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xxxx, xxxxxxxxxxxx
xxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. –
Recife: UPE/NEAD, 2011
60 p.
ISBN -
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxx
REITOR
Vice-Reitor
Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque
Pró-Reitor Administrativo
Prof. José Thomaz Medeiros Correia
Pró-Reitor de Planejamento
Prof. Béda Barkokébas Jr.
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Rafael Efrem
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Rodrigo Sotero
Coordenação de Suporte
Afonso Bione
Prof. Jáuvaro Carneiro Leão
Edição 2009
Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares
Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
Recife / PE - CEP. 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Profª. Nadjane Coelho de Alencar Carga Horária | 60 horas
Ementa
Antecedentes históricos e perspectivas atuais da
educação de alunos com necessidades especiais.
Abrangência e pressupostos legais da educação in-
clusiva. Taxionomia das necessidades educacionais
especiais. Os serviços de apoio pedagógico especial-
izado. A prática pedagógica – currículo, metodolo-
gia e avaliação – no contexto da educação inclusiva.
A formação do professor e a educação inclusiva.
Objetivo geral
Propiciar aos discentes conhecimentos específicos
sobre a educação das pessoas com necessidades
educacionais especiais, nas dimensões sociocultur-
al, política, normativa e pedagógica, focalizando
o processo de inclusão como garantia da cidada-
nia, do acesso e da permanência desses sujeitos no
sistema regular de ensino.
Apresentação da disciplina
A Educação Inclusiva é uma prática inovadora que enfatiza a qualidade de ensino para todos os
alunos. É um “novo paradigma” que desafia a escola a reorganizar suas estruturas de ensino para
o acesso e sucesso de todos os alunos, e exige da comunidade educativa uma postura de respeito
e de tolerância frente à diversidade humana.
Iniciaremos o nosso estudo sobre essa proposta por meio do desenvolvimento histórico da educa-
ção de alunos com necessidades especiais, desde os primórdios até o momento atual de inclusão.
Também analisaremos os preceitos legais que embasam o paradigma da inclusão e as diversas
terminologias que foram utilizadas para nomear as pessoas com deficiência. Ainda veremos como
devemos nomeá-las, com base na opção que elas próprias querem ser tratadas, por ser este um
dos seus direitos.
capítulo 1 5
É um desafio para o professor educar conside-
rando a diversidade da sala de aula! Sabemos
que a inclusão envolve uma necessidade maior
de se pensar a respeito do próprio fazer ped-
agógico, pois exige que se revejam jeitos e for-
mas de ensinar. Aprofundaremos esses temas
estudando os serviços de apoio pedagógico
especializado e a prática pedagógica – currí-
culo, metodologia e avaliação – no contexto
da educação inclusiva. Com esta disciplina,
você é convidado a refletir sobre essas e outras
questões.
SUCESSO!
6 capítulo 1
HISTÓRIA,
NECESSIDADES
EDUCACIONAIS
ESPECIAIS
E EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, vamos fazer um rastreamento histórico da educação de alunos com necessidades
educacionais especiais, resgatando os diferentes momentos vivenciados e compreendendo os
fatos que influenciaram as conquistas alcançadas por esses indivíduos na prática do cotidiano es-
colar, desde os primórdios da história, com a eliminação ou o abandono, passando pela prática da
caridade na Idade Média, a visão da deficiência como uma doença, o processo de normalização,
integração e inclusão.
Conhecer essa história é importante para o pedagogo, na medida em que se trata de manifesta-
ções da sociedade que se refletem na escola, objeto e local de estudo desse profissional.
Veremos que a Educação Inclusiva não é um modismo. Ela é fruto de um contexto histórico que
resgata a educação como lugar do exercício da cidadania e da garantia de direitos; haja vista que
as escolas estavam ferindo esses direitos mediante os altos índices de exclusão escolar, principal-
mente dos mais pobres e das pessoas com necessidades educacionais especiais.
capítulo 1 7
não merecendo, portanto, permanecerem vi-
vas, pois não contribuiriam para a sociedade
e dariam muito trabalho. Elas eram eliminadas
por abandono ou atiradas em abismos.
1. HISTÓRIA
No decorrer da história da humanidade, fo-
ram diversas as atitudes assumidas pela socie-
dade em relação às pessoas com deficiência,
tais posturas foram mudando de acordo com
os fatores econômicos, culturais, filosóficos e
científicos.
Fig.1 - Pessoa com deficiência física
fazendo oferenda.
Não há indícios de como os primeiros grupos
humanos na terra se comportavam em relação
às pessoas com deficiência. Tudo indica que No entanto, a sociedade egípcia agia diferen-
essas pessoas não sobreviviam ao hostil am- te. Evidências arqueológicas mostram que no
biente da terra. Egito Antigo a pessoa com deficiência integra-
va-se nas diferentes e hierarquizadas classes
Na Pré-história, as tribos se formaram e com sociais. Os papiros, contendo ensinamentos
elas a preocupação em manter a segurança e morais, ressaltam a necessidade de se respeitar
a saúde dos integrantes do grupo para a so- as pessoas com nanismo e outras deficiências.
brevivência. Os estudiosos concluem que a so-
brevivência de uma pessoa com deficiência era Foi no Império Romano que surgiu o cristianis-
impossível porque essas pessoas representa- mo. A nova doutrina voltava-se para a carida-
vam um fardo para o grupo. Só os mais fortes de e o amor entre as pessoas. Nesse período,
sobreviviam. surgiram os primeiros hospitais de caridade,
abrigando indigentes e pessoas com deficiên-
Com a formação das primeiras civilizações, as cia.
pessoas com deficiência são deixadas à mar-
gem, totalmente negligenciadas pela maio- Na era cristã, o tratamento variava segundo
ria das comunidades. Os “defeituosos”1 são as concepções de caridade ou castigo, predo-
abandonados, perseguidos e eliminados por minantes na comunidade em que o deficiente
causa das suas condições atípicas, e a socieda- estava inserido.
de legitimava essas ações como normais.
Durante a Idade Média, já sob a influência do
Leis romanas autorizavam os patriarcas a ma- Cristianismo, as pessoas defeituosas ou “men-
tarem seus filhos “defeituosos”, ocorrendo o talmente afetadas” já não podiam ser mais
mesmo fato em Esparta, na Grécia, onde eram exterminadas, pois também eram criaturas de
cultivados os ideais da estética corporal. As pes- Deus. Elas eram largadas à própria sorte, de-
soas defeituosas ou com “fragilidade” contra- pendendo da boa vontade e da caridade huma-
riavam e frustravam as expectativas e as neces- na. A deficiência era considerada um déficit e as
sidades de toda a comunidade, porque eram pessoas com deficiência eram dignas de pena
estranhas ao padrão de normalidade instituído, por serem vítimas da própria incapacidade. A
literatura da época colocava os anões e os cor-
1 Os termos destacados neste capítulo eram os utilizados para nome-
ar as pessoas com deficiência na época citada.
cundas como diversão para os mais abastados.
8 capítulo 1
Na era Moderna, inicia-se o interesse da ciên-
cia, em particular a medicina, pelas pessoas
com deficiência. Apesar da manutenção do
atendimento segregativo, há uma preocupa-
ção com a educação, ainda que continue a
visão patológica do indivíduo com deficiência.
Fig.2 - Alfabeto manual apresentado por Bonet no seu livro Redação das Letras e Arte de Ensinar os Mudos a Falar.
capítulo 1 9
No início do século XIX, começou o atendimen-
to educacional aos “débeis” ou “deficientes Fig.3 - Instituto Benjamin Constant
10 capítulo 1
com “retardamento mental”, na qual utilizou
as suas técnicas de ensino, enfatizando a “au-
toeducação” pelo uso de material didático que
incluía blocos, encaixes, recortes, objetos colo-
ridos, letras em relevo e outros.
Saiba Mais:
Para saber mais acesse:
www.ordemlivre.org/node/476
capítulo 1 11
A prática da integração social no cenário mun-
dial teve seu maior impulso a partir dos anos
80, reflexo dos movimentos de luta pelos di-
reitos dos deficientes. No Brasil, essa década
representou também um tempo marcado por
muitas lutas sociais empreendidas pela popu-
lação marginalizada.
Fig.5
12 capítulo 1
A Conferência Mundial de Educação para To-
dos foi secundada e fortalecida no que se re-
fere aos direitos das pessoas com deficiência
pela Declaração de Salamanca 3 (1994).
capítulo 1 13
COMO EFETIVAR A EDUCAÇÃO INCLUSIVA?
QUE PRINCÍPIOS ORIENTAM ESSE PARADIGMA?
14 capítulo 1
lizados, efetivando o apoio aos alunos com
necessidades educacionais especiais.
capítulo 1 15
Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
16 capítulo 1
______. Diretrizes nacionais para a educa-
ção especial na educação básica. Brasília:
MEC:SEESP, 2001.
Figuras 1e 2 - http://www.ampid.org.br/Arti-
gos/PD_Historia.php
Figura 3 - http://www.flickr.com/pho-
tos/11359694@N08/2287587327/
Figura 4 -http://www.ines.gov.br/Paginas/his-
torico.asp
Figura 5 - http://tecnologia-juliana.blogspot.
com/2010/06/aula-de-educacao-especial_30.
html
Figura 6 - http://br.groups.yahoo.com/group/
foruminclusao/
capítulo 1 17
ABRANGÊNCIA E
PRESSUPOSTOS
LEGAIS DA
EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
INTRODUÇÃO
A década de 90 foi marcada pelo início dos movimentos internacionais para a construção de siste-
mas educacionais inclusivos, na busca da garantia do acesso de todos à escola, respeitando-se as
peculiaridades de cada um.
Neste capítulo, veremos os pressupostos legais que embasam a Educação Inclusiva, como a Con-
ferência Mundial de Educação para Todos, ocorrida em Jomtien, na Tailândia, em 1990 - que é
o marco desse paradigma, haja vista tinha como objetivo satisfazer as necessidades básicas de
aprendizagem de cada pessoa; a Declaração de Salamanca (1994) que secundou e fortaleceu a
Conferência Mundial no que se refere aos direitos das pessoas com deficiência; bem como leis,
decretos, diretrizes e políticas nacionais que almejam a inclusão.
Analisaremos ainda a terminologia utilizada para com as pessoas com deficiência, pois a con-
strução de uma educação inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem, que pode
expressar o respeito ou a discriminação em relação a esses sujeitos e identificaremos quem são os
alunos com necessidades educacionais especiais no contexto da educação inclusiva.
Pronto para mais uma etapa de nosso estudo?! Disposição e ânimo farão a diferença neste pro-
cesso. Coragem!
capítulo 2 19
As escolas devem acolher todas as crianças, inde-
pendentemente de suas condições físicas, intelec-
tuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras.
Devem acolher crianças com deficiência e crianças
bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que
trabalham; crianças de populações distantes ou
nômades; crianças de minorias lingüísticas, étni-
cas ou culturais e crianças de outros grupos ou zo-
nas desfavorecidas ou marginalizadas (p. 17-18).
20 capítulo 2
Os Parâmetros Curricu-
lares Nacionais, P.C.N.,
publicados em 1998,
vieram nortear e orien-
tar os profissionais da
Educação quanto à re-
lação professor e aluno,
no desenvolvimento de
um processo de ensino
e aprendizagem eficaz e
significativo.
Figura 1: Capa
Como passo subsequen-
Adaptações Curriculares
te a essa coletânea, o
MEC/SEESP1 publicou os P.C.Ns. - Adaptações
Curriculares em Ação, objetivando fortalecer o
suporte técnico-científico aos profissionais da A Lei 10.172/2001, que instituiu o Plano Na-
Educação de maneira geral. cional de Educação até 2010, ganha desta-
que quando assinala que o grande avanço a
Em 1999, o Decreto 3.298 regulamenta a Lei nº ser produzido na década da educação será a
7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para construção de uma escola inclusiva, de modo
a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, a garantir o atendimento à diversidade huma-
em que define a educação especial como moda- na. Embora ainda existam desafios nesse cam-
lidade transversal aos níveis e às modalidades de po, avanços podem ser registrados. É o que
ensino e, contraditoriamente, no seu artigo 24, demonstra o Censo Escolar/2009 acerca do
condiciona a matrícula compulsória na rede regu- ingresso dos educandos, público-alvo da edu-
lar de ensino às pessoas com deficiência conside- cação especial em classes comuns do ensino
radas ‘capazes de se integrar’. regular, representando 60% dessas matrículas.
Fig. 2: Tabela comparando as matrículas de alunos com deficiência em salas do ensino regular e especial.
capítulo 2 21
Saiba Mais:
Convenção de Guatemala
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/gua-
temala.pdf
22 capítulo 2
Em 2003, o Ministério da Educação/Secreta-
ria de Educação Especial implanta o Progra-
ma Educação Inclusiva - direito à diversidade,
com o objetivo de transformar os sistemas de
ensino em sistemas educacionais inclusivos,
promovendo um amplo processo de sensibi-
lização e formação de gestores e educadores
nos municípios brasileiros para a garantia do
direito de acesso de todos à escolarização, à
promoção das condições de acessibilidade e à
organização do atendimento educacional es-
pecializado.
capítulo 2 23
...especialmente devido às resistências por parte
das algumas pessoas com necessidades educa-
cionais especiais e das escolas regulares em se
adaptar para realmente integrar as crianças com
necessidades especiais. Isso vem acontecendo,
principalmente, devido aos altos custos para se
criar as condições adequadas, tanto no que diz
respeito às adaptações curriculares de grande
porte, como a construção de rampas e banheiros
adequados, quanto ao que se refere às adapta-
ções curriculares de pequeno porte, como a ela-
boração do currículo e a escolha de diversifica-
dos recursos metodológico. Além disso, alguns
educadores resistem a este novo paradigma, que
exige uma formação mais ampla e uma atuação
profissional diferente da que se têm experiência.
O Plano de Metas Compromisso Todos pela Para que as escolas sejam verdadeiramente inclu-
Educação, implementado pelo decreto nº sivas, ou seja, abertas à diversidade, há que se
rever o modo de pensar e de fazer educação nas
6.094/2007, assume o compromisso de forta-
salas de aula, de contextualizar o conhecimento,
lecer a inclusão, quando no artigo 2, IX, diz: de planejar e de avaliar o ensino e de formar e
“garantir o acesso e permanência das pessoas aperfeiçoar o professor. Trata-se, então, de incluir,
com necessidades educacionais especiais nas mas reconhecendo as diferenças, a multiplicida-
classes comuns do ensino regular, fortalecendo de dos saberes e das condições sobre as quais o
conhecimento é aplicado e de transitar por novos
a inclusão educacional nas escolas públicas.” caminhos, estabelecendo teias de relações entre
o que se conhece e o que se há de conhecer nos
A Política Nacional de Educação Especial na encontros e nas infinitas combinações desses
Perspectiva da Educação Inclusiva – MEC/2008, conteúdos disciplinares.
a qual conceitua a educação especial e defi-
ne como público os alunos com deficiência, Sendo assim, a Política Nacional de Educação
transtornos globais do desenvolvimento e al- Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,
tas habilidades/superdotação; o Decreto Nº. que foi construída em um trabalho conjunto
6.571/2008, que dispõe sobre atendimento com a Secretaria de Educação Especial do Mi-
educacional especializado, complementar ao nistério da Educação e diversos atores da so-
ensino regular para os alunos público-alvo da ciedade, como gestores na área da educação,
educação especial e o seu financiamento por organizações da sociedade civil, conselhos
meio do Fundo de Manutenção e Desenvol- de direitos e outros órgãos governamentais,
vimento da Educação Básica e de Valorização propõe uma mudança de filosofia na forma
dos Profissionais da Educação – FUNDEB; e a de tratar e de educar, respeitando a diferença
Resolução Nº. 4/2009, do Conselho Nacional como a singularidade que torna todos os seres
de Educação, que institui as Diretrizes Ope- humanos, sujeitos à igualdade de direitos de
racionais para o Atendimento Educacional todos os cidadãos brasileiros.
Especializado na Educação Básica, modalida-
de Educação Especial, foram elaboradas para
fomentar a educação inclusiva em nosso país. 2.TERMINOLOGIA
No entanto, a inclusão tem encontrado difi-
“Amar não significa tornar o outro adaptado,
culdade em avançar. Segundo Batalha (2009),
submisso ou semelhante a nós.
isso acontece Amar significa libertá-lo, deixá-lo livre, deixá-lo viver”
Penny Mc Lean
24 capítulo 2
cando a percepção dessas pessoas como um
fardo social, inútil e sem valor.
capítulo 2 25
Os estudos mais recentes no campo da educa-
ção especial enfatizam que as definições e uso de
classificações devem ser contextualizados, não se
esgotando na mera especificação ou categoriza-
ção atribuída a um quadro de deficiência, trans-
torno, distúrbio, síndrome ou aptidão.
26 capítulo 2
utiliza o Aparelho de Amplificação Sonora
Individual – AASI (prótese auditiva), pode
ou não processar informações linguísticas
pela audição e, conseqentemente, tornar-
-se capaz de desenvolver a linguagem oral,
mediante atendimento fonoaudiológico e
educacional.
• física: alteração completa ou parcial de Mas, quem são as pessoas com necessidades
um ou mais segmentos do corpo huma- educacionais especiais?
no, acarretando o comprometimento da
função física, apresentando-se sob forma Considera-se alunos com necessidades educa-
de paraplegia, paraparesia, monoplegia, cionais especiais aqueles manifestando com-
monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, tri- portamentos particulares que impeçam os
plegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, encaminhamentos rotineiros das praticas pe-
ostomia, amputação ou ausência de mem- dagógicas em sala de aula. São alunos dife-
bro, paralisia cerebral, nanismos, membros renciados pelo ritmo de aprendizagem, sejam
com deformidade congênita ou adquirida, mais lentos ou mais acelerados. Apresentam
exceto as deformidades estéticas e as que dificuldades de aprendizagem não vinculadas
não produzem dificuldades para o desem- a uma causa orgânica específica, como as sín-
penho das funções; dromes e as lesões neurológicas por falta de
oxigenação. Necessitam de sinais e de códigos
• múltipla: é a associação, na mesma pes- especiais para se comunicar ou para ler e es-
soa, de duas ou mais deficiências primárias crever. Têm características comportamentais
(mental /visual/ auditiva/ física); diferenciadas, como o transtorno por déficit
de atenção por hiperatividade e/ou impulsivi-
• surdocegueira: é uma deficiência única que dade. Os quadros de dificuldade de aprendiza-
apresenta a deficiência auditiva e visual gem como a dislexia, a disgrafia, a discalculia.
concomitantemente em diferentes graus,
necessitando desenvolver formas diferen- Podemos incluir, no elenco das necessidades
ciadas de comunicação para aprender e especiais, por exemplo, alunos:
interagir com a sociedade.
• com condições físicas, intelectuais, sociais,
Como a educação inclusiva tem como pressu- emocionais, sensoriais diferenciadas;
posto a educação para todos, aceitando a di-
versidade e trabalhando na heterogeneidade, • com deficiência física motora, intelectual,
seu propósito não é só as pessoas com defici- visual, auditiva ou múltipla;
ência. Ela assegura a igualdade de oportuni-
dade para todos, por isso a educação inclusiva • com condutas típicas de síndromes e qua-
se utiliza do termo pessoas com necessidades dros psicológicos, neurológicos e psiquiá-
educacionais especiais, para identificar o alu- tricos;
nado por ela atendido. Haja vista que necessi-
dades especiais traduzem as exigências experi- • com altas habilidades;
mentadas por qualquer indivíduo e que devem
ser supridas pela sociedade. • com dislexia;
capítulo 2 27
Síndrome de Rett - É uma anomalia de ordem
neurológica e de caráter progressivo, que aco-
mete em maior proporção crianças do sexo fe-
minino, mas também comprovada em crianças
do sexo masculino. Compromete o crescimen-
to craniano, acarreta em regressão da fala e
das habilidades motoras adquiridas, em par-
ticular o movimento ativo da mão, há altera-
ções comportamentais, aparecimento de crises
convulsivas em 50 a 70% dos casos, alterações
respiratórias e do sono e constipação intestinal.
28 capítulo 2
RESUMO 2. Em “Terminologia para a imprensa”, Romeu
Sassaki apresenta alguns termos que são
A sociedade brasileira tem elaborado dispositi- obstáculos reais no processo de inclusão,
vos legais que, tanto explicitam sua opção po- mostrando como esses dificultam o entendi-
lítica pela construção de uma sociedade para mento sobre o conceito dos alunos com ne-
cessidades educacionais especiais. Comple-
todos, como orientam as políticas públicas e mente seus estudos lendo esse texto que se
sua prática social. Contudo, ainda que o Brasil encontra disponível em <http://www.fiemg.
possua uma legislação avançada, abrangente com.br/ead/pne/Terminologias.pdf>
e moderna, digna de títulos, como o recebido
em 2004, pela organização não governamen- 3. No texto abaixo, Mário Quintana conceitua
tal internacional - International Disability Rights as deficiências. Reflita sobre as palavras des-
se grande escritor.
Monitor - IDRM, como um dos cinco países
mais inclusivos das Américas (um dos seis re- DEFICIÊNCIAS
quisitos para a classificação era a existência de (do dicionário particular do Mário Quintana)
arcabouço legal que garantisse a adequada
“Deficiente” é aquele que não consegue modifi-
proteção das pessoas com deficiência), existe
car sua vida, aceitando as imposições de outras
ainda uma grande dificuldade em implementá- pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter
-la no país. consciência de que é dono de seu destino.
Além disso, sabemos que nem tudo o que “Louco” é quem não procura ser feliz com o que
possui.
consta na lei será efetivamente implementa-
do, mas não podemos perder o foco principal “Cego” é aquele que não vê seu próximo morrer
de educar com qualidade. Afinal, as crianças, de frio, de fome, de miséria. E só tem olhos para
independentemente das deficiências que te- seus míseros problemas e pequenas dores.
nham, são a futura geração de cidadãos, e nós,
“Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir
educadores, somos os principais responsáveis um desabafo de um amigo, ou o apelo de um ir-
por isso. mão. Pois está sempre apressado para o trabalho
e quer garantir seus tostões no fim do mês.
A aceitação da diversidade exige o desenvolvi-
“Paralítico” é quem não consegue andar na dire-
mento de uma pedagogia diferenciada. A es- ção daqueles que precisam de sua ajuda.
cola atual confronta-se com uma grande he-
terogeneidade social e cultural. Essa realidade “Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer.
implica outra concepção de organização esco-
E, finalmente, a pior das deficiências é ser mise-
lar, que ultrapasse a via da uniformidade e que
rável, pois “Miseráveis” são todos que não conse-
reconheça o direito à diferença. É preciso - e guem falar com Deus.
urgente! - agir no nível das práticas pedagó-
gicas, da estrutura e organização das escolas.
Atividades:
1. Leia a Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva, dispo-
nível em <http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/politica.pdf> e elabore um
texto destacando os pontos principais desse
documento.
capítulo 2 29
______. Ministério da Educação. Lei Nº 10.172,
de 09 de janeiro de 2001. Aprova o Plano
Nacional de Educação e dá outras providên-
cias.
30 capítulo 2
CRÉDITO DAS IMAGENS
Figura 1 - http://portal.mec.gov.br/seesp/arqui-
vos/pdf/construindo.pdf
Figura 2 - http://portal.mec.gov.br/seesp/arqui-
vos/pdf/politica.pdf
Figura 3 - http://portal.mec.gov.br/seesp/arqui-
vos/txt/educarnadiversidade2006.txt
Figura 4 - http://www.conexaoprofessor.rj.gov.
br/temas-especiais.asp
Figura 5 - http://www.direitoshumanos.gov.br/
pessoas-com-deficiencia-1/convencao
Figura 6 - http://www.planetaeducacao.com.
br/acessodehumor/flog.asp
Figura 7 - http://inclusaobrasil.blogspot.
com/2010/07/cartilha-educacao-inclusiva-
fique-por.html
Figura 8 - http://www.pedagogiaaopedaletra.
com/2011/02/03/os-desafios-da-educacao-
inclusiva/
Figura 9 - http://www.planetaeducacao.com.
br/acessodehumor/ver_imagem.asp?id=48
capítulo 2 31
OS SERVIÇOS
DE APOIO
PEDAGÓGICO
ESPECIALIZADO
INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo
o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do de-
senvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, garantindo o atendimento
educacional especializado.
É o Atendimento Educacional Especializado – AEE o tema de nosso estudo neste capítulo. Ver-
emos que “a educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, todas
as etapas e modalidades, disponibilizando recursos e serviços e orientando quanto a sua utiliza-
ção no processo de ensino e aprendizagem, nas turmas comuns do ensino regular”, tendo como
função “identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem
as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”.
Estudaremos, ainda, os serviços de apoio pedagógico especializado com vistas a atender às espe-
cificidades dos alunos que constituem seu público-alvo e garantir o direito à educação a todos.
capítulo 3 33
com autonomia e independência nas turmas
comuns do ensino regular. Apesar de terem
funções distintas, os professores comuns e
os da Educação Especial precisam se envolver
para que seus objetivos específicos de ensino
sejam alcançados, compartilhando um traba-
lho interdisciplinar e colaborativo. Para atuar
no AEE, o professor deve ter formação inicial
que o habilite para o exercício da docência e
formação específica para a Educação Especial.
Para a efetivação desse atendimento, os sis- III – organizar o tipo e o número de atendimentos
aos alunos na sala de recursos multifuncionais;
temas de ensino devem matricular os alunos
com deficiência, os com transtornos globais
IV – acompanhar a funcionalidade e a aplicabili-
do desenvolvimento e os com altas habilida- dade dos recursos pedagógicos e de acessibilida-
des/superdotação nas escolas comuns do en- de na sala de aula comum do ensino regular, bem
sino regular e no Atendimento Educacional como em outros ambientes da escola;
Especializado – AEE.
V – estabelecer parcerias com as áreas interseto-
riais na elaboração de estratégias e na disponibili-
Esse atendimento complementa e/ou suple- zação de recursos de acessibilidade;
menta a formação dos alunos com vistas à
autonomia e independência na escola e fora VI – orientar professores e famílias sobre os re-
dela. É realizado na escola comum, preferen- cursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados
cialmente onde ele estuda, num espaço físico pelo aluno;
denominado Sala de Recursos Multifuncionais.
VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva, de for-
ma a ampliar as habilidades funcionais dos alu-
“O motivo principal de o AEE ser realizado na
nos, promovendo autonomia e participação;
própria escola do aluno está na possibilidade de
que suas necessidades educacionais específicas
possam ser atendidas e discutidas no dia a dia VIII – estabelecer articulação com os professores
escolar e com todos os que atuam no ensino re- da sala de aula comum, visando à disponibiliza-
gular e/ou na educação especial, aproximando ção dos serviços, dos recursos pedagógicos e de
esses alunos dos ambientes de formação comum acessibilidade e das estratégias que promovem a
a todos.” (ROPOLI, 2010) participação dos alunos nas atividades escolares.
O trabalho do professor na sala do ensino re- A organização do AEE não segue um modelo
gular é distinto do professor do AEE. Àquele é pronto. Não existe um guia, um roteiro previa-
atribuído o ensino das áreas do conhecimen- mente indicado. Ele considera as peculiarida-
to, e a este cabe complementar/suplementar des de cada aluno, pois pessoas com a mesma
a formação do aluno com conhecimentos e deficiência podem ter necessidades educa-
recursos específicos que eliminam as barreiras cionais distintas. O professor, ao organizar o
as quais impedem ou limitam sua participação atendimento educacional especializado dos
seus alunos, deve elaborar um plano de ação
34 capítulo 3
que garanta sua participação e aprendizagem
nas atividades escolares, definindo que tipo de
atendimento ele precisa, selecionando o tipo
de recurso a ser utilizado, a duração e fre-
quência do atendimento, se serão atendidos
individualmente ou em pequenos grupos - se
suas necessidades são comuns a todos, entre
outros elementos.
capítulo 3 35
• Momento do Atendimento Educacional
Especializado para o ensino de Libras na
escola comum, no qual os alunos com surdez te-
rão aulas de Libras, favorecendo o conhecimento
e a aquisição, principalmente, de termos científi-
cos. Esse trabalhado é realizado pelo professor e/
ou instrutor de Libras (preferencialmente surdo),
de acordo com o estágio de desenvolvimento da
Língua de Sinais em que o aluno se encontra.
O atendimento deve ser planejado com base no
diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a
respeito da Língua de Sinais.
1.1. SERVIÇOS DE APOIO
PEDAGÓGICO • Momento do Atendimento Educacio-
ESPECIALIZADO nal Especializado para o ensino da Lín-
PARA PESSOAS SURDAS gua Portuguesa, no qual são trabalhadas as
especificidades dessa língua para pessoas com
surdez. Esse trabalho é realizado todos os dias
As pessoas surdas enfrentam inúmeros entra- para os alunos com surdez, à parte das aulas da
ves para participar da educação escolar, devi- turma comum, por uma professora de Língua
do à forma como se estruturam as propostas Portuguesa, graduada nessa área preferencial-
educacionais das escolas. Existem posições mente. O atendimento deve ser planejado com
base no diagnóstico do conhecimento que o alu-
contrárias à inclusão de alunos com surdez nas
no tem a respeito da Língua Portuguesa.
turmas comuns, em decorrência da compreen-
são das formas de representação da surdez
O planejamento do AEE é elaborado e desen-
como incapacidade ou das propostas peda-
volvido conjuntamente pelos professores que
gógicas desenvolvidas tradicionalmente para
ministram aulas em Libras, professor de clas-
atendê-las que não consideram a diversida-
se comum e professor de Língua Portuguesa
de linguística. Como as práticas pedagógicas
como segunda língua:
constituem o maior problema na escolarização
das pessoas surdas, torna-se urgente repensar No planejamento para as aulas em Libras, há que
essas práticas, para que esses alunos não acre- se fazer o estudo dos termos científicos do con-
ditem que suas dificuldades para o domínio teúdo a ser estudado nessa língua. Cada termo
da leitura e da escrita são advindas dos limites é estudado, o que amplia e aprofunda o voca-
bulário. Na sequência, todos os professores se-
que a surdez lhes impõe, mas principalmente lecionam e elaboram os recursos didáticos para
pelas metodologias adotadas para ensiná-los. o Atendimento Educacional Especializado em
Libras e em Língua Portuguesa, respeitando as
O trabalho pedagógico com alunos surdos nas diferenças entre os alunos com surdez e os mo-
escolas comuns deve ser desenvolvido em um mentos didático-pedagógicos em que serão utili-
ambiente bilíngue, ou seja, em um espaço em zados. (DAMÁZIO, 2007)
que se utilize a Língua de Sinais e a Língua Por-
tuguesa. pretende-se no Atendimento Educacional Es-
pecializado:
Conforme Damázio(2007), para a execução do
Atendimento Educacional Especializado aos • fornecer a base conceitual da Libras e do
alunos surdos, é indicado um período adicio- conteúdo curricular estudado na sala de
nal de horas diárias de estudo. Nele destacam- aula comum, favorecendo ao aluno surdo
-se três momentos didático-pedagógicos: a compreensão desse conteúdo;
36 capítulo 3
1.2. SERVIÇOS DE APOIO
PEDAGÓGICO
ESPECIALIZADO
PARA PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA MENTAL
Pela complexidade do seu conceito e pela
grande quantidade e variedade de abordagem
deste, a deficiência mental constitui um impas-
se para o ensino na escola comum e para a
definição do AEE. Gomes(2007) destaca que
capítulo 3 37
Lupas manuais ou lupas de mesa e de
apoio: úteis para ampliar o tamanho de fontes
para a leitura, as dimensões de mapas, gráficos, dia-
gramas, figuras etc. Quanto maior a ampliação do
tamanho, menor o campo de visão com diminuição
da velocidade de leitura e maior fadiga visual.
Segundo Sá, Campos e Silva (2007), para que Acessórios: lápis 4B ou 6B, canetas de ponta
o aluno com baixa visão desenvolva a capaci- porosa, suporte para livros, cadernos com pautas
pretas espaçadas, tiposcópios (guia de leitura),
dade de enxergar, o professor deve “despertar gravadores.
o seu interesse em utilizar a visão potencial,
desenvolver a eficiência visual, estabelecer o Softwares com magnificadores de tela e Pro-
conceito de permanência do objeto e facilitar gramas com síntese de voz.
a exploração dirigida e organizada”.
Chapéus e bonés: ajudam a diminuir o reflexo
da luz em sala de aula ou em ambientes externos.
Ao professor do AEE cabe contribuir para que
o aluno compreenda a relevância do uso dos Circuito fechado de televisão – CCTV:
recursos ópticos, solicitando a colaboração da aparelho acoplado a um monitor de TV monocro-
família e do professor do ensino comum para a mático ou colorido, que amplia até 60 vezes as
realização desse objetivo. São recursos ópticos: imagens e as transfere para o monitor.
Recursos ópticos para longe: telescópio: Para a pessoa cega, a discriminação tátil é uma
usado para leitura no quadro-negro, restringem habilidade básica que deve ser desenvolvida de
muito o campo visual; telessistemas, telelupas e
forma contextualizada e significativa. O tato é
lunetas.
uma via alternativa de acesso e processamento
Recursos ópticos para perto: óculos espe- de informações que não deve ser negligencia-
ciais com lentes de aumento que servem para da na educação.
melhorar a visão de perto. (óculos bifocais, lentes
esferoprismáticas, lentes monofocais esféricas, O AEE de alunos cegos deve constar de orien-
sistemas telemicroscópicos).
tação e mobilidade, ensino do Braille, sorobã e
informática acessível.
38 capítulo 3
Fig. 4 - Máquina de Braille.
capítulo 3 39
a. Uso da Comunicação Aumentativa e Alternati-
va, para atender às necessidades dos educandos
com dificuldades de fala e de escrita;
40 capítulo 3
Assim, a comunicação é considerada aumen-
tativa quando o indivíduo possui alguma for-
ma de comunicação, mas esta não é suficiente
para manter elos comunicativos e estabelecer
trocas sociais; e alternativa quando o indivíduo
não apresenta outra forma de comunicação.
São consideradas pessoas com deficiência Entretanto, essas pessoas também têm neces-
múltipla aquelas que “têm mais de uma defici- sidades educacionais especiais, que precisam
ência associada. É uma condição heterogênea, ser atendidas por profissionais especializados
que identifica diferentes grupos de pessoas, e professores com boa formação, a fim de que
revelando associações diversas de deficiências seu potencial se desenvolva plenamente.
capítulo 3 41
ticulação com programas das diferentes áreas,
o trabalho colaborativo com a educação regu-
lar, a interface com a família e a promoção da
acessibilidade, quando necessário”.
42 capítulo 3
desse atendimento, beneficiando-se das ativi-
dades e dos recursos pedagógicos e de acessi-
bilidade, disponibilizados nas salas de recursos
multifuncionais.
RESUMO Atividades:
O atendimento Educacional Especializado é 1. Leia o texto “A Escola de Atenção às Dife-
garantia de inclusão, e o professor especializa- renças”, de Rita Vieira de Figueiredo, para
do tem um importante papel quando atua, de complementar seus estudos sobre os serviços
de apoio pedagógico especializado. O texto
forma colaborativa, com o professor da classe está disponível em
comum, definindo as estratégias pedagógicas
e disponibilizando recursos que favoreçam o <http://bancodeescola.com/a-escola-de-aten-
acesso do aluno ao currículo comum, sua inte- cao-as-diferencas.htm>
ração no grupo, participação em todos os pro-
jetos e atividades pedagógicas e acesso físico 2. Você conhece alguma escola que tem o ser-
viço de Atendimento Educacional Especial?
aos espaços da escola.
Busque conversar com profissionais que já es-
Os professores especialistas que atuam nas tejam desenvolvendo esse atendimento para
salas multifuncionais têm ainda como função complementar seus estudos.
preparar os materiais específicos e ensinar os
alunos a utilizarem recursos de tecnologia as-
sistiva, como os materiais escolares e pedagó-
gicos adaptados, comunicação alternativa, re-
REFERÊNCIAS
cursos de acessibilidade ao computador, entre
outros.
É interessante considerar que os serviços espe- BELISÁRIO FILHO, J.F.; CUNHA, P. A Educação
cializados e o atendimento das necessidades Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar:
específicas dos alunos garantidos pela lei ainda transtornos globais do desenvolvimento. Brasí-
estão longe de serem alcançados. Identifica- lia: MEC/SEESP; [Fortaleza]: Universidade Fede-
mos, no interior da escola, a carência de recur- ral do Ceará, 2010.
sos pedagógicos e a fragilidade da formação
dos professores para trabalhar com a diversi- BOSCO, I.C.M.G.; MESQUITA, S.R.S.H.; MAIA,
dade. Em lei, muitas conquistas foram alcan- S.R. A Educação Especial na Perspectiva da
çadas. Entretanto, precisamos garantir que Inclusão Escolar: surdocegueira e deficiência
essas conquistas, expressas nas leis, realmente múltipla. Brasília: MEC/SEESP; [Fortaleza]: Uni-
possam ser efetivadas na prática do cotidiano versidade Federal do Ceará, 2010.
escolar, pois o governo não tem conseguido
garantir a democratização do ensino, impe- DAMÁZIO, M.F.M. Atendimento Educacional
dindo o acesso, a permanência e o sucesso de Especializado - pessoa com surdez. SEESP/
todos os alunos na escola. SEED/MEC. Brasília/DF – 2007.
capítulo 3 43
clusão Escolar: altas habilidades/superdotação.
Brasília: MEC/SEESP; [Fortaleza]: Universidade
Federal do Ceará, 2010.
Figura 1
http://itaprodutos.wordpress.com/2009/06/23/
Figura 2
http://www.mundoacessivel.com/cae-dv/ma-
teriais.php
Figuras 3 e 4
http://intervox.nce.ufrj.br/~fabiano/braille.htm
Figura 5
http://cegueiratotal.blogspot.com/2009/12/
soroban.html
Figura 6
http://www.universoautista.com.br/autismo/
modules/news/article.php?storyid=70
44 capítulo 3
A PRÁTICA
PEDAGÓGICA,
A FORMAÇÃO
DO PROFESSOR
E A EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
INTRODUÇÃO
A diversidade no contexto escolar evidencia a necessidade de discutirmos a prática pedagógica
efetivada pelos sistemas educacionais assim como os significados dados aos processos de ensino-
aprendizagem desenvolvidos pelos professores, para que mudanças estruturais, organizacionais e
metodológicas aconteçam e respondam às necessidades educacionais de todos os alunos.
A Educação Inclusiva, entendida sob a dimensão curricular, significa que o aluno com necessi-
dades especiais deve fazer parte da classe regular, aprendendo as mesmas coisas que os outros
– mesmo que de modos diferentes – cabendo ao professor fazer as necessárias adaptações.
Frente a esse desafio, estudaremos, neste último capítulo de nossa disciplina, os aspectos ped-
agógicas no contexto da educação inclusiva bem como a formação do professor.
capítulo 4 45
O Projeto Curricular da Escola enfocará a diver-
sidade como um elemento comum e não como
diferença de uma parte dos alunos em relação
à outra. Suas diretrizes afetarão todos e cada
um dos alunos e não somente aqueles com di-
ficuldades de ritmo, de capacidade, de moti-
vação e de estilos de aprendizagem. Com esse
enfoque, a qualidade do ensino se fortalece.
46 capítulo 4
Segundo a cartilha organizada pelo Ministério
Público Federal (2004), é de suma importância
que a escola elabore o seu PPP com o objetivo
de estabelecer prioridades de atuação, objeti-
vos, metas e responsabilidades que vão definir
o seu plano de ação:
capítulo 4 47
1.1. ADAPTAÇÕES
CURRICULARES
Adaptação Curricular é o conjunto de ações
voltadas para viabilizar o acesso, a permanên-
cia e a qualidade de ensino para os alunos que
apresentam necessidades educacionais espe-
ciais. É uma estratégia de planejamento e de
atuação dos docentes para tratar de responder
às necessidades de aprendizagem de cada alu-
- contemplar a aprendizagem significativa, a me-
morização compreensiva e a funcionalidade do
no. Não se trata de elaborar um outro currícu-
aprendido; lo e sim, de trabalhar com o que for adotado,
fazendo ajustes. Para Edler Carvalho (2010),
- estimular, no aluno, o aprender a aprender e o
saber pensar; em reconhecimento às características e necessi-
dades dos aprendizes e movidos pela crença na
- incluir todos os aspectos da realidade (fatos, possibilidade de desenvolver suas potencialida-
conceitos, procedimentos, normas, valores, apti- des, é que devemos adequar a proposta curricu-
dões); lar adotada para que nenhum aluno seja excluído
do direito de aprender e de participar. Trata-se
- abster-se de propor, apenas, um método de en- de mais uma estratégia para favorecer a inclusão
sino; educacional de quaisquer alunos.
- prever um conjunto de ações de avaliação (não
apenas as do aluno).
48 capítulo 4
• Adaptações no nível do projeto pedagógi-
co que devem focalizar, principalmente, a
organização escolar e os serviços de apoio,
propiciando condições estruturais que
possam ocorrer no nível de sala de aula e
no nível individual;
capítulo 4 49
mente organizado e estruturado proporciona
a aprendizagem para todos os alunos.
2. METODOLOGIA
tor importante para a in-
clusão das pessoas com
E ESTRATÉGIAS deficiência, pois permite interação e troca en-
tre os alunos. O desenvolvimento de algumas
DE ENSINO estratégias pode ser decisivo para criar um am-
biente de cooperação em que aqueles alunos
A escola de hoje precisa utilizar uma metodo- que têm mais habilidades em alguma maté-
logia capaz de desenvolver a pessoa. O mode- ria possam ajudar aqueles com menos habili-
lo tradicional de transmissão de conhecimento dades.
não é o mais eficiente nem o mais democrático.
Os métodos de ensino atuais estão baseados Os educadores devem organizar seu trabalho
não no ensino, mas na aprendizagem; partem pedagógico, considerando a pesquisa como a
do pressuposto de que cada aluno é que con- maneira mais apropriada de educar, “estimu-
strói o seu próprio conhecimento com base lando nos alunos, o aprender a aprender e o
nas experiências propiciadas pelo professor. O saber pensar, ingredientes indispensáveis à (re)
educador “em vez de profissional do ensino se construção do conhecimento com formulação
assume como profissional da aprendizagem; própria, isto é, com autoria e progressiva auto-
em vez de transmissor ou inculcador de infor- nomia. (EDLER CARVALHO, 2010)
mações, passa a ser facilitador da construção
de conhecimentos e da competência inovado- Os métodos de ensino são o grande trajeto a
ra de seus alunos.” (EDLER CARVALHO, 2010) percorrer e se desenvolvem por etapas; estas
se concretizam por meio das chamadas téc-
Se o professor considerar as possibilidades de nicas de ensino, ou procedimentos didáticos.
desenvolvimento de cada discente e explorar A inclusão não prevê a utilização de práticas
sua capacidade de aprendizagem, ele vai apre- de ensino específicas para esta ou aquela defi-
nder até o limite ao qual consegue chegar. Isso ciência, mas sim recursos que podem auxiliar o
pode ocorrer por meio de atividades diversi- processo de aprendizagem.
ficadas. Segundo Nakayama (2007), “ensinar a
todos reafirma a necessidade de se promover- A seguir, são apresentadas algumas estratégias
em situações de aprendizagem diversificadas, que estão em consonância com os princípios
que expressem diferentes possibilidades de da prática inclusiva e que apoiam o docente
interpretação e de entendimento de um gru- nas salas de aula a implementar mudanças
po que atua cooperativamente”. É variar os que tornam o processo de ensino muito mais
estímulos oferecidos aos alunos, recorrendo agradável, participativo e efetivo:
menos à aula expositiva e a apenas uma ma-
neira de solicitar as atividades dos alunos. Um 1. Conhecimento do grupo: em sala de aula,
trabalho diversificado, bem elaborado, devida- as atividades devem ser planejadas pelo
50 capítulo 4
professor, levando em conta o conheci-
mento prévio de cada estudante na classe,
seus interesses, suas habilidades e neces-
sidades. Com esses dados em mãos, o do-
cente está mais preparado para planejar
aulas que consideram os alunos mais vul-
neráveis de exclusão, pois poderá pensar
formas de estimular o apoio mútuo entre
os estudantes e aumentar as chances de
aprendizagem, participação nas atividades
propostas e respeito às diferenças individ- erça, é necessário que os professores liderem o
uais na sala de aula; processo, encorajando-os. Portanto, professor,
para ensinar a turma toda,
2. Ajuste de expectativas e negociação de ob-
jetivos: a abordagem inclusiva é essencial- • Convença-se de que todos os seus alunos
mente participativa e, portanto, considera sabem alguma coisa e que todos podem
as perspectivas individuais em qualquer aprender, cada um de acordo com seu jei-
processo de aprendizagem. Assim, na sala to e tempo próprios;
de aula, é fundamental a participação do
aluno com relação à definição do conteú- • Tenha altas expectativas em relação a todos
do curricular a ser trabalhado, à clareza os seus alunos, pois eles só aprenderão, se
acerca do que o docente quer que seja você acreditar que isso é possível;
realizado durante a atividade, por que tal
atividade será realizada e a participação no • Renuncie à ideia de que somente você tem
trabalho colaborativo em grupo, garantin- algo a ensinar na classe e acredite que seu
do, dessa forma, um maior envolvimento e aluno também tem seu próprio saber;
uma aprendizagem mais significativa para
o estudante; • Dê oportunidades para o aluno aprender
com base no que sabe e chegar até onde é
3. Utilização de estratégias variadas: atender capaz de progredir. Afinal, os alunos apre-
às diferentes necessidades educacionais, ndem mais quando tiram suas dúvidas, su-
aos interesses e estilos de aprendizagem peram incertezas e satisfazem curiosidade;
de cada aluno exige necessariamente a uti-
lização de ampla gama de estratégias de • Promova o diálogo entre os alunos e suas
ensino e aprendizagem; diferentes características étnicas, religio-
sas, de gênero, de condição física;
4. Criação de um ambiente agradável para
a aprendizagem: um aspecto fundamen- • Faça com que todos interajam e construam
tal para a aprendizagem é a existência de ativamente conceitos, valores, atitudes, em
um clima acolhedor e prazeroso na sala de vez de priorizar o ensino expositivo em sua
aula. Pesquisas têm demonstrado que os sala de aula. (GIL, 2005)
alunos aprendem melhor em um ambiente
3. AVALIAÇÃO
positivo, no qual as relações de apoio e
cooperação, a valorização do outro, a con-
fiança mútua e a autoestima constituem
fatores essenciais à aprendizagem efetiva. As propostas curriculares atuais primam por
(DUK, 2006) conceder à avaliação o status de instrumento a
serviço da aprendizagem do aluno, fornecen-
O objetivo de uma rede de apoio entre colegas do informações sobre as ações em desen-
é enriquecer a vida escolar de todos os alunos. volvimento e, ao mesmo tempo, subsídios ao
É, sem dúvida, a capacidade que os alunos trabalho docente, possibilitando a tomada de
possuem para se ajudarem uns aos outros na decisão e a melhoria da qualidade de ensino.
escola, mas para que essa capacidade se ex-
capítulo 4 51
• Entendendo as situações avaliativas como
intervenções proativas em relação às
dificuldades e aos erros;
52 capítulo 4
Saiba Mais:
O acesso de alunos com deficiência às
escolas e classes comuns da rede regular
Para saber mais, acesse: http://pfdc.pgr.mpf.gov.
br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/
pessoa-comdeficiencia/acesso_alunos_ensino_
publico_2004
Vários são os instrumentos que podem ser instrumento a serviço da aprendizagem, ele
utilizados para avaliar, de modo dinâmico, os precisa de uma formação teórico-metodológi-
caminhos da aprendizagem, como: os registros ca consistente.
e as anotações diárias do professor, os chama-
dos portfólios e demais arquivos de atividades
dos alunos e os diários de classe, em que vão 4. FORMAÇÃO
sendo colecionadas as impressões sobre o co- DO PROFESSOR
tidiano do ensino e aprendizagem. As provas
também constituem opções de avaliação de- “O educador nunca estará definitivamente pron-
sejáveis, desde que haja o objetivo de analisar, to, formado, pois que sua maturação se faz no
dia a dia, na meditação teórica sobre a prática.”
junto aos alunos e a seus pais, os sucessos e as
(Luckesi)
dificuldades escolares.
capítulo 4 53
então utilizadas e essencialmente excluden-
tes. A formação do professor deve contemplar, Fig. 5
ainda, a reflexão sobre os valores da educa-
ção, vivência interdisciplinar, trabalho em equi-
pe, pesquisa e construção de competências. O A formação continuada do professor deve ser
professor necessita ter a capacidade de explicar um compromisso dos sistemas de ensino com-
o que sabia apenas reproduzir, a convicção de prometidos com a qualidade da aprendizagem
que todos os alunos são capazes de aprender, que, nessa perspectiva, devem garantir que
o compromisso com a aprendizagem de todos os educadores sejam aptos a elaborar e a im-
os seus alunos, as habilidades para apresentar plantar novas propostas e práticas de ensino
e explicar os conteúdos como interessantes, ou para responderem às características de todos
seja, suscitar o prazer de aprender. os seus alunos, assegurando sua permanência,
compreendida como aprendizagem e desen-
Para o professor atuar efetivamente em uma volvimento. Uma vez que a docência implica,
perspectiva inclusiva, ele deve ser, antes de segundo Mauri (2002, apud DUK,2006):
tudo, um pesquisador, planejando sistemati-
camente, coletando dados, analisando, refle- •Aquisição e desenvolvimento da capacidade
tindo e transformando a sua prática. É com de refletir sobre sua prática pedagógica: o pro-
base no saber-fazer do professor, nos conhe- fessor deve ser capaz de inovar cotidianamen-
cimentos que possui, nas experiências e cren- te a partir de sua experiência de sala de aula,
ças, que a formação desse profissional pode com o objetivo de aperfeiçoar e desenvolver
ser pensada e ampliada, baseando-se no seu sua prática de ensino, mediante processos de
aprimoramento por meio da reflexão, compar- reflexão e pesquisa da própria ação. A aprendi-
tilhamento de ideias, informações, sentimen- zagem da prática reflexiva exige que as ativida-
tos e responsabilidades. Essa formação deve des de formação dos docentes levem em conta
acontecer em quatro momentos: as características dos contextos nos quais eles
intervêm e os problemas reais que enfrentam
1. Continuada, por meio de cursos, extrassala na sua prática. A reflexão e análise da prática
de aula; baseiam-se em uma permanente construção
da realidade, o que implica contínua interação
2. Em serviço, com ênfase na preparação di- entre os conhecimentos que o docente possui
reta, por meio de supervisão; e a realidade na qual atua;
4. Com auxílio de profissionais externos à es- • Reconstrução crítica do papel da educação na nova
cola, que colaboram com os professores, sociedade do conhecimento e da informação: no
na tentativa de discutir, refletir e resolver atual contexto da globalização, os docentes terão
problemas ou dificuldades oriundas de en- de formar-se tanto no domínio dos recursos de in-
formação quanto em habilidades sociais, cognitivas
sino e aprendizagem em sala de aula.
54 capítulo 4
e linguísticas que lhes permitam responder critica-
mente à mudança. A formação em valores éticos e
morais é também fundamental para contribuir com
a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento
de sociedades mais justas.
capítulo 4 55
ver o que ditavam. Essa interação, que me foi
fundamental, era incentivada, sob o ponto
de vista privado, por minha mãe e, sob o
REFERÊNCIAS
ponto de vista público, pela escola de jesuítas
“Colégio São Luís”, onde estudei. Os padres
ALMEIDA, M.L. Currículo e Inclusão em
faziam questão de que os alunos fossem so- <http://www.ce.ufes.br/educacaodocampo/
lidários, e ajudar-nos era uma demonstração down/cdrom3/pdf/u3_texto1.pdf>, acesso
disso. Por outro lado, éramos cobrados na em: 20 abr.2011.
exata medida dos outros. Não havia o menor
privilégio. Física, Química, Matemática e Bio-
logia eram alvo de avaliação absolutamente ARANHA, M.S.F. Projeto Escola Viva: garantin-
idêntica à empregada para os demais alu- do o acesso e a permanência de todos os
nos. Eu usei curvas francesas para desenhar, alunos na escola - Alunos com necessidades
sempre com a ajuda dos demais estudantes, educacionais especiais, vol.5: Adaptações cur-
alguns deles amigos meus até hoje. Por ou-
tro lado, fazíamos colas incríveis em braille,
riculares de grande porte. Brasília: MEC: SEESP,
pois os professores nem sempre tinham ci- 2000a.
ência de que os demais estudantes também
pudessem entender aquilo. Chegávamos ao _____________. Projeto Escola Viva: garantin-
cúmulo de deixar folhas em braille no tampo do o acesso e a permanência de todos os
da mesa, sem que se dissesse coisa alguma
a respeito. alunos na escola - Alunos com necessidades
educacionais especiais, vol.6: Adaptações
Há vinte anos, quando Amyr Klink voltou de curriculares de pequeno porte. Brasília: MEC:
sua primeira viagem, fizemos um jantar no SEESP, 2000b.
Clube Paulistano. Havia alguns padres e pro-
fessores presentes. Começamos a contar-lhes
as peripécias que fizemos a esse respeito e ri- BRASIL Ministério da Educação. Secretaria de
mos por algumas horas. Isso é o que eu cha- Educação Especial. Saberes e Práticas da In-
mo de inclusão. É fazer com que os estudan- clusão – Avaliação para Identificação das Ne-
tes com deficiências participem da vida da cessidades Educacionais Especiais, SEESP/MEC,
escola, que estudem com os demais, viajem
com eles, vão às festas deles todos e “apron- Brasília, 2006.
tem” com todos também. Noto que todas
as discussões daqui visam a uma autonomia DENARI, F. E. Educação especial e inclusão es-
que ninguém tem. Nunca se fala em como colar: das dimensões teóricas às ações práticas
devemos nos relacionar com os colegas de
classe ou de escritório, ajudando-os no que
em Revista @mbienteeducação, São Paulo, v.
pudermos e pedindo ajuda para o que pre- 1, n. 2, p. 31-39, ago./dez. 2008.
cisarmos. Ilustro com um caso recente: um
outro professor e eu reprovamos um traba- DUK, C. Educar na diversidade: material de
lho de conclusão de curso em que os alunos formação docente. 3. ed. Brasília: MEC, SEESP,
esperavam obter um prêmio. Ocorre que ele
estava errado demais para que pudéssemos 2006.
relevar. Como é do direito deles, pediram
revisão de nota. A coordenação do depar- EDLER CARVALHO, R. Escola inclusiva: a re-
tamento pediu-nos pareceres individuais. organização do trabalho pedagógico. 3. ed.
Fizemos e entregamos no prazo. Os alunos
foram reprovados pelos revisores e entraram
Porto Alegre: Mediação, 2010.
com recurso na mantenedora que nos pediu
um parecer conjunto. Combinamos então GIL, M. (organizadora) Educação Inclusiva:
que eu redigiria e que o outro professor, por O que o Professor tem a ver com isso? em
não ter todas as obras em meio digital, fa- <http://saci.org.br/index.php?modulo=ake
ria a revisão bibliográfica. Resumindo, eu fiz
o que podia, e ele colaborou com o que eu mi¶metro=24969>, acesso em: 23 abr.
não podia fazer. É assim que eu entendo o 2011.
bem-viver. Embora devamos procurar a in-
dependência, precisamos entender que ela é Ministério Público Federal: Fundação Procu-
inalcançável em sua plenitude, o que torna
ainda mais importante aprender a viver em
rador Pedro Jorge de Melo e Silva (organiza-
sociedade. Podem estar certos de que não é dores). O Acesso de Alunos com Deficiência às
numa escola especializada que se vai chegar Escolas e a Classes Comuns da Rede Regular. 2.
lá.” ed. rev. e atualiz. Brasília: Procuradoria Federal
dos Direitos do Cidadão, 2004.
56 capítulo 4
MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: O que
é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna,
2003.
NAKAYAMA, A.M. Educação inclusiva:
princípios e representação. 2007. Tese de Dou-
torado. Faculdade de Educação. Universidade
de São Paulo. São Paulo, 2007.
Figura 1 - http://antoniotrombone.webnode.
pt/portfolio/tdc/
Figura 2 - http://edmarciuscarvalho.blogspot.
com/search?q=adapta
Figura 3 – inclusaobrasil.blogspot.com
Figura 4 - http://www.planetaeducacao.com.
br/acessodehumor/flog.asp
Figura 5 - www.imprensaoficial.com.br
capítulo 4 57