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e vida social
e Sociais Aplicadas
Ciências Humanas
Leandro Gomes / Natália Salan Marpica
Priscila Manfrinati / Sabina Maura Silva
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas MANUAL DO
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Liberdade e vida social
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Leandro Gomes / Natália Salan Marpica
Priscila Manfrinati / Sabina Maura Silva
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ISBN 978-85-10-08381-2
Leandro Gomes
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professor e coordenador em cursinhos populares e assessor pedagógico
especialista.
Priscila Manfrinati
Mestra em Ciências, área de concentração Humanidades, Direitos e Outras
Legitimidades pela Universidade de São Paulo (USP).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP).
Foi professora de História em cursos pré-vestibulares.
DA EDITORA DO BRASIL
Sabina Maura Silva
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mestra e licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação
em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (Cefet-MG).
1a edição
São Paulo, 2020
© Editora do Brasil S.A., 2020 Concepção, desenvolvimento e produção:
Todos os direitos reservados Triolet Editorial & Publicações
Direção executiva: Angélica Pizzutto Pozzani
Direção geral: Vicente Tortamano Avanso Coordenação editorial: Denise Pizzutto
Edição de texto: Guilherme Gaspar, Thais Ogassawara,
Direção editorial: Felipe Ramos Poletti Frank de Oliveira, Olívia Pavani Naveira
Gerência editorial: Erika Caldin Elaboração de conteúdo: Adriano Rogério Mastroléa, Ana Maria
Supervisão de arte: Andrea Melo Macarini, Ângelo Costa dos Santos, André Castilho Pinto, Bianca
Supervisão de editoração: Abdonildo José de Lima Santos Briguglio, Bianca Zucchi, Charles Ireno dos Santos, Fabiana Machado
Supervisão de revisão: Dora Helena Feres Leal, Júlia Bittencourt, Larissa Soares de Araujo, Marcelo Vasconcelos,
Supervisão de iconografia: Léo Burgos Paulo Victor de Figueredo Nogueira, Renata Cristina Pereira, Simone
Affonso da Silva, Tatiana Martins Venancio, Thaís Fucilli Chassot
Supervisão de digital: Ethel Shuña Queiroz
Preparação e revisão de texto: Alexander Barutti, Ana Paula
Supervisão de controle de processos editoriais: Roseli Said
Chabaribery, Arali Gomes, Brenda Moraes, Daniela Pita, Erika Finati,
Supervisão de direitos autorais: Marilisa Bertolone Mendes Glória Cunha, Helaine Albuquerque, Janaína Mello, Lara Milani,
Licenciamentos de textos: Cinthya Utiyama, Jennifer Xavier, Paula Malvina Tomaz, Marcia Leme, Miriam Santos, Patrícia Cordeiro,
Tozaki e Renata Garbellini Renata Tavares, Simone Soares
Controle de processos editoriais: Bruna Alves, Carlos Nunes, Assistência editorial: Carmen Lucia Ferrari, Gabriela Wilde, Janaína Felix
Rita Poliane, Terezinha de Fátima Oliveira e Valéria Alves Coordenação de arte e produção: Daniela Fogaça Salvador
Edição de arte: Ana Onofri, Christof Gunkel, Julia Nakano, Suzana Massini
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Assistente de arte: Lucas Boniceli
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto gráfico (miolo e capa): Caronte Design
Ilustrações: All Maps, Daniel das Neves
Conexão mundo : ciências humanas e sociais Iconografia: Daniela Baraúna, Pamela Rosa
aplicadas : liberdade e vida social / Leandro Imagem de capa: Lionel Bonaventure/AFP
Gomes... [et al]. -- 1. ed. -- São Paulo :
Editora do Brasil, 2020. -- (Conexão mundo)
20-41410 CDD-373.19
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Índice para catálogo sistemático:
DA EDITORA DO BRASIL
1. Ensino integrado : Livro-texto : Ensino médio
373.19
Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427
1a edição / 2020
Caro estudante,
MAPA DO APRENDIZADO
É apresentado um panorama do
que se pretende atingir com o
INTRODUÇÃO
estudo de cada unidade: o
Grupo Poro
Momento de valorização de INTRODUÇÃO objetivo que se quer alcançar e
conhecimentos prévios. as justificativas para o trabalho
Promove a participação coletiva proposto, além das
da turma, visando à ampliação O que é liberdade? Quais são seus limites? Quem é livre?
Esses são questionamentos que podem ter as mais diversas competências gerais e
de seu repertório de
respostas, pois o conceito de liberdade se transforma em dife-
rentes tempos e espaços.
A palavra liberdade originou-se do termo grego eleutheria específicas, das habilidades e
experiências e o trabalho com que significava “o poder de se movimentar sem limitações e
coações”. Portanto, inicialmente, os gregos antigos enten-
diam a liberdade como algo físico e relativo à consciência e dos Temas Contemporâneos
uma manifestação artística que ao espírito.
Veja a imagem da intervenção urbana Desenhando no vento,
Transversais (TCTs) abordados.
se relaciona ao tema debatido.
realizada pelo grupo mineiro Poro, em 2005. Nela, tiras de
papel foram arremessadas de partes altas da cidade de Belo
Horizonte, em Minas Gerais. Dessa maneira, as fitas ganha-
vam formas variadas de acordo com o movimento do vento.
Estariam as fitas, portanto, se movimentando livremente? Ou
existiria uma coação do vento sobre elas?
Para refletir sobre perguntas como essas e também para
compreender o que a liberdade pode significar em contextos
distintos, é necessário investigar indivíduos, culturas, institui-
ções políticas e sistemas socioeconômicos variados. Também
é preciso realizar uma reflexão sobre os cerceamentos impos-
tos a algumas liberdades.
Essas discussões serão aprofundadas ao longo deste livro.
estabelecendo novas
2. A liberdade que você exerce individual- 4. A imagem da intervenção do grupo Poro re-
mente é a mesma de quando está em gru- mete você à noção de liberdade? Quais ima-
vivências cotidianas. po? Justifique sua resposta. gens e/ou ideias podem ser relacionadas com
e a reflexão.
UNIDADES
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Apresenta conceitos e definições
DA EDITORA
Textos, imagens, boxes, atividades DO que
e seções especiais BRASIL
mobilizam habilidades e
importantes para o entendimento
competências para que sejam desenvolvidas aprendizagens relacionadas a diferentes
de contextos de aplicação do
conteúdos da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
conhecimento.
3
UNIDADE
Liberdade e participação OUTRO PONTO DE VISTA Em resposta à omissão das mulheres
desses documentos, a dramaturga fran-
política Para os iluministas, a liberdade se desdobra em dois conceitos, ao contrário do que se obser-
Marcha do Orgulho Crespo
cesa Olympe de Gouges (1748-1793)
escreveu a Declaração dos Direitos da
A visão etnocêntrica europeia estabeleceu um padrão de beleza para o mundo. Esse padrão valorizava o cabelo
vava na Antiguidade. Uma das formulações iluministas afirma que a liberdade se relaciona à Mulher e da Cidadã, em 1791, em que
liso em detrimento do cabelo crespo ou cacheado. Na contemporaneidade, esse padrão ainda tem adeptos. Por isso,
humanidade natural de cada indivíduo e é puramente filosófica. A outra se refere à vida em reivindicava a garantia, às mulheres, dos
movimentos e ações como a Macha do empoderamento crespo visam descontruir essa concepção, isto é, mostrar
comum dos indivíduos e à forma política que a liberdade deve assumir para o bem de cada um. que não existe superioridade entre tipos de cabelo e identidades culturais, e celebrar a diversidade de corpos, ros- mesmos direitos dos homens, como a
Esses dois conceitos se conectam, e o segundo, principalmente, deve ser de algum modo tos, costumes, crenças etc. propriedade, a resistência à opressão,
POLÍTICA E LIBERALISMO pensado em função do primeiro. Essa corrente de pensamento, que tem a liberdade dos “Eu, mulher negra, resisto” foi um dos gritos que
a segurança e a liberdade. Já a filósofa
seres humanos como seu assunto principal, ficou conhecida como liberalismo. ecoaram pelas ruas de São Paulo [...] durante a inglesa Mary Wollstonecraft (1759-1797),
Do Renascimento às três primeiras décadas do século XIX, foi elaborado um modo moderno
Archive Pics/Alamy/Fotoarena
O liberalismo tem por objeto central as questões e os elementos que delimitam a liber- 3a Marcha do Orgulho Crespo [em 2017]. em sua obra Reinvindicação dos direitos
de pensar e de viver em sociedade. Entre os componentes próprios da modernidade estão a da mulher, comentava que a dependên-
dade no contexto da vida social e de suas expressões políticas e jurídicas. Parte, portanto, O movimento independente debate, entre outros
definição da individualidade humana como natural, a compreensão da liberdade como algo cia financeira e a impossibilidade de
da definição de liberdade política como aquela referente às relações que o indivíduo tem temas, a cultura afro e a representatividade negra,
inato e o entendimento da razão como elemento da natureza humana. Com base nessas for- estendendo-se pelas madeixas crespas e cacheadas, acesso à educação eram os fatores que
com seus semelhantes. Essas relações são reguladas e determinadas por leis jurídicas e
mulações, os pensadores do período acreditavam que a vida social e sua organização política pelos traços e a cor da pele presentes em pelo me- levavam a uma situação de submissão
morais e pelos costumes da comunidade. Assim, a principal questão do liberalismo é refletir Sufragistas reivindicando o direito de votar. Londres, Reino Unido, c. 1912.
no Estado deviam ser pautadas pela natureza inata dos indivíduos – seres livres e dotados nos 54% da população brasileira. [...] da mulher em relação ao homem.
sobre como é possível realizar, ou ao menos conciliar racionalmente, a liberdade de cada um
de faculdades racionais e de um impulso natural à felicidade. Criado em julho de 2015 pelo projeto Hot Pente e
diante das ações e demandas impostas pela vida social. No século XIX, o movimento sufragista deu continuidade à luta feminina
Coleção particular. Fotografia: Granger/Fotoarena
Como foi estudado na Unidade 1, esse processo de transformações sociais e sua pelo Blog das Cabeludas – Crespas e Cacheadas,
No terreno do liberalismo político iluminista, chegaram a ser desenvolvi- o movimento nacional de valorização da estética por cidadania política, reivindicando o direito ao voto e à eleição de mulhe-
expressão no pensamento chegou ao ápice no século XVIII, com o Iluminismo. Durante das duas formas de pensar a liberdade, as quais foram herdadas por autores afro-brasileira reúne pessoas em oito estados brasi- res para cargos públicos. Chegar ao reconhecimento legal desse direito
Walmor Carvalho/Fotoarena
esse período, diversas correntes filosóficas se basearam em duas premissas principais: que ainda hoje discutem temas relativos aos conceitos de liberdade e Estado. leiros e, segundo os próprios [organizadores], “ex- exigiu intensos movimentos de reivindicação, em que as sufragistas, em
existe apenas o que é natural, e a razão humana é uma potência dada naturalmente a A primeira dessas concepções é uma definição negativa de liberdade. Ela- pande suas origens para o debate racial, com o vários lugares do mundo, tiveram de enfrentar resistências de várias ordens,
todos os indivíduos. borada com base no pensamento de John Locke (1632-1704), ela busca intuito de transcender o campo da beleza e eviden-
inclusive violência policial. Somente no começo do século XX esse direito
Certamente, os autores iluministas buscaram compreender o novo contexto da vida humana ciar o cabelo crespo/cacheado como símbolo de re-
garantir o aumento da liberdade de cada pessoa limitando quanto o Estado foi conquistado pela primeira vez, em 1928, no Reino Unido.
sistência aos padrões historicamente difundidos e A rapper e compositora Karol Conka (1987-) na Primeira
de forma distinta do que faziam os pensadores da Antiguidade e da Idade Média. Suas ideias pode avançar ao definir leis. O objetivo é garantir que as leis deixem aos indi-
de afirmação de identidade e autoestima, especial- Marcha do Orgulho Crespo. São Paulo, SP, 2015. A entrada das mulheres no mercado de trabalho, de acordo com Engels,
afirmavam a liberdade das pessoas, concebidas simultaneamente como indivíduos diferen- víduos um espaço amplo, para que decidam por si mesmos os rumos de sua mente de mulheres negras”. [...] foi uma forma contraditória de libertação feminina: a mulher teria se livrado
tes e como membros de uma sociedade. De acordo com esses pensadores, regras, normas, vida e suas atividades. Desse modo, as leis criadas não podem delimitar as Sobre o racismo em si, [a influenciadora digital Beatrice Oliveira afirma] “Para nós, como coletivo, temos a visão do domínio patriarcal familiar e se submetido à dominação econômica bur-
leis e maneiras de organizar as relações e o poder do Estado deveriam ser pautadas pela escolhas individuais, a não ser de maneira geral e em número muito pequeno. do racismo ser educacional. A gente gosta de tratá-lo com educação, sem discurso de ódio. Estamos aqui para ensi- guesa. Dentro dos próprios movimentos trabalhistas, a desigualdade entre
racionalidade. Assim, a liberdade negativa quer estender ao máximo possível o âmbito das nar. Se a gente vai com “pé no peito”, não há mudança. Quando você mostra, explica, ensina, pelo menos sob a nos- homens e mulheres podia ser observada. A diferença dos salários pagos às
decisões privadas. Alguns de seus principais formuladores foram, além de sa experiência com nossos vídeos, de fala racista, de comportamento racista, a pessoa reconhece certas atitudes
mulheres e crianças, muito mais baixos em comparação aos pagos a homens
Castelo de Malmaison, Rueil-Malmaison
algoritmos, a decomposição de
seu caráter difuso. Não importava definir culpas, investigar suspeitas ou conduzir os acusados aos
cíficas para cada uma dessas partes por meio de algoritmos, processos que descrevem
tribunais. O objetivo parecia ser mais amplo: eliminar da cidade todo o excedente humano poten-
a solução detalhada de um problema ou tarefa passo a passo.
cialmente turbulento, fator permanente de desassossego para as autoridades. [...]
problemas e o reconhecimento de
• fazer um levantamento de bens materiais e imateriais da cidade onde vivem e que
a) Segundo Sevcenko, qual foi o objetivotenham
da repressão policial
relevância paranesse cenário?
vocês;
• estabelecerde
b) De que maneira essa repressão e o cerceamento liberdades
para se relacionavam
de umcom
padrões.
• selecionar
o projeto de reforma urbana da cidade do Rio deum
Janeiro?
elemento.
Vejaaos
2. Analise as imagens a seguir e relacione-as o passo a passo
conceitos de de cada
êxodo um desses
rural, políticaitens:
desen-
volvimentista e milagre econômico. Etapa 1: Levantamento
• Cada membro do grupo deve citar um bem material e um bem imaterial da cidade que
1958 julgue importantes para a história/memória do local.
• Um dos membros do grupo anota cada um dos elementos citados em uma folha de
https://www.geoportal.com.br/memoriapaulista/
papel sulfite.
• Embaixo de cada elemento, o grupo deve citar e registrar duas razões da importância
dele para a cidade.
Etapa 2: Estabelecimento de critérios
• Façam uma lista de itens que o elemento deve cumprir para ser selecionado. Por Conexões
exemplo:
— Não é tombado.
— Representa a memória de um grupo marginalizado na história da cidade.
2020
— Possui valor artístico e/ou arquitetônico.
— Precisa da proteção do tombamento para se manter preservado.
• Para chegar a essa lista, consultem o site do Iphan, disponível em http://portal.iphan.
Caso essa emissão não seja contida efetivamente, as consequências climáticas e huma-
gov.br/pagina/detalhes/126 (acesso em: 8 jun. 2020), para entender as diferentes REFUGIADOS AMBIENTAIS nitárias serão alarmantes, levando ao desaparecimento de vilas e cidades, ao comprome-
categorias de tombamento e os detalhes desse processo.
Muitas pessoas, por vezes, perdem sua liberdade individual ao se verem forçadas a se timento da atividade pesqueira, ao aumento de tufões, ciclones, entre outros desastres
Etapa 3: Seleção
Imagens de satélite, de 1958 deslocar, sendo obrigadas a deixar seu local de origem, suas raízes ou suas bases culturais, naturais.
• Com a lista de critérios
e 2020, edaocomunidade
levantamentode de bens em mãos, o grupo deve verificar quais
que são responsáveis pela formação de sua subjetividade. Além de conflitos políticos e
Google Earth
Gráfico: DAE
NOVOS DESLOCAMENTOS INTERNOS EM RAZÃO DE CONFLITOS E DESASTRES (2008-2018)
ATIVIDADES
45
Gráfico: DAE
1. Com base no caso de Ioane Teitiota, PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO POPULACIONAL EM RELAÇÃO
ATIVIDADES
40
explique de que forma uma crise À VULNERABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Deslocamentos em milhões
35
ambiental pode ferir a liberdade in-
30
dividual das pessoas afetadas por ela. África Ásia América Europa Oceania
25 6%
2. De acordo com o Painel Intergover-
Mídia
cas, 280 milhões de pessoas serão
10
forçadas a se deslocar, até 2100, por
Time Inc.
Disponível em: https://publications.iom.int/system/files/pdf/wmr_2020.pdf. Acesso em: 13 jun. 2020.
3. Pesquise na internet o que preco-
As tempestades foram responsáveis pelo deslocamento interno de 9,3 milhões Conforme
de pes-os protestos de 2020 motivados pela morte de George Floyd
TRADICIONAIS E NAS soas,
REDES SOCIAIS DIGITAIS nizam as diretrizes dos protocolos
e debates.
as inundações, por 5,4 milhões, e as secas, por 1,3 milhão. As mudanças climáticas
foram se alastrando e tomando maiores proporções nas ruas e redes sociais crescimento
internacionais pela redução de emis- 0%
que causam esses desastres estão relacionadas ao descontrole da emissão de gases poluen-
digitais, a mídia tradicional (rádio, televisão,
CONTEXTO sãojornal, revista
de gases etc.) passou
(Protocolo a
de Kyoto menos vulnerável mais vulnerável
tes, sobretudo de dióxido de carbono (CO2). Essa emissão é decorrente, pordedicar exemplo, da considerável à cobertura e discussão do racismo. Observe,
espaço e Acordo de Paris) e liste algumas Fonte: AQUECIMENTO global: 7 gráficos que mostram em que ponto estamos. BBC, 17
Em 25 de maio de 2020, na cidade de Minneapolis,
queima denos Estados Unidos,
combustíveis fósseis George Floyd, um de florestas, prática empregada
e da queimada ao lado,para a
um exemplar da revista Time, publicação estadunidense de grande
das medidas que devem ser provi- jan. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46424720.
homem negro de 46 anos, foi assassinado por Derek de
criação Chauvin,
pastosum policial prévia
e limpeza branco.para
Grande parte agropecuária.
a produção circulação no país. A foto da capa é de um protesto que ocorreu
Acesso em: 13 jun. 2020.
denciadas pelo Brasil ena cidade
pelos países
da ação do policial foi filmada por uma testemunha. No dia
Para conter seguinte,
essas mudanças, apósaoalongo
publicação e a décadas, diversos tratados internacionais,
das últimas de Baltimore, nos Estados Unidos, contra asignatários
violência policial.
de cada acordo.
ampla divulgação do vídeo nas redes sociais, teveoinício
como uma de
Protocolo onda de protestos
Kyoto, que55
ratificado por sepaíses
espa-em 1999, e, mais recentemente, o Acordo
lhou por diversas cidades dos Estados Unidos e do mundo.
de Paris, assinadoAsemprincipais
2015 por pautas desses
195 países, pro-
foram O contexto
firmados com a intenção de fazer com que os estudado mostra a influência das redes sociais digitais nas
4. Produza um texto acerca de algumas medidas que estão ao alcance da população para
testos foram a luta contra a violência policialsignatários
e contra o se
racismo estrutural. a diminuir a emissão de gases poluentes na mídias tradicionais e vice-versa. Agora, vocêcontribuir com aadiminuição
vai comparar maneira com da emissão de gases poluentes.
comprometessem atmosfera.
O combate às mudanças que um mesmo assunto é tratado nas redes5. Comsociais
basedigitais e emeveículos
na pesquisa nas respostas dadas aos itens anteriores, reúnam-se em grupos
Nos protestos de rua, os manifestantes tinham em seus cartazesclimáticas também eé frases
slogans, palavras um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Susten-
que correspondiam às hashtags utilizadas nas tável da ONU.
redes sociais. Hashtag é uma palavra relacio- da mídia tradicional. Para isso, reúnam-se em grupos e panfletos
e produzam sigam as etapas.
de conscientização sobre a emissão de gases poluentes.
nada a assuntos que podem ser buscados, nas redes, pela inserção do símbolo do sustenido Etapa 1
46
(#) em frente ao termo, permitindo que todas as publicações relacionadas ao tema sejam mais Não escreva no livro. Não escreva no livro. 47
facilmente encontradas. • Escolham uma rede social digital – pode ser a mais usada entre os
membros do grupo – e investiguem quais foram os assuntos mais co- Capa da revista estadunidense Time,
A hashtag #BlackLivesMatter (#VidasNegrasImportam), amplamente utilizada durante publicada em 22 de junho de 2020,
mentados nela durante o dia. com a manchete “O despertar tão
a onda de protestos em 2020, foi criada no ano de 2013 em resposta à absolvição do acusado
aguardado”.
do assassinato do jovem negro Trayvon Martin. O gráfico a seguir permite a visualização do Etapa 2
aumento do uso da hashtag de janeiro de 2013 a maio de 2018. Perceba que são as mesmas • Selecionem um post da rede social e investiguem como o assunto ali discutido foi aborda-
palavras usadas nos cartazes dos protestos de 2020; note também a semelhança entre os do por uma mídia tradicional.
eventos que provocam o aumento do uso da hashtag: a maioria deles é relacionada direta- • Respondam aos seguintes questionamentos:
mente com a morte de homens negros pelas forças policiais, o que indica a persistência desse
a) Quais são os nomes da rede social e do veículo de mídia tradicional selecionados?
sintoma do racismo estrutural na sociedade estadunidense.
b) Quais recursos textuais, auditivos e visuais foram utilizados por cada um?
c) Quais foram as formas de expressão de cada um desses recursos utilizados? Por exem-
USO DA HASHTAG #BLACKLIVESMATTER EM REDE SOCIAL ENTRE JANEIRO DE 2013 E MAIO DE 2018 plo, se for um texto escrito, indique se há trechos em diferentes cores ou sublinhados.
7 de julho de 2016 22 de setembro de 2017
Se for um vídeo, repare na posição do enunciador (sentado, de pé, se permanece parado
Cinco policiais são mortos O presidente dos Estados Unidos
ou não) e verifique se ele interage com recursos visuais e com outras pessoas. Se for um
Número de posts com a hashtag #blacklivesmatter
Pesquisa
Martin.
O jovem negro
Eric Garner da Califórnia. das nas mídias analisadas.
400 000 morre sob
custódia policial.
200 000
CONCLUSÃO
0
Após a apresentação de todos os grupos, organizem uma roda e discutam como foi a
2013 2014 2015 2016 2017 2018 experiência de fazer essa comparação, compartilhando quais foram os métodos e ferra-
Fonte: PEW Research Center. Ativismo na era das redes sociais. mentas utilizados para investigar cada uma das mídias e se houve identificação pessoal
Disponível em: www.pewresearch.org/internet/2018/07/11/activism-in-the-social-media-age/. Acesso em: 14 jun. 2020. com alguma abordagem em particular.
DAE
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
1. Determinem 122um recorte para o estado da arte que vão realizar. O tema, a liberdade, deve
CONCEPÇÕES DE LIBERDADE Não escreva no livro. Não escreva no livro. 123
ser o mesmo para toda a turma, mas o recorte deve ser escolhido de acordo com os inte-
APRESENTAÇÃO resses de pesquisa dos membros de cada grupo. É possível trabalhar, por exemplo, a
concepção de liberdade em determinado período histórico, na obra de um autor, em um
No começo deste percurso, você foi questionado sobre o que é ser livre. Ao longo do livro,
território, em uma cultura etc.
pôde perceber que diversos estudiosos e várias escolas de pensamento responderam a
MÍDIA
DA EDITORA DO BRASIL
esse questionamento das mais diferentes formas. Para o pensador grego Aristóteles 2. Definido o recorte, vocês devem escolher a(s) base(s) de dados em que vão desenvolver
(385 a.C.-323 a.C.), por exemplo, o indivíduo é livre desde que tome decisões de modo sua pesquisa. Há diversos espaços virtuais que reúnem trabalhos científicos (artigos,
voluntário. O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) propôs que o proletariado nunca seria dissertações, teses, ensaios, livros etc.) e que podem ser consultados. Vejam alguns
livre dentro do sistema capitalista, pois suas condições materiais cerceariam sua liberdade. exemplos:
Já a filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975) acreditava que a liberdade do indivíduo
era frágil diante de um Estado autoritário que negava direitos básicos a determinados gru-
• Rede Scielo. Biblioteca eletrônica que apresenta um acervo de artigos e periódicos
científicos brasileiros. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_home& A partir de textos que circulam na mídia, a seção
trabalha a análise crítica e propositiva da
pos sociais. Tais concepções diversas foram fomentadas de acordo com a escola de pen- lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 jun. 2020.
samento desses estudiosos e suas vivências em diferentes contextos históricos, sociais, • Acervo da Capes. Banco de dados de artigos e teses de pesquisadores que receberam
econômicos, políticos, territoriais e culturais. bolsas de estudo e incentivo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
de fragilidades argumentativas.
Liberdade Trabalho, Liberdade 1990-2000 Cidade de Estudos realizados
pesquisa etc.).
política e nas relações São Paulo no Brasil nos
TÍTULO AUTOR DATA DE PUBLICAÇÃO ABORDAGEM
sociedade de trabalho últimos cinco anos
Agora é sua vez de fazer o estado da arte. Essa prática de pesquisa deverá ser conduzida
em grupos. Prestem atenção nos objetivos e na justificativa apresentados e sigam os pas-
5. Com o mapeamento organizado na tabela, elaborem um texto com uma análise das infor-
sos de desenvolvimento.
mações recolhidas. Nesse texto, vocês devem responder aos seguintes questionamentos:
OBJETIVOS a) Quais foram os bancos de dados pesquisados?
b) Qual foi a quantidade de resultados em cada um? Esses números variaram ao longo
Para continuar
• Pesquisar estudos que tratam da liberdade.
• Determinar um recorte para o estado da arte. dos anos de publicação? O que isso significa sobre o interesse despertado pelo tema?
• Mapear e organizar as informações pesquisadas em uma tabela.
• Compor um texto analisando o mapeamento realizado.
c) Qual é a abordagem mais privilegiada/popular sobre esse tema? E a menos privi-
legiada? aprendendo
JUSTIFICATIVA CONCLUSÃO
A composição de um estado da arte contribui para o conhecimento de diferentes con- Cada grupo deve apresentar o texto e o mapeamento para o restante da turma. Poste-
cepções de liberdade e incentiva a prática da pesquisa científica, aumentando a familiari- riormente, façam uma discussão em sala de aula abordando não só os resultados, mas as
dade com a estrutura e a linguagem de artigos científicos e de bancos de dados. UNIDADE 1 – LIBERDADE INDIVIDUAL UNIDADE 3 – LIBERDADE
dificuldades encontradas no processo de pesquisa. E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Filme
Lutero, direção de Eric Till. Alemanha, 2003 (94 min). Filme
154 Não escreva no livro. Não escreva no livro. 155 Filme que conta a trajetória de Martinho Lutero, retratando a elabo-
Hamilton, direção de Thomas Kail. Estados Unidos, 2020
ração de suas 95 teses, a perseguição que sofreu por parte da Igre-
ja e seu período de exílio, quando iniciou a primeira tradução da Bíblia (160 min).
para o alemão. Filmagem de peça teatral musical que conta a biografia de
Alexander Hamilton (1755-1804), político estadunidense e pri-
Livro meiro secretário do tesouro americano, e a história da formação
PESQUISA
Longe de casa: minha jornada e histórias de refugiados pelo dos Estados Unidos, de sua independência ao governo de Thomas
Jefferson (1743-1826).
mundo, de Malala Yousafzai. São Paulo: Editora Seguinte, 2019.
Malala Yousafzai (1997-), ganhadora do Prêmio Nobel da Paz e ati-
vista paquistanesa, relata nesse livro sua visita a diversos campos Livro
de refugiados pelo mundo e conta a história de nove meninas que A Revolução Francesa explicada à minha neta, de Michel
Vovelle. São Paulo: Editora Unesp, 2007.
como o estudo de caso, grupo focal, estado da arte, análise 31 jul. 2020. Site
Plataforma que disponibiliza dados sobre deslocamentos forçados Acervo digital do Museu da Imigração do Estado de São
de pessoas no Brasil, indicando números que revelam as causas des- Paulo. Disponível em: www.inci.org.br/acervodigital/. Acesso
sas migrações e os principais polos brasileiros de atração e repulsão. em: 31 jul. 2020.
relatórios, pesquisa-ação.
Filmes
Guerras do Brasil.doc (Episódio 1 – As guerras da conquista), UNIDADE 4 – DESIGUALDADE COMO
direção de Luiz Bolognesi. Brasil, 2018 (26 min).
IMPEDITIVO PARA A LIBERDADE
Série documental que, em seu primeiro episódio, debate o proces-
so de colonização brasileiro, abordando as novas pesquisas histó-
ricas e revendo o olhar eurocêntrico da historiografia tradicional. O
Livro
destaque do documentário é a entrevista com o intelectual indíge- Olympe de Gouges, de Catel Muller e José-Louis Bocquet. São
na Ailton Krenak (1953-), que apresenta a história da chegada dos Paulo: Record, 2014.
europeus à América sob a perspectiva dos povos nativos. História em quadrinhos que trata da biografia de Olympe de
Gouges (1748-1793) e sua jornada até a elaboração da Declara-
Honeyland, direção de Ljubo Stefanov e Tamara Kotveska.
ção dos Direitos da Mulher e da Cidadã.
Macedônia, 2019 (87 min).
Documentário que acompanha o dia a dia de Hatidze Muratova, Filme
uma apicultora que vive em uma vila na Macedônia, e seu conví-
vio com uma família de nômades pastores. Eu não sou seu negro, direção de Raoul Peck. Bélgica, 2016
(93 min).
Piripkura, direção de Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Documentário sobre o escritor estadunidense James Baldwin
Jorge. Brasil, 2017 (81 min). (1924-1987) e sua trajetória de ativismo contra o racismo ao lado
Documentário sobre a vida de dois indígenas nômades do povo de Malcolm X (1925-1965) e Martin Luther King Jr. (1929-1968).
Piripkura, que possui poucos sobreviventes, os quais vivem iso-
156
Atividades 49
Para começar o percurso de aprendizagem com este livro, leia quais são os objetivos
de cada uma das unidades do volume, assim como suas respectivas justificativas. Conheça
também as competências, as habilidades e os Temas Contemporâneos Transversais que
serão mobilizados ao longo do percurso.
UNIDADE 1
OBJETIVO
O objetivo da unidade é analisar o conceito de liberdade individual em diferentes con-
textos históricos, territoriais, políticos, sociais, econômicos e culturais. Assim, você poderá
entender de que maneira esse conceito foi compreendido por diferentes escolas de pen-
samento, como influenciou a mentalidade ocidental, principalmente durante a Idade
Moderna e na contemporaneidade, e de que modo se manifesta no mundo globalizado,
sobretudo em relação aos migrantes e aos refugiados. Será também discutida a impor-
tância da liberdade de pensamento para o desenvolvimento das ciências.
JUSTIFICATIVAS
A proposta da unidade permite que você identifique, analise e compare diferentes nar-
rativas e fontes, por meio do trabalho com linguagens gráficas e iconográficas (fotografias,
obras de arte etc.), para compreender o desenvolvimento de distintos processos históricos
e geográficos, assim como debater ideias e conceitos filosóficos e sociológicos. Também
amplia sua capacidade de sistematização de informações de diversos tipos para a com-
preensão dos processos sociais, econômicos, políticos, culturais e epistemológicos que
influenciaram as múltiplas construções da concepção de liberdade individual.
UNIDADE 2
OBJETIVO
O objetivo da unidade é refletir sobre a noção do “outro” de acordo com diferentes matrizes conceituais
do pensamento ocidental e discutir quais foram os cerceamentos de liberdade impostos a distintos grupos
sociais em razão de concepções etnocêntricas, evolucionistas e racistas. Com isso, alinhado à BNCC, preten-
de-se identificar, analisar, contextualizar e criticar essas matrizes conceituais, assim como avaliar as conse-
quências da propagação de pensamentos dicotômicos. Os conceitos de cultura e de patrimônio cultural
também são abordados, com o objetivo de promover a discussão sobre a análise dos vestígios (materiais ou
imateriais) de diferentes sociedades.
JUSTIFICATIVAS
De acordo com a BNCC, a discussão dos contextos e das ideias que foram favoráveis ao desenvolvimento
de matrizes conceituais dicotômicas, como civilização/barbárie e nomadismo/sedentarismo, são fundamen-
tais para identificar o seu caráter redutor da realidade. Com base nessa discussão, você vai entender como o
etnocentrismo, o evolucionismo e o racismo foram construídos e de que maneira afetam a realidade; construir
argumentações que promovam os direitos humanos e o respeito ao outro; valorizar distintos saberes e vivên-
cias culturais por meio do trabalho com o conceito de patrimônio cultural, compreendendo-se como parte
dessa diversidade humana.
JUSTIFICATIVAS
A compreensão de concepções e eventos que transformaram e constituíram práticas
políticas é fundamental para embasar ações na sociedade que visam ao bem-estar cole-
tivo e individual, favorecendo o pleno exercício da cidadania. Nesse processo, você vai
exercitar sua curiosidade intelectual, valorizar diferentes saberes, utilizar os conhecimen-
tos desenvolvidos para agir na realidade e argumentar na defesa de posicionamentos
éticos.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e
criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes
áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais,
e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conheci-
mentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e cole-
tiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos
e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, nego-
ciar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam
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os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento
e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identi-
dades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resi-
liência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democrá-
ticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
JUSTICATIVAS
Identificar relações de desigualdade econômica e social, com base em uma investigação científica que
utiliza diferentes linguagens na análise crítica da realidade, e amplia sua capacidade de buscar soluções,
embasadas em princípios inclusivos, solidários, éticos e democráticos, para problemas da sociedade ao seu
redor, propiciando o exercício do protagonismo na vida coletiva. Essa abordagem também vai auxiliá-lo a
argumentar, com base em informações confiáveis, em favor de práticas que respeitem os direitos humanos.
Nessa análise, você também vai entender como tecnologias digitais da informação e comunicação podem
ser utilizadas de forma crítica na prática social, como forma de grupos sociais reivindicarem seus direitos
diante de situações de desigualdade.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e
digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação,
a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipó-
teses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
das diferentes áreas.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual,
sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se
expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir
sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, signifi-
cativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar
e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria
na vida pessoal e coletiva.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético
em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos
e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.
DA EDITORA DO BRASIL
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Mais informações sobre as competências específicas e habilidades de cada área podem ser encontradas
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 10 ago. 2020.
Começo de conversa
1. Para você, o que é ser livre? Você conside- 3. Você acredita que todas as pessoas pos-
ra a si mesmo e seus colegas livres? Por suem oportunidades iguais para desfrutar
quê? da liberdade? Explique.
2. A liberdade que você exerce individual- 4. A imagem da intervenção do grupo Poro re-
mente é a mesma de quando está em gru- mete você à noção de liberdade? Quais ima-
po? Justifique sua resposta. gens e/ou ideias podem ser relacionadas com
a concepção de ser livre? Comente.
Liberdade individual
CONCEITO DE INDIVÍDUO
Olhando ao redor, para seus colegas de turma, será possível identificar
características que são compartilhadas por todos, mas também traços de
personalidade e comportamentos únicos de cada um. Isso ocorre porque os
seres humanos apresentam características biológicas comuns que permi-
tem classificá-los como pertencentes à mesma espécie. Alguns desses
aspectos naturais, que são herdados biologicamente, vão se singularizando
e se diferenciando ao longo da vida de cada um.
Nesse processo, há a constituição da subjetividade e das personalidades
individuais, ou seja, das maneiras de ser, viver, sentir, pensar e fazer de cada
ser humano. A unicidade do indivíduo está no caráter singular do seu modo
de ser em relação ao mundo e aos demais. Por isso, por exemplo, é possível
dizer que existem diferentes juventudes, ou seja, a experiência de ser jovem
não é única para todos. Na realidade, a juventude é moldada por diferentes
vivências e personalidades. Dessa maneira, cada jovem pode se expressar,
se vestir, pensar e se divertir de maneira singular.
Essa singularidade é construída culturalmente. A subjetividade dos indi-
víduos é constituída pela interiorização de processos materiais e simbólicos
Interiorização: adoção de
práticas, valores ou ideias da que compõem o mundo humano. Isso quer dizer que os seres humanos se
sociedade como partes apropriam de elementos, hábitos, costumes e valores – enfim, daquilo que
integrantes de um indivíduo.
existe em seu ambiente cultural. Assim, os indivíduos se formam por meio
dos vínculos estabelecidos pelas suas variadas ligações, seja com a família,
seja com um grupo social, em lugar e tempo determinados. Desenvolvem-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
-se, portanto, com base nas condições oferecidas pela sociedade.
DA EDITORA DO BRASIL A personalidade de cada indivíduo é composta das
Pollyana Ventura/iStockphoto.com
Ruínas da Acrópole da pólis de Atenas, construída no século V a.C. Atenas, Grécia, 2018.
No caso da Grécia Antiga, estar inserido em uma comunidade, como a pólis, era central,
de maneira que alguém nascido em Atenas, por exemplo, era considerado sociopoliticamente
um estrangeiro em Esparta, outra cidade-Estado, e vice-versa. Desse modo, mesmo com-
partilhando diversos aspectos culturais, como a língua, os indivíduos eram determinados por
seu local de nascimento e lugar social.
Filosofia medieval
A filosofia medieval europeia herdou o modo grego antigo de enunciar o
problema da individuação, mantendo a prioridade do todo em relação às
partes e do geral em relação ao individual. Entretanto, o princípio de indivi-
duação não era mais dado pela natureza, mas sim por Deus.
Ainda na Antiguidade, durante o Império Romano
Filosofia moderna
A partir do século XV, na passagem da Idade Média
para a Idade Moderna, a individualidade começa a
aparecer na reflexão filosófica de modo diverso – e
até mesmo oposto – ao da Antiguidade e do período
Manuscrito, publicado no século medieval. O indivíduo se transforma em um elemento primário em relação
XV, do primeiro volume da Cidade
de Deus, obra de Agostinho de à comunidade.
Hipona. De acordo com esse pensamento, a natureza ainda desempenha um papel
central na configuração da individualidade humana, porém não mais esta-
belecendo a forma de ser do indivíduo com base em conjuntos comunitários
e sociais. Ao contrário, o que une os seres humanos e sua comunidade é a
natureza humana existente em cada indivíduo. Essa essência humana exis-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tiria, de acordo com o pensamento moderno, como algo dado pela natureza
DA EDITORA DO eBRASIL
imutável. As organizações sociais, de certo modo, decorreriam dessa natu-
reza humana, seja positiva, seja negativamente. Por exemplo, no contratua-
lismo, o estado natural do ser humano, em geral conflituoso, teria de ser
superado pela vida política, no sentido de que as leis serviriam para alterar
Quais eram as ou, ao menos, “domar” os impulsos naturais.
características do
pensamento contratualista? Assim, o indivíduo, no pensamento moderno, não é mais definido pelo
O contratualismo era formado pertencimento natural a um grupo que fornece sua identidade; pelo contrá-
por um conjunto de doutrinas rio, a individualidade se transforma no princípio a partir do qual se pensam
que explicam a necessidade o mundo, a sociedade e os objetos.
da existência do Estado por
meio de teorias que envolvem Portanto, a pergunta filosófica principal, nesse período, não envolve mais
a criação de um contrato a forma de comunidade ideal para que seus integrantes possam viver bem
social simbólico, em que a
dentro dela. Agora, o foco está na busca por uma sociedade que esteja em
sociedade abre mão de certos
direitos para ter a proteção conformidade com a natureza individual do ser humano.
de um governo. Os laços comunitários, na reflexão antiga e medieval, eram considerados
Alguns pensadores dessa a realidade primária e natural. Na Idade Moderna, a liberdade e a autode-
corrente foram Thomas Hobbes
(1588-1679) e Jean-Jacques
terminação dos indivíduos eram fatos naturais, ou seja, direitos essenciais
Rousseau (1712-1778). da humanidade. Portanto, as relações em sociedade deviam oferecer con-
dições para que esses direitos fossem exercidos.
Library/Album/Fotoarena
A concepção filosófica de natureza humana também afetou as manifestações
artísticas do período. Um exemplo é a obra David, do artista italiano Michelangelo di
Lodovico Buonarroti Simoni (1475-1564).
Algumas interpretações de estudiosos dessa escultura mencionam que o artista retra-
tou David, herói bíblico, momentos antes de seu confronto com o gigante Golias. Por isso,
o personagem exibe uma expressão de apreensão e concentração, demonstrando as
nuances da natureza humana.
Filosofia contemporânea
No pensamento filosófico contemporâneo, desenvolvido a partir do
século XIX, vigoram, majoritariamente, quatro tendências em relação à Michelangelo. David, 1501-1504.
questão do indivíduo. A primeira tendência considera os indivíduos a ins- Escultura em mármore,
517 cm × 199 cm (detalhe).
tância que delimita a própria realidade, relacionando a individualidade à
subjetividade e definindo a individuação humana principalmente pela inte-
rioridade. Desse modo, tanto os conteúdos quanto as formas das experiências humanas e
suas relações são compreendidos como dependentes dos sentidos que os indivíduos, com
base em suas interioridades, atribuem ao mundo. Nessa tendência, situam-se autores que
delineiam uma tradição de pensamento centrada na noção de existência ou de interpreta-
ção individual, como Soren Kierkegaard (1813-1855), Friedrich Nietzsche (1844-1900),
Jean-Paul Sartre (1905-1980) e Simone de Beauvoir (1908-1986).
Kaliam/Shutterstock.com
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Em alguns casos, a atividade humana de conferir sentido às coisas está delimitada por
redes de poder que o sujeito precisa ser capaz de interpretar, desconstruir e se reposicionar
diante delas. Esses posicionamentos são característicos das tendências filosóficas pós-
-modernas. Exemplos de autores cuja escrita se baseia nessas tendências são: Jean-
-François Lyotard (1924-1998), Gilles Deleuze (1925-1995), Michel Foucault (1926-1984)
e Agnes Heller (1929-2019).
O indivíduo e a liberdade
Como foi visto, os indivíduos estão sempre contextualizados em suas relações com o mundo
e com seus semelhantes. Assim, o espaço da liberdade dos indivíduos é determinado, em
diferentes tempos, pelas condições dadas pela realidade.
Segundo Aristóteles, as ações humanas são frutos de uma decisão: agir ou não agir. São,
portanto, resultado de uma escolha entre as alternativas que se apresentam ao indivíduo.
Para o filósofo, desde que o indivíduo escolha e aja de modo voluntário, age livremente. A
ação livre pode ter resultado positivo ou negativo. O que determina esse resultado é a capa-
cidade do indivíduo de escolher os meios adequados de agir em cada momento e de acordo
com as circunstâncias. Portanto, a liberdade dos indivíduos se manifesta nas suas escolhas
e ações voluntárias.
Na concepção
MATERIAL cristã dominante no período medieval, a liberdade se manifesta por meio
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do livre-arbítrio que os indivíduos têm para optar por fazer o bem, seguindo as leis de Deus,
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ou escolher o caminho do mal, negando a graça divina.
Porém, é na Idade Moderna e na
Museu Carnavalet, Paris. Fotografia: Bridgeman images/Easypix Brasil
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO será apenas o que ele projetou ser. [...] Desse modo, o pri-
Brasil © Alberto Giacometti Estate/ADAGP, Paris/AUTVIS, Brasil, 2020.
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Michelangelo. A criação de Adão, 1511. Afresco, 280 cm × 570 cm. Na obra, Adão (à esquerda) está na Terra, ainda
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vazia, e Deus (à direita) está envolto em um manto.
•• Com base na leitura da pintura, responda às questões no caderno.
a) Observe o gesto de Deus e Adão e a anatomia de seus corpos: quais são as semelhanças e diferenças existentes entre
eles? Indique elementos da composição da imagem que revelem essas características.
b) Essa composição indica fragilidade e submissão ou força e igualdade do ser humano em relação a Deus?
c) Em sua opinião, essa pintura representa uma visão teocêntrica ou antropocêntrica? Apresente argumentos para justi-
ficar sua resposta.
Pietro Perugino. Entrega das chaves a São Pedro, 1481. Afresco, 330 cm × 550 cm. As linhas sobrepostas à imagem
foram inseridas para fins didáticos.
O empirismo e o cartesianismo
Ainda no período moderno, o inglês Francis Bacon (1561-1626) propôs que a ciência
deveria se separar da religião e se libertar dos preconceitos e das superstições. Só assim
seria possível chegar ao conhecimento. Para isso, ele definiu as regras de um método que
consistia em observar, comparar e classificar os acontecimentos da natureza e, a partir daí,
buscar suas leis universais por meio de generalizações sucessivas.
Francis Bacon abriu caminho para que astrônomos, físicos, naturalistas e médicos aplicas-
sem o empirismo (experiência prática) adotando três procedimentos básicos:
•• apoiar o saber na observação minuciosa (e não em ideias preconcebidas);
•• rejeitar questões morais e religiosas;
•• realizar uma exposição lógica e rigorosa das provas (anotar e experimentar quantas
vezes forem necessárias).
O filósofo francês René Descartes foi ainda mais radical. Em sua
MATERIAL DE DIVULGAÇÃOobra Discurso sobre o método, publicada em 1637, ele propôs a dúvida
DA EDITORA DO BRASIL como método de pensamento rigoroso: duvidar de tudo, das afirma-
Museu de Arte Nelson-Atkins, Kansas
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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Lucas Cranach, o Velho. Retábulo da reforma, 1547. Óleo sobre tela, 447 cm × 562 cm (detalhe).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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Diferentemente da Igreja Católica, para quem uma única interpretação é fundamental, para o
Cristianismo protestante a livre interpretação sempre foi uma das premissas básicas. Dessa ma-
neira, com as igrejas ou denominações mais tradicionais, outras tantas surgiram, com sutis varia-
ções teológicas. A partir da vertente Luterana, por exemplo, fortemente ligada ao Estado, surgiram
igrejas nacionais, como a sueca, a alemã, a norte-americana, entre outras, todas guardando entre
si certa independência. Do Calvinismo, a mais relevante
igreja a surgir foi a Presbiteriana. A partir da matriz
Anglicana, evoluiu o maior número de novas denomi-
nações: a Episcopal (surgida após a independência
Ark Neyman/Shutterstock.com
Crítica ao Iluminismo
O Iluminismo, com seus ideais de igualdade e liberdade individual, foi um fator de mudanças profundas nas estru-
turas políticas no século XVIII, tanto na Europa quanto na América. Contudo, é também preciso reconhecer os limites
e contradições da perspectiva iluminista, um movimento de origem europeia, principalmente francesa. Ao proclama-
rem a existência de direitos universais da humanidade, os seguidores do Iluminismo, muitas vezes, impunham a outros
povos valores que eram próprios da cultura francesa à epoca.
O texto a seguir destaca duas correntes que criticam o legado do Iluminismo: a Escola de Frankfurt, representada
pelos filósofos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), e o Pós-Modernismo.
O Iluminismo [...] é entendido como um momento fundador [...] e do mundo contemporâneo, em que predominam
os valores burgueses. E, como tal, passou, desde meados do século XX, a sofrer diversas críticas dos opositores da
modernidade e do imperialismo.
[...] O filósofo alemão Theodor Adorno, com sua geração de exilados pela Segunda Guerra Mundial, começou a
indagar, em meados do século XX, sobre a validade do progresso e da técnica para a história da humanidade. Ao
lado de Horkheimer, Adorno afirmou o fracasso do Iluminismo, pois [este] não libertou o homem do medo e do
mito, nem o tornou autônomo, por meio do domínio da ciência e da técnica. Em vez disso, uma vez derrotado o
fanatismo religioso, o homem passou a ser vítima de um novo fanatismo, criando outro dogma, o da ciência e da
tecnologia, para a sociedade contemporânea.
Nas últimas décadas do século XX surgiu outra corrente filosófica contrária ao Iluminismo, a pós-modernidade. Cri-
ticando os predomínios das sociedades ocidentais sobre o mundo e a imposição de seus valores a todas as culturas em
contato com os ocidentais, os pós-modernos passaram a criticar a supremacia do cientificismo e do progresso. O culto
ao progresso entrou em decadência nos meios intelectuais e os limites entre razão, senso comum e religiosidade come-
çaram a ser repensados. Apesar disso, a estrutura de pensamento predominante no Ocidente continua a ser a derivada
do Iluminismo, e alguns autores atuais, inclusive, pregam a revalorização dos princípios iluministas. Entre eles está o
filósofo brasileiro Sérgio Paulo Rouanet, que critica o excessivo relativismo* de algumas visões pós-modernas e defende
a volta da razão como parâmetro para o pensamento científico.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2009. p. 212.
* Relativismo: posicionamento que afirma que é impossível haver certezas absolutas e que tudo é relativo.
Damien Hirst.
A impossibilidade física
da morte na mente de
alguém vivo, 1991.
Escultura, 213 cm ×
518 cm × 213 cm.
POSTO EM UMA
PENSO FAÇO UMA SELFIE LOGO EXISTO
REDE SOCIAL
Meme inspirado pela frase “Penso, logo existo”, que circulou nas redes sociais na década de 2010.
BINGO
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BINGO. Penso, logo (r)existo,
2018. Estêncil em local público
de Mogi Guaçu, SP.
•• Agora responda:
a) Quais são os significados que a frase “Penso, logo existo” adquiriu em cada uma
das imagens? Justifique sua resposta.
b) Você concorda com as observações apresentadas nas imagens? Explique.
3. Reúna-se com os colegas e discuta:
a) Qual é o significado de pensar e existir para você?
b) Como as capacidades de pensar, existir, acreditar e duvidar modelam a percepção
de mundo das pessoas atualmente?
c) Em sua opinião, qual dessas capacidades torna um indivíduo livre, independente e
consciente? Explique.
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Eugène Delacroix.
A liberdade
guiando o povo,
1830. Óleo sobre tela,
260 cm × 325 cm.
A educação é a forma de ensinar os fatos sociais às crianças. Na foto, adolescentes uniformizados em sala de aula.
Salvador, BA, 2017.
Os fatos sociais existem para que a sociedade tenha coesão e consiga funcionar. Para isso,
deve haver elementos que promovam laços entre os indivíduos, que Durkheim chama de soli-
dariedade orgânica, criada com base na divisão social do trabalho. Por exemplo, em algumas
sociedades agrárias antigas e pequenas, as funções sociais das pessoas eram bem delimita-
das. Todos se conheciam, e os valores coletivos eram mais importantes que os desejos indivi-
duais; assim, a sociedade se organizava por meio de uma solidariedade mecânica, ou seja, pela
pressão do grupo sobre cada um. Na sociedade burguesa, há diferentes individualidades, além
de uma diversificação maior de profissões e de funções sociais; dessa forma, os vínculos sociais
se dão pelas regras, pelas leis e pela necessidade de colaboração entre todos.
1. Com suas palavras, explique o trecho do texto: “[...] a nudez abstrata de serem unicamente humanos era
o maior risco que corriam”. O que a autora quis dizer ao usar os termos nudez e unicamente humanos?
Justifique sua resposta.
2. A autora citou o nazismo como exemplo de um momento histórico em que o indivíduo se mostrou frágil dian-
te da negação de direitos básicos pelo Estado. Pesquise outros exemplos de momentos como esse, descre-
vendo e contextualizando os fatores que colocaram as liberdades individuais em risco.
1. O fato social descrito por Émile Durkheim é coercitivo e imperativo, ou seja, se impõe ao
indivíduo. Sobre esse conceito, responda aos itens.
a) Cite um fenômeno do seu cotidiano que possa ser caracterizado como fato social.
b) Descreva o fenômeno e explique por que é um fato social.
2. A privação da liberdade é um aparato estatal utilizado para afastar infratores de leis do
restante da sociedade. Com a ajuda da internet, pesquise o sistema prisional brasileiro.
Para isso, utilize os dados oficiais do site do Departamento Penitenciário Nacional, dispo-
nível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen (acesso em: 15 maio 2020).
Faça os seguintes levantamentos e, depois, responda às questões.
• número total de presos no Brasil atualmente;
• número de presos provisórios atualmente, ou seja, aqueles que estão encarcerados
sem ter passado por um julgamento judicial;
• número da população prisional nos últimos cinco anos;
• porcentagem de presos provisórios nos últimos cinco anos;
• média da população prisional por cela/complexo penitenciário;
• população prisional em atividade educacional (alfabetização, Ensino Fundamental,
Ensino Médio, Ensino Superior etc.).
a) Qual é o percentual dos presos provisórios em relação à população carcerária total?
b) Observe a imagem abaixo. Tendo em vista as informações sobre a média da popula-
ção prisional por cela, você acredita que o complexo prisional retratado será capaz
de comportar esse número de presos? Explique sua resposta.
c) Em sua opinião, o que esses números indicam? Eles demonstram o sistema prisional
que garante os direitos individuais? Elabore um pequeno texto justificando sua opinião
sobre o assunto.
Danilo Verpa/Folhapress
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3. Escreva um texto dissertativo sobre a seguinte pergunta: Existem pessoas mais livres
do que outras? Utilize os conceitos de Karl Marx ou de Max Weber para fundamentar
seus argumentos.
1500-1840
Velocidade dos barcos a vela e das carruagens:
16 quilômetros por hora
1850-1930
Velocidade do barcos a vapor: 57 quilômetros por hora
Velocidade das locomotivas a vapor: 100 quilômetros por hora
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1950-1959
Velocidade dos aviões a propulsão:
480-640 quilômetros por hora
1960-1969
Velocidade de jatos de passageiros:
800-1100 quilômetros por hora
Fonte: HARVEY, David. Condição
pós-moderna. São Paulo: Edições
DAE
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Muitas vezes, as pessoas imigram em condições irregulares para países desenvolvidos. Na foto,
manifestação em favor da regularização da documentação de imigrantes na Itália. No cartaz, lê-se o
texto: “Documentos para todos e todas!”. Roma, Itália, 2020.
Chad Zuber/Shutterstock.com
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Richard Newsome/Shutterstock.com
Mikeledray/Shutterstock.com
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[1] Cartaz que diz: “Deporte e construa o muro”, em comício eleitoral de Donald Trump em Anaheim, Estados Unidos, 2016. [2] Protesto
contra o candidato no mesmo local em que o comício em Anaheim ocorria. No cartaz, lê-se o texto: “Nenhum ser humano é ilegal”.
Após sua eleição, um dos episódios mais polêmicos do governo de Trump foi a privação
da liberdade de imigrantes sem documentação, que ficaram presos em áreas de triagem do
Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras, no estado do Texas, em 2018. Todos os imi-
grantes foram mantidos em gaiolas até a deportação. O local foi batizado de La Perrera, termo
em espanhol que significa “o canil”.
O ano de 2018 foi marcado por ser o primeiro, após mais de uma década, em que crianças
imigrantes morreram quando estavam sob a custódia do serviço de imigração nos Estados Uni-
dos. Desde então, ocorreram diversos protestos de civis contra a política de “tolerância zero”,
de Donald Trump, e a ONU se posicionou questionando as atitudes do governo estadunidense.
Outro exemplo é a Austrália, na Oceania, que adotou uma política de tolerância zero com
imigrações irregulares, chegando a conter pessoas em situação irregular em centros de reten-
ção. Assim como os Estados Unidos, em 2018, a Austrália não assinou o Pacto Global para
Migração Segura, Ordenada e Regular, proposta da ONU para tentar incentivar a cooperação
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
entre países, mitigar os riscos e otimizar os benefícios do processo migratório:
DA EDITORA DO BRASIL
O Pacto Global [...] é um documento abrangente para melhor gerenciar a migração interna-
cional, enfrentar seus desafios e fortalecer os direitos dos migrantes, contribuindo para o desen-
volvimento sustentável.
[...]
Observando que “a migração faz parte da experiência humana ao longo da história” e reco-
nhecendo que é uma fonte de prosperidade, inovação e desenvolvimento sustentável em um
mundo moderno e globalizado, o Pacto expressa o compromisso coletivo dos Estados-membros
de melhorar a cooperação na migração internacional.
O Pacto “reconhece que nenhum Estado pode abordar a migração sozinho e defende sua so-
berania e suas obrigações sob a lei internacional”. [...]
ONU News. Saiba tudo sobre o Pacto Global para Migração. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2018/12/1650601.
Acesso em: 10 jul. 2020.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Honduras 84 países 43 países 71 países
DA EDITORA
Uganda
DO BRASIL
36 países 36 países 126 países
• Explique, em seu caderno, de que forma a restrição à livre circulação de pessoas se apresenta como uma contra-
dição à Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Cidadania global
A aparente integração mundial na globalização, permitida pela facilidade de deslocamento
territorial por diferentes meios de transporte e pela maior conexão entre indivíduos de diver-
sas partes do planeta por meio da internet, criou a concepção da existência de uma cidada-
nia global. Em razão dessa integração mundial, todas as pessoas seriam “cidadãos do mundo”,
ou seja, teriam direitos e deveres iguais, independentemente de sua nacionalidade.
O processo de globalização, de fato, tem a força de mobilizar e uniformizar hábitos e costu-
mes, impondo certos padrões àqueles com capital disponível ao consumo. O mesmo processo,
no entanto, geralmente não iguala os indivíduos. É na emergência de situações complexas como
a dos imigrantes e dos refugiados que a globalização expressa seu caráter de exclusão.
MATERIAL
Ser um “cidadão DE DIVULGAÇÃO
do mundo” está baseado na
Navesh Chitrakar/Reuters/Fotoarena
privilegiada condição de ter poder
DA EDITORA DO BRASIL de consumo
e liberdade para se movimentar pelas fronteiras.
Ao fugir das crises que assolam suas vidas coti-
dianas, os refugiados se deslocam pelo mundo,
mas, apesar da fluidez pelos territórios, não pos-
suem as mesmas liberdades nem são conside-
rados “cidadãos globais”, tampouco cidadãos dos
países que deixaram ou pretendem alcançar.
Geralmente, os refugiados são pessoas vul-
neráveis, que tiveram seus direitos violados e
necessitam de amparo legal que, nem sempre,
outros países têm condições ou estão dispos- Refugiados do povo rohingya aguardam, em praia, a autorização da
tos a cumprir. Por isso, estudiosos indicam que Guarda de Bangladesh para continuar travessia na fronteira Mianmar-
-Bangladesh, em 2017.
os intensos fluxos migratórios reforçam a neces-
sidade da emergência de novas formas de cooperação entre os países, posto que os deslo-
camentos em massa mobilizam diferentes territórios e exigem estrutura para o recebimento
desses contingentes. Ou seja, revelam a necessidade da instauração de uma globalização
solidária que valorize a cooperação entre nações, as relações humanas e a diversidade.
REFUGIADOS AMBIENTAIS
Muitas pessoas, por vezes, perdem sua liberdade individual ao se verem forçadas a se
deslocar, sendo obrigadas a deixar seu local de origem, suas raízes ou suas bases culturais,
que são responsáveis pela formação de sua subjetividade. Além de conflitos políticos e
desigualdades sociais, mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global e do efeito
estufa levam milhões de pessoas a abandonar suas terras natais. Em 2018, segundo o
Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos da Organização das Nações Unidas
(ONU), 17,2 milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas em razão de desastres
ambientais relacionados a fenômenos climáticos, entre os quais podemos citar a intensi-
ficação de secas, furacões, desertificações, inundações, tempestades etc.
De acordo com relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais
pessoas se deslocaram internamente até 2018, mais por causa de desastres ambientais
do que por conflitos e violência, como é apresentado no gráfico a seguir.
Gráfico: DAE
45
40
Deslocamentos em milhões
35
30
25
20
15
10
MATERIAL DE5 DIVULGAÇÃO
DA EDITORA0 DO BRASIL
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: ORGANIZAÇÃO Internacional para as Migrações (OIM). Relatório mundial sobre imigração (2020).
Disponível em: https://publications.iom.int/system/files/pdf/wmr_2020.pdf. Acesso em: 13 jun. 2020.
ATIVIDADES
Gráfico: DAE
1. Com base no caso de Ioane Teitiota, PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO POPULACIONAL EM RELAÇÃO
explique de que forma uma crise À VULNERABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
ambiental pode ferir a liberdade in-
dividual das pessoas afetadas por ela. África Ásia América Europa Oceania
6%
2. De acordo com o Painel Intergover-
Porcentagem de crescimento populacional (projeção)
Kinshasa (República
namental sobre Mudanças Climáti- Democrática do Congo)
DA EDITORA DO BRASIL
Com base nessa informação e na Lagos
(Nigéria)
análise do gráfico, responda: Por
que as cidades destacadas no grá-
fico são as mais ameaçadas pelo 2%
aquecimento global?
3. Pesquise na internet o que preco-
nizam as diretrizes dos protocolos
crescimento
internacionais pela redução de emis- 0%
são de gases (Protocolo de Kyoto menos vulnerável mais vulnerável
e Acordo de Paris) e liste algumas Fonte: AQUECIMENTO global: 7 gráficos que mostram em que ponto estamos. BBC, 17
das medidas que devem ser provi- jan. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46424720.
Acesso em: 13 jun. 2020.
denciadas pelo Brasil e pelos países
signatários de cada acordo.
4. Produza um texto acerca de algumas medidas que estão ao alcance da população para
contribuir com a diminuição da emissão de gases poluentes.
5. Com base na pesquisa e nas respostas dadas aos itens anteriores, reúnam-se em grupos
e produzam panfletos de conscientização sobre a emissão de gases poluentes.
1. A liberdade de deslocamento pode ser exerci- a) Qual foi o número de migrantes internacionais
da de forma plena pela parcela majoritária da em 2019, de acordo com o gráfico 1? Qual
população mundial? Comente sua resposta, foi a porcentagem de aumento dessa popu-
elencando exemplos que a justifique. lação em relação ao ano de 1995? Indique
quais foram as causas para esse aumento.
2. A situação dos refugiados explicita a neces-
sidade de uma cooperação entre os países? b) De acordo com o gráfico 2, quais continen-
Justifique sua resposta. tes poderiam ser definidos como polos de
atração? Relacione sua resposta às desi-
3. Observe os dois gráficos a seguir, que apresen- gualdades presentes no mundo globalizado.
tam dados e informações da OIM. Em seguida,
responda às questões. 4. Em grupos, façam uma pesquisa sobre a mi-
gração interna no Brasil. Levantem as seguintes
Gráfico 1 informações:
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
•• número da população total de migrantes internos;
Ilustrações: DAE
DE MIGRANTES INTERNACIONAIS
•• polos de atração e de repulsão (número de
3,4% 3,4% 3,5% migrantes internos por região);
3,2%
2,8% 2,9% •• principais motivos para o deslocamento des-
ses migrantes;
•• índice de qualidade de vida dessa população
249 258 272 nas cidades para que migraram.
221 milhões milhões milhões
174 192 milhões Para encontrar essas informações, acessem si-
milhões milhões
tes de instituições como o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), disponível em
1995 2000 2005 2010 2015 2019 www.ibge.gov.br (acesso em: 20 maio 2020), e
População de migrantes internacionais
o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), disponível em www.ipea.gov.br (acesso
Porcentagem da população mundial
em: 20 maio 2020).
Fonte: ORGANIZAÇÃO Internacional para as Migrações (OIM). Relatório Por fim, elaborem gráficos com as informações
mundial sobre imigração (2020). Disponível em: https://publications.iom.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
int/system/files/pdf/wmr_2020.pdf. Acesso em: 20 maio 2020. pesquisadas.
5. Ainda em grupos, realizem uma entrevista com
DA EDITORA DO BRASIL
Gráfico 2 um migrante interno ou imigrante internacional,
MIGRANTES INTERNACIONAIS POR
com o objetivo de compreender suas razões
REGIÃO DE RESIDÊNCIA (2019) para ter se deslocado. Pode ser alguém da fa-
mília de vocês ou da comunidade.
Oceania Abordem a questão da liberdade com o entre-
América
do Norte
vistado. Ele acredita que exerceu sua liberdade
América Latina ao escolher se deslocar? Quais liberdades pos-
Continente
e Caribe
sui em seu novo lugar que não possuía no anti-
Europa
go, e vice-versa?
Ásia
Com a autorização do entrevistado, gravem o
África áudio da conversa com um telefone celular e/
Migrantes 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 ou anote as respostas dadas. Montem um artigo
em milhões
com base na história do entrevistado, relacio-
Fonte: ORGANIZAÇÃO Internacional para as Migrações (OIM). Relatório nando-a ao contexto social, econômico e histó-
mundial sobre imigração (2020). Disponível em: https://publications.
iom.int/system/files/pdf/wmr_2020.pdf. Acesso em: 20 maio 2020. rico que impulsionou sua migração e incluindo
trechos de falas da entrevista.
Liberdade e o outro
O hip-hop é um exemplo de manifestação cultural que reúne pessoas com base em afinidades e comportamentos específicos. Na foto,
batalha de rap, expressão musical do hip-hop, entre MCs (mestres de cerimônia) em Belo Horizonte, MG, 2017.
Pablo Bernardo
Em 1871, [Edward] Tylor definiu cultura como sendo todo o comportamento aprendido, tudo aquilo que independe
de uma transmissão genética, como diríamos hoje. Em 1917, [Alfred] Kroeber acabou de romper todos os laços entre
o cultural e o biológico, postulando a supremacia do primeiro em detrimento do segundo [...]. Completava-se, então,
um processo iniciado por [Carlos] Lineu [botânico sueco do século XVIII], que consistiu inicialmente em derrubar o
homem de seu pedestal sobrenatural e colocá-lo dentro da ordem da natureza. O segundo passo deste processo, ini-
ciado por Tylor e completado por Kroeber, representou o afastamento crescente desses dois domínios, o cultural e o
natural.
O “anjo caído” [ser humano] foi diferenciado dos demais animais por ter a seu dispor duas notáveis propriedades:
a possibilidade da comunicação oral e a capacidade de fabricação de instrumentos, capazes de tornar mais eficiente
o seu aparato biológico. Mas, estas duas propriedades permitem uma afirmação mais ampla: o homem é o único ser
possuidor de cultura.
[...]
O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumu-
lativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam. A mani-
pulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. Estas não são, pois, o
produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade.
LARAIA, Roque. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008. p. 25 e 42.
Na peça Huis Clos, de Jean-Paul Sartre, duas mulheres e um homem estão no inferno, condenados a ficar
eternamente juntos entre quatro paredes. Na foto, montagem da peça no teatro Epee De Bois, Paris, França, 2020.
O francês Emmanuel Levinas (1906-1995), por sua vez, fez uma consideração diferente.
Segundo ele, o ser humano é um ser para o outro. Assim, é sempre no contexto de uma rela-
ção com o que não somos que se instaura, ao mesmo tempo, a percepção do outro e a per-
cepção de si mesmo. Antes de estar em relação com o eu, o outro é um completo estranho.
Contudo, o outro não é alguém no qual o eu se vê, mas sim um indivíduo próprio – uma alte-
ridade – que exige ser reconhecido como tal.
Segundo Levinas, considerar a alteridade significa incluir a ética como a primeira dimen-
são da existência dos indivíduos. A relação com o outro se realiza na forma de uma bondade
específica e ao mesmo tempo universal: tomar o outro sempre no contexto de lhe fazer jus-
tiça. Isso não porque ele favoreça, importe ou satisfaça as demandas do eu, mas porque sua
existência como humano implica responsabilidade para com ele. Essa responsabilidade se
manifesta como solidariedade, justiça e direito.
O reflexo na vitrine mostra o homem em um momento que faz compras, exibindo a relação desse indivíduo com o
consumo. De acordo com Lucien Sève, nós somos os espelhos uns dos outros, de modo que conseguimos ver
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
quem somos e como estamos no reflexo de outra pessoa.
DA EDITORA DO BRASIL
Focus and Blur/Shutterstock.com
3. Crie, junto aos colegas, uma obra de arte inspirada por uma das reflexões sobre o outro de
Sartre, Levinas e Sève. Para isso, reúnam-se em grupos e sigam as etapas.
•• Cada grupo deve escolher um dos pensadores estudados (Sartre, Levinas e Sève) e suas
ideias como fonte de inspiração para a obra de arte.
•• Determinem o formato da expressão artística que vão produzir, que pode ser uma pin-
tura, uma escultura, uma colagem, uma fotografia, uma canção, uma intervenção, uma
dança etc.
•• Reflitam sobre como vão interpretar as ideias do pensador na obra.
•• Reúnam os materiais necessários para composição da obra e planejem como ela será
montada.
•• Façam a composição da obra.
•• Apresentem a obra para o restante da turma explicando como foi o processo de criação.
Além disso, prestem atenção à produção dos demais colegas.
Théodore de Bry (a partir de obra de Jan van der Straet). Américo Vespúcio desperta a América, séc. XVI. Gravura em metal,
20 cm × 26,5 cm.
Indígena waurá
constrói uma oca
na Aldeia Piyulaga,
Gaúcha do Norte,
MG, 2019.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Luciola Zvarick/Pulsar Imagens
DA EDITORA DO BRASIL
Todas estas nações de gentes [...] são feras, selvagens, montanhesas e desumanas: vivem ao som da natureza,
nem seguem fé, nem lei, nem rei (freio comum de todo homem racional). E em sinal dessa singularidade lhes negou
também o Autor da natureza as letras F, L, R. [...] Nem têm arte, nem polícia alguma, nem sabem contar mais que até
quatro: os demais números notam pelos dedos das mãos e pés [...]. Andam esburacados, muitos deles, pelas orelhas,
faces e beiços; e nestes buracos engastam pedras de várias cores, da grossura de um dedo.
[...] Nos mais costumes são como feras, sem polícia, sem prudência, sem quase rastro de humanidade, preguiço-
sos, mentirosos, comilões [...].
VASCONCELLOS, Simão de. Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil. 1663. v. 1, p. LXXV-LXXVII. Disponível em:
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/242811/000181791_01.pdf. Acesso em: 20 abr. 2020.
Eurocentrismo
Eurocentrismo é a visão etnocêntrica que posiciona a Europa ocidental como centro e refe-
rência mundial. Trata-se de uma forma dicotômica de encarar o mundo. De um lado, está
a identidade europeia branca, cristã, progressista, moderna e civilizada, que se contrapõe
ao “outro”, considerado atrasado, primitivo e selvagem.
Esse conceito influenciou o modo de viver e de pensar de muitas pessoas no mundo, sobre-
tudo as dos países de colonização europeia. Povos de todos os continentes foram forçados a
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO adotar elementos trazidos pelos colo-
nizadores. As formas religiosas, morais
DA EDITORA DO BRASIL e estéticas e os saberes dos nativos
foram rejeitados por ser considerados
primitivos e bárbaros.
Observe a gravura ao lado, que
expressa uma visão eurocêntrica da
chegada de Colombo às ilhas do Caribe,
com indígenas recebendo, calorosa e
Serviço Histórica da Marinha, Vincennes Reprodução/Coleção particular
entusiasmadamente, os conquistado-
res que trazem elementos da própria
cultura. Como seria o olhar dos indíge-
nas sobre o mesmo momento histórico?
A designação “bárbaros” era dada pelos colonizadores e cronistas da época [colonial] aos po-
vos nativos que habitam a região e ofereciam resistência à ocupação do território pelos portu-
gueses. Essa terminologia etnocêntrica convinha ao discurso colonizador que propagava a
catequese e a “civilização” dos povos indígenas nos moldes culturais do europeu ocidental. Eram
descritos como povos selvagens, bestiais, infiéis [...].
Essa imagem reforçou os argumentos do conquistador de impetrar uma “guerra justa” para ex-
tirpar os “maus” costumes nativos, satisfazendo tanto as necessidades de utilização de mão de obra
pelos colonos quanto à garantia aos missionários do sucesso na imposição da catequese.
PIRES, Maria Idalina. 4 de agosto de 1699: guerra dos bárbaros. In: BITTENCOURT, Circe (org.). Dicionário de
datas da história do Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2012. E-book.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Os colonizadores utilizaram
Indígenas guaranis fazem protesto contra a anulação de demarcação de Terra Indígena. Aldeia Itakupe, SP, 2019.
Em 1951, a declaração foi revista e esclareceu que o Homo sapiens é uma espécie e que a palavra raça deveria ser
usada sob critérios muito rigorosos, enfatizando que, em se tratando de características sociais, culturais e fenotípicas,
era muito mais adequado e correto utilizar a expressão “grupo étnico”. Outro detalhe que a versão revista reconhecia,
mas não declarava, foram os três principais grupos humanos do planeta: mongoloide, negroide e caucasoide.
Em 1978, a Unesco anunciou a Declaração sobre Raça
Bumble Dee/Shutterstock.com
e Preconceito Racial, segundo a qual “todos os povos do
mundo possuem faculdades iguais para atingir altos níveis
intelectuais, de desenvolvimento técnico, social, econômi-
co, cultural e político” e as diferenças de realizações dos
MATERIAL atribuíveis
povos são “totalmente DE DIVULGAÇÃO
a fatores geográficos,
históricos, políticos, econômicos, sociais e culturais”. A de-
DA EDITORA DO BRASIL
claração também defendeu a implementação de uma série
de políticas com o objetivo de combater o racismo e as
desigualdades sociais.
Em 1995, como desdobramento das políticas de com-
bate ao racismo, a Unesco publicou a Declaração de Prin-
cípios sobre a Tolerância, na qual reforçava a igualdade ra-
cial e recomendava o tratamento tolerante entre as pessoas.
A declaração aconteceu no aniversário de 50 anos da ONU,
quando se lamentavam os conflitos impulsionados pela in- Fachada do prédio sede da Unesco em Paris, França, 2019.
tolerância étnica e religiosa na Bósnia e na África do Sul.
A Unesco destaca também que, para combater a intolerância, há várias ações imprescindíveis: a aplicação das leis
pelos governos, a educação sobre direitos humanos e tolerância, o desenvolvimento de políticas que gerem acesso à in-
formação e à liberdade de imprensa, o incentivo à tomada de consciência dos indivíduos sobre o vínculo entre intolerân-
cia e violência e a promoção de soluções locais para o enfrentamento de problemas relacionados aos diversos tipos de
preconceito e o estabelecimento de redes de apoio a vítimas da intolerância.
•• Com base na leitura do trecho da Primeira Declaração sobre Raças, responda no caderno: Por que o trecho da decla-
ração defende a substituição do termo “raça” pelo termo “grupos étnicos”?
Walmor Carvalho/Fotoarena
leiros e, segundo os próprios [organizadores], “ex-
pande suas origens para o debate racial, com o
intuito de transcender o campo da beleza e eviden-
ciar o cabelo crespo/cacheado como símbolo de re-
sistência aos padrões historicamente difundidos e A rapper e compositora Karol Conka (1987-) na Primeira
de afirmação de identidade e autoestima, especial- Marcha do Orgulho Crespo. São Paulo, SP, 2015.
mente de mulheres negras”. [...]
Sobre o racismo em si, [a influenciadora digital Beatrice Oliveira afirma] “Para nós, como coletivo, temos a visão
do racismo ser educacional. A gente gosta de tratá-lo com educação, sem discurso de ódio. Estamos aqui para ensi-
nar. Se a gente vai com “pé no peito”, não há mudança. Quando você mostra, explica, ensina, pelo menos sob a nos-
sa experiência com nossos vídeos, de fala racista, de comportamento racista, a pessoa reconhece certas atitudes
e se transforma.” [...]
NUNES, Brunella. Quem são e o que pensam as mulheres da 3a Marcha do Orgulho
Crespo de São Paulo. Razões para acreditar, 8 ago. 2017. Disponível em: https://razoesparaacreditar.com/
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO mulheres-marcha-orgulho-crespo. Acesso em: 16 maio 2020.
1. DA EDITORA
A desconstrução DO BRASILsocial exige a investigação do desenvolvimento histórico, filosófico, geo-
de uma concepção
gráfico e sociológico de discursos. Em grupo, busquem desconstruir uma concepção social por meio de um
podcast. Para isso, sigam o procedimento.
• Escolham uma concepção social que desejam desconstruir, podendo ser relativa a expressões cultu-
rais, padrões de beleza, organizações sociais, expectativas de gênero etc. Após fazer a escolha, pes-
quisem e reflitam sobre estes itens:
– contexto histórico da criação da concepção, com a discussão sobre as teorias que a embasaram;
– grupos e movimentos sociais que se opuseram e resistiram a essa concepção;
– teóricos e teorias que desconstroem essa concepção;
– depoimentos de pessoas que tiveram a vida afetadas por essa concepção e como conseguiram lidar com ela.
• Com base na pesquisa, cada grupo deve roteirizar um episódio de podcast de dez minutos. Decidam qual será
o título, de que maneira vão introduzir o tema e como as informações serão comunicadas.
• Chegou o momento da gravação. O áudio pode ser gravado com aplicativos de telefones celulares.
• Editem o arquivo de áudio gravado, cortando falas repetidas, momentos de longos silêncios e sons não com-
preensíveis. Se quiserem, insiram uma música de fundo e façam uma vinheta de abertura do podcast. Existem
programas gratuitos de edição de som disponíveis para uso.
• Apresentem o podcast à turma e contem como foi todo o processo de sua produção.
1. Leia o texto a seguir, que foi extraído de um livro •• Façam uma pesquisa na internet para aju-
didático de História para crianças, publicado em dá-los a complementar e estender o texto,
1924. A grafia original do texto foi mantida. procurando por artigos e sites que debatam
e informem sobre a diversidade de organi-
Os índios selvagens zações, crenças, costumes e modos de ver
[...] Entregues à natureza não conheciam Deus o mundo dos povos indígenas brasileiros.
nem lei, pois era conhecel-os possuir o terror da •• Incluam uma discussão, com base nos te-
superstição e o dos mais fortes. mas debatidos até agora, sobre a questão
[...] são muito conhecidos os tupis e foram quasi do etnocentrismo e da representação dos
os unicos que mais ou menos se approximaram das povos indígenas.
povoações civilizadas, que outros mais bugres*, os e) Apresentem o texto editado ao restante da
tapuiasgês, por exemplo, nunca puderam suppor- turma, comparando-o com sua escrita ori-
tar sem rancor. ginal e justificando as principais mudanças
[...] A escravidão era tambem o trabalho forçado que vocês realizaram.
e o castigo corporal; e o indio, de natureza indolen-
2. Com base na leitura do trecho do texto da
te, não podia e não gostava de trabalhar segundo
historiadora brasileira Lilia Schwarcz (1957-)
os hábitos dos europeus. D’ahi nasceram muitos
e no que você estudou, responda às perguntas
tumultos e vinganças atrozes.
a seguir.
Apesar de naturalmente supersticiosos e atra-
zados, os índios eram gentes de grande orgulho e Assim, se à primeira vista a noção de evolução
independencia, e na sua maioria doceis e pacificos. surgia como um conceito capaz de apagar oposi-
RIBEIRO, João. Rudimentos de História do Brasil. ções essenciais entre os homens, na prática ela aca-
Curso Primário. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, bou por reforçar perspectivas opostas. De um lado
1924. p. 15-19.
ficavam os evolucionistas sociais, que reafirmavam
* Bugre: termo pejorativo usado para identificar o indígena a existência de hierarquias na humanidade, mas
como violento e rude.
dentro de uma mesma estrutura fundamental. De
a) Que ideia o título do capítulo comunica aos outro, os darwinistas sociais, que entendiam as di-
estudantes? ferenças entre as raças como elementos essenciais.
b) ComoMATERIAL DE DIVULGAÇÃO
o autor chama as povoações dos colo- Em comum reinava a certeza de que raça era con-
ceito crucial a distinguir hierarquia entre povos e
DA EDITORA
nizadores? O que issoDO BRASIL
induz o leitor a pensar?
cindir a própria humanidade. [...] o conceito “natu-
c) Que semelhança há entre esse texto e o
ralizou diferenças”; tirando-as do âmbito da cultu-
do jesuíta Simão de Vasconcellos, apre-
ra e da história para lhe dar o chão duro da ciência,
sentado no boxe “Visão de um padre je-
da biologia e da natureza.
suíta”, na página 58?
SCHWARCZ, Lilia Mortiz. Teorias raciais.
d) Agora, você e os colegas vão editar o texto In: SCHWARCZ, Lilia Mortiz; GOMES, Flávio dos Santos (org.).
do livro didático para adequar sua linguagem Dicionário da escravidão e da liberdade.
São Paulo: Companhia das Letras, 2018. E-book.
à contemporaneidade e elaborar um ponto
de vista mais respeitoso em relação à diver-
sidade cultural dos povos indígenas. Para a) De que maneira a teoria da evolução de
Charles Darwin foi apropriada pelas concep-
isso, reúnam-se em grupos e sigam o roteiro.
ções do darwinismo social e do racismo
•• Leiam o texto novamente e façam uma lista
científico?
dos termos que precisam ser modificados
b) Faça uma pesquisa sobre os principais
e/ou atualizados.
teóricos e movimentos sociais que com-
•• Considerem a atualização de grafia e a im- bateram essas teorias etnocêntricas e
propriedade das ideias que precisam ser detalhe os seus principais pontos de argu-
revistas. mentação.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA NaEDITORA
cultura dosDO
nuer,BRASIL
grupo étnico do Sudão do Sul, as pessoas fazem escarificações no rosto para obter efeito
estético. Na foto, mulher nuer, no Bentiu, Sudão do Sul, 2018.
Por um lado, todas as pessoas têm necessidades biológicas. Comer e dormir são exem-
plos delas. Mas como essas necessidades são realizadas é uma determinação cultural. Há
muitas formas de realizar essas ações, e essa variedade é chamada de diversidade cultural.
O ser humano é moldado pela cultura. Por isso, como já foi visto, estratégias de domina-
ção e exploração de um grupo por outro se relacionam, muitas vezes, à hierarquização entre
diferentes culturas e à imposição de elementos culturais do dominador ao subjugado.
De forma geral, a cultura é tratada como aquilo que é tipicamente humano, como as
diversas formas de se relacionar e transformar a natureza. Podemos considerar natural
tudo aquilo que existe independentemente da atividade humana, ou seja, processos e
produtos que não são criados por seres humanos, mas que são a condição necessária de
toda a prática humana.
Assim, é possível dizer que o ser humano é produto da soma da natureza com a cul-
tura. Ele cria formas de organização, valores, símbolos e significados para a experiência
da vida. Essa multiplicidade dos modos de existência humana é própria da humanidade
e da diversidade cultural.
Apic/Getty Images
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009) fez excursões para diferentes regiões do Brasil,
concentrando-se, sobretudo, no estudo da população indígena. Na foto, Lévi-Strauss em expedição na
Floresta Amazônica, c. 1936.
ATIVIDADE
1. Reúnam-se em grupos e elaborem um relatório sobre as feiras livres da sua cidade,
conforme as etapas apresentadas a seguir.
Etapa 1
•• Vão a campo, ou seja, a uma feira livre, com material para anotar e fotografar.
•• Quais são MATERIAL DEeDIVULGAÇÃO
as grandezas unidades de medida adotadas pelos feirantes? Qual é a diversi-
dade de técnicas adotadas
DA EDITORA DOpara mensurar a quantidade de produto vendido? Observem e
BRASIL
anotem cada uma delas e, se possível, façam registros fotográficos.
Etapa 2
•• Escolham de dois a quatro comerciantes para entrevistar. Alguns itens que podem ser usa-
dos como ponto de partida para a elaboração de suas perguntas aos entrevistados são:
• identifiquem onde e como os feirantes adquirem os produtos que vendem (compram
por quilo, por unidade?);
• questionem as diferentes técnicas adotadas pelos feirantes para mensurar os produtos,
quais dificuldades têm com elas e se sentem falta de outras formas de calcular;
• perguntem aos feirantes sobre a oscilação de preços na compra, como ela é repassada
aos clientes e como os custos e os lucros são calculados.
Etapa 3
•• Analisem as principais técnicas adotadas e as eventuais dificuldades com o uso da Mate-
mática enfrentadas pelos feirantes. Verifiquem se a praticidade das técnicas adotadas por
eles é suficiente.
•• Elaborem um relatório final com fotos, tabelas comparativas e os principais dados e con-
clusões.
TinasDreamworld/Shutterstock.com
em 1877, Lewis Morgan (1818-1881) pro-
pôs que a humanidade se originou de um
processo evolutivo composto de três está-
gios sucessivos: selvageria, barbárie e civi-
lização. Cada etapa caracterizava-se por
novas habilidades e desenvolvimentos
tecnológicos. De acordo com Morgan, o
modo de vida sedentário e o desenvolvi-
mento de cidades seriam os fatores que
separavam os civilizados dos bárbaros e
selvagens.
Por causa dessa visão etnocêntrica,
criou-se a noção, ainda hoje perpetuada, Homem tuaregue, povo predominantemente nômade. Deserto do Saara,
de que o nomadismo seria uma etapa do Marrocos, 2017.
desenvolvimento do ser humano que de-
veria ser superada e que se tratava de um modo de vida preso a um passado distante. Por
outro lado, o fato de não estarem fixados em determinado lugar despertou, muitas vezes, a
romantização de seu modo de vida, ao conectá-lo com a noção de liberdade.
Seriam os nômades mais livres por não estarem “presos” a determinado local, podendo
se locomover sempre que necessário? Ou seriam reféns das condições da natureza, estando,
atualmente, ameaçados devido a mudanças ambientais cada vez mais violentas?
Para responder a essas perguntas será necessário, inicialmente, investigar como se esta-
belece a relação dos seres humanos com a natureza e a produção do espaço geográfico.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Do espaço natural ao espaço geográfico
DA EDITORA DO BRASIL
Em seu percurso como estudante, provavelmente você já estudou que o espaço geográ-
fico se transforma com base nas ações e nas relações humanas. A produção e a reprodução
do espaço em que vivemos se dão por meio do trabalho humano.
O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) definia trabalho como a atividade que o ser
humano realiza para produzir suas condições de existência e pela qual transforma a natu-
reza. Para ele, o ato de trabalhar é essencialmente humano, posto que a transformação da
natureza ocorre por meio de uma ação consciente, que garante a sobrevivência. Ao trans-
formar intencionalmente a natureza por meio do trabalho, o ser humano transforma a si
mesmo e ao outro.
Ao longo dos anos, diferentes povos, organizados em distintas sociedades, se apropriaram,
e ainda se apropriam, da natureza para satisfazer suas necessidades de reprodução. Nessa
rede de apropriação e transformação, origina-se o espaço geográfico.
Alguns povos indígenas, por exemplo, guardam uma relação com o espaço em que vivem,
que vai além da sobrevivência como necessidade de reprodução da dimensão econômica da
vida. Em geral, as terras apropriadas por esses povos carregam o aspecto simbólico de cons-
trução de sua cultura e identidade. O meio, além de fornecer alimentos e garantir a sobrevi-
vência, é dotado de espiritualidade e permeia as relações sociais.
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Além de modificar os hábitos alimentares dos seres humanos, o controle do fogo deu maior
autonomia aos indivíduos em relação à natureza. O manuseio do fogo e a capacidade de pro-
duzi-lo mudou para sempre a vida desses grupos e das sociedades que os sucederam.
A ação constante dos indivíduos foi, gradativamente, formando o espaço geográfico, dotan-
do-o de objetos e ações, permeados por relações políticas, econômicas, sociais e culturais.
Além disso, para Milton Santos, esse processo está, na contemporaneidade, inserido na
lógica de acumulação, produção e circulação capitalista. Nesse contexto, a realização da vida
cotidiana também está inserida nessa lógica, enquanto o próprio processo de apropriação
do espaço torna-se desigual e contraditório. A produção do espaço geográfico se realiza nessa
lógica, ao passo que sobrepõem as transformações pelas quais passa ao longo do tempo.
Você consegue imaginar um lugar do mundo onde não haja ação humana? Observe a
fotografia a seguir:
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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Representação de uma vaca domesticada sendo ordenhada, no Egito Antigo. Pintura mural no túmulo de Methethi,
c. 2371-2350 a.C.
Heikoneumannphotography/Shutterstock.com
Sítio arqueológico de Stonehenge, no Reino Unido, 2019. O monumento foi construído em c. 3000 a.C., e sua posição
está alinhada ao nascer do Sol. Por conta disso, acredita-se que o povo Neolítico que o ergueu o fez em referência ao
ciclo agrícola das colheitas.
Nicole Macheroux-Denault/Shutterstock.com
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Agadez, norte do Níger, 2019. Essa cidade é um atual ponto de parada dos tuaregues em seus deslocamentos.
LCV/Shutterstock.com
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Dois homens ciganos tocam instrumentos nas ruas de Bucareste, Romênia, 2019.
Yavuz Sariyildiz/Shutterstock.com
ocorrem, não acontecem por motivações eco-
nômicas ou culturais, mas sim por questões
políticas e sociais. Nesse contexto, o nomadismo
cigano é, em certa medida, ligado a questões
como invisibilidade e rejeição.
Cercados de uma simbologia que os quali-
ficam como indivíduos “espalhados pelo
mundo”, os ciganos não relacionam suas iden-
tidades com um território nacional comum.
Também não integram movimentos com repre-
sentatividade internacional que reivindiquem
um ou mais territórios para si. O sentimento
de pertencimento a uma comunidade global
ultrapassa os limites territoriais e faz com que
os ciganos tenham solidariedade em relação Mulher cigana com a carroça que utiliza para deslocamentos. Kirklareli,
aos demais ciganos estabelecidos em diferen- Turquia, 2019.
tes partes do mundo.
[...] o nomadismo expõe uma relação singular do cigano com o espaço, capaz de diferenciá-lo
do não-cigano e mantê-lo distante do mundo não-cigano. Primeiro porque, sob o efeito de no-
meação e da força das homologias dos espaços, os ciganos são impelidos a viver nos interstícios
sociais e, consequentemente, nos limites espaciais das sociedades.
[...] os ciganos foram capazes de reconhecer na diversidade uma unidade interna baseada nas
experiências comuns de desenraizamento (seja pela força física, seja pela força simbólica). [...]
Os ciganos expressam sua territorialidade como um “arquipélago de pequenos territórios”,
isto é, levam consigo, em seus símbolos, artefatos, instituições e sentimentos, um espaço portá-
til, conquistado e domesticado à sua maneira [...]. Elaboram sua identidade relacionalmente e de
maneira intensa, pois afirmam a semelhança com base na experiência profunda das diferenças.
FAZITO, Dimitri. A identidade cigana e o efeito de “nomeação”: deslocamento
das representações numa teia de discursos mitológico-científicos e práticas sociais.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77012006000200007.
Acesso em: 22 jul. 2020.
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Como foi visto, o espaço geográfico resulta de ações que transformam as sociedades e a
natureza com base no trabalho. A organização da vida coletiva e sedentária contribuiu dire-
tamente para a divisão do trabalho, para o ordenamento das atividades econômicas, para a
consolidação das hierarquias políticas e para a estruturação das sociabilidades com as quais
estamos habituados a conviver nos espaços urbanos e rurais.
No caso dos ciganos, a inexistência de um território soberano delimitado por fronteiras
nacionais não restringe o processo de produção dos espaços e das relações socioespaciais.
Os povos ciganos têm organizações espaciais próprias e, hoje, preservam relações de per-
tencimento e de afetividade com grupos distantes, fazendo uso das redes sociais, das novas
tecnologias e dos meios de telecomunicações, conectando-se diretamente à lógica de repro-
dução do consumo e de circulação do capital. Inseridos nas dinâmicas urbanas das cidades
em que vivem ou mesmo nos circuitos produtivos do campo, os ciganos exercem ativida-
des econômicas, ainda que informais, e fazem parte, como grupos marginalizados, do pró-
prio processo de reprodução desigual da economia capitalista.
A forma como os ciganos e outros povos nômades constroem suas vidas e estabelecem
relações com os lugares em que vivem apenas revela técnicas, conhecimentos, concepções
de vida e culturas distintos dos grupos nos quais estão inseridos.
Gary Cook/robertharding/Alamy/Fotoarena
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Povo khoisan realiza um jogo. Deserto do Kalahari, Botsuana, 2019.
Segundo Suzman, a concepção de tempo desse povo é cíclica e eles trabalham, em média,
16 horas por semana, ou seja, pouco mais de duas horas por dia, para encontrar um supri-
mento adequado de alimentos pela caça e/ou coleta. O resto do tempo é gasto com a famí-
lia, com o descanso e com a confecção de objetos. Eles não acumulam o excedente dos
alimentos. A carne é distribuída entre todas as pessoas do grupo.
Nas sociedades sedentárias ocidentais, as forças produtivas, isto é, os meios de produção
e as relações de trabalho, tanto nas grandes quanto nas pequenas cidades ou em áreas rurais,
pautam-se na organização coletiva de uma sociedade segmentada em classes, em que cada
um realiza atividades específicas e se sustenta por meio de um sistema de trocas, estrita-
mente dependente da posse de capital.
Para os khoisan, a posse dos elementos para a subsistência é coletiva e partilhada. Inclu-
sive, durante o ato da partilha, o caçador da carne é insultado com gritos por todos e fica com
o último pedaço. De acordo com os khoisan, esse ritual evita que o caçador se sinta superior
aos demais e dono da carne. Suzman teoriza que esse momento também é uma maneira de
o grupo dar vasão ao impulso natural da inveja. Sem competição, sem inveja e sem exceden-
tes, os khoisan mantêm o igualitarismo no grupo.
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Mulheres boranas buscam água para rebanho de ovelhas. Yabelo, Etiópia, 2017.
John Wessels/AFP
Pastores fulâni levam seus animais para tomar água. Senegal, 2020.
[...] o Sahel é o berço de uma tradição milenar, a criação em transumância, praticada principalmente pelos fulâni,
hoje confrontada com diversos desafios.
O volume de gado envolvido é impressionante: quase 20 milhões de cabeças de bovinos, 40 milhões de ovinos e
60 milhões de caprinos.
Anualmente, a partir de novembro, quando começa a estação seca, os pastores [...] e seus animais descem em
busca de novos pastos nas planícies férteis do centro, por onde passam os rios Níger e Benue.
Antigamente, havia espaço para todo mundo no “Middle Belt”, o cinturão do meio, onde se fundem o Norte – predo-
minantemente muçulmano – e o Sul, majoritariamente cristão. O leite era trocado por cereais, os resíduos agrícolas
serviam para alimentar o gado e o esterco era usado para adubar as terras.
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Às vezes, surgiam tensões, especialmente quando uma manada destruía os cultivos ao invadir um campo.
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Mas os poderosos chefes tradicionais – hoje, relegados a um papel meramente figurativo – ainda conseguiam
acalmar os ânimos.
A redução das chuvas e as secas no norte e a sangrenta insurreição extremista do Boko Haram* nas margens do
rio Chad levaram os pecuaristas fulâni e a se aventurarem mais ao norte. E a se instalar ali, às vezes de forma dura-
doura.
Com o crescimento demográfico vertiginoso [...] no século 20 e a expansão urbana, industrial e agrícola, a terra
se tornou cada vez mais cobiçada. Pouco a pouco, os conflitos gerados por destruições de colheitas, poluição da água
ou roubo de gado foram se espalhando.
UOL. Os últimos nômades. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/adaptar-se-lutar-ou
-desaparecer-o-dilema-dos-nomades-fulani-na-africa/. Acesso em: 14 jul. 2020.
* Boko Haram: grupo terrorista que atua na Nigéria.
1. Os puri são um grupo indígena pertencente ao E isso, por si só, já é uma polêmica. Em maio deste
tronco linguístico macro-jê, que originalmente ano [2008], o premiê italiano, Silvio Berlusconi,
habitava os atuais territórios dos quatro estados autorizou que fosse feito um censo especial para
da Região Sudeste. Caracterizados como povos mapear a presença de ciganos sem moradia fixa na
nômades e, portanto, distintos da organização periferia das grandes cidades italianas. O censo
indígena por aldeamento, os puri são pouco incluiria dados como etnia, religião e impressão digi-
conhecidos e, passam por um processo de in- tal – que não são exigidos na identidade dos italia-
visibilidade de suas identidades. nos. Os ciganos saíram às ruas em protesto, argu-
Pesquise as formas de organização socioespacial mentando que essa seria uma ferramenta racista e
e como se configuram as relações política, eco- discriminatória.
nômica, social e cultural desse grupo. A medida foi considerada ilegal pelo Parlamento
Europeu, já que impõe exigências desiguais a cida-
2. Ao longo dos anos, para alguns estudiosos, a dãos do bloco. Mas os ciganos continuam com medo
ideia de lugar deixou de ser abordada sob a de ser expulsos do país, ainda que um terço dessa
perspectiva de uma localização e passou a ser população não seja nem mesmo imigrante. [...]
entendida com base nas relações de afetividade, MARSIGLIA, Luciano. A saga cigana. Superinteressante,
enraizamento e segurança que um indivíduo 31 ago. 2008. Disponível em: https://super.abril.com.br/
cultura/a-saga-cigana. Acesso em: 21 maio 2020.
estabelece com o meio em que vive, de acordo
com suas experiências cotidianas. Leia o trecho Texto 2
a seguir.
O novo ministro do Interior italiano, Matteo
O lugar representa a ocupação do espaço pelas Salvini, gerou controvérsia ao pedir um recensea-
pessoas que lhe atribuem significado e legitimam mento da comunidade da população roma (cigana),
sua condição. para identificar os que não sejam cidadãos italianos
CUNHA, Maria Isabel. Os conceitos de espaço, lugar e deportá-los.
e território nos processos analíticos da formação Após ser alvo de críticas, ele disse que sua única
dos docentes universitários. Disponível em: intenção é “proteger as crianças” de etnia roma.
http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/
view/5324. Acesso em: 22 jul. 2020. Há ao menos 130 mil pessoas na comunidade
roma da Itália, e cerca de metade delas tem cida-
•• Imagine-se no lugar de um jovem pertencen- dania italiana. Muitas moram em acampamentos
te a uma comunidade
MATERIAL nômade, estabelecida
DE DIVULGAÇÃO informais e precários em periferias das cidades.
na periferia de uma grande cidade do mundo. A proposta de Salvini é parte de um endureci-
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Você acha que esse indivíduo pode se sentir mento contra a imigração no país. Na semana pas-
pertencente a esse lugar? Elabore um breve sada, o ministro proibiu que atracasse na Itália um
texto narrando os conflitos, as dificuldades navio humanitário carregando 629 migrantes res-
e as relações que ele, sua família e a comu- gatados durante a travessia do Mediterrâneo. [...]
nidade possivelmente estabelecem com esse GOVERNO da Itália quer fazer censo
lugar. de ciganos no país. BBC Brasil, 19 jun. 2018. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44540656.
3. Leia trechos de dois artigos, publicados em Acesso em: 21 maio 2020.
POLÍTICA E LIBERALISMO
Do Renascimento às três primeiras décadas do século XIX, foi elaborado um modo moderno
de pensar e de viver em sociedade. Entre os componentes próprios da modernidade estão a
definição da individualidade humana como natural, a compreensão da liberdade como algo
inato e o entendimento da razão como elemento da natureza humana. Com base nessas for-
mulações, os pensadores do período acreditavam que a vida social e sua organização política
no Estado deviam ser pautadas pela natureza inata dos indivíduos – seres livres e dotados
de faculdades racionais e de um impulso natural à felicidade.
Como foi estudado na Unidade 1, esse processo de transformações sociais e sua
expressão no pensamento chegou ao ápice no século XVIII, com o Iluminismo. Durante
esse período, diversas correntes filosóficas se basearam em duas premissas principais:
existe apenas o que é natural, e a razão humana é uma potência dada naturalmente a
todos os indivíduos.
Certamente, os autores iluministas buscaram compreender o novo contexto da vida humana
de forma distinta do que faziam os pensadores da Antiguidade e da Idade Média. Suas ideias
afirmavam a liberdade das pessoas, concebidas simultaneamente como indivíduos diferen-
tes e como membros de uma sociedade. De acordo com esses pensadores, regras, normas,
leis e maneiras de organizar as relações e o poder do Estado deveriam ser pautadas pela
racionalidade.
Anicet-Charles Lemonnier. O salão de Madame Geoffrin, 1812. Óleo sobre tela, 129,5 cm × 196 cm. A obra
representa a leitura pública de uma peça teatral do filósofo iluminista Voltaire (1694-1778) no salão literário de
Marie-Thérèse Rodet Geoffrin (1699-1777), em Paris, França.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL Bem comum
Em sua obra Dois tratados sobre o governo, John Locke discute quais seriam os limites do poder do Estado diante
das liberdades individuais e do bem comum.
Contudo, embora quando entrem em sociedade os homens entreguem a igualdade, a liberdade e o poder executivo
que possuíam no estado de natureza nas mãos da sociedade, para que deles disponha o legislativo segundo o exija o
bem da sociedade, contudo, como cada qual o faz apenas com a intenção de melhor conservar a si mesmo, a sua liber-
dade e propriedade – pois não se pode supor que uma criatura racional mude propositadamente sua condição para
pior –, o poder da sociedade ou o legislativo por esta constituído jamais pode supor-se estenda-se para além do bem comum.
Ao contrário, ele é obrigado a assegurar a propriedade de cada um [...]. Assim, todo aquele que detenha o poder legis-
lativo, ou supremo, de qualquer sociedade política está obrigado a governá-la segundo as leis vigentes promulgadas
pelo povo, e de conhecimento deste, e não por meio de decretos extemporâneos; por juízes imparciais e probos, a quem
cabe solucionar as controvérsias segundo tais leis; e a empregar a força da comunidade, no solo pátrio, apenas na exe-
cução de tais leis, e externamente, para evitar ou reprimir injúrias estrangeiras e garantir a comunidade contra incursões
ou invasões. E tudo isso não deve estar dirigido a outro fim a não ser a paz, a segurança e o bem público do povo.
LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 499-500.
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James Pradier. Escultura de Jean-Jacques Rousseau, séc. XIX.
[...] Esta esfera [da liberdade] abrange, em primeiro lugar, o domínio interior da consciência;
requerendo liberdade de consciência, no sentido mais lato; liberdade de pensamento e senti-
mento; total liberdade de opinião e sentimento em todos os assuntos, práticos ou teóricos, cien-
tíficos, morais ou teológicos. [...] Em segundo lugar, o princípio requer liberdade de gostos e ob-
jetivos; de moldar o nosso plano de vida de modo a adequar-se ao nosso caráter; de fazer o que
quisermos, sofrendo quaisquer consequências que daí resultem: e tudo isto sem obstrução por
parte dos nossos semelhantes, desde que o que façamos não lhes cause dano [...]. Em terceiro
lugar, desta liberdade de cada indivíduo segue-se a liberdade, dentro dos mesmos limites, de um
grupo de indivíduos; liberdade de união, para qualquer propósito que não envolva dano para ou-
tros — partindo-se do princípio de que as pessoas que compõem o grupo são maiores de idade e
não foram forçadas, ou enganadas.
Nenhuma sociedade em que estas liberdades não sejam, de um modo geral, respeitadas, é li-
vre, qualquer que seja a sua forma de governo; e nenhuma sociedade em que elas não existem
de modo absoluto e sem restrições é completamente livre. A única liberdade que merece o nome
é a liberdade de procurar o nosso próprio bem à nossa própria maneira, desde que não tentemos
privar os outros do seu bem, ou colocar obstáculos aos seus esforços para o alcançar. Cada qual
é o justo guardião da sua própria saúde, tanto física, como mental e espiritual. As pessoas têm
mais a ganhar em deixar que cada um viva como lhe parece bem a si, do que forçando cada um
a viver como parece bem aos outros.
MILL, John Stuart. Sobre a liberdade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. E-book.
Embora tais autores não fossem adeptos das formas mais democráticas e diretas de par-
ticipação, não eram, obviamente, favoráveis a quaisquer tiranias, inclusive a das maiorias.
Thomas Paine (1737-1809) e outros constitucionalistas estadunidenses expressaram tais
ideais nos primeiros anos da independência dos Estados Unidos, ocorrida em 1776, ao pro-
porem e participarem da elaboração da Constituição do país.
Jim West/Alamy/Fotoarena
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Após a eleição de Barack Obama (1961-) como presidente estadunidense, a população foi convidada a escrever os
próprios nomes em uma réplica aumentada da Constituição dos Estados Unidos. A intenção era mostrar a
importância da participação do povo na política do país. Washington, D.C., Estados Unidos, 2009.
Charles Platiau/Reuters/Fotoarena
Celebração do Dia da Bastilha, no dia 14 de julho, feriado nacional francês que comemora um evento central da
Revolução Francesa. Paris, França, 2019.
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DA No
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terrenoDO
da BRASIL
reflexão filosófica, um dos mais famosos herdeiros dessa concepção ilumi-
nista positiva da liberdade política foi Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), na Ale-
manha, para quem o Estado, pelo conjunto de suas leis, dispositivos e instâncias, é a
realização máxima da humanidade. Para ele, somente a efetiva partici-
pação no Estado define a liberdade real do cidadão. Essa participação
Museus Estatais de Berlim, Berlim. Fotografia: Fine Art Images/Album/Fotoarena
[...] as pessoas na posição original são movidas por uma certa hierarquia de interesses. Devem
primeiro assegurar o seu interesse de ordem superior e seus objetivos fundamentais [...] e esse
fato se reflete na precedência que dão à liberdade; a aquisição dos meios que lhes permitem pro-
mover seus outros desejos e objetivos tem um lugar secundário. Embora os interesses funda-
mentais na liberdade tenham um objetivo definido, ou seja, o estabelecimento efetivo das
liberdades básicas, é possível que esses interesses nem sempre apareçam na posição de direção.
A realização desses interesses pode exigir certas condições sociais e um grau de satisfação de
necessidades e carências básicas, e isso explica por que a liberdade pode algumas vezes ser res-
tringida. Mas uma vez que se atingem as condições sociais e o grau de satisfação de necessida-
des e carências materiais necessários, como acontece em uma sociedade bem organizada em
circunstâncias favoráveis, os interesses de ordem superior passam a ser normativos. [...] A es-
trutura básica deve então assegurar a livre vida interna das várias comunidades de interesses
nas quais as pessoas e grupos buscam atingir, nas formas de união social consistentes com a li-
berdade igual, os objetivos e qualidades superiores que os atraem [...].
RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 604.
A origem da concepção de direitos sociais deriva justamente do diálogo desses autores com
as reivindicações socialistas e as lutas dos trabalhadores por direitos. Tais filósofos não defen-
MATERIAL
dem a transformação DE DIVULGAÇÃO
da sociedade de classes, mas sua reforma por meio de medidas que ampliem
o terreno de ação do Estado, com a participação de grandes contingentes de pessoas, com o
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intuito de diminuir as desigualdades individuais, familiares ou grupais, pensadas como naturais.
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“Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada as-
sociado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo
a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes”. Esse, o problema fundamental cuja
solução o contrato social oferece.
As cláusulas desse contrato são de tal modo determinadas pela natureza do ato, que a me-
nor modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito, de modo que, embora talvez jamais enun-
ciadas de maneira formal, são as mesmas em toda a parte, e tacitamente mantidas e
reconhecidas em todos os lugares, até quando, violando-se o pacto social, cada um volta a seus
primeiros direitos e retoma sua liberdade natural, perdendo a liberdade convencional pela qual
renunciara àquela.
[...]
Se separar-se, pois, do pacto social aquilo que não pertence à sua essência, ver-se-á que ele
se reduz aos seguintes termos: “Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu po-
der sob a direção suprema da vontade geral, e recebemos, enquanto corpo, cada membro co-
mo parte indivisível do todo”.
Imediatamente, esse ato de associação produz, em lugar da pessoa particular de cada
contratante, um corpo moral e coletivo, composto de tantos membros quantos são os votos
da assembleia, e que, por esse mesmo ato, ganha sua unidade, seu eu comum, sua vida e
sua vontade.
Essa pessoa pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tomava an-
tigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo político, o qual é chamado por
seus membros de Estado quando passivo, soberano quando ativo, e potência quando comparado
a seus semelhantes.
Quanto aos associados, recebem eles, coletivamente, o nome de povo e se chamam, em par-
ticular, cidadãos, enquanto partícipes da autoridade soberana, e súditos enquanto submetidos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
às leis do Estado. [...]
DA EDITORA DO BRASIL
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. São Paulo: Abril Cultural, 1985. p. 32-34.
(Coleção Os pensadores).
2. Por que os pensadores iluministas liberais consideravam o poder legislativo o mais im-
portante entre os poderes do Estado?
3. Reúnam-se em grupos, e consultem a Constituição federal brasileira de 1988, disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm (acesso em: 29 jun.
2020), e leiam os artigos indicados:
•• Artigo 1o;
•• Artigo 3o, inciso IV;
•• Artigo 5o, incisos I a XLV.
A execução de Carlos I
Em 1649, o rei Carlos DE
MATERIAL I foiDIVULGAÇÃO
executado em decorrência dos processos revolucionários na Inglaterra. A morte dele foi
retratada por diferentes artistas no século XVII. Observe a representação a seguir, prestando atenção sobretudo aos
DA EDITORA
elementos escolhidos DO BRASIL
para compor o primeiro plano da imagem.
Rainha Elizabeth II discursa aos parlamentares em cerimônia de abertura do Parlamento. Essa cerimônia é um dos
eventos que celebram a monarquia parlamentar no país, uma das mais duradouras do mundo. Londres, Reino
Unido, 2017.
Peter Tillemans. Sessão da Câmara dos Comuns, 1709. Óleo Peter Tillemans. Rainha Anne na Câmara dos Lordes,
sobre tela, 137,2 cm × 123,2 cm. c. 1708-1714. Óleo sobre tela, 139,8 cm × 122,9 cm.
Despotismo esclarecido
As ideias iluministas foram divulgadas em jornais, livros, cartas, conversas em cafés,
banquetes e salões da nobreza. Elas ganharam prestígio entre os soberanos europeus,
que incorporaram, em seus governos, parte dos pensamentos iluministas, sobretudo a
tolerância religiosa, e modernizaram a administração de seus Estados, porém sem que
essas medidas diminuíssem seu poder real. Tal forma de governança ficou conhecida
como despotismo esclarecido.
Enquanto isso, a França entrou em uma grave crise financeira e fiscal, causada em parte
pelo custo do financiamento da Guerra de Independência dos Estados Unidos. Em 1789, as
más condições de vida da maioria da população francesa, somadas às ideias de igualdade,
liberdade e fraternidade do Iluminismo, que haviam triunfado nos Estados Unidos, impulsio-
naram a eclosão de um movimento revolucionário na França.
Em agosto desse mesmo ano, os revolucionários franceses, reunidos em uma Assembleia
Nacional Constituinte, aprovaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que asse-
gurava o direito à liberdade, à igualdade perante a lei, à defesa da propriedade e à resistência
contra os abusos do governo. A assembleia também aprovou a Constituição de 1791, estabele-
cendo a monarquia constitucional. Determinava-se a sujeição do rei às leis, a divisão dos pode-
res, o voto censitário e masculino e o fim da isenção de impostos para o clero e a nobreza.
Em 1792, a revolução radicalizou-se, levando à queda da monarquia e à instalação de uma
república sob nova Constituição. No ano seguinte, o rei Luís XVI foi levado a julgamento e
condenado à execução na guilhotina.
Em nome da liberdade
A morte pela guilhotina foi adotada, durante a Revolução Francesa, como forma de punição para todos aqueles
que eram considerados inimigos e adversários da República e de seus ideais de liberdade, igualdade e fraternida-
de. Calcula-se que foram mortas pela guilhotina cerca de 40 mil pessoas durante o processo revolucionário, e cer-
ca de 15 mil somente durante o período do Terror. O método de execução era o mesmo para todos os considerados
traidores, fossem eles reis, membros da população civil ou até mesmo líderes revolucionários.
Coleção particular
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Nos Estados Unidos, a Constituição manteve a escravidão até 1865. Antes dessa data,
alguns estados tomaram a iniciativa de pôr fim à escravatura em seu território. Em 1789,
cinco estados já tinham abolido a escravidão; em 1800, eram oito. Para a maior parte da
nação, porém, a liberdade não incluía os escravizados.
No Brasil, os participantes da Conjuração Mineira (1789), influenciados pelo Iluminismo,
reivindicaram a independência da capitania de Minas Gerais, porém seus líderes divergiam
sobre a abolição da escravidão.
Na Conjuração Baiana (1798), negros, escravizados e libertos, levantaram-se contra o
domínio português por um governo democrático, republicano e onde todos fossem iguais.
O movimento foi rapidamente sufocado, para alívio dos grandes fazendeiros.
A promessa de igualdade, presente nas revoluções e no ideário iluminista, não foi plena-
mente realizada. Setores da sociedade permaneceram excluídos do direito à cidadania, como
as mulheres, os indígenas e os escravizados. A garantia constitucional de igualdade de direi-
tos demonstrou, na prática, que não assegurava oportunidades aos mais pobres, sendo ine-
ficiente no combate às desigualdades sociais.
[...] nenhum homem tem uma autoridade natural sobre seu semelhante, e pois que a força
não produz nenhum direito, restam, pois, as convenções (contratos, pactos) para base de to-
da a autoridade legítima entre os homens. [...] Já vimos que o poder legislativo pertence ao
povo, e só a ele pode pertencer. [...] O soberano [...] pode, em primeiro lugar, entregar o go-
verno a todo o povo ou à maior parte do povo [...]. Dá-se a esta forma de governo o nome de
Democracia. Ou, então, pode entregar o governo nas mãos dum pequeno número, [...] e esta
forma tem o nome de Aristocracia.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social (1762). In: FREITAS,
Gustavo de. 900 textos e documentos de história.
Lisboa: Plátano, 1976. p. 28.
Marcelo Bassul/AFP
Movimentos de diferentes polos políticos se manifestaram, em frente à Praça dos Três Poderes, em debate sobre a
saída de Dilma Rousseff da Presidência da República. Brasília, DF, 2016.
Entre os novos objetos que me chamaram a atenção durante minha permanência nos Estados
Unidos nenhum me impressionou mais do que a igualdade das condições. Descobri sem custo
a influência prodigiosa que exerce esse primeiro fato sobre o andamento da sociedade; ele pro-
porciona ao espírito público certa direção, certo aspecto às leis; aos governantes, novas máximas
e hábitos particulares aos governados.
Não tardei a reconhecer que esse mesmo fato estende sua influência muito além dos costu-
mes políticos e das leis, e tem império sobre a sociedade tanto quanto sobre o governo: cria opi-
niões, faz nascer sentimentos, sugere usos e modifica tudo o que ele não produz.
TOCQUEVILLE, Alexis. A democracia na América. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 7.
Contudo, Tocqueville ressalta que a igualdade não deve ser um processo de unificação
e homogeneização social. O equilíbrio entre igualdade e liberdade é a grande questão
para o autor.
Embora Tocqueville tenha se impressionado com a maneira como os estadunidenses des-
frutavam da liberdade, ele não deixava de observar as contradições da democracia com a
escravidão ainda vigente no país.
De forma geral, a liberdade política, assim como as condições concretas de atuação no
mundo social e na participação coletiva do poder, difere do arbítrio individual. Como já foi
estudado, a liberdade política é um valor moderno que nasceu com as revoluções burguesas
do século XVIII, em especial a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos.
Essa liberdade se manifesta na modernidade com base em duas esferas centrais: a liberdade
dos Estados-nações de agir com soberania nos limites de seus territórios e a liberdade dos
indivíduos de participar da vida política.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Galeria Nacional de Arte, Washington. Fotografia: Album/Fotoarena
DA EDITORA DO BRASIL
Delil Souleiman/AFP
DA EDITORA DO BRASIL
O povo curdo, que vive na Turquia, no Irã, no Iraque e na Síria, se consideram um povo apátrida e enfrenta inúmeros
conflitos com esses Estados Nacionais. Na foto, mulheres curdas em manifestação na Síria, 2019.
Akg-Images/Album/Fotoarena
de reunião e de associação.
Contudo, a liberdade política parte do reconhe-
cimento do indivíduo como sujeito livre, autônomo
e capaz de pensar, agir e se manifestar na esfera
pública e deMATERIAL
regular asDE DIVULGAÇÃO
próprias ações, ou seja,
DA EDITORA
legislar a si mesmo. DO BRASIL
É a capacidade de pensamento
e de ação; é a independência diante de qualquer
constrangimento imposto pela vontade de outra
pessoa. Esse pressuposto (liberdade política como
autonomia) levou também a uma série de exclu-
sões ao longo da história, justamente por conside-
rar que uma parte da população não estava livre
do domínio de outros. Tais exclusões geralmente
estavam ligadas ao sexo, ao grau de instrução e à
renda. É o caso das mulheres, que na maioria dos
países teve sua autonomia plenamente reconhe-
cida para votar apenas em meados do século XX,
pois até então eram submetidas ao poder mascu-
lino e não tinham autonomia.
Archive/AFP
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DA EDITORA DO BRASIL
1. Acerca da relação entre liberdade e política, analise a charge do cartunista Glauco (1957-
-2010) e responda às questões em seu caderno.
2. Leia a reportagem abaixo, sobre manifestações neonazistas que aconteceram nos Estados
Unidos, no ano de 2017. Em seguida, responda às questões.
Por que é mais fácil ser neonazista nos EUA do que na Alemanha
No final de semana, enquanto centenas de supremacistas brancos agitavam símbolos nazis-
tas e gritavam palavras de ordem contra judeus e outras minorias em Charlottesville (Virgínia,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
EUA), um cidadão americano era agredido e preso por fazer a polêmica saudação de “Heil Hitler”
DA EDITORA DO BRASIL
em Dresden, na Alemanha.
Os fatos mostram como os dois países divergem no grau de tolerância ao uso de símbolos
nazistas.
Na Alemanha, a lei prevê punição de até três anos de prisão para quem usar insígnias relacio-
nadas ao Terceiro Reich ou fizer apologia do nazismo.
Nos Estados Unidos, o uso de símbolos do nazismo, o “discurso de ódio” e a existência de gru-
pos de perfil neonazista são práticas legais, amparadas no direito à livre expressão garantido pe-
la Constituição.
Já no Brasil, a lei 7.716/89 determina prisão de dois a cinco anos para quem “fabricar, comer-
cializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que
utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
[...]
LIMA, Lioman. Por que é mais fácil ser neonazista nos EUA do que na Alemanha. BBC Brasil, 17 ago. 2017.
Disponível em: www.bbc.com/portuguese/internacional-40958924. Acesso em: 10 jun. 2020.
a) De acordo com a reportagem, quais são as punições previstas pelo uso de símbolos
e disseminação da ideologia nazista na Alemanha, no Brasil e nos Estados Unidos?
b) Qual é a relação entre a concepção da liberdade política estadunidense e o grau de
tolerância tido com práticas neonazistas?
R.M. Nunes/Shutterstock.com
Praça dos Três Poderes.
Brasília, DF, 2015.
Oscar Pereira da Silva. Proclamação da República, c. 1889. Óleo sobre tela, 80 cm * 124 cm.
Pinacoteca Municipal, São Paulo
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Benedito Calixto. Proclamação da República, 1893. Óleo sobre tela, 124 cm * 200 cm.
DA Em fevereiro
EDITORA DOdeBRASIL
1891, em meio a uma crise econômica, Deodoro promulgou a nova Constitui-
ção do país, dando início à segunda fase de seu governo, o Período Constitucional.
No Governo Constitucional de Deodoro, foram adotados o presidencialismo e o federalismo
como sistemas de governo do país. No federalismo, há união política entre os entes da Fede-
ração, de modo que os governantes tenham autonomia em suas unidades territoriais.
1 250 000
1 000 000
750 000
500 000
250 000
0
Italianos Total
Eleitora
brasileira vota Acervo Iconographia
pela primeira
vez em maio
de 1933.
Art. 2o O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assem-
bleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sítio ou fo-
ra dele, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República.
[...]
Art. 3o O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos
Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.
[...]
Art. 4o No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho
de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os di-
reitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais,
estaduais e municipais.
[...]
BRASIL. Ato institucional no 5, de 13 de dezembro de 1968.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ait/ait-05-68.htm. Acesso em: 16 jul. 2020.
DA EDITORA
vigor a Constituição de 1988,DO BRASILconhe-
também
cida como Constituição cidadã, que previu
uma série de avanços sociais, civis e de par-
ticipação política aos cidadãos brasileiros.
Foi essa Constituição que instaurou o voto
facultativo para jovens maiores de 16 anos e
menores de 18 anos, e para idosos maiores
de 70 anos.
Em 1989, Fernando Collor de Mello (1949-)
tornou-se o primeiro presidente eleito direta-
mente pelo povo, após anos de ditadura.
Nos anos seguintes, as únicas mudanças
no processo eleitoral foram a implementação
da urna eletrônica e da biometria como melho-
rias para deixar o processo mais dinâmico e
seguro. O pleito de 2000 foi a primeira elei-
ção brasileira realizada 100% por meio de
urnas eletrônicas. Passeata do movimento Diretas Já. São Paulo, SP, 1984.
Art. 1o A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Muni-
cípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como funda-
mentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 maio 2020.
TCHT_L1_U3_F_40A
Rafapress/Shutterstock.com
constituintes terminaram aprovando uma Constitui-
ção que todo dia precisa ser consertada. Em sua opi-
nião, foi aprovado um Frankenstein?
José Sarney – Creio que o que foi feito é mais grave.
Foram incluídas na Constituição todas as reivindica-
ções corporativas, tornando o país ingovernável, com
um desbalanço entre seu poder e seu dever. Nosso sis-
tema eleitoral é ainda o do voto uninominal propor-
cional, funcionando sem partidos. Nosso sistema de
governo mistura a competência dos Poderes. O meca-
nismo da medida provisória tornou-se o principal meio
de legislar.
AGÊNCIA SENADO. Sarney vê na Constituição algo mais
grave que um Frankenstein. Disponível em: https://
www12.senado.leg.br/noticias/materias/2008/09/12/ Capa de edição da Constituição da República Federativa do
sarney-ve-na-constituicao-algo-mais-grave-que-um Brasil de 1988.
-frankenstein. Acesso em: 16 jul. 2020.
Ainda hoje, políticos e críticos afirmam que as exigências e as exceções previstas na Constituição dificultam a
ação do Estado.
O artigo possui 78 incisos** que indicam os direitos fundamentais dos brasileiros. Acesse o artigo e seus in-
cisos e aponte sua relação com o artigo 3o da Constituição federal, que estabelece os objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil.
* Caput: palavra latina que significa “cabeça” e indica o texto principal ou o enunciado do artigo.
** Inciso: determinação que complementa e adiciona informações ao caput.
2. As cláusulas pétreas da Constituição federal são dispositivos que não podem ser alterados. Entre eles estão
os direitos e as garantias individuais dos cidadãos, apresentados no artigo 5o. Apesar de não poderem ser al-
terados, muitos deles não são cumpridos.
elecione alguns incisos para discutir com os colegas sobre a complexidade de execução daquilo que está pre-
S
visto na Constituição. Quais incisos você considera possíveis de serem executados pelo Estado, mas que ainda
não o são? Existe algum que você considera não ser competência do Estado?
1. O voto é um instrumento de liberdade de es- sobre voto, cidadania e garantia dos direitos
colha e exercício da cidadania. Durante a dos cidadãos brasileiros no documento ana-
Primeira República (1889-1930), o voto de lisado. Na sequência, elabore um infográfico
cabresto foi um mecanismo para fazer valer os para ilustrar sua pesquisa e, em conjunto com
interesses políticos dos chamados coronéis. a turma, construa um painel cronológico das
Dessa forma, apesar de diretas, as eleições constituições brasileiras, considerando as
apenas serviam para legitimar escolhas feitas informações estudadas.
por terceiros. Na fala de muitos, tratava-se de 4. Leia a notícia a seguir e, depois, responda às
“um jogo de cartas marcadas”. questões em seu caderno.
Na teoria, o voto secreto deveria representar o
fim do voto de cabresto, mas há relatos de sua 3,6 milhões de brasileiros tiveram
permanência. Pesquise e comente sobre essa título cancelado por não fazer o cadastro
prática, explicando em que medida ela fere o biométrico
direito à liberdade de escolha individual.
Número é referente a 862 cidades que reali-
2. O ranking de Igualdade de Gênero, elaborado
zaram a revisão biométrica no
anualmente pelo Fórum Econômico Mundial,
último ciclo (2017-2018) em 17 estados. Prazo
analisa desigualdades de gênero no mundo para regularização eleitoral
com base em um estudo que abrange condição terminou no dia 9 de maio.
econômica e salarial, participação na política,
Ao menos 3,6 milhões de brasileiros não pode-
grau de instrução e acesso à saúde, compa-
rão votar nas eleições de 2018 porque não fizeram
rando a situação de homens e mulheres em
o cadastramento biométrico e tiveram seus títulos
diferentes países.
eleitorais cancelados.
A pouca representatividade feminina em altos [...]
cargos de gestão e os baixos salários compara-
A biometria usa as impressões digitais para
dos aos masculinos nas mesmas posições co-
identificar o cidadão. O objetivo é ter mais segu-
locaram o Brasil na 92a posição do ranking em
rança e evitar fraudes. No Brasil, a emissão de pas-
2019, que classifica 153 países. O Iêmen, país
saporte, de carteiras de identidade e o cadastro
do Oriente Médio que restringe a liberdade das das Polícias Civil e Federal contam com sistemas
mulheresMATERIAL DE esferas
em diversas DIVULGAÇÃO
da vida, ocupa a biométricos.
última posição.
DA EDITORA DO BRASIL VELASCO, Clara; SARMENTO, Gabriela. 3,6 milhões de
O artigo 5o da Constituição, em seu primeiro in- brasileiros tiveram título cancelado por não fazer o
ciso, afirma que homens e mulheres são iguais cadastro biométrico. G1, 15 set. 2018. Disponível em:
em direitos e deveres. Pesquise e discuta as https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em
-numeros/noticia/2018/09/15/mais-de-36-milhoes-de
diferenças entre homens e mulheres nos itens -brasileiros-tiveram-titulo-cancelado-por-nao-fazer-o
indicados pelo ranking de Igualdade de Gênero -cadastro-biometrico.ghtml. Acesso em: 16 jul. 2020.
na realidade brasileira. Após recolher dados e
informações, elabore um relatório com suas a) As regras administrativas (cadastramento
percepções e sua análise. biométrico) devem ser mais importantes do
que o direito ao voto?
3. Em grupo, faça uma pesquisa sobre uma das b) A liberdade política pode ser ameaçada por
constituições brasileiras. Leia o seu texto e situações como a veiculada? Discuta com
analise informações e dispositivos relevantes seus colegas.
4
UNIDADE
impeditivo para a
liberdade
PhotoQuest/Getty Images
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL A Marcha sobre Washington reuniu
Na África do Sul, durante a política do apartheid, regime de segregação racial mais de 250 mil pessoas que
reivindicavam igualdade de direitos
que vigorou de 1948 a 1994, os negros perderam a cidadania e tinham menos
civis para a população negra.
direitos sociais que os brancos. Esse regime só teve fim após décadas de pres- Washington, D.C., Estados Unidos,
são internacional e da ação de organizações como a Liga da Juventude do Con- 1963.
gresso Nacional Africano, que teve no ativista social e político sul-africano
Nelson Mandela (1918-2013) um de seus principais líderes.
No Brasil, embora tenha conquistado a igualdade perante a lei, a popula-
ção negra enfrenta desigualdades cotidianas diversas. De acordo com o Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, a população
negra e/ou parda apresenta as maiores taxas de analfabetismo, o maior
número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e os mais altos índi- O que é racismo estrutural?
ces de mortalidade por homicídios. Além disso, é a população que apresenta Racismo estrutural é o conceito
as menores taxas de representação política e de ocupação em cargos geren- que indica que a sociedade é
composta fundamentalmente de
ciais. O movimento negro se organiza para combater esse racismo estrutural
instituições e comportamentos
por meio da valorização da cultura afro-brasileira e da reivindicação de ações que reforçam a subjugação dos
afirmativas que possibilitem maior acesso dessa população à educação e ao negros pela população branca.
trabalho digno.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
USO DA HASHTAG #BLACKLIVESMATTER EM REDE SOCIAL ENTRE JANEIRO DE 2013 E MAIO DE 2018
1 000 000
16 de junho de 2017
Policial acusado 18 de março de 2018
800 000 13 de julho de 2013 de matar o jovem O jovem negro Stephon
George Zimmerman negro Philando Clark é baleado e
é absolvido pela 17 de julho de 2014 Castile é absolvido. morto por policiais de
600 000 morte de Trayvon Sacramento, no estado
O jovem negro
Martin. Eric Garner da Califórnia.
400 000 morre sob
custódia policial.
200 000
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Time Inc.
Conforme os protestos de 2020 motivados pela morte de George Floyd
foram se alastrando e tomando maiores proporções nas ruas e redes sociais
digitais, a mídia tradicional (rádio, televisão, jornal, revista etc.) passou a
dedicar espaço considerável à cobertura e discussão do racismo. Observe,
ao lado, um exemplar da revista Time, publicação estadunidense de grande
circulação no país. A foto da capa é de um protesto que ocorreu na cidade
de Baltimore, nos Estados Unidos, contra a violência policial.
O contexto estudado mostra a influência das redes sociais digitais nas
mídias tradicionais e vice-versa. Agora, você vai comparar a maneira com
que um mesmo assunto é tratado nas redes sociais digitais e em veículos
da mídia tradicional. Para isso, reúnam-se em grupos e sigam as etapas.
Etapa 1
•• Escolham uma rede social digital – pode ser a mais usada entre os
membros do grupo – e investiguem quais foram os assuntos mais co- Capa da revista estadunidense Time,
publicada em 22 de junho de 2020,
mentados nela durante o dia. com a manchete “O despertar tão
aguardado”.
Etapa 2
•• Selecionem um post da rede social e investiguem como o assunto ali discutido foi aborda-
do por uma mídia tradicional.
•• Respondam aos seguintes questionamentos:
a) Quais são os nomes da rede social e do veículo de mídia tradicional selecionados?
b) Quais recursos textuais, auditivos e visuais foram utilizados por cada um?
c) Quais foram as formas de expressão de cada um desses recursos utilizados? Por exem-
plo, seMATERIAL
for um textoDEescrito,
DIVULGAÇÃO
indique se há trechos em diferentes cores ou sublinhados.
Se for umDAvídeo,
EDITORA
repareDO
naBRASIL
posição do enunciador (sentado, de pé, se permanece parado
ou não) e verifique se ele interage com recursos visuais e com outras pessoas. Se for um
áudio, preste atenção na entonação.
d) Quem são os autores desses itens (jornalistas, influenciadores digitais, conhecidos etc.)?
e) Vocês acham que compreenderam com clareza o que os autores desejaram comunicar?
f) Qual nível de credibilidade cada um desses itens transmite?
g) Vocês concordam ou discordam do ponto de vista expresso em cada um dos itens?
Etapa 3
•• Por fim, preparem uma apresentação oral para a turma. Nessa apresentação vocês devem
indicar qual foi o assunto selecionado, bem como as semelhanças e diferenças encontra-
das nas mídias analisadas.
CONCLUSÃO
Após a apresentação de todos os grupos, organizem uma roda e discutam como foi a
experiência de fazer essa comparação, compartilhando quais foram os métodos e ferra-
mentas utilizados para investigar cada uma das mídias e se houve identificação pessoal
com alguma abordagem em particular.
Ricardo Bastos/Fotoarena
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
•• Qual é a relação entre desigualdade e liberdade feita por Marx e Engels nesse trecho?
Quando falamos de direito à existência digna, à voz, estamos falando de locus social, de como
esse lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência. Absolutamente não tem a ver
com uma visão essencialista de que somente o negro pode falar sobre racismo, por exemplo.
E, mesmo sobre indivíduos do mesmo grupo, [a socióloga estadunidense Patricia Hill] Collins
salienta que ocupar localização comum em relações de poder hierárquicas não implica em se
ter as mesmas experiências, porque a autora não nega a dimensão individual. Todavia, aponta
para o fato de que justamente por ocuparem a mesma localização social, esses indivíduos
igualmente compartilham experiências nessas relações de poder. E seriam essas experiências
comuns aos objetos de análise.
[...] MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
O lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém, o lugar
DA EDITORA DO BRASIL
que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas. [...] Com
isso, pretende-se também refutar uma pretensa universalidade. Ao promover uma multiplici-
dade de vozes o que se quer, acima de tudo, é quebrar com o discurso autorizado e único, que
se pretende universal. Busca-se aqui, sobretudo, lutar para romper com o regime de autoriza-
ção discursiva.
[...]
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? São Paulo: Pólen, 2019. E-book.
Rua no centro do Rio de Janeiro, RJ, após reforma urbana, c. 1910. Do lado esquerdo da foto, é possível observar o Theatro Municipal.
Fotografia de Marc Ferrez.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL Morro da
Providência, Rio
de Janeiro, RJ,
c. 1920.
Construções demolidas durante os trabalhos de pavimentação na Avenida Central. Rio de Janeiro, RJ, 1905.
Fotografia de Augusto Malta.
Acervo Iconographia
deu um grupo de estudantes que se manifes-
tavam contra a vacinação. O grupo recebeu
apoio de outros setores da população, e o movi-
mento em poucos dias ganhou proporções
gigantescas, forçando o presidente a mobilizar
as tropas para conter os revoltosos. Opositores
de Rodrigues Alves tentaram usar o movimento
para alavancar um golpe de Estado, mobilizando
os cadetes da escola militar contra as forças
governistas, mas acabaram fracassando. No
dia 16 de novembro, foi decretado estado de
sítio, a revolta foi contida e a obrigatoriedade
da vacinação foi revogada. Barricada erguida por moradores do bairro da Gamboa durante a
Revolta da Vacina. Rio de Janeiro, RJ, 1904.
Leônidas Freire. Guerra à vacina obrigatória, charge publicada na revista O Malho, em outubro de
1904.
COBERTURA VACINAL
A imunização de doenças pela técnica da vacinação é feita por meio da inoculação de
um preparo biológico elaborado com base em formas enfraquecidas ou partes do micror-
ganismo causador da doença. A vacina estimula o sistema imunológico do ser humano,
que, caso seja exposto a esse microrganismo, será capaz de reconhecê-lo e destruí-lo.
Técnicas de imunização têm sido desenvolvidas há séculos. Há mais de mil anos, povos
orientais já utilizavam a variolização, que consiste em expor propositalmente a pessoa ao
vírus da varíola com a finalidade de imunizá-la. Umas das técnicas mais comuns desse
processo era inserir uma agulha na ferida de um indivíduo doente e depois aplicá-la em
pessoas saudáveis.
No século XVIII essa técnica se popularizou no Ocidente, até o desenvolvimento da
vacina contra a varíola, pelo médico inglês Edward Jenner (1749-1823), no final do mesmo
século. Ele verificou que ordenhadores ficaram imunes à varíola, em meio a um surto da
doença, porque as vacas que ordenhavam estavam contaminadas com um vírus seme-
lhante, mas não fatal. Assim, constatou que o indivíduo que tivesse contato com vírus da
Placa que representa
o episódio da vaca tornava-se imune ao vírus da varíola. Da expressão em latim Variolae vaccinae (“varíola
descoberta de um da vaca”) surgiu mais tarde o termo vacina. Desde então, cientistas têm desenvolvido vaci-
vírus em vacas nas para diversas doenças, como difteria, tétano, coqueluche, tuberculose, febre amarela,
semelhante ao da
varíola, séc. XVIII. poliomielite, sarampo, hepatite, entre outras.
Vidrado cerâmico
(autor desconhecido).
A vacina foi introduzida no Brasil, em 1804, pelo Marechal Felisberto Caldeira Brant
(1772-1842), mais conhecido como Marquês de Barbacena, que havia
trazido a técnica de Portugal. Mas foi somente no início do século XX,
sob o comando do médico sanitarista Oswaldo Cruz, que teve início
Coleção particular. Fotografia:
Bridgeman Images/Easypix
Ricardo Moraes/Reuters/Fotoarena
etirada de
R Produção de
embriões de ovos vacina contra
para a produção da febre amarela
vacina contra febre na Fundação
amarela em 1943. Oswaldo Cruz,
Fotografia de Silvio Rio de Janeiro,
Cunha. RJ, 2017.
ATIVIDADES
1. Pesquise na internet características e resultados das quatro estratégias das políticas
públicas de saúde para vacinação (vacinação de rotina, dias nacionais de vacinação,
campanhas periódicas e vigilância epidemiológica) e descreva-as.
2. Visite o site do Ministério da Saúde, disponível em: www.saude.gov.br/saude-de-a-z/
vacinacao (acesso em: 2 jun. 2020), e pesquise grupos e faixas etárias que são contem-
plados pelo programa de vacinação no Brasil.
3. Observe na tabela a seguir dados da cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil
entre 2010 e 2019. Depois, responda às questões.
a) Qual foi o ano com o maior número de doses aplicadas de vacinas contra poliomie-
lite? E qual foi o ano com o menor número?
b) O que esses números podem significar para a saúde pública no Brasil?
c) Que fatores podem dificultar a ampla cobertura vacinal no país?
d) Proponha uma solução para um dos fatores citados no item anterior.
Em 1915, como parte de uma série de medidas higienistas, o então governador do Ceará
Benjamin Liberato (1859-1933) mandou construir um campo, na zona oeste da capital, que abri-
gasse esses migrantes e os impedissem de chegar e se instalar em Fortaleza. Conhecido como
MATERIAL
Alagadiço,DE DIVULGAÇÃO
o campo operou durante todo o ano de 1915, sendo fechado em dezembro.
DA Mais
EDITORA
tarde,DO
emBRASIL
1932, a região foi castigada com uma seca intensa e o governo do Estado
do Ceará retornou à política de criação de campos para deter as migrações do interior para a
capital. Dessa vez foram criados sete campos, instalados nas proximidades de linhas de trem.
Os migrantes que se dirigiam a Fortaleza eram interceptados nas estações e encaminhados
aos campos, com a promessa de trabalho, comida e moradia. Geralmente, nas proximidades
dos campos havia alguma construção que demandava mão de obra.
O índice de mortalidade nos campos de concentração era alto, por causa da fome ou de
doenças contraídas em função das más condições sanitárias. Existem poucos registros e
pesquisas sobre esses campos, mas estima-se que cerca de 90 mil pessoas tenham morado
neles entre 1932 e 1933. Destas, algumas milhares morreram.
O munícipio de Senador Pompeu, no Ceará, é importante para a memória desses campos
no Nordeste, pois é o único local onde ainda se encontram vestígios materiais desses assen-
tamentos. O município abriga o prédio da administração de uma companhia inglesa que se
utilizava do trabalho dos migrantes cerceados nesses campos. Das janelas desse prédio, eram
entregues porções de comida aos trabalhadores na forma de punhados de farinha, rapadura,
sal, café e, eventualmente, algumas bolachas. Os migrantes que viviam nesses campos geral-
mente vestiam roupas feitas de saco de farinha, tinham os cabelos raspados e não dispunham
de condições de se higienizar.
Ruínas da sede da companhia inglesa que explorava o trabalho dos migrantes no campo de Senador Pompeu,
CE, 2019.
O quinze
O primeiro romance da escritora cearense Rachel de Queiroz (1910-2015), intitulado O quinze, foi publicado em
1930. Nessa obra, Queiroz conta a história de uma família que, em 1915, decide migrar para Fortaleza fugindo da se-
ca que afligia sua região. Em determinado momento de sua jornada rumo à capital, a família é levada para um campo
de migrantes. Conheça um trecho da obra:
A Constituição de 1967, aprovada durante a ditadura, trouxe duas alterações que mudariam
o rumo da política educacional brasileira.
Primeiro, desobrigou o investimento público mínimo no setor.
No governo anterior, de João Goulart, a legislação previa que a União tinha de investir pelo
menos 12% do PIB em educação. Além disso, obrigava Estados e municípios a alocarem 20% do
orçamento na área de educação.
Em 1970, esse percentual foi para 7,6% do PIB, caiu para 4,31% em 1975, se recuperou um
pouco e atingiu 5% em 1978.
Segundo, os militares abriram o ensino para a iniciativa privada, principalmente no ensino
superior.
[...]
Especialistas em educação tendem a atribuir a piora em serviços públicos em várias partes
do mundo a medidas que incentivam a migração da classe média para a rede privada, deixando
a rede pública desprovida da pressão política por melhorias tradicionalmente feita pela classe
média escolarizada e ciente de seus direitos.
BARRUCHO, Luis. 50 anos do AI-5: Os números por trás do “milagre econômico” da ditadura no Brasil. BBC News
Brasil, 13 dez. 2018. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/brasil-45960213. Acesso em: 18 jul. 2020.
Coleção particular
MATERIAL
tentava impedir DE DIVULGAÇÃO
a manifestação e a organização dos traba-
DA EDITORA
lhadores nos sindicatos, DO BRASIL
assim como buscava divulgar, por
meio de propagandas, os aparentes benefícios do “milagre
econômico”. A repressão e o cerceamento das liberdades de
expressão e organização foram métodos que sustentaram
essa política econômica durante o regime.
Durante o período do “milagre econômico”, na década
de 1970, cerca de 10 milhões de pessoas migraram do
campo para a cidade. A combinação do grande influxo de
pessoas em busca de empregos nas indústrias com o arro-
cho salarial e o aprofundamento das desigualdades sociais
impulsionou a expansão das áreas de periferia, locais caren-
tes de políticas públicas e da atenção do Estado.
1. Em novembro de 1918, a Revolta da Vacina foi contida, porém, de acordo com o his-
toriador brasileiro Nicolau Sevcenko (1952-2014), o fim da revolta não acabou com a
perseguição policial voltada à população dos morros:
Um dos aspectos que mais chamam a atenção no contexto da Revolta da Vacina é o caráter
particularmente drástico, embora muito significativo, da repressão que ela desencadeou sobre
as vastas camadas indigentes da população da cidade.
[...]
Essa repressão brutal e indiscriminada não se restringiu aos dias que se sucederam ime-
diatamente ao término do motim. Segundo denúncia de Barbosa Lima na Câmara, ela se ar-
rastou tragicamente “por dias, por meses”. [...]
A violência policial se distingue não só pela sua intensidade e amplitude, mas sobretudo pelo
seu caráter difuso. Não importava definir culpas, investigar suspeitas ou conduzir os acusados aos
tribunais. O objetivo parecia ser mais amplo: eliminar da cidade todo o excedente humano poten-
cialmente turbulento, fator permanente de desassossego para as autoridades. [...]
SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2018. E-book.
1958
https://www.geoportal.com.br/memoriapaulista/
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
2020
Paraisópolis, localizada na
periferia de São Paulo, SP.
3. Nesta unidade, você estudou a reforma urbana realizada no Rio de Janeiro no começo
do século XX. Faça, agora, uma pesquisa na biblioteca da escola e na internet sobre
reformas urbanas no século XX em outras cidades do país, como Manaus, Belém,
Porto Alegre, Curitiba e Recife. Para isso, escolha uma cidade e procure responder às
seguintes perguntas:
a) Qual era o projeto de reforma urbana e quem foram seus idealizadores?
Pensamento computacional
4. O tombamento do prédio da Companhia Inglesa, em Senador Pompeu, em 2019, foi uma
forma de preservar a memória dos campos de migrantes que existiam em Fortaleza nas
primeiras décadas do século XX. O prédio é o único vestígio material desse momento da
história da cidade e dessas pessoas.
Reúna-se com quatro colegas para selecionar um elemento material ou imaterial que
vocês desejam preservar/tombar na cidade onde vivem. Para isso, vocês vão decompor
o problema, ou seja, dividir essa tarefa em partes menores, construindo soluções espe-
cíficas para cada uma dessas partes por meio de algoritmos, processos que descrevem
a solução detalhada de um problema ou tarefa passo a passo.
Para resolver esse problema, vocês vão precisar:
•• fazer um levantamento de bens materiais e imateriais da cidade onde vivem e que
tenham relevância para vocês;
•• estabelecer critérios para a seleção de um desses elementos;
•• selecionar um elemento.
Veja o passo a passo de cada um desses itens:
Etapa 1: Levantamento
•• Cada membro do grupo deve citar um bem material e um bem imaterial da cidade que
julgue importantes para a história/memória do local.
•• Um dos membros do grupo anota cada um dos elementos citados em uma folha de
papel sulfite.
•• Embaixo de cada elemento, o grupo deve citar e registrar duas razões da importância
MATERIAL
dele para DE DIVULGAÇÃO
a cidade.
DA EDITORA DO BRASIL
Etapa 2: Estabelecimento de critérios
•• Façam uma lista de itens que o elemento deve cumprir para ser selecionado. Por
exemplo:
— Não é tombado.
— Representa a memória de um grupo marginalizado na história da cidade.
— Possui valor artístico e/ou arquitetônico.
— Precisa da proteção do tombamento para se manter preservado.
•• Para chegar a essa lista, consultem o site do Iphan, disponível em http://portal.iphan.
gov.br/pagina/detalhes/126 (acesso em: 8 jun. 2020), para entender as diferentes
categorias de tombamento e os detalhes desse processo.
Etapa 3: Seleção
•• Com a lista de critérios e o levantamento de bens em mãos, o grupo deve verificar quais
dos elementos atende ao maior número de critérios.
•• Em caso de empate, o grupo pode dar peso aos diferentes critérios da lista, ou seja,
verificar quais são os mais importantes e, com base nessa classificação, fazer a
seleção.
Capitalismo monopolista
No final do século XIX e início do século XX, grandes corporações passaram a dominar mercados utilizando-se de
artifícios desleais ao livre mercado, quebrando a livre concorrência e impedindo que pequenas empresas tivessem
chance de competir com seus produtos. Tratava-se de ações do capitalismo monopolista, o qual pode atuar nas seguin-
tes configurações:
• Trustes: acontece quando duas empresas, do mesmo ramo de atividade ou de áreas diferentes, unem-se para
dominar o mercado. Elas formam uma única companhia e adquirem pequenas empresas, exercendo controle total
do mercado. Além de diminuírem a concorrência, essas empresas também buscam expandir seus mercados para
novas atividades.
• Cartéis: são uniões secretas entre empresas do mesmo ramo de atividades que, juntas, decidem os preços de venda
de seus produtos a fim de assegurar seus lucros, sem que haja concorrência real entre elas. As empresas que não
fazem parte desse cartel ficam impossibilitadas de concorrer com seus produtos no mercado.
• Holdings: MATERIAL
se dá quandoDE DIVULGAÇÃO
uma companhia forma um grande conglomerado de empresas de diferentes áreas, com
uma única administração central.
DA EDITORA DO BRASIL
Na década de 1920,
formou-se um dos
primeiros cartéis globais,
em que empresas se
reuniram e decidiram
diminuir a vida útil das
lâmpadas. Na foto, uma
antiga fábrica de
produção de lâmpada.
Brimsdown, Reino Unido,
1932.
Fox Photos/Getty Images
Fotosearch/Getty Images
way of life (“jeito americano de viver”, em português). Esse estilo de vida,
que associava fortemente consumo a felicidade, impelia os estadunidenses
a adquirir o maior número de produtos industrializados possível.
Porém, no final da década de 1920, as economias europeias começaram
a se recuperar e passaram a importar menos produtos dos estadunidenses.
A queda do número de importações criou uma crise de superprodução no
país. Ou seja, havia mais produtos do que compradores no mercado. Com
isso, os preços dos produtos caíram e, para cortar custos da produção, diver-
sas indústrias demitiram grande número de funcionários.
A crise atingiu seu ápice em 24 de outubro de 1929, quando diversos
investidores tentaram vender na Bolsa de Nova York, ao mesmo tempo, ações
de empresas que estavam falindo em razão da queda do consumo. Sem
compradores disponíveis, a Bolsa “quebrou”, anunciando o colapso do libe- Anúncio publicitário, veiculado em
1929, de uma rede de mercearias.
ralismo econômico, pois o Estado teve que intervir na economia para recu- A publicidade era um dos principais
perá-la. A crise causou desemprego em massa, chegando à taxa de 27% de métodos de divulgação do
desempregados nos Estados Unidos. American way of life.
Fila de pessoas aguardando distribuição de pães. Nova York, Estados Unidos, 1930.
Everett Collection/Fotoarena
A realização de obras de infraestrutura para gerar novos empregos foi uma das principais propostas do New Deal.
Na foto, construção de Represa Hoover, entre os estados de Nevada e Arizona, Estados Unidos, 1932.
Portanto, o liberalismo deu lugar ao Estado de Bem-Estar Social, ou seja, uma política em
que o Estado interfere na economia a fim de garantir aos cidadãos o acesso aos bens básicos,
como saúde, educação, cultura e emprego. Tal política se consolidou na Europa com o fim da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), como forma de recuperar a economia desses países
com o fim das perdas causadas pelo conflito.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Na década de 1970, duas crises do petróleo, em 1973 e em 1979, trouxeram novos desafios
DA EDITORA
ao mundo DO BRASIL
capitalista. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aumentou o
preço do barril de petróleo, item essencial à sociedade industrial, por quatro
H. Armstrong Roberts/ClassicStock/Getty Images
Segunda
Filipe Bispo/Fotoarena
marcha contra o
trabalho infantil
em Belém, PA,
2020.
Mapa: Allmaps
PREVALÊNCIA DE PESSOAS RESGATADAS DO
a) Responda de acordo com a leitura do TRABALHO ESCRAVO POR ESTADO (2003-2018)
– 50° O
mapa: quais são os estados com a maior
e a menor quantidade de vítimas resga-
Boa
Vista
RORAIMA AMAPÁ
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sua resposta. Manaus
Belém São Luís
Fortaleza
DA EDITORA
em grupos eDO BRASIL na
RIO GRANDE
b) Reúnam-se
Teresina
pesquisem,
AMAZONAS MARANHÃO DO NORTE
PARÁ CEARÁ Natal
Akg-Images/Album/Fotoarena
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Multidão em frente à Bolsa de Valores de Nova York no dia de sua quebra. Nova York, Estados Unidos, 1929.
Vista de drone da comunidade do Vidigal. Rio de Janeiro, RJ, 2019. Na foto, é possível observar a intensa concentração populacional em
uma área periférica da cidade.
Richard Levine/Alamy/Fotoarena
1 2
[1] Bairro de Bushwick, em Nova York, em 1991. [2] O bairro de Bushwick em 2019.
96,65% 3,35%
Brasileira Estrangeira
A
Nacionalidade A
maior parte
maior parte
dos brasileiros
dos estrangeiros
é nascida no
é originária
estado de
da Venezuela
São Paulo
(38,8%).
(55%).
85,45% 14,55%
Masculino Feminino
Sexo
91,9% 8,1%
Frequentaram Não frequentaram
escolas.MATERIAL DE DIVULGAÇÃO escolas.
A maior
parte dos
DA EDITORA DO BRASIL
Escolaridade
entrevistados
deixou a escola
durante a segunda
metade do Ensino
Fundamental
(23,9%).
0,80% 1,20%
2,35% 1,05% Não respondeu
19,70% Amarela Não sabe
48,85% 26,05% Indígena
Branca Preta
Parda
RESTRIÇÕES À PRESENÇA EM
LOCAIS PÚBLICOS E PRIVADOS*
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Nunca sofreu restrições 67,25%
DA EDITORA DO BRASIL
Restaurante/lanchonete 19,30%
Shopping13,20%
13,00%
Transporte coletivo
Banco 10,50%
Órgãos públicos 7,55%
Equipamentos culturais 6,20%
Serviços de saúde 4,20%
Serviços de assistência social 3,95%
Não sabe 0,45%
Não respondeu 0,45%
* Os entrevistados mencionaram mais de um motivo para essa resposta.
Fonte: PESQUISA amostral do perfil socioeconômico da população em situação de rua – 2019. Disponível em: https://app.powerbi.com/
view?r=eyJrIjoiZDZkOGM2OWQtZmUyMS00MjU5LTljYzQtNTNjY2FmOTc2NDc3IiwidCI6ImE0ZTA2MDVjLWUzOTUtNDZlYS1iMmE4LThlNjE1NGM5MGUwNyJ9.
Acesso em: 7 jun. 2020.
• Com base na leitura dos dados apresentados no infográfico, responda às questões no caderno.
a) Qual é o principal perfil da população em situação de rua do município de São Paulo?
b) Os entrevistados indicam algum impeditivo de circulação no município onde vivem? Justifique sua resposta.
c) Quais propostas você colocaria em prática para gerar inclusão social e econômica das pessoas em situação de rua? Faça
com a turma uma roda de conversa, exponha suas ideias e ouça com atenção as dos colegas.
Em seu texto, o Estatuto preconiza “[...] o uso da propriedade urbana em prol do bem cole-
tivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”. Trata-se,
portanto, da criação de mecanismos legais que viabilizam a gestão democrática dos espaços
urbanos a fim de garantir o cumprimento de princípios constitucionais como a função social
da propriedade privada.
Para além do plano jurídico e administrativo, o direito à cidade envolve princípios de cole-
tividade, de participação e, sobretudo, de apropriação e uso público dos espaços da cidade
na realização da vida cotidiana. A ideia de segregação socioespacial, nas cidades, trata-se,
portanto, da forma como as desigualdades socioeconômicas se materializam no espaço
urbano. Em muitas cidades brasileiras existem espaços que limitam a circulação de deter-
minadas camadas da população, causando segregação socioespacial.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
O filósofo e sociólogo francês Henri Lefebvre
(1901-1991) DA EDITORA
aponta que oDO BRASIL
direito à cidade vai
Edson Grandisoli/Pulsar Imagens
Os “rolezinhos”
Os “rolezinhos” são encontros simultâneos de pessoas, em locais de uma cidade, planejados por meio das
redes sociais. Em 2013 e 2014, diversos jovens, moradores das periferias, organizaram rolezinhos em shopping centers
de bairros centrais e de alto padrão de algumas cidades brasileiras. Essas ações geraram um debate sobre a questão do
direito à cidade e da mobilidade de diferentes classes sociais em determinados espaços e dividiram a opinião pública:
[...]
Recentemente, o fenômeno conhecido como rolezinho ganhou ampla visibilidade nacional e internacional. Trata-
-se de adolescentes das periferias urbanas que se reúnem em grande número para passear, namorar e cantar funk
nos shopping centers de suas cidades. O evento causou apreensão nos frequentadores e, consequentemente, fez com
que alguns proprietários dos estabelecimentos conseguissem o direito na justiça de proibir a realização dos rolezi-
nhos, barrando o acesso dos jovens. [...]
O assunto dos rolezinhos foi o tema mais debatido nas redes sociais e na mídia impressa entre dezembro de 2013
a janeiro de 2014. [...] Ainda que [...] parte tenha apoiado os jovens em seu direito de ir e vir e de se divertir, estima-se
que a maioria da população urbana tenha repudiado o acontecido. Uma pesquisa da época mostrou que 80% dos pau-
listanos desaprovavam os rolezinhos e 72% entendiam que a polícia militar deveria agir para reprimi-los. [...]
[...] No âmbito nacional, [...] os rolezinhos representam uma continuidade de um processo histórico da exclusão
dos grupos populares dos centros urbanos de camadas médias [...]. No âmbito global, os rolezinhos são um produto
da expansão do capitalismo e reproduzem a matriz de significados presente no comportamento de consumo de diver-
sas periferias urbanas do mundo: jovens que veneram marcas globais e que, ao ostentá-las, produzem um contraste
com o contexto social de penúria em que estão inseridos.
[...]
MACHADO-PINHEIRO, Rosana; SCALCO, Lucia Mury. Rolezinhos: marcas, consumo e segregação no Brasil. Revista de Estudos
Culturais, n. 1, 25 jun. 2014. Disponível em: www.revistas.usp.br/revistaec/article/view/98372/97108. Acesso em: 7 jun. 2020.
Jovens organizam-se
Adriano Lima/Brazil Photo Press/AFP
para realizar um
“rolezinho” em
shopping center. São
Paulo, SP, 2014.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
1. Na sua opinião, por que os eventos conhecidos como “rolezinhos” geraram incômodo e desaprovação junto à
parte da população mencionada na matéria?
2. Comente a realização dos “rolezinhos” na perspectiva do direito à cidade.
3. Formem três grupos na sala para a realização de um debate. O grupo A deve se posicionar a favor da prática
dos “rolezinhos” e de outras ações de ocupações/democratização da cidade; o grupo B irá se posicionar contra
a prática dos “rolezinhos” e a favor da proteção de espaços privados; o grupo C, por sua vez, será composto de
membros que vão avaliar os argumentos dos dois lados do debate. Para compor a discussão, cada um dos
grupos deve pesquisar estudos, artigos e dados de fontes confiáveis, como revistas científicas e institutos de
pesquisa reconhecidos.
1. Quais projetos e ações já foram ou podem ser realizados em seu município, ou comuni-
dade, como forma de garantir o direito à cidade aos habitantes?
2. Sua cidade tem características que constituem formas de segregação socioespacial?
De que forma esse processo prejudica a concretização do direito à cidade? Explique sua
resposta.
3. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são 17 propostas feitas pela ONU,
ratificadas por diversos países, que têm o intuito de avançar em questões cruciais, como
a educação, para as gerações atuais e futuras em todo o mundo. O documento Agenda
2030 prevê ações para que esses objetivos sejam alcançados na próxima década.
O Objetivo 11 prevê tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis. Para tanto, estabelece como uma de suas metas:
[...]
11.2 Até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis, susten-
táveis e a preço acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão
dos transportes públicos, com especial atenção para as necessidades das pessoas em situação
de vulnerabilidade, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos.
[...]
ONU. Agenda 2030: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 26 maio 2020.
[...] Residentes da classe alta em condomínios fechados e edifícios associam viver dentro de
uma dessas fortalezas às sensações de liberdade e proteção, sem falar da alta qualidade de vi-
da. [...] Em nenhum desses casos, no entanto, os moradores demonstram algum sentimento
de perda em relação a um tipo mais aberto de residência ou a uma sociabilidade pública mais
diversificada. Viver no isolamento é considerado o melhor; eles estão fazendo o que querem
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
fazer – e daí seu sentimento de liberdade.
[...]
DA EDITORA DO BRASIL
[A pesquisadora] Jane Jacobs é uma das defensoras mais famosas dos valores da vida pú-
blica moderna nas cidades. [...] Onde não existem calçadas e espaços públicos vivos, e quando
os relacionamentos em público começam a se intrometer na vida privada e a requerer a con-
vivência entre vizinhos, a liberdade da cidade está ameaçada; as pessoas tendem a impor cer-
tos estandartes, criando um senso de homogeneidade que leva à insularidade e à separação.
Quando não há vida pública, as alternativas a compartilhar muito podem ser não compartilhar
nada, suspeita e medo dos vizinhos. Em suma, para Jacobs, tanto traçar linhas e fronteiras no
espaço da cidade como estender o privado no público ameaçam os valores básicos de uma boa
vida pública urbana.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crimes, segregação e cidadania em São Paulo.
São Paulo: Editora 34, 2003. p. 291 e 304.
•• Quais são as diferentes perspectivas sobre a relação entre liberdade e espaço urbano
apresentadas no texto?
DATA/LOCAL DA
LINHA DE OBJETO DE
MATERIAL
TEMA DE DIVULGAÇÃO
PESQUISA ESTUDO
PERÍODO LOCAL PRODUÇÃO
CIENTÍFICA
DA EDITORA DO BRASIL
Liberdade Trabalho, Liberdade 1990-2000 Cidade de Estudos realizados
política e nas relações São Paulo no Brasil nos
sociedade de trabalho últimos cinco anos
Agora é sua vez de fazer o estado da arte. Essa prática de pesquisa deverá ser conduzida
em grupos. Prestem atenção nos objetivos e na justificativa apresentados e sigam os pas-
sos de desenvolvimento.
OBJETIVOS
•• Pesquisar estudos que tratam da liberdade.
•• Determinar um recorte para o estado da arte.
•• Mapear e organizar as informações pesquisadas em uma tabela.
•• Compor um texto analisando o mapeamento realizado.
JUSTIFICATIVA
A composição de um estado da arte contribui para o conhecimento de diferentes con-
cepções de liberdade e incentiva a prática da pesquisa científica, aumentando a familiari-
dade com a estrutura e a linguagem de artigos científicos e de bancos de dados.
3. Acessem a(s) base(s) de dados escolhida(s) e façam uma pesquisa com palavras-chaves
que indicam o tema, o autor, o período etc.
4. Leiam o resumo dos trabalhos científicos encontrados e registrem em uma tabela suas
principaisMATERIAL DE DIVULGAÇÃO
características, como título da obra/trabalho, nome do autor, data de publicação
e seus principais pontos de abordagem (área de conhecimento, metodologia, fontes da
DA EDITORA DO BRASIL
pesquisa etc.).
5. Com o mapeamento organizado na tabela, elaborem um texto com uma análise das infor-
mações recolhidas. Nesse texto, vocês devem responder aos seguintes questionamentos:
a) Quais foram os bancos de dados pesquisados?
b) Qual foi a quantidade de resultados em cada um? Esses números variaram ao longo
dos anos de publicação? O que isso significa sobre o interesse despertado pelo tema?
c) Qual é a abordagem mais privilegiada/popular sobre esse tema? E a menos privi-
legiada?
CONCLUSÃO
Cada grupo deve apresentar o texto e o mapeamento para o restante da turma. Poste-
riormente, façam uma discussão em sala de aula abordando não só os resultados, mas as
dificuldades encontradas no processo de pesquisa.
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Com- COMTE-SPONVILLE, André. Apresentação da Filosofia. São
panhia das Letras, 2014. Paulo: Martins Fontes, 2002.
Obra de teoria política em que são contextualizadas as origens de Obra que se autodefine como porta de entrada aos estudos filosófi-
regimes totalitários europeus, como o nazismo e o stalinismo, e cos, trata da abordagem de conceitos como amor, morte e liberdade.
são discutidos seus modos de ação em comum.
CUNHA, Maria Isabel. Os conceitos de espaço, lugar e território
ARISTÓTELES. Política. Brasília, DF: Editora da Universidade
nos processos analíticos da formação dos docentes universitá-
de Brasília, 1985.
rios. Educação Unisinos, São Leopoldo, v. 12, n. 3, 2008. Dispo-
Obra clássica em que o filósofo grego Aristóteles reflete sobre formas
nível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/
de organização política adequadas ao bem-viver da comunidade.
view/5324. Acesso em: 22 jul. 2020.
BITTENCOURT, Circe (org.). Dicionário de datas da história do Artigo que debate os espaços de formação de professores uni-
Brasil. São Paulo: Contexto, 2012. E-book. versitários, refletindo sobre conceitos-chave como lugar e ter-
Obra que reúne informações sobre diferentes datas de relevância ritório.
na história do Brasil, entre elas a da Guerra dos Bárbaros, entre
indígenas e colonizadores, em 1699. D’AMBROSIO, Ubiratan. Sociedade, cultura, matemática e seu
ensino. Educação e Pesquisa – Revista da Faculdade de Edu-
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. cação da USP, São Paulo, v. 31, n. 1, 2005.
Obra com os principais artigos do autor, que foram escritos ao lon- Artigo que apresenta os fundamentos da etnomatemática como
go de muitos anos, relacionados à temática dos direitos humanos programa de educação multidisciplinar, articulando conhecimen-
no contexto da democracia e da paz. O livro auxilia no entendimen- tos práticos, populares e úteis para a sociedade, unindo Antropo-
to dos desafios enfrentados na obtenção e manutenção de direitos. logia e Matemática.
BORON, Atilio (org.). Filosofia política moderna: de Hobbes a DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT, Jean le Rond. Verbetes políticos
Marx. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias So-
da Enciclopédia. São Paulo: Discurso Editorial/Unesp, 2006.
ciales – CLACSO; São Paulo: Depto. de Ciência Política –
Obra que faz uma seleção e tradução dos verbetes do Dicionário
FFLCH – Universidade de São Paulo, 2006. das ciências, das artes e dos ofícios (ou A Enciclopédia), publica-
Obra que reúne artigos de diversos estudiosos, como Renato Ja- do pela primeira vez no século XVIII.
nine Ribeiro e Marilena Chaui, sobre conceitos e questões do pen-
samento filosófico moderno.
FAZITO, Dimitri. A identidade cigana e o efeito de “nomeação”:
BRAGA, Rhalf M. O espaço geográfico: um esforço de defini- deslocamento das representações numa teia de discursos mi-
ção. GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, v. 11, n. 2, 2007. tológico-científicos e práticas sociais. Revista de Antropologia,
Disponível em: http://www.revistas.usp.br/geousp/article/ São Paulo, v. 49, n. 2, 2006. Disponível em: www.scielo.br/scie-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
view/74066. Acesso em: 19 maio 2020. lo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77012006000200007.
Acesso em: 22 jul. 2020.
Artigo que discute as diferentes tentativas de definir o conceito
DA EDITORA DO BRASIL
de espaço geográfico. Artigo que discute as formas de manutenção da identidade ciga-
na em diferentes espaços e dinâmicas.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História.
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 maio 2020. Lisboa: Plátano, 1976.
Lei fundamental e suprema da democracia brasileira, que está Obra que apresenta uma coletânea de textos e documentos con-
em vigor desde setembro de 1988. siderados fundamentais para o entendimento da história ocidental.
BRASIL. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Ci-
GILSON, Étienne. A filosofia na Idade Média. São Paulo: Mar-
dade. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
tins Fontes, 1995.
leis_2001/l10257.htm. Acesso em: 26 maio 2020.
Obra que discute diferentes escolas de pensamento filosófico que
Lei que determina diretrizes para a política urbana.
se constituíram durante a Idade Média.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Bá-
sica. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e o Iluminismo. São
Brasília, DF: MEC/SEB, 2018. Paulo: Contexto, 2003.
Documento de referência obrigatória para a formulação de pro- Obra que debate a relação intrínseca entre o Iluminismo e a Re-
postas pedagógicas e currículos escolares em todas as institui- volução Francesa, considerando a revolução como mais uma eta-
ções de ensino do Brasil. pa de construção das ideias iluministas.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crimes, segre- HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolu-
gação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34, 2003. ção urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
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Não
Não escreva
escreva no
no livro.
livro. 157
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Obra que debate os acontecimentos políticos, econômicos, sociais
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Artigo que trata das contradições do discurso da globalização em
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por ela.
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Artigo que debate a relação entre cidadania e o direito à cidade.
Obra que faz uma análise crítica do capitalismo por meio do en-
tendimento de seus funcionamentos e contradições, conceituan-
KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. São
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Paulo: Contexto, 2003.
Obra que trata da história da formação dos Estados Unidos, da ; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. Rio de Ja-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
pré-colonização europeia até sua independência em 1776. neiro: Paz & Terra, 2013.
Tratado político que apresenta os principais pontos do programa
DA EDITORA
LARAIA, Roque. Cultura: DO BRASIL
um conceito antropológico. Rio de da Liga dos Comunistas, promovendo a união dos trabalhadores
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008. e a tomada dos meios de produção.
Obra que traz uma discussão introdutória sobre o conceito de cultura.
MÉSZÁROS, István. A obra de Sartre: busca da liberdade. São
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro Edi- Paulo: Ensaio, 1991.
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Obra que faz uma reflexão sobre problemas e questões urbanís- rias de atuação (militância, dramaturgia, filosofia).
ticas, e como políticas públicas podem abordá-los.
MILL, John Stuart. Sobre a liberdade. Rio de Janeiro: Nova
LEVINAS, Emmanuel. Entre nós: ensaios sobre a alteridade. Fronteira, 2011. E-book.
Petrópolis: Vozes, 2004. Obra clássica, publicada pela primeira vez em 1859, que trata do
Obra que apresenta reflexões filosóficas sobre o princípio da alterida- conceito de liberdade a partir de uma perspectiva de valorização
de, abordando a complexidade da relação do ser humano com o outro. da individualidade.
LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Mar- NAY, Olivier. História das ideias políticas. Petrópolis:
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Obra clássica da filosofia política em que se teoriza que o funcio- Obra que trata da formação do pensamento ocidental por meio
namento da sociedade é baseado no direito natural e no estabe- de uma análise dos seus principais debates jurídicos e políticos.
lecimento de um contrato social.
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Obra que debate as noções de liberdade no século XIX, sobretu- Relatório que apresenta dados sobre as movimentações e moti-
do na sociedade brasileira do período. vações das migrações em todo o mundo.