreas de conhecimento, as quais são vincu-
ladas às competências gerais da Educação Básica, e habilidades que ampliam e sistematizam as apren-
dizagens a serem desenvolvidas ao longo do Ensino Médio. O objetivo aqui consiste em contemplar os
conteúdos conceituais de cada área, contextualizando-os social, cultural, ambiental e historicamente e
familiarizando os estudantes com os processos e as práticas de investigação e análise das Ciências
Humanas, assim como problematizar e tematizar categorias fundamentais da área (Tempo e Espaço;
Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura e Ética; Territórios e Fronteiras; e Política e Trabalho) para a for-
mação do estudante de Ensino Médio.6
Cada competência se relaciona a um conjunto de habilidades específicas. A competência mobiliza conhe-
cimentos e conceitos (o “saber”), e a habilidade indica as práticas (o “saber fazer”), sejam elas socioemocio-
nais ou cognitivas. Portanto, para atingir uma competência, é necessário que todas as suas habilidades
correlacionadas sejam desenvolvidas.
As competências específicas e as habilidades a serem desenvolvidas em Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas no Ensino Médio são explicitadas na sequência.
Competência específica 1
Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional,
nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos,
científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, con-
siderando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
(EM13CHS101)
Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com
vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS102)
Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais,
ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, coo-
perativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as
a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS103)
Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, eco-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e infor-
mações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos
DA EDITORA DO BRASIL
históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
(EM13CHS104)
Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores,
crenças e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas
no tempo e no espaço.
(EM13CHS105)
Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre
outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção,
material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
(EM13CHS106)
Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais, incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimen-
tos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p. 562.
VII
Competência específica 2
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreen-
são das relações de poder que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.
(EM13CHS201)
Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos conti-
nentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de
eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicio-
nar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
(EM13CHS202)
Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e
sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de
valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais,
econômicas e culturais.
(EM13CHS203)
Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferentes
sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/seden-
tarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras).
(EM13CHS204)
Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialidades
e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Esta-
dos Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos),
a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
(EM13CHS205)
Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, ambien-
tais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
(EM13CHS206)
Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de
localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem
para o raciocínio geográfico.
Competência
MATERIAL específica 3
DE DIVULGAÇÃO
Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza
DA EDITORA DO BRASIL
(produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à propo-
sição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional, nacional e global.
(EM13CHS301)
Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte de
resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioe-
conômicas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambien-
tal, o combate à poluição sistêmica e o consumo responsável.
(EM13CHS302)
Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à
exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de análise,
considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comu-
nidades tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
(EM13CHS303)
Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo,
seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas
pelo consumo e à adoção de hábitos sustentáveis.
VIII
(EM13CHS304)
Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de
empresas e de indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e promo-
vendo aquelas que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.
(EM13CHS305)
Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de regula-
ção, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas
ambientais sustentáveis.
(EM13CHS306)
Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos
recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a
adoção dos sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros).
Competência específica 4
Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas,
discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.
(EM13CHS401)
Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas
distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de tra-
balho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
(EM13CHS402)
Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e
tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
(EM13CHS403)
Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho
próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da
opressão e da violação dos Direitos Humanos.
(EM13CHS404)
Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos his-
tóricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em considera-
ção, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.
MATERIAL
Competência DE DIVULGAÇÃO
específica 5
DA EDITORA DO BRASIL
Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios
éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
(EM13CHS501)
Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando processos
que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia,
o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
(EM13CHS502)
Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e proble-
matizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que
promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503)
Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas
causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e
avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
(EM13CHS504)
Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, histó-
ricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos
valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.
IX
Competência específica 6
Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.
(EM13CHS601)
Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos indígenas
e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a
história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econô-
mica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.
(EM13CHS602)
Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política, na
sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionan-
do-os com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade,
do diálogo e da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual.
(EM13CHS603)
Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercí-
cio da cidadania, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de
governo, soberania etc.).
(EM13CHS604)
Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de uma
visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos
e negativos dessa atuação para as populações locais.
(EM13CHS605)
Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade
e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas socieda-
des contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos
em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
(EM13CHS606)
Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de docu-
mentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de
seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
DA EDITORA DO BRASIL
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a
base. Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. p. 570-579.
O trabalho com o desenvolvimento das habilidades viabiliza uma abordagem multidisciplinar entre as
áreas do conhecimento, bem como relaciona eventos sociais, históricos, filosóficos e geográficos a situa-
ções cotidianas do estudante, conferindo aplicação prática e reflexiva dos aprendizados mobilizados.
Por isso, o desenvolvimento das competências específicas e das habilidades das Ciências Humanas e
Sociais não se faz apenas pela exemplificação, mas também pelo enfrentamento de situações-problema
para as quais os estudantes sejam desafiados a encontrar soluções. Nesse sentido, merece destaque o
caráter investigativo dessa área de conhecimento.
Abordamos, até o momento, os pressupostos básicos da BNCC. A seguir, apresentamos a estrutura de
nossa coleção, construída para auxiliá-lo a atingir os objetivos propostos pela BNCC com atividades,
textos e práticas que destacam as competências e as habilidades que seu trabalho junto aos estudantes
pode desenvolver.
X
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA OBRA
Tendo em vista as discussões, as metodologias e os conteúdos propostos pela reestruturação do
Ensino Médio e a homologação da Base Nacional Comum Curricular, esta obra de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas tem o objetivo de assegurar a valorização de princípios éticos essenciais para o con-
vívio social republicano e a ação cidadã, mobilizando temas contemporâneos transversais que se
relacionem com o cotidiano e o projeto de vida do estudante, preparando-o para o mundo do trabalho
e para ser agente em uma sociedade tecnológica em constante transformação.
Para isso, a obra se organiza em seis livros. Cada um deles tem o objetivo de problematizar uma das
categorias das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas mencionadas pela BNCC e de trabalhar, sobretudo,
com uma das seis competências específicas da área e suas habilidades.
Prezando a autonomia dos professores e dos jovens em sala de aula, os livros não foram idealizados
em uma ordem de progressão específica, podendo ser trabalhados de forma independente e na ordem
que considerarem mais adequada à realidade escolar e aos interesses e às aspirações dos estudantes.
Organização geral
Cada livro da obra apresenta quatro unidades, tendo como fio condutor a problematização das cate-
gorias de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da BNCC. Desse modo, a coleção está assim organizada:
QUADRO DE CONTEÚDOS
XI
Unidade 1: Formação dos Objetivo Competências gerais
Estados e fronteiras Possibilitar a compreensão de como se dá o processo de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
formação dos Estados e fronteiras por meio da análise Competência específica e
de alguns exemplos em diferentes momentos históricos, habilidades
avaliando criticamente o papel que as principais nações 2: EM13CHS203; EM13CHS204;
exercem no cenário geopolítico. EM13CHS206
Justificativa
A proposta possibilita a compreensão de conceitos como
fronteiras e territórios por meio do trabalho com diversas
linguagens, como texto, fotografias, gráficos e obras de
arte, e amplia a capacidade do estudante de se colocar
criticamente no mundo.
XII
Unidade 4: Desafios e Objetivo Competências gerais
perspectivas para um Analisar o papel de diferentes atores sociais, como o 1, 2, 7, 9 e 10
futuro sustentável Estado, a sociedade civil e a iniciativa privada, na Competência específica e
preservação e conservação ambiental. habilidades
Justificativa 3: EM13CHS304; EM13CHS305
A proposta permite que o estudante desenvolva os
conhecimentos e os mecanismos para agir no
ambiente, tendo em vista a conservação e a
preservação dos recursos naturais para seu próprio
usufruto e o de gerações futuras.
XIII
Unidade 4: Brasil: Objetivo Competências gerais
contradições na promoção Analisar o conceito de justiça, sobretudo em relação à 1, 2, 4, 6, 7, 8, 9 e 10
da justiça realidade brasileira. Competência específica e habilidade
Justificativa 5: EM13CHS502
A proposta permite que situações do cotidiano sejam
analisadas de forma crítica, desnaturalizando
preconceitos e formas de desigualdade, valorizando-se a
diversidade de vivências na sociedade.
Unidade 1: Modos de Objetivo Competências gerais
governança republicanos Apropriar-se de conceitos políticos pertinentes à trajetória 1, 2, 6, 7 e 9
histórica e à realidade política brasileira, podendo usá-los Competência específica e
para qualificar a análise, a interpretação e a intervenção na habilidades
sociedade e nas instâncias políticas. 6: EM13CHS602; EM13CHS603;
Justificativa EM13CHS606
O entendimento de conceitos políticos e da trajetória da
República no Brasil visa preparar o estudante para
participar do debate público, identificar problemas
sociais e propor ações que promovam a democracia e os
direitos humanos
Unidade 2: Minorias Objetivo Competências gerais
sociais e demandas Avaliar a ação política de minorias sociais e 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
históricas comunidades tradicionais, considerando suas lutas, Competência específica e
reivindicações e demandas históricas. habilidades
Justificativa 6: EM13CHS601; EM13CHS605
O reconhecimento das raízes históricas, sociais,
ideológicas e econômicas da desigualdade no Brasil,
assim como o entendimento de como ela se manifesta
no tempo e espaço, é fundamental para a promoção de
ações que visem ao combate a esse problema.
Unidade 3: Em busca da Objetivo Competências gerais
cidadania Conhecer e compreender os princípios de justiça, 1, 2, 3, 6, 7, 8 e 9
igualdade e liberdade presentes na Declaração dos Competência específica e
Direitos Humanos, bem como da Constituição federal habilidades
brasileira, refletindo sobre a aplicação dessas 6: EM13CHS605; EM13CHS606
normativas na sociedade brasileira.
Justificativa
A proposta contribui para o desenvolvimento da
capacidade do estudante de responsabilização em nível
individual, comunitário, nacional e internacional.
Unidade 4: Caminhos Objetivo Competências gerais
e debates para pensar Apresentar alguns debates pertinentes à construção de 1, 2, 6, 7, 8, 9 e 10
o futuro alternativas para o presente e o futuro, de modo que o Competências específicas e
estudante se localize neles e possa orientar melhor a habilidades
sua ação social, política e cidadã. 1: EM13CHS101; EM13CHS104
Justificativa 6: EM13CHS604; EM13CHS605;
O debate sobre o conceito de cidadania contribui para a EM13CHS606
formação cidadã do estudante e seu protagonismo social.
MATERIAL
OrganizaçãoDE DIVULGAÇÃO
das unidades
DA Cada
EDITORA
livro é DO BRASILem quatro unidades que apresentam, problematizam e debatem o tema por
organizado
meio de uma perspectiva multidisciplinar e um conjunto de habilidades diferentes. Essa divisão considera
o desenvolvimento das discussões em uma sequência lógica e facilita o planejamento dos docentes.
Cada uma dessas unidades apresenta conteúdos de Filosofia, História, Sociologia e Geografia, assim
ordenados, proporcionando uma linha de raciocínio interdisciplinar sobre determinados assuntos. Dessa
maneira, os estudantes, em uma unidade, observam o mesmo tema por diferentes óticas disciplinares,
construindo noções complexas de aprendizado e de expressões da própria realidade. Portanto, cada
unidade é iniciada pela discussão de um conceito pela perspectiva filosófica; em seguida esse conceito
é historicizado e analisado pelas teorias sociológicas, para, por fim, ter seus aspectos territoriais e
geográficos debatidos.
Veja, nas próximas páginas, de que maneira essas unidades se estruturam.
Texto principal
Exposição descritiva e analítica dos assuntos da unidade sob o viés filosófico, histórico, sociológico ou
geográfico, com o objetivo de introduzir ao estudante a construção de conhecimento sobre o mundo cultu-
ral, físico e social e propor abordagens reflexivas sobre temas contemporâneos. Com entrada eventual, os
textos citados ajudam a enriquecer a abordagem e apresentam o ponto de vista de um estudioso do assunto,
familiarizando os estudantes às suas ideias e às características da escrita acadêmica.
A linguagem utilizada possibilita ampliar o vocabulário do estudante, sem deixar de ser acessível ou
interessante para a faixa etária. A apresentação dos conteúdos é também facilitada pelo emprego de
ilustrações, imagens, gráficos e mapas, recursos que favorecem a aprendizagem por se tratar de lin-
guagens variadas.
XIV
Boxe principal
Traz informações complementares ao conteúdo do texto principal. Também apresenta textos de
estudiosos e pesquisadores da área, problematizando a construção do conhecimento filosófico, histó-
rico, sociológico e geográfico. Pode ser acompanhado de três ou quatros questões que instigam a
reflexão do estudante, chamando-o para protagonizar seu processo de aprendizado.
Boxe lateral
Apresenta conceitos e definições importantes para o entendimento de contextos de aplicação do
conhecimento. Indicam informações que ajudam a tornar os livros autocontidos.
Glossário
Esclarece o significado de palavras e expressões. Contém a definição de termos e expressões impor-
tantes para uma compreensão mais efetiva do assunto.
Atividades
Apresenta propostas de atividades individuais ou coletivas e trabalha diferentes processos cognitivos;
resolução de problemas; análise, compreensão e produção de diferentes tipos de texto, verbais e ima-
géticos; pesquisas e debates.
São atividades que contemplam diversos contextos, como culturas juvenis, desenvolvimento científico,
sustentabilidade etc., além de enfatizar as tecnologias digitais, a comunicação e o trabalho em grupo.
Também auxiliam os estudantes na compreensão leitora, incentivando a proposição de hipóteses e os
desafiando a interpretar gráficos e tabelas e a elaborar argumentos e contra-argumentos.
A sequência didática sugerida para a unidade permite verificar não apenas a apreensão de conceitos
científicos como também atitudinais e procedimentais. Vale destacar o papel da investigação nas ati-
vidades propostas, visto que essa metodologia de ensino tem ganhado projeção no campo da didática
das ciências. Com a proposição de atividades de cunho investigativo, os estudantes são instados a
exercer protagonismo e autonomia e também entram em contato com procedimentos científicos e com
os aspectos relacionados à natureza das Ciências Humanas, tão relevante nos processos de ensino-
-aprendizagem contextualizadores e críticos.
Essa seção é o marcador da transição da abordagem de determinado componente para a outro,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
facilitando a localização dos professores de diferentes perfis do conteúdo a que lhe compete em cada
unidade. DA EDITORA DO BRASIL
Pensamento computacional
Atividade que propõe a solução de um problema por meio da estratégia do pensamento computa-
cional, como a criação de algoritmos, a decomposição de problemas e o reconhecimento de padrões.
Embora algumas dessas características também estejam presentes em outras atividades, elas são mais
destacadas aqui.
Conexões
Seção que integra o conhecimento específico das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas outras áreas
de conhecimento, principalmente Ciências da Natureza e suas Tecnologias, relacionando-as a um Tema
Contemporâneo Transversal. Os estudantes poderão recorrer a seus conhecimentos em áreas distintas
e aplicá-los na resolução de questões teóricas ou práticas, podendo desenvolver assim o raciocínio não
compartimentado e promover o pensamento complexo.
Mídia
Com base em textos que circulam na mídia, a seção trabalha a análise crítica e propositiva da
produção, circulação e recepção desses textos, com foco na leitura inferencial e multimodal, desta-
cando processos de análise e interpretação textual, tratamento da informação e identificação de
fragilidades argumentativas.
XV
A compreensão crítica da realidade que nos é transmitida pelos meios de comunicação e também
pelas redes sociais evita a disseminação de notícias falsas, que podem acarretar danos à sociedade
como um todo. Saber interpretar notícias, pesquisar informações em fontes confiáveis e conseguir
transpô-las e adequá-las à realidade, transformando-a, é um instrumento importantíssimo para o
exercício pleno da cidadania.
Pesquisa
Seção que propõe a investigação científica que mobiliza práticas de pesquisa como estudo de caso,
grupo focal, estado da arte, análise documental, uso e construção de questionários, amostragens e
relatórios, pesquisa-ação.
Nela é retomada parte da problematização inicial do livro, agora enriquecida pelo percurso recém-
-completado. Essa retomada é particularmente interessante porque auxilia os estudantes no estabe-
lecimento de relações consistentes. Neste momento, eles têm a oportunidade de mobilizar os
conhecimentos, prévios e novos, para responder a questões ou interpretar dados diversos, podendo
ressignificar seus conhecimentos com autonomia, responsabilidade e criatividade. Assim, busca-se
estimular o estudante a atuar como um produtor de conhecimento, tendo sua produção científica auxi-
liada pelo professor e valorizada pelos seus pares.
XVI
tempo e espaço da BNCC e concentra o desenvolvimento da competência específica 1 e de suas
seis habilidades. Nele, propomos uma análise sobre as rupturas e as permanências da emergência
do mundo moderno, por exemplo, sobretudo no que diz respeito à ideia de indivíduo, mobilizando
as habilidades EM13CHS101 e EM13CHS103. O conceito de modernidade é colocado no centro
da discussão, que assume forma crítica na elucidação das suas margens de inclusão e de exclusão.
Ao longo do livro, as oposições dicotômicas de campo e cidade, civilização e barbárie, nomadismo
e sedentarismo, entre outras, são problematizadas e relacionadas à manifestação de expressões
divisórias como o etnocentrismo, o racismo e as desigualdades socioeconômicas, mobilizando as
habilidades EM13CHS102, EM13CHS104 e EM13CHS105. Nesse percurso são usados recursos
como documentos históricos, expressões artísticas e textos filosóficos, por meio dos quais os
estudantes devem elaborar análises e exercer protagonismo na construção e na disseminação de
conhecimentos, mobilizando a habilidade EM13CHS106.
A competência específica 2 apresenta outro eixo temático da BNCC, em que se destaca a comple-
xidade dos conceitos de fronteira e território. Esse tema implica, necessariamente, observar a dinâmica
das relações entre os seres humanos e a produção dos espaços, sejam eles físicos, geopolíticos ou
culturais, e as dinâmicas de mobilidade de pessoas e mercadorias. Nessa observação devem elucidar-
-se as formas de conflito, negociação e segregação implicadas na demarcação de limites entre grupos,
Estados e nações. Igualmente, deve-se reconhecer a legitimidade dos atores sociais na produção de
suas próprias territorialidades. Ao desenvolver essa competência, portanto, os estudantes estarão aptos
a compreender melhor o mundo em que vivem, podendo posicionar-se de forma ética e consciente
acerca dos desafios contemporâneos relacionados aos movimentos migratórios, às disputas por terri-
tórios e jurisdições e às identidades culturais, por exemplo.
A trajetória do livro cujo tema condutor é o conceito de fronteiras por meio da perspectiva de
diferentes contextos históricos, culturais e socioespaciais, correspondente à competência especí-
fica 2 e suas seis habilidades, parte da formação dos Estados modernos no âmbito político, jurídico
e territorial, introduzindo o trabalho com as habilidades EM13CHS204 e EM13CHS206. O objeto
inicial é o espaço físico e sua segmentação política na forma estatal, bem como as expressões de
nacionalismo, expansionismo e imperialismo dela decorrentes, o que possibilita ao estudante
começar o estudo de aspectos mais familiares do tratamento de fronteiras e territórios, mobilizando
as habilidades EM13CHS201 e EM13CHS203. Os conceitos de desterritorialização e globalização
também são introduzidos, sendo vinculados principalmente aos impactos das tecnologias nas
dinâmicas de trânsito global, eixo da habilidade EM13CHS202. Dessa maneira, espera-se que os
estudantes compreendam os processos de configuração de dissolução das fronteiras estatais,
avaliando as implicações políticas e sociais deles decorrentes, com sensibilidade para reconhecer
os grupos sociais diretamente afetados e suas demandas. Por fim, outras formas de territorialidade
entram em foco, possibilitando aos estudantes ir além na compreensão do assunto e identificar o
espaço de algumas culturas juvenis, mobilizando a habilidade EM13CHS205.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Nesta coleção, a discussão com a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias está em foco no livro
DA EDITORA DO BRASIL
cujo tema condutor é a construção da vida em sociedade pelos seres humanos e como, nesse processo,
eles se relacionam e transformam a natureza. Nele, são trabalhadas as categorias indivíduo, natureza,
sociedade, cultura e ética das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, a competência específica 3 da área
e suas seis habilidades. O uso dos recursos naturais por diversas sociedades no tempo, os impactos
socioambientais desse uso e as medidas de regulação, controle e fiscalização são objetos de análise crítica
nesse livro, que, para além da aquisição de conhecimentos teóricos, busca estimular a ação propositiva
dos estudantes e promover atitudes conscientes e sustentáveis, mobilizando as habilidades EM13CHS301,
EM13CHS302, EM13CHS304, EM13CHS305 e EM13CHS306. Também é proposto um estudo aprofun-
dado sobre a formação e a expansão da cultura de massa, orientado pela habilidade EM13CHS303,
estimulando uma discussão sobre a relação entre padrão de consumo, qualidade de vida e meio ambiente.
Esses debates são relevantes para o desenvolvimento do espírito crítico e o posicionamento consciente e
bem fundamentado dos estudantes.
De modo geral, os conteúdos e atividades desse livro apontam a relação intrínseca que os seres
humanos estabelecem com o meio em que vivem e a necessidade que têm do consumo de recur-
sos naturais para produzir a própria sobrevivência. Essa perspectiva é importante para que os
estudantes não demonizem a exploração de recursos naturais por princípio, mas compreendam o
modo predatório como isso tem sido feito, sobretudo após a expansão do sistema capitalista no
último século, e possam identificar e elaborar alternativas sustentáveis. Este é o propósito da
competência específica 3: ela possibilita a construção de uma visão equilibrada sobre o assunto e
fornece ferramentas para que os estudantes questionem os próprios comportamentos de consumo
e os modelos produtivos vigentes.
XVII
A preparação para o mundo do trabalho perpassa o conjunto da obra, sendo potencializada sobre-
tudo no livro cujo tema condutor é a maneira como os grupos humanos produzem sua vida material
e como as mudanças no mundo do trabalho impactam a vida social. Nele, mobilizam-se a categoria
trabalho, assim como a competência específica 4 da área de Ciências Humanas e suas quatro habi-
lidades. Ao longo do desenvolvimento desta competência na obra, os estudantes irão tomar contato
com a complexidade das formas de trabalho desenvolvidas no tempo e avaliar as causas e as conse-
quências das transformações no modo de produção da vida material. Com isso, poderão compreen-
der com maior clareza o lugar do trabalho na contemporaneidade e identificar o papel dos jovens e
das gerações futuras diante das rápidas transformações em curso, mobilizando as habilidades
EM13CHS401, EM13CHS403 e EM13CHS404.
Inevitável pontuar que o mundo do trabalho da atualidade é profundamente marcado pelas mudanças
ocorridas com o advento e a popularização das tecnologias digitais. Por isso, orientar os estudantes na
avaliação dos impactos tecnológicos e no bom uso das tecnologias de informação e comunicação é uma
tarefa a ser cumprida pelo professor. Muitas atividades propostas nesse livro sobre trabalho se apresentam
nesse sentido, com o intuito de incentivar os estudantes à análise crítica e ao uso orientado das tecnologias.
A diferenciação dos conceitos de trabalho, emprego e renda, um critério para o desenvolvimento da
habilidade EM13CHS402, também é abordado no livro. Durante o desenvolvimento do assunto, tabe-
las e gráficos são utilizados como recursos didáticos, estimulando os estudantes à verificação de dados
e à elaboração de conclusões sobre a distribuição do mercado de trabalho, a concentração de renda e
a desigualdade étnico-racial, por exemplo.
Na competência específica 5 das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, o foco é o reconhecimento
das formas de desigualdade e da violência com vistas à construção de um posicionamento ético e alinhado
aos direitos humanos. Tendo o conceito filosófico de ética como fio condutor, busca-se compreender
diferentes expressões socioculturais desenvolvidas no tempo e no espaço e, assim, desnaturalizar práticas
de opressão como o preconceito, o silenciamento e a segregação. Isso se dá, efetivamente, não pela dis-
cussão de situações hipotéticas, mas de casos reais em que a violência, o preconceito e a desigualdade se
expressam e marcam o cotidiano de grupos sociais específicos.
Nesse sentido, o livro cujos temas condutores são os conceitos de conflito, desigualdade, violência e
justiça foi elaborado em torno de quatro estudos de caso, que destacam situações reais vividas por povos
de diferentes partes do mundo: a África do Sul, a Índia, a Palestina e o Brasil. Por meio deles, convida-se
o estudante a refletir sobre violência, desigualdade, preconceito e justiça em contextos específicos da
atualidade, mobilizando a competência específica 5 e suas quatro habilidades: EM13CHS501,
EM13CHS502, EM13CHS503 e EM13CHS504. Espera-se que, ao longo do diálogo estabelecido pelo
texto e as imagens e na execução das atividades propostas, o estudante seja sensibilizado ao combate
às desigualdades e violências por meio, principalmente, da empatia.
O livro cujo tema condutor é o aprendizado sobre a política brasileira e o exercício da cidadania,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
valorizando-se a participação no espaço público de maneira crítica e responsável, desenvolve a
DA EDITORA DO
competência BRASIL6 de Ciências Humanas e suas seis habilidades. A familiarização com o
específica
vocabulário político é fundamental para a qualificação dos estudantes para o debate público e, con-
sequentemente, para que se sintam confiantes e aptos para defender e contribuir para o fortalecimento
das instituições democráticas.
Nesse livro, mobilizando as habilidades EM13CHS601, EM13CHS602, EM13CHS603, EM13CHS604,
EM13CHS605 e EM13CHS606, os estudantes poderão não apenas compreender os mecanismos polí-
ticos que estruturam o Estado brasileiro, mas compreender a si mesmos como atores políticos necessá-
rios e relevantes. Em um âmbito mais amplo, busca-se dirimir a falsa ideia de que a política está restrita
aos círculos privilegiados da sociedade, levando ao entendimento de que as condições coletivas só
melhoram os debates públicos.
XVIII
MEIO AMBIENTE
Educação ambiental
Educação para o consumo
DAE
ECONOMIA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA Trabalho
Ciência e tecnologia Educação financeira
Educação fiscal
TEMAS CONTEMPORÂNEOS
TRANSVERSAIS
MULTICULTURALISMO (BNCC)
SAÚDE
Diversidade cultural
Saúde
Educação para a valorização do
multiculturalismo nas matrizes Educação alimentar
históricas e culturais brasileiras e nutricional
CIDADANIA E CIVISMO
Vida familiar e social
Educação para o trânsito
Educação em direitos humanos
Direitos da criança e do adolescente
Processo de envelhecimento,
respeito e valorização do idoso
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Temas contemporâneos transversais na BNCC: propostas
de práticas de implementação. Brasília: MEC/SEB, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/
implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.pdf. Acesso em: 4 ago. 2020.
Trata-se, portanto, de temas bastante amplos, que podem ser divididos em tópicos e trabalhados em
diferentes momentos na obra. No “Mapa do ensino”, são apresentados alguns dos temas que foram abor-
dados pelas diferentes unidades. No entanto, todos podem ser relacionados com a área de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas. Vale ressaltar que eles também geram excelentes oportunidades para tra-
balhos interdisciplinares.
7 MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.).
Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. E-book.
XIX
Portanto, textos, boxes, seções e atividades foram construídos, nessa coleção, com o objetivo de
colocar o estudante no centro do processo de aprendizagem. Nesse sentido, o papel do professor é de
mediador, facilitador e ativador dessa aprendizagem, motivando os estudantes para irem ainda além
daquilo que alcançaram de forma independente.8 Na obra, essas metodologias podem ser observadas,
sobretudo, nas seções “Mídia” e “Pesquisa” que desenvolvem propostas em que os estudantes con-
duzem práticas científicas de forma autônoma e para solucionar e/ou debater uma questão que afeta
o seu contexto histórico, social, econômico, geográfico e ambiental.
A coleção foi construída com o objetivo de incentivar o desenvolvimento integral dos jovens como
protagonistas de seus percursos de vida, por meio do reconhecimento de suas singularidades, e sua
formação para o exercício pleno da cidadania, com autonomia e responsabilidade em relação a si mes-
mos, ao outro e ao mundo. Além disso, há o aprofundamento dos conhecimentos científicos desenvol-
vidos no Ensino Fundamental.
Os pressupostos teórico-metodológicos que nortearam a produção da coleção são apresentados em
mais detalhes na sequência.
Professores e a BNCC
Esta obra apresenta uma diversidade de propostas que visam à formação plena e interdisciplinar
dos estudantes e de acordo com os princípios da BNCC.
A autonomia dos estudantes é estimulada tanto em exercícios circunscritos aos conteúdos propria-
mente ditos como naqueles mais abrangentes. Nestes, favorecem-se a reflexão crítica, a argumentação
e a comunicação das produções para uma comunidade ampliada.
A nova BNCC traz desafios importantes e requer a adoção de novas posturas e metodologias, além
de um processo de revisão e de melhoria de práticas consolidadas, e não a recusa delas. Trata-se de
um ponto importante, pois a capacidade de refletir sobre as próprias práticas e de promover mudanças,
quando necessárias, caracteriza o professor. Provavelmente, o maior desafio da nova BNCC está em
pensar o trabalho pedagógico por meio de áreas de conhecimento. Muitas atividades interdisciplinares
já são realizadas nas escolas com consistência, mas a formação dos professores ainda segue a pers-
pectiva disciplinar, o que acaba por dificultar a concretização dessa nova abordagem.
De acordo com Maurice Tardif,9 o saber docente é social e plural, advindo das experiências individuais,
da formação acadêmica, da formação continuada, dos programas escolares e da experiência em sala de
aula. Assim, é composto de saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares
e saberes próprios da experiência de vida e outros obtidos ao longo da carreira profissional. Nessa nova
realidade, o professor aprenderá a articular sua experiência e seus saberes em torno de conteúdos temá-
ticos. Conhecê-los é importante para que possa atuar como mediador, sem necessariamente assumir a
visão de especialista, mas tentando provocar o interesse dos estudantes pela temática por meio da
contextualização. Com isso, é essencial apropriar-se de ferramentas que propiciem boa comunicação com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
as juventudes com que lidará: o que funciona com uma turma não necessariamente funciona com outra,
o que exige do professor o emprego de diferentes estratégias para realizar essa mediação.
DA EDITORA DO BRASIL
De maneira geral, para iniciar a implementação da BNCC no Ensino Médio, será necessário que o
docente conheça as referências empregadas para a reelaboração curricular, adéque projetos pedagó-
gicos, bem como os processos de ensino e aprendizagem, encontre formas de utilizar os materiais
didáticos, introduza práticas de utilização de tecnologias digitais e adapte a avaliação e o acompanha-
mento de aprendizagem. Este Manual do Professor pode auxiliar em alguns desses tópicos.
8 Ibidem.
9 TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
XX
Tais metodologias variam em termos de pressupostos metodológicos e teóricos e também se apre-
sentam sob diferentes modelos e estratégias. Todas, porém, se alicerçam no protagonismo dos estu-
dantes no que se refere à construção de conhecimento. A nova BNCC prioriza a autonomia e a formação
de espírito crítico na prática pedagógica, para que o protagonismo desponte na sala de aula. Para
ajudar o professor na execução dessa importante tarefa, descrevemos algumas possibilidades de
metodologias ativas, que são trabalhadas na coleção.
discussão e
contrato didático
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programa de aprendizagem com os estudantes
levantamento da problematização
do tema com os estudantes
avaliação coletiva e
levantamento de contextualização
sugestões
10 BEHRENS, Maria A. Metodologia de projetos: aprender e ensinar para a produção do conhecimento numa visão complexa.
Coleção Agrinho, 2014, p. 95-106. Disponível em: https://www.agrinho.com.br/materialdoprofessor/metodologia-de-projetos-
aprender-e-ensinar-para-producao-conhecimento-numa-visao-complexa. Acesso em: 5 set. 2020.
XXI
A pedagogia de projetos também favorece, em função de seu caráter interdisciplinar, o desenvolvi-
mento de temas transversais. Discutir temas como ética, saúde, pluralidade cultural, meio ambiente,
ciência, tecnologia e sociedade por meio de projetos propicia abordagens ricas, com possibilidades
concretas de promover uma aprendizagem significativa para estudantes e professores.
XXII
A coleção apresenta diversas oportunidades de trabalho em grupo, porém, vale ressaltar, cabe
sempre ao professor, por meio da avaliação do contexto da sala de aula, decidir pela realização da
atividade em grupo ou individual. Assim, considere a orientação de trabalho das atividades apenas
como sugestões, que podem ser adaptadas de acordo com seu plano de aula.
Duas variáveis devem ser consideradas nessas propostas: o tamanho e a composição dos grupos.
Em relação ao tamanho, devem-se levar em conta I) o escopo e a duração da tarefa e II) o perfil da
turma. Há vantagens e desvantagens em se optar por grupos maiores ou menores, conforme descrevem
Cohen e Lothan:
[...] Grupos de quatro ou cinco membros parecem ser ideais para discussão produtiva e cola-
boração eficiente. Esse tamanho permite que os membros estejam em proximidade física para
ouvir as conversas e sejam capazes de estabelecer contato visual com qualquer outro colega. Se
o grupo for maior, há chances de que um ou mais alunos sejam quase que inteiramente deixados
de fora da interação.
Um dos principais argumentos a favor de grupos maiores é a necessidade de haver mais pes-
soas para a realização de um projeto de longo prazo; o grupo maior, então, divide-se em grupos
de trabalho para realizar submetas. Além disso, quando o equipamento é caro ou difícil de encon-
trar, pode ser mais prático ter menos grupos, mesmo que maiores. No entanto, o desafio nesse
projeto é o de que o grupo-como-um-todo desenvolva um consenso sobre quais serão as tarefas
parciais e quem vai trabalhar nos vários subgrupos. O professor pode ter de verificar o processo
de tomada de decisão para garantir que todos expressem sua opinião e sintam-se participantes
da decisão final. É bom lembrar ainda que, quando o grupo fica maior, organizar horários e locais
para reuniões e atividades torna-se mais e mais difícil. Grupos que são menores evidenciam di-
ficuldades próprias. Em um grupo de três alunos, muitas vezes dois formam uma coalizão, dei-
xando o terceiro isolado. Para certas tarefas, duplas são ideais. A limitação da dupla é que, se a
tarefa é um desafio que requer diferentes e múltiplos conhecimentos intelectuais e outras habili-
dades, algumas podem não ter os recursos adequados para concluí-la, tampouco ideias suficien-
tes nem insights criativos. [...]
COHEN, Elizabeth G.; LOTHAN, Rachel A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula
heterogêneas. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. p. 95-96.
Quanto à composição dos grupos, existem diversas formas de organizá-los. Algumas delas são: por
afinidade; por sorteio; por interesse no tema; por habilidades complementares. Todas são válidas, mas é
interessante mesclá-las para que se formem grupos diferentes ao longo do ano. Com isso, os estudantes
podem desenvolver diversas habilidades e competências, além de entrarem em contato com distintas
dinâmicas de trabalho e socializarem entre diferentes grupos, ampliando laços de amizade e de afeto.
11 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p.32.
12 ALVARENGA, Augusta T. de et al. Histórico, fundamentos filosóficos e teórico-metodológicos da interdisciplinaridade. In:
PHILLIPPI JR., Arlindo.; NETO, Antônio. J. S. (ed.). Interdisciplinaridade em ciência, tecnologia e inovação. Barueri, São Paulo:
Manole, 2011. p.4.
XXIII
Abordagens interdisciplinares, tanto na produção dos conhecimentos científicos como nos processos
de ensino-aprendizagem, demandam propostas de um trabalho colaborativo, seja entre as disciplinas
de uma área de conhecimento, seja entre as diferentes áreas de conhecimento. É isso que conduz a
uma interação de fato, na qual existe reciprocidade nas trocas com enriquecimento mútuo.13 Tem-se,
então, o desafio da BNCC para que todos os estudantes do Brasil sejam capazes de ler o mundo de
forma crítica, consciente e, portanto, cidadã.
O diálogo entre as áreas do conhecimento oferece ao estudante as principais ferramentas teóricas
e metodológicas para pensar o mundo social em que vive, com seus desafios e potencialidades. Partindo
do concreto ao abstrato, permite transformar o conhecimento escolar em habilidades e competências
úteis ao cotidiano do estudante e de seu desenvolvimento integral. Cada área do conhecimento tem
suas contribuições específicas para analisar e agir no mundo, e juntas ampliam a capacidade crítica e
analítica da realidade.
Assim, para que a integração seja possível e consistente, é indispensável conhecer as competências
específicas e as habilidades que cada área intenta desenvolver, a fim de que a formação integral dos
estudantes se concretize.
13 Ibidem, p. 37.
XXIV
No mesmo sentido, as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas contribuem para a área de Matemá-
tica e suas Tecnologias ao fornecerem o sentido desta linguagem na abordagem de temas concretos,
que fazem parte da realidade do estudante e do mundo ao seu redor. Nesta via de mão dupla, ambas
as áreas se enriquecem ao se apropriarem das contribuições uma da outra, em um movimento com-
plementar.
XXV
Os temas mencionados podem ser trabalhados por meio de textos, filmes, vídeos, saídas a
ambientes de educação não formal (museus, casas de cultura etc.), entrevistas, debates, pesquisas,
entre outras possibilidades. Como disparador, uma excelente opção é utilizar uma situação-problema
proposta pelos jovens em conjunto com o professor. Não se pode perder de vista que é pela reso-
lução de um problema que os jovens têm a possibilidade de desenvolver um pensamento que
podemos chamar de computacional.
Esse termo é aplicável quando a resolução segue o seguinte percurso: o estágio de formulação do
problema – o que requer abstração –, o estágio de expressão de uma solução – automação – e o estágio
de solução e avaliação – um processo de análise, portanto. O pensamento do tipo computacional também
promove a capacidade de inferir o que é fundamental no desenvolvimento de um pensamento racional e
consistente. Percebe-se, assim, que as atividades propostas aos estudantes, desde que pensadas e
intencionais, podem ajudá-los a desenvolver o pensamento crítico e a capacidade argumentativa engen-
drada de forma computacional e inferencial. É importante ressaltar, porém, que a abordagem interdisci-
plinar é condição indispensável para o êxito dessas propostas pedagógicas.
À medida que os jovens entram em contato com diferentes perspectivas sobre um mesmo tema, as
possibilidades de análise crítica se potencializam. Mas, acima de tudo, os jovens devem ter a oportunidade
de falar e de serem ouvidos, promovendo sua capacidade argumentativa, o autoconhecimento e a auto-
nomia, pré-requisitos para o protagonismo no ambiente escolar. Poder falar e ser ouvido, poder escrever
e ser lido, para os jovens, significa a consolidação da autoestima e o alargamento do horizonte de enga-
jamento na construção do conhecimento.
A literatura especializada identifica diferentes perfis de estudantes e de aprendizagens. Portanto, a
adoção de uma abordagem única em sala de aula pode prejudicar aqueles estudantes que apresentam
perfis diferentes. Por essa razão, é importante variar os estilos de abordagem para contemplar todos
os estudantes de uma turma. Uma das propostas para classificar os perfis foi elaborada pelos pesqui-
sadores Richard Felder e Linda Silverman,14 os quais também criaram um modelo de estilos de apren-
dizagem em que cada estudante pode ser classificado de acordo com um polo de cada uma das
seguintes dimensões:
• Percepção – o estudante é sensorial ou intuitivo;
• Entrada (ou input) – o estudante é visual ou verbal;
• Processamento – o estudante é ativo ou reflexivo;
• Entendimento – o estudante é sequencial ou global.
Cada estudante apresenta um polo de cada uma dessas características. O ideal é avaliar a turma
e considerar todos esses perfis no planejamento, com brechas para as ações dos estudantes. A
tarefa é complexa e trabalhosa, mas é facilitada por atividades que foram concebidas para dar
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
protagonismo aos educandos, já que eles podem encaminhar a resolução de cada atividade de
DA EDITORA DO BRASIL
acordo com o próprio perfil.
Além dessa proposta de perfis de estudante, existem diversas outras. Vale lembrar que, assim como
os estudantes têm perfis de aprendizagem distintos, professores têm perfis de ensino diferentes. Como
resultado, um estudante pode apresentar melhor desempenho nos componentes em que o perfil dele
e o do docente sejam semelhantes. Então, nossa sugestão é que o professor se mantenha atento ao
próprio perfil e faça ajustes em seu planejamento de aula, tendo como referencial a análise dos varia-
dos perfis apresentados pela turma.
14 FELDER, Richard. M.; SILVERMAN, Linda. K. Learning and Teaching Styles in Engineering Education. Journal of Engineering
Education, Washington, v. 7, n. 78, p. 674-681, 1988.
XXVI
Com base nos estudos de Felder e Silverman,15 podemos propor algumas estratégias para trabalhar
com estudantes com diferentes estilos de aprendizagem.
• Relacione, sempre que possível, o conteúdo a ser apresentado ao que veio antes e ao que ainda es-
tá por vir, dando destaque a suas relações com outras áreas de conhecimento. Então, estimule os
estudantes a relacionar esse conteúdo às experiências pessoais deles.
• No caso das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, o contexto é muito importante. Assim, nem sem-
pre uma teoria científica é universal, devendo ser analisada sob qual circunstância sua aplicação é
pertinente.
• Use figuras, esquemas, gráficos e esboços simples sempre que considerar oportuno e em conjunto
com a apresentação do conteúdo. Apresente filmes e vídeos relacionados, com discussões acerca
de seu conteúdo.
• Oriente e estimule o uso de recursos digitais na realização de pesquisas, na produção de conteúdo
e na obtenção e análise de dados.
• Não preencha todos os minutos das aulas dando palestras e escrevendo na lousa. Estabeleça inter-
valos, ainda que breves, para a turma pensar sobre o que foi dito ou proposto.
• Organize-se para alternar seu estilo de aula: se for mais expositivo, prepare algumas aulas interativas.
Se for mais interativo, planeje algumas aulas mais introspectivas.
• Forneça também atividades e problemas abertos, que exijam análise e síntese.
• Nas tarefas a serem realizadas em casa, proponha resoluções colaborativas, e não apenas indivi-
duais. Permita que os estudantes colaborem na proposição das estratégias de cooperação.
15 Ibidem.
16 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p. 463.
17 DAYRELL, Juarez (org.). Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do Observatório da Juventude da UFMG.
Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016. p. 27.
XXVII
significativo para o eu e [que] gera consequências no mundo além do eu”.18 É relevante ressaltar que
essa definição identifica três dimensões indissociáveis: a intenção estável orientada para o futuro, o
engajamento significativo em atividades que conduzam à realização da intenção e um desejo de conec-
tar-se e contribuir para algo que está além da individualidade, ou seja, que antes se insere no campo
social. Para que possam ser viáveis, os projetos de vida devem apresentar estabilidade, incluir objetivos
concretos e de longo prazo e ser organizadores e motivadores da tomada de decisão e do engajamento
com as etapas necessárias para sua concretização.
Tendo em vista o que se aponta acima, podemos afirmar que cabe à escola, e também aos profes-
sores, auxiliar os jovens a organizar seus projetos de vida. Vale enfatizar que o professor orientador ou
mediador é aquele que, na interação com os estudantes, faculta a clareza na formulação e na concre-
tização dos projetos de vida das juventudes plurais que compõem a sala de aula. Para isso, ele deve
ser capaz de olhar para cada juventude singular.
A tarefa é bastante complexa, visto que projetos de vida são processos dinâmicos e carregados de
pessoalidade, mas que dependem, ao mesmo tempo, da construção da identidade e das interações e
experimentações sociais. Por ter como princípio o desenvolvimento, a escola e a educação estão capa-
citadas a propiciar aos jovens, por meio de práticas críticas e autônomas, não apenas a construção dos
projetos de vida, mas também os meios para que eles possam se concretizar. Esta coleção pretende
contribuir para isso.
Pensamento computacional
Quando se fala em pensamento computacional, pensamos de início nas Ciências da Computação e
na Matemática, ou, ainda, em aparelhos tecnológicos e digitais, como computadores e celulares. De
fato, essa era a perspectiva dominante em sua origem, nos anos 1960 e, posteriormente, na década de
1980, época em que o termo foi cunhado, quando se desejava legitimar as nascentes Ciências da
Computação. Mas, à medida que as tecnologias da computação se desenvolviam e os equipamentos
digitais e computacionais passavam a fazer parte do nosso dia a dia, a noção de pensamento compu-
tacional ganhou novas dimensões e adentrou o universo escolar.
18 DAMON, William. O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes. São Paulo:
Summus, 2009. p. 53.
19 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília,
DF: MEC/SEB, 2018. p. 10.
20 OPAS Brasil. Folha informativa - Saúde mental dos adolescentes. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.
php?option=com_content&view=article&id=5779:folha-informativa-saude-mental-dos-adolescentes&Itemid=839. Acesso
em: 10 ago. 2020.
XXVIII
O pensamento computacional é indicado pela BNCC como parte fundamental do processo de desen-
volvimento dos estudantes brasileiros. Não podemos nos esquecer de que a Base Nacional Comum
Curricular fundamenta todo o trabalho a ser desenvolvido na Educação Básica no que se refere a com-
petências e habilidades. Dentre elas, destaca-se a necessidade de o pensamento computacional estar
presente ao longo de toda a escolaridade.
Tomando como ponto de partida uma compreensão mais alargada do conceito de pensamento
computacional, pode-se sustentar que as competências e habilidades ligadas a ele, apesar de recaírem
sobre os processos de ensino-aprendizagem de Matemática, não se restringe a ele, pois é estratégia
de formulação e resolução de problemas. Dito de outra maneira, trata-se do processo de pensamento
envolvido na formulação de um problema e na expressão de suas soluções, de tal modo que possam
ser executadas, seja por uma pessoa, seja por uma máquina, seja por ambos.
Essa formulação mais abrangente foi proposta por Jeannette Wing, professora do Carnegie Mellon,
em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Segundo Wing, no pensamento computacional, a conceitualização
é entendida como organização dos conceitos e não a programação deles. Trata-se de uma habilidade
não mecânica, em que se tem uma forma humana de pensar, diferente daquela dos computadores.
Além disso, é um pensamento complementar, que articula a Matemática à Engenharia e deve ser pro-
movido para todos e em todos os lugares.21
O pensamento computacional subdivide-se nos conceitos de decomposição, algoritmo, reconheci-
mento de padrões e abstração. A decomposição consiste em dividir um problema em partes menores,
ou seja, trata-se de um processo de análise. O conceito de algoritmo está relacionado à estipulação de
uma ordem ou sequência de passos para resolver o problema. Procede-se, assim, à análise. A identifi-
cação dos padrões que geram o problema também concerne à análise. Finalmente, os processos de
abstração podem ser entendidos como uma possibilidade de síntese, na medida em que a capacidade
de abstrair requer que sejam ignorados os detalhes de uma ou mais soluções e se parte para a cons-
trução de uma solução (ou soluções) válida e que possa ser extrapolada para atender a outros proble-
mas, assim como para o descarte de partes não essenciais.
O pensamento computacional não exige necessariamente o uso de um computador, tendo em vista
que as unidades escolares variam quanto à disponibilidade de dispositivos digitais. Contudo, ele pode
ser trabalhado de maneira transversal, encaixado nos componentes já existentes. Nesta coleção, como
dito, algumas propostas de atividade dão destaque a esse tipo de abordagem, ainda que seus pilares
possam ser observados em outras seções e propostas de atividades.
21 WING, Jeannette M. Viewpoint. Computational Thinking. Communications of the ACM, v. 49, n. 3, mar. 2006. Disponível em:
https://www.cs.cmu.edu/~15110-s13/Wing06-ct.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
XXIX
Não são apenas os jovens que impregnam de significado suas leituras e ações. Também o autor do
texto está sujeito a forças, como pressões sociais e econômicas, e à própria subjetividade. Isso equivale
a dizer que uma leitura inferencial não pode prescindir de um olhar crítico cujo intuito seja descobrir a
conjuntura da produção de determinado um texto. Essa questão é central para que o estudante seja
capaz de realizar uma leitura inferencial competente, reconhecendo todas as camadas de significação.
Se é verdade que, de um lado, o leitor tem liberdade para construir os sentidos, de outro, ele está,
necessariamente, limitado pelos significados presentes no texto, pelas suas condições de uso e contexto
de produção da obra. Ter liberdade em uma leitura inferencial não significa apenas opinar; ela é, de
fato, uma construção de sentidos alicerçada na racionalidade, na utilização de argumentos e de ele-
mentos lógicos que recontextualizam o texto para o leitor, com base em sua história de vida.
A inferência é, por conseguinte, o resultado de um processo cognitivo que revela algo desconhecido
ao apoiar-se na observação e na interação do leitor e de sua subjetividade com o texto em seu contexto.
É o resultado, enfim, de um raciocínio fundado em indícios. Sua qualidade é tanto maior quanto mais
relações e mais camadas o leitor for capaz de alcançar.
As informações de um texto funcionam como pistas ou indícios que, aliados aos conhecimentos
prévios dos estudantes, ativam a construção de sentidos. Mas esse processo não é natural, tampouco
inato, não obstante tenhamos sempre o impulso de atribuir sentidos às coisas.
Para o desenvolvimento da leitura inferencial, a mediação do professor é de grande importância.
Lembremo-nos da técnica socrática, a maiêutica, em que o professor atua como um “parteiro” dos
conhecimentos de seus discípulos. Ao mediar o processo de construção de novos conhecimentos pelos
estudantes com base no que já sabem, ele promove o desenvolvimento da autonomia e do pensamento
crítico e fomenta a ação no mundo, transformando os jovens em cidadãos.
Daí a importância de aumentar a capacidade dos estudantes de desenvolver estratégias de seleção
daquilo que é mais relevante e daquilo que não está explícito no texto. Esse procedimento auxilia na
formulação de hipóteses, de antecipação e de inferência, as quais, contudo, precisam ser verificadas
– afinal, inferir não é um vale-tudo, não é a expressão de uma opinião. Logo, retomar o texto é neces-
sário para respaldar as hipóteses formuladas ou reelaborá-las por meio de um processo de verificação.
Propiciar o acesso a textos multimodais, introduzir a pluralidade de perspectivas sobre um mesmo
tema, trazer contribuições dos saberes de comunidades tradicionais, promover discussões em sala de
aula, possibilitar a prática de debates com defesa de pontos de vista, incentivar a argumentação e a
tomada de decisões – eis algumas estratégias para ajudar os estudantes no desenvolvimento da leitura
inferencial com o objetivo de formá-los integralmente e capacitá-los para uma ação consciente no mundo.
Portanto, a leitura inferencial está relacionada com o desenvolvimento da capacidade argumen-
tativa. Argumentar é uma habilidade que requer o domínio, por parte dos estudantes, das diferentes
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
dimensões constitutivas dos temas estudados, por meio da análise dos diversos discursos e pontos
DA EDITORA DO BRASIL
de vista. Assim, implica no exame de noções, conceitos e ideias que se apresentam nos cenários
científico e social, pelos quais são apreendidos, compreendidos e “explicados” os diferentes elemen-
tos da prática social. Exige, também a apreensão crítica das múltiplas e diferentes alternativas dis-
cursivas que buscam expor questões sociais e históricas, permitindo ao estudante se posicionar
diante dos problemas a elas relacionados.
O desenvolvimento da capacidade argumentativa possibilita ao estudante uma reelaboração pes-
soal qualificada de referenciais de entendimento do mundo. Nesse sentido, ele deve ser capaz de
levantar possibilidades de explicação para os processos sociais, mobilizando o conjunto de elemen-
tos disponíveis.
XXX
vida. Tudo isso é vivenciado pelos professores, dentre os quais muitos não nasceram em um mundo assim
regido. No entanto, para os mais jovens, o mundo digital é uma realidade. Eles são os chamados nativos
digitais, e isso tem consequências na maneira como entendem as relações entre as pessoas, entre as
pessoas e o conhecimento, entre as pessoas e a velocidade, entre as pessoas e o tempo e o espaço. Os
jovens tendem a naturalizar as tecnologias digitais como se elas sempre tivessem existido. Esse é um dos
pontos sobre os quais é preciso refletir quando se pensa na presença das TDICs na educação.
O volume de informações disponibilizado pela internet em uma fração de tempo incrivelmente
diminuta é imenso, mas vale ressaltar que informação não é conhecimento, ainda que possa vir a
sê-lo. Assim, a escola enfrenta o desafio de auxiliar os estudantes a organizarem, selecionarem e
verificarem tantas informações, de modo a promover o salto qualitativo para que estas se transformem
em conhecimento sólido.
As TDICs criaram formas de distribuição da informação que permitem o trabalho com novas culturas
de aprendizagem. Porém, para que a informação se torne conhecimento, é necessário dialogar com
essas tecnologias. As competências cognitivas demandadas para isso se relacionam à construção de
um novo olhar, com uma capacidade crítica distinta, a fim de dar conta de um volume tão grande e
difuso de informações.22
Um dos grandes desafios das escolas, na atualidade, é o desenvolvimento de habilidades de aprendi-
zagem, para que os estudantes consigam assimilar as informações de forma crítica. Esse desafio talvez
seja ainda maior para os professores do que para os estudantes, em razão de os primeiros não serem
nativos digitais. Assim, pode ser necessário desenvolver novas formas de aprender e de ensinar.
Juan Pozo e Carlos de Aldama23 apontam três posturas possíveis em relação às TDICs na educação:
a otimista, a pessimista e a cética. O argumento otimista baseia-se na ideia de que as TDICs têm grande
apelo junto aos jovens, o qual pode se traduzir em um engajamento maior, o que é fundamental nos
processos de ensino-aprendizagem. Entre os pessimistas, há quem defenda que o uso das TDICs
empobrece as formas de ensinar e conhecer, em face do imediatismo e da superficialidade com que as
informações são recebidas e tratadas. O argumento cético, por sua vez, apoia-se na noção de que não
houve mudanças, de fato, nos processos de ensino-aprendizagem. Com as TDICs, segundo os autores,
as mudanças foram apenas de suporte (como o uso de computadores em sala de aula), mas os pro-
cessos se mantiveram. Esse tipo de discurso aponta um dado interessante: os estudantes têm dificul-
dade em converter as informações digitais em conhecimento. Para comprovar essa conclusão, os
céticos utilizam, por exemplo, o Informe PISA-ERA (Programa Internacional de Avaliação de Estudan-
tes) de 2009, cujos dados revelam que a leitura digital dos adolescentes em muitos países, incluindo
o Brasil, é deficiente, pior do que a leitura tradicional, em papel.
Cabe aos professores, então, refletir sobre como tornar o uso das TDICs mais produtivo em sala de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
aula. Se, por um lado, uma perspectiva positiva se impõe, por outro, o ceticismo não pode ser deixado
de lado. A inclusão digital é necessária para que os estudantes não sejam alijados dos processos de
DA EDITORA DO BRASIL
construção de conhecimento no mundo contemporâneo.
Falemos agora do reverso da inclusão: a exclusão digital. A definição desse termo não é tão simples
como pode parecer. A exclusão digital pode ser minimamente entendida como a falta de acesso a com-
putadores e aos conhecimentos básicos para poder utilizá-los. A essa definição mínima acrescenta-se a
falta de acesso à internet.24 Assim, a inclusão digital demanda o uso de programas, aplicativos e congê-
neres que passam a fazer parte da esfera educacional.
A maior dificuldade na implementação de aprendizagens ativas relacionadas às TDICs são as
condições técnicas e tecnológicas das escolas. Vamos tomar como exemplo os clickers: tais aparelhos
são semelhantes a um controle remoto, com teclado numérico e, em alguns casos, botões de controle,
por meio dos quais os estudantes podem responder rapidamente a questões propostas pelo profes-
sor. Um software compila essas respostas, as armazena e produz estatísticas de desempenho. Ainda
que as respostas possam ser dadas por meio de um formulário disponível em rede, a utilização dos
22 POZO, Juan I. A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento. Revista Pátio, ano 8,
p. 34-36, ago./out. 2004. Disponível em: http://www.udemo.org.br/A%20sociedade.pdf. Acesso em: 30 maio 2020.
23 POZO, Juan I.; ALDAMA, Carlos de. A mudança nas formas de ensinar e aprender na era digital. Revista Pátio, n. 19, dez. 2013.
Disponível em: https://www.academia.edu/33795030/A_MUDAN%C3%A7A_NAS_FORMAS_DE_ENSINAR_E_APRENDER_
NA_ERA_DIGITAL. Acesso em: 30 maio 2020.
24 SILVEIRA, Sérgio A. da. Inclusão digital, software livre e globalização contra-hegemônica. Parcerias Estratégicas, n. 20,
p. 421-446, jun. 2005.
XXXI
clickers é importante, pois, com eles, os estudantes têm acesso às escolhas dos colegas em tempo
real, o que oferece a possibilidade de mudar ou não as respostas depois das discussões.
Trata-se de um uso muito interessante das TDICs, mas, infelizmente, ainda de difícil viabilização. Isso
não quer dizer que soluções alternativas não possam ser encontradas. O importante é a ideia da partici-
pação ativa dos estudantes mediada por um recurso tecnológico capaz de alterar o andar do pensamento.
Talvez o professor possa fazer uma adaptação usando algum aplicativo de mensagens instantâneas. Ou
ainda poderia ser criado um grupo da sala, com as respostas sendo enviadas por meio do celular. A con-
tabilização ficaria um pouco mais complicada, porém, ainda assim, vale a pena considerar essas alterna-
tivas. As respostas também podem ser enviadas em tiras de papel e então contabilizadas, o que simplifica
os materiais necessários, mas aumenta o tempo usado para a aplicação da metodologia.
Há muitas outras possibilidades de utilização de metodologias ativas em sala de aula, usando o
pensamento computacional e as TDICs. Ao longo das unidades, este Manual do Professor apresenta
outros exemplos e sugestões para sua prática. A seleção de dados em páginas de internet confiáveis,
como de instituições públicas ou de centros de pesquisa, são requisitados de forma a estimular os
estudantes a trabalharem com informações quantitativas como subsídios para análises qualitativas.
Da mesma forma, levantamento de dados próprios é estimulado para que os estudantes consigam
elaborar questões e diferenciar o essencial do supérfluo no processo de analisar um determinado
cenário. Com a articulação entre o conhecimento acumulado dos docentes e a habilidade digital dos
estudantes, pode-se construir uma nova forma de colaboração entre professores e estudantes na
construção dos conhecimentos relevantes e úteis para o desenvolvimento de seus projetos de vida.
XXXII
artigos e a trabalhos de terceiros para sua formação e inspiração, seu trabalho pode se transformar em
fonte para outros docentes.
Como a escola é um espaço em que se produz conhecimento, ao adaptar e transformar seus regis-
tros em apresentações ou artigos, por exemplo, para congressos da área educacional ou específicos
da área de Ciências Humanas, você contribuirá para a efetivação desse processo.
Para finalizar, lembramos que o conjunto de ideias aqui apresentado não tem a intenção de ser um
manual ou um protocolo de procedimentos lineares, com etapas consecutivas, fixas e rígidas; em vez
disso, consiste apenas em um lembrete de que o planejamento permite a articulação entre ideias e
objetivos, maximizando as chances de promover uma aprendizagem significativa para estudantes e
professores, segundo os processos de ensino-aprendizagem fundamentados na perspectiva das meto-
dologias ativas. Para que esse trabalho seja possível, é necessário que você, professor, reflita sobre sua
prática continuamente e esteja sempre aberto às mudanças.
XXXIII
disciplina para a construção de um processo de ensino-aprendizagem que contribua para a forma-
ção de estudantes protagonistas, ativos e críticos.
Assim, a Filosofia, a História, a Sociologia e a Geografia estão representadas em todos os livros pela
contribuição própria de cada um desses componentes na análise e reflexão dos temas propostos em cada
unidade, mobilizando as competências específicas e as habilidades proposta para a área pela BNCC.
As aproximações temáticas entre os quatro componentes são, às vezes, muito claras, outras nem
tanto. No livro que trata do trabalho como tema condutor, os diferentes componentes trazem con-
tribuições que dialogam de forma direta e clara sobre o mundo do trabalho, suas contradições e as
formas de relações entre os indivíduos no contexto de uma sociedade pautada pelo sistema capi-
talista e sua busca incessante de lucros, debatendo temas e conceitos centrais para essa discussão.
O mesmo exemplo cabe ao livro que trata dos quatro estudos de caso (África do Sul, Índia, Palestina
e Brasil), no qual, a partir de contextos selecionados, cada componente lança luz para a reflexão
acerca de problemáticas contemporâneas, a fim de permitir a construção por professores e estu-
dantes de um debate amplo, diverso, interdisciplinar e efetivo.
25 ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
XXXIV
A dimensão epistêmica é composta dos processos de elaboração, assim como de métodos de vali-
dação do conhecimento científico, dando-lhe um significado em relação ao mundo real. A dimensão
pedagógica constitui-se dos papéis desempenhados pelo professor e pelos estudantes e das interações
recíprocas. Seguindo as proposições metodológicas desta coleção, parte-se da proposição de uma
situação-problema e, ao longo da sequência didática, executam-se atividades diversificadas e previa-
mente estabelecidas. Estas formam a dimensão pedagógica dessa sequência. A diversificação é impor-
tante porque oportuniza o desenvolvimento de diferentes habilidades e competências ao mesmo tempo
que privilegia as que os estudantes já possuem.
Assim, dependendo do tema escolhido para a unidade e dos conteúdos previstos para a sequência
didática, esta última pode ser composta de aulas práticas, saídas, registros escritos, produção de port-
fólios, apresentação de seminários, pesquisas, entre outras possibilidades, considerando o que é mais
adequado a cada turma.
Cronograma
A proposta do Novo Ensino Médio possibilita que as escolas distribuam a carga horária referente à
formação geral básica e aos itinerários formativos da maneira que melhor condiga com a realidade da
comunidade, desde que seja implementada uma carga anual mínima de 1 000 horas para todos os anos
do Ensino Médio até março de 2022.
Veja o exemplo a seguir.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia de implementação do Novo Ensino Médio. Disponível
em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/Guia.pdf. Acesso em: 9 jul. 2020.
DA EDITORA DO BRASIL
Por isso, de acordo com a escola, as diretrizes curriculares do estado, a necessidade dos diferentes
jovens e as especificidades da comunidade, o trabalho com os seis livros pode ser rearranjando de
diferentes maneiras ao longo dos três anos que formam o Ensino Médio.
Nas orientações específicas deste Manual do Professor, como sugestão, estão propostos cronogra-
mas para o trabalho com cada um dos livros; consideramos que cada volume poderá ser trabalhado
em um semestre. Nessa sugestão, a formação básica se estende pelos três anos do Ensino Médio, com
a divisão da carga horária com os itinerários formativos desde o primeiro ano.
26 Ibidem.
XXXV
A avaliação inicial ou diagnóstica é interessante porque permite ao professor levantar os conheci-
mentos prévios dos estudantes. Como discutido anteriormente, trata-se de um procedimento funda-
mental não apenas porque valoriza aquilo que o educando traz como conhecimento, como também
porque possibilita um replanejamento, se isso se mostrar necessário, logo no início. Essa avaliação pode
ser feita por escrito ou por meio de uma aula dialogada. Em ambos os casos, o registro é importante
para que, ao final da sequência didática, seja possível verificar as mudanças conceituais dos estudan-
tes. A verificação final pode ser feita por evocação da sequência didática; é muito interessante perceber,
na evocação que lida com a memória, aquilo que realmente foi significativo para eles.
A avaliação reguladora tem a finalidade de criar uma percepção sobre o que cada estudante
aprende. Ela é processual e contínua e requer do professor sensibilidade e atenção para notar as
especificidades que cada um apresenta. Quando o planejamento é bem-feito, essa sensibilidade é
amplamente favorecida.
Por sua vez, a avaliação integradora também é processual e fornece uma dimensão global do apren-
dizado, uma vez que integra, ao final, todas as avaliações efetuadas ao longo da sequência didática.
Tanto as avaliações reguladoras como as integradoras pressupõem constante reflexão do professor
sobre os processos de ensino-aprendizagem. Realizadas ao longo do processo, seja em uma unidade
de aprendizagem, seja em uma sequência didática, a avaliação reguladora recai sobre cada atividade
desenvolvida, ao passo que a avaliação integradora, como o nome indica, integra as avaliações regula-
doras feitas no decorrer do processo.
Vale ressaltar o caráter intrinsecamente intencional dessas avaliações. O professor deve definir com
clareza seus objetivos e o modo de atingi-los por meio das atividades propostas e desenvolvidas em sala de
aula. Ele deve ainda efetuar a avaliação comparando o que se pretendia com o que foi efetivamente realizado.
A autoavaliação é particularmente valiosa em uma proposta pedagógica ativa porque traz para o cenário
um estudante que vai se tornando protagonista dos seus processos de aprendizagem. Nesse processo,
devem ser combinados critérios de avaliação entre o professor e os estudantes de modo que esse procedi-
mento gere uma reflexão e uma análise sobre sua aprendizagem. Trata-se de um processo metacognitivo
na medida em que a autoavaliação permite que os estudantes percebam a maneira como aprendem.
Qualquer avaliação deve ser compatível com os objetivos previamente estabelecidos e com os con-
teúdos efetivamente discutidos ao longo da sequência didática. Não faz sentido avaliar aquilo que não
foi trabalhado nem o que não foi explicitamente identificado como objetivo a ser atingido.
INDICAÇÕES COMPLEMENTARES
Documentários
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
• Human, volumes 1, 2 e 3, direção de Yann Arthus-Bertrand, França, 2015, 83 min (volume 1); 86
DA min
EDITORA
(volumeDO
2);BRASIL
93 min (volume 3).
O documentário dá voz a dezenas de pessoas de diferentes nacionalidades, religiões, gêneros, línguas,
profissões e classes sociais, as quais são convidadas a falar sobre temas como a existência humana, a
felicidade, a morte, a pobreza e o sentido da vida. As entrevistas mostram que a homogeneização cultu-
ral pode ser nociva para a preservação da diversidade de formas de ser e estar no mundo.
• Pro dia nascer feliz, direção de João Jardim. Brasil, 2005 (89 min).
O documentário acompanha o cotidiano escolar de estudantes de diferentes realidades, trazendo
depoimentos dos jovens sobre suas aspirações, medos, visões de mundo etc. Trata-se de uma obra que
retrata a multiplicidade das juventudes e de seus diferentes projetos de vida.
• Últimas conversas, direção de Eduardo Coutinho. Brasil, 2015, 85 min.
O documentário entrevista uma série de jovens para buscar compreender seus sonhos, desejos e
perspectivas de mundo.
Filmes
• Efeito Pigmaleão, direção de Grand Corps Malade e Mehdi Idir. França, 2019 (111 min).
Em uma escola de um bairro periférico de Paris, os estudantes, em sua maioria de minorias étnicas
empobrecidas, recebem uma nova coordenadora pedagógica, também ela de origem étnica mino-
ritária. Com base no conhecimento da realidade desses jovens, novas relações se estabelecem e
geram frutos mais positivos para toda a comunidade escolar.
XXXVI
• Entre os muros da escola, direção de Laurence Cantet. França, 2008 (131 min).
O filme se passa em uma escola na periferia de Paris que apresenta tensões étnicas de difícil trato.
São mostradas a aproximação da escola com o mundo da vida e as dificuldades que o professor de
francês enfrenta ao tentar despertar nos estudantes o interesse pelo conhecimento. Trata-se de uma
reflexão sobre o papel que a escola poderia ocupar na vida de estudantes.
• Escritores da liberdade, direção de Richard LaGravenese. Estados Unidos, 2007 (123 min).
O filme é baseado na história real de Erin Grunwell, uma jovem e idealista professora de Língua
Inglesa que vai lecionar em uma escola periférica marcada pela violência e pela desmotivação. Ela
propõe aos estudantes, em sua maioria pertencentes a minorias étnicas, que escrevam sobre a
própria vida ou sobre aquilo que desejarem. Grunwell acaba por criar a Freedom Writers Foundation,
cujo objetivo é difundir sua metodologia e dar a jovens carentes a oportunidade de estudar.
• O sorriso de Mona Lisa, direção de Mike Newell. Estados Unidos, 2003 (119 min).
Em uma instituição de alto padrão exclusiva para mulheres, que, em meados do século XX, ainda
eram educadas para o casamento, uma professora de História da Arte tenta alargar os horizontes
das estudantes, o que a leva a confrontar valores tradicionais arraigados do local. Fugindo de fórmu-
las simplistas, o filme mostra que as influências dos professores nem sempre são capazes de pro-
mover a emancipação.
• O substituto, direção de Tony Kaye. Estados Unidos, 2011 (100 min).
O professor de Ensino Médio Henry Barthes optou por trabalhar sempre como substituto, a fim de evitar
a criação de vínculos com os estudantes. No entanto, ao substituir um professor em uma escola pública
de uma comunidade carente e diante de colegas desmotivados, ele acaba se envolvendo e mostrando
que as relações professor-estudantes podem ser ricas e transformadoras.
• Sementes podres, direção de Kheiron. França, 2018 (105 min).
O filme trata de jovens considerados “estudantes-problema”. Expulsos de suas escolas e pertencentes
a minorias étnicas, eles frequentam uma espécie de ONG como forma de se “reintegrarem” à escola. Lá
eles entram em contato com um educador cuja família foi exterminada pelo Exército de Israel quando
criança. O contato que ele consegue estabelecer com os jovens é surpreendente.
Livros
• OLIVEIRA, Paulo de Salles (org.). Metodologia das Ciências Humanas. São Paulo: Editora Hucitec, 2001.
Coletânea de textos de diversos estudiosos da área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, como
a filósofa Marilena Chaui (1941-), o historiador Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) e o soció-
logo Florestan Fernandes (1920-1995), cujo objetivo é a construção de um material de consulta para
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
todos os professores e pesquisadores da área.
DA EDITORA DO BRASIL
• PURIFICAÇÃO, Marcelo M.; CATARINO, Elisângela M. (org.). Teoria, prática e metodologias das Ciên-
cias Humanas. Ponta Grossa: Atena Editora, 2019.
Obra que apresenta relatos e debates de diferentes práticas relacionadas às Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas feita por pesquisadores e educadores em distintos contextos.
XXXVII
• Juventudes na escola, sentidos e buscas: por que frequentam?. Disponível em: http://flacso.org.br/
files/2015/11/LIVROWEB_Juventudes-na-escola-sentidos-e-buscas.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020.
Esse livro digital apresenta o panorama teórico e debates conceituais sobre juventude/juventudes;
cultura escolar; a importância da condição juvenil; educação; escola e o lugar do saber. Também busca
responder por que os jovens frequentam a escola. Além disso, mostra e discute os resultados obtidos
por uma ampla pesquisa de mapeamento das problemáticas juvenis. Trata-se de um livro fundamental
para compreender o jovem de hoje.
• Relatório Juventudes e Ensino Médio. Disponível em: https://fazsentido.org.br/wp-content/
uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020.
O relatório digital Juventudes e Ensino Médio, derivado do Projeto Faz Sentido, é mais um exemplo de
material de qualidade que pode e deve ser consultado pelos professores. Nele são apresentadas
questões fundamentais que dizem respeito à vida dos jovens. Sexualidades, identidades, cidadania e
política, entretenimento e cultura, aprendizado, projeto de vida, entre outros temas, são abordados
com o objetivo de informar os educadores e fazê-los refletir sobre os jovens no Ensino Médio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, Augusta T. de et al. Histórico, fundamentos filosóficos e teórico-metodológicos da interdiscipli-
naridade. In: PHILLIPPI JR., Arlindo; NETO, Antônio J. S. (ed.). Interdisciplinaridade em ciência, tecnologia e
inovação. Barueri: Manole, 2011.
Nesse livro são apresentadas numerosas pesquisas, levadas a cabo por professores universitários, sobre práticas in-
terdisciplinares e seus resultados. Trata-se de uma obra inspiradora porque aponta as potencialidades positivas do
desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares.
AULER, D.; DELIZOICOV, D. Pedagogy, Symbolic Control and Identity: Theory, Research, Critique. ed. rev. atual.
Londres: Rowman & Littlefield, 2000.
O livro aborda aspectos do trabalho com a identidade juvenil, articulando premissas sociais que têm como base prá-
ticas pedagógicas
BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem
teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. E-book.
Livro em que se discutem diferentes práticas de metodologias ativas que envolvem tecnologias digitais, tornando-se
MATERIAL
uma obraDE DIVULGAÇÃO
importante no desenvolvimento desse tipo de método em sala de aula.
DA EDITORA
BEHRENS, DOA. BRASIL
Maria Metodologia de projetos: aprender e ensinar para a produção do conhecimento numa vi-
são complexa. Coleção Agrinho, 2014, p. 95-106. Disponível em: http://www.agrinho.com.br/site/wp-content/
uploads/2014/09/2_04_Metodologia-de-projetos.pdf. Acesso em: 30 maio 2020.
Artigo em que se discutem a nova realidade da sociedade do conhecimento e o modo como ela tem desafiado os pro-
fessores a repensarem suas práticas pedagógicas. O aprender a aprender e a formação de estudantes autônomos e
criativos são centrais na metodologia de projetos, pois, como defende a autora do artigo, é por intermédio dela que os
estudantes podem entrar em contato com o pensamento complexo e com o trabalho colaborativo em grupo, cons-
truindo assim seu conhecimento de forma significativa e crítica.
BRASIL. Competências socioemocionais como fator de proteção à saúde mental e ao bullying. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/
195-competencias-socioemocionais-como-fator-de-protecao-a-saude-mental-e-ao-bullying. Acesso em:
31 ago. 2020.
Documento que trata do trabalho com as competências socioemocionais e como essa abordagem pode auxiliar no
combate ao bullying e no cuidado com a saúde mental dos estudantes.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.
gov.br/resources/downloads/pdf/dcnem.pdf. Acesso em: 16 ago. 2020.
Documento que atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio de acordo com a BNCC.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: educação é
a base. Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 5 maio 2020.
XXXVIII
No documento da Base Nacional Comum Curricular estão detalhados os fundamentos da proposta, seus marcos le-
gais e teóricos, bem como a explicitação das áreas de conhecimento com suas competências específicas e as habili-
dades a elas vinculadas. Trata-se de um documento rico, com muitos subsídios para pensar o desenvolvimento da
autonomia dos estudantes na perspectiva das juventudes plurais.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia da implementação do Novo Ensino Mé-
dio. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/Guia.pdf. Acesso em: 9 jul.
2020.
Documento que busca orientar docentes e gestores na construção de caminhos para a implementação do novo Ensi-
no Médio.
BRASIL. O Novo Ensino Médio. Brasília, DF: MEC, 2016. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/#!/
pagina-inicial. Acesso em: 5 maio 2020.
A página do MEC traz todas as informações necessárias para que o professor conheça e entenda as propostas do No-
vo Ensino Médio – o que é, o que muda, o marco legal e as relações dessa proposta com a BNCC.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Geral. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 16 ago. 2020.
Lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional
COHEN, Elizabeth G.; LOTHAN, Rachel. A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula he-
terogêneas. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017.
O livro traz sugestões para aplicar com a aprendizagem cooperativa, indicando estratégias para lidar com grupos grandes
e pequenos, orientações sobre como proceder com turmas heterogêneas e formas de preparar o trabalho em grupo, pa-
ra que ele de fato contribua para o desenvolvimento e a participação ativa dos estudantes.
DAMON, William. O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adoles-
centes. São Paulo: Summus, 2009.
Nesse livro, o pesquisador estadunidense William Damon, utilizando dados de uma extensa pesquisa de campo,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
busca entender a mente dos jovens entrevistados para descobrir as razões de sua desmotivação e ansiedade dian-
te da vida. Comparando esse quadro com o que pensam os jovens “bem encaminhados”, ele mostra que o papel da
DA EDITORA DO BRASIL
família, da escola e dos mentores é fundamental na constituição das subjetividades dos jovens motivados e dos
desmotivados. Damon destaca, como conclusão, a importância dos projetos de vida para o desenvolvimento posi-
tivo e pleno dos jovens.
DAYRELL, Juarez (org.). Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do Observatório da Ju-
ventude da UFMG. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016.
Obra que apresenta relatos e teses derivados de anos de pesquisa sobre culturas juvenis no Observatório da Juven-
tude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
FELDER, Richard M.; SILVERMAN, Linda K. Learning and Teaching Styles in Engineering Education. Journal of
Engineering Education, Washington, v. 7, n. 78, p. 674-681, 1988.
Artigo clássico sobre o trabalho com estudantes e professores de diferentes estilos. Apresenta as principais carac-
terísticas de cada perfil de ensino e aprendizagem propostos por eles e sugestões de como lidar com esses perfis.
XXXIX
FERRARINI, R., SAHEB, D.; TORRES, P. L. (2019). Metodologias ativas e tecnologias digitais: aproximações e
distinções. Revista Educação em Questão, v. 57, n. 52, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.21680/
1981-1802.2019v57n52ID15762. Acesso em: 31 ago. 2020.
Artigo que aborda as conexões entre as práticas de metodologias ativas e o uso de tecnologias digitais.
ONU. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 16 ago.2020.
Plano de ação da ONU para garantir um futuro sustentável.
OPAS Brasil. Folha informativa - Saúde mental dos adolescentes. Disponível em: https://www.paho.org/bra/
index.php?option=com_content&view=article&id=5779:folha-informativa-saude-mental-dos-
adolescentes&Itemid=839. Acesso em: 10 ago. 2020.
Relatório com dados sobre a saúde mental dos jovens na contemporaneidade.
POZO, Juan I.; ALDAMA, Carlos de. A mudança nas formas de ensinar e aprender na era digital. Revista Pátio,
n. 19, dez. 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/33795030/A_MUDAN%C3%A7A_NAS
_FORMAS_DE_ENSINAR_E_APRENDER_NA_ERA_DIGITAL. Acesso em: maio 2020.
Nesse trabalho, os pesquisadores defendem que as TICs são ferramentas com potencial extraordinário para a cons-
trução de competências e de uma nova cultura de aprendizagem. Considerando que os jovens de hoje são nativos di-
gitais, colocar-se no contexto digital é condição fundamental para que os estudantes se engajem e aprendam, de for-
ma significativa e crítica, os conteúdos científicos e suas relações com a sociedade em sentido mais amplo.
SILVEIRA, Sergio A. da. Inclusão digital, software livre e globalização contra-hegemônica. Parcerias Estraté-
gicas, n. 20, p. 421-446, jun. 2005.
O artigo defende a necessidade de uma política efetiva de inclusão digital e as possibilidades de existência do movi-
mento do software livre. Essa defesa está relacionada ao entendimento de que, no mundo contemporâneo, não ter
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
acesso às tecnologias e ao ambiente digital é uma forma de exclusão social e, portanto, de negação da cidadania ple-
na. Pela análise de dados relativos a diversos países, Silveira mostra quanto o Brasil ainda precisa se desenvolver pa-
DA EDITORA DO BRASIL
ra que a inclusão digital seja uma realidade.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
O livro apresenta discussões sobre os conhecimentos utilizados como base para o trabalho do professor em sala de
aula e a importância de uma sólida formação profissional.
WING, Jeannette M. Viewpoint. Computational Thinking. Communications of the ACM, v. 49, n. 3, mar. 2006.
Disponível em: https://www.cs.cmu.edu/~15110-s13/Wing06-ct.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
Artigo que apresenta os quatro pilares do pensamento computacional de maneira simples, derrubando alguns mitos
a respeito desse tipo de raciocínio.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Zabala já se tornou referência no campo da Pedagogia. Nesse livro, o autor tece comentários importantíssimos so-
bre o ato de ensinar. Partindo do conceito de unidades de análise, Zabala afirma que o planejamento de sequências
didáticas é indispensável para a prática docente. Segundo ele, essas sequências devem apresentar atividades di-
versificadas, de modo a contemplar as diferentes inteligências e os variados interesses dos estudantes. O autor
enfatiza a importância de pensar a avaliação como um processo: por meio da observação e da coleta de dados, o
professor reflete sobre os resultados de seu trabalho e o modifica, se julgar pertinente. É uma obra de leitura fácil
e agradável, fundamental para ajudar os professores em seus planejamentos e suas práticas.
XL
Orientações didáticas e
comentários específicos
SUMÁRIO UNIDADE 3: EM BUSCA DA
Introdução XLII CIDADANIA LXXII
Mapa do ensino XLIII Visão geral LXXII
Cronograma XLVII
Orientações didáticas LXXII
INTRODUÇÃO DO LIVRO DO
ESTUDANTE XLVIII Cidadania e direitos LXXII
Orientações didáticas XLVIII • Conexões: Bioética LXXIII
XLI
INTRODUÇÃO
Este material foi elaborado com o intuito de subsidiar o trabalho dos professores na área de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas, integrada pelos componentes Filosofia, História, Sociologia e Geografia,
no processo de ensino-aprendizagem com os estudantes do Ensino Médio, e sobretudo no desenvol-
vimento de habilidades e na formação de competências cognitivas, socioemocionais e atitudinais.
O tema condutor das discussões do livro é o aprendizado sobre a política brasileira e o exercício da
cidadania, valorizando-se a participação política crítica e responsável, e a compreensão do papel de
todos na construção de uma sociedade mais justa e democrática. Essas discussões possibilitam que
os estudantes problematizem a categoria política, fundamental ao estudo das Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A competência específica 6 e suas seis habilidades são mobilizadas por meio do incentivo à parti-
cipação no debate político e na vida pública, estimulando uma atuação responsável e crítica. Para tanto,
é desenvolvido o trabalho com conceitos políticos básicos, entendendo a vida pública como instrumento
para a discussão de ideias, com respeito à liberdade, à diversidade e aos diferentes projetos de vida.
Entremeando essas discussões, diversos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) são abordados,
como: ciência e tecnologia; direitos da criança e do adolescente; diversidade cultural; educação ambiental;
educação em direitos humanos; educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas
e culturais brasileiras; saúde; e vida familiar e social.
Esses conteúdos podem ser desenvolvidos por meio de metodologias ativas, que levam os estudan-
tes a se apropriar de seu processo de aprendizagem, a relacionar teoria e prática, e a desenvolver
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que aplicarão na vida cotidiana.
O desenvolvimento das discussões e a realização das atividades propostas trabalham, de maneira
organizada, linguagens e gêneros textuais variados, além de conteúdos disponibilizados em diversas
mídias. Aqui, não se opõe as diferentes modalidades de mediações comunicativas e artísticas àquelas
possibilitadas pelas tecnologias digitais. Ao contrário, as linguagens se integram e compõem uma
totalidade em que, ao mesmo tempo, se preservam suas diferenças e se potencializam um entendimento
e um aprendizado significativo.
Nesse processo, as finalidades educativas articuladas se concretizam por meio da compreensão
conceitual e capacitam o estudante a lidar com situações próprias de sua vivência e da sociedade em
que está inserido, apoiando-se em contextos sócio-históricos.
No constante diálogo multidisciplinar entre Filosofia, História, Sociologia e Geografia, busca-se
fornecer subsídios para que o estudante possa conhecer melhor sobre si mesmo e sobre o regramento
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
da sociedade em que está inserido, desenvolver valores éticos e cidadãos, e elaborar o próprio projeto
DA EDITORA DO BRASIL
de vida diante das possibilidades e limitações oferecidas no meio social.
XLII
Mapa do ensino
Conheça a seguir de que modo se articulam os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs), as com-
petências e as habilidades da BNCC, os objetivos e as justificativas de cada unidade do livro, assim como
qual é o perfil do professor indicado para tratar com cada um dos segmentos da obra.
UNIDADE 1
OBJETIVO
O objetivo da unidade é que o estudante aproprie-se de conceitos políticos pertinentes à trajetória
histórica e à realidade política brasileira, podendo usá-los para qualificar a análise, a interpretação e a
intervenção na sociedade e nas instâncias políticas. Para isso, é feito um estudo das fases republicanas
no Brasil, debatendo-se os conceitos de democracia, autoritarismo, paternalismo, populismo e de partido
político. Analisam-se também os impactos de discursos desenvolvimentistas em diferentes momentos
da história do país.
JUSTIFICATIVA
O entendimento de conceitos políticos e da trajetória da República no Brasil visa preparar o estudante
para participar do debate público, identificar problemas sociais e propor ações que promovam a demo-
cracia e os direitos humanos, assim como caminhos para a construção de uma uma sociedade mais
justa, inclusiva e próspera.
PERFIL DO PROFESSOR
POLÍTICA E ECONOMIA NO BRASIL Sugere-se que o professor tenha formação em Geografia, pois se reflete
•• Populismo e economia nos governos Vargas sobre o processo de integração e articulação econômica do território
•• Guerra, indústria e o apoio estadunidense brasileiro.
•• Brasil: território e desenvolvimento
•• A República na segunda metade do século XX:
motores do desenvolvimento
•• Mudanças sociais e territoriais
•• A ditadura e as contradições do período
XLIII
UNIDADE 2
OBJETIVO
O objetivo da unidade é que o estudante compreenda o conceito de minoria social e o aplique ao
contexto brasileiro, analisando as relações entre o Estado e as minorias sociais durante o período repu-
blicano. Também espera-se que estude dados para identificar as causas e efeitos da desigualdade social
e étnico-racial no Brasil, de modo a fundamentar as críticas a essa situação. E avalie a ação política de
minorias sociais e comunidades tradicionais, considerando suas formas de organização, reivindicações
e demandas históricas, podendo também reconhecer avanços políticos conquistados por esses grupos.
JUSTIFICATIVA
O reconhecimento das raízes históricas, sociais, ideológicas e econômicas da desigualdade no
Brasil e o entendimento de como ela se manifesta no tempo e no espaço, é fundamental para a pro-
moção de ações que visem ao combate a esse problema e à inclusão de grupos historicamente
excluídos da ordem social republicana.
Competência
Competências gerais específica de Temas Contemporâneos
Habilidades
da Educação Básica Ciências Humanas e Transversais
Sociais Aplicadas
•• Diversidade cultural
•• Educação em direitos humanos
1, 2, 3, 5, 6, •• EM13CHS601 •• Educação para valorização do
6
7, 8, 9 e 10 •• EM13CHS605 multiculturalismo nas matrizes históricas
e culturais brasileiras
•• Vida familiar e social
PERFIL DO PROFESSOR
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
O CONCEITO DE MINORIAS Sugere-se que o professor tenha formação em Filosofia, pois se
•• Maioridade e minoridade racional debate o conceito de minorias para diferentes correntes e
•• DA EDITORA DO BRASIL
As minorias sob o jugo do fascismo e do nazismo organizações sociais.
•• Stalinismo e as minorias nacionais
•• Marxismo e minorias: classe e identidades
INDÍGENAS E AFRODESCENDENTES NO BRASIL Sugere-se que o professor tenha formação em História, pois é
REPUBLICANO feita uma discussão sobre as ações e representações das
•• Teorias raciais no pensamento social populações negra e indígena, ao longo do tempo, na República
•• A tutela indígena brasileira.
•• O mito da democracia racial
•• Avanços na República de 1946
•• Minorias étnicas na Ditadura Civil-Militar
MODERNIDADE BRASILEIRA E A QUESTÃO RACIAL Sugere-se que o professor tenha formação em Ciências Sociais,
•• Dados do racismo no Brasil pois são analisados dados para fundamentar a crítica à
•• Multiplicidade de vozes desigualdade social e étnico-racial no Brasil.
MINORIAS E SEUS ESPAÇOS: INDÍGENAS E QUILOMBOLAS Sugere-se que o professor tenha formação em
•• Violência e o apagamento de minorias Geografia, pois se estuda os espaços ocupados por
•• Constituição Cidadã e seu significado para os indígenas comunidades e povos tradicionais, considerando suas lutas e
•• Ocupar: as demandas históricas de minorias pelo direito de viver reivindicações.
•• População quilombola na Constituição Cidadã
•• Representatividade e participação política
XLIV
UNIDADE 3
OBJETIVO
O objetivo da unidade é que o estudante conheça e compreenda os princípios de justiça, igualdade
e liberdade presentes na Declaração dos Direitos Humanos, bem como da Constituição federal brasileira,
refletindo sobre a aplicação dessas normativas na sociedade brasileira. A unidade também promove
uma análise dos avanços e desafios da Nova República, destacando a conquista de direitos sociais e
os aprimoramentos necessários para a garantia de uma vida digna a toda a população brasileira.
JUSTIFICATIVA
Estudar a política, a democracia e a cidadania por meio de ferramentas metodológicas e conceituais
fornece embasamento para ampliar o repertório crítico do estudante, preparando-o para participar da
vida pública de forma consciente e ativa para assim atuar em espaços de representatividade social e
política em prol da garantia e da efetivação de direitos.
Competência específica
Competências gerais Temas Contemporâneos
de Ciências Humanas e Habilidades
da Educação Básica Transversais
Sociais Aplicadas
PERFIL DO PROFESSOR
XLV
UNIDADE 4
OBJETIVO
A unidade é iniciada com um debate sobre o conceito de utopia e sua aplicação a diferentes formas
de organização social, incluindo o desenvolvimento da ideia de cidadania no Brasil. O intuito é expor
alguns debates pertinentes à construção de alternativas para o presente e o futuro, de modo que o
estudante se localize neles e possa orientar melhor sua ação social, política e cidadã. Para isso, pro-
põe-se reflexão sobre a função social da História e apropriação das ferramentas democráticas para
além do processo eleitoral. Também espera-se que o estudante faça uma análise das relações que se
estabelecem entre organismos internacionais e os Estados no contexto mundial, identificando limites
e possibilidades de atuação desses organismos.
JUSTIFICATIVA
O debate sobre o conceito de cidadania e sobre diferentes ferramentas democráticas contribui para
a formação cidadã do estudante e seu protagonismo social, de modo que se aproprie das discussões
do espaço público de modo crítico. Além disso, a compreensão das disputas nos âmbitos políticos,
sociais e epistemológicos e o posicionamento em meio a elas garantem o protagonismo na construção
de uma perspectiva de futuro mais igualitária, justa e fraterna.
PERFIL DO PROFESSOR
ORGANISMOS INTERNACIONAIS E ORGANIZAÇÃO Sugere-se que o professor tenha formação em Geografia, pois
DO ESPAÇO MUNDIAL analisa-se o papel de organismos internacionais na organização
•• A ONU na atualidade do espaço mundial atualmente.
•• A Organização Mundial do Comércio (OMC)
•• Blocos econômicos: uma nova forma de Estado?
•• Uma agenda internacional?
XLVI
Cronograma
Para trabalhar com os conteúdos indicados anteriormente, sugere-se que este livro seja desenvolvido
ao longo de um semestre. Porém, trata-se apenas de uma sugestão de trabalho. Faça as devidas adap-
tações de acordo com as determinações de carga horária de sua escola e do currículo estadual, levando
também em consideração a realidade e os interesses dos estudantes.
Semest
Introdução do livro 1
Desenvolvimento de
20
conteúdos e boxes
Desenvolvimento da
Unidade 1 2
seção “Conexões”
Desenvolvimento da
1
seção “Atividades”
Desenvolvimento de
21
conteúdos e boxes
Desenvolvimento da
Unidade 2 2
seção “Mídia”
Desenvolvimento da
96 aulas 1
seção “Atividades”
Desenvolvimento de
21
conteúdos e boxes
Desenvolvimento da
Unidade 3 2
seção “Conexões”
Desenvolvimento da
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO seção “Atividades”
1
DA EDITORA DO BRASIL
Desenvolvimento de
20
conteúdo e boxes
Desenvolvimento da
Unidade 4 1
seção “Atividades”
Desenvolvimento da
3
seção “Pesquisa”
XLVII
INTRODUÇÃO DO LIVRO DO UNIDADE 1
ESTUDANTE MODOS DE GOVERNANÇA
REPUBLICANOS
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
VISÃO GERAL
P. 12-13
A introdução é o primeiro contato do estudante com o A Unidade 1 proporciona uma análise sobre a trajetó-
ria da República no Brasil, contribuindo para uma parti-
tema do livro. Por isso, é uma oportunidade para diagnos-
cipação consciente no debate público e para o exercício
ticar quais são suas percepções sobre o conceito de cida-
da cidadania, mobilizando as habilidades EM13CHS602,
dania e a noção de participação política. Para auxiliá-lo
EM13CHS603 e EM13CHS606.
nesse diagnóstico, sugere-se realizar uma discussão entre
os estudantes, sobre a prática do slam. Peça que os estu- Para isso, inicia-se com uma análise de conceitos basi-
dantes pesquisem na internet por competições de poesia lares da Ciência política e da Filosofia política, pelos quais
falada e solicite que prestem atenção: aos temas aborda- é possível classificar práticas e formas de organização do
dos e a forma como são expressados (tom de voz, movi- poder e da administração política da sociedade. Nesse
mentação corporal, configuração da poesia etc). Espera-se sentido, busca-se habilitar o estudante a entender os prin-
que percebam que algumas das temáticas tratadas nesses cipais componentes do processo político e da organização
slams podem se relacionar à suas próprias experiências e do Estado.
que os slammers, muitas vezes, cobram soluções para Em seguida, é feita uma reflexão sobre a história da
alguns problemas do Estado e das instituições políticas. República brasileira no século XX, apresentando as distor-
A pesquisa e o debate sobre slam podem provocar indaga- ções dos princípios republicanos quando ajustados à reali-
ções como: Quem são os sujeitos e/ou grupos sociais que dade política do país de modo a condizer com os interesses
têm seus direitos cerceados? Por que isso ocorre? De que das elites. Desse modo, espera-se que os estudantes com-
forma esses sujeitos podem se organizar para resistir a esse preendam as razões da fragilidade da democracia brasileira,
tipo de marginalização? Os estudantes já sentiram que não a tendência autoritária de certos setores da sociedade e os
eram representados politicamente ou que seus direitos não percalços e lutas para a inclusão de demandas populares
foram respeitados? Como podem lutar contra isso? na Constituição e para a criação de políticas públicas volta-
das ao auxílio das classes menos favorecidas. Assim, bus-
O debate em sala de aula deve ser direcionado, mas os
ca-se mostrar aos estudantes as diferentes visões de Estado
estudantes precisam se sentir livres para expressar suas
e disputas pelo poder que atravessam a história do Brasil
ideias e sentimentos sobre a temática.
republicano, para que compreendam o período atual como
A introdução também pode ser o início do trabalho com uma continuidade desse processo.
o projeto de pesquisa que é proposto ao final do Livro do
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Na sequência, é feita uma discussão sobre a organiza-
Estudante. No projeto, os estudantes vão realizar um estudo
DA EDITORA DO BRASIL
de caso sobre a participação política das mulheres no Brasil.
ção em partidos políticos, analisando-se os seus signifi-
cados e limitações. Por fim, debatem-se as diferentes
Começo de conversa orientações políticas e de desenvolvimento nos diversos
governos republicanos do Brasil, compreendendo-se dis-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes inves-
cursos desenvolvimentistas em diversos contextos e seus
tiguem o que acreditam que precisa ser transformado
impactos sociais, econômicos e espaciais. Dessa maneira,
em sua realidade e quais são as principais formas de
se reflete sobre o processo de integração e articulação
desigualdade e injustiça social que desejam combater.
econômica do território brasileiro.
2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a perceber
a cidadania como uma forma de se expressar politi-
camente e como algo que deve fazer parte dos seus ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
cotidianos.
P. 14
3. Resposta pessoal. Os estudantes podem mencionar
diversos aspectos relacionados à sua experiência que Governos e formas de governar
considerem tópicos marginalizados do debate público. Dá-se início ao estudo dos modos de governança repu-
4. Resposta pessoal. O objetivo da questão é que os estu- blicanos com a abordagem das diferentes formas de
dantes percebam que o fazer político pode ocorrer coti- governo que já regeram e regem diferentes sociedades ao
dianamente e em diferentes lugares, não estando reser- redor do mundo. Para começar, apresente aos estudantes
vado a instituições do poder federal. o conceito geral de governo baseado em sua etimologia e
XLVIII
em seu significado corrente. Em seguida, conversem sobre do povo, caracterizado pela obediência passiva, e totalita-
a noção de governo de si ou autogoverno, apoiando-se na rismo, em que o governo também é ditatorial, mas conta
frase do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984). com o engajamento popular e com a figura de um chefe
Espera-se que eles compreendam que governar a si mesmo “carismático”. Foi o que aconteceu no nazismo de Hitler
implica o uso da consciência para a tomada de decisões (1889-1945), no fascismo de Mussolini (1883-1945) e no
autônomas e responsáveis. stalinismo, com Joseph Stalin (1878-1953), na antiga União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
O conceito de governo também é abordado sob a pers-
pectiva do filósofo iluminista francês Jean-Jacques Chame a atenção para o fato de que o Brasil passou por
Rousseau (1712-1778) na obra Do contrato social. Escla- um período ditatorial entre os anos de 1964 e 1985,
reça que o conceito de governo designa a administração durante o qual a imprensa, artistas, estudantes, professo-
(de um país, de um estado ou de uma cidade) realizada res, trabalhadores e parte da população foram duramente
por uma pessoa ou por um conjunto de pessoas que, reprimidos. Nesse período da história do país, muitas pes-
no exercício legítimo de seu poder, foram incumbidas soas desapareceram e há famílias que até hoje desconhe-
dessa tarefa. cem o paradeiro delas.
O estudo da etimologia das palavras relacionadas às Proponha uma atividade de pesquisa sobre o período
diferentes formas de governo é importante para que os ditatorial no Brasil ou em outros países da América Latina
em que a oposição e a manifestação popular foram repri-
estudantes compreendam a origem e a configuração das
midas. Sugira uma apresentação, por meio de seminários
diversas formas de governo existentes no mundo. Por isso,
ou roda de conversa, dos resultados dessa pesquisa,
é interessante propor um diálogo com a área de Lingua-
incluindo o processo de instauração do governo ditatorial
gens e suas Tecnologias, de modo a auxiliar a investigação
nesses países, o funcionamento das ditaduras, quem
da formação de palavras ligadas ao tema em foco.
foram as pessoas torturadas, quem foram os sobreviven-
P. 15 tes, qual o papel da cultura nesse momento, entre outros
tópicos preestabelecidos.
Estado de exceção Ao abordar o conceito de democracia, enfatize o poder de
Comente que o conceito de estado de exceção diz respeito decisão de um povo por meio da eleição do governante, com
a uma situação em que os indivíduos de uma sociedade não a possibilidade de revogar o mandato, caso o representante
podem recorrer às leis que regem o país para se proteger. não cumpra o que prometeu durante a campanha ou res-
Trata-se de uma situação extraordinária prevista pela Cons- ponda por crime de responsabilidade contra probidade na
tituição federal brasileira, com vistas a garantir a continuidade administração pública, desde que esse crime seja provado.
da normalidade constitucional quando esta for ameaçada. Adicionalmente, saliente que, nesse regime de governo, o
Ressalte, porém, que essa é uma situação que deve ocorrer poder é caracterizado pelo processo de alternância.
apenas quando estritamente necessário e por tempo deter- Sobre esse conceito, espera-se que os estudantes com-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
minado, sob o risco de dar vazão a impulsos autoritários. preendam ainda que a democracia pode ser representativa
ou direta. Essa diferenciação é essencial para que eles iden-
P. 15-18 DA EDITORA DO BRASIL tifiquem, por exemplo, o modelo democrático aplicado atual-
mente no Brasil e reflitam a respeito. Destaque que, na
Formas de poder
democracia representativa, os cidadãos votam em membros
Comece explicando que teocracia é o modelo de de partidos políticos que representam os membros da socie-
governo cujas leis são fundamentadas em escrituras sagra- dade em tomadas de decisões referentes a propostas e pro-
das, como a Bíblia e o Alcorão. A monarquia, por sua vez, jetos implementados no âmbito municipal, estadual ou
deve ser compreendida como a forma de governo na qual federal; já na democracia direta, as iniciativas políticas são
o poder é centralizado, concentrado em uma única pessoa, votadas não por representantes dos cidadãos, e sim pelos
que é a/o monarca (a rainha ou o rei). próprios cidadãos. Verifique se os estudantes concluem que,
Com relação à ditadura, é importante ressaltar como no Brasil, a democracia é representativa.
esse tipo de governo se instaura: de maneira ilegítima, por Lembre-se de reiterar que a democracia é, atualmente,
meio de um golpe de Estado, que consiste na derrubada o modelo de governo que mais inclui os indivíduos de uma
ilegal, por um órgão do Estado, da ordem constitucional sociedade em suas decisões políticas, mas isso não sig-
legítima. Em uma ditadura, qualquer manifestação contrá- nifica que seja um sistema perfeito. Um ponto muito
ria aos desígnios do governo é repreendida por meio de importante a ser abordado é a noção de conflito, que,
fortes mecanismos de repressão, tais como prisão, tortura assim como as diferenças, são legítimos em uma demo-
ou mesmo morte. Além disso, é relevante estabelecer dis- cracia, dado que esta se caracteriza pela inclusão de todos
tinção entre autoritarismo, que designa um governo ditato- e pela decisão da maioria. A existência de diferenças é
rial marcado pela repressão e pela apatia política por parte fundamental para a democracia.
XLIX
Comente que, em uma democracia republicana, como P. 19
no Brasil, o poder é dividido em três instâncias: Executiva
(prefeito, governador e presidente), Legislativa (verea- Atividades
dores, deputados estaduais, deputados federais e sena-
1. Espera-se que os estudantes identifiquem em suas
dores) e Judiciária (funcionários públicos concursados).
pesquisas que o Irã vive sob um regime teocrático
Explicite o que são essas esferas e o papel que elas assu-
desde 1979, governado por um líder supremo que
mem em um governo democrático. Apresente cada uma
é eleito em decorrência de seus conhecimentos teo-
dessas instâncias ou proponha uma pesquisa em grupo.
lógicos. Quanto à Nigéria, apesar de seu governo
Explique que o conceito de república tem origem configurar-se como uma república federativa demo-
latina e significa “coisa pública”, ou seja, refere-se aos crática representativa, em que o presidente é esco-
bens públicos, pertencentes a todos os indivíduos de lhido pelo povo, existem grupos, como o Boko
uma sociedade. Para proporcionar uma compreensão Haram, que se caracterizam pelo caráter fundamen-
mais efetiva dos estudantes, elenque instituições de talista e que lutam há anos para o estabelecimento
caráter público que oferecem serviços a todos os mem- de uma teocracia no norte da Nigéria. Já a Arábia
bros de uma sociedade, como escolas públicas, hospitais Saudita caracteriza-se pelo governo monárquico
públicos, praças públicas, bibliotecas públicas. Inicie absolutista, em que o rei é chefe de Estado e de
uma discussão sobre a importância da existência desses Governo, e cuja Constituição está baseada na Sharia
bens e da desmistificação da ideia de que tudo o que é e no Alcorão, o que demonstra o caráter teocrático
público é de má qualidade. Espera-se que eles com- do governo.
preendam que, em uma República (como o Brasil), o
2. Espera-se que os estudantes identifiquem que gover-
povo delega representantes temporários responsáveis
nar é a habilidade de uma pessoa ou um grupo orga-
pela administração pública, com base no interesse
nizar, de maneira legítima, um país, estado ou cidade,
comum da população.
de acordo com o que lhe foi delegado e com o regime
No texto de apoio, as historiadoras Lilia Schwarcz (1957-) político vigente.
e Heloisa Starling (1956-) debatem a questão das múltiplas
3. Espera-se que os estudantes identifiquem que o con-
faces da república.
ceito de República delineia uma organização política
Texto de apoio baseada na organização do povo, em assembleias,
por exemplo, para as tomadas de decisões visando
ao bem de todos. No Brasil, essa organização acon-
Mas há também outras faces da república a serem
tece por meio das eleições, em que os cidadãos esco-
exploradas. O compromisso do republicanismo com
uma concepção de liberdade que não dispensa o en- lhem seus governantes, e pela organização do corpo
volvimento dos cidadãos nos assuntos públicos e na político em Câmaras dos Deputados e Senado, que,
formulação do bem comum permite pensar a repú- em teoria, representam os interesses da população
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
blica à luz de suas oposições, melhor dizendo, de
seus “outros”. O outro da república é a tirania – isso
e da democracia.
DA EDITORA DO BRASIL
inclui as tiranias de qualquer tipo: monarquias ab- 4. Espera-se que os estudantes identifiquem na charge
solutistas, despotismos, ditaduras modernas ou an- que a reunião de todas as pessoas de uma sociedade
tigas. Uma tirania não deixa de ser republicana por (ou a maioria delas) provoca, inevitavelmente, o surgi-
ter um governante único, mas sim por não levar em
consideração o interesse público, por não respeitar mento de diferenças e conflitos, o que é absolutamente
a liberdade do cidadão e por não agir segundo os legítimo. Porém, a charge retrata uma situação na qual
critérios de justiça e de função agregadora do direi- essas diferenças são excluídas da tomada de decisão,
to. Por essa razão, nos tempos atuais, a república e embora se levante a necessidade de um pacto que
a prática republicana são opostas a todas as formas
de autoritarismo. envolva a sociedade integralmente. Retome, se neces-
Portanto, falar de republicanismo na contempo- sário, as ideias de Platão (427 a.C-347 a.C.) e Marilena
raneidade exige tratar de democracia – ou para usar Chaui (1941-): uma democracia só pode ser assim
o argumento do filósofo Claude Lefort, hoje “a re- caracterizada quando o povo está unido e respeita a
pública tornou-se democrática e a própria demo- vontade das maiorias e das minorias.
cracia é republicana ou então deixa de designar
uma sociedade política”. Mas democracia não é um 5. Espera-se que os estudantes retomem os conceitos
sinônimo de república e menos ainda denota uma abordados por Renato Janine Ribeiro (1949-) para
forma política de natureza republicana e muito compreender que uma república pode até não ser
desejável.
democrática, como foi o caso do Brasil em determina-
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel.
Dicionário da República. São Paulo: Companhia das Letras,
dos momentos da história. Contudo, para que uma
2019. E-book. democracia exista e seja efetiva, é necessária a exis-
tência da república.
L
P. 20
Texto de apoio
A República brasileira no século XX
Ao introduzir o assunto, faça um levantamento dos Apesar dessas tentativas de mobilização popular,
conhecimentos prévios dos estudantes sobre o tema e a República se faria como a Independência se fizera
esclareça quais são as habilidades e competências a – sem a colaboração das massas. O novo regime re-
serem desenvolvidas. sultaria de um golpe militar. Nos meios republica-
nos, a estratégia conspiratória prevaleceu sobre a
Reitere que o termo “república” se origina do latim
estratégia revolucionária. O Exército apareceu aos
res publica, cujo significado é “coisa pública”. Logo, um
olhos das novas elites como um instrumento ideal
modelo de governo republicano é aquele construído com para derrubar a monarquia e instituir um novo re-
base nos interesses coletivos da sociedade em detrimento gime que as colocasse no poder.
de interesses particulares ou de um grupo social. Reforce
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República:
que uma república pode apresentar formas diferentes de Momentos Decisivos. São Paulo: Unesp, 1999. p. 15.
organização política. No Brasil, o advento da passagem para
a República foi resultado de um golpe militar, o que fez com
que o modelo instaurado no Brasil em 1889 fosse militarista Primeira República (1889-1930)
e militarizado, ainda que republicano. Explique que a República da Espada foi o nome dado
ao período entre 1889 e 1894, que contou com a hege-
P. 21
monia dos militares no poder. Logo após, iniciou-se a
A Constituição de 1891 chamada República Oligárquica (1894-1930), em que
Comente que a Constituição de 1891 não é a primeira o poder se concentrou nos membros da elite agrária
Constituição brasileira, mas sim a primeira do período brasileira. Espera-se que os estudantes percebam que,
republicano, inspirada no modelo estadunidense. apesar da adoção de um modelo republicano, ainda hoje
se repete a estrutura de concentração de poder nas
Nesse momento, proponha uma reflexão sobre o sig-
mãos das elites, o que vem se repetindo desde o domí-
nificado real do termo “sufrágio universal” no Brasil e do
nio colonial.
próprio estabelecimento de um governo republicano –
teoricamente construído por todo o povo de uma nação O voto de cabresto era a prática de suborno, ou seja,
– quando, na verdade, a participação política é restrita a compra de votos ou abuso do poder econômico utili-
a uma parcela ínfima da população e os poderes políticos zada pelos “coronéis” para fraudar as eleições durante
se concentram nas mãos de uma parcela ainda menor. a Primeira República.
Pergunte aos estudantes: “Quem é representado pelo Espera-se que os estudantes percebam que, no
termo universal?”. período em foco, a República não era sinônimo de repre-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Um dos objetivos neste momento de estudo é que os sentação popular e que os métodos eleitorais eram, em
estudantes percebam que o governo republicano no Bra- geral, fraudulentos.
DA EDITORA DO BRASIL
sil nunca pretendeu adotar um modelo de representati- Comente que predominava entre a população o senti-
vidade de todas as camadas da população brasileira, mas mento de descrença na via eleitoral, enxergando-a como
sim de camadas específicas que não tinham nenhum algo que não funcionava ou que era pouco justo. E, de fato,
acesso, ou acesso reduzido, ao poder político no domínio as eleições eram processos fraudulentos e sem supervi-
imperial, como as elites agrárias, as burguesias urbanas são: o voto não era secreto e não havia um órgão de justiça
ascendentes e os militares. eleitoral, o que só foi criado em 1932, já com Getúlio Var-
Espera-se que eles compreendam que a passagem para gas (1882-1954) no poder.
a República para boa parte da população brasileira não Proponha uma reflexão sobre como essa descrença
teve o significado de uma ruptura brusca com o período em relação às instituições políticas brasileiras continua
imperial anterior nem necessariamente respeitou uma presente em parte da população. Questione-os: “Por
ordem “evolutiva”, uma vez que, para alguns setores, o que que, para algumas camadas sociais, a política parece
se verificou de fato foi retrocesso e piora nas condições de ineficaz ou injusta?”; “Como isso pode ser um resquício
vida. Essa sensação também decorre da falta de partici- do modo como a República brasileira foi formada?”.
pação popular na Constituição da República, em que a Esse processo é importante para despertar o pensa-
população não assume protagonismo no processo. mento crítico dos estudantes com relação ao conteúdo
No texto de apoio, a historiadora Emília Viotti da Costa abordado e também para promover o desenvolvimento
(1928-2017) fala da exclusão da população do processo da habilidade de estabelecer paralelos do passado com
de estabelecimento da República. o presente.
LI
Vargas. Verifique se eles entendem a ligação de Vargas
P. 22-23
com a classe trabalhadora; para evitar as manifestações
A Era Vargas da classe, ele acabou cedendo às reivindicações históricas
dos operários. Entretanto, ao mesmo tempo que concedia
Certifique-se de que os estudantes compreendam o
benefícios e assistências às populações mais carentes,
início da Era Vargas como uma ruptura importante na
Getúlio Vargas perseguiu críticos do seu governo, como
política brasileira. Explique que esse foi o nome dado
os partidos políticos de esquerda.
ao período em que Getúlio Vargas esteve no poder, de
1930-1945. O historiador Boris Fausto, no texto de apoio, indica
algumas características da política trabalhista de Vargas.
O historiador Boris Fausto (1930-), no texto de apoio,
indica algumas características do novo Estado desenvol- Texto de apoio
vido nessa era de poder.
Um dos aspectos mais coerentes do governo
Texto de apoio
Vargas foi a política trabalhista. Entre 1930 e 1945,
ela passou por várias fases, mas desde logo se apre-
Um novo tipo de Estado nasceu após 1930, dis- sentou como inovadora com relação ao período an-
tinguindo-se do Estado oligárquico não apenas terior. Teve por objetivos principais reprimir os
pela centralização e pelo maior grau de autonomia esforços organizatórios da classe trabalhadora ur-
como também por outros elementos. Devemos acen- bana fora do controle do Estado e atraí-la para o
tuar pelo menos três dentre eles: 1. A atuação eco- apoio difuso do governo. No que diz respeito ao pri-
nômica [...]; 2. A atuação social, tendente a dar meiro objetivo, a repressão se abateu sobre partidos
algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, e organizações de esquerda, especialmente o PCB,
incorporando-os, a seguir, a uma aliança de classes logo após 1930.
promovida pelo poder estatal; 3. O papel central [...] O sindicato foi definido como órgão consul-
atribuído às Forças Armadas – em especial o Exér- tivo e de colaboração com o poder público. Adotou-
cito – como suporte de criação de uma indústria de
-se o princípio da unidade sindical, ou seja, do re-
base e sobretudo como fator de garantia de ordem
conhecimento pelo Estado de um único sindicato
interna.
por categoria profissional. [...]
Tentando juntar estes elementos em uma síntese,
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp,
poderíamos dizer que o Estado getulista promoveu o 2006. p. 335.
capitalismo nacional, tendo dois suportes: no apare-
lho de Estado, as Forças Armadas; na sociedade, uma
aliança entre a burguesia industrial e setores da clas-
se trabalhadora urbana. Foi desse modo, e não porque O autoritarismo no Estado Novo
tivesse atuado na Revolução de 1930, que a burguesia
Explique que o Plano Cohen foi a justificativa utilizada
industrial foi promovida, passando a ter vez e força
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
no interior do governo. O projeto de industrialização pelo governo brasileiro para boicotar as eleições marcadas
[...] foi aliás muito mais dos quadros técnicos gover- para 1938. De acordo com o conteúdo desse documento,
DA EDITORA DO BRASIL
namentais do que dos empresários. haveria um suposto plano para a tomada de poder por
As transformações apontadas não ocorreram da parte dos comunistas.
noite para o dia, nem correspondem a um plano de
Pergunte aos estudantes: “É possível relacionar esse
conjunto de governo revolucionário. Elas foram sen-
do realizadas ao longo dos anos com ênfase maior discurso, proferido em 1937, com a realidade política atual
neste ou naquele aspecto. Desse modo, uma visão de do Brasil?”; “Ainda há a ideia de uma ameaça comunista
conjunto só se tornou clara com a perspectiva dada no cenário brasileiro?”. Verifique se eles apresentam argu-
pelo tempo [...]. mentos fundamentados e coerentes.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006.
p. 327-328.
Incentive os estudantes a relacionar o recrudescimento
do autoritarismo do governo Vargas durante o Estado Novo
(1937-1945) – período ditatorial da Era Vargas – com o
O trabalhismo de Vargas cenário político mundial de ascensão dos governos tota-
litários europeus, com o nazifascismo.
Explique aos estudantes que, a partir da década de
1930, com o governo Vargas, o Brasil passou de uma Por fim, proponha que os estudantes reflitam sobre
sociedade essencialmente agrícola para uma que viven- como a propaganda e os meios de comunicação são gran-
ciou a expansão da urbanização. Nesse cenário, a classe des aliados dos governos autoritários. No texto de apoio,
operária urbana, até então desassistida pelas políticas leia sobre o Departamento de Imprensa e Propaganda
públicas, aumentou e se tornou uma das bases do governo (DIP) instaurado no governo de Vargas.
LII
Texto de apoio P. 24
LIII
Espera-se que os estudantes reconheçam os governos (1919-1976) para efetivar o golpe. Incentive os estudantes
populistas como uma forma de contenção das massas de a refletir sobre como o discurso de ameaça comunista – no
trabalhadores. Se, por um lado, os políticos se aliam aos auge da Guerra Fria – foi utilizado como forma de romper
discursos de apoio aos trabalhadores, por outro, os gover- com a democracia no país.
nos não são compostos de membros dessa classe. Proponha que eles pensem a respeito da fragilidade
das tradições democráticas no Brasil e de que maneira
Boxe: Peronismo na Argentina
isso se reflete no atual cenário brasileiro.
Veja, no texto de apoio, como Boris Fausto se refere ao
peronismo e getulismo.
P. 28
Texto de apoio
A Ditadura Civil-Militar
Peronismo e getulismo iriam se aproximar em Elucide que o período que vai de 1964 até 1985 é
muitos pontos. Ambos pretendiam promover no pla- chamado de “Ditadura Civil-Militar” justamente por ter
no econômico um capitalismo nacional, sustentado contado com o apoio de camadas da população civil para
pela ação do Estado. Ambos pretendiam no plano po- se manter vigente durante tanto tempo. A elite brasileira,
lítico reduzir as rivalidades entre as classes, chaman- grandes empresários e meios de comunicação foram
do as massas populares e a burguesia nacional a uma
apoiadores e patrocinadores do governo militar.
colaboração promovida pelo Estado. Desse modo, o
Estado encarnaria as aspirações de todo o povo e não Destaque a participação do governo estadunidense na
os interesses particulares desta ou daquela classe. construção e na consolidação do golpe militar. Os estu-
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006. dantes devem relacionar a interferência dos Estados
p. 387-388. Unidos na política brasileira e de outros países da Amé-
rica Latina, dentro do contexto da Guerra Fria, como modo
de estabelecer a sua hegemonia na região.
P. 26
Alguns desafios podem surgir ao abordar esse tema. Em
virtude das tendências revisionistas, alguns estudantes
A República de 1946
podem suscitar a discussão sobre a não existência de uma
Ajude os estudantes a notar que a virada na política
ditadura no Brasil, bem como reproduzir uma versão de que
brasileira a partir de 1946 se associou também às mudan-
ela tenha sido branda ou benéfica. Lembre-os, contudo, de
ças do contexto político mundial após o término da
que a História é uma ciência, feita, portanto, de métodos. O
Segunda Guerra. Essa mudança é representada sobretudo
entendimento esperado é de que a História não deve ser
pela participação da população nas eleições, que efeti-
tratada como uma opinião; é preciso ser baseada em estu-
vamente se faz em um processo democrático, depois de
dos, pesquisas, documentos etc.
anos de ditadura. Entretanto, é necessário compreender
É necessário proporcionar essa visão para que os estu-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
os elementos que permaneceram no período que se ini-
ciou, visto que a transição foi feita sem rupturas bruscas. dantes não desvalorizem o conhecimento produzido den-
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Um dos objetivos deste conteúdo é o entendimento, pelos tro da sala de aula. Alerte também sobre a importância,
estudantes, da força do varguismo, mesmo após a saída inclusive constitucional, de defender a democracia e
do presidente, em 1945. comente a relevância da construção de uma memória
acerca do período da ditadura militar para que eventos
Boxe: O problema do termo “populismo” como esse não voltem a se repetir. A expectativa é de que
Explique que Vavy Pacheco Borges traça uma crítica se desenvolva a habilidade de enxergar a História como
aos teóricos que caracterizam todo o período que vai de ferramenta cidadã.
1946 a 1964 como populista, sem reconhecer as especi-
ficidades de cada governo, as quais contribuíram para P. 29
construir tradições presentes na política brasileira até hoje.
Atividades
P. 27
1. a)
O principal argumento do trecho é de que os populis-
O governo João Goulart tas buscam mobilizar a população e manipular a opi-
nião pública a seu favor ainda que ao custo do ataque
O tema central deste texto consiste no papel da elite
brasileira civil no processo que levou ao Golpe Militar. e do desrespeito à política institucional. Portanto seu
Os setores conservadores do Exército se apoiaram no sen- objetivo não é governar, mas se manter no poder.
timento de medo da população diante de uma nova suposta b) De acordo com o filósofo Roger Scruton, políticos
ameaça comunista representada por João Goulart populistas não possuem interesse no processo
LIV
político institucional e na democracia represen- b) Para responder a essa questão, os estudantes
tativa, pois não abririam mão de abandonar os podem fazer alusão aos períodos estudados na
procedimentos legais de governo para atingir seus unidade, como a Era Vargas, ou usar como exem-
objetivos, o que em geral é feito por meio da agi- plo governos mais recentes. É importante que, ao
tação das massas em busca de apoio popular. apontarem os contextos, eles expliquem os mo-
c) Scruton e Negro têm visões diferentes sobre o fe- tivos que os levaram a classificá-los como popu-
nômeno do populismo. Enquanto o primeiro busca listas. No tocante a Era Vargas, é possível falar
dar uma definição ao termo afirmando que este se sobre as demandas sociais atendidas por Vargas,
baseia na agitação dos “sentimentos irrefletidos da ao mesmo tempo que seu governo favorecia ban-
queiros e os setores da burguesia.
massa”, Negro afirma que o termo é de difícil defi-
nição e esta é quase sempre apoiada na ideia de c) A charge ironiza alguns apelos do discurso populista
que a população é facilmente manipulável. como “redução de impostos”, “liberdade de expres-
são” e “saúde para todos” ao complementar dizendo
2. a) Para Tocqueville, o Estado paternalista busca pro-
que apenas os ricos e as grandes corporações são
ver a população com aquilo que lhe é necessário,
os beneficiados. Por isso, o populismo possui uma
mas como consequência impede o seu desenvol-
retórica que supostamente representa os interesses
vimento devido ao assistencialismo.
do povo, mas está articulado com os interesses das
b) Resposta pessoal. Sugira ao estudante que consi- elites. Logo, a charge reforça a visão de que os po-
dere as vantagens e desvantagens do assistencia- pulistas se aproveitam da disputa entre ricos e pobres
lismo e da “tutela” do Estado, sobretudo para a para atrair a população e se manter no poder.
população mais pobre, ao formular sua resposta.
P. 30
3. Conduza a discussão entre a turma, enfatizando que,
na História, os maniqueísmos não ajudam na cons- Partidos políticos no Brasil
trução do conhecimento. Lembre-os de que, ao longo Como parte da formação para a cidadania, esse item
dos quinze anos da Era Vargas, o governo de Getúlio se utiliza dos conceitos, métodos e análises da Ciência
apresentou diversas “faces”, combinando uma polí- política para pensar a democracia liberal e seu principal
tica paternalista com repressão política e a centrali- instrumento: os partidos políticos.
zação do poder na sua imagem. Entretanto, espera-se
Os partidos políticos são alvo de intensos debates na
que os estudantes concluam que na maior parte
sociedade e, em todo o mundo, sofrem um processo de
dessa era o que se vivenciou foi um governo ditatorial,
desgaste por causa da a negação da política como esfera
o Estado Novo, que fez uso principalmente de instru-
de negociações e de utopias, levando a um retorno de
mentos de repressão para manter seu domínio.
ideologias autoritárias que deslegitimam os partidos
Auxilie as duplas na elaboração da pesquisa, reto- como instituições que organizam os interesses dos vários
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
mando os conceitos a serem mobilizados. A expec- grupos sociais.
tativa é de que eles apontem as diferenças e as
DA EDITORA DO BRASIL A polarização política contemporânea impulsiona
semelhanças fundamentais entre os dois períodos.
estudantes e a juventude a se interessar cada vez mais
Entre as semelhanças estão a repressão do Estado
por temas ligados à vida política da sociedade, acompa-
aos opositores do regime, a restrição das atividades
nhando as notícias com bastante intensidade. Dessa
políticas (fechamento do Congresso Nacional, no-
maneira, esse item busca auxiliar os estudantes a anali-
meação de prefeitos e governadores etc.) e o cará-
sar e compreender seu lugar no mundo e na política de
ter desenvolvimentista do plano econômico. Como
forma mais ampla, com a ciência política para fundamen-
diferença básica está o fato de o Estado Novo ter
tar sua interpretação dos fenômenos democráticos para
sido liderado por um civil (Getúlio Vargas), enquan-
além do senso comum.
to a ditadura de 1964-1985 foi conduzida por mi-
As atividades propostas objetivam ensinar o estudante
litares. Espera-se, ainda, que seja apontado que o
a escolher e a pesquisar os temas e grupos políticos de
princípio fundamental do Republicanismo é a par-
seu interesse, articulando questões locais, nacionais e
ticipação popular na política, não presente em ne-
internacionais.
nhuma ditadura.
4. a) A charge critica a política populista, ao retratá-la P. 31-32
como um modelo que afirma representar os inte-
resses da massa da população, mas que economi- A Ciência política: Estado e sociedade
camente favorece as grandes corporações e as A Ciência política é apresentada ao estudante para
elites sociais. que ele possa compreender que há um processo de
LV
sistematização do conhecimento sobre o mundo polí- ouvir. Espera-se que os estudantes consigam exerci-
tico, que vai além de questões pontuais. As ferramentas, tar sua capacidade de argumentação e abstração para
os métodos e as teorias que fundamentam esta ciência entender a função e a relevância dos partidos numa
empírica servem de balizador para que o estudante sociedade democrática. A falta deles pode implicar
apreenda a linguagem própria deste campo. em regimes autoritários, na limitação da liberdade e
Nicolau Maquiavel (1469-1527), Karl Marx (1818- na fragilidade, principalmente dos mais pobres.
-1883) e Max Weber (1864-1920) são os principais teó- 3. Essa atividade tem por objetivo ajudar o estudante
ricos que dão origem ao pensamento concreto sobre a a compreender os processos que minam, pouco a
relação entre estado e sociedade, dos quais derivam as pouco, a democracia, como o tema da cláusula de
pesquisas sobre a política na modernidade. Em sala de barreira. Uma importante análise desse processo foi
aula, pode-se aprofundar no debate sobre a importância feita pelo jornalista e professor Hélio Doyle. Dispo-
dos clássicos para pensar o mundo e se, no caso dos nível em: https://www.brasil247.com/blog/clausula
partidos e fenômenos políticos, ainda valem para analisar -de-barreira-pode-ser-mas-assim-e-demais/,
a sociedade contemporânea. (acesso em: 29 ago. 2020). Espera-se que os estu-
dantes consigam reunir e sistematizar informações
P. 32-34 sobre o tema para que tomem suas próprias deci-
sões e se posicionem com embasamento. Em 1995
Partidos políticos: conceito, foi criado esse dispositivo, que retirava a condição
funções e dilemas dos partidos pequenos de ter acesso ao fundo elei-
A abordagem desse tema se baseia em importantes toral, de ter representação partidária e de indicar a
autores da Ciência política, como Norberto Bobbio (1909- presidência nas comissões da Câmara e do Senado.
-2004), para oferecer ao estudante uma perspectiva mais Esse dispositivo foi considerado inconstitucional
abrangente dos partidos políticos e sua função na socie- pelo STF, mas voltou a ser debatido nas eleições de
dade. Os três principais momentos que marcam a história 2018 e 2020.
dos partidos são apresentados: os partidos da burguesia, 4. A atividade busca conectar os estudantes aos proces-
na figura do partido dos notáveis; os partidos operários, sos políticos partidários mais amplos, como uma fer-
como os partidos de massa; e os partidos de caráter elei- ramenta para que compreendam os processos inter-
toral, com a análise que embasa a sua crise de legitimidade nacionais e os grandes partidos da história moderna
contemporânea. no mundo e ampliem seu repertório de conhecimen-
tos sobre temas contemporâneos. Desse modo, espe-
Em seguida, discutem-se as disputas que se manifes-
ra-se que eles consigam estudar aspectos políticos e
tavam por meio de conflitos partidários, na história do
sociais de um país que os interesse por meio da situa-
Brasil, do período colonial até a contemporaneidade. Essa
ção de seus partidos e de suas disputas, de forma a
análise auxilia o estudante a compreender as classes
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sociais e os interesses de vários grupos brasileiros em
atender a habilidade EM13CHS603, compreendendo
e aplicando conceitos políticos básicos na análise da
DA EDITORA DO BRASIL
disputa no cenário político.
formação de diferentes países, povos e nações e de
suas experiências políticas.
P. 35
Atividades P. 36
LVI
presidente esperava impulsionar a industrialização no pela busca de trabalho nas indústrias que estavam se
Brasil porque os investidores perceberiam que não seria instalando nessa região.
mais vantajoso investir no mercado imobiliário e trans- Por fim, destaque a complexidade do mapa nos anos
feririam o capital para o setor industrial. 1990, mostrando como grande extensão do território
brasileiro está conectada à economia nacional. Aponte,
P. 37 por exemplo, que a capital do país havia sido transferida
para Brasília, o que deu maior dinamismo econômico
Guerra, indústria e o apoio estadunidense para a região Centro-Oeste. Elucide também que a ativi-
Os Estados Unidos tinham grande interesse em anga- dade agropecuária avançou sobre essa região, especial-
riar o apoio da América Latina durante a Segunda Guerra mente por meio da pecuária e do plantio de soja, e que
Mundial, e uma das razões era o desejo de obter maté- essas atividades correspondiam, naquele momento, às
rias-primas que estavam em falta em sua indústria frentes de expansão em direção à região Norte.
naquele momento, como o látex, extraído das seringuei-
ras da região Norte do Brasil. Para atingir seus objetivos, P. 39
os estadunidenses concederam crédito e armamentos
ao governo brasileiro. Esse período ficou conhecido, em A República na segunda metade do
toda a América Latina, como Política da Boa Vizinhança. século XX: motores do desenvolvimento
Se possível, explore a diferença desse momento e de É importante tratar das políticas governamentais que
outros, como aquele marcado pela Doutrina Monroe, deram impulso ao desenvolvimento econômico e territorial
quando os Estados Unidos e os países latino-americanos do país. Tendo por base as estratégias e o movimento dos
mantinham outro tipo de relação. Aborde também como governos Vargas e Juscelino Kubitschek (1902-1976),
a cultura foi utilizada como estratégia para uma aproxi- considere explorar os investimentos e o desenvolvimento
mação com o Brasil e demais países da região, o que da indústria, com destaque para os investimentos na área
pode ser exemplificado por meio da criação do perso- de transportes. Nesse contexto, abordar a importância da
nagem Zé Carioca. integração do território, promovida pelos meios de trans-
porte, passando pelas escolhas da matriz brasileira de
P. 38 transporte que privilegiou, principalmente a partir de 1930
o transporte rodoviário.
Brasil: território e desenvolvimento
Explore os mapas reproduzidos no livro. Inicialmente, P. 40
oriente os estudantes a se reunir em grupos para discu-
tir o que compreenderam dos mapas e, em seguida, Mudanças sociais e territoriais
anotarem e apresentarem suas análises à turma. Na Destacar as transformações promovidas na segunda
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sequência, conduza uma reflexão coletiva em uma roda metade do século XX, sobretudo as ligadas à urbanização
de conversa.
DA EDITORA DO BRASIL do país, destacando que a industrialização levou milha-
Destaque que, no mapa do final do século XIX, poucos res de pessoas para as cidades, processo paralelo à
espaços estavam conectados à economia nacional, res- mecanização do campo e expulsão dos trabalhadores
tritos entre as áreas de cultivo de café no Sudeste e de rurais dessas áreas. Nesse sentido, o gráfico de popula-
cana-de-açúcar no Nordeste. Além disso, evidencie o ção por situação de domicílio auxilia a visualização da
fluxo migratório que já existia do Nordeste para o Norte dinâmica de mudanças em relação à população rural e
do país, em função do início do ciclo da borracha. Indique urbana ao longo do tempo.
os fatores que levaram a essa migração, enfatizando que
eles não se resumem à seca: embora possam coincidir P. 41
com os grandes picos de falta de chuva, os maiores flu-
xos estão relacionados, sobretudo, à estrutura fundiária A ditadura e as contradições do período
no Nordeste. Demonstre as condições de vida dos trabalhadores
Ressalte que, no mapa dos anos 1940, é possível nesse período, quando houve imensa expansão das peri-
visualizar que o espaço conectado à economia nacional ferias nas grandes cidades brasileiras. Apesar de o Banco
localizado na região Sudeste se expandiu, motivado pelos Nacional de Habitação (BNH) ter financiado moradias
investimentos em infraestrutura e pela industrialização, para a população durante quase todo o período da dita-
então realizados por Getúlio Vargas. Além disso, é impor- dura, os mais pobres não foram significativamente bene-
tante salientar o fluxo migratório de origem nordestina ficiados e tiveram de recorrer a formas precárias de
em direção ao Sudeste, provocado, entre outras razões, habitação, como as favelas.
LVII
Explique que o aumento da desigualdade social no P. 44
período foi uma decorrência da interdição dos sindicatos,
pois não havia como os trabalhadores se organizarem O milagre econômico
para reivindicar melhores condições de trabalho e Proponha que os estudantes comparem os gráficos
aumento salarial. apresentados e percebam que, ao mesmo tempo que o
PIB do país teve momentos de crescimento na década de
P. 42-43
1970, houve também, no período, um impulso na concen-
Conexões: Desmatamento e saúde tração de renda do 1% mais rico da população.
Se for viável, incentive a turma a pesquisar com mais
Tendo como tema central a questão do desmatamento
detalhes a repreensão social vivida durante a ditadura
e seus prejuízos à saúde humana e à biodiversidade, a
militar, sobretudo ao longo da década de 1970, período
seção possibilita o trabalho com os seguintes Temas
do chamado “milagre econômico”, quando vigorava o Ato
Contemporâneos Transversais: educação ambiental e
Institucional 5 (AI-5). Chame a atenção para aspectos
saúde. Para refletir sobre esse tema central, os estudan-
como a censura às manifestações artísticas e políticas, e
tes entrarão em contato com debates das áreas de Ciên-
cias Humanas e Socias Aplicadas e de Ciências da a repreensão aos sindicatos.
Natureza e suas Tecnologias, podendo reconhecer como
P. 45
esses campos são articulados em diversos aspectos da
realidade. Atividades
Caso julgue adequado, articule o trabalho dessa seção 1. A crise de 1929 e seus impactos na economia do café
juntos aos professores de Ciências da Natureza, combi- somaram-se a outros fatores que foram importantes
nando a melhor maneira de potencializar o trabalho com
para o aumento da industrialização no Brasil. Naquele
as habilidades das duas áreas.
momento, no qual foram decisivas as políticas implan-
Proponha aos estudantes que reflitam a respeito das tadas por Getúlio Vargas, estavam lançadas as bases
consequências do desenvolvimento sobre os biomas e o para a passagem da sociedade brasileira de agroex-
ambiente, de forma geral, de modo a compreender como portadora para uma sociedade urbano-industrial.
essas intervenções, sobretudo quando estabelecidas de
2. De acordo com Schwarcz e Starling, “O Plano de Metas
modo predatório e sem controle, podem, além de alterar
definiu 31 objetivos com enfoque privilegiado em
o equilíbrio dos ecossistemas, causar impactos sérios na
quatro pontos. Na primeira prioridade, o governo pre-
vida e na saúde humana. Procure instigá-los a refletir sobre
via alocar investimentos para o setor de transportes,
os dados e informações trazidos, relacionando-os às dis-
em especial o rodoviário, e incentivar a indústria auto-
cussões feitas na unidade.
mobilística – as outras três prioridades canalizavam
RESPOSTAS
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO recursos em energia, indústria pesada e alimentos.”.
1. Auxilie os estudantes a encontrar essas imagens. Portanto, o plano do governo Juscelino Kubitschek
DA EDITORA DO BRASIL
Além da pesquisa na internet, eles podem consultar envolvia investimentos em áreas estratégicas para o
arquivos da prefeitura do munícipio e/ou biblioteca desenvolvimento nacional: indústria, energia e trans-
públicas que podem oferecer imagens que não foram portes, além da meta-síntese: a construção de Bra-
ainda digitalizadas. sília. O elevado interesse no desenvolvimento da
2. Espera-se que os estudantes expliquem que o desma- indústria automobilística e a manutenção do rodovia-
tamento no Brasil foi iniciado no século XVI com a rismo como a opção principal da matriz de transpor-
exploração do pau-brasil e, ao longo do tempo, os bio- tes levaram à ampliação e construção de rodovias, de
mas foram desmatados para construção de estradas, modo a favorecer a integração e o desenvolvimento
expansão agrícola e agropecuária etc. Isso levou ao econômico do país.
aumento populacional nas regiões desmatadas e, con- 3. Oriente os estudantes em uma pesquisa sobre os
sequentemente, a desequilíbrios ambientais e ao projetos de grande porte realizados na Amazônia
aumento de disseminação de doenças infecciosas durante a Ditadura Civil-Militar. Entre eles, incluem-
nessas regiões. -se: a construção da rodovia Transamazônica, o Pro-
3. Espera-se que os estudantes expliquem que o desma- jeto Carajás, o Sivam – Sistema Integrado de Vigilân-
tamento levou ao aumento populacional nas regiões cia da Amazônia e o Projeto Calha Norte. Discuta
desmatadas, possibilitando maior proximidade entre também a relativa negação da ocupação existente
animais e humanos, o que tem propiciado situações nessa área, que era tratada, em alguns casos, como
de risco de transmissão de vírus entre espécies. um vazio demográfico.
LVIII
torturas, desaparecimentos e mortes praticados em nome da
INDICAÇÕES COMPLEMENTARES manutenção do regime militar no Brasil.
LIX
proposta, porém, no tocante à garantia e à fruição de direitos,
UNIDADE 2 o conceito de minorias pode, contraditoriamente, ser usado
MINORIAS SOCIAIS E para fazer referência a uma maioria da população. Isso ocorre
DEMANDAS HISTÓRICAS porque, no contexto em questão, esse conceito designa a
parcela da população formada por indivíduos cujos direitos
são negados ou negligenciados pelo Estado.
VISÃO GERAL
A Unidade 2 propõe uma discussão sobre a relação entre P. 46-47
minorias e a representatividade e a participação política,
mobilizando as habilidades EM13CHS601 e EM13CHS605.
Maioridade e minoridade racional
Para isso, inicialmente debate-se o conceito de minorias Saliente que esta última visão sobre o conceito de mino-
para diferentes correntes e organizações sociais. ria tem resquícios históricos, na medida em que, no século
XVIII, por exemplo, eram considerados cidadãos, de
Em seguida, reflete-se sobre o complexo processo de
acordo com Immanuel Kant (1724-1804), os homens
inclusão e exclusão de afrodescendentes e indígenas na
livres e independentes (portadores de maioridade intelec-
ordem social brasileira, sobretudo durante o período repu-
tual e, logo, de direitos), o que excluía todo o grupo de
blicano. O objetivo é fazer com que o estudante compreenda
pessoas formado por mulheres, crianças, escravos, estran-
os múltiplos conflitos e lutas sociais envolvidos na elabo-
ração de uma agenda estatal e de políticas públicas de geiros, idosos, entre outros.
redução das desigualdades sociais e raciais, observando as Igualmente relevante é a compreensão de que, atual-
práticas arraigadas de segregação desses grupos e a origem mente, no Brasil, constituem-se como minorias mulheres,
colonial dos mecanismos de exclusão. Também busca-se crianças, idosos, pessoas negras, indígenas, homosse-
conscientizar os estudantes de que indivíduos socialmente xuais, transgêneros, pessoas com deficiência física ou
excluídos são sujeitos de direitos e cidadãos que participam mental. Comente que tais grupos, pela negligência com
ativamente na luta pelo reconhecimento do Estado quanto que seus direitos são tratados, são atingidos pela vulne-
a sua vulnerabilidade social e pelo aumento de sua partici- rabilidade social. O estado de vulnerabilidade social tem
pação política nas instâncias de poder. origem quando uma característica, comum aos membros
Na sequência, trata-se da relação entre racismo e moder- de uma minoria, é encarada como negativa pelo grupo
nidade no Brasil, trabalhando-se o pensamento de Florestan oposto, configurando-se como a maioria dominante deten-
Fernandes (1920-1995) e Djamila Ribeiro (1980-), e anali- tora de poder político, econômico e social.
sando-se dados para fundamentar a crítica à desigualdade Proponha uma roda de conversa para que os estudan-
social e étnico-racial no Brasil. tes debatam e exponham suas opiniões sobre o conceito
Por fim, discutem-se a memória – fortemente associada de minorias e sobre quem as compõem atualmente no
a um território – e a luta por direitos e pela representati- Brasil. Verifique se esse debate contempla a noção de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
vidade dos povos indígenas e quilombolas no Brasil. Dessa inclusão social, com questionamentos sobre estereótipos
ou ideias preconcebidas acerca de grupos minoritários,
DA EDITORA DO BRASIL
maneira, trata-se da exclusão e da inclusão desigual dos
promovendo o exercício da reflexão crítica diante de ques-
povos originários e afrodescendentes na sociedade, reto-
mando a importância de reforçar os princípios dos direitos tões relevantes da sociedade.
humanos e da cidadania no Brasil. A filósofa brasileira Marilena Chaui (1941-) discute o
conceito de minoria no texto de apoio.
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS Texto de apoio
P. 46
Parece estranho falar em ‘minoria’ para referir-se
O conceito de minorias a mulheres, negros, idosos, crianças, pois quantitati-
Esse conceito será abordado no âmbito das Ciências vamente formam a maioria. É que a palavra minoria
Humanas e Sociais. Espera-se que os estudantes com- não é usada em sentido quantitativo, mas qualitativo.
preendam que, quando se fala em minorias, não se fala Quando o pensamento político liberal definiu os que
necessariamente de minoria numérica. teriam direito à cidadania, usou como critério a ideia
de maioridade racional: seriam cidadãos aqueles que
É importante diferenciar as maneiras pelas quais o con- houvessem alcançado o pleno uso da razão. Alcança-
ceito pode ser assimilado. Destaque que, com relação aos ram o pleno uso da razão ou a maioridade racional os
sistemas de votação, por exemplo, os conceitos de minoria que são independentes, isto é, não dependem de ou-
e maioria são aplicados na acepção numérica, ou seja, refe- tros para viver. São independentes os proprietários
rem-se ao número de pessoas que votaram em determinada
LX
P. 48
privados dos meios de produção e os profissionais li-
berais. São dependentes e, portanto, em estado de Stalinismo e as minorias nacionais
minoridade racional: as mulheres, as crianças, os ado-
No que tange à relação entre o governo de Joseph
lescentes, os trabalhadores e os ‘selvagens primitivos’
(africanos e índios). Formam a minoria. Como há ou- Stalin e as minorias nacionais, o objetivo é que os estu-
tros grupos cujos direitos não são reconhecidos (por dantes compreendam que o stalinismo, assim como o
exemplo, os homossexuais), fala-se em ‘minorias’. A fascismo, foi um sistema de governo totalitário originado
‘maioridade’ liberal refere-se, pois, ao homem adulto na URSS no início do século XX. Ao apresentar o funcio-
branco proprietário ou profissional liberal. namento interno do governo stalinista, explique no que
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, consiste o processo de burocratização. Trata-se da ade-
2000, p. 567.
quação do sistema político a uma estrutura organizativa
caracterizada por regras e procedimentos explícitos e
regularizados, com divisão de responsabilidades e espe-
P. 47 cialização do trabalho, hierarquia e relações impessoais.
As minorias sob o jugo do fascismo e Esclareça que minorias nacionais designam grupos que
do nazismo se diferenciam da maioria da população por conta da lín-
gua, da nacionalidade, da religião e da cultura. As minorias
Explique para os estudantes a maneira como algumas
étnicas, nesse contexto, eram formadas por poloneses,
formas de governo e sistemas de pensamento lidaram com
letões, georgianos, ucranianos, húngaros, tchecos, croatas,
as minorias, cada uma em seu contexto social. A primeira
lituanos, armênios, curdos, albaneses, entre outras que
relação apresentada no texto é aquela entre o fascismo e
viveram sob o regime stalinista.
as minorias. Espera-se que eles compreendam, inicial-
mente, o que foi o fascismo italiano e em que contexto ele Para tornar o conceito um pouco mais próximo da rea-
se firmou. Governo totalitário, entre tantos surgidos no lidade dos estudantes, aborde as minorias nacionais den-
início do século XX, foi liderado por Benito Mussolini, na tro do Brasil, formadas por angolanos, bolivianos, sírios
Itália, em 1922, e perdurou até 1943. e outras nacionalidades, que muitas vezes chegam ao país
na situação de refugiados. Pergunte-lhes: “Quais são os
No momento em foco, o grupo de minorias sociais era
direitos e deveres dos refugiados em situação de minoria
constituído por apátridas, judeus e nativos das colônias
nacional no Brasil?”.
italianas, como a Etiópia. Comente que tais grupos perde-
ram direitos essenciais, conhecidos como os Direitos do P. 49-50
Homem – os quais, mais tarde, deram origem aos Direitos
Humanos, tal como conhecemos atualmente. Marxismo e minorias: classe e identidades
Os grupos minoritários surgiram no contexto da promul- O conceito de minoria é apresentado neste momento
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
gação de leis raciais na Itália que se voltavam de modo geral com base na perspectiva marxista. Espera-se que os estu-
contra tais grupos sociais, retirando deles inúmeros direitos. dantes entendam o pensamento de Karl Marx e suas pro-
DA EDITORA DO BRASIL
A filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975) trata do postas sobre o funcionamento das sociedades capitalistas.
conceito de apátrida e minorias no texto de apoio. No marxismo tradicional, o conceito de minorias tem
um viés quantitativo, pois se refere àqueles que possuem
Texto de apoio os meios de produção, ou seja, os detentores da maior
parte da riqueza resultante do trabalho realizado pelo pro-
Os judeus tiveram papel importante tanto na his- letariado, que constitui, em números, a maioria da socie-
tória da “nação de minorias” como na formação dos
dade. Apesar de o conceito de minorias em Marx ainda ser
povos apátridas. Estiveram à frente do chamado
aplicado atualmente, ele acabou ganhando novas cores
movimento de minorias, não só em virtude de sua ne-
cessidade de proteção (somente igualada pela com o passar dos anos e com o surgimento de demandas
necessidade dos armênios) e da capacidade de apro- de diferentes grupos sociais, tais como o movimento negro,
veitamento de suas excelentes conexões internacio- o movimento feminista e o movimento LGBTQI+.
nais, mas, acima de tudo, porque não constituíam
Essas novas demandas, somadas às demandas sociais
maioria em país algum e, portanto, podiam ser consi-
antes expostas pelo marxismo, são denominadas (às
derados a minorité par excellence, isto é, a única mino-
ria cujos interesses só podiam ser defendidos por uma vezes pejorativamente, por marxistas ortodoxos) pautas
proteção garantida internacionalmente. identitárias, pois, ao refletir sobre os mecanismos de
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: exploração aos quais os indivíduos de uma sociedade
Companhia das Letras, 2016. p. 322. estão sujeitos, leva-se em consideração não apenas sua
situação econômica, mas também a materialidade que
LXI
constitui sua subjetividade, como a cor da pele, o gênero, P. 52
a orientação sexual, por exemplo. Trabalhe o pensamento
das filósofas contemporâneas mencionadas no material: Atividades
Silvia Federici (1942-) e Angela Davis (1944-). Aproveite
1. Espera-se que os estudantes sejam capazes de refletir
para convidá-los a refletir sobre os temas tratados pelas sobre o fato de que o conceito de minoria pode estar
autoras na medida em que subjetividades individuais tam- relacionado à não garantia de direitos ou à representa-
bém delineiam condições materiais de existência. ção política de determinados grupos sociais por conta
de diferenças que residem na raça, no gênero, na idade,
P. 51 na religião, entre outros fatores, e não necessariamente
do valor numérico desses grupos na sociedade.
Boxe: O pensamento de Angela Davis
O objetivo do boxe é trazer a perspectiva marxista de Angela 2. Existe uma corrente do marxismo, representada por
Davis que se conecta com temáticas de gênero e de raça. pensadoras como Angela Davis, segundo a qual a análise
da sociedade capitalista deve ser feita pela interseccio-
RESPOSTAS nalidade de raça, classe e gênero. Por outro lado, o mar-
a) A autora delineia que mulheres negras e mulheres xismo ortodoxo defende que os movimentos de minorias
brancas assumiram diferentes posições nas relações fazem parte de uma política identitária e, em razão disso,
de trabalho ao longo da história. Mulheres negras deveriam ser analisados somente na esfera cultural.
trabalhavam fora de casa antes de mulheres brancas 3. a) O autor indica que a luta é sobre: “[...] como perten-
iniciarem o processo de entrada no mundo do trabalho. cer de pleno direito a este mundo que nos é comum?
Mulheres negras trabalhavam sob o regime de escra- Como passar do estatuto de ‘sem-parte’ para o de
vidão, enquanto mulheres brancas eram livres. Por ‘parte interessada’? Como tomar parte na constitui-
isso, quando se fala sobre o fato de mulheres terem ção deste mundo e na sua partilha?”.
conquistado novos espaços de trabalho, é preciso b) O autor determina que existe uma minoria históri-
levar em consideração que mulheres são essas. ca em que a presença das pessoas negras é um
b) Segundo a autora, no século XIX, esperava-se da fator incontestável, mas cuja integração se mantém
mulher que ela fosse uma mãe protetora, dona de ambígua, há as minorias não vistas, cuja presença
casa amável e sensível, o que configuraria o mo- se torna indesejável em determinados lugares,
delo de feminilidade da época. Na medida em que como na França. E, por fim, há a minoria que tem
mulheres negras têm esse modelo negado pela maioria demográfica e poder político, mas não
força do trabalho escravo, elas deixam de ser vistas econômico.
como femininas, como seres dotados de um gêne- Comente que, no Brasil, embora a população negra
ro que é alvo de opressões não apenas racistas, e parda se constitua como maioria, esse grupo
mas também machistas. social não possui direitos plenamente garantidos.
c) A autora expõe que o povo negro era compreendido Verifique se os estudantes percebem que o texto
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO aborda especificamente a questão racial, mas que
como uma propriedade por parte dos senhores. Assim,
DA EDITORA DO BRASIL
proporcionavam a riqueza e o crescimento material ele pode ser aplicado a outras minorias sociais.
desse senhor por meio de sua força de trabalho. Para c) Na África do Sul, embora a população seja majori-
Marx, é a propriedade dos meios de produção que tariamente composta de pessoas negras, é redu-
caracteriza o burguês e o diferencia do proletariado. zido o acesso que elas têm às riquezas materiais
Porém, é importante lembrar que Angela Davis não fala do país. Essa situação é um reflexo da política de
aqui de máquinas e indústrias, e sim de pessoas que Apartheid implantada em 1948, que não permitia
eram vistas como propriedade, ou seja, que tiveram o acesso dos negros às urnas e os proibia de ad-
sua humanidade execrada pelo sistema escravista. quirir terras na maior parte do país.
d) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes 4. a) A ação antifascista idealizada pelo Partido Comu-
façam observações sobre quais são as expectativas nista Alemanha (KPD).
de gênero que ainda persistem na vivência das b) Espera-se que os estudantes mencionem movimen-
mulheres na contemporaneiade. tos atuais que buscam reproduzir alguns elementos
e) Espera-se que os estudantes busquem dados em da ideologia fascista, especialmente em relação à
fontes confiáveis. Por exemplo, sobre os levantamentos marginalização de minorias, o que impulsionou a
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), criação de grupos antifascistas no presente.
um exemplo está disponível em: https://www.ipea. Ainda que o fascismo como movimento político
gov.br/portal/index.php?option=com_acymailing tenha surgido no início do século XX, alguns de seus
&ctrl=archive&task=view&listid=10- (acesso em: mecanismos de controle da sociedade persistem,
29 ago. 2020). principalmente o racismo e o preconceito étnico.
LXII
P. 53 Proponha aos estudantes que reflitam sobre a pre-
sença ainda latente da discriminação contra as religiões
Indígenas e afrodescendentes de matriz africana no Brasil. Comente que são comuns
no Brasil republicano os ataques a terreiros de candomblé e umbanda, bem
como àqueles que os praticam, ainda que a liberdade
Incentive os estudantes a refletir sobre a situação da
religiosa seja garantida por lei. Espera-se que os estu-
população negra e indígena atualmente no Brasil. Para
dantes relacionem essas ações com uma forma de
efetuar um levantamento do conhecimento prévio deles,
expressão do racismo religioso.
pergunte: “Quais são as principais demandas dessas popu-
lações?”; “Como elas são representadas?”. No texto apoio, a historiadora Lilia Schwarcz trata do
desenvolvimento das teorias raciais no Brasil.
Proponha uma contagem de quantos estudantes negros
e indígenas compõem a sala de aula. Depois, questione Texto apoio
se eles são maioria ou minoria, de modo que os estudan-
tes compreendam a diferença entre maioria e minoria em
termos numéricos e de representatividade política. As teorias raciais só chegaram aqui a partir de
meados do século XIX, no momento em que a aboli-
Com base nesses questionamentos e reflexões, espe- ção da escravidão tornava-se irreversível. [...]
ra-se que a turma chegue à conclusão de que a presente Foi só com a proximidade do fim da escravidão e
desigualdade racial que permeia a sociedade brasileira é da própria monarquia que a questão racial passou
consequência do processo de formação do país. para a agenda do dia. Até então, como “propriedade”,
o escravo era por definição o “não cidadão”. No Bra-
P. 53-54 sil, é com a entrada das teorias raciais, portanto, que
as desigualdades sociais se transformam em matéria
Teorias raciais no pensamento social da natureza. Tendo por fundamento uma ciência po-
Resgate conceitos, como eugenia, racismo científico e sitiva e determinista, pretendia-se explicar com ob-
jetividade – valendo-se da mensuração de cérebros
darwinismo social, pois o esperado é que os estudantes
e da aferição das características físicas – uma supos-
relacionem conteúdos já vistos com o assunto em foco – a ta diferença entre grupos. A “raça” era introduzida,
desigualdade racial e as questões indígena e negra na assim, com base nos dados da biologia da época e
sociedade brasileira. privilegiava a definição dos grupos segundo seu fe-
A exclusão da população negra no período posterior à nótipo, o que eliminava a possibilidade de pensar no
indivíduo e no próprio exercício da cidadania e do ar-
abolição se concretizou nas mais diversas esferas sociais
bítrio. Dessa maneira, em vista da promessa de uma
e tomou contornos de lei, como, por exemplo, a Lei da igualdade jurídica, a resposta foi “comprovação cien-
Vadiagem, de 1941. Comente que manifestações culturais tífica” da desigualdade biológica entre os homens, ao
afro-brasileiras, hoje tidas como patrimônios nacionais, lado da manutenção peremptória do liberalismo, tal
como o samba e a capoeira, eram enquadradas na Lei da como exaltado pela nova República de 1889.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Vadiagem e proibidas de serem realizadas. Como mostra Leo Spitzer, nesse contexto, o deter-
Explique que DA EDITORA baseado
DO BRASIL minismo racial criaria novas formas de hierarquia e
o pensamento nas teorias euge-
estratificação. [...]
nistas permeia a intelectualidade brasileira, que é com-
No entanto, tais teorias não foram apenas introdu-
posta majoritariamente de membros da elite branca; ele
zidas e traduzidas no país; aqui ocorreu uma releitu-
se fez presentes em obras de autores consagrados, como ra particular: ao mesmo tempo que se absorveu a
Monteiro Lobato (1882-1948). Informe os estudantes de ideia de que as raças significavam realidades essen-
que escritores hoje reconhecidos nacionalmente, como ciais, negou-se a noção de que a mestiçagem levava
Lima Barreto (1881-1922), negro, receberam pouco ou sempre à degeneração, conforme previa o modelo
nenhum reconhecimento. Destaque o caso de Machado original. Fazendo-se um casamento entre modelos
de Assis (1839-1908), um dos maiores escritores brasi- evolucionistas (que acreditavam que a humanidade
passava por etapas diferentes de desenvolvimento) e
leiros, também negro, consagrado durante a Primeira
darwinismo social (que negava qualquer futuro na
República e embranquecido pela História. Críticos de miscigenação racial) – arranjo esse que, em outros
literatura, como Sílvio Romero (1851-1914), que enfati- contextos, acabaria em separação litigiosa –, no Brasil
zavam a “importância da mestiçagem”, não escapavam as teorias ajudaram a explicar a desigualdade como
do teor racista em seus escritos, influenciados pelas teo- inferioridade, mas também apostaram em uma mis-
rias raciais do século XIX. Portanto, deve-se propor uma cigenação positiva, contato que o resultado fosse cada
reflexão sobre a construção da ideia de raça e do racismo vez mais branco.
como parte de um projeto de dominação e não apenas SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo
contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo:
uma consequência das desigualdades sociais ou uma Claro Enigma, 2012. E-book.
herança da escravidão.
LXIII
P. 55 P. 56
LXIV
estudantes a associar essa prática à tradição quilombola, No texto de apoio, aprofunda-se um pouco sobre a cria-
relativa à criação de formas de resistência às opressões. ção do parque.
Trace também um paralelo com as associações existentes
nos bairros periféricos e nas favelas. Texto de apoio
Recomende aos estudantes que pesquisem o jornal A voz
O Parque Indígena do Xingu (PIX) foi a primeira
das comunidades, disponível em: https://www.vozdas
grande terra indígena reconhecida no país e também
comunidades.com.br/ (acesso em: 29 ago. 2020), organizado
a abrigar várias etnias indígenas [...]. Sua localização
por René Silva, que relata o cotidiano nas comunidades que praticamente no centro geográfico do país, na região
compõem o Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro. de transição dos biomas Cerrado e Amazônia, associa
Outra possibilidade é a análise de alguns números do jor- de forma original sociodiversidade a uma riquíssima
nal A Voz da Raça, editado pela Frente Negra Brasileira (FNB) biodiversidade. A história de contato e convívio de
e mencionado na página 57 e no boxe. Alguns exemplares seus povos com o restante da sociedade brasileira
traduz e representa a longa saga, ainda em curso, de
digitalizados desse jornal estão disponíveis no acervo da
ocupação desse imenso território chamado Brasil.
Biblioteca Nacional Digital: http://bndigital.bn.br/acervo
Criado há 50 anos (em 1961) pelo então presidente
-digital/voz-raca/845027 (acesso em: 9 set. 2020).
Jânio Quadros, visto como cartão de visita da política
indigenista oficial durante muitos anos, o PIX localiza-
P. 58
-se na região nordeste do Estado do Mato Grosso, na
parte sul da Amazônia brasileira, e está totalmente in-
A colonização de terras indígenas
serido na bacia do rio Xingu. Sua criação se deu após
A expectativa é de que, com a leitura do texto-base, uma longa discussão que mobilizou diferentes setores
os estudantes associem a Marcha para o Oeste às ações e instituições privadas e públicas. Seus limites foram
de ocupação das terras indígenas da colonização. O obje- contestados na época por interesses econômicos liga-
tivo de reforçar as fronteiras e “levar o desenvolvimento” dos ao mercado mato-grossense de especulação de
ao “Brasil profundo” fez com que o Estado getulista terras e, posteriormente, por vários povos indígenas
tivesse de lançar mão de políticas destinadas aos povos que tiveram parcelas significativas de seus territórios
tradicionais excluídos da sua demarcação.
indígenas. Destaque a continuidade das políticas colo-
nialistas de povoamento das regiões Centro-Sul e Cen- O Parque significou a delimitação de um espaço
privilegiado e incontestável de proteção para as
tro-Oeste do Brasil durante o governo de Juscelino
etnias que lá viviam e para aquelas que viviam amea-
Kubitschek, também baseadas na lógica da existência de
çadas na sua circunvizinhança e que para lá foram
um “vazio” nessas áreas do território nacional. Assim, levadas pelos irmãos Villas Bôas, algumas debilita-
durante a construção de Brasília foi enaltecida a figura das, com um quadro drástico de redução populacio-
dos migrantes conhecidos como “candangos” em detri- nal, à beira da extinção. Por outro lado, sua criação
mento dos povos indígenas que foram excluídos da polí- pode ser vista também como uma ação de ordena-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tica de ocupação dessa região. mento territorial por parte do Estado brasileiro, libe-
DA EDITORA
Retome o caráter DO BRASIL
tutelar adotado pelas políticas indi-
rando territórios de ocupação tradicional de várias
etnias para a expansão e ocupação das frentes colo-
genistas durante a República, o que se concretizou por
nizadoras do Centro-Oeste e da Amazônia, confinan-
meio da tomada das terras desses povos e em ações de do os índios em um território muito menor do que o
“incorporação” do indígena à sociedade, transformando-o que habitavam tradicionalmente.
num trabalhador funcional para o Estado. Internamente, o Parque é conformado, em sua por-
ção sul, pela área cultural do Alto Xingu, formada pe-
Boxe: Entre a adesão e a resistência los povos Aweti, Kalapalo, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu,
Incentive os estudantes a pesquisar como diferentes Mehinako, Nafukuá, Naruvôtu, Waurá e Yawalapiti.
povos indígenas reagiam às políticas governamentais do Apesar de falarem línguas diferentes, esses povos ca-
Estado Novo, sobretudo os xerentes e karajás, que tiveram racterizam-se por uma grande similaridade no seu
posicionamentos opostos entre si. modo de vida e visão de mundo, principalmente por
estarem há séculos articulados em uma rede de tro-
P. 59 cas, casamentos e rituais. No entanto, mesmo que o
intercâmbio cerimonial e econômico celebre a socie-
Avanços na República de 1946 dade altoxinguana, cada um desses grupos faz ques-
tão de cultivar suas diferenças e identidade étnica.
O breve período democrático permitiu avanços, como
ISA. Parque indígena do Xingu 50 anos. Disponível em:
a criação do Parque Nacional do Xingu, em 1961, e a dimi-
https://www.socioambiental.org/sites/blog.socioambiental.
nuição das desigualdades de renda no período. Entretanto, org/files/publicacoes/10380_0.pdf. Acesso em: 4 set. 2020.
deve-se ressaltar que as mudanças não são estruturais.
LXV
P. 60 na sociedade. Os estudantes podem citar casos de
violência contra os negros, o fato de estes terem mais
Minorias étnicas na Ditadura Civil-Militar dificuldades de acesso ao ensino ou a cargos em pos-
tos mais altos de uma empresa.
Saliente que a população negra sofreu de maneira mais
acentuada a repressão da ditadura militar. Ao mesmo tempo Caso julgue adequado, complemente a atividade
que o governo antidemocrático coibia qualquer ação vista apresentando aos estudantes a foto Poder, de Carlos
Vergara, de 1972, disponível em: https://masp.org.br/
como “subversiva”, perseguindo e prendendo militantes do
en/exhibitions/afro-atlantic-histories (acesso em: 9 set.
movimento negro, também houve aumento das ações repres-
2020). Na imagem, é possível ver três homens negros
sivas nas favelas e periferias, onde a polícia tratava com vio-
sem camisa, com a palavra “Poder” escrita em branco
lência as populações enquadradas como “classes perigosas”.
no peito de cada um deles. Trata-se de uma fantasia de
Verifique se os estudantes estabelecem conexão com carnaval com um forte sentido político, pois os foliões
os recentes casos de violência policial que atingem as estão exibindo a sua pele e seu corpo como um lugar de
periferias no país. “poder”. A foto foi tirada durante a reunião do Cacique
de Ramos, tradicional bloco carnavalesco do subúrbio
Boxe: O quilombismo de Abdias Nascimento do Rio de Janeiro. Trata-se de um local tradicional de
Proponha que os estudantes façam uma pesquisa sobre rodas de samba e preservação da cultura popular,
Abdias do Nascimento (1914-2011) e suas contribuições formado majoritariamente pela comunidade negra
acerca da questão racial no Brasil. carioca. Sugira aos estudantes que busquem identificar
elementos subjetivos da imagem e as similaridades dela
P. 61 com o texto de Abdias do Nascimento. Na foto, os jovens
retratados demonstram ter consciência política da
Massacre de povos indígenas condição do negro na sociedade, similar àquela presente
Explique aos estudantes que as ações de expansão no pensamento de Abdias, e utilizam a fantasia
desenvolvimentista que marcaram as décadas de 1960 e carnavalesca como forma de manifestação.
1970 tiveram forte impacto na vida dos indígenas brasi- 2. a)
Não se pode afirmar que foram realizados esforços
leiros. As grandes obras levaram não só ao extermínio de para incluir o indígena na sociedade brasileira. Os
populações inteiras, como provocaram a destruição da povos indígenas começaram a ser objeto de políti-
vegetação, fonte principal de sustento desses povos. Rela- cas públicas a partir do século XX, entretanto as
cione as ações de colonização das regiões pouco habitadas políticas direcionadas a eles recorriam majoritaria-
do Brasil com a ocupação ilegal de terras que pertenciam mente a práticas de aculturação, por meio de mis-
sões religiosas ou aldeamentos, em que eram
a povos nativos, com as práticas que remetem à coloniza-
submetidos a um processo de “transformação”,
ção, desde a conquista até o bandeirantismo.
com o objetivo final de serem utilizados em traba-
Proponha uma discussão sobre como a população indí- lhos rurais. É possível entender, então, que as polí-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
gena no Brasil é tratada atualmente. Faça perguntas como: ticas indigenistas seguem tratando os indígenas
“Ainda há invasão de terras?”; “Como os indígenas são como uma população selvagem a ser civilizada,
DA EDITORA DO BRASIL
tratados no que diz respeito às suas demandas?”. Esses seja pela via da religião, seja pela do trabalho.
questionamentos devem nortear as percepções sobre os b) A principal demanda que permanece latente entre
avanços, os retrocessos e as permanências envolvidas na os povos indígenas na atualidade é a garantia dos
realidade dos povos indígenas brasileiros. seus direitos sobre a terra. Ainda hoje, eles sofrem
com disputas de terras, especialmente com o agro-
Boxe: As grandes assembleias indígenas negócio. A questão da terra é uma continuidade de
Ressalte a importância da auto-organização dos povos uma disputa histórica iniciada com a colonização
para lutar por suas demandas e para garantir seus direi- e reforçada sistematicamente pela ausência de
tos fundamentais. políticas públicas capazes de garantir a posse dos
territórios aos povos nativos.
P. 62 Estimule os estudantes a pesquisar disputas recentes
envolvendo a demarcação de terras indígenas pres-
Atividades
tando atenção aos grupos e interesses envolvidos no
1. A expectativa é de que os estudantes interpretem o conflito (mineração, agronegócio, garimpo ilegal etc.).
texto como uma forma de manifestação contra o Como exemplo, você pode citar a questão do marco
racismo brasileiro e de afirmação da negritude. Certi- regulatório, em que ruralistas e grandes agricultores
fique-se de que eles interpretem a democracia racial disputam a posse com os indígenas das terras ocu-
como um mito, visto que os dados da realidade brasi- padas antes da promulgação da Constituição de 1988,
leira comprovam a existência de um racismo estrutural a qual garantiu o direito à terra aos povos originários.
LXVI
3. a) O texto trata da ampliação da rede de Ensino Básico P. 66
e Superior no Brasil na Ditadura Civil-Militar e de seus
Boxe: Frantz Fanon e a descolonização
efeitos sobre o aumento da oferta de ensino privado
e na desigualdade de acesso ao Ensino Superior.
das mentes
O objetivo do boxe é debater as ideias de Frantz Fanon
b) A desigualdade citada no texto é relacionada com o (1925-1961), sobretudo a noção de “descolonização
acesso à educação no Brasil. O autor afirma que, ao das mentes”.
ampliar a rede de ensino superior e instituir o siste-
ma de vestibular, foi criado um filtro social e racial. RESPOSTAS
Isso significa que as universidades públicas se trans- a) Frantz Fanon analisa as condições objetivas e sub-
formaram em espaços da classe média branca, en- jetivas da colonização, observando como os coloni-
quanto as privadas – que promovem um ensino de zadores impõem sua visão de mundo e seus valores
qualidade inferior – suprem a demanda das classes aos descolonizados. O racismo, nesse sentido, se
baixas e das pessoas “de cor” – negros e pardos. constrói em torno da negação da humanidade dos
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes nativos. Valores europeus e elementos da cultura
compartilhem vivências relacionadas ao tema e europeia concorrem para diminuir e subalternizar a
percebam, no cotidiano, de que maneira essas cultura nativa, desvalorizando as características dos
colonizados. Do ponto de vista psíquico, observa
desigualdades ainda existem e se manifestam.
Fanon, os nativos procuram se aproximar da cultura
d) Resposta pessoal. Os estudantes devem avaliar o e dos valores europeus, introjetando a ideia de in-
legado da Ditadura Civil-Militar, sobretudo na de- ferioridade da sua cultura nativa e, portanto, de si
sigualdade de qualidade de ensino no país. mesmos. A valorização da cultura nativa, o resgate
das histórias e do passado de um povo colonizado
P. 63-65 e a criação de uma consciência nacional são impres-
cindíveis para a percepção dos mecanismos de
Modernidade brasileira e a questão racial
subjugação e opressão das forças coloniais. São
A construção social do conceito de minoria está rela- elementos fundamentais para criar na população o
cionada a grupos excluídos dos espaços de poder e de sentimento de unidade necessário para organizar
tomada de decisões, os quais se encontram marginaliza- uma resistência às ações e instituições dos coloni-
dos ou são constantemente obrigados a lutar pela sobre- zadores, assim como para empreender ações que
vivência ou em defesa de seu modo de vida. Nesse item, visem à libertação do jugo colonial. Fanon entende
reflete-se sobre como esses grupos foram sistematica- que qualquer projeto nacional dissociado do enfren-
mente excluídos mediante processos de natureza política tamento do racismo não se sustenta.
e social que se reproduzem até hoje, expressos por meio b) A perspectiva descolonial proposta por Fanon par-
de discriminação e preconceitos, como o racismo. te da violência que é intrínseca ao colonialismo e
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Para isso, parte-se para a análise do pensamento de imposta aos colonizados. Por um lado, ele conviveu
DA EDITORA DO BRASIL
Florestan Fernandes (1920-1995). Ele observa como a de perto com as arbitrariedades e a violência ins-
sociedade brasileira criou mecanismos que permitiram critas no corpo dos colonizados, como forma de
que a população negra, após a abolição da escravidão, silenciá-los, de docilizá-los, de ensiná-los a aceitar
continuasse marginalizada, empobrecida e perseguida seu lugar subalterno na sociedade. Por outro, ele
também viu as marcas que essas violências deixa-
pelas forças do Estado; e como o preconceito racial se
ram sobre os próprios colonizadores, aqueles que
intensificou com as políticas de apoio à entrada de imi-
prendiam e matavam, e os traumas decorrentes
grantes europeus para fazerem o trabalho antes realizado
das relações violentas e desiguais. A violência é um
pelos homens e mulheres escravizados, ainda operando
meio muito eficaz para a dominação colonial. Ela
na ideia eugênica de que seria importante “branquear” a
também está presente na desumanização dos
população brasileira.
colonizados e na forma como eles são convencidos
Em seguida, discutem-se dados de pesquisas recentes de sua inferioridade em comparação aos padrões
que embasam essa noção de que existe uma desigualdade europeus que são impostos.
social e econômica entre brancos e negros, os quais possuem Na percepção de Fanon, a violência entre os colo-
menos oportunidades para se educar, para trabalhar e para nizados pode virar-se inclusive contra eles mesmos,
serem representados politicamente. Por isso, faz-se neces- sob a forma de conflitos internos, agressões que
sário a resistência dessa população a esse racismo estrutural, escalam rapidamente, muito em função do estabe-
e a organização de sua luta por direitos. Por fim, debatem-se lecimento de uma linguagem violenta e da natura-
o conceito de “lugar de fala” e o modo que ele se configura lização das relações violentas. Fanon propõe que a
na articulação dessa população por maior representatividade. resposta dos colonizados à violência do colonizador
LXVII
é também violência, que precisa ser dirigida à fon- 2. O debate sobre lugar de fala figura um tema em desta-
te da própria violência, ao “verdadeiro inimigo”. que nas polêmicas das redes sociais. Por um lado, o
Descolonizar é reorientar essa violência interioriza- silenciamento imposto aos grupos historicamente
da, um processo que permite reagir aos valores excluídos dos espaços legítimos de voz e reconheci-
ocidentais. Foi por essa razão que os caminhos mento, criou a necessidade de organização e ênfase
pacíficos para a conquista da liberdade se mostraram sobre a multiplicidade de vozes na sociedade. Por outro,
infrutíferos. Os colonizadores não estavam dispos- sendo a liberdade de expressão um valor da moderni-
tos a abrir mão do poder e da condição de superio- dade, o lugar de fala é considerado um conceito que não
ridade e privilégios sem utilizar, eles mesmos, os corresponde aos princípios da autonomia do sujeito de
recursos violentos dos quais dispõem – isso fica cada um poder falar e se expressar livremente.
claro na questão da luta pela libertação na Argélia. 3. Essa atividade é preparatória para a próxima unidade e
tem como objetivo levar os estudantes a refletir sobre
P. 67 a representatividade política dos grupos considerados
“minorias” nas esferas de poder. É menos importante
Atividades atentar para os partidos políticos do que para a presença
1. a)
O Estado brasileiro poderia ter desenvolvido polí- ou não de pessoas negras no Poder Legislativo de esta-
ticas de habitação popular e moradia para os tra- dos e municípios e para a relação que estes têm com
balhadores que foram escravizados e que nunca os movimentos e reivindicações das pessoas negras.
tiveram condição de ter casa própria, com sanea-
mento básico e condições de salubridade; também P. 68-69
poderia ter promovido o acesso à terra e a meios
Minorias e seus espaços: indígenas
de produção, para que esses trabalhadores pudes-
sem produzir no campo sem submeter-se aos anti-
e quilombolas
gos senhores; desenvolvido políticas de acesso à
escola e educação, tanto básica como profissional,
Violência e o apagamento de minorias
possibilitando aos recém-libertos o acesso a postos Discuta com os estudantes o apagamento social e cul-
de trabalho melhores e bem remunerados, muitas tural dos povos indígenas e de outros povos das memórias
vezes aproveitando conhecimentos e saberes que oficiais do país. É possível fazer um paralelo com os povos
africanos, que foram trazidos ao Brasil para trabalhar como
já possuíam. Ainda, poderiam ter criado políticas
escravizados e deixaram muitas marcas por onde passaram.
de acesso ao trabalho e de proteção ao emprego,
Porém, nem sempre o trabalho que realizaram, as influên-
incentivando empresários e industriais a incorporar
cias culturais que legaram e as histórias de lutas são recu-
ao trabalho livre, tanto no campo quanto na cidade, perados ou evidenciados. Ressalte a importância de
essa massa de trabalhadores de ex-escravizados. preservar a memória desses povos para que os estudantes
Há outras possibilidades, como a criação de um se conscientizem de como se deu o processo histórico de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sistema de assistência social para atender as famí- formação do Brasil, marcado por injustiças e violências.
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lias de homens e mulheres negros que foram escra- Mobilize-os a refletir, com base no lugar onde moram, sobre
vizados, auxiliando-os no acesso aos seus direitos como a memória desses povos está presente.
de cidadãos, e a promulgação de leis que inibissem Reforce a diversidade dos povos indígenas, para que os
ações racistas e o preconceito racial. estudantes não os vejam de forma genérica. De acordo
b) Para Florestan Fernandes, a questão racial no Brasil com Bessa Freire (2009), para muitos brasileiros os indí-
mostra que não adentramos plenamente na moder- genas são um bloco único, como se todos tivessem as
mesmas crenças, a mesma língua, o mesmo modo de vida.
nidade, que está pautada pela industrialização e
Trata-se de um grande equívoco, pois estamos falando de
pelos valores liberais e de exercício da cidadania.
culturas diferenciadas.
Com a exclusão da população que foi escravizada
do acesso aos direitos sociais e ao mercado de Aborde os dados do gráfico da página 69 a fim de evi-
trabalho formal, o Brasil se sustenta na articulação denciar o aumento do número de assassinatos de líderes
entre um modo arcaico de sociedade com o mode- indígenas de 2009 a 2019 e discutir o que esses homicí-
lo moderno. dios representam para a luta indígena no reconhecimento
de seus direitos.
c) A condição de emprego e renda da população
negra no Brasil, ocupando os empregos informais P. 69-70
e subempregos, com pouca mobilidade social,
mostram o caráter de país em desenvolvimento do Entre existir e resistir
Brasil e a distância para se chegar à modernidade Desenvolva os temas abordados com a finalidade de des-
de forma a atender toda sua população. construir outro grande equívoco relacionado com a questão
LXVIII
indígena, conforme apontado por Bessa Freire (2009). alternativa/etnomídia, a Rádio Yandê, e sugerida a análise
Segundo esse autor, não se deve congelar a cultura dos da proposta, da programação e do alcance desse veículo.
povos originários, negando-lhe o direito a uma intercultura- Dessa maneira, os estudantes entram em contato com
lidade, do qual qualquer outro povo pode desfrutar. Ele res- uma forma de as minorias encontrarem espaço para a
salta que a aquisição de novos elementos culturais não foi disseminação de suas pautas e vozes, mobilizando as habi-
uma opção para esses povos; isso foi imposto à força. Nesse lidades EM13CHS601 e EM13CHS605.
sentido, conduza a análise dos povos indígenas que migra-
ram para as áreas urbanas, depois de terem sido expulsos P. 76-77
de seus territórios originais, com um olhar histórico, desfa-
zendo os preconceitos que existem em torno do tema. Ocupar: as demandas históricas
P. 71 de minorias pelos direitos de viver
Articule a condição dos negros no Brasil nos dias de
Constituição Cidadã e seu significado para hoje com o processo de escravidão que vigorou durante
os indígenas mais de trezentos anos no país. Quando se fala em misci-
genação e diversidade étnico-racial, é importante apre-
Enfatize os dados presentes no gráfico, sobretudo a moro-
sentar a base histórica de dominação e violência que
sidade do processo de demarcação das terras indígenas, e a
fundamentou essas pluralidades na população.
diminuição, ao longo do tempo, no índice de terras declaradas
e homologadas, o que não decorre simplesmente de ques-
Boxe: Tráfico transatlântico
tões burocráticas, mas do conflito de interesses envolvendo
O objetivo do boxe é avaliar de que forma os africanos,
esses territórios, em especial por conta dos sujeitos ligados
de diferentes etnias, tiveram impacto cultural no Brasil.
ao agronegócio e à mineração. Assim, analise com os estu-
dantes as etapas que as terras indígenas têm de perpassar RESPOSTAS
para serem plenamente reconhecidas e homologadas, como
a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
está previsto na Constituição de 1988.
pesquisem os destinos dos povos africanos duran-
te a escravidão de modo a verificarem as influências
P. 72-73 culturais desses povos em hábitos atuais.
Infográfico: Como funciona o processo de b) Espera-se que, com base nas pesquisas, os estu-
demarcação de terras indígenas no Brasil? dantes mencionem que a população negra, trazida
Com base no infográfico, sugere-se que os estudantes à força da África, contribuiu expressivamente para
façam uma votação na sala de aula para escolher dois a formação populacional e cultural brasileira. Um
casos de terras indígenas demarcadas. Feitas as escolhas, dado que corrobora essa afirmação é a participação
divida a turma em dois grupos, cada um encarregado de percentual dos negros e pardos na população bra-
pesquisar entrevistas de lideranças, documentários, repor- sileira atualmente, que respondem pela maior par-
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tagens que tratem do processo de demarcação dessas cela da população do Brasil.
terras e informações sobre as etnias que a reivindicaram.
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Essas pesquisas podem ser realizadas individualmente e, P. 78
em data marcada, levadas para a sala de aula. Solicite que
eles as entreguem de maneira sistematizada, organizada A luta dos negros pela liberdade
e com um resumo do que foi compreendido. Oriente os Discuta o surgimento dos quilombos como forma de
grupos a trocar o que pesquisaram de modo a se apropria- resistência e de sobrevivência dos negros que fugiam da
rem do outro estudo de caso. Ao final, cada estudante pode situação de escravidão, em condições completamente
entregar um relatório individual comparando os dois casos desumanas. Esclareça que, nesses espaços, eles puderam
analisados. Caso seja viável, alguns materiais utilizados exercer suas crenças, musicalidades, danças e demais
durante a atividade ou que tenham sido separados pelo tradições de origem africana que lhes foram negadas com
professor podem ser trabalhados coletivamente. o processo de escravização.
Organize um debate sobre a autonomia alimentar que
P. 74-75 muitos quilombos conquistaram por meio da agricultura.
Além disso, em alguns casos, os quilombolas comerciali-
Mídia: Estudo de caso: etnomídia zavam os excedentes. De acordo com Alfredo Wagner
e a Rádio Yandê Berno de Almeida, há registros de situações em que os
Essa proposta de atividade tem os objetivos de mobi- fazendeiros, ao depararem com contextos econômicos
lizar práticas de pesquisa relacionadas ao estudo de caso adversos, compravam os alimentos destinados aos escra-
e desenvolver a competência geral 2 da Educação Básica. vizados de comerciantes cujos produtos tinham origem na
Para isso, é abordado um caso específico de mídia produção de quilombos.
LXIX
P. 79-80 fornecer exemplos atuais, os quais demonstram
que o espaço dos povos indígenas é constantemen-
População quilombola na te ameaçado por interesses diversos. Considere
Constituição Cidadã inserir na discussão as tragédias que ocorreram em
Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, com sérias
Explore a questão da permanência dos territórios qui-
consequências para comunidades ribeirinhas e
lombolas após o fim da escravidão. Segundo Almeida, os
indígenas e para a biodiversidade.
quilombos não aparecem em boa parte da legislação repu-
b) Resposta pessoal. Oriente os estudantes a fazer as
blicana porque se acreditava que eles desapareceriam com
pesquisas em livros ou sites de instituições confiá-
a abolição da escravatura. No entanto, não foi o que acon-
veis, públicas ou privadas, que disponham dos
teceu: com sua existência, eles representam uma continui-
dados e informações necessários.
dade da memória, das tradições, das práticas agrícolas e da
história dos ancestrais que deram origem àqueles espaços.
P. 82
Almeida comenta também que, quando os quilombos
foram retomados na Constituição de 1988, depois de muita Representatividade e participação política
pressão e luta, são designados como “remanescentes”, uma
Incentive os estudantes a pesquisar ativistas, lideran-
espécie de sobra, como se fosse uma aceitação daquilo que ças e políticos que foram e ainda são importantes na luta
já foi. Para o autor, o foco deveria estar naquilo que eles são por direitos indígenas em todo o Brasil. Cada um deles
agora, levando em conta suas características atuais. pode ficar responsável pela pesquisa a respeito de uma
Aborde os problemas na demarcação nas terras qui- personalidade; solicite que eles forneçam essa informa-
lombolas, a exemplo do que acontece com as terras indí- ção aos colegas para que não haja muitas repetições. Na
genas. Mais uma vez, não se trata de uma questão sequência, em sala de aula, estimule-os a se apresentar
meramente burocrática, embora ela exista – os quilom- como se estivessem no lugar da pessoa cuja trajetória foi
bolas precisam comprovar os laços ancestrais com escra- pesquisada. Realize um debate sobre a questão indígena,
vizados –; trata-se, sobretudo, de um conflito que envolve durante o qual eles representem essa personalidade e
os interesses econômicos pela terra. defendam uma opinião com base nos pensamentos,
É importante que os estudantes compreendam que ações e vivências dela.
existem conflitos em jogo, em virtude da reprodução do
modo capitalista de produção, em uma sociedade em que P. 83
o agronegócio tem grande força econômica e política, e a
terra é fundamental para a ampliação dos negócios. Essa Atividades
situação acaba por gerar casos de violência. 1. A PEC 215 pretendia alterar a Constituição de 1988
Aprofunde o tema do desmatamento associado ao para que a demarcação de terras indígenas não fosse
avanço das atividades econômicas na Amazônia. Segundo mais feita pelo Poder Executivo, e sim pelo Congresso
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Ima- Nacional. A MP 886 de 2019, por sua vez, pretende
zon), o índice de desmatamento atingido em abril de 2020 passar essa competência para o Ministério da Agricul-
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foi o maior nos últimos dez anos. Assim, oriente os estu- tura, Pecuária e Abastecimento.
dantes na realização de uma pesquisa sobre as causas do 2. a) A charge mostra o aviso de um indígena sobre a
aumento da derrubada da vegetação bem como acerca chegada de população de não indígenas ao espaço,
das tecnologias disponíveis hoje para ajudar no controle bem como os impactos negativos que esse contato
dessas práticas ilegais etc. pode trazer, como desmatamento e invasão do ter-
ritório. Uma interpretação possível é de que essa
P. 81 charge retrata a própria chegada dos portugueses
ao território que viria a ser o Brasil.
Boxe: Resistência, Belo Monte e os povos
b) As sociedades indígenas, em geral, veem a natureza
indígenas do Xingu e todos os seus elementos como parte de suas cren-
O objetivo do boxe é que os estudantes investiguem um ças e não se consideram dissociadas desses elemen-
exemplo de situação em que os direitos dos indígenas e tos naturais: a Terra é um todo sagrado. As sociedades
sua visão de mundo foram violados. não indígenas, por sua vez, tendem a enxergar a
natureza como provedora de recursos para o desen-
RESPOSTAS
volvimento capitalista ou até mesmo como obstácu-
a) Resposta pessoal. Desenvolva a ideia de que a lo para a efetivação dessas práticas econômicas. A
lógica capitalista presente em nossa sociedade não preservação dos modos de vida indígenas e de suas
contempla a lógica do modo de vida indígena. Além sociedades é fundamental para a manutenção da
de todo o processo histórico já abordado, é possível natureza e da biodiversidade do país.
LXX
3. Promova uma discussão, com base no pensamento de seu trabalho extremamente difícil: jogando xadrez com a pa-
Edson Kayapó sobre o uso do termo “índio” e como este troa. O curta pode contribuir para tratar as relações sociais
baseadas no racismo no Brasil, que continuam extremamen-
se relaciona com a visão etnocêntrica e civilizatória dos
te presente nos dias de hoje.
colonizadores europeus.
4. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes Uma história de amor e fúria, direção de Luiz Bolognesi.
pontuem que a representação política pode signi- São Paulo, 2013 (75 min).
ficar um maior debate e a proposição de soluções Passado e futuro se encontram na trama dessa animação, que
e encaminhamentos para demandas específicas aborda a história do Brasil em três períodos: descobrimento,
que atingem grupos da população. Quando não há escravidão e Ditadura Civil-Militar, além de um paralelo do fu-
representantes de um determinado segmento da turo, em 2096.
sociedade nesses espaços, reivindicações e pautas
específicas podem ficar relegadas a segundo plano, Livros
o que não quer dizer, por outro lado, que essa pre- EVARISTO, Conceição. Canção para ninar menino grande.
sença signifique necessariamente o debate ou a São Paulo: Unipalmares, 2018.
discussão de algumas demandas, por falta de Trata da vivência das mulheres negras por meio de reflexões
espaço ou mesmo pela não identificação dos indi- acerca das profundas desigualdades raciais brasileiras. Mis-
víduos eleitos com pautas específicas. turando realidade e ficção, a autora privilegia a denúncia das
opressões raciais e de gênero, assim como a recuperação da
b) Esse item pode ser desdobrado em um debate. A
ancestralidade da negritude brasileira.
ideia é discutir os limites e as possibilidades dessa
representatividade. Por exemplo, basta que um FREIRE, José Ribamar BESSA. Da língua geral ao portu-
indivíduo ou um grupo de indivíduos seja eleito para guês: para uma história dos usos sociais das línguas na
que construam uma frente ampla pela luta de di- Amazônia. 2003. Tese (Doutorado em Literatura Compa-
reitos de uma determinada demanda, que seja rada) – Instituto de Letras, Universidade Estadual do Rio
indígena, LGBTQI, afrodescendente, etc? Pode ser de Janeiro, Rio de Janeiro.
que não, pois as pessoas têm diferentes formas de
Em sua tese de doutorado, Bessa Freire analisa a trajetória da
se enxergar e enxergar o grupo na sociedade. Por- língua geral no Brasil, que nada mais é do que uma derivação
tanto, uma maior equidade na política garante não do tupi resultante da influência portuguesa. O autor discorre
apenas um debate plural, amplo, diverso e justo, sobre os motivos para a redução significativa de sua reprodu-
mas contribui para que as diferentes demandas ção em nosso país. Esse material pode ser empregado com
possam ter lugar de exposição e debate. apoio na abordagem do processo de extermínio dos povos in-
dígenas e das lutas indígenas nos dias de hoje.
LXXI
UNIDADE 3 P. 84-85
EM BUSCA DA CIDADANIA As concepções de cidadania
O material contempla o conceito de cidadania na Grécia
Antiga, contexto em que ele era bastante restrito, uma vez
VISÃO GERAL que era aplicado apenas a homens livres e autônomos; por
A Unidade 3 aprofunda os estudos sobre a cidadania e tanto, mulheres, crianças, idosos e escravos ficavam de fora
debate as características socioeconômicas das dife da classe daqueles que eram considerados cidadãos.
rentes regiões brasileiras, mobilizando as habilidades
Enfatize a concepção aristotélica de cidadania, que pre
EM13CHS605 e EM13CHS606. Para isso, são analisados via a participação nas assembleias como uma tarefa pró
os princípios da Declaração dos Direitos Humanos, bem pria daquele que era cidadão (exceto, mais uma vez, os
como da Constituição federal brasileira de 1988, recor grupos mencionados acima). Proponha uma reflexão com
rendo aos conceitos de justiça, igualdade e equidade, para base no seguinte questionamento: “Em que medida esse
fundamentar a crítica à desigualdade entre indivíduos, conceito de cidadania se assemelha ou se distancia do
grupos e sociedades. nosso sistema de participação social?”.
Em seguida, realiza-se uma discussão sobre os embates Espera-se que os estudantes compreendam que, na
políticos e sociais envolvidos no processo de redemocra Era Moderna, filósofos como John Locke (1632-1704)
tização que caracterizam a Nova República, inaugurada e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) compartilhavam
com o fim da Ditadura Civil-Militar. Espera-se que o estu a ideia da existência de um estado de natureza, no qual
dante atente à centralidade dos novos atores políticos que o homem vivia antes da criação de um governo. Nesse
emergem durante o período, como os movimentos sociais, estado, as noções de igualdade e liberdade, de acordo
o sindicalismo e os novos partidos e a sua participação com Locke, são fundamentais, pois o homem teria a
ativa nas disputas políticas presentes nos debates da liberdade de dispor de suas posses como bem enten
Assembleia Nacional Constituinte de 1988. É importante desse, sem ter mais do que outros homens, o que con
que o estudante reflita sobre as contradições entre a figuraria a igualdade. Com a criação da sociedade civil,
garantia de direitos sociais e políticos pretendidos pela porém, o poder político passou a expressar-se por meio
de uma pessoa ou grupo encarregado de administrar os
Constituição de 1988 e a realidade da precária condição
interesses dos membros da sociedade. Nesse caso, o
de vida de grande parte da população brasileira.
conceito de cidadania estaria associado ao poder polí
Depois, trata-se de conceitos e questões próprias da tico e aos direitos dos homens na sociedade civil. É
Ciência política, discutindo o funcionamento das institui importante a percepção de que tal conceito não diz res
ções democráticas e sua relação com a sociedade brasi peito apenas à participação política no momento da
leira pós-1988. votação, o que Rousseau denomina modelo democrático
A unidade contempla também o estudo das propostas meramente formal. A cidadania estaria relacionada à
de regionalização brasileira, favorecendo o desenvolvi participação política ativa do indivíduo, como no pro
mento de uma consciência crítica sobre os projetos de cesso de formulação de leis. Neste momento, promova
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
desenvolvimento do Estado brasileiro, inseridos em uma reflexão sobre momentos da história do Brasil em
que essa participação ativa foi requisitada aos cidadãos
DA EDITORA DO BRASIL
contextos políticos específicos. Assim, é possível perceber
brasileiros. Mencione, por exemplo, o referendo de
as semelhanças e as diferenças de ações voltadas para
2005, que levou o povo às urnas para decidir sobre o
pensar e planejar o território, bem como perceber as
Estatuto do Desarmamento.
intenções e as razões que permeiam essas políticas, a
exemplo das diferentes regionalizações criadas pelo IBGE,
P. 86
que visavam atender a diferentes demandas e necessida
des, como a produção de dados e informações econômi A cidadania nos tempos atuais
cas, sociais e territoriais.
Traga o conceito de cidadania para a contemporanei
dade por meio da ideia de que pensar em cidadania implica
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS reconhecer que o mundo está passando por um processo
expressivo de globalização. Isso nos leva a ponderar, por
P. 84 exemplo, sobre a coerência, na atualidade, das medidas
de restrição da cidadania a estrangeiros adotadas na Anti
Cidadania e direitos guidade. Verifique se os estudantes compreendem que,
Neste item, os estudantes entrarão em contato com no presente, cidadão é o indivíduo portador de direitos e
conceitos comumente ligados à Filosofia política, como deveres que se relaciona com a esfera pública do poder
cidadania, direitos (humanos, sociais e individuais), justiça, e das leis e membro de uma classe social, que, por sua
igualdade e equidade. Inicialmente, será abordado o con vez, se relaciona com a esfera pública do poder e das leis.
ceito de cidadania, cuja definição muda com o passar do O filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas (1929-)
tempo, pois cada época a compreende de uma forma. trata do conceito de cidadania no texto de apoio.
LXXII
Texto de apoio sua história: o holocausto nazista. Embora os direitos
humanos carreguem em si um pouco do que os filósofos
do século XVIII defendiam acerca de direitos naturais, é
Somente uma cidadania democrática, que não se relevante ressaltar que não existem direitos que sejam
fecha num sentido particularista, pode preparar o ca- naturais, tendo em vista o fato de serem criados pelo pró
minho para um status de cidadão do mundo, que já co-
prio homem. E, como o homem é o produto de sua época,
meça a assumir contornos em comunicações políticas
o conceito de direito humano pode ser compreendido de
de nível mundial. A Guerra do Vietnã, as transforma-
maneiras distintas em momentos diferentes.
ções revolucionárias na Europa Central e no Leste
Europeu, bem como a Guerra do Golfo, constituem os
Outro ponto de vista: A perspectiva de Hannah
primeiros acontecimentos de uma política mundial em
sentido estrito. Através da mídia eletrônica, esses
Arendt sobre os Direitos do Homem
acontecimentos puderam ser vistos por uma esfera Proponha a leitura conjunta do texto de Hannah Arendt,
pública ubiquitária. Aos referir-se à Revolução Fran- que aborda o tema dos direitos humanos no contexto de
cesa, [Immanuel] Kant apoiou-se nas reações de um sua criação. A filósofa discorre em sua obra sobre a temática
público participante. Em sua época, ele conseguiu do totalitarismo e, nesse trecho específico, comenta o fato
identificar o fenômeno de uma esfera pública mun- de que governos totalitários enxergavam na Declaração dos
dial que somente hoje assume feições reais num con- Direitos do Homem uma usurpação à soberania nacional.
texto comunicacional de cidadãos do mundo. As pró- Saliente que o nacionalismo extremo era uma das caracte
prias potências mundiais não podem mais ignorar a rísticas comuns aos governos totalitários do início do século
realidade dos protestos que atingem dimensões pla- XX. Logo, colocar os direitos de um povo nas mãos de um
netárias. Já começamos a perceber que o estado na- órgão internacional feriria a nacionalização de determinados
tural selvagem em que se encontram Estados belige-
Estados, de acordo com o exposto pela autora.
rantes que perderam sua soberania é obsoleto. O
estado de cidadão do mundo deixou de ser uma sim- RESPOSTAS
ples quimera, mesmo que ainda estejamos muito lon-
1. Espera-se que os estudantes percebam que, embora
ge de atingi-lo. A cidadania em nível nacional e a ci-
ambas as declarações se identifiquem como univer
dadania em nível mundial formam um continuum
cujos contornos já podem ser vislumbrados no hori- sais, por se basearem na ideia do direito natural do
zonte. homem, Estados e nações podem não aceitá-las, por
considerarem-nas “usurpação da soberania”. Ou seja,
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e
validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. um país pode achar que sua soberania está acima dos
p. 304-305. direitos universais e não concordar com eles. Justa
mente pelo seu caráter não nacional (por serem uni
versais), os direitos humanos podem ser vistos por
algumas nações como uma ameaça à sua nacionali
Direitos, um símbolo da democracia
dade.
Para abordar o conceito de direitos, convide os estu
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO 2. Ajude os estudantes na confecção desse documento
dantes a refletir sobre a noção de serem portadores de
indicando sites como o do Planalto, disponível em:
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direitos e sobre quais direitos seriam esses. A expectativa
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
é de que eles compreendam que os primeiros direitos
constituicao.htm (acesso em: 29 ago. 2020), em que
fundamentais do homem, criados no contexto da demo
está disponibilizado o texto integral da Constituição
cracia ateniense, foram o de igualdade, o de liberdade e o
federal. Além disso, auxilie-os na redação do texto e
de participação no poder. Incentive uma discussão a res
verifique se todos os atores da comunidade escolar
peito da aplicação desses direitos na contemporaneidade.
foram contemplados.
P. 87 P. 88-89
Direitos humanos, uma conquista Conexões: Bioética
constante Tendo como tema central a questão da ética em pesqui
Quanto ao conceito de direitos humanos, certifique-se sas científicas, em práticas que vão contra os direitos huma
de que os estudantes entendem que ele se refere à classe nos, mobiliza-se a habilidade EM13CHS605 e trabalha-se
de direitos compreendidos como inerentes a todos os com os seguintes Temas Contemporâneos Transversais:
seres humanos do planeta, por isso, são universais e ina ciência e tecnologia; e educação em direitos humanos. Para
lienáveis. Criados no contexto do fim da Segunda Guerra refletir sobre esse tema, os estudantes entrarão em contato
Mundial, com a proclamação da Declaração Universal dos com debates das áreas de Ciências Humanas e Sociais
Direitos Humanos, seu princípio básico é o da não violên Aplicadas e de Ciências da Natureza e suas Tecnologias,
cia, visto que o mundo acabara de testemunhar, naquele podendo reconhecer como esses campos são articulados
momento, um dos episódios mais tristes e violentos de em diversos aspectos da realidade.
LXXIII
Caso julgue adequado, articule o trabalho dessa seção pelo direito em questão. Por exemplo, as crianças e os
juntos aos professores de Ciências da Natureza, combi adolescentes têm uma série de direitos específicos, asse
nando a melhor maneira de potencializar o trabalho com gurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
as habilidades das duas áreas.
RESPOSTAS Direitos individuais: por
1. C
om base na revolução científica ocorrida principal
uma existência digna
mente no século XX, pode-se pôr em discussão o modo Direitos individuais são aqueles que preveem a auto
como esses princípios atuam na tentativa de concilia nomia dos indivíduos na sociedade, ou seja, que reconhe
ção entre a busca por inovações científicas e a preser cem a particularidade e a diversidade de cada pessoa ou
vação da existência humana e, em contrapartida, o grupo social. Comente, por exemplo, o direito de pessoas
respeito aos direitos individuais. transgênero adotarem documentos com seu nome social.
Ainda, o direito de escolher com quem se casar, onde
a) Espera-se que os estudantes construam argumen
morar, que profissão adotar. Vale a pena convidá-los a
tos com base em dados relevantes e que embasem
refletir mais uma vez sobre a inclusão ou a exclusão des
sua opinião, favorável ou contrária ao uso de fontes
ses direitos por determinados grupos sociais. Lance a
de pesquisa que levem em conta ou não o sofri
pergunta: “Será que todo mundo tem garantido o direito
mento dos pacientes submetidos às experiências.
de escolher no que vai trabalhar?”. Para tornar o discurso
Incentive-os a exercitar a empatia nesse cenário.
mais próximo da realidade dos estudantes, integre à dis
b) Auxilie os estudantes na formulação do artigo de cussão o fato de eles estarem prestes a fazer uma escolha
opinião, lembrando-os que devem embasar seus profissional, o que se configura em um direito individual.
argumentos na leitura da Declaração Universal
sobre Bioética e Direitos Humanos. P. 92-93
P. 90-91
Os conceitos de justiça, igualdade e
Direitos sociais, um caminho equidade
para realizar a justiça Espera-se que, quanto aos conceitos apresentados, os
Com relação ao conceito de direitos sociais, é funda estudantes assimilem a noção de que justiça, igualdade e
mental que os estudantes compreendam que tais direitos equidade se relacionam na garantia de direitos e na cons
são aqueles assegurados pelo Estado com o objetivo de trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
garantir relações justas entre diferentes grupos sociais. O conceito de justiça reforça a noção proposta pela
Eles são assim chamados porque partem do princípio de Declaração Universal dos Direitos Humanos de que todos
que o indivíduo que vive em sociedade integra determina os homens são iguais perante a lei. Portanto, o conceito de
dos grupos sociais. Enfatize que os direitos sociais são igualdade expressa um princípio fundamental nas socieda
comumente estabelecidos por meio de uma Constituição des e tornou-se uma ferramenta para a ampla participação
(documento que rege as leis de um país). Oriente-os a ler política dos cidadãos. É importante destacar que a noção
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
como a Constituição federal brasileira de 1988 define os de igualdade, que é abstrata, pode resultar em injustiças
direitos sociais no Artigo 6o.
DA EDITORA DO BRASIL sociais. Por exemplo, partindo do princípio de que todos são
Convide-os a refletir sobre como esses direitos se concre iguais, vestibulandos de colégios privados e vestibulandos
tizam na sociedade brasileira atualmente. Será que todos os de escolas públicas de periferia disputam a mesma vaga na
cidadãos têm esses direitos garantidos? Aproveite para reto universidade. Verifique o que os estudantes pensam a esse
mar o conceito de minorias, abordado na unidade anterior. respeito: trata-se de uma situação injusta, visto que os dife
É de grande relevância a compreensão de que os direi rentes grupos de vestibulandos têm condições materiais
tos sociais, diferentemente dos direitos humanos, não são que os beneficiam ou os prejudicam durante o processo de
promulgados por um órgão internacional que entende que preparação para a prova?
todos os seres humanos têm direitos inalienáveis; eles Aproveite para introduzir o próximo conceito, o de equi
são, antes, fruto de lutas sociais empreendidas por aque dade. Certifique-se de que os estudantes compreendam
les que usufruem desses direitos. Por exemplo, os direitos que esse termo designa o tratamento “desigual” aos desi
trabalhistas resultaram de movimentações sociais, muitas guais para que a justiça social seja efetivada. No caso da
vezes traduzidas por meio de greves dos trabalhadores, situação exposta acima, mobilize os estudantes a refletir
que os reivindicaram. sobre propostas que poderiam ser elencadas para suprimir
Outro ponto importante a ser reforçado é aquele apre a desigualdade entre os vestibulandos. Tratar de maneira
sentado pelo filósofo Norberto Bobbio: enquanto os direi “desigual” aquele que é desigual diz respeito à criação de
tos humanos preveem a igualdade entre os homens, os políticas afirmativas com o intuito de eliminar a exclusão
direitos sociais preveem justamente aquilo que os dife social, cultural e econômica de indivíduos pertencentes a
rencia, à medida em que o pertencimento a diferentes grupos que sofrem algum tipo de discriminação, como
grupos sociais é o que determina quem será beneficiado mulheres, pessoas negras, homossexuais, entre outros.
LXXIV
Proponha uma roda de discussão ou a realização de um P. 94
debate sobre políticas afirmativas, como a política de cotas
em universidades e empresas. Boxe: Igualdade, equidade e justiça
Auxilie os estudantes na interpretação do texto de Aris
Aos conceitos apresentados, soma-se o de justiça
tóteles. Para ilustrar os conceitos de igualdade, equidade
social, abordado pela filósofa Nancy Fraser (1947-). Para
e justiça, busque por imagens que façam uma problema
essa autora, a justiça social concretiza-se por meio da
redistribuição de renda entre os indivíduos de uma socie tização dessa discussão. Veja um exemplo no link a seguir:
dade e do reconhecimento de que o outro (enquanto ser) https://brasil.elpais.com/verne/2020-06-16/a-igualdade
é igual a mim, à medida que merece ser tratado com dig -de-oportunidades-explicada-com-uma-macieira-quatro
nidade, como prevê a Declaração Universal dos Direitos -quadrinhos-e-um-meme.html (acesso em: 9 set. 2020).
Humanos, mas também de que é diferente de mim, em RESPOSTAS
face de que, assim como eu, tem suas particularidades
subjetivas e materiais. a) De acordo com Aristóteles, a justiça tem um caráter
universalizante que pode não julgar corretamente ao
Leia um trecho do pensamento de Nancy Fraser no texto
tentar igualar a situação de todos. Por isso, seria
de apoio.
necessário que a justiça fosse acompanhada da
Texto de apoio equidade. Isto é, considerar as diferenças de situação,
e aplicar a justiça de acordo com essas diferenças.
[...] proponho distinguir analiticamente duas ma- b) Como resultado da pesquisa, podem ser mencio
neiras muito genéricas de compreender a injustiça. nadas as seguintes políticas afirmativas: a lei que
A primeira delas é a injustiça econômica, que se ra- tornou obrigatório o ensino sobre história e cultu
dica na estrutura econômico-política da sociedade. ra afro-brasileira nas escolas, de 2003; a Política
Seus exemplos incluem a exploração (ser expropria-
Nacional de Saúde Integral da População Negra,
do do fruto do próprio trabalho em benefício de ou-
tros); a marginalização econômica (ser obrigado a um de 2009; o Estatuto da Igualdade Racial, de 2010;
trabalho indesejável e mal pago, como também não a Lei de Cotas, de 2012; entre outras.
ter acesso a trabalho remunerado); e a privação (não
ter acesso a um padrão de vida material adequado).
P. 95
[...] Atividades
A segunda maneira de compreender a injustiça é 1. Espera-se que o estudante se sinta capacitado a iden
cultural ou simbólica. Aqui a injustiça se radica nos
tificar que o conceito de cidadania, embora englobe
padrões sociais de representação, interpretação e co-
diferentes significados e diferentes condições que
municação. Seus exemplos incluem a dominação cul-
tural (ser submetido a padrões de interpretação e co- fazem de um sujeito um cidadão, guarda como aspecto
municação associados a outra cultura, alheios e/ou fundamental a participação em decisões políticas.
hostis à sua própria); o ocultamento (tornar-se invisí- 2. Oriente os estudantes na realização da pesquisa no
vel por efeito das práticas comunicativas, interpreta- link. Pode ser que eles apresentem como resultado da
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tivas e representacionais autorizadas da própria cul- pesquisa os artigos e parágrafos presentes no capítulo
tura); e o desrespeito (ser difamado ou desqualificado
DA EDITORA DO BRASIL
rotineiramente nas representações culturais públicas
VII da Constituição (“Da Família, da Criança, do Ado
estereotipadas e/ou nas interações da vida cotidiana). lescente, do Jovem e do Idoso”).
[...] O remédio para a injustiça econômica é alguma 3. Espera-se que o estudante, com base na análise da tiri
espécie de reestruturação político-econômica. Pode nha, reflita sobre a questão dos direitos humanos e as
envolver redistribuição de renda, reorganização da dificuldades atuais para que sejam colocados em prá
divisão do trabalho, controles democráticos do inves- tica. Por exemplo, apesar de os direitos humanos se
timento ou a transformação de outras estruturas eco- apresentarem como universais, pode haver pessoas e
nômicas básicas. Embora esses vários remédios difi- projetos ideológicos que neguem sua plena efetivação.
ram significativamente entre si, doravante vou me
referir a todo esse grupo pelo termo genérico “redis- 4. A expectativa é de que os estudantes identifiquem o
tribuição”. O remédio para a injustiça cultural, em con- avanço dos aplicativos como um resultado do avanço
traste, é alguma espécie de mudança cultural ou sim- técnico. Os trabalhadores desses aplicativos, segundo
bólica. Pode envolver a revalorização das identidades exposto pela reportagem, estão submetidos a condi
desrespeitadas e dos produtos culturais dos grupos ções de trabalho precarizadas, o que provoca o surgi
difamados. Pode envolver, também, o reconhecimen- mento de demandas por condições melhores, isto é,
to e a valorização positiva da diversidade cultural. por direitos. No século XIX, esse tipo de relação era
FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? impensável porque a tecnologia que utilizamos hoje
Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de
Campo. São Paulo, n. 14/15, p. 231-239, 2006. Disponível
não estava disponível, mas esse movimento se asse
em: http://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/ melha aos movimentos operários daquele período,
view/50109/54229. Acesso em: 29 jun. 2020. uma vez que trabalhadores estão em busca de melho
res condições para o exercício de suas atividades.
LXXV
P. 96-97 Proponha uma reflexão sobre como as transições de
governo efetivadas no Brasil resultaram na manutenção
Às vésperas da Nova República de algumas características do regime anterior. Dessa forma,
a Nova República, iniciada em 1985, carregou a manuten
O enfoque deste item é a importância das mobilizações ção de instituições herdadas da Ditadura Civil-Militar, além
populares brasileiras no processo de abertura democrá de numerosas semelhanças com esse regime.
tica. A reorganização de categoriais de trabalhadores,
estudantes, movimentos negro e indígena, incentivados P. 98
pelo arrefecimento das políticas de repressão, foi deter
minante para a transição que ocorreu no período. Entre A reorganização partidária
tanto, enfatize que, mesmo com a imensa pressão advinda Explique para os estudantes que uma das característi
das ruas pela queda do regime ditatorial, isso se concre cas dos governos democráticos é a liberdade de organiza
tizou de maneira lenta e gradual. ção partidária, de modo que a abertura democrática
Veja no texto de apoio de que modo outras associações acarretou a reorganização dos partidos políticos. Nesse
periféricas contribuíram para essa migração à democracia. momento surgiram partidos importantes no cenário polí
tico brasileiro até os dias de hoje, como o Partido dos Tra
Texto de apoio balhadores (PT), o Partido da Social Democracia Brasileiro
(PSDB) e o PMDB (Partido do Movimento Democrático
Brasileiro, atual MDB).
Uma das pontas mais ativas dessa movimenta-
ção brotou na periferia de São Paulo através de as- Projetos nacionais em disputa
sociações quase invisíveis ao governo mas típicas Oriente os estudantes de modo que diferenciem as
de uma população desassistida pelos poderes pú- ideias de transição democrática e de revolução democrá
blicos: clubes de mães, grupos de moradores, comi- tica, elaboradas pelo sociólogo Florestan Fernandes
tês de saúde. As reuniões aconteciam geralmente (1920-1995). A primeira acarretaria para o novo governo
no salão paroquial das igrejas de bairro, e contavam uma série de permanências em relação ao período ante
com a estrutura e a proteção das Comunidades Ecle- rior, como a manutenção dos privilégios militares e da elite
siais de Base. Em meados dos anos 1970, já existiam burguesa. A segunda, no entanto, continha a ideia de rom
milhares de CEBS espalhadas nas cidades e na área pimento brusco com as instituições e práticas do regime
rural que funcionavam como celeiros de lideranças anterior, com a construção de um governo, de fato, novo.
comunitárias. Essas comunidades estavam na ori-
Um dos objetivos é que a leitura do texto de Florestan
gem dos novos movimentos sociais que emergiram
Fernandes resulte na percepção, pelos estudantes, de que
na cena pública do país ao longo dessa década – Mo-
ele traça um paralelo entre o momento de transição da
vimento do Custo de Vida, Sociedade dos Amigos
Ditadura Civil-Militar para a democracia e outros períodos
do Bairro, Associações de Favelas –, e foram essen-
de transição de regimes no Brasil, como a Independência,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ciais para organizar a participação popular em ati-
a Proclamação da República e a abolição dos escravos.
vidades de pressão política.
DA EDITORA DO BRASIL Questione-os sobre a semelhança apontada pelo sociólogo
A discussão sobre a tolerância associada à pauta
nesses processos. Avalie os conhecimentos adquiridos por
dos direitos civis entrou no debate público animada
eles em relação a esses conteúdos, já estudados nas uni
por novas formas de militância política que se orga-
dades anteriores.
nizaram durante os anos 1970: o Movimento Negro
Unificado contra a Discriminação Racial (MNUCDR), P. 99
o Centro da Mulher Brasileira (CMB) e o Somos: Gru-
po de Afirmação Homossexual Os movimentos de Outro ponto de vista: Estado mínimo ou Estado
minorias política alargaram os contornos da luta de- intervencionista?
mocrática e fizeram seus pontos de vista em publi- O objetivo do boxe é apresentar diferentes perspectivas
cações próprias que combinavam um novo ativismo sobre a participação do Estado na economia.
político, no qual se reivindicavam o reconhecimento 1. Estado mínimo é aquele que não interfere – ou interfere
da diferença associado à pauta de demanda por igual- muito pouco – na economia. Isso significa que ele per
dade e universalidade de direitos, e que introduziu mite que o mercado e a economia se autorregulem. O
novas categorias analíticas, como gênero ou sexua- Estado mínimo é pregado por governos liberais e neo
lidade [...] liberais como necessário para o pleno funcionamento
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, da economia capitalista. Estado intervencionista é
Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia.
São Paulo: Companhia das Letras, aquele que exerce maior controle sobre a economia,
2015. E-book. como pela administração de setores estratégicos da
economia nacional através de empresas estatais, pela
LXXVI
adoção de políticas que restringem a margem de atua P. 103
ção da iniciativa privada e pela oferta de mais serviços
públicos à população. Avanços e desafios na Nova República
2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a comparar Incentive os estudantes a identificar os principais fato
as duas visões de participação do Estado na economia res responsáveis pelas dificuldades de cumprimentos dos
na elaboração da resposta. direitos fundamentais postulados na Constituição, como
3. Auxilie os estudantes na realização da atividade, indi moradia, emprego, saúde e educação. Relacione essas
cando sites confiáveis de pesquisa para a coleta de dificuldades com as desigualdades raciais e sociais estu
informações, alertando-os para o cuidado com notícias dadas nas unidades anteriores.
falsas. Depois, incentive as duplas a socializar suas
elaborações com a turma, contribuindo, assim, para a P. 104
construção do debate sobre o tema.
Juventude e políticas públicas
P. 100-101 Esclareça o significado de políticas públicas. Elas con
sistem em conjuntos de programas, ações e decisões toma
A Constituição Cidadã e os direitos das pelos governos (federal, estaduais ou municipais), com
humanos a participação direta ou indireta de entes públicos ou pri
Esclareça que a Constituição vigente atualmente no vados, com o objetivo de assegurar determinado direito de
Brasil, promulgada em 1988, é chamada de cidadã por ter cidadania a grupos sociais, étnicos ou econômicos.
sido elaborada com a participação da população, respon Estimule um debate sobre a importância dessas políti
sável pela inclusão de demandas populares. O principal cas para a juventude brasileira, principalmente nas cama
avanço com relação ao período anterior consistiu na garan das mais vulneráveis da população, para garantir o
tia de direitos sociais e políticos da população. cumprimento dos direitos básicos assegurados pela Cons
Além desses avanços, é preciso frisar que a Constituição tituição.
de 1988 é marcada pela contradição de tentar atender às Proponha uma reflexão sobre a importância da juven
demandas de todas as camadas da população, contem tude na construção da sociedade. Destaque que o Brasil,
plando os interesses de militares, grandes empresas, sin hoje, é um país demograficamente jovem, ou seja, a maior
dicalistas etc. Assim, formou-se um texto amplo, que parte da população brasileira se concentra, em primeiro
abrange temas que não necessariamente dizem respeito lugar, entre os 35 e os 39 anos e, em segundo, entre os 15
às atribuições constitucionais. e os 19. Portanto, os jovens são uma parcela significativa
Levante os conhecimentos prévios dos estudantes da população, que demandam políticas públicas especí
sobre a Constituição brasileira, tanto no sentido dos direi ficas capazes de garantir seu desenvolvimento pleno.
tos como no dos deveres de cada cidadão. Leia o artigo do texto de apoio, que trata sobre juven
tudes no espectro de sua atuação social.
P. 102 MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Texto de apoio
DA EDITORA DO BRASIL
A garantia de direitos
Explique que tratar as questões sociais como respon Problemas reais, identificados principalmente na
sabilidade do Estado é uma mudança de paradigma na área da saúde, da segurança pública, do trabalho e do
política brasileira. Chame a atenção para os avanços que emprego, dão a materialidade imediata para se pen-
foram alcançados nesse processo, como a garantia à sar as políticas de juventude sob a égide dos proble-
saúde e à educação públicas, bem como a participação mas sociais a serem combatidos. Nesse processo é
da população nos processos políticos. Questione como possível reconhecer que, em muitas formulações, a
esse direito se verifica na prática, pensando nos desafios própria condição juvenil se apresenta como um ele-
encontrados ainda hoje no que se refere ao acesso a ser mento problemático em si mesmo, requerendo, por-
tanto, estratégias de enfrentamento dos “problemas
viços públicos.
da juventude”. Isso se expressa, por exemplo, na cria-
Comente que o projeto que deu origem ao Sistema ção de programas esportivos, culturais e de trabalho
Único de Saúde (SUS) é considerado um modelo a ser orientados para o controle social do tempo livre dos
seguido em todo o mundo, por garantir acesso universal jovens, destinados especialmente aos moradores dos
à saúde em todo o território nacional. Chame a atenção da bairros periféricos das grandes cidades brasileiras.
turma para a importância do SUS no combate à Sars CARRANO, Paulo César Rodrigues; SPOSITO, Marília Pontos.
-CoV-2, não somente no sentido de garantir atendimento Juventude e políticas públicas no Brasil. In: 26a REUNIÃO
ANUAL DO ANPEd, 2003, Poços de Caldas, MG. Disponível
médico à população, como também por ser responsável em: https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n24/n24a03. Acesso
pelas pesquisas e pelo desenvolvimento de tecnologias em: 26 jul. 2020.
para ajudar a sanar o problema sanitário no país.
LXXVII
P. 105 d) Sim, é possível compreender a situação da popu
lação negra hoje como um reflexo dos séculos de
Atividades escravidão e posteriormente dos séculos de exclu
são e marginalização dessa população na socieda
1. a) Herbert de Souza (1935-1997) traça um retrato
de brasileira. A escravidão negou o direito à huma
da Nova República assumindo um lugar em que as
nidade dos negros no Brasil por quase 400 anos,
questões sociais chegam aos discursos, mas não
ao passo que sua abolição não propiciou a garan
se concretizam na prática. Ou seja, a crítica do
tia de direitos nem foi responsável por políticas
autor consiste em afirmar que, ao mesmo tempo
públicas de reparação dos anos de opressão. Como
que a Nova República pós-Ditadura Civil-Militar
reflexo, tem-se na atualidade a situação estrutural
assumiu uma ideologia em que se destacava a
da população negra no Brasil.
necessidade de olhar para o social, na política
posta de fato em prática a questão social continuou e) Sim. É possível identificar mecanismos de exclusão
esquecida, reproduzindo e alimentando desigual pelos baixíssimos índices de acesso ao mercado
dades históricas da sociedade brasileira. de trabalho e aos cargos de alta remuneração. Ao
mesmo tempo, os índices da população carcerária
b) Espera-se que os estudantes reflitam empregando
refletem a exclusão da população negra no acesso
como subsídio os conhecimentos adquiridos ao
à educação e ao trabalho, o que gera situações de
longo da unidade. Certifique-se de que eles iden
marginalização. No que diz respeito aos mecanismos
tifiquem a presença ainda latente das desigualda
de inclusão, percebe-se aumento no índice de
des sociais brasileiras e a carência de políticas
acesso ao Ensino Superior, reflexo das políticas
públicas efetivas que visem acabar com esse abis
de cotas raciais.
mo social. Dessa forma, pode-se afirmar que os
apontamentos do sociólogo são permanentes, em Conduza a discussão das análises realizadas pelos
que pesem os avanços perpetrados em determi estudantes cuidando para que a discussão seja
nados contextos desde o momento em que o tex feita de maneira organizada e respeitosa.
to foi publicado, visto que a desigualdade social f) É essencial que as propostas de ação partam dos
ainda é uma realidade. estudantes. Oriente-os a pesquisar inicialmente o
2. a) Segundo os gráficos apresentados no estudo, significado de “políticas públicas”, para ajudá-los
negros e negras compõem os maiores índices de a pensar no que pretendem elaborar.
desemprego, subutilização e informalidade de mão P. 106
de obra. Além disso, uma maioria de negros ocupa
cargos mais baixos, como estagiários e aprendizes, O exercício da democracia
ao passo que, nos cargos mais altos, com maiores Nesse item, serão discutidas as caraterísticas e as ins
remunerações, eles são minoria. É importante des tituições do sistema de governo brasileiro e o equilíbrio
tacar também que negros e negras recebem os entre os três poderes como alicerce da nossa democracia.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
menores salários, e as mulheres negras são as
mais mal remuneradas.
DA EDITORA DO BRASIL Presidencialismo * parlamentarismo
b) Os dados do estudo indicam que, nos últimos Os estudantes conhecerão as definições dos termos
anos, houve aumento do número de pretos e chefe de Estado e chefe de governo, com base nas quais
principalmente de pardos – autodeclarados, negros se apresenta o significado de presidencialismo, nosso
de pele mais clara – no Ensino Superior, resulta sistema de governo, e parlamentarismo, com a retomada
do da aplicação da política de cotas raciais. En do plebiscito realizado no Brasil em 1993. Destaque que
tretanto, ainda são os negros – pretos e pardos a principal referência de comparação, o Reino Unido, tem
– que compõem a maior parte dos analfabetos, o clara distinção entre o chefe de governo e o chefe de
que escancara a desigualdade racial presente na Estado, pois esta última função é desempenhada pela
educação no Brasil. família real.
c) No que diz respeito à violência, a população negra
é a maior vítima no país em todos os sentidos. São P. 107
os negros – homens, jovens, pobres – os mais
atingidos por mortes violentas, incluindo aquelas O plebiscito de 1993
perpetradas pelo Estado; quanto à violência do Aponte que, na época em que se realizou o plebiscito,
méstica, enquanto há diminuição nos índices de houve questionamentos sobre a possibilidade de adotar
feminicídio entre as mulheres brancas, ocorre o uma forma de governo não republicana, a monarquia. Dos
oposto entre as mulheres negras. Os negros também 67 milhões de brasileiros que votaram, apenas 6,8 milhões
representam a maioria da população carcerária apoiaram o retorno desse regime, enquanto 44,2 milhões
brasileira, reflexo do racismo estrutural do país. optaram pela república. O presidencialismo venceu com
LXXVIII
37,1 milhões de votos, e o parlamentarismo obteve eletivos quando se está votando, para fundamentar o voto
16,5 milhões deles. Quase 10 milhões de pessoas anula com base na percepção de que as promessas feitas
ram o voto. durante a campanha são factíveis e estão dentro do escopo
de atuação dos candidatos.
Boxe: Os três poderes
Uma vez que o povo brasileiro optou pelo presidencia Boxe: Quociente eleitoral
lismo, ainda muito influenciado pelo movimento das Dire O objetivo do boxe é apresentar aos estudantes de que
tas Já e pelo desejo coletivo de votar de forma direta para maneira funciona o processo de eleição de parlamentares
presidente, foi preciso organizar como seria a estrutura do no Brasil e como esses cargos se relacionam com as legen
governo. No Brasil, a democracia se apoia no equilíbrio das de partido e o quociente eleitoral.
entre os três poderes, detalhados na unidade. É importante
ressaltar que são poderes independentes, regidos por Sugestão de atividade complementar
regras próprias. Proponha aos estudantes que observem a charge dispo
nível em: https://www.otempo.com.br/charges/charge-o
No caso do Poder Legislativo, que apresenta diversas
-tempo-25-08-2016-1.1360699 (acesso em: 29 ago. 2020),
instâncias, as eleições são pautadas pelo cálculo do quo
publicada no jornal O Tempo, em 25 de agosto de 2016.
ciente eleitoral (QE). Ainda que não seja necessário entrar
nos pormenores matemáticos do cálculo, ele está sendo Inicie com eles uma discussão com a seguinte per
abordado para que os estudantes entendam o mecanismo gunta: “Qual é a crítica que a charge de Duke faz ao Poder
do número de cadeiras na Câmara: um candidato que Judiciário?”.
tenha obtido votação muito expressiva acaba por “puxar” Ressalte que a charge traz uma réplica da estátua que
candidatos do seu partido com menos votos. Assim, dife representa a Justiça, localizada diante do Supremo Tribunal
rentemente das eleições para os cargos do Poder Execu Federal, na Praça dos Três Poderes. A Justiça costuma ser
tivo, o Legislativo tem uma proporcionalidade em que nem retratada de olhos vendados, pois “a justiça é cega”, o que
sempre os mais votados serão os ocupantes dos cargos. significa que a lei deveria se aplicar igualmente a todas as
O Poder Judiciário cumpre a função de regular e fisca pessoas, sem distinção. Nas mãos, ela segura uma balança,
lizar a atuação dos outros dois poderes. Seu papel é cons na qual pesa ofensas e crimes, e uma espada, com a qual
tituir-se em arcabouço das leis e da justiça no país, com executa as sentenças. O chargista manteve todos esses
poder de interferência na ação dos demais, no caso de leis elementos, mas retratou a Justiça como um boneco inflável,
ou decretos entrarem em conflito com a Constituição fede com a parte de baixo arredondada, que, portanto, pode
ral e seus princípios. pender para qualquer lado. A estátua retratada, assim como
o boneco, não cai, no entanto pode ser empurrada para
P. 108-110 todos os lados, chegando bem perto de tombar, mas se
reerguendo. A crítica que a imagem traz é a de que o Poder
Presidencialismo de coalizão Judiciário balança de acordo com os ataques que sofre dos
Algumas particularidades do sistema brasileiro são dis outros poderes e da própria população.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
cutidas, sobretudo o que ficou conhecido como presiden
cialismo de coalizão, ou seja, a necessidade que o Poder Mulheres nos espaços de poder
DA EDITORA DO BRASIL
Executivo tem de obter o aval do Legislativo para aprovar
A abordagem desse tópico é uma oportunidade de ins
programas e medidas, assim como rubricas orçamentárias.
tigar os estudantes sobre a atividade de pesquisa que será
Finalmente, a unidade volta-se para a atuação dos realizada ao final do livro, a qual trata também da repre
poderes nos níveis federal, estadual e municipal. Conhecer sentatividade feminina em cargos públicos.
quais são as instâncias do governo nesses três níveis e
como elas “dialogam”, ou seja, como se efetiva a relação P. 111
entre os poderes, os governos e as Câmaras, assim como
a relação entre os partidos, entre “governo” e “oposição”, Atividades
é fundamental para compreender como funciona a nossa 1. O objetivo da atividade é aproximar os estudantes dos
democracia. Também é importante chamar a atenção para espaços de tomada de decisão política em nível local.
a função de cada uma dessas instâncias e instituições, Não se pretende promover uma discussão específica
pois, ao ter conhecimento do que cabe a cada uma, é pos sobre os partidos ou as convicções políticas de cada
sível saber de quem se deve cobrar determinados posi um, e sim entender o funcionamento da Câmara de
cionamentos e políticas. Vereadores, como foi o comportamento dos eleitores
Muito em função de uma tradição paternalista da polí no último período eleitoral, quem é o presidente da
tica brasileira, costuma-se associar todos os problemas Câmara, qual é a participação dos partidos etc. Orien
sociais à figura do presidente, ou mesmo à ideia de que te-os na pesquisa dessas informações. Também se
caberia a ele resolver todos os problemas. É fundamental objetiva levar os estudantes a refletir sobre a partici
ter noção das atribuições dos ocupantes dos cargos pação de mulheres e pessoas negras nesses espaços.
LXXIX
Pode-se pedir aos estudantes que façam uma compa influência de estados no comando do país, de modo a
ração das últimas duas eleições, por exemplo, para reforçar a centralização do poder.
observar a quantidade de pessoas representativas de Ressalte que a proposta de regionalização da década
“minorias” que se candidataram e quantas de fato con de 1940 se fundamentava, sobretudo, em aspectos natu
seguiram se eleger refletindo sobre avanços ou retro rais e que, ao longo do tempo, essa proposta foi revista,
cessos quanto à representatividade no município em visando atender às transformações que se operam no
que vivem. território brasileiro, cujas circunstâncias se deram interna
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes obser e externamente. Na década de 1970, período em que
vem o processo complexo de negociações para aprova surge a regionalização, que, com algumas mudanças, é
ção de uma lei e a importância do debate público e da bem próxima da que conhecemos hoje, o país se tornava
articulação entre diferentes interesses no processo majoritariamente urbano. O governo militar elaborou pla
parlamentar. No site do Senado e da Câmara dos nos e políticas que pudessem promover o desenvolvi
Deputados é possível acompanhar a tramitação das leis. mento do território nacional. Para isso, era necessária uma
3. Os estudantes terão a tarefa de identificar problemas regionalização mais condizente com a realidade, cada vez
reais, bem como compreender como as lideranças mais urbana.
locais se relacionam com essas situações. Por exemplo, É importante que os estudantes compreendam que as
como os líderes dessas organizações medeiam e bus regiões e as fronteiras em geral são produções humanas
cam soluções para os problemas da comunidade? Após que acompanham as dinâmicas sociais, políticas e econô
identificar um macroproblema, os estudantes deverão micas da sociedade.
classificá-lo em problemas menores. O storyboard nesta
atividade é uma forma de os estudantes utilizarem ele P. 113-114
mentos gráficos para representar o problema.
Regiões e as superintendências de
P. 112
desenvolvimento regional
Território e planejamento Reitere a importância da criação das regiões para o
no Brasil planejamento territorial do país, no que diz respeito tanto
à produção de estatísticas como à elaboração de políticas
Quando Getúlio Vargas (1882-1954) ascendeu ao
destinadas ao desenvolvimento regional.
poder, na década de 1930, o contexto promovido pela crise
de 1929 forneceu algumas das bases para o início da tran Mais especificamente sobre a criação da Superinten
sição de uma sociedade rural para uma sociedade urbana dência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), explore
no país. Vargas, sobretudo após 1937, com o Estado Novo, a participação de Celso Furtado (1920-2004) nesse pro
implantou um governo fortemente centralizado e passou cesso. Intelectual nascido no sertão paraibano e dono de
a fazer políticas que tinham o propósito de articular dife uma trajetória muito importante, Furtado se dedicou a
rentes setores econômicos e sociais. pensar a América Latina, quando integrou a Comissão Eco
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Esclareça que, para atingir seus objetivos de cunho nômica para a América Latina (Cepal) na década de 1950
e, posteriormente, a Sudene. Com base nesse exemplo,
DA EDITORA DO BRASIL
centralizador, foi necessário que o governo varguista
desenvolvesse e integrasse o território nacional. Foi nesse discuta com os estudantes a grande quantidade de esca
contexto que se criou o Instituto Brasileiro de Geografia e las em que é possível planejar e desenvolver ações para
Estatística (IBGE), em um processo que contou com a par reduzir as desigualdades regionais.
ticipação ativa de muitos geógrafos. Segundo Pedro Geiger Além disso, analise os motivos que levaram a um baixo
(1923-), na base da integração nacional estava “um dis desempenho da Sudene, considerando todos os seus anos
curso descritivo, a mensuração, o controle do território e, de atuação. É importante salientar que a realidade do ser
também, dividir para reinar, ou seja, a divisão regional” tão nordestino vai muito além da seca e dos aspectos de
[GEIGER, 1988, p. 62]. ordem natural.
Considere explorar a trajetória do IBGE após a sua cria
ção, em 1938, mostrando como as divisões regionais P. 114-115
foram importantes para obter dados sobre o espaço bra
sileiro e traçar planos para o planejamento territorial.
Diferentes propostas e realidades
Apresente aos estudantes o mapa das regiões geoeco
P. 112-113 nômicas elaborado pelo geógrafo Pedro Geiger. É relevante
que eles percebam que, a despeito da regionalização oficial,
Planejamento, integração e regiões houve várias formas de regionalizar o país, dependentes
Comente que a regionalização do Brasil esteve no con dos critérios adotados por seus autores. Chame a atenção
texto também de uma tentativa de escravizar algumas da turma para as diferenças culturais entre as regiões do
identidades territoriais, bem como reduzir o poderio e a Brasil, para além das questões econômicas e sociais.
LXXX
P. 115-117 que visavam à desconcentração das atividades econô
micas e dos empregos, a qual, no entanto, não foi capaz
As regiões geoeconômicas de alterar a realidade brasileira.
Para abordar a proposta de Pedro Geiger, incentive os
P. 121
estudantes a refletir, com base nos conhecimentos prévios
que possuem, sobre as características em comum entre Atividades
as três regiões. Essa etapa pode ser cumprida em grupos,
1. Resposta pessoal. Com base nas discussões e pesqui
resultando em uma apresentação das análises realizadas
sas, espera-se que os estudantes se posicionem de
e um debate na sequência.
forma crítica, autônoma e ética diante da problemática
P. 117-118 exposta, alinhado às competências gerais e específicas
da BNCC, bem como às habilidades que permeiam esta
Os “quatro Brasis” unidade. É importante que os estudantes articulem os
Para abordar essa proposta, apresente o conceito de conteúdos aprendidos ao longo da unidade às pesqui
meio técnico-informacional desenvolvido pelo geógrafo sas para avaliar que, apesar de várias estratégias e
brasileiro Milton Santos (1926-2001). Dê exemplos de políticas de financiamento, o problema da seca per
sistiu, muito pelo que ficou conhecido como “indústria
como essa realidade está presente nas quatro regiões
da seca”, sem que a seca seja, efetivamente, o pro
propostas por Santos e pela geógrafa argentina Maria Laura
blema. Pode-se mencionar, por exemplo, casos de
Silveira de forma desigual, destacando o papel da região
países ou regiões em áreas áridas, como algumas
concentrada no contexto de integração ao mercado global,
cidades no oeste dos Estados Unidos e Israel, que con
bem como as relações das demais regiões com o meio
seguiram contornar com efetividade as questões cli
técnico-científico-informacional. Considere propor aos
máticas.
estudantes refletir sobre as diferentes regionalizações e
relacioná-las, reforçando o caráter social e político das 2. A desigualdade regional no território brasileiro é antiga
propostas. e remonta a períodos em que regiões como as que
conhecemos hoje nem existiam. Para ficar em análises
P. 118-119 recentes, é possível notar uma concentração econô
mica no que se conhece hoje como Sudeste de forma
Divisão regional e desigualdade mais restrita, e Centro-Sul, de forma ampla, desde o
Discuta as causas das disparidades econômicas regio período áureo do café, em que a região se configurou
nais, atrelando-as, entre outros fatores, ao desempenho como principal produtora no circuito mundial. Com o
de alguns períodos econômicos de relevância em algumas declínio do café, os capitais gerados no período anterior
áreas do território (metais preciosos, café, borracha etc.) voltaram-se para a indústria que se consolidou na área
e à falta de uma ação política efetiva que proporcione uma que apresentava estrutura para subsidiar a atividade:
integração econômica ampla. ferrovias, portos, cidades, mão de obra etc. Apesar de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Explore os mapas das páginas 118-119 e estimule os
iniciativas de descentralizar o polo de desenvolvi
mento, pouco se conseguiu, de fato, à exceção de
DA EDITORA DO BRASIL
estudantes a interpretá-los. Destaque a questão da con
exemplos pontuais, como alguns polos no Nordeste e
centração das indústrias no Sudeste e na área litorânea
a Zona Franca de Manaus. Essa situação gera desequi
do Brasil e estabeleça paralelos com a concentração da
líbrios diversos, como a falta de perspectivas para as
infraestrutura tanto viária como ferroviária, bem como
populações locais, que, muitas vezes, se veem obriga
da renda da população brasileira.
das a deixar seus locais de origem em busca de alter
P. 120 nativas e oportunidades em outros locais.
3. Há uma nítida concentração da indústria e da produção
Desenvolvimento territorial como na Região Sudeste do Brasil. Nesse sentido, as agên
política de Estado cias de desenvolvimento têm um importante papel na
Aborde os recursos destinados pelo poder público ao coordenação de iniciativas que visem equilibrar e
desenvolvimento das regiões do Brasil, a fim de reduzir fomentar o desenvolvimento regional. Entretanto, as
os desequilíbrios existentes sobretudo em relação ao ações dessas superintendências regionais e a coorde
Sudeste. É válido ressaltar que, apesar de alguns esfor nação entre elas não têm sido muito efetivas ao longo
ços, as medidas não foram muito efetivas ao longo do do tempo, prova disso foi a extinção dessas agências
tempo, destacando-se algumas iniciativas pontuais que no começo do século, tendo sido recriadas posterior
promovem um desenvolvimento muito concentrado. Por mente.
exemplo, o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), 4. Oriente os estudantes a levar em consideração os mais
aprovado pelo governo militar no final da década de 1970, diferentes critérios para propor uma nova regionaliza
previa, no Capítulo da Política Urbana, algumas ações ção. Eles podem se basear em aspectos culturais,
LXXXI
como música, culinária, danças, tradições; econômi No texto indicado, o geógrafo analisa a questão regional nas
cos, como Índice de Gini e PIB; sociais, como IDH, políticas públicas desde o Plano de Metas. Material que pode
escolaridade, tipos de habitação, saneamento básico contribuir para o entendimento da Sudene, implantada no fi-
etc. Essa atividade estimula os estudantes a exercitar nal da década de 1950.
a reflexão e a análise crítica.
Site
INDICAÇÕES COMPLEMENTARES Senado Federal. Disponível em: https://www12.senado.
leg.br/noticias/materias/2014/09/09/como_funciona_o_
Artigos Congresso_Naciona. Acesso em: 13 ago. 2020.
BECKER, Bertha. Uma nova regionalização para pensar o O site do Senado apresenta informações sobre os debates e
Brasil? In: LIMONAD, Ester; HAESBAERT, Rogério; MOREI as sessões do Poder Legislativo e fornece uma explicação ilus-
trada sobre o funcionamento da Casa.
RA, Ruy (org.). Brasil, século XXI: por uma nova regionali
zação – agentes, processos, escalas. São Paulo: CNPq/Max
Limonad, 2004. UNIDADE 4
Nesse artigo, a geógrafa Bertha Becker analisa a retomada da CAMINHOS E DEBATES PARA
preocupação com a regionalização na década de 1990 e apon- PENSAR O FUTURO
ta como uma de suas motivações o resgate da importância do
Estado em um contexto de aprofundamento das políticas neo-
liberais. A autora também faz uma análise mais aprofundada VISÃO GERAL
sobre a Amazônia, fundamental para a discussão em sala de
aula sobre essa região. A Unidade 4 propõe aos estudantes uma reflexão em
torno do tipo de governo que desejam. Para isso, são for
SOARES, Wellington. Ditadura militar no Brasil. Disponível necidas ferramentas teóricas pertinentes à elaboração do
em: https://novaescola.org.br/arquivo/ditadura-militar/. pensamento autônomo e à ação consciente e propositiva,
Acesso em: 13 ago. 2020. mobilizando as habilidades EM13CHS604, EM13CHS605
e EM13CHS606.
Artigo que traz uma linha do tempo da Ditadura Civil-Militar no
Brasil ao longo dos seus 21 anos de duração. Apresenta resu- Para iniciar a discussão, a unidade analisa o conceito de
mos de cada período, bem como indicação de vídeos e docu- utopia, aplicando-o a diferentes formas de organização
mentários que abordam o assunto, contemplando as diversas social, como o socialismo utópico e o socialismo científico.
esferas em que a ditadura atuou. O material foi elaborado pa- Apresenta as propostas de reestruturação social elaboradas
ra ser utilizado em sala de aula, portanto se trata de uma fer- por pensadores comprometidos com a crítica da desigual
ramenta didática que possibilita aprofundar os conhecimentos dade entre indivíduos e grupos, esclarecendo os princípios
acerca do período, além de fonte de pesquisa do conteúdo.
e os objetivos que as caracterizam. Com isso, visa-se capa
citar os estudantes a compreender os diferentes aspectos
Filmes
que estão pressupostos e implicados nos antagonismos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ABC da greve, direção de Leon Hirszman. Brasil, 1990 sociais observados em cada momento histórico concreto.
[1979] (75 min). DA EDITORA DO BRASIL Objetiva-se, também, propiciar aos estudantes a capaci
Nesse documentário, é retratada a greve dos metalúrgicos na dade de autoexame acerca dos seus valores e posiciona
região do ABC Paulista, em 1979. Trata-se da primeira greve mentos diante da realidade política e social.
depois da implementação do AI-5, em 1968. Cerca de Em seguida, pretende-se oferecer ao estudante uma
180 mil operários interromperam a produção metalúrgica, sob visão sobre o conceito, a escrita e os usos da História, de
organização do sindicato, naquele momento liderado por Luiz modo que ele esteja apto a apropriar-se dos conhecimen
Inácio Lula da Silva. Esse evento foi responsável por abalar as
tos históricos e participar do debate público de forma crí
estruturas da Ditadura Civil-Militar durante o período de tran-
tica, mobilizando as habilidades EM13CHS101 e
sição democrática. O documentário pode ser utilizado como
ferramenta para ilustrar o cenário político do país naqueles anos. EM13CHS104. A metodologia utilizada e a narrativa pro
duzida são apresentadas como instrumento de análise e
O quinto poder, direção de Bill Condon. Estados Unidos, posicionamento sobre a realidade. Por isso, é fundamen
Bélgica, Índia, 2013 (128 min). tal que o estudante reflita sobre a História como um espaço
de disputa em que narrativas hegemônicas buscam impor
O filme retrata a forma como as informações e notícias fluem
uma visão de mundo conivente com os interesses das
no século XXI.
classes dominantes, estabelecer uma hierarquia global
entre povos e nações e naturalizar desigualdades do pre
Livro
sente ao tratar as catástrofes do passado, como a coloni
COSTA, Wanderley Messias da. Políticas territoriais nos zação e a escravidão, como contingências históricas que
anos 50. In: COSTA, Wanderley Messias da. O Estado e as já foram superadas. Enfim, o objetivo é que o estudante
políticas territoriais no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988. se perceba como sujeito e agente da História, que cumpre
LXXXII
papel tanto na construção do presente quando na defesa
da memória que queremos cultivar como sociedade. utopianos reconhecem que o povo mostraria extrema
Depois, oferece-se ao estudante um panorama amplo de relutância em se separar de objetos pelos quais co-
participação social na esfera pública para além das questões meçara a criar apreço. Contra tais problemas, elabo-
raram um sistema que condiz com todos os seus de-
eleitorais e diretamente ligadas à gestão pública. Diferentes
mais costumes, mas é de todo estranho ao nosso,
experiências e formas de organização são apresentadas para
visto que fazemos tanto alarde em relação ao ouro e
que o estudante consiga entender que a política se faz pre
o entesouramos tão ciosamente. Terias de ver para
sente em nossas vidas de diferentes formas e em várias
acreditar. Pois comem e bebem em utensílios de bar-
esferas, contribuindo para que sua atuação cidadã seja de ro ou vidro, muito bem-feitos, mas baratos, enquanto
forma abrangente e contextualizada. usam o ouro e a prata para fabricar urinóis e outros
Por fim, propõe-se debater as relações que se estabe vasilhames para imundícies, que são usados não só
lecem entre instituições supranacionais, Estados e grupos, nos salões públicos, mas também nos lares privados.
buscando compreender limites, possibilidades e as Além disso, as correntes e os grilhões pesados que
influências dessas organizações supranacionais no espaço usam para prender os escravos são feitos dos mesmos
mundial sobre diferentes temas e contextos, sejam eles metais. Para arrematar, os estigmatizados por infâmia
pública devido a algum crime usam argolas de ouro
econômicos, sociais ou ambientais, sobretudo a partir do
nas orelhas, anéis de ouro nos dedos, correntes de ou-
fim do século XX.
ro no pescoço e até coroas de ouro na cabeça.
Assim se empenham eles de todas as formas em
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS aviltar o ouro e a prata como ignomínias. O resultado
é que, se em algum momento fosse necessário abrir
P. 122-123 mão de todos esses metais, coisa que para outros po-
vos seria como ter arrancadas as próprias entranhas,
Utopias para ninguém em Utopia seria mais do que perder
Apresente aos estudantes os conceitos de utopia, socia um simples centavo.
lismo utópico e social-democracia. Inicie a abordagem des MORE, Thomas. Utopia. São Paulo: Companhia das Letras,
ses conceitos perguntando-lhes se já ouviram o termo utopia. 2018. E-book.
DA EDITORA DO BRASIL
época, o século XVI. O material traz um resumo do livro; ao Texto de apoio
trabalhá-lo, destaque que sua publicação se deu no con
texto das Grandes Navegações europeias e que o pensa
mento europeu estava então voltado ao descobrimento de A imaginação utópica cria uma outra realidade pa-
ra mostrar erros, desgraças, infâmias, angústias,
novas terras com o intuito de aumentar seus domínios, com
opressões e violências da realidade presente e para
a criação de colônias. O Brasil, por exemplo, fez parte desse
despertar, em nossa imaginação, o desejo de mudan-
processo, com a chegada dos portugueses. Enfatize que
ça. Assim, enquanto o imaginário reprodutor procu-
Utopia foi escrito durante o humanismo renascentista. ra abafar o desejo de transformação, o imaginário
utópico procura criar esse desejo em nós. Pela inven-
Texto de apoio
ção de uma outra sociedade que não existe em lugar
nenhum e em tempo nenhum, a utopia nos ajuda a
Pois bem, em Utopia, se esses metais preciosos fi- conhecer a realidade presente e buscar sua transfor-
cassem trancados em alguma torre, poderiam sus- mação. Em outras palavras, o imaginário reprodutor
peitar (dada a tola inventividade do vulgo) que o go- opera com ilusões, enquanto a imaginação criadora
vernador e o Senado estavam iludindo o povo para e a imaginação utópica operam com a invenção do
servir a seus próprios interesses. Se, por outro lado, novo e da mudança, graças ao conhecimento crítico
fossem empregados na fabricação de cálices e outros do presente.
objetos de ourivesaria e então surgisse a necessidade CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo:
de fundi-los para pagar os soldos do Exército, os Ática, 2000. p. 171.
LXXXIII
Espera-se que os estudantes compreendam que a pala P. 126-127
vra utopia pode ser utilizada pejorativamente ao designar
algo impossível de ser realizado, algo fantasioso; ao O socialismo em bases científicas
mesmo tempo, ela também carrega um significado posi Indique que o socialismo em bases científicas surgiu
tivo, ao indicar um projeto ideal de sociedade, pautado nas com Engels e Marx (1818-1883) como forma de colocar
noções de progresso e de transformação da sociedade em discussão o socialismo utópico proposto pelos pensa
material. Comente que, ao longo dos séculos XIX e XX, o dores do início do século XIX. Esse socialismo foi assim
termo foi compreendido de formas diferentes: no contexto denominado porque se caracteriza não pela preocupação
do século XIX, destacavam-se o otimismo do progresso de como seria uma sociedade ideal, mas, antes, pela aná
e o desenvolvimento técnico e científico, o que fez com lise crítica e científica da estrutura de funcionamento do
que o pensamento utópico abrangesse a proposta de um capitalismo, o qual pretende superar. Enfatize que o século
ideal de sociedade pautada na construção de uma vida XIX – momento histórico em que essa análise se desen
justa e feliz; já no século XX, contrariamente, predominava volveu – foi marcado por teorias científicas e sociais, como
o pessimismo em relação à capacidade humana de cons o positivismo, o darwinismo social e o determinismo.
truir uma sociedade ideal, em decorrência de eventos Nesse momento, a sociedade foi analisada com base em
como a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, além da princípios científicos. Por isso, também, o socialismo de
ascensão de governos totalitários. Engels e Marx recebeu o nome de socialismo científico.
Apresente o pensamento de Herbert Marcuse (1898- O pensamento de Engels traduz uma crítica ao pensa
-1979) acerca do conceito de utopia. Certifique-se de que mento utópico socialista porque, segundo esse autor, a
os estudantes entendam que o “fim da utopia” não significa transformação da sociedade para os utópicos não estaria
necessariamente o encerramento do pensamento utópico, sujeita ao desenvolvimento histórico e material da huma
mas, antes, a finalidade da utopia na sociedade. Aproveite nidade, e sim ao acaso. Mesmo pautado na análise cien
para convidá-los a refletir sobre a possibilidade de uma tífica da sociedade, o socialismo marxista consiste em um
utopia se realizar no presente, e de que forma isso ocorre sistema de organização social que ainda se encontra no
ria. Pergunte: “Será que há ferramentas para que sejamos campo da idealização. Comente o fato de que tanto o socia
agentes realizadores de utopias na contemporaneidade?”. lismo utópico como o socialismo marxista podem ser com
Proponha, ao final, uma roda de discussão ou debate. preendidos contemporaneamente como formas de utopia,
pois ambos requerem uma transformação radical da
P. 124-125 maneira como as sociedades atuais se organizam.
LXXXIV
P. 128 Convide os estudantes a refletir sobre a maneira pela
qual a social-democracia e o Estado de bem-estar social
Outro ponto de vista: Teses sobre o conceito refletem atualmente parte do que os socialistas – utópicos
de história e científicos – propunham no século XIX. Chame a atenção
Proponha a leitura conjunta do texto de Walter Benja deles para o fato de que a unidade teve início com utopias
min (1892-1940) em que ele expõe uma crítica à social- irrealizadas, passou por possíveis sistemas de governos
-democracia. Comente que o filósofo e sua crítica estão nos quais essa utopia poderia se realizar e, por fim, chegou
situados em um espaço específico (Europa) em um a um sistema de organização social em que essa utopia
momento histórico igualmente específico (meados do pode ser – ao menos parcialmente – realizada.
século XX, após o fim da Segunda Guerra Mundial). A crí
tica feita por Benjamin se aproxima da crítica de Engels Sugestão de atividade complementar
aos socialistas utópicos, na medida em que o primeiro Sugere-se uma proposta de trabalho que visa promover
pontua que a social-democracia foi determinada pela ideia o reconhecimento da diferença no convívio social-republi
de progresso sem vínculo com a realidade. cano junto à família, à comunidade escolar e à sociedade
em geral.
RESPOSTAS
LXXXV
P. 130 constante transformação, também estão as visões a res-
peito do passado.
Atividades Utilize como exemplo a História do Brasil. Enfatize que
1. Resposta pessoal. O estudante poderá responder que as abordagens vão se modificando com o passar dos anos
o pensamento utópico ou a utopia tem como função e representam os contextos em que estão estabelecidas.
mobilizar transformações sociais pautadas em rela- Essa discussão poderá recair na ideia de revisionismo his-
ções justas e de paz. tórico ou de argumentos de que a História pode ser feita
com base em “opiniões”. Lembre os estudantes de que,
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
apesar de os métodos de estudo da História se transfor-
tenham compreendido que ambos os modelos socia-
marem ao longo do tempo, o que acaba por transformar
listas surgiram como resultado de um incômodo com
também as visões sobre o passado, ela é uma ciência em
a situação do mundo (cada um em sua época). Além
que imperam o método e o trabalho sistemático de sua
disso, ambos tinham confiança de que o ser humano
investigação. Portanto, é possível ter diferentes visões
seria capaz de articular e realizar transformações
sobre o passado, que vão se modificando, mas não há
sociais que levariam a um mundo melhor.
como modificá-lo ou negá-lo.
3. a)
Espera-se que o estudante identifique que o
sucesso da social-democracia se dá por meio da P. 132
intervenção do Estado, tanto na economia como
no processo de minimização das consequências Positivismo e historicismo
do sistema capitalista. Comente que o positivismo esteve presente como cor-
b) Espera-se que o estudante identifique no texto a rente de pensamento no Brasil, influenciando o movimento
informação de que, na social-democracia, a mas- republicano e o grupo de militares que deu o golpe de 15
sa da população tem a oportunidade de viver em de novembro de 1889. Como exemplo da influência da dou-
liberdade, com justiça social e crescente prospe- trina nesse período, você pode citar a inserção da inscrição
ridade, amparada pelas políticas de proteção ad- positivista “ordem e progresso” na bandeira nacional.
vindas da intervenção estatal. Tais aspectos seriam,
então, os resquícios dos valores utópicos apresen- P. 133
tados pelos pensadores socialistas do século XIX.
Quem escreve a História?
P. 131 Explique aos estudantes que a tradição positivista criou
a “História dos vencedores”, em que prevaleceram as nar-
Compreender a História para
rativas das classes dominantes. Por essa razão, as classes
agir na realidade subalternas eram excluídas das narrativas oficiais, ou tive-
Espera-se que os estudantes compreendam a função ram sua narrativa distorcida por serem construídas com
que a História desempenha em relação à sociedade. Des- base no “olhar do outro”.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
taque a importância de construir a memória de uma socie-
Questione-os sobre quem são, de modo geral, os pro-
dade como elemento decisivo na construção de uma
DA EDITORA DO BRASIL
identidade nacional, que determina, por exemplo, como a
tagonistas estudados pela “História oficial”, a fim de que
percebam o uso do poder na construção das narrativas.
História é ou não contada. Dessa forma, eles são incenti-
vados a enxergá-la como ferramenta de compreensão do Pontue que todos os seres humanos são sujeitos his-
presente, mas como algo que está sempre em aberto, em tóricos, ou seja, contribuem para a construção da História.
constante transformação, promovida pelos indivíduos que
dela fazem parte. Uma questão sobre os documentos
Esclareça que, atualmente, consideramos documentos
História e poder todos os vestígios materiais e imateriais do passado.
Certifique-se de que os estudantes entendem que a Incentive os estudantes a refletir sobre os critérios de
História é uma narrativa escrita por seres humanos e, por seleção por meio das perguntas: “Quais documentos são
esse motivo, sofre influências do ponto de vista de quem priorizados e quais são ‘esquecidos’?”; “Como eles repre-
a escreve. Assim, é possível afirmar que aqueles que sentam a ideia de uma História de vencedores?”.
detêm a narrativa hegemônica têm uma forma de poder Coloque em discussão, por exemplo, o conceito de “Pré-
sobre a construção da memória histórica. -História”, termo que define o período anterior ao surgimento
Explique que, a despeito da intenção de criar uma “His- da escrita. Seu uso acarreta a noção de que quem determina
tória neutra”, a historiografia é influenciada pelas ideolo- a história de um povo é sua escrita, e não a ação dos homens
gias predominantes em uma época e por aqueles que a e mulheres ao longo do tempo. Além disso, carrega a com-
escrevem. Desse modo, não há uma narrativa única ou preensão de que a História só pode ser documentada de uma
encerrada, pois, ao mesmo tempo que o presente está em maneira, conceito extremamente equivocado.
LXXXVI
Explique que muitas sociedades não ocidentais, como Pergunte-lhes: “Como seria a escrita da História do
as africanas, apresentam significativa tradição oral, em que Brasil redigida por um indígena?”; “Seria igual àquela con
os costumes, as histórias e as crenças dos povos são trans tada por um descendente de europeus?”. Espera-se que,
mitidos de geração em geração por meio da oralidade. apoiados nos subsídios dados, eles desenvolvam as habi
Retome, nesse momento, as discussões sobre os monu lidades de enxergar a História como ferramenta de com
mentos históricos realizadas nas unidades anteriores e preensão da sociedade e de suas transformações.
promova uma reflexão sobre como esses patrimônios
Texto de apoio
erguidos no auge do positivismo histórico seguem refor
çando uma visão hegemônica do passado.
É assim, pois, que se cria uma única história:
P. 134 mostre um povo como uma coisa, uma coisa só,
sem parar, e é isso que esse povo se torna. É im-
Quem faz a História? possível falar sobre a história única sem falar sobre
Explique que as novas formas de olhar para o ato de poder. Existe uma palavra em Igbo, * na qual sem-
“fazer História” tinham como objetivo romper com a lógica pre penso quando considero as estruturas de po-
positivista, não só da História dos vencedores e de uma der do mundo: nkali. É um substantivo, que, em
narrativa hegemônica, como também no que diz respeito tradução livre, “ser maior do que o outro”. Assim
ao entendimento dessa produção de maneira factual e como o mundo econômico e político, as histórias
cronológica, sem enxergar as nuances presentes nos pro também são definidas pelo princípio do nkali.: co-
cessos e suas contradições. mo elas são contadas quem as conta, quando são
contadas e quantas são contadas, depende muito
Elucide que o movimento de conter ao mesmo tempo do poder.
avanços e retrocessos históricos foi chamado de “dialética”
O poder é a habilidade de não apenas de contar
e é utilizado principalmente pelos historiadores materia
a história de uma outra pessoa, mas de fazer a his-
listas, como Marx e Engels.
tória definitiva daquela pessoa. O poeta palestino
Garanta que os estudantes concluam que a História é Mourid Barghouti escreveu que, se você quiser es-
um processo, e não um fim em si mesma. Propicia-se, poliar um povo, a maneira mais simples é contar a
desse modo, o desenvolvimento de uma compreensão história dele e começar com “em segundo lugar”.
efetiva acerca dos períodos estudados, mediante a iden Comece uma história com as flechas dos indígenas
tificação de relações, continuidades, rupturas etc. americanos, e não com a chegada dos britânicos,
Destaque que o movimento de repensar a História foi e a história totalmente diferente. Comece a histó-
importante para inseri-la em um campo mais amplo, em ria com o fracasso do Estado africano, e não com a
criação colonial do Estado africano e a história se-
que estão envolvidas todas as esferas da sociedade, como
rá completamente diferente.
economia, cultura, política, religião, complementando-se.
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história
Outro ponto essencial a ser constatado diz respeito à única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. E-book.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
visão de que homens e mulheres são sujeitos históricos,
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ainda que condicionados a seu tempo e aos contextos em
que estão inseridos. * Igbo é uma etnia africana presente principalmente na
Nigéria.
Boxe: A História oral
Ressalte a importância da oralidade na construção das O espaço público como espaço
narrativas e tradições de culturas não ocidentais. de memórias
P. 135 Retome as discussões sobre disputas de narrativas e
sobre o papel do patrimônio na construção da memória.
Disputas pela História Verifique como os estudantes desenvolvem os conheci
Retome a ideia de que não existe uma narrativa única, mentos trabalhados anteriormente.
hegemônica, e saliente que as narrativas não têm o mesmo Um dos objetivos pretendidos é a compreensão do lugar
significado para todos. dos monumentos históricos nas cidades; não só dos monu
Com base nessa ideia, espera-se que os estudantes mentos, mas também dos espaços públicos, como eles
compreendam as narrativas como formas de agência de agem na reafirmação do poder hegemônico ou na cons
poder. Incentive-os a pensar sobre os perigos envolvidos trução de narrativas diversas.
na disseminação de uma História única, hegemônica. Indi Proponha aos estudantes que pesquisem o nome de
que mais uma vez quem são aqueles que dominam a ruas do bairro onde se localiza a escola ou daquele onde
escrita da História e como isso influencia na manutenção vivem, por exemplo, e descubram a quem esses nomes e
dos mecanismos de poder. essas histórias se referem.
LXXXVII
Boxe: Memória individual e memória coletiva Texto de apoio
Espera-se que os estudantes entendam a memória não
como uma reprodução fiel dos fatos, e sim como a cons Articular historicamente o passado não significa
trução de uma imagem deles, o que pode ocorrer de dife conhecê-lo “como ele de fato foi”. Significa apropriar-
rentes formas, variando de pessoa para pessoa. Por -se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no
exemplo, as memórias sobre a Ditadura Civil-Militar para momento de um perigo. Cabe ao materialismo histó-
uma criança que cresceu em uma família de militares serão rico fixar uma imagem do passado, como ela se apre-
diferentes daquelas de uma criança que teve os pais pre senta, no momento do perigo, ao sujeito histórico, sem
sos ou mortos por representantes desse regime. Essa é a que ele tenha consciência disso. O perigo ameaça tan-
to a existência da tradição como os que a recebem.
memória individual, ao passo que a memória coletiva diz
Para ambos, o perigo é o mesmo: entregar-se às clas-
respeito ao modo como determinado evento impacta a
ses dominantes, como seu instrumento. Em cada épo-
socidade de maneira ampla, isto é, coletiva. ca, é preciso arrancar a tradição ao conformismo, que
quer apoderar-se dela. Pois o Messias não vem ape-
P. 136 nas como salvador; ele vem também como o vence-
dor do Anticristo. O dom de despertar no passado as
Boxe: Os monumentos e o direito à memória
centelhas da esperança é privilégio exclusivo do his-
Veja uma perspectiva sobre a discussão a respeito da
toriador convencido de que também os mortos não
questão do documento e da memória. estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse ini-
migo não tem cessado de vencer.
Texto de apoio
LÖWY, Michael. Walter Benjamin: uma leitura das teses
“Sobre o conceito de história”. Trad. Wanda Nogueira Brant.
São Paulo: Boitempo, 2005. E-book.
Comandada por administrações estaduais democra-
tas, as lideranças sulistas começaram a erigir os monu-
mentos aos líderes confederados. O processo foi bas-
tante intenso durante os 50 anos seguintes. Ele se P. 138
mesclou com o ressurgimento do Partido Democrata no
Sul e gerou um predomínio político que duraria até o A crítica ao presenteísmo
final da década de 1960: um capítulo da história do par-
Converse com os estudantes sobre como os pensamen
tido que suas lideranças atuais gostariam de esquecer.
Portanto, essas estátuas foram erguidas após a derrota
tos negacionistas do passado vêm avançando nos últimos
confederada.* Mais do que comemorar uma experiência anos e são responsáveis pelo “esquecimento” de fatos
política desbaratada, elas restauram aspectos daquilo históricos importantes na construção da memória e da
que lhe deu sentido, uma vez que a nação escravista se sociedade atual, distorcendo a percepção não só do pas
baseava no conceito da desigualdade natural entre as sado, como também do presente.
supostas raças. Elas fazem parte do processo de discri- Questione-os sobre qual seria o interesse de quem
minação conhecido como Jim Crow, que estabeleceu a
assume uma postura negacionista do passado e quais são
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
segregação dos negros em quase todas as áreas da vida
social. Portanto as estátuas e parques em homenagem
os mecanismos que ela alimenta. Espera-se que os estu
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aos confederados expressam uma nostalgia que apela dantes identifiquem a importância de olhar para a História
às aspirações por desigualdade racial, muito mais que de maneira contextualizada, sem o perigo de anacronis
a uma defesa do separatismo, já que este último foi de- mos nem de presenteísmos, visto que ambos os proces
purado do debate político nacional. sos, de alguma forma, distorcem as noções do passado, o
IZECKSOHN, Vitor. Os monumentos confederados nos que reflete na compreensão do presente.
Estados Unidos: memória e política (artigo), 11 set. 2017. In:
Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com. P. 139
br/monumentos-confederados/. Acesso em: 15 ago. 2020.
LXXXVIII
à intenção de criar uma identidade nacional que servisse ção da memória nacional adotada no período
igualmente à perpetuação dos lugares de poder. democrático de 1946 a 1964. No monumento, as
“três raças” são consideradas importantes na
Boxe: Por uma descolonização da teoria e da constituição nacional; entretanto, os brancos estão
prática na frente, liderando o movimento. Uma das incoe
O texto de apoio pode auxiliá-lo na abordagem desse rências que podem ser apontadas está no fato de
boxe. os bandeirantes aparecerem como brancos,
quando, na verdade, eram em sua maioria mesti
Texto de apoio ços, principalmente com indígenas. Além disso, a
posição ocupada pelo bandeirante é a de herói,
[...] depois de concluir os meus estudos em Lisboa, noção já refutada pela historiografia brasileira há
onde, ao longo de vários anos, em grande isolamento, muitos anos, uma vez que se reconhece neles uma
fui a única estudante negra em todo o departamento das faces mais violentas da colonização.
de psicologia clínica e psicanálise. [...] Deixei Lisboa,
b) Sim, pois se trata de monumentos de exaltação ao
a cidade onde nasci e cresci, com um imenso alívio.
movimento das bandeiras, que, como se reconhe
Não havia nada mais urgente para mim do que sair, ce atualmente, foi um movimento violento, respon
para poder aprender uma nova linguagem. Um novo
sável pela opressão de povos indígenas e negros.
vocabulário, no qual eu pudesse finalmente encon-
trar-me. No qual eu pudesse ser eu. c) Os movimentos sociais e principalmente as popu
lações negras e indígenas vêm tecendo críticas à
Cheguei a Berlim, onde a história colonial alemã e
a ditadura imperial fascista também deixaram mar- obras de exaultação aos bandeirantes, evidencian
cas inimagináveis. E, no entanto, pareceu-me haver do o seu caráter opressor, pois se trata da manifes
uma pequena diferença: enquanto eu vinha de um tação e celebração da memória dessas figuras como
lugar de negação, ou até mesmo de glorificação da his- heróis. Atos como o apresentado na foto visam
tória colonial, estava agora num outro lugar onde a questionar essa narrativa histórica, buscando re
história provocava culpa, ou até mesmo vergonha. Es- construir essa memória, alertando para o caráter
te percurso de consciencialização coletiva, que come- opressor e violento das bandeiras no Brasil.
ça com negação – culpa – vergonha – reconhecimento –
d) Resposta pessoal. Os estudantes devem refletir
reparação, não é de forma alguma um percurso moral,
sobre o papel do patrimônio histórico e sobre os
mas um percurso de responsabilização. A responsa-
bilidade de criar novas configurações de poder e de “deveres de memória”. Espera-se que eles cons
conhecimento. tatem quão violenta deve ser a sensação de ver os
agentes de sua opressão serem exaltados como
Essa pequena mas grande diferença era com cer-
teza a razão pela qual fui encontrar em Berlim uma heróis. Incentive-os a refletir sobre os movimentos
forte corrente de intelectuais negras que haviam trans- atuais de retirada de estátuas de figuras da histó
formado radicalmente o pensamento e o vocabulário ria que representam símbolos de opressão, prin
contemporâneo global, durante várias décadas. [...] cipalmente racista e colonial, os quais se espalha
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO ram pelo mundo depois das manifestações do
[...] uma sociedade que vive na negação, ou até mesmo
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na glorificação da história colonial, não permite que no- movimento Black Lives Matter.
vas linguagens sejam criadas. Nem permite que seja a 2. Oriente os estudantes na condução do trabalho, indi
responsabilização, e não a moral, a criar novas confi- cando fontes confiáveis para a pesquisa. Lembre-os de
gurações de poder e de conhecimento. Só quando se que o trabalho deve atender aos requisitos indicados e
reconfiguram as estruturas de poder é que as muitas ter uma elaboração cuidadosa das informações cole
identidades marginalizadas podem também, finalmen- tadas, sem que se constituam em cópias da internet.
te, reconfigurar a noção de conhecimento: Quem sabe?
Quem pode saber? Saber o que? E o saber de quem? [...] a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de
retomem os processos da pesquisa e reflitam sobre
racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. E-book. o assunto e a relação com os seus cotidianos.
b) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a refle
tirem sobre a memória e a construção da história
P. 140 do Brasil. É possível sugerir que eles conversem
com pessoas que integram a comunidade escolar
Atividades a respeito dos episódios pesquisados antes de
1. a) Os grupos sociais retratados na obra de Victor responder à questão.
Brecheret (1894-1955) são bandeirantes, negros c) Resposta pessoal. Retome com a turma a questão
e indígenas. É preciso destacar que ela não condiz do imaginário coletivo. Caso julgue interessante pro
necessariamente com a realidade dos fatos histó ponha um debate entre os estudantes em relação à
ricos, mas faz parte de uma estratégia de constru importância dos episódios estudados e pesquisados.
LXXXIX
P. 141-142 O conceito de práxis, fundamental para a formação
humana e cidadã, é apresentado como a articulação entre
Política popular além do voto teoria e prática, entre a elaboração e o fazer. O pensador
Esta unidade tem por objetivo oferecer ao estudante Alexis de Tocqueville (1805-1859), um dos maiores
um panorama sociológico dos processos de participação expoentes do pensamento liberal, nos ajuda a compreen
política para além do fenômeno eleitoral, de modo a apre der a importância da democracia nos diferentes espaços
sentar uma diversidade de propostas concretas relacio do cotidiano como parte essencial da democracia política.
nadas à ação política popular diante da desigualdade e Para ilustrar as diferentes possibilidades que a organi
das violações de direitos em diferentes espaços. zação popular já criou, são abordadas as experiências da
Comuna de Paris, na França, em 1871, das comunidades
Considera-se, em face da multiplicidade de fenômenos
zapatistas da região de Chiapas, no México, e da comuni
sociais e políticos que demandam a participação popular,
dade de Canudos, no Brasil, entre 1896 e 1897. Esses
que a eleição dos representantes para a condução do
movimentos evidenciam que as democracias não aten
Estado seria apenas uma parte do processo democrático,
dem, necessariamente, toda a população.
e não sua totalidade. Assim, proponha um debate sobre o
que é, efetivamente, a democracia, a fim de verificar quais P. 145
são as concepções prévias dos estudantes e o que eles
esperam da sociedade e das formas de participação polí Conselhos gestores no Brasil
tica. Pode-se, ao final, produzir um texto coletivo contendo Apresente os diferentes mecanismos institucionais
as conclusões da turma. existentes no Brasil para o controle popular dos serviços
Na unidade, são abordadas as teorias de Karl Marx e de públicos. Se houver um grêmio na escola, convide os estu
Max Weber (1864-1920) sobre as democracias liberais e dantes que dele participam a contar como ele funciona,
sua função na organização da sociedade, bem como suas pois se trata de um importante mecanismo de participação
limitações. Cabe destacar que, para Marx, a democracia democrática e organização política dos estudantes em seu
liberal e a eleição são partes do processo de controle da contexto mais próximo.
burguesia sobre o Estado, que, portanto, não é efetiva As pesquisas da socióloga Helena Lüchmann ajudam a
mente democrático. Weber, por sua vez, acredita que a compreender o papel dos conselhos no Brasil, bem como
eleição popular tende à demagogia, mas garante legitimi as transformações que eles sofreram com o avanço da
dade e força ao governante. Esse pensador, porém, mudou internet, com alguns mecanismos de consulta virtual. Con
sua posição depois da Primeira Guerra Mundial. tudo, como salienta a pesquisadora, essas ferramentas
não garantem o avanço democrático, visto que, muitas
P. 142-143 vezes, não têm caráter deliberativo e não preveem o
debate público. Adicionalmente, há casos em que os resul
Participação popular na Constituinte tados de tais consultas não são transparentes.
Espera-se que os estudantes entendam o processo por
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
meio do qual a população brasileira, após o período de P. 146
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Ditadura Civil-Militar e de abertura, contribuiu para a ela
Atividades
boração da Constituição federal de 1988, conhecida como
Constituição Cidadã. Destaque que a legislação garante à 1. Oriente os estudantes na organização e na condução
população a possibilidade de criar leis, as chamadas “leis do debate. Verifique como eles se saem em defesa de
de iniciativa popular”. uma posição que pode não ser a sua. Aponte a neces
sidade de apresentar argumentos coerentes, condi
P. 143-144 zentes com os conteúdos apresentados sobre o tema.
Se possível, ao final, incentive-os a manifestar o que
A política como experiência de fato pensam a esse respeito.
Para aproximar o estudante das formas de participação 2. R
espostas pessoais. Segundo a BNCC, “Tendo em vista
popular já vivenciadas na História, discute-se a autonomia a construção de uma sociedade mais justa, ética,
do sujeito e as formas de deslegitimar a vontade popular. democrática, inclusiva, sustentável e solidária, a escola
Converse com a turma sobre como são tratados os eleito que acolhe as juventudes deve ser um espaço que per
res mais pobres ou, ainda, sobre o voto dos analfabetos, mita aos estudantes: [...] promover o diálogo, o enten
instituído somente em 1988, sem obrigatoriedade e sem dimento e a solução não violenta de conflitos, possi
a possibilidade de ser eleito. O Brasil é um dos poucos bilitando a manifestação de opiniões e pontos de vista
países democráticos no mundo com essa cláusula de diferentes, divergentes ou opostos; [...] valorizar sua
exclusão. O sociólogo Jacques Rancière (1940-) relata que participação política e social e a dos outros, respei
o desprezo pela participação popular é uma demonstração tando as liberdades civis garantidas no estado demo
de “ódio à democracia”. crático de direito [...].”. [BNCC, 2018, p. 466-467.]
XC
Esta atividade parte do pressuposto da necessidade P. 148-149
de os estudantes proporem leis que possam ser bené
ficas para o município em que vivem. A interface ONU e as soberanias nacionais
3. A atividade visa ao trabalho de pesquisa de campo, Verifique a opinião dos estudantes sobre a atuação da
prática importante de acordo com a BNCC: “O campo ONU. Uma sugestão de questionamento para uma reflexão
das práticas de estudo e pesquisa abrange a pes inicial pode ser promovida com a seguinte pergunta: “A
quisa, recepção, apreciação, análise, aplicação e pro ONU cuida apenas de assuntos geopolíticos, distantes da
dução de discursos/textos expositivos, analíticos e realidade brasileira, ou também influencia decisões e pro
argumentativos, que circulam tanto na esfera escolar cessos ligados a nosso país?”.
como na acadêmica e de pesquisa, assim como no
Comente que o Fundo Monetário Internacional (FMI),
jornalismo de divulgação científica. O domínio desse
instituição ligada à ONU, fornece crédito, sobretudo a países
campo é fundamental para ampliar a reflexão sobre
com dificuldade financeira – o Brasil, por exemplo, já rece
as linguagens, contribuir para a construção do conhe
beu empréstimos em diferentes períodos da História. É
cimento científico e para aprender a aprender”.
importante pontuar que esses empréstimos, no entanto,
[BNCC, 2018, p. 488-489.]
são condicionados a compromissos dos governos de cortar
P. 147 gastos e controlar suas contas. Geralmente, os governos
fazem isso implantando medidas de corte de investimentos
Organismos internacionais e em áreas de grande importância para a população, como
organização do espaço mundial previdência, educação e saúde. Esse exemplo visa contribuir
Inicialmente, converse com os estudantes sobre o pro para a reflexão dos limites entre a ação dessas instituições
cesso de globalização e o modo como as novas relações, e a soberania dos Estados, a ser feita na sequência.
resultantes do avanço das novas tecnologias, delinearam Pode-se ampliar a discussão sobre a atuação da ONU
uma nova forma de configuração geopolítica do espaço em assuntos geopolíticos diversos no mundo, como os con
mundial. Retome com eles as discussões sobre esses flitos no Oriente Médio envolvendo Palestina e Israel, e em
avanços e seus impactos no espaço mundial, no espaço diferentes partes do continente africano. Situações envol
urbano, nas relações do trabalho com o capital, no coti vendo contextos de conflitos geopolíticos costumam ser
diano etc. tratadas no âmbito da Assembleia Geral ou pelo Conselho
Considere comentar brevemente o período da Guerra de Segurança da ONU, embora, muitas vezes, as decisões
Fria, quando o mundo estava organizado segundo uma não sejam efetivamente seguidas, seja por falta de consenso
Ordem Bipolar, em que as duas maiores potências rivali entre os mais diretamente envolvidos, seja por contradições
zavam política e economicamente a hegemonia mundial: no processo de definição e de articulação das medidas.
Estados Unidos, comandando o bloco capitalista; e União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), liderando o A Organização Mundial do Comércio
bloco socialista. Esse resgate pode ser breve, apenas para (OMC)
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
contextualizar a configuração do espaço mundial no pós O debate sobre a Organização Mundial do Comércio é
-Segunda Guerra e, depois, com o fim da Ordem Bipolar,
DA EDITORA DO BRASIL particularmente importante, pois muitas das relações
de modo a contextualizar o surgimento de algumas insti estabelecidas no contexto global são econômicas. Os paí
tuições supranacionais e sua função no contexto mundial. ses, à medida que passaram a se relacionar em um cená
rio complexo, amplo e contraditório de trocas comerciais,
A ONU na atualidade precisaram encontrar formas e caminhos de regulação
Levante os conhecimentos prévios dos estudantes econômica. A OMC age nesse sentido, embora sua atuação
sobre a Organização das Nações Unidas (ONU). Pergunte nos últimos anos tenha sido lida por alguns especialistas
que instituições ligadas a essa organização eles conhecem. como ineficiente, por não conseguir fazer avançar pautas
O exemplo da Organização Mundial da Saúde (OMS) pode importantes no que tange às relações comerciais interna
ser útil e de fácil visualização diante dos acontecimentos cionais. Um dos temas mais sensíveis nesse aspecto diz
recentes ligados à pandemia causada pela Sars-CoV-2. respeito às políticas protecionistas que, aplicadas princi
Outros exemplos podem ser mencionados, como algumas palmente por países desenvolvidos, acabam prejudicando
organizações econômicas: Banco Mundial, Fundo Mone países em desenvolvimento, que, em geral, têm grande
tário Internacional, Organização Mundial do Comércio. A dependência das exportações de produtos primários, que
ideia com essa abordagem é sensibilizar os estudantes costumam ser alvo das políticas protecionistas de alguns
para o fato de que na globalização atual, que se realiza em países e regiões. Nesse contexto, cabe abordar com os
um mundo marcado pela multipolaridade, as instituições estudantes que a organização mundial é complexa e que
supranacionais, muitas vezes, assumem função de desta os diversos interesses e demandas não são fáceis de ser
que na relação entre Estados e na condução de políticas, equacionados, ainda que haja mecanismos e instituições
acordos e balanceamento de interesses. para realizar essas articulações.
XCI
P. 150 Europeia, também reforça uma possível reformulação
dos blocos econômicos.
As rodadas da OMC Para o cientista social Marcos Troyjo, desde que passou
O tópico aborda algumas das principais características pela forte crise econômica de 2008, o mundo está sob a
das rodadas da OMC, encontros em que são debatidas ameaça de uma “desglobalização”, na qual seria cada um,
questões como o protecionismo econômico e as diversas ou seja, cada país, por si.
contradições e interesses que essa organização tenta arti É importante incluir nessa discussão um debate sobre
cular, a fim de estabelecer acordos e regras para o comér a questão imigratória, já que as balizas sobre as fronteiras
cio global. também vêm sendo erguidas como modo de diminuir ou
evitar a entrada de imigrantes e refugiados.
Blocos econômicos: uma nova forma
de Estado? P. 152
Esclareça o contexto de criação e fortalecimento dos
blocos econômicos, principalmente a partir da década de O Mercosul
1990. A integração dos países ocorreu com o avanço das Levante os conhecimentos prévios dos estudantes
relações sociais e econômicas e foi propiciada também sobre o bloco econômico do Mercosul. Pergunte-lhes: “De
em função dos avanços tecnológicos nos setores dos que maneira um acordo como esse pode afetar a vida de
transportes e das telecomunicações. cada um?”; “Quais são as diferenças existentes entre esse
Desde a década de 1990, o mundo vem se tornando bloco e outros, como a União Europeia?”.
cada dia mais interconectado economicamente, tanto no Com base nessas perguntas, é possível discutir concre
setor financeiro como na esfera produtiva. Passou a vigo tamente as ações do Mercosul. Aborde, por exemplo, a
rar a acumulação flexível, ou seja, a fragmentação do pro implementação de placas de veículos com a identificação
cesso produtivo no espaço global, que visa “territorializar” do Mercosul, inspirado no que acontece na União Europeia
sua produção nos locais mais vantajosos, entendendo essa já há muitos anos. Comente a tarifa externa comum, que
vantagem como maior possibilidade de lucro. todos os países-membros devem adotar, mas que nem
Com a formação dos blocos econômicos, alguns países sempre é consenso, como se verifica atualmente em rela
se alinharam econômica e politicamente para obter ganhos ção à Argentina. No contexto, em 2020, da pandemia da
econômicos. Os blocos podem ter diferentes formatos e Covid-19, o governo argentino optou por uma política eco
objetivos, e, em estágios mais avançados, os países-mem nômica mais protecionista, uma vez que muitos empregos
bros podem chegar a ter uma moeda única e estruturas foram perdidos e a indústria foi prejudicada.
políticas que transcendem os territórios, como é o caso da
União Europeia, único exemplo no mundo atual. Na maior
Uma agenda internacional?
parte dos casos, contudo, os blocos se resumem a ofere
cer a seus membros vantagens comerciais, como padro Neste tópico, considere debater com os estudantes as
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nização de taxas de importação e exportação, isenção de contradições que se colocam no mundo atual para o pro
cesso de globalização. Embora haja discursos e mesmo
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tarifas, livre circulação de mercadorias, entre outras.
ações que apontam para o sentido inverso a um processo
P. 151 de globalização, é importante considerar que a complexi
dade econômica e política atual no mundo requer diálogo
Experiências contemporâneas: acordos e conexão constantes entre os países, ainda que essas
e tensões práticas se realizem de forma profundamente desigual.
Uma forma de refletir sobre essa temática é pensar no
Explore a nova fase em que os blocos econômicos
estão imersos. Alguns governos têm colocado muito contexto de corporações que, sediadas em determinado
peso em suas fronteiras, sob a alegação de proteger a território, distribuem unidades produtivas e filiais por todo
economia nacional e o mercado de trabalho. Em 2017, o globo. Como pensar em um retrocesso na conexão esta
por exemplo, o presidente Donald Trump (1946-) deci belecida entre os países diante dessa realidade? Outro
diu que os Estados Unidos não fariam parte do recém ponto a ser analisado é o fortalecimento de nacionalismos
-formado Acordo Transpacífico de Cooperação Eco- e discursos antiglobalização, a fim de analisar os limites e
nômica (TPP, na sigla em inglês), bloco que reúne países as possibilidades que esses discursos significam em seus
banhados pelo Oceano Pacífico localizados na América, contextos específicos. A pauta ambiental traz outro ele
na Ásia e na Oceania. Como justificativa, Trump argu mento para pensar a importância da relação e do diálogo
mentou que o aumento das importações poderia preju amplo entre países na busca de soluções para problemas
dicar a criação de empregos no país. O exemplo do que se operam em âmbito global, ainda que os diferentes
Brexit (termo formado pela junção das palavras British agentes tenham atuação e contribuição diversas para o
e exit), que consistiu na saída do Reino Unido da União agravamento dessa problemática.
XCII
P. 153 caso sobre a participação das mulheres na política em dife
rentes países. O estudo de caso é um tipo de pesquisa muito
Atividades usado para explicar como ou por que determinados fenô
Previamente à realização das atividades, é pertinente menos sociais ocorrem, que consiste na coleta dados, sobre
promover uma discussão para analisar a importância do tudo qualitativos, buscando explorar ou descrever um evento.
Estado no atual estágio do capitalismo em que vivemos. O texto de apoio traz mais detalhes dessa prática de
A produção e as finanças estão integradas como nunca se pesquisa.
viu, e os blocos econômicos e demais organizações supra
nacionais regem várias dessas relações internacionais. No Texto de apoio
entanto, o Estado não está ausente e pode, até mesmo,
adotar medidas que contrariem essa lógica da globaliza
ção. As ideias neoliberais não podem ser colocadas em O estudo de caso é um método de pesquisa estru-
turado, que pode ser aplicado em distintas situações
marcha sem a participação do Estado.
para contribuir com o conhecimento dos fenômenos
1. Como sugestão de instituição supranacional a ser estu individuais ou grupais. Por se tratar de um método
dada, indica-se o FMI. Solicite que, em data marcada de pesquisa, o estudo de caso possui características
com antecedência, os estudantes tragam os materiais próprias e pode ser conceituado com base nas posi-
que encontraram. Faça uma triagem desse material e ções de dois dos mais reconhecidos especialistas nes-
indique também materiais complementares, se houver te método: Robert K.Yin e Robert R.E. Stake.
necessidade. A ideia é promover um debate entre os Yin define o estudo de caso como uma pesquisa
estudantes de modo que eles possam analisar, refletir empírica, que investiga fenômenos contemporâneos
e chegar a algumas conclusões com base em suas dentro de um contexto de vida real, utilizado espe-
pesquisas e leituras. cialmente quando os limites entre o fenômeno e con-
2. Resposta pessoal. Espera-se que, com base nas pes texto são pouco evidentes. Atribui-lhe o objetivo de
explorar, descrever e explicar o evento ou fornecer
quisas e nas discussões feitas nesta unidade, os estu
uma compreensão profunda do fenômeno.
dantes possam compreender que as relações entre
organizações supranacionais e Estados são permeadas Stake apresenta o estudo de caso como um siste-
por conflitos de interesses e contradições. Embora ma delimitado e enfatiza, simultaneamente, a unida-
algumas organizações, organismos e agências sejam de e a globalidade desse sistema. Concentra a atenção
nos aspectos que são relevantes para o problema de
atuantes em diferentes territórios e forneçam algumas
investigação, em um determinado tempo, para per-
orientações a serem seguidas por diferentes agentes
mitir uma visão mais clara dos fenômenos por meio
e Estados, é fato que nem sempre há consenso e aceite
de uma descrição densa.
amplo dessas recomendações. É importante que essa
análise esteja pautada na escolha de uma instituição, O estudo de caso como método de pesquisa requer
do pesquisador cuidados com o desenho do protoco-
agência ou organismo específico.
lo, explicando os procedimentos formais e reconhe-
3. a) Entre as justificativas favoráveis ao Brexit, no cendo pontos fortes e limitações do estudo. De um
entendimento de determinados grupos, estão: modo geral, a escolha por este método se torna apro-
maior controle sobre a imigração no Reino Unido; priada quando o pesquisador busca responder ques-
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garantia da soberania do país nas decisões sobre tões que expliquem circunstâncias atuais de algum
saúde e previdência; melhoria nas negociações fenômeno social, na formulação de como ou por que
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bilaterais com outros países. Entre as justificativas tal fenômeno social funciona.
contrárias estão: maior dificuldade de circulação Embora se trate de um método com capacidade
das pessoas que vivem no Reino Unido nos países de produzir evidências com base em distintas técni-
integrantes da União Europeia; redução dos lucros cas quantitativas e/ou qualitativas de coleta e análise
do país em virtude das cobranças de tarifa que de dados, sua aplicação nas ciências sociais perma-
passarão a ser feitas com a saída do bloco. nece desafiadora, visto que o termo “estudo de caso”
tem sido também utilizado como uma técnica, um
b) Qualquer adesão a um bloco econômico pressupõe
instrumento ou uma abordagem. Na área educacio-
certos acordos que são previstos nos estatutos que
nal, por exemplo, o estudo de caso pode ser utilizado
regulamentam essas instâncias supranacionais. como uma abordagem didática para problematizar
No entanto, cabe a cada país e a sua população uma situação a fim de aproximar a teoria e a prática.
avaliar a pertinência de integrá-los ou não, consi O termo também é comumente utilizado em estudos
derando os possíveis benefícios e prejuízos. médicos e psicológicos, para se referir a uma análise
detalhada de um caso individual, que explica a dinâ-
P. 154-155 mica e a patologia de uma determinada doença.
Pesquisa: Estudo de caso – Participação [...]
política das mulheres ANDRADE, Selma Regina de Andrade et al. Estudo de caso
como método de pesquisa em enfermagem: uma revisão
Esta proposta de atividade, que fecha o livro, tem o obje integrativa. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 6, n. 4., 2017.
tivo de mobilizar uma prática de pesquisa relacionada ao Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tce/v26n4/0104
estudo de caso e desenvolver a competência geral 2. Para -0707-tce-26-04-e5360016.pdf. Acesso em: 9 set. 2020.
isso, é proposto aos estudantes que realizem estudos de
XCIII
INDICAÇÕES COMPLEMENTARES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Artigo ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Polén,
2019.
ALMEIDA, Paulo Roberto. O Brasil e o FMI desde Bretton
Woods: 70 anos de História. Revista Direito GV, São Paulo, O filósofo e advogado Silvio Almeida explica o conceito de ra-
v. 10, n. 2., jul/dez. 2014. Disponível em: https://www. ça na História, bem como a noção de preconceito, racismo e
scielo.br/pdf/rdgv/v10n2/1808-2432-rdgv-10-2-0469. discriminação. Ele apresenta três concepções de racismo: a
pdf. Acesso em: 16 ago. 2020. individual, a institucional e a estrutural. O conceito de mino-
rias é abordado voltando-se para a questão racial, mas traz
Esse artigo faz amplo retrospecto das relações do Brasil com em seu discurso a inclusão de outras minorias sociais.
o FMI, resgatando a relação de dependência monetária que o
país adquiriu desse organismo internacional e que foi mais ou ANDRADE, Selma Regina de Andrade et al. Estudo de caso
menos intensa de acordo com o período histórico vivido.
como método de pesquisa em enfermagem: uma revisão
Filme integrativa. Texto & Contexto - Enfermagem, v. 6, n. 4.,
2017 Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tce/v26n4/
O jovem Karl Marx, direção de Raoul Peck. França, Alema 0104-0707-tce-26-04-e5360016.pdf. Acesso em: 9 set.
nha, Bélgica, 2017 (121 min). 2020.
Retrata a vida e a produção de Karl Marx na juventude, sobre- Artigo que trata da aplicação do estudo de caso na área da
tudo o período entre 1842 e o início de 1848, quando fica enfermagem, mas que também apresenta um panorama, no
pronto o Manifesto Comunista. O filme aborda a amizade en- geral, sobre a prática desse método de pesquisa.
tre Marx e Engels, cujas teorias posteriormente se tornaram
enormemente influentes, a relação com sua parceira Jenny
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo:
von Westphalen e a relação de Marx com o movimento traba-
Companhia das Letras, 2013.
lhador da época e com outros intelectuais, como o pensador
francês Pierre Proudhon. Trata-se de ótima ferramenta didá- A autora se debruça sobre o surgimento e o desenvolvimento
tica para trabalhar o conceito de socialismo científico. dos movimentos totalitários do início do século XX, sobretudo
o nazismo, o fascismo e o stalinismo, e identifica as caracte-
Livros rísticas comuns a esses regimes e as consequências para os
indivíduos direta ou indiretamente afetados pelas políticas de
CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo: Compa
cada um deles. Considerado a principal obra de Arendt, o livro
nhia das Letras, 1990. é reconhecido desde sua publicação como uma obra de refe-
Calvino apresenta relatos fictícios do viajante Marco Polo en- rência sobre o tema e um clássico da filosofia política.
quanto descreve para o imperador Kublai Khan as cidades que
visitou. O desejo de Khan é montar o império perfeito basean- BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro:
do-se nos relatos que ouve. Essas cidades imaginárias têm, Elsevier, 2004.
todas elas, nomes de mulheres e são divididas em onze tipos
Obra com os principais artigos do autor relacionados à temá-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
(as cidades e a memória, as cidades e o céu, as cidades e os
tica dos direitos humanos no contexto da democracia e da paz.
mortos etc.).
DA EDITORA DO BRASIL
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO,
racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. Gianfranco (org.). Dicionário de política. Brasília: Editora
Esse livro reúne uma série de textos sobre racismo, em que a au- UnB, 1998.
tora desmonta as estruturas de normalização e escancara a vio- O livro faz uma interpretação sintética e abrangente dos prin-
lência dessa prática, ao trabalhar com a ideia de descolonização cipais conceitos políticos.
dos discursos, ideias e espaços para a criação de novos espaços
de poder e conhecimento. Pode ser usado para aprofundar as CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática,
discussões a respeito de uma visão histórica descolonial. 2000.
XCIV
O artigo discorre sobre as propostas de regionalização do Bra- FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento?
sil nas décadas de 1940, 1970 e 1990, amarrando com o con- Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de
texto histórico e político de cada momento e evidenciando a Campo. São Paulo, n. 14/15, p. 231-239, 2006. Disponível
importância do planejamento territorial e do IBGE, sobretudo em: http://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/
na Era Vargas e na Ditadura Civil-Militar. view/50109/54229. Acesso em: 29 jun. 2020.
Texto em que Nancy Fraser aborda a problemática da justiça
COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: mo-
em um mundo globalizado e “pós-socialista”. Nele, a autora
mentos decisivos. São Paulo: Unesp, 1999.
esclarece as demandas dos movimentos por justiça em um
Nesse livro, são abordadas as transformações no cenário po- contexto de crise do modelo de Estado de bem-estar social e
lítico brasileiro, desde o período monárquico até sua transição fortalecimento do neoliberalismo.
para a República.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala. São Paulo: Glo-
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boi- bal, 2019.
tempo, 2016.
Marco fundamental na análise das relações raciais no espaço
Obra fundamental para entender as nuances das opressões. brasileiro, considerando a estrutura social do Brasil colônia e
os modos de exploração da escravidão. Obra de grande rele-
DIAS, Maria Clara. Os direitos sociais básicos: uma inves- vância para quem pretende se debruçar sobre a origem do
tigação filosófica da questão dos direitos humanos. Porto mito da “democracia racial”.
Alegre: EDIOUCRS, 2004.
O livro apresenta uma defesa dos direitos sociais básicos en- GEIGER, Pedro. Industrialização e urbanização no Brasil,
quanto direitos humanos. conhecimento e atuação da geografia. Revista Brasileira
de Geografia, Rio de Janeiro, v. 50, t. 2, 1988.
ENGELS, Friedrich. Do socialismo utópico ao socialismo Pedro Geiger constrói nesse artigo um retrospecto da Geogra-
científico. São Paulo: Edipro, 2017. fia moderna no Brasil, fazendo referência ao surgimento do
Livro fundamental por desenvolver o socialismo científico, IBGE, onde trabalhou, e sua importância no governo de Getú-
criando as bases teóricas do socialismo e do comunismo. lio Vargas para as políticas de planejamento territorial, que
tinham as regionalizações do país como um de seus pilares.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1968. HABERMAS, Jürgen. A nova transparência: a crise do Es-
tado de bem-estar social e o esgotamento das energias
No livro, o autor faz uma análise das violências que instaura-
ram o mundo colonial. utópicas. Novos Estudos, n. 18, set. 1987.
O autor faz uma aproximação temática dos movimentos so-
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006. ciais com a psicanálise.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
A História do Brasil é apresentada desde o descobrimento até
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticida-
o fim da Ditadura Civil-Militar. Sua narrativa é didática, dividi-
DA EDITORA DO BRASIL
da em temáticas principais para cada período histórico. de e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
Nesse livro, o filósofo alemão se debruça sobre alguns dos
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na socie- principais conceitos contemplados no material, sobretudo
dade de classes. São Paulo: Globo, 2008. aqueles de direito e cidadania. O autor perpassa a história dos
dois conceitos e os atualiza, aplicando-lhes novos significa-
Nessa obra fundamental da sociologia brasileira, Florestan
dos, com base em reflexões sobre a globalização e a diversi-
Fernandes analisa o período posterior à abolição da escravi-
dade cultural.
dão e a forma como homens e mulheres negros, tornados li-
vres, foram sistematicamente excluídos da sociedade de
HABERMAS, Jürgen. Entre naturalismo e religião: estudos
classes, em estruturas que permanecem até hoje. É também
filosóficos. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2007.
nesse livro que ele faz a crítica mais contundente ao que vinha
sendo discutido por muitos outros autores em torno da “de- O autor faz um estudo filosófico sobre os pensamentos natu-
mocracia racial”, demonstrando como o racismo continuou ralistas e religiosos.
(e continua) se reproduzindo.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Parque Indígena do Xingu
FERRO, Marc. A história vigiada. São Paulo: Martins Fon- 50 anos. Disponível em: https://www.socioambiental.org/
tes, 1989. sites/blog.socioambiental.org/files/publicacoes/10380_0.
pdf. Acesso em: 4 set. 2020.
O autor analisa a dificuldade que os historiadores têm para
escapar à pressão dos preconceitos, das ideologias ou das Documento elaborado pelo Instituo Socioambiental em cele-
vaidades nacionais. bração do aniversário de 50 anos do Parque Indígena do Xingu.
XCV
MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte:
de Tito Lívio. São Paulo: Martins Fontes, 2007. Letramento, 2017.
Maquiavel estimula o debate sobre o conceito de liberdade e Por meio do diálogo com várias autoras que se identificam
virtude cívica, apresentando a ideia de necessidade de con- com o feminismo negro, Djamila Ribeiro apresenta o debate
fiança no povo com vistas à preservação da liberdade e à ga- sobre as vozes e as lutas das mulheres negras, que, através
rantia da participação deste na vida pública. A leitura dessa do tempo, reivindicaram sua visibilidade. O lugar de fala é
obra possibilita a compreensão de que não há cidade forte compreendido não a partir de experiências individuais, e sim
sem povo, mas também não há cidade livre sem a participa- de opressões estruturais que marginalizam parcelas repre-
ção da maioria na vida política da cidade. Maquiavel, contudo, sentativas da população.
faz a ressalva de que a participação popular traz consequên-
cias. Levar o público a intenções e desejos que não são con-
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pe-
sensuais (como acontece na maior parte das vezes) pode
lo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Pau
resultar em conflitos políticos.
lo: Claro Enigma, 2012. E-book.
MARCUSE, Herbert. O fim da utopia. São Paulo: Paz e Nessa obra, a autora trata do racismo que é praticado no am-
Terra, 1969. biente privado e no cotidiano.
Traz uma análise crítica do que aconteceu com as correntes
liberais e de esquerda com a morte dos ideais utópicos que SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientis
orientavam essas tendências políticas. tas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930.
São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: A autora discute a questão da raça no Brasil e apresenta um
processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz panorama contendo desde as teorias raciais que nortearam
e Terra, 1978. as ações durante o século XIX até o funcionamento das insti-
O tema desse livro de Abdias do Nascimento é a realidade tuições do país e as reproduções do racismo, refutando o mi-
do negro no Brasil como pano de fundo para o debate acer- to da democracia racial.
ca do racismo estrutural presente na formação da sociedade
brasileira. SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel.
Dicionário da República. São Paulo: Companhia das Letras,
NEGRO, Antonio Luigi. Paternalismo, populismo e história 2019. E-book.
social. Cadernos AEL, 11(20/21) Disponível em: https://
Organizado pelas historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa
www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/ael/article/ Starling, o livro traz uma série de verbetes sobre a República
view/2532. Acesso em: 9 ago. 2020. brasileira, os quais são explicados com base em 51 textos crí-
O artigo aborda as nuances e as intersecções entre os concei- ticos escritos por autores convidados, entre eles Kenneth Ma-
tos de paternalismo e populismo na História e esclarece as xwell, José Murilo de Carvalho, Evaldo Cabral de Mello,
maneiras segundo as quais esses conceitos são utilizados pa- Marilena Chaui, João Fragoso, Silvio Almeida e Keila Grinberg.
ra explicar os cenários políticos latino-americanos, com foco
no Brasil. MATERIAL DE DIVULGAÇÃO SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel.
DA EDITORA DO BRASIL
OLIVEIRA, João Pacheco de; FREIRE, Carlos Augusto da
Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras,
2015. E-book.
Rocha. A presença indígena na formação do Brasil. Brasí
As autoras fizeram uma radiografia da História do Brasil, da co-
lia: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
lonização até os dias atuais, abordando os temas de maneira
Continuada, Alfabetização e Diversidade; Laced/Museu
didática.
Nacional, 2006.
O material apresenta uma linha do tempo da história indígena STANLEY, Jason. Como funciona o fascismo: a política do
no Brasil, com enfoque nas principais ações adotadas pelos
“nós” e “eles”. Porto Alegre: L&PM, 2018.
governos no trato com as populações indígenas, desde a Co-
lônia até a República. Há indicação de leituras e de documen- Obra recente que estabelece alguns princípios do fascismo
tos que podem ser usados como ferramentas didáticas para que permitem analisar governos atuais e perceber em que
aprofundar os conhecimentos relativos ao debate envolvendo medida alguns deles correspondem às ideologias declarada-
os povos indígenas. mente fascistas dos anos 1930 e 1940.
XCVI
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
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DA EDITORA DO BRASIL
ISBN 978-85-10-08391-1