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RELAÇÕES INTERPESSOAIS

E DINÂMICA DE GRUPO
Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima

2a edição | Nead - UPE 2013


Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

xxxx, xxxxxxxxxxxx
xxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. –
Recife: UPE/NEAD, 2011

32 p.

ISBN -

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxxxxxx
REITOR

Universidade de Pernambuco - UPE


Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado

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Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque

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Prof. José Thomaz Medeiros Correia

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NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


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TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

Profa Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima Carga Horária | 60 horas

Ementa
Noções de grupo e dos fundamentos grupais. O
comportamento humano e a interação social. Co-
municação Humana. Vivência das técnicas de sen-
sibilização e de dinâmica de grupo e suas aplicabili-
dades na prática educativa.

Objetivo geral
Conhecer as características de grupo e os fatores
que contribuem, de forma decisiva, para as rela-
ções interpessoais e para a aplicação das técnicas
de dinâmica de grupo.

Apresentação
A prática pedagógica inclui, além do conhecimento técnico e pedagógico dos conteúdos, elemen-
tos como as relações interpessoais, pois o processo ensino-aprendizagem conduzido requer que o
professor tenha domínio sobre esse conteúdo também. A ação educativa do professor é realizada
com direcionamento para uma turma ou grupo de alunos, e as interações estabelecidas em gru-
pos humanos e os processos gerados por elas são campo de estudo que fazem parte do campo
de estudo da Dinâmica de Grupo. O conhecimento da teoria da Dinâmica de Grupo e o uso de
técnicas de Dinâmica de Grupo pelo professor podem facilitar a compreensão dos conteúdos pe-
los alunos e servir de estímulo na execução de tarefas e projetos propostos.
NOÇÕES DE
GRUPO E DOS
FUNDAMENTOS
GRUPAIS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer a definição e a classificação de
grupo;

• Conhecer as dinâmicas e os processos


grupais;

• Avaliar a influência do grupo sobre o de-


Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima
sempenho individual.

Carga Horária | 15 horas

INTRODUÇÃO
O ser humano é um ser social, que se organiza em grupos. Estes são entidades dinâmicas das
quais os indivíduos participam e neles se desenvolvem. As atividades realizadas pelos grupos,
constituídos de indivíduos que interagem e trabalham, produzem o desenvolvimento da humani-
dade. A autoconsciência, a consciência do outro e as habilidades sociais são características impor-
tantes para a atuação dos indivíduos dentro dos grupos.

capítulo 1 7
1. primários ou secundários, conforme o tipo
de relacionamento entre os membros;

2. formais ou informais, pela natureza da sua


formação;

3. homogêneos ou heterogêneos, pela natu-


reza da sua composição;

4. temporários ou permanentes, consideran-


do a duração temporal.

GRUPO - DEFINIÇÃO E Nos grupos primários, os relacionamentos


CLASSIFICAÇÃO interpessoais diretos são predominantes, en-
quanto, nos secundários, têm na realização
Grupo é um conjunto de pessoas, que se as- de tarefas sua característica principal. Família,
sociam e interagem, de modo regular, com a amigos são grupos primários; colegas de tra-
finalidade de realizar uma meta comum. balho, de aula são grupos secundários.

As várias definições de grupo existentes consi- Os grupos formais são constituídos formal-
deram que, de um modo geral, os membros de mente; possuem metas direcionadas a obje-
um grupo têm motivação para participar dele tivos explícitos e são de natureza geralmente
e concebem o grupo como pessoas interagin- secundária. De modo oposto, os informais
do de modo integrado para atingir um obje- evoluem naturalmente, no decorrer do tempo,
tivo. A interação entre os membros do grupo apresentam metas implícitas, geralmente vol-
possibilita a criação de identidade própria e o tadas para objetivos recreativos e de natureza
estabelecimento de relações de interdepen- interpessoal.
dência. Considerando que o grupo seja for-
mado no ambiente de uma sala de aula para Os grupos são classificados como homogêneos
realizar uma determinada atividade, dentre os ou heterogêneos com base no grau de seme-
fatores que motivam os alunos, tem-se: desta- lhança em relação a uma dimensão específica,
que por nota a ser obtida em determinada dis- à ideologia ou a características. Um grupo ho-
ciplina, premiação em feiras de conhecimento mogêneo inclui membros com alguns aspectos
ou olimpíadas, reconhecimento perante seus semelhantes, tais como idade, sexo, religião,
colegas e seus professores. grau de instrução, metas, enquanto no gru-
po heterogêneo, há variações significativas. A
Os indivíduos membros dos grupos são se- homogeneidade do grupo favorece as intera-
res únicos, e, no grupo, eles interagem com ções pessoais, e os grupos informais tendem a
outros indivíduos, com os quais estabelecem formar grupos homogêneos. Grupos homogê-
relações. Os grupos são estabelecidos por mo- neos podem apresentar heterogeneidades em
tivações variadas, e os indivíduos dentro dos relação a um aspecto, o oposto também pode
grupos buscam realização pessoal e, para isso, ocorrer, quando em grupos heterogêneos exis-
trabalham coletivamente. tirem alguma característica uniforme.

Os indivíduos se organizam em grupos por Os grupos permanentes são constituídos com


motivações variadas, tais como: ter compa- a expectativa de que permaneçam e atuem
nhia, sentir segurança, conseguir aceitação e juntos na realização de várias atividades e ta-
valorização pelos outros, sentir poder, realizar refas; já os grupos temporários são formados
atividades coletivamente. para terem tempo de duração determinado,
assim após a conclusão de uma atividade ou
Os grupos podem ser diferenciados, conforme tarefa específica, o grupo será desfeito.
variados critérios, em cinco grupos de classifi-
cações principais:

8 capítulo 1
ESTRUTURA DO
COMPORTAMENTO
GRUPAL
Os grupos são formados por pessoas que estão
em constante estado de atividade e passando
por mudanças, assim são entidades dinâmicas.
De maneira geral, os grupos podem passar por
diferentes fases de desenvolvimento no de-
correr do tempo, num processo de desenvol-
vimento que inclui os estágios de formação,
erupção, normalização e realização. vidade pode envolver várias situações, como a
definição dos grupos formais ser feita tendo
No período de formação, os membros do gru- como base grupos informais, ou grupos for-
po são informados sobre a tarefa a ser realiza- mais podem reunir membros que não tenham
da, definem como será a liderança e estabe- afinidade entre si, ou ainda, grupos informais
lecem relacionamentos interpessoais e com a podem surgir dentro dos grupos formais. De
tarefa. qualquer forma, nas várias situações possíveis,
o professor deve orientar os grupos de traba-
No período de erupção, ocorrem conflitos en- lho para a manutenção do foco na realização
tre os membros que apresentam estilos indi- da atividade e no trabalho em grupo pautado
viduais e as abordagens concorrentes para a na ética e no respeito, pois, na vida profissio-
realização da tarefa. nal, nem sempre se pode escolher com quem
trabalhar, com quem compor grupos, mas
No período de normalização, os conflitos são sempre se tem que agir de modo profissional
superados pelo estabelecimento de normas, e ético.
desenvolvimento de coesão intragrupal (au-
mento no desejo de permanecer no grupo e Os grupos têm como características principais:
no compromisso com o grupo e com a realiza- a estrutura geralmente hierárquica, seja im-
ção da tarefa) e definição dos parâmetros para posta aos membros, seja estabelecida por eles;
a realização da tarefa. o estabelecimento de status e funções que
correspondem a ações ou comportamentos
No período de realização, após a resolução de específicos a serem desempenhados, confor-
todas as questões surgidas nas etapas anterio- me características ou talentos dos membros e
res, o grupo trabalha focado em atingir as me- a existência de normas explícitas ou implícitas
tas estabelecidas. para nortear a conduta dos membros. Na es-
cola, dependendo da fase de desenvolvimento
Essas fases podem ter períodos variáveis nos dos alunos, a vivência de atividades em grupo
diferentes grupos, desde passarem rapidamen- pode ser feita de forma a desenvolver, nos alu-
te ou se prolongarem demasiadamente. Cabe nos, as habilidades específicas da fase em que
ao professor acompanhar a evolução dos gru- se encontram.
pos, colaborando para o bom andamento do
processo e para a conclusão exitosa da tarefa.
Os grupos criados para cumprir tarefas espe- DINÂMICA DO
cíficas num período determinado de tempo
são denominados formais, e aqueles formados
COMPORTAMENTO
espontaneamente pelos membros motivados GRUPAL
por amizade ou interesses pessoais são deno-
minados informais. Os componentes principais de um grupo são
os insumos, sua dinâmica e os resultados. Os
No âmbito da sala de aula, a formação de gru- insumos incluem os membros do grupo, a
pos formais de alunos para a realização de ati- tarefa e o ambiente de realização da tarefa,

capítulo 1 9
de forma conjunta e produtiva. O tratamento
do líder para com os membros do grupo deve
ser igualitário, ético, respeitoso. Esse também
deve ser o tratamento entre os membros do
grupo. O líder deve respeitar os companheiros
de grupo e obedecer às regras, aos horários,
da mesma forma que todos os integrantes do
grupo. Os membros do grupo devem colabo-
rar com o líder, pois isso contribui para o su-
cesso e a sobrevivência do grupo. Os membros
do grupo devem tentar trabalhar em harmo-
que pode ser feita em atividades individuais ou nia, empatia e cordialidade. As colaborações
conjuntas. Os membros do grupo contribuem de todos devem ser ouvidas e valorizadas. O
para o grupo na realização de alguma ativida- líder e os membros do grupo são igualmente
de, mas também contribuem com a experiên- responsáveis pelo resultado da tarefa, seja pelo
cia e habilidades técnicas que possuem, com sucesso, seja pelo fracasso.
seus conhecimentos, valores e suas caracterís-
ticas de personalidade. Assim, a evolução do A dinâmica dos grupos pode ser descrita em
grupo está relacionada com a soma de carac- termos da evolução dos relacionamentos inter-
terísticas dos membros do grupo, das relações pessoais e se considera que os grupos passam
interpessoais que estabelecem e da evolução pelas fases de inclusão, controle, afeição e se-
pessoal dos membros do grupo, que ocorre no paração. A inclusão é a fase inicial de formação
período em que a tarefa está sendo realizada. do grupo, em que é estabelecida a confiança,
O ambiente de realização da tarefa inclui o sendo também um período de aceitação, em
ambiente social, cultural, econômico e político que a comunicação e o rendimento do grupo
em que o grupo está incluído e interagindo. são baixos. Na fase de controle, os membros
se comunicam mais e começam a assumir pa-
A dinâmica do grupo engloba os processos péis e funções no grupo. Na fase de afeição, o
que levam aos resultados pretendidos, ou seja, grupo já está consolidado, e os membros inte-
o que o grupo faz e como ele faz, incluindo ragem com confiança, respeito e aceitação e
elementos de comunicação entre os membros trabalham de forma produtiva e criativa. A se-
e os sentimentos, sejam eles positivos ou nega- paração do grupo ocorre após a conclusão da
tivos, gerados nos membros acerca do grupo tarefa. Nessa fase, os membros podem ter sen-
em que está inserido e da tarefa para a qual timentos, como satisfação, alívio ou tristeza,
está contribuindo. conforme os relacionamentos interpessoais es-
tabelecidos ou com as características da tarefa.
O desempenho de um grupo deve ser avalia-
do com base nos objetivos propostos, assim
a realização da tarefa com qualidade e com IMPACTO DO
satisfação plena dos membros do grupo é
conseguida por grupos com alto desempenho. COMPORTAMENTO
Grupos com bom desempenho geralmente GRUPAL
apresentam características como: coesão, en-
volvimento pessoal, afinidade, confiança, per- Os grupos podem afetar seus membros, de
cepção dos talentos pessoais dos membros, modo positivo ou negativo, com relação à sa-
capacidade de trabalho. tisfação e ao desempenho, à produtividade, à
qualidade da realização da tarefa.
A liderança do grupo de modo geral pode ser
exercida por qualquer dos membros; esse pa- A atmosfera grupal é o estado de ânimo, dis-
pel pode ser estabelecido por indicação de al- posição, emoção, que prevalece no grupo e
guém ou por escolha entre os membros. O líder permeia as relações pessoais e os acontecimen-
deve conduzir o grupo na realização de uma tos. Alguns dos fatores que podem influenciar
tarefa, possibilitando que os membros atuem na atmosfera grupal: o ambiente físico, o sen-

10 capítulo 1
timento de igualdade e conforto no grupo e o
clima da atividade grupal.

O ambiente físico onde o grupo atua pode


influir de modo positivo ou negativo, carac-
terizado pelo conforto térmico, grau de lumi-
nosidade, pela relação entre área total e quan-
tidade de membros do grupo, ergonomia e
disposição dos assentos.

O sentimento igualitário entre os membros


do grupo pode ser favorecido pela disposição
circular dos assentos, pelo ambiente e trata- respeitam as diferenças individuais dos mem-
mento informal, pela pequena quantidade de bros, usam as diferenças individuais dos mem-
integrantes, pois isso favorece a integração e a bros, possuem comunicação eficiente, atuam
desinibição. de modo direcionado para os objetivos, são
regidos por normas de conduta moral e ética,
O clima nas reuniões e durante a realização da usam criatividade e inovação, trabalham na re-
tarefa é determinado pelo modo de condução alidade, identificam e seguem líderes, cuidam
das atividades e das pessoas pelo coordenador. dos membros, equilibram produtividade e sa-
tisfação pessoal, superam impasses, resolvem
Os conflitos dentro do grupo ou entre gru- conflitos, mantêm a unidade.
pos podem ocorrer e têm como causas prin-
cipais: diferenças individuais de ordem física, O sucesso de um grupo depende, em grande
psicológica ou social; limitação de recursos parte, da interação grupal, logo se os mem-
para realização das atividades; sobreposição bros se conhecem, se expressam e se comuni-
de funções desempenhadas por diferentes in- cam livremente e se participam ativamente do
divíduos; grau de eficiência no desempenho planejamento da atividade do grupo irão con-
das tarefas. As discordâncias no grupo podem seguir desenvolver uma identidade coletiva, na
ocorrer, mas a conduta ética e respeitosa deve qual os membros individualmente sabem sua
prevalecer também nessa situação. A resolu- posição no grupo e conhecem suas atribui-
ção dos conflitos deve ser buscada com a ado- ções, como devem proceder para executá-las e
ção de estratégias que possam contribuir, de contribuir para o sucesso da tarefa do grupo.
forma positiva, para contornar os problemas, No contexto do grupo, vários tipos de compor-
incluindo desde a observação passiva, quando tamento já foram definidos, tais como o co-
o professor considera que aquele grupo tem operativo, competitivo, pró-ativo, pró-social,
condições de resolver o problema, até a reali- empático, egocêntrico.
zação de intervenções diversas para o reesta-
belecimento da funcionalidade do grupo.
HABILIDADES SOCIAIS
O trabalho eficiente e o objetivo de um grupo
direcionado para a realização da tarefa com Os principais fundamentos das relações huma-
uso otimizado do tempo e dos recursos huma- nas, que favorecem os relacionamentos pes-
nos e materiais ocorrem em grupos considera- soais, são o autoconhecimento, a percepção
dos já maduros e produtivos. empática do outro, capacidade de comunica-
ção e assertividade, conduta ética e civilizada.
Os grupos produtivos têm capacidade de reali- O autoconhecimento envolve o conhecimen-
zação plena da tarefa. Eles apresentam muitas to da sua personalidade, bem como das ca-
das seguintes características: usam o tempo racterísticas genéticas e do meio onde vive. A
eficientemente, usam os recursos materiais e percepção empática do outro está relacionada
humanos eficientemente, conseguem realizar com a capacidade de reviver as vivências do
em grupo efetivamente, vivem a liberdade de outro, principalmente os sentimentos e o es-
expressão, atuam conforme as regras e leis, tado emocional. O estabelecimento de relação

capítulo 1 11
A assertividade tem recebido conceitos diver-
sos no decorrer do tempo, mas, de um modo
geral, ela é relacionada ao exercício de direitos
pelas pessoas. A assertividade é a “afirmação
dos próprios direitos e expressão de pensamen-
tos, sentimentos e crenças, de maneira direta,
honesta e apropriada, de modo que não viole
o direito das outras pessoas”. A ação asserti-
va busca a manutenção ou reestabelecimento
da justiça, de normas e de equilíbrio em um
determinado grupo. Nesse contexto, os mem-
bros de um grupo devem reclamar quando as
regras e normas em um grupo, explícitas ou
não, não são observadas ou são desrespeita-
empática tem como requisito o conhecimento das. A ação assertiva ocorre com base no sis-
interpessoal, envolvendo a ética e o respeito tema de crenças do indivíduo e/ou do grupo
na relação. A capacidade de comunicação é em que ele está inserido. O sistema de crenças
medida pelo entendimento adequado da men- pode influenciar, de forma positiva ou negati-
sagem pelos membros e é influenciada pelos va, a aprendizagem do comportamento asser-
meios e pelas formas de comunicação utiliza- tivo. A assertividade não pode e não deve ser
das e pelas diferentes habilidades cognitivas e confundida com egoísmo, intolerância, gros-
sociais dos membros envolvidos. seria e agressividade.

A habilidade social é uma forma de conduta O pensamento assertivo irá resultar da com-
pautada no equilíbrio entre a busca de satis- preensão das relações interpessoais e intergru-
fação pessoal e o cuidado com os relaciona- pais, sendo a habilidade assertiva relacionada
mentos, para que sejam mantidos e os outros ao sistema de crenças, ao conhecimento sobre
envolvidos também se realizem. A habilidade sociedade, aos direitos e à justiça; é necessário
social inclui ainda habilidades, como assertivi- que seja incluída e treinada no contexto esco-
dade e empatia. lar. Assim, os alunos podem incorporar, na sua
conduta, o exercício da assertividade.
A empatia é uma habilidade mental, uma for-
ma de comunicação afetiva, que está relacio- A habilidade social e a empatia que os mem-
nada com a capacidade humana de sentir e bros do grupo possuem ou que eles desenvol-
compartilhar a situação, os sentimentos, as vem no período em que o grupo está em ati-
emoções vivenciados pelo outro, com base no vidade envolvem capacidade de comunicação,
conhecimento intrapessoal ou em experiências concentração e processamento das informa-
próprias. Além da percepção do outro e do ções. A presença dessas habilidades ou carac-
autoconhecimento, os conflitos de interesse, a terística nos membros dos grupos irá represen-
disponibilidade de tempo para interação e o tar um diferencial positivo para um grupo.
significado variável que as diferentes situações
podem ter para os indivíduos são obstáculos O ambiente escolar deve ser favorável ao de-
para a habilidade empática. senvolvimento de habilidades sociais pelo alu-
no, pois possibilitará a este ter uma formação
Os indivíduos empáticos apresentam capaci- adequada a sua conduta nos diferentes grupos
dade de percepção de sinais sociais, que são que irá integrar na sua vida adulta. Nesse con-
indicativos do que o outro precisa ou quer. texto, a atuação do professor pode colaborar
Essa característica diferencial pode favorecer decisivamente para o desenvolvimento social
positivamente o futuro profissional, pessoal e do aluno.
social do indivíduo. Desse modo, as habilida-
des empáticas se configuram como um com-
ponente importante para o desempenho social
do indivíduo e dos grupos.

12 capítulo 1
RESUMO
Os grupos são conjunto de indivíduos, que se
associam e interagem para realizar uma tare-
fa. As fases de desenvolvimento do grupo são:
formação, erupção, normalização e realização.
Os grupos podem ser classificados em primá-
rios ou secundários, formais ou informais, ho-
mogêneos ou heterogêneos, temporários ou
permanentes. Os componentes principais de
um grupo são os insumos, sua dinâmica e os
resultados. A empatia e a assertividade são ha-
bilidades sociais importantes no grupo.

Atividades

1. Avalie sua participação na sociedade e liste


os grupos de que você faz ou já fez parte no
decorrer da sua vida.

2. Analise as características dos grupos de que


você participa(ou) e classifique-os.

REFERÊNCIAS
Antunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica
de grupo de sensibilização de ludopedagogia.
Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-


ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

Bowditch, J. L.; Buono, A. F. Elementos de


Comportamento Organizacional. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2004.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2. ed.


Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Robbins, S. P. Comportamento organizacional.


São Paulo: Prentice Hall, 2002.

Maximiano, A. C. A. Introdução à administra-


ção. São Paulo: Atlas, 2000.

capítulo 1 13
O COMPORTAMENTO
HUMANO E A
INTERAÇÃO
SOCIAL

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Estudar como o comportamento huma-
no pode ser influenciado pela interação
grupal;
Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima
• Conhecer os quadrantes da Janela de
Johari e sua importância no estudo da
personalidade.
Carga Horária | 15 horas

INTRODUÇÃO
A identidade do ser humano vai evoluindo e se consolidando à medida que ele se desenvolve e
estabelece convívio com outros indivíduos. O convívio possibilita o desenvolvimento de habilida-
des sociais e de interações sociais, que norteiam a integração do indivíduo nos diversos ambientes
sociais dos quais faz parte. O ambiente escolar contribui para a socialização do indivíduo por
possibilitar e promover encontros e interações em contextos diversos.

capítulo 2 15
em idade escolar ocorre tanto no ambiente
escolar quanto fora dele, contudo a escola
oferece condições para o desenvolvimento da
autoimagem, competência social e emocional,
participação em grupos diversos, sejam eles
formais ou informais, e também possibilita o
estabelecimento de relações igualitárias com
adultos.

O convívio no ambiente escolar favorece, no


aluno, o desenvolvimento de habilidades so-
ciais e o estabelecimento de relações interpes-
soais nos vários espaços da escola.
COMPORTAMENTO
HUMANO
INTERAÇÃO SOCIAL
O desenvolvimento humano ocorre no decor-
rer da vida de uma pessoa e passa por diversas A interação social é a denominação dada para
fases, e em cada fase o indivíduo enfrenta de- as relações mútuas, que são constituídas e se
safios que favorecem o seu desenvolvimento. desenvolvem entre indivíduos e grupos sociais.
Após o nascimento, o indivíduo já é um ser Essas relações ocorrem na forma de um pro-
social e começa a interagir com as pessoas e cesso dialético entre indivíduo e sociedade, em
com o ambiente que o cerca. A aprendizagem que há interferências e mudanças.
é um processo ao qual o ser humano está sub-
metido continuamente, não só no contexto A interação social tem efeitos no processo de
coletivo mas também no contexto individual. aprendizagem, pois a apropriação do conhe-
As condições biológicas e sociais ou históricas cimento científico se dá em consequência de
às quais um indivíduo é submetido têm influ- interações sociais diversas.
ência no seu desenvolvimento e no seu com-
portamento (Vigotski, 2001). As habilidades sociais de sobrevivência em
classe englobam realizar ações como: ouvir,
O ser humano se relaciona com o mundo de seguir instruções, ajudar, ser ajudado, pergun-
várias maneiras, usando formas diversas de co- tar, responder perguntas, discutir temas, des-
municação, tais como linguagem falada, escri- culpar, pedir desculpas.
ta e de sinais.
As brincadeiras e os jogos na escola são ati-
A habilidade no comportamento social englo- vidades significativas para a percepção da or-
ba a capacidade de o indivíduo conseguir rea- ganização social; vivência de regras e de dife-
lização pessoal e de estabelecer relacionamen- rentes papéis; conhecimento de habilidades
tos mutuamente benéficos. O desenvolvimento físicas, sociais e intelectuais; desenvolvimento
das habilidades sociais dos alunos é uma das da linguagem; o estabelecimento de relações
metas do processo educativo. Estudos apon- de amizade e possibilidade de interação com
tam para a existência de relação direta entre as companheiros mais velhos ou mais novos; vi-
habilidades sociais do professor, especialmente vência de situações de conflito, frustrações,
assertividade e empatia, e o desempenho dos sucessos.
alunos, com resultados favoráveis no processo
de ensino-aprendizagem (Meireles, 2009). A escola contribui para a socialização do in-
divíduo na medida em que nela ocorrem si-
No decorrer do desenvolvimento humano, os tuações para a interação num contexto extra-
indivíduos apresentam características cogni- familiar ou que ela promove explicitamente o
tivas específicas para crianças, adolescentes, desenvolvimento social e pessoal como parte
jovens e adultos. O desenvolvimento das re- do projeto pedagógico. Essa contribuição da
lações interpessoais e sociais dos indivíduos escola pode colaborar para prevenir desajustes

16 capítulo 2
sociais e pessoais dos indivíduos, embora não
tenha papel determinante.

Os processos sociais são mecanismos pelos


quais os indivíduos e grupos interagem social-
mente; dessa interação pode resultar desde a
união e fortalecimento do grupo até extremos
como afastamentos e dissolução. Acomoda-
ção, assimilação, competição, conflito, coope-
ração são alguns dos principais exemplos de
processos sociais.

O isolamento físico, social, cultural impede que A Janela de Johari foi desenvolvida para favo-
o indivíduo vivencie os processos de interação recer o autoconhecimento e o conhecimento
na sociedade e pode produzir efeitos nocivos do outro. Nela estão representados, de modo
aos indivíduos. geral, todos os aspectos da personalidade. As
subáreas da janela representam características
A cooperação é o trabalho feito em grupo, de da personalidade conhecidas ou desconheci-
forma deliberada ou não pelos membros do das pelo eu e pelo outro.
grupo. Os membros cooperam geralmente
para atingir objetivos maiores, grupais, embo- A área 1, denominada eu aberto, representa
ra seus interesses pessoais estejam inseridos no o comportamento geral de um indivíduo; são
objetivo do grupo. características que podem ser conhecidas pelo
indivíduo e pelo outro, como o modo de falar
No ambiente escolar, o professor deve prezar e de vestir.
pelo estabelecimento e pela manutenção da
cooperação entre os alunos. Para isso, pode A área 2, denominada eu cego, representa
propor atividades grupais que possibilitem aos características do comportamento de um in-
alunos convívio social e trabalho coletivo. divíduo perceptíveis pelo outro, mas que são
desconhecidas do indivíduo, como tiques ner-
vosos, modo de demonstrar alegria ou raiva.
JANELA DE JOHARI A área 3, denominada eu secreto, representa
A Janela de Johari é um modelo de comunica- características do comportamento de um indi-
ção, no qual há trocas de informações; as pes- víduo, conhecidas por ele, mas que ele busca
soas fornecem ou recebem informações sobre manter desconhecidas dos outros. Os exem-
elas mesmas ou sobre outras pessoas. Foi de- plos dessa área podem ser bastante variáveis.
senvolvido a partir de estudos dos psicólogos
Joseph Luft e Harry Ingham; o nome da janela Na área 4, denominada eu des-
deriva dos nomes desses pesquisadores. conhecido, estão inclusas caracte-
rísticas do comportamento de um
Características de Características de indivíduo, das quais ele não tem
comportamento comportamento consciência e também são desco-
conhecidas pelos não conhecidas
outros pelos outros nhecidas dos outros.

Características de Área 1 Área 2 Em um grupo em formação, a área


comportamento EU ABERTO EU CEGO do eu aberto (1) é pequena, pois as
conhecidas pelo eu
interações pessoais estão iniciando.
Características de Área 3 Área 4 A evolução dos grupos e a ocor-
comportamento não EU SECRETO EU DESCONHECIDO rência dos processos grupais pro-
conhecidas pelo eu
duzem crescimento da área 1. Em
oposição ao crescimento da área 1,
Figura 01 - Janela de Johari (adaptada de Fritzen, 2004). há o decréscimo da área 3, o eu es-
Fonte:

capítulo 2 17
librado, autêntico e empático. Esse comporta-
mento pode suscitar, no outro, desconfiança
em alguns grupos ou no início do relaciona-
mento, mas, em longo prazo ou em grupos
maduros e produtivos, pode resultar no esta-
belecimento de parceria baseada na franqueza
e na confiança.

Quando a área do eu cego é predominante,


o indivíduo expõe seus pontos de vista sobre
pessoas e situações; ele declara abertamente
suas opiniões e faz uso frequente da crítica.
condido, pois com o aumento das interações, Esse comportamento pode produzir no outro
estabelece-se a confiança entre os membros ressentimento, distanciamento, hostilidade e
do grupo, ficando à vontade para se deixarem postura defensiva.
conhecer melhor pelos outros. Além disso, a
diminuição da área 3 pode deixar os indivíduos Quando a área do eu secreto é predominan-
mais à vontade no grupo para interagir com os te, o indivíduo estabelece relação investigativa
outros e, com isso, desempenhar suas funções sobre como o outro o vê e o julga, com bai-
grupais de forma plena. xo grau de exposição pessoal. Esse comporta-
mento pode gerar desconfiança e hostilidade
A redução do eu cego é mais demorada, pois o no outro.
aumento no autoconhecimento é algo essen-
cialmente difícil de atingir, mas é favorecido Quando a área do eu desconhecido é predo-
quando o indivíduo está inserido no ambiente minante, o indivíduo estabelece relacionamen-
grupal. O eu desconhecido (área 4) pode nun- tos geralmente impessoais, com alto grau de
ca se tornar consciente, mesmo no ambiente retraimento, distanciamento e autopreserva-
grupal. ção, podendo gerar hostilidades no outro.

A variação numa das áreas da janela produz


efeito sobre as demais áreas, modulando as
interações dos membros do grupo.
RESUMO
O comportamento humano é desenvolvido no
A Janela de Johari possibilita acompanhar o flu- decorrer da vida de uma pessoa. A interação
xo de informações interpessoais relacionadas social é a denominação dada para as relações
ao eu e aos outros. Os processos de feedback mútuas que são constituídas entre indivíduos e
(receber parecer dos outros) e autoexposição grupos sociais. A interação social pode resultar
(fornecer feeedback aos outros, revelando-se) em comportamentos variados, como acomo-
regulam o fluxo interpessoal eu-outros e de- dação, assimilação, competição, conflito e co-
terminam o tamanho das áreas da janela. O operação. A Janela de Johari permite retratar
uso equilibrado desses processos por um indi- os comportamentos relacionados ao eu e aos
víduo pode contribuir para favorecer seu de- outros por meio do grau de autoexposição e
senvolvimento e sua competência interpessoal. de feedback.
O equilíbrio nas interações pode resultar em
uma maior produtividade grupal e satisfação
pessoal.
Atividades
A análise do estilo interpessoal dos indivíduos
feita com base na Janela Johari destaca aspec-
tos importantes do relacionamento. 1. Fazer análise do seu estilo de comportamen-
to pessoal e no estilo de colegas ou familia-
res usando a Janela Johari.
Quando a área do eu aberto é predominante,
o indivíduo se mostra e interage de modo equi-

18 capítulo 2
REFERÊNCIAS
Antunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica
de grupo de sensibilização de ludopedagogia.
Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-


ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

FRAWLEY, W. Vygotsky e a ciência cognitiva:


linguagem e integração das mentes social e
computacional. Porto Alegre: Artes Médicas,
2000.

Fritzen, S. J. Janela de Johari. 20. ed. Rio de


Janeiro: Vozes, 2004.

Fritzen, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de


grupo. Vol. 1. 35. ed. Rio de Janeiro: Vozes,
2005.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2. ed.


Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Oliveira, M. C. K. Processos grupais: visão inter-


disciplinar. Canoas: ULBRA, 2008.

Serrão, M.; Baleeiro, M.C. Aprendendo a ser e


a conviver. 2. ed. São Paulo: FTD, 1999.

capítulo 2 19
COMUNICAÇÃO
HUMANA

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer os processos da comunicação
Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima humana;

• Conhecer a importância da comunicação


humana para as interações sociais.
Carga Horária | 15 horas

INTRODUÇÃO
A comunicação é um processo fundamental, que serve de base para grande parte das atividades so-
ciais humanas, sendo contínuo e constante na sociedade humana. Os membros de um grupo quando
não estão motivados realizam suas tarefas de forma limitada, pois não coseguem ir além do que
está estabelecido para seu papel. As habilidades sociais do líder podem favorecer o surgimento e a
manutenção da motivação nos membros do grupo. Nesse caso, a comunicação e o relacionamento
interpessoal são ferramentas importantes.

capítulo 3 21
garantia do estabelecimento de comunicação
eficaz, que só acontece quando a informação
chega ao destino final e é entendida corre-
tamente. Nesse caso, todos os elementos do
processo colaboraram adequadamente para a
comunicação com exatidão, ou seja, uma in-
formação foi codificada, transmitida na forma
de uma mensagem, que foi recebida e inter-
pretada corretamente.

A comunicação foi um componente impor-


tante na história da civilização humana. Ela
permitiu o acúmulo e a transmissão de conhe-
COMUNICAÇÃO cimentos, ideias e experiências, contribuindo
positivamente para o progresso nas socieda-
A comunicação pode ser definida como um des humanas. Continua sendo muito impor-
processo de troca de informações entre um tante, pois grande parte das atividades exerci-
transmissor e um receptor, que envolve tam- das pelos indivíduos nas sociedades modernas
bém a compreensão do significado entre os envolve a comunicação.
indivíduos. Embora não haja um modelo único
de comunicação humana, todos os modelos O desenvolvimento tecnológico contribui para
apresentam quatro elementos básicos: infor- o desenvolvimento humano, pela ampliação
mação, transmissor, receptor e interpretação das possibilidades de comunicação e de re-
da mensagem. Nesse processo, vários fatores alização de atividades que se utilizam da co-
podem ter influência. municação, tais como a interação social e as
atividades relacionadas à educação e à cultu-
A informação é codificada para ser transmitida. ra. A internet é um instrumento atual de in-
Para isso, podem ser usados símbolos ou atos teração de espectro bastante abrangente, que
diversos, como palavras, escritas, desenhos, amplia as possibilidades de comunicação in-
gestos, linguagem corporal, entre outros. O terpessoal e com uma ampla variedade de in-
transmissor e o receptor precisam conhecer os formações nos mais diversos formatos (textos,
códigos para estabelecerem ou disponibiliza- imagens, sons). Os recursos tecnológicos têm
rem um canal para a comunicação. O processo sido cada vez mais usados no meio educacio-
de comunicação é concluído quando a mensa- nal, pois permitem a ampliação da capacidade
gem chega ao receptor e é interpretada com de comunicação e de interação. O processo de
exatidão. aprendizagem depende de processos de co-
municação e interação social, dessa forma, as
O processo de comunicação é complexo e, para tecnologias digitais têm contribuído de forma
ocorrer de forma adequada, depende de uma importante para o acesso mais amplo à educa-
série de fatores que surgem quando se consi- ção, diminuindo distâncias geográficas e tam-
dera a variedade de códigos que podem ser bém sociais.
usados na codificação da mensagem: o canal
usado para a comunicação (os principais são
falado ou escrito), o conteúdo da comunica-
ção (informações positivas ou negativas, grau COMUNICAÇÃO
de relevância, familiaridade com o conteúdo), INTERPESSOAL E
as características pessoais do transmissor e do
receptor da mensagem, as relações interpesso-
COMUNICAÇÃO GRUPAL
ais entre transmissor e receptor, os papéis que A comunicação é estabelecida no contexto de
o transmissor e receptor exercem no grupo, o uma relação, na qual as informações são troca-
contexto social ou histórico no qual o processo das, sendo um processo interativo, no qual os
acontece. Assim, a existência de informações indivíduos constroem o significado com base
de transmissor e de receptor não implica a nas suas experiências e nos acontecimentos do

22 capítulo 3
mundo que os cercam e o compartilham usan-
do símbolos verbais ou não.

A comunicação interpessoal é o estabeleci-


mento de um diálogo entre dois ou mais in-
divíduos ao mesmo tempo, nela os indivíduos
participantes exercem papel de emissor (fonte)
e receptor (destino).

A comunicação interpessoal tem quatro fun-


ções principais: controle (esclarecimento de
papéis e normas no grupo), informação (cons-
trução de uma base para tomada de decisão), ças relativas ao gênero, classe social, raça,
motivação (influência positiva buscando coo- religião e cultura; usar a sinceridade nas re-
peração e comprometimento) e emoção (ex- lações; se a simpatia não for possível, usar
posição de sensações e emoções). a empatia; perceber os diferentes pontos
de vista, ser tolerante para pontos de vistas
Os relacionamentos interpessoais são cons- divergentes e que estão sujeitos à mudan-
truídos principalmente com base na comuni- ça; perceber no outro suas características
cação. A capacidade de comunicação de um positivas.
indivíduo pode ser influenciada de forma po-
sitiva pela autoestima, autoconhecimento, au-
tocontrole, motivação, empatia e habilidades RELAÇÕES INTERGRUPAIS
sociais. Os conflitos interpessoais são motiva-
dos primariamente por falhas no processo de Os grupos podem ser analisados de forma
comunicação. isolada (relações intragrupais), mas também
devem ser vistos no contexto mais amplo (rela-
A comunicação grupal é importante para o ções intergrupais).
estabelecimento de relações sociais e a ma-
nutenção da boa comunicação interpessoal Os grupos podem apresentar interdependên-
no grupo, sendo necessário que os indivíduos cia, que é o grau em que as ações de um gru-
tenham ou desenvolvam características como: po afetam outro grupo, do tipo: conjunta, se-
quencial ou recíproca.
1. capacidade de diálogo, sabendo ouvir o
outro e responder após ponderar sobre o A interdependência conjunta se refere à atu-
que ouviu; ação paralela de dois ou mais grupos, reali-
zando coletivamente um conjunto de tarefas
2. capacidade de autoavaliação associada à sob o comando de um coordenador ou de um
inclinação para atuar de modo correto, re- grupo hierarquicamente superior. Nesse caso,
tificando sua conduta quando perceber a praticamente não são afetados uns pelos ou-
necessidade; tros, havendo baixa probabilidade de conflitos.
Na interdependência sequencial, a atuação de
3. capacidade para perceber e contornar um grupo depende da conclusão de uma tare-
possíveis empecilhos para a comunicação fa anterior por outro grupo. Nesse caso, o pla-
eficaz, como: conseguir dizer o que se nejamento, a coordenação e a realização das
quer dizer; usar linguagem formal, clara atividades grupais devem ser eficientes para
e coerente; conseguir concatenar adequa- evitar conflitos.
damente as ideias; usar conduta ética e
respeitosa; A interdependência recíproca ocorre quando
os grupos se afetam mutuamente; a atuação
4. capacidade de usar estratégias para supe- de um grupo afeta a atuação do outro. Nesse
rar barreiras para a comunicação, como: caso, os grupos precisam interagir e colaborar
ouvir e respeitar o outro; respeitar diferen- eficientemente para que não ocorram conflitos.

capítulo 3 23
REFERÊNCIAS
Antunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica
de grupo de sensibilização de ludopedagogia.
Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-


ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

Chaves, A. J. F. Os processos grupais em sala


de aula. Franca: UNESP; [s.d.]. Disponível em:
http://www.franca.unesp.br/oep.

Fritzen, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de


grupo. Vol. 1. 35. ed. Rio de Janeiro: Vozes,
2005.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2 ed. Rio


de Janeiro: Vozes, 2002.
A ocorrência de conflitos intergrupais pode ser
motivada por divergências de natureza pesso-
al, grupal, material, territorial, funcional, entre
outros. Os conflitos podem ter efeito global
positivo ou negativo, como quando o resulta-
do do conflito é um fato gerador de ideias no-
vas, soluções inovadoras e criativas, motivação
para o trabalho, evolução do grupo.

RESUMO
A comunicação pode ser definida como um
processo de troca de informações entre um
transmissor e um receptor, que envolve tam-
bém a compreensão do significado entre os
indivíduos. A comunicação é constituída de
quatro elementos básicos: informação, trans-
missor, receptor e interpretação da mensa-
gem. A comunicação interpessoal e a intergru-
pal são importantes no contexto social.

Atividades

1. Avalie os elementos da comunicação inter-


pessoal e intergrupal que podem acontecer
no ambiente escolar como um todo.

24 capítulo 3
VIVÊNCIA DAS
TÉCNICAS DE
SENSIBILIZAÇÃO
E DE DINÂMICA
DE GRUPO E SUAS
APLICABILIDADES
NA PRÁTICA
EDUCATIVA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer o conceito de dinâmica de
grupo;
Profa. Dra. Regina Lúcia Félix de Aguiar Lima
• Conhecer as técnicas de dinâmica de
grupo e os contextos em que devem ser
Carga Horária | 15 horas aplicadas.

INTRODUÇÃO
A educação formal nas instituições de ensino é conduzida de forma coletiva, onde crianças, jovens
e adultos são organizados em grupos de convívio quase diário, nos quais ocorrem interações so-
ciais diversas que podem ser entendidas no contexto dos processos grupais ou dinâmica de grupo.

As técnicas de dinâmica de grupo podem ser ferramentas importantes na educação, pois seu uso
adequado no ambiente escolar pode favorecer aspectos individuais dos alunos, como o desenvol-
vimento cognitivo, emocional e social, aspectos grupais na turma, como o desenvolvimento de
espírito de equipe, criatividade, capacidade de inovação, habilidades de comunicação assertiva e
empática e lidar com situações diversas e adversas.

capítulo 4 25
que favorecem o entendimento dos objetivos,
das atividades e relações no ambiente de um
grupo.

Os principais fenômenos psicológicos e sociais


incluídos na área de abrangência da Dinâ-
mica de Grupo são: amizade, amor, atração,
rejeição, coesão, coerção, conflito, dependên-
cia, interdependência, equilíbrio, hegemonia,
pressão social, resistência à mudança, simpa-
tia, antipatia. Além desses fenômenos, ela in-
clui métodos e técnicas de orientação didática
ou psicoterapêutica.

TÉCNICAS DE As técnicas de dinâmica de grupo, desenvolvi-


das com base nas teorias da Dinâmica de Gru-
SENSIBILIZAÇÃO E po, consistem de procedimentos aplicáveis a
DINÂMICA DE GRUPO grupos, visando contribuir para que o grupo
atinja seus objetivos explícitos e promover os
As técnicas de sensibilização são aplica- processos grupais de coesão, interação e pro-
das buscando produzir mudanças no modo dutividade.
como os indivíduos agem, sentem, pensam
e na forma em que eles aprendem, conso- Os elementos que constituem uma dinâmica
lidam ou mudam conceitos e condutas. Es- de grupo são os objetivos, o material necessá-
sas técnicas podem sensibilizar os indivíduos rio, o ambiente físico, o tempo de duração, as
para que percebam de que forma as diferen- etapas a serem cumpridas, o tamanho do gru-
tes condutas e atitudes afetam as relações po, o fechamento do trabalho. A aplicação das
interpessoais. Elas podem ser aplicadas pelo técnicas pressupõe a existência de um coorde-
estímulo à reflexão no ambiente grupal so- nador (facilitador), que tenha embasamento
bre seus conhecimentos e experiências indi- teórico e técnico para compreender a extensão
viduais ou pela vivência de situações criadas dos fenômenos produzidos, que irão promo-
para favorecer o autoconhecimento. ver a ação grupal e possibilitar a realização dos
objetivos, da tarefas ou dos projetos do grupo.
Dinâmica dos grupos, ou processos grupais,
são processos de interação estabelecidos por A aplicação das técnicas grupais para o desen-
um grupo de pessoas, que realizam atividades volvimento de atividades práticas ou de tarefas
coletivamente e geram resultados. As ativida- específicas pode ser feita pela investigação ini-
des desenvolvidas pelos membros do grupo cial dos aspectos relacionados aos indivíduos
podem ser realizadas de modo individual ou e à atividade ou tarefa sobre o que pensam,
em conjunto. As atividades individuais são rea- sentem, vivem, sabem os membros do gru-
lizadas por um membro sem a cooperação ou po em relação à atividade/tarefa. Nas etapas
interação dos outros membros do grupo, en- intermediárias, são conduzidas no sentido de
quanto a realização de atividades em conjun- investigar a teoria pertinente à atividade de
to necessita que haja interação, cooperação e forma sistemática, ordenada e progressiva e
comunicação. relacionar a teoria com a atividade ou tarefa,
podendo haver modificações ou redimensio-
A Dinâmica de Grupo é um campo do conhe- namento do conhecimento; por fim, podem
cimento científico, que trata do estudo de fe- ser incluídos novos elementos para propiciar
nômenos psicológicos e sociais no ambiente o entendimento da atividade/tarefa vivenciada
grupal, com enfoque na estrutura e funcio- pelo grupo.
nalidade dos processos grupais. Esse campo
teórico também está relacionado com a psi- As técnicas de dinâmica de grupo são ferra-
cologia social. A Dinâmica de Grupo inclui o mentas, que podem ser usadas no processo
conhecimento de teorias, técnicas e pesquisas de aprendizagem para facilitar a apropriação

26 capítulo 4
do conhecimento científico pela manipulação,
pelo compartilhamento, pela criação e recria-
ção do conhecimento.

As técnicas podem gerar um processo de


aprendizagem coletivo, desenvolvido a partir
de discussões e reflexões que promovem a am-
pliação do conhecimento individual e coletivo
e possibilitam a apropriação do conhecimento
pelos membros do grupo após o trabalho de
elaboração do conhecimento. Elas devem ser
utilizadas para estudo de temas ou conteúdos
específicos, com objetivos claros e delimitados
para os membros de um determinado grupo.

A forma como os membros do grupo atuam é A ação educativa do professor é direcionada


denominada processo. No processo, estão in- para uma classe ou turma, geralmente feita na
cluídos a comunicação entre os membros do forma de aulas coletivas, porém a aprendiza-
grupo e os sentimentos, que podem ser rela- gem dos alunos é individual, também é indi-
cionados aos membros do grupo ou à ativida- vidual a nota final, decorrente das estratégias
de desenvolvida pelo grupo. O processo pode avaliativas.
ser grandemente influenciado, de forma posi-
tiva ou negativa, por esses fatores. As técnicas de dinâmica de grupo são um con-
junto de procedimentos com aplicação dire-
As diferentes atividades a serem realizadas por cionada a grupos que objetivam estimular a
um grupo irão requerer dos seus membros produtividade dos membros do grupo como
um conjunto de habilidades diferentes, desde também a participação destes ou proporcionar
físicas a intelectuais. Os indivíduos que com- maior satisfação no grupo.
põem o grupo evoluem durante o processo,
e consequentemente o grupo também evolui, As técnicas grupais são variadas para atender
adquirindo ou desenvolvendo habilidades e às características dos diferentes grupos. Assim
competências. técnicas diferentes podem ser aplicadas a gru-
pos com características diferentes para obter
objetivos semelhantes, isso porque cada grupo
é uma entidade diferente, formado por indi-
CONDUÇÃO DO víduos diferentes e com isso vão apresentar
PROCESSO DE GRUPO características que lhe são peculiares. A varie-
dade de técnicas também está relacionada à
Os professores que aplicam técnicas de dinâ- variedade na capacidade técnica de quem vai
mica de grupo devem apresentar competên- aplicar. Logo a seleção das técnicas grupais
cias e habilidades variadas que são necessárias deve ser feita com base nas características
para conduzir a atividade planejada e obter do grupo e na habilidade e no domínio que
êxito. Competência técnica, demonstrada pelo o coordenador da atividade tem das técnicas
domínio dos conceitos científicos e dos instru- disponíveis. Não existe técnica coringa, que
mentos/técnicas adotados. Competência inter- possa ser aplicada de modo indiscriminado a
pessoal para conduzir o grupo e administrar quaisquer grupos, circunstância ou objetivo
as questões grupais, propiciando um ambiente pretendido.
adequado à integração grupal. Conduta ética
e responsável do grupo, com atitude humanís- As técnicas grupais podem ser criadas, modi-
tica, empática e ética. Capacidade de perceber ficadas, copiadas, combinadas ou adaptadas
as características dos indivíduos e dos grupos, quando aplicadas pelos coordenadores, mas é
e com isso favorecer o desenvolvimento tan- necessário ter habilidades e competências es-
to da atividade grupal quanto dos indivíduos pecíficas tanto para a aplicação de técnicas já
membros dos grupos. desenvolvidas quanto para modificações.

capítulo 4 27
coordenador. O primeiro modo de formação
do grupo tem como aspecto positivo a exis-
tência de conhecimento e afinidades prévias
entre os membros, isso torna o grupo mais
coeso e forte, porém tem como aspecto nega-
tivo diminuir as possibilidades de os indivíduos
conhecerem melhor e estabelecerem interação
com outras pessoas. Nesse caso, também há
chances maiores de conflitos. Assim, é interes-
sante que os dois modos de formação sejam
adotados, pois além dos aspectos destacados,
na sociedade nem sempre se escolhe de que
grupo se participa.

A demonstração da dinâmica a ser vivenciada


deve ser feita de modo verbal e, caso neces-
As técnicas grupais têm aplicação potencial sário e possível, fazer uma demonstração. As
definida, tais como para aprendizado, apro- regras, as tarefas e as responsabilidades de-
fundamento, avaliação, reflexão, recreação. vem ficar claras nessa etapa. Para isso, deve-
-se conversar com os grupos, levantar dúvidas,
Os coordenadores da técnica grupal devem esclarecê-las e certificar-se do entendimento
ter conhecimento das próprias habilidades e da atividade pelos grupos.
limitações, e assim selecionar técnicas que ele
possa coordenar eficientemente. Eles também A realização da atividade pelos grupos sob a
devem possuir, ou desenvolver, habilidade so- supervisão do coordenador, que deve acompa-
cial, comunicação assertiva e percepção em- nhar a execução, corrigir desvios, caso seja ne-
pática para selecionar e conduzir a atividade cessário, mas a intervenção deve ser a mínima
direcionada ao grupo ou ao conteúdo ou ao possível.
significado daquele encontro grupal.
A finalização da execução da atividade deve ser
A escolha das técnicas deve considerar fatores feita no tempo adequado, ou antecipado, caso
como: o tamanho do grupo, os objetivos pre- se perceba necessidade em função do ritmo
tendidos, o espaço físico disponível, a maturi- dos grupos ou pela ocorrência de algum fa-
dade e a motivação do grupo, as habilidades tor que afete o desenvolvimento da atividade.
do coordenador. Nessa etapa, os participantes são convidados a
expressar seus sentimentos e percepções sobre
A aplicação da técnica deve ser precedida de a atividade proposta e sua realização grupal.
esclarecimentos gerais, que devem incluir a de-
finição da técnica, a dinâmica interna do gru- As discussões sobre a atividade vivenciada se
po esperada para os membros e para o líder do seguem à finalização da atividade de aplica-
grupo, uma visão geral dos desdobramentos e ção prática de conceitos teóricos. Nessa etapa,
dificuldades possíveis e a explicitação das eta- o coordenador avalia, junto com os grupos,
pas a serem cumpridas. se os objetivos propostos foram atingidos. A
comunicação eficiente deve ser usada nessa
etapa; o coordenador deve estar atento para
ETAPAS DA DINÂMICA escutar os grupos e atuar na mediação de dis-
cussões a fim de garantir o entendimento das
DE GRUPO informações.

A constituição dos grupos é feita pela deter- O fechamento dos trabalhos é feito com a fi-
minação da quantidade de membros que cada nalização da discussão, do fornecimento de
grupo deve ter e pela distribuição dos mem- explicações e do parecer final sobre o desem-
bros. Os grupos podem ser constituídos por penho dos grupos.
escolha dos membros ou por determinação do

28 capítulo 4
TIPOS DE TÉCNICAS
GRUPAIS
As técnicas de dinâmica de grupo podem ser
classificadas pela finalidade que representam.

Técnicas de apresentação são aplicadas para


promover o conhecimento entre os membros
do grupo, geralmente eles se apresentam, de
forma direta ou indireta, e mostram quem
são, de onde vem, o que fazem, o que pen-
sam, onde vivem, suas crenças e preferências.
Devem ser desenvolvidas num clima de con-
fiança, descontração, integração e receptivida-
de por todos, para que os membros fiquem Técnicas de coesão grupal podem ser aplica-
motivados a serem autênticos. das para treinar profissionais que querem atu-
ar como coordenadores de grupos em forma-
Técnicas de iniciação grupal são aplicadas ção. Geralmente são destinadas a pessoas que
para promover: a confiança, a comunicação e possuem alguma experiência em coordenar
o conhecimento entre os membros do grupo, grupos. Os coordenadores devem desenvolver
a interação inicial entre os membros, a dimi- capacidade para escutar e observar pessoas,
nuição da inibição dos membros, a criação de bem como a realidade que os cerca.
uma atmosfera grupal favorável e a percepção
empática entre os membros. Elas geralmente Técnicas de construção grupal podem ser
buscam resgatar e trabalhar as experiências de aplicadas para promover a formação inicial de
criança, podendo incluir brincadeiras descon- um grupo, buscando desenvolver a estrutura
traídas para quebrar a seriedade e aproximar funcional e organizacional do grupo. Elas irão
as pessoas. promover a definição dos papéis a serem de-
sempenhados pelos membros do grupo. Essas
Técnicas de animação e relaxamento são técnicas permitem desenvolver, nos membros,
aplicadas para facilitar o estabelecimento de a consciência grupal, a percepção dos seus pa-
interações iniciais em um grupo em que os péis no grupo, o reconhecimento do papel dos
membros são desconhecidos ou para diminuir outros membros, o estabelecimento da comu-
a tensão e recuperar o ânimo quando o grupo nicação entre membros e o conhecimento mú-
está em processo de realização de uma ativi- tuo. Dessa forma, os membros podem vislum-
dade, ou ainda no intervalo entre atividades. brar e/ou aceitar seus papéis no grupo, bem
como o papel dos demais membros e, assim,
Técnicas de produção grupal são aplicadas começar a se desenvolverem de forma plena.
visando organizar o grupo para a realização
de uma atividade específica, de forma objetiva As técnicas de dinâmica de grupo são geral-
e produtiva. Elas permitem o conhecimento do mente aplicadas por pessoas que conduzem as
comportamento pessoal e grupal e promovem atividades. A função exercida podendo receber
interação e comunicação. Permitem também denominações diversas e intercambiáveis, tais
que os membros percebam os papéis que po- como facilitador, animador, moderador e co-
dem e devem assumir no grupo e o papel dos ordenador.
demais membros.
O coordenador das atividades tem a função
Técnicas de avaliação grupal são aplicadas de promover entre os membros ou grupos a
periodicamente para avaliar a eficiência da comunicação, o conhecimento, a integração,
atuação grupal, seja em termos da metodo- ou seja, de favorecer o relacionamento den-
logia adotada pelo grupo para chegar ao re- tro de um grupo ou entre grupos, resolvendo
sultado ou em termos do resultado produzido questões pessoais ou de trabalho que possam
pelo grupo. surgir durante o período da interação grupal.

capítulo 4 29
TÉCNICAS DE DINÂMICA
DE GRUPO NA PRÁTICA
EDUCATIVA
Segundo Perrenoud (2000), os professores pre-
cisam desenvolver competências para orientar
o ensino, organizar e conduzir situações de
aprendizagem e tornar os alunos sujeitos da
sua aprendizagem e capazes de trabalhar em
grupo.

O desenvolvimento dessas competências im-


plica mudanças no oficio do professor e na
sua prática de ensino. Essas mudanças terão
consequências no processo educativo, promo-
vendo a aprendizagem no âmbito individual e
coletivo, e no desenvolvimento do indivíduo,
O coordenador deve possuir (ou buscar desen- que aprende a saber fazer, a saber ser e a saber
volver) conhecimentos técnicos e teóricos es- viver junto.
pecíficos e possuir habilidades sociais amplas.
São exemplos de habilidades desejáveis: saber As técnicas de ensino são estímulos para a
falar, o que falar e quando falar; saber ouvir os participação dos membros do grupo. Elas per-
membros do grupo, inclusive opiniões contrá- mitem que os membros contribuam, trazendo
rias; ter percepção das situações que ocorrem suas experiências, trocando informações, refle-
nos grupos e capacidade para resolvê-las; ter tindo e questionando sobre suas condutas, e
capacidade para síntese de comentários e dis- percebam gradativamente o seu papel e sua
cussões; ter sensibilidade para perceber a ati- importância no grupo de uma forma mais am-
vidade grupal e capacidade para direcioná-la; pla. A aplicação das técnicas de ensino deve
estabelecer e manter a comunicação grupal; ser precedida de planejamento da atividade
ser coerente entre declarações e ações no am- e estabelecimento dos objetivos. Uma pro-
biente grupal; promover o relacionamento in- posta educativa que privilegia a utilização de
tragrupal harmonioso; buscar o conhecimento um enfoque metodológico participativo pode
sobre as características e o potencial do grupo favorecer a abordagem de temas transversais.
e promover seu desenvolvimento; saber dele- Algumas técnicas de ensino já conhecidas e
gar tarefas, compartilhar liderança e trabalhar aplicadas são estudos de caso, dramatização,
de forma proativa. debate, excursões e projetos.

Os membros de grupo já adultos possuem ex- O estudo de caso envolve a discussão em gru-
periências e vivências que lhes dão certa auto- po de questões específicas, reais ou fictícias,
nomia para que o processo de aprendizagem apresentadas pelo professor, possibilitando
seja mais eficiente; o ritmo de aprendizagem que os alunos desenvolvam capacidade de re-
requer o uso de metodologias participativas, alizar análise científica/crítica e de resolver situ-
com experiências significativas e linguagem ações pela tomada de decisão ou proposição
clara. Nesse caso, o coordenador (professor) de solução. Essa técnica permite a revisão de
precisa usar de sensibilidade, coerência, paci- conceitos e conteúdos e o estabelecimento de
ência, percepção empática e estabelecer uma relação entre os conteúdos teóricos e as situa-
comunicação eficiente. Ele também deve ter ções práticas.
consciência do seu papel na relação, de suas
responsabilidades e de seus compromissos, A dramatização permite que o aluno vivencie
logo deve criar condições para a participação diferentes situações como também estimula o
dos membros do grupo (alunos) no processo raciocínio e favorece a assimilação de conte-
de aprendizagem, valorizando as contribui- údos e o desenvolvimento da comunicação e
ções individuais e coletivas. expressão e da interação social.

30 capítulo 4
O debate é uma técnica, que permite estimular
o raciocínio e o pensamento crítico e ampliar a
visão do aluno sobre temas específicos, discu-
tidos sob pontos de vista diversos.

A excursão deve ter objetivos relacionados com


a busca de informações ou com a identificação
de conteúdos pelos alunos em ambientes na-
turais, isso permite o desenvolvimento de ha-
bilidades cognitivas. Além disso, o convívio e o
compartilhamento de experiências fora da sala
de aula podem resultar no desenvolvimento de
habilidades sociais e no fortalecimento e ama-
durecimento do grupo.

O projeto permite que os alunos trabalhem em


grupo para a realização de uma tarefa e viven-
ciem os processos grupais como também que
desenvolvam habilidades sociais e cognitivas.

Saiba Mais RESUMO


LIVROS RECOMENDADOS Dinâmica de grupos são processos de intera-
ção estabelecidos por um grupo, que atuam
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Editora. tivos. Os elementos da dinâmica de grupo são:
objetivos, material necessário, ambiente físico,
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NAS - Silvino J. Fritzen - Vozes.
tamanho do grupo e fechamento do trabalho.
EXERCÍCIOS PRÁTICOS DE DINÂMICA DE GRUPO As técnicas grupais têm aplicação para promo-
- Silvino J. Fritzen - Vozes. ver aprendizado, aprofundamento, avaliação,
reflexão e recreação.
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metodologia construtivista de dinâmica de grupo
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DP&A. Atividades

1. Dissertação: O uso potencial de técnicas de


dinâmica de grupo na sala de aula.

2. Pesquise, em livros ou na internet, sobre


dinâmica de grupos dos tipos listados no
texto. Selecione, nos seus resultados, uma
dinâmica de cada tipo (iniciação, avaliação,
produção, apresentação, animação, coe-
são, constituição grupal) que você conside-
re adequada, com base no conhecimento
das suas habilidades. Justifique sua escolha.

capítulo 4 31
REFERÊNCIAS
Antunes, C. Manual de Técnicas de dinâmica
de grupo de sensibilização de ludopedagogia.
Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Antunes, C. Relações Interpessoais e auto-esti-


ma. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

Frawley, W. Vygotsky e a ciência cognitiva: lin-


guagem e integração das mentes social e com-
putacional. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

Fritzen, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de


grupo. Vol. 1. 35. ed. Rio de Janeiro: Vozes,
2005.

Gayotto, M. L. C. Trabalho em grupo. 2. ed.


Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Oliveira, M. C. K. Processos grupais: visão inter-


disciplinar. Rio Grande do Sul: ULBRA, 2008.

Perrenoud, P. Dez Novas Competências para


Ensinar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.

Serrão, M.; Baleeiro, M.C. Aprendendo a ser e


a conviver. 2. ed. São Paulo: FTD, 1999.

32 capítulo 4

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