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INCISTE

TRAUMAS E EMERGÊNCIAS
TEMA: CONTROLO DE HEMORRAGIAS
HUGO BENEDITO HUGO
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ABRIL 2023
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM

• 1. Definir os seguintes termos: hemorragia 3. Diferenciar entre hemorragia arterial,


interna e externa, hemorragia arterial, venosa e capilar.
venosa e capilar, definiao, etiologia,
fisiopatologia, manifestações clinicas, 4. Explicar os factores determinantes da
exames auxiliares de diagnóstico e conduta. gravidade da hemorragia.
• 2. Diferenciar entre hemorragia interna e 5. Descrever o tipo de sinais e sintomas
externa, listar os sinais e sintomas, e que justificariam a assistência imediata
explicar os métodos de controlo para cada de um médico para um paciente
um. apresentando uma hemorragia.
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INTRODUÇÃO

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HEMORRAGIA

DEFINIÇÃO:
• Hemorragia – é o derramamento ou corrimento do sangue para fora de um
vaso sanguíneo.

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ETIOLOGIA DA HEMORRAGIA

• Causas traumáticas – feridas por arma de fogo, ferida por arma branca,
lesões (fracturas, contusões, abrasões, lacerações, entre outras),
traumatismos abdominal (aberto ou fechado), queimaduras, cortes, entre
outras.
• Causas Médicas – úlcera péptica, pancreatite aguda, diabetes (pé
diabético), infecções (úlceras infecciosas, incluindo a úlcera tropical,
tuberculose), hemorróides, hipertensão arterial, hipertensão portal (varizes
gastroesofágicas), ruptura de gravidez ectópica, neoplasias (sarkoma de
kaposi), diateses hemorrágicas, entre outras.
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CLASSIFICAÇÃO DA HEMORRAGIA

Pode ser classificada quanto:


• À localização/origem
• Tipo de vaso lesado e
• Volume de sangue perdido.

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CONT…..
Quanto à localização: Quanto ao tipo de vaso:
• Hemorragia externa - quando a • Arterial, venosa ou capilar.
hemorragia ocorre para a Devido as diferentes
superfície do corpo; características de pressão,
• Hemorragia interna - quando a velocidade e de oxigenação da
hemorragia ocorre no interior do rede vascular.
corpo ou tecido (sem visualização
externa);
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Cont….
Caracteristicas de cada tipo de hemorragia de acordo com o tipo de vaso
acometido:
Hemorragia arterial Hemorragia venosa Hemorragia capilar
Vaso acometido Artéria Veia Capilares
Características Sangue vermelho vivo, Sangue vermelho escuro, Sangue vermelho
com saída em jacto e com perda contínua e com escuro/vivo, com perda
pulsátil, obedecendo às pouca pressão (não lenta e com muito pouca
contracções cardíacas apresenta pulsatilidade) pressão
Gravidade Elevada Moderada - elevada Baixa - moderada
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Cont…..

ARTERIAL VENOSO CAPILAR

• Grandes vasos; • Pequenas perdas de


• Grandes vasos;
• Perda de sangue com sangue;
• Perda de sangue com
grande pressão;
menor pressão; • Vasos de pequeno
• Sangue vermelho calibre na superfície
• Sangue vermelho
vivo; do corpo.
escuro;
• Mais grave. • Menos grave.
Cont….
Quanto ao volume de sangue perdido
• Classe I – até 15% de sangue perdido
• Classe II – 15 a 30% de sangue perdido
• Classe III – 30 a 40% de sangue perdido
• Classe IV – mais de 40% de sangue perdido

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FACTORES DETERMINANTES DA GRAVIDADE
DA HEMORRAGIA

• O volume e velocidade com que o sangue sai dos vasos;


• Se a hemorragia é arterial ou venosa;
• Se a hemorragia é interna ou externa;
• Quantidade de sangue perdida;
• Idade, peso e condição física geral da pessoa;
• Se a hemorragia afecta a respiração (via aérea).

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QUADRO CLÍNICO GERAL
O quadro clínico geral da hemorragia depende da
quantidade sangue perdida, o que apresenta
repercussões hemodinâmicas e sinais e sintomas.
Classe I
Classe IV
• Os sinais e sintomas são mínimos. Ocorre apenas
um leve aumento da frequência cardíaca. • Taquicárdia extrema, marcada queda da
Classe II
tensão arterial sistólica, pulso de difícil
percepção. O débito urinário é próximo de
• Taquicárdia (FC>100 bpm), taquipneia (respiração
rápida), pulso fino e leve diminuição da diurese zero e há perda total da consciência
Classe III • Os sinais e sintomas da classe III e IV
• Sinais e sintomas da classe II e sinais de necessitam a assistência imediata de um
hipoperfusão: diminuição do nível de consciência, médico! a classe II pode rapidamente passar
palidez, sudorese fria, tensão arterial sistólica < 90 para a classe III, pelo que estes pacientes
mmHg. devem ser cuidadosamente monitorados. 12
1. HEMORRAGIA NO ADULTO
1.1. HEMORRAGIA INTERNA

QUADRO CLÍNICO
• Depende do local da hemorragia.
• Ao nivel cerebral teremos um acidente vascular cerebral (AVC);
• Ao nível do abdómen teremos um quadro de abdómen agudo. Os sinais e sintomas
relacionados com as repercussões hemodinâmicas podem estar presentes em diferentes
classes (I a IV) e são as manifestações clínicas orientadoras.
• Podemos encontrar a exteriorização do sangue (hemoptises, metrorragias ou
rectorragias, hemorragia digestiva alta ou baixa) ou sinais como hematomas, equimoses,
petéquias. 13
Cont….
COMPLICAÇÕES
• Anemia aguda com choque hipovolémico e morte.
• Pode surgir insuficiência renal e falência multiorgânica.

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Cont….
EXAMES AUXILIARES DE DIAGNÓSTICO
• O hemograma pode revelar uma hemoglobina e hematócrito normal (nas fases
iniciais da hemorragia), mas que posteriormente (hemogramas seriados) podem
revelar a sua redução.
• Testes específicos devem ser aplicados em função da suspeita:
• Punção do fundo do saco de douglas na suspeita de gravidez ectópica rota
• Punção abdominal na suspeita de hemoperitoneo
• O diagnóstico é efectuado mantendo um elevado nível de suspeita e pelos sinais
clínicos (taquicárdia, taquipneia, palides, pele fria e sudorese sem outras causas
evidentes) e pelos exames auxiliares.
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CONDUTA
• Colocar o paciente em posição de trendelemburg (paciente em decúbito dorsal e membros
inferiores elevados à 30-45º), exceptuando nas hemorragias internas cerebrais (neste caso
elevação da cabeça à 30º)
• Estabelecer 2 acessos endovenoso no caso de hemorragias classe II – IV
• Algaliação – classe II a IV
• Reposição dos fluidos: regra de 1:3 para cristalóides (soro fisiológico ou lactato de ringer –
para cada 1 litro de sangue perdido, repor 3 litros de cristalóide) ou regra de 1:1 para expansores
plasmáticos (plasma, gelatina polimerizada).
o
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Cont…..
• Classe II – geralmente os cristalóides resolvem
• Classe III – iniciar com cristalóides e se não melhoram efectuar a transfusão
de sangue (2 a 3 unidades) – se não tem sangue, use expansores plasmáticos.
• Classe IV – cristalóides e transfusão de sangue
• Transferência imediata nas classes III e IV, e Classe II se não melhora com
cristalóides.

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1.2 HEMORRAGIA EXTERNA

QUADRO CLÍNICO
• Na hemorragia externa, o quadro clínico é facilmente reconhecido, visto o
sangramento ocorrer na superfície do corpo.
• Os outros sinais e sintomas por classe (I a IV) auxiliam na determinação
da gravidade da hemorragia.

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Cont….
COMPLICAÇÕES EXAMES AUXILIARES E
DIAGNÓSTICO
• As mesmas que a hemorragia
interna • Os mesmos que hemorragia interna
com excepção das técnicas
específicas, visto que a hemorragia é
visível.
• Um hemograma seriado auxilia a
perceber o nivel de redução de
hemoglobina e hematócrito
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CONDUTA
• A primeira conduta na hemorragia externa
consiste em controlá-la. 4 manobras são • Estabelecer 2 acessos endovenoso no caso
usadas: de hemorragias classe II – IV
•  Repouso e imobilização da parte
sangrante e sua elevação (particularmente
• Reposição dos fluidos: regra de 1:3 para
útil nas fracturas) cristalóides (soro fisiológico ou lactato de
•  Compressão manual directa sobre a ringer – para cada 1 litro de sangue
lesão perdido, repor 3 litros de cristalóide)
•  Pressão indirecta (compressão dos •  Classe II – geralmente os cristalóides
pontos arteriais) resolvem
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•  Garrote ou torniquete
Cont….
•  Classe III – iniciar com cristalóides e se não melhoram efectuar a
transfusão de sangue (2 a 3 unidades) – se não tem sangue, use expansores
plasmáticos.
•  Classe IV – cristalóides e transfusão de sangue
• Transferência imediata nas classes III e IV com controlo da hemorragia, e
classe II se não melhora com cristalóides ou difícil control.

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Cont….
Compressão manual directa sobre a lesão
• É o método escolhido em 90% das hemorragias externas.
• É a forma mais simples, a mais eficiente e a que sempre deve ser tentada em
primeiro lugar.
• Contra-indicações: A pressão directa não poderá ser utilizada em 2 circunstâncias:
quando a hemorragia está associada a uma fractura e quando no local da
hemorragia existem objectos estranhos (vidros, objectos espetados, etc.).
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Cont…..
Pressão Indirecta (compressão dos pontos
arteriais)
• A compressão dos pontos arteriais determinará
a interrupção do fluxo sanguíneo para a área
irrigada por aquela artéria.
• Os pontos arteriais frequentemente utilizados
para interromper uma hemorragia são os
correspondentes aos pulsos braquiais, femoral,
carotídeo, temporal e radial. Mas qualquer
pulso palpável pode ser utilizado para reduzir a
hemorragia.
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Cont….
Garrote ou Torniquete
• É uma técnica cada vez mais abandonada. Só
deve ser usada apenas se os restantes métodos
não forem suficientes para estancar a hemorragia.
Desvantagens:
• • Técnica de risco, pode causar lesões mesmo
quando aplicada correctamente. Torniquetes
aplicados de modo impróprio podem esmagar o
tecido e causar lesões permanentes nos nervos,
músculos e vasos. Podem ainda provocar
gangrena pela isquémia e morte tecidual se
aplicados por tempo prolongado. 25
2. HEMORRAGIA NA CRIANÇA
2.1.HEMORRAGIA INTERNA

ETIOLOGIA
As principais causas de hemorragia nas criancas são:
• Traumas com laceração visceral, por ex: do fígado e do baço.
• Fracturas: fractura do fémur ou da bacia
• Roptura de varizes esofágicas e hemorragia digestiva alta

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QUADRO CLÍNICO COMPLICAÇÕES
• Não existem manifestações clínicas • Anemia grave
especificas de hemorragia descritas • Choque hipovolêmico e morte
nas crianças, os sinais e sintomas são
semelhantes aos descritos para o
adulto, com a particularidade do seu
aparecimento ser precoce.

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EXAMES AUXILIARES DE DIAGNÓSTICO
• O hemograma pode revelar uma hemoglobina e hematócrito normal (nas
fases iniciais da hemorragia), mas que posteriormente (hemogramas
seriados) podem revelar a sua redução tal como no adulto.

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CONDUTA
• Avaliação geral e estabilização • Furosemida: antes da transfusão
hemodinâmica do doente: controlar os administrar furosemida 1mg/kg
sinais vitais, acesso EV, determinar a Ev.
gravidade da hemorragia
• Iniciar infusão de Ringer lactato
• Infusão Ev. lenta de 1 a 5 mg de vitamina ou de soro fisiológico – 20 mL/kg
K ( em situações de deficiência de vit.K) o mais rapidamente possível
• Transfusão de concentrado de glóbulos (30min) e repetir se houver
vermelhos: iniciar com 10ml/kg necessidade; depois continuar com
• • Transfusão de sangue total (quando se o soro de manutenção 30ml/kg
trata de um distúrbio na coagulação (1h).
• Transferência para unidade 29

sanitária com capacidade cirúrgica


HEMORRAGIA EXTERNA

ETIOLOGIA
• Traumas (fracturas expostas, feridas sangrantes)
• Deficiência de vitamina K (ocorre em RN pré-termo e cursa com
sangramentos espontâneos e prolongados) – Doença hemorrágica do RN
• Coagulação Intravascular Disseminada (CID)
• Sangramento nasal de origem desconhecida ou associado a malformações
vasculares locais.
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QUADRO CLÍNICO COMPLICAÇÕES
• Não existem manifestações • Semelhantes às descritas para
clínicas específicas de hemorragia interna.
hemorragias descritas nas
crianças, os sinais e sintomas são
semelhantes aos descritos para o
adulto, com a particularidade de o
seu aparecimento ser precoce.
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EXAMES AUXILIARES DE CONDUTA
DIAGNÓSTICO • A mesma apresentada para
• Os mesmos apresentados na hemorragia interna.
hemorragia interna.

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PONTOS-CHAVE
• 6.1 A hemorragia interna representa um • A classificação da hemorragia pela sua gravidade
desafio particular no seu diagnóstico, visto (Classe I a IV) tem grande importância clínica
que a sua visualização, diferentemente da para o manejo adequado da mesma, sendo que as
hemorragia externa, não acontece, hemorragias da classe III e IV devem ser
referidas/transferidas, após estabilização inicial.
acarretando maior risco de diagnóstico tardio
e morte. • O controlo da hemorragia externa inicia com as
manobras de compressão manual directa sobre a
• São factores determinantes da gravidade da lesão, repouso, imobilização e elevação da parte
hemorragia os seguintes: O volume e sangrante, pressão indirecta, e excepcionalmente,
velocidade com que o sangue sai dos vasos; o uso de garrote ou torniquete.
se a hemorragia é arterial ou venosa; se a • A hemorragia na criança é mais grave e os
hemorragia é interna ou externa; a sintomas mais precoces que no adulto,
quantidade de sangue perdida; a idade, peso necessitando de uma intervenção imediata e mais
e condição física geral da pessoa e se a energética.
hemorragia afecta a respiração (via aérea). 33
• Obrigado pela atenção

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