Você está na página 1de 24

TRAUMAS E EMERGÊNCIAS

TEMA:EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS
- ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) E ATAQUES ISQUÊMICOS
TRANSITÓRIOS (AIT)

HUGO BENEDITO HUGO 1


Fevereiro 2023
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM

“Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Ataques Isquêmicos Transitórios (AIT)”:

1. Explicar os aspectos básicos da anatomia e fisiopatologia do AIT e do AVC.


2. Explicar os factores de risco e os sinais e sintomas do AVC e do AIT.
3. Explicar a relação entre a localização da lesão, o tipo do AVC e as
manifestações clínicas.
4. Explicar os diferentes passos no atendimento do paciente apresentando sinais
de AVC
5. Explicar o diagnóstico diferencial entre o AVC e o AIT e outras condições.

2
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) E
ATAQUES ISQUÊMICOS TRANSITÓRIOS (AIT)

1. DEFINIÇÕES
• Defini-se Acidente Vascular Cerebral (AVC) a condição que determina uma interrupção
do fluxo de sangue ao tecido do cérebro.
• Dependendo da fisiopatologia os AVC são classificados em AVC isquémicos, os mais
frequentes, e AVC hemorrágicos.

• Defini-se Ataque Isquêmico Transitório (AIT) uma condição de disfunção neurológica


transitória causada por isquemia focal a nível do cérebro ou da medula espinhal ou da
retina, sem enfarte agudo.
3
ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA
• A irrigação do encéfalo realiza-se a partir de
dois sistemas arteriais que estão
intercomunicados: carotídeo (para o encéfalo
anterior e médio) e vertebro-basilar (para o
encéfalo posterior e medula). Ambas estão
amplamente comunicadas numa estrutura
circular, chamada polígono de Willis, que está
na base do crânio, em volta da hipófise.
• Cada hemisfério cerebral é irrigado por 3
artérias principais derivadas do polígono de
Wills: a artéria cerebral anterior, média e
posterior. A oclusão ou ruptura destas artérias
resulta em AVC nos territórios cerebrais que
elas irrigam, nomeadamente córtex anterior, 4
médio ou posterior.
Cont……….
O AVC é determinado por dois mecanismos (Fig 2):
I. A isquemia (80% dos casos)
II. A Hemorragia, de uma parte ou de todo o cérebro (20% dos casos)
• A isquemia é devida a redução ou interrupção do fluxo de sangue ao
tecido neurológico do cérebro, o que determina uma redução até ausência
de oxigénio e nutrientes necessários para o normal funcionamento do
cérebro.

5
Cont…
• A hemorragia também determina uma alteração do fluxo de sangue: há
perda de sangue fora do sistema vascular no tecido neurológico, formação
de hematoma, compressão do tecido neurológico e falta de oxigénio e
nutrientes para o cérebro.
• O AIT é um tipo de AVC isquémico em que, por causa de oclusão arterial
parcial ou por espasmo transitório ou reversível, não evolui com infarto
(morte) neuronal. Assim, as manifestações clínicas (sintomas neurológicos
como paralisia) são reversíveis e duram menos de 24 horas.
6
Cont….

7
CAUSAS DO AVC E AIT

As causas mais frequentes de AVC • Trombos a partida de válvulas cardíacas


isquêmicos incluem:
danificadas por endocardite.
• • Aterosclerose, que é considerada a
causa mais comum, sobretudo em • • Êmbolos de gordura nas fracturas
pacientes idosos. dos ossos como do fémur por exemplo.
• • Hipertensão • • Êmbolos sépticos em caso de sepse.
• • Vasculite ou inflamação dos vasos
sanguíneos. Estado de hipercoagulação que • • Insuficiência cardíaca que determina
determina a formação de trombos. hipotensão.
• • Infecção do sistema neurológico por
HIV, sífilis, tuberculose e fungos. 8
As causas mais frequentes de AVC Causas do AIT
hemorrágicos incluem:
• As causas mais frequentes de AIT
• • Hipertensão. são as mesmas do AVC
• • Medicamentos quais os isquêmico.
anticoagulantes em dosagem
descontrolada
• • Malformações congénitas dos
vasos cerebrais e sua ruptura.
9
4. FACTORES DE RISCO DO AVC
Factores de risco para AVC isquêmico
Factores de risco para AVC
incluem:
hemorrágicos:
• • Hipertensão.
• • Idade avançada.
• • Diabetes mellitus.
• • História pregressa de AVC.
• • Arterosclerose das coronárias.
• • Implante de válvulas cardíacas,
• • Tabagismo.
endocardite. • • Abuso de álcool.
• • Enfarte miocárdio recente. • • Hipertensão.
• • Aritmias (fibrilação auricular).
• • História de AIT. Os factores de risco para o AIT incluem
os mesmos da AVC isquêmico. 10
5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Manifestações clínicas do AVC

• As manifestações clínicas variam • • Incapacidade de entender o que as pessoas


dependendo da área do cérebro afectada falam.
do seu tamanho e do mecanismo do AVC. • • Deficiência súbita da memória ou da
Os sintomas mais comuns do AVC são: orientação espacial ou dificuldade de percepção
• • Formigueiros e/ou fraqueza dos do ambiente exterior.
músculos da face de um lado. • • Défice visual em um dos olhos e nos dois.
• • Formigueiros e/ou fraqueza no braço • • Vertigem súbita, alterações da marcha e ataxia.
ou perna ou ambas do mesmo lado. • • Cefaleia explosiva e intensa, sem causa
• • Confusão súbita. conhecida subjacente.
• • Afasia ou incapacidade de falar. • • Problemas de coordenação dos movimentos.11
Manifestações clínicas do AIT

• Os sintomas do AIT são os mesmos do AVC isquémico, mas tem uma


duração entre 1 a 2 horas e geralmente resolvem-se dentro de 24 horas.

12
DIAGNÓSTICO

A anamnese: é importante a recolha da • o Exame neurológico, incluindo


anamnese através dos familiares ou a escala de Coma de Glasgow se o
acompanhante, focando na altura de início dos
sintomas e sinais e nos factores de risco descritos
paciente tem alteração da
acima. consciência, focando em:
O exame físico deve abranger todos os •  Nível de consciência
aparelhos, mas o enfoque deve ser sobretudo nos:
•  Função visual.
• o Sinais vitais: pulso com ritmo irregular e
amplitude variável e irregular é característico •  Função auditiva.
da fibrilação auricular; HTA
•  Função sensorial. 13
•  Função e coordenação motora:
pedir ao paciente para levantar os
braços ou as pernas e avaliar se de
um lado há caída ou incapacidade
de movimento.
•  Linguagem: pedir ao paciente
para repetir determinadas frases.

14
Cont….
•  Músculos da face: pedir ao Os testes de laboratório:
paciente para sorrir e avaliar se • • Glicemia (excluir alterações
um lado da boca cai. cerebrais relacionadas com
• o Sistema cardiovascular: hipoglicemia e hiperglicemia).
pesquisando possíveis sopros • • Hemograma (excluir infecções e
cardíacos, fibrilação auricular e alterações das plaquetas).
sopros a nível da artéria carotídea.
• • Teste da malária.
• o Sistema respiratório
• • AST, ALT, Ureia, Creatinina,
15
Electrólitos (se disponíveis).
Diagnóstico diferencial

• É preciso sublinhar que a diferenciação entre um AVC Isquêmico e um


AVC Hemorrágico pode só ser feita recorrendo a meios auxiliares de
diagnostico (TAC) só disponíveis a nível quaternário ( hospitais centrais).
A história clínica e os meios auxiliares de diagnóstico podem ajudar na
diferenciação:
• • AVC Hemorrágico: quadro súbito que evolui com dor lacinante “é
considerada a pior dor de cabeça da vida”; acontece com indivíduo
relativamente jovem; contexto de HTA severa; náusea e vómito;
16
Cont….
• Os AVCs deverão ser também
diferenciados das outras condições
que podem apresentar-se com
manifestações similares:
• • Trauma cerebral. • Convulsões.
• • Infecções do sistema neurológico • • Estado de confusão.
central sem AVC. • • Sincope.
• • Coma de diabetes
descompensada ( hiperosmolar).
• • Encefalopatia por HTA,
alcoólica, hepática.
• • Hipoglicemia.
• • Neoplasia.
• • Enxaqueca.
• • Hematoma subdural.
17
Cont….
• • AVC Isquémico: quadro instala-se com antecedentes de AIT ou
relativamente insidioso, levando até horas para instalar-se (sintomas
flutuantes); pode ter HTA não muito elevada; geralmente acontece em
paciente de idade relativamente avançada; contexto clínico de tabagismo,
colesterol alto, doença vascular ou cardíaca.

18
TRATAMENTO DO AVC

• O TMG devia referir, mais cedo possível, o paciente com suspeita AVC para o
médico. Na sua ausência, o TMG deve avançar com o tratamento de emergência.
Os passos a serem feitos no tratamento do AVC seguem a seguinte sequência:
• • ABC.
• • Estabelecer acesso venoso.
• • Administração de oxigénio, se disponível.
• • Repouso na cama em posição do tronco de 30 graus para proteger da possível
aspiração e caídas.
19
cont…...
• Tratamento das seguintes condições em caso de elas estarem presentes:
• • Se tiver febre: Paracetamol
• • Controlo da hipertensão, implica não baixar a pressão arterial para
além do nível anterior ao do AVC ou abaixo de 160/100 mmHg.
• Baixar muito a pressão arterial pode agravar a morte de tecido cerebral
afectado.

20
Cont…..
• o Do leque de antihipertensivos disponíveis, os beta-bloqueadores (Labetolol/
Propanolol) são os fármacos de eleição para o controlo da HTA;
• o Do leque de antihipertensivos disponíveis, não usar NIFEDIPINA – pois implica
maior risco de depressão súbita da T.A. e causam o agravamento do AVC.
• • Controle da desidratação. Evitar dentro do possível o uso de Dextrose E.V. e
restringir uso de outros fluidos E.V. às necessidades diárias. A livre administração de
fluidos E.V. pode piorar edema intracraniano; a hiperglicemia – causada por uso de
Dextrose também agrava lesão neuronal.
• • Controle da hipoglicemia ou hiperglicemia
21
Cont….
Monotorização:
• • Exame neurológico: enfocando nos achados patológicos e avaliando o
surgimento de outros sinais também patológicos.
• • Sinais vitais
• Apos estabilização, deverá ser avaliado em conjunto com o médico se o
paciente pode beneficiar da transferência para um nível de atenção
superior.

22
TRATAMENTO DE UM PACIENTE COM AIT

• O paciente com AIT é tratado segundo a conduta do AVC isquémico.


• Ao nível de um Hospital Rural, o diagnóstico do AIT será quase
invariavelmente retrógrado, segundo o critério de défice neurológico e
quadro clínico típico de AVC que desapareça em < de 24 horas.

23
• Obrigado pela atenção

24

Você também pode gostar