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Lucas Santos

Drenagem Torácica
É importante ter noção da anatomia e da fisiologia do
espaço pleural!

ANATOMIA E FISISOLOGIA DO ESPAÇO PLEURAL

Tem-se a cavidade torácica ocupada pelo parênquima


pulmonar, que possui uma força plástica, com tendência
a permanecer fechado, para isso, tem-se a presença o
espaço pleural dotado de pressão negativa, que funciona
como uma ventosa, ou seja, essa pressão negativa
presente entre a pleura parietal e a pleura visceral, faz Outro ponto é a quantidade de água no frasco em
com que se consiga vencer essa força elástica do selo d’água, tal ponto é importante pois evita esse contato
parênquima pulmonar para mantê-lo aberto. O que é da pressão atmosférica com o espaço pleural e manter a
importante pois qualquer desequilíbrio nessa pressão negativa.
homeostase, pode acarretar no colapso pulmonar, numa Tal quantidade refere-se a “2 dedos acima da
referência a fisiopatologia do pneumotórax por ponta do tubo principal presente no frasco”, ou seja, não
exemplo. possui quantidade específica, pois depende do tamanho
O objetivo da drenagem pulmonar, então, é devolver a do frasco a ser utilizado na drenagem, que pode ser de 500
expansibilidade pulmonar, essa homeostase pulmonar, ou 2000ml por exemplo, então a quantidade não é igual
permitindo a reexpansão do parênquima e a liberação em ambos, utiliza-se então a medida - 2cm acima do tubo
desse conteúdo do espaço pleural. principal - pois é necessário que o conteúdo presente na
caixa torácica, vença a pressão da coluna de água, por isso
é importante que a coluna não fique muito alta e nem
muito baixa, pois caso o paciente inspire de uma forma
mais “forte”, pode ocorrer que o paciente aspire o
conteúdo presente no frasco.

INDICAÇÕES
• Pneumotórax
• Hidrotórax
• Hemotórax
• Empiema
• Derrames pleurais
• Quilotórax
Realiza-se a incisão no 5º ou 6º EI entre a linha
• Pós cirúrgico para reestabelecer homeostase. axilar anterior e linha axilar média, procurando o
“triangulo de segurança”, área com menos musculatura
que facilita a incisão, além disso, importante não
Técnica ultrapassar a linha axilar média no sentido posterior, uma
vez que, o EI diminui, mais dificuldade se tem para drenar
A primeira preocupação é preparar o material, TODO o e pode causar mais dor ao paciente.
material necessário, para evitar situações de ter Importante também, que o dreno não fique
realizado a toracotomia e o material não está disponível. localizado em uma posição alta, uma vez que, se não
houver uma boa expansão pulmonar, o paciente que se
encontrar em posição ortostática, em pé, pode acumular
conteúdo nesse espaço pleural.

Com essas informações, após o preparo do COMPLICAÇÕES


material, inicia-se o procedimento com a antissepsia,
anestesia, seguida da incisão, que tem que ser o
• Sangramento (lesou um vaso importante, um vaso
suficiente para que entre “1 dedo” pois é importante que
intercostal, laceração do parênquima pulmonar,
haja a palpação digital da cavidade pleural, após isso,
laceração do diafragma, lesão devido a aderência
ocorre a dissecção, que pode ser usada a pinça Kelly,
pleural, lesão cardíaca);
tesoura, lembrando que instrumento de dissecção é a
tesoura, vai divulsionando e realizando a palpação, para
• Lesão pulmonar – Se tiver dúvida realizar punção
se manter no EI, evitando o contato com a costela, tendo
antes, realizar a palpação digital antes de colocar
cuidado também com o plexo neuro vascular presente
o dreno;
na borda inferior da costela superior do EI, assim deve-
se manter no meio do EI até adentrar-se no espaço
pleural, realiza-se, então , a palpação digital. • Infecção – devido a questões de antissepsia, em
• A palpação digital é importante uma vez que o situações de risco extremo;
paciente previamente pode ter tido/tem
doenças pleurais, derrame pleural, doenças • Enfisema subcutâneo - Principalmente quanto a
inflamatórias pulmonares como bronquiectasias incisão é maior que o calibre do dreno;
e tuberculoses, ou mesmo pneumonias que
pode ter deixado aderência do parênquima • Neuralgia Intercostal – Lesão por nervo
pulmonar na parede pleural, assim a palpação intercostal;
serve como certeza para que naquela posição
que será inserido o dreno, o espaço está livre. • Edema pulmonar de reexpansão – Acontece
• O dreno deve-se ser inserido, em direção quando o paciente está com hidrotórax há muito
posterior-medial -superior, observa-se que o tempo, pois durante a drenagem, por exemplo, de
dreno possui fenestrações, todas elas devem 3l, o parênquima expande abruptamente, carreia
estar inseridas na incisão. liquido para dentro do parênquima pulmonar, do
• Verifica-se então se há oscilação no frasco em intravascular para o extravascular, acarretando
selo d’água, caso não haja o dreno pode estar em edema;
dobrado, obstruído ou não está no espaço
pleural;
• Estando oscilando a coluna d’água, o dreno é
considerado funcionante, então, fixa-se o dreno.
CUIDADOS COM O DRENO DE TÓRAX
• O dreno de tórax está funcionando? Acabou a aula de drenagem de tórax FECHADA.
Observa-se a Presença da oscilação da
coluna liquida; Presença de débito; Expansão Mas há também a drenagem de tórax aberta –
pulmonar.

• Parada de oscilação da coluna líquida. O que


pode ser?
Obstrução do dreno; Dreno Pinçado
(normalmente utilizado para oclusão em selo
d’água); Dreno dobrado (acotovelado);
Obstrução do suspiro (deve ter pelo menos 1
aberto);

• Qual o Débito do dreno?


Aferição periódica (24h/24h), exceto em
situações de trauma que é realizada de 2/2, 4/4,
6/6h. Observa-se o aspecto da secreção (seroso,
sanguinolento). Em relação ao Débito refere-se a
Quantidade no frasco - selo d’água.

• Qual a Quantidade de selo d’água? Normalmente, é uma evolução da conduta do


2 dedos (2 cm) acima da ponta do tubo paciente após uma drenagem de tórax fechada.
principal.
Mas em que situação consegue deixar o paciente
• O Pulmão está expandido? com uma drenagem de tórax aberta, com o dreno em
Realiza-se a ausculta pulmonar e Raio-x de contato com o ar atmosférico e espaço pleural e não
Tórax para comparação e acompanhamento da causar pneumotórax?
expansão. ❖ Em situações que causam um encarceramento ou
aprisionamento do pulmão. Exemplo: Piotórax –
• O Paciente está com dor? empiema pleural. Uma vez que, com a infecção
Importante verificar a analgesia do paciente, purulenta na cavidade pleural, o organismo, no
uma vez que, se o paciente verificar que a incursão espaço pleural, para defesa, encapsula a região
respiratória causa o desconforto, ele irá que possui a secreção fazendo um depósito de
“superficializar” a respiração, o que pode acarretar fibrina e colágeno no parênquima pulmonar.
em prejuízos ao paciente, inclusive atelectasia
pulmonar, o que pode evoluir com um processo de
infecção.
• Verificar se o curativo está adequado

• Quanto tempo o paciente vai permanecer com


dreno?
Não há um tempo pré-definido, é até cumprir “sua
função”, que pode acontecer em 1 dia, 5 dias, enfim.
Assim a pergunta é: “Como verificar se o dreno
cumpriu a ‘função dele’?”
Para isso, observa-se 4 parâmetros:
➢ Débito menor do que 150 ml (a literatura
varia, porém o professor, fixou-se nesse) nas
24 horas;
➢ Ausência de fuga aérea. (Pede que o
Há também a drenagem torácica sob aspiração contínua,
paciente realize a manobra de vassalva, se
que é a conexão da drenagem de selo d’água com um
verificar bolhas no frasco de dreno está com
aspirador, é utilizado em situações que haja bastante fuga
fuga de ar, nesse caso deve-se aguardar mais
aérea, após ser colocado um segundo dreno e a fuga aérea
24h e reavaliar);
ser persistente. Neste caso, para preservar o pulmão,
➢ Ausculta pulmonar normal;
parênquima pulmonar e evitar complicações é conectado
➢ Expansão pulmonar ao Raio-x de tórax;
os drenos a um terceiro dreno em um frasco com o
aspirador e a coluna d’água que antes era dois
centímetros acima da ponta do tubo principal passar a
ser maior (cerca de 20 cm).

Alguns cuidados da drenagem torácica sob aspiração


contínua:

o Manter paciente confinado ao leito


o Não interromper a aspiração

Instala a aspiração contínua, radiografa no leito, se o


pulmão atingir expansão completa, aguarda 24 horas,
desliga o sistema de aspiração, radiografa novamente,
permanecendo a expansão, ocorre a retirada do dreno.
Caso não haja resolução, continua mais um tempo com
a aspiração, ou leva ao tratamento cirúrgico por
toracotomia ou por vídeo para pneumorrafia.

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