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VIA AÉ' REA DEFINITIVA

DRº THIAGO GIURIATO - 18/02/2021

DEFINIÇÃO
Implica na inserção de uma sonda endotraqueal, com balonete (“cuff”) insuflado,
conectado a um sistema de ventilação assistida, com mistura enriquecida de oxigênio e
mantida em posição por meio de fixação apropriada.

FORMAS DE ACESSO A VIA AÉREA


 INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
 INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL
 TRAQUEOSTOMIA
 CRICOTIREOIDOSTOMIA

INDICAÇÕES
 Apnéia;
 Proteção das vias aéreas inferiores contra aspiração de sangue ou vômito;
 Comprometimento iminente da via aérea como trauma de face ou crises convulsivas;
 Em situações como afogamento e eletrocussão;
 Traumatismo cranioencefálico grave (glasgow < ou = 8);

CONTRA INDICAÇÕES
 Abscesso de farige ou lesões;
 Epiglote epidêmica;
 Traumatismo de face;
 Indicação clássica de traqueostomia;
 Trauma torácico;
 Trauma cervical grave.

EXAME DA VIA AÉREA (JÁ CAIU EM PROVA – IMPORTANTE SABER)


 Inspeção sistemática da boca, distancia triomental (fúrcula esternal x omento),
mobilidade do pescoço e do tamanho da língua em relação à cavidade oral.
 O tamanho da língua em relação a cavidade oral pode ser graduado segundo a
classificação de Mallampati. Essa avaliação é realizada com o paciente sentado, com a
cabeça em posição neutra, boca amplamente aberta e projeção máxima da língua.
CLASSIFICAÇÃO 1: VISUALIZAÇÃO COMPLETA DOPALATO MOLE;
CLASSIFICAÇÃO 2: VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA ÚVULA;
CLASSIFICAÇÃO 3: VISUALIZAÇÃO APENAS DA BASE DA ÚVULA;
CLASSIFICAÇÃO 4: PALATO MOLE NÃO É VISÍVEL.

CLASSIFICAÇÃO DE COMARCK LEHANE


É realizada no momento da intubação por laringoscopia direta, estimando assim a
dificuldade da intubação orotraqueal, do mais fácil (I), ao mais difícil (IV).

INDIRETA BOUGIE: TÉCNICA ALTERNATIVA, JÁ COM O TUBO OROTRAQUEAL


MONTADO. SERVE COMO UM GUIA, COM A PONTA CURVADA PARA FIXAR NA VIA.
AVANÇADA: LARINGOSCÓPIO COM VÍDEO ASSISTÊNCIA.
ANATOMIA

VALÉCULA: LOCAL IDEAL PARA O POSICIONAMENTO DA PONTA DO LARINGOSCÓPIO

OBS.: IMPORTANTE SABER AS ESTRUTURAS ANATÔMICAS DAS IMAGENS ACIMA.


INSTRUMENTAL (VAMOS CONHECER MAIS AFUNDO NAS AULAS PRÁTICAS)
 Equipamentos de proteção individual (EPI’s) – na prova é importante citar os EPI’s caso
não esteja com eles presentes;
 Tubo;
 Cabo e lâminas (curvas e retas) de laringoscópio;
 Máscara facial e AMBU conectado a uma rede de oxigênio a 100%;
 Fio guia estéril;
 Sistema de ventilação testado;
 Seringa de 20ml para insuflar o cuff;
 Solução lubrificante (lidocaína gel ou spray);
 Sonda de aspiração;
 Estetoscópio
 Material de fixação do tubo (fita adesiva ou cadarço).

LEGENDA: LÂMINAS CURVAS E RETAS

OBS.: Utiliza os números das laminas de acordo com o bom senso, ou seja, caso o
paciente seja de estatura grande deve-se utilizar uma lâmina maior, se for pequeno utiliza
uma lâmina menor a fim de garantir o conforto para o paciente.
As lâminas retas são para epiglotes de difícil visualização, encaixa na epiglote.
O fio guia não pode ultrapassar o final do tubo orortraqueal.
TÉCNICA (FALAR A TÉCNICA PARA O PRECEPTOR) – TEM QUE SABER
1. Checar a iluminação do ambiente e certificar-se que um aspirador rígido estará
prontamente disponível caso seja necessário; testar o balão do tubo (cuff) e verificar o
laringoscópio: montagem e iluminação.
2. Pré-oxigenar, ventilar e oxigenar o paciente com ambu/máscara conectado a uma fonte
de O2 a 100%;

3. O paciente é colocado em decúbito dorsal, é feita a elevação da cabeceira da mesa


deixando os ombros do paciente apoiados sobre ela e colocado um coxim de
aproximados 10 cm debaixo do occiptus para o adequado alinhamento dos eixos da
boca, faringe e traqueia, permitindo a visualização direta da laringe e das cordas vocais;

OBS.: o importante é deixar os eixos alinhados conforme a figura B e C para conseguir


a melhor visualização.
4. Segurar o laringoscópio com a mão esquerda;
5. Inseri-lo pelo lado direito da boca do paciente, deslocando a língua para a esquerda e
em seguida examinar a glote;
6. Utilizando lâmina curva: a extremidade distal da mesma deve avançar até a valécula,
quando então todo o conjunto do laringoscópio será tracionado para cima, sem
alavanca. Esse movimento levantará a epiglote expondo as cordas vocais.

OBS.: Utilizando lâmina reta: a extremidade distal da mesma deve avançar


diretamente até a epiglote que será levantada pela lâmina, sem alavanca, expondo as
cordas vocais;

7. Inserir delicadamente o tubo na traqueia sem aplicar pressão sobre os dentes e as partes
moles da cavidade oral. Idealmente a passagem do tubo entre as cordas vocais deve
ser visualizada.
8. Retirar o laringoscópio e insuflar o cuff com volume de ar suficiente para conseguir
uma vedação adequada. Não hiperinsuflar o balonete, ou seja, não precisa insuflar ele
todo;
9. Retirar o fio guia;
10. Para confirmar a intubação devemos observar visualmente a expansão pulmonar com
a ventilação;
11. Auscultar primeiramente na região epigástrica, seguida da base do hemitórax esquerdo
e direito e por fim ambos terços médios. Esse tempo de verificação é importante devido
à identificação precoce de intubação seletiva do brônquio direito, que é mais
verticalizado, caso ocorra, devemos recuar discretamente o tubo até que o murmúrio
vesicular se faça audível no lado esquerdo;
12. Fixar o tubo para prevenir a extubação ou a inserção profunda;
13. Radiografar para verificar o posicionamento correto.
COMPLICAÇÕES
 Intubação esofágica, levando a hipóxia e morte;
 Intubação seletiva, normalmente do brônquio direito, resultando em ventilação seletiva,
colapso pulmonar contralateral e pneumotórax;
 Incapacidade para intubar, resultando em hipóxia e morte;
 Indução ao vômito, levando a aspiração, hipóxia e morte;
 Luxação da mandíbula;
 Laceração de partes moles das vias aéreas, faringe posterior, epiglote e/ou laringe;
 trauma em via aérea resultando em hemorragia e possível aspiração;
 fratura ou arrancamento de dentes (causados por movimento de alavanca);
 rotura ou vazamento do balonete do tubo, resultando em perda da vedação durante a
ventilação;
 lesão da coluna cervical por movimentação da cabeça durante o procedimento,
convertendo uma possível lesão sem deficit neurológico em uma lesão com deficit
neurológico;
 edema de glote;
 estenose da traqueia – cuff insuflado prolongado.

IOT EM SEQUÊNCIA RÁPIDA (7 P’S)

Existem circunstâncias nas quais


se torna necessário à utilização deste
recurso, que consiste na utilização de
bloqueadores neuromusculares para
paralisar o paciente que necessita de
intubação orotraqueal, porém
apresenta, por exemplo, trismo ou
encontra-se intensamente combativo
por hipóxia ou intoxicação exógena.

INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL (MENOS UTILIZADA)


INDICAÇÕES
 Impossibilidade de posicionar o paciente em decúbito dorsal;
 Paciente consciente;
 Impossibilidade de visualização de estruturas anatômicas durante a laringoscopia;
 Impossibilidade de abrir a boca completamente ou dolorosos espasmos dos músculos da
mandíbula;
 Fratura de coluna cervical.
CONTRA INDICAÇÃO
 Paciente em apneia, visto que o fluxo de ar é o principal “guia” para a intubação,
ou quando existirem fraturas graves médio-faciais ou fraturas de base de crânio.
 As contra-indicações absolutas à intubação acordada eletiva incluem alergia ao
anestésico local e recusa ou incapacidade do paciente em cooperar com o procedimento.

TÉCNICA DE INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL


1. Ventilar e oxigenar o paciente com ambu/máscara conectado a uma fonte de O2
de 100%. Certificar-se que um aspirador rígido estará prontamente disponível caso seja
necessário;
2. Testar o balonete do tubo traqueal;
3. Um assistente deve imobilizar manualmente o pescoço e a cabeça, que não devem
ser movimentados sob nenhuma hipótese durante o procedimento;
4. Lubrificar o tubo com um gel anestésico e introduzi-lo na narina;
5. Introduzir o tubo lentamente, mas firmemente para dentro do nariz, direcionando-o
para cima (para evitar o grande corneto inferior), e a seguir posteriormente e para baixo até
a nasofaringe; a curvatura do tubo deve ser moldada para facilitar a passagem neste trajeto
curvo;
6. Assim que o tubo passa pelo nariz e atinge a nasofaringe, ele deve ser direcionado
para baixo para passar pela faringe;
7. Uma vez que o tubo penetrou na faringe, deve-se prestar atenção ao fluxo de ar que
transita por ele. Avançar o tubo até que o som do movimento de ar seja máximo, sugerindo
que a ponta do tubo esteja localizada na entrada da traqueia. Acompanhando o
movimento de ar no tubo, determinar o momento da inspiração e avançá-lo rapidamente
para o interior da traqueia. Se o procedimento não for bem sucedido, repeti-lo aplicando
uma pequena pressão sobre a cartilagem tireoide.

OBS.: Lembrar sempre de ventilar o paciente intermitentemente.

8. Insuflar o balonete do tubo com volume de ar suficiente para conseguir uma


vedação adequada. Não hiperinsufle o balonete;
9. Conferir a posição do tubo ventilando com AMBU;
10. Observar visualmente a expansão pulmonar com a ventilação;
11. Auscultar primeiro na região epigástrica, seguida da base do hemitórax esquerdo
e direito e por último terço médio esquerdo e direito, com estetoscópio para conferir a
posição do tubo;
12. Fixar o tubo.

COMPLICAÇÕES
 Intubação esofágica;
 intubação seletiva;
 incapacidade para intubar por variações anatômicas;
 indução ao vômito, levando à aspiração, hipóxia e morte;
 lesão da coluna cervical por movimentação da cabeça durante o procedimento;
 edema;
 infecções.
EXTUBAÇÃO
É a remoção do tubo endotraqueal. Deve ser feita, a princípio, quando o paciente
estiver respirando espontaneamente. Antes de retirarmos o tubo devemos aspirar a faringe
e a região superior da laringe, ventilar o paciente com oxigênio, aspirar a traqueia
delicadamente, oxigenar novamente o paciente, insuflar os pulmões cuidadosamente para
manter alguma pressão intrapulmonar. A seguir, desinsuflar o balonete da cânula, remover o
tubo lentamente, oxigenar o paciente, inspecionar as cordas vocais e completar a
aspiração.

COMPLICAÇÕES PÓS EXTUBAÇÃO


Laringoespasmo, aspiração, faringite e laringite, edema laríngeo e subglótico,
ulceração da mucosa traqueal, estenose traqueal, pneumonia, paralisia das cordas vocais,
aspiração do conteúdo gástrico, lesão da traqueia, dentre outros.

TRAQUEOSTOMIA
É a realização de uma abertura cirúrgica na porção cervical da traqueia para
ventilação.

INDICAÇÕES
 Operação de emergência nas obstruções respiratórias por tumor de laringe, da orofaringe
e da região cervical, ou pelo excessivo acúmulo de exsudatos dentro dos brônquios;
 Intubação orotraqueal prolongada (para reduzir risco de estenose subglótica)
 A intubação orotraqueal fica no máximo 14 dias.
 Edema devido a queimaduras, infecções ou anafilaxia.
 Tempo prévio ou complementar a outras cirurgias bucofaringolaringológicas.
 Facilitar aspiração de secreções de vias respiratórias baixas.
 SAHOS (Síndrome da Apneia ou Hipopneia Obstrutiva do Sono)
 Reduzir o espaço morto durante a ventilação para facilitar desmame de ventilador.

CONTRA INDICAÇÕES
 Não existe contraindicação absoluta, mas há contraindicações relativas como: presença
de carcinoma laríngeo, em que a manipulação do tumor durante a traqueotomia pode
levar a uma incidência aumentada de recorrência tumoral na região do estoma;
 Além disso, as contraindicações acontecem em: situações de urgência/emergência
(requer maior tempo operatório, maior risco de sangramentos e infecções) e traqueostomia
a beira do leito do paciente (exceto em ambiente de UTI).
ANATOMIA TRAQUEAL

CLASSICAÇÃO
QUANTO A ALTURA
 Alta: É feita no nível do 1° e 2° anéis traqueais.
 Média: É feita no nível do istmo da tireoide, no 3° e 4° anéis traqueais. É a mais utilizada
porque causa o menor índice de complicações.
 Baixa: É realizada abaixo do 4° anel traqueal. Usada em caso de tumor de laringe e
em outras doenças onde é impossível a realização da traqueostomia média.
 Torácica: É feita quando não for possível realização de qualquer tipo anteriormente citado.

QUANTO AO TEMPO DE EXECUÇÃO


 Eletiva: a traqueostomia é programada. Não há risco de vida imediato para o paciente.
 Urgente: a operação é realizada em caráter urgente. Há obstrução das vias aéreas que
pode ocasionar óbito. Este tipo provoca complicações técnicas quatro vezes mais que o
anterior.
 Emergente: a operação é realizada rapidamente, pois o risco de vida é imediato. Alguns
cirurgiões preferem a cricotireotomia por ser de execução fácil e rápida.

QUANTO Á FINALIDADE
 Preventiva: é feita antes de alguma cirurgia de grande porte das vias aéreas superiores ou
digestiva alta para impedir asfixia durante ou após a cirurgia.
 Curativa: realizada para facilitar a ventilação e a aspiração de secreção, nas operações
de urgência, com possibilidade de recuperação do paciente.
 Paliativa: Serve para dar melhor conforto ao paciente, por exemplo tumor inoperável da
laringe.

QUANTO AO TEMPO DE PERMANÊNCIA


 Temporária: funciona durante o tempo em que a causa da doença que indicou a
operação se mantiver. A maioria das traqueostomias é deste tipo.
 Definitiva: funciona definitivamente, como nos casos dos tumores inoperáveis da cabeça e
pescoço, de insuficiência respiratória sem possibilidade de resolução clinica, nas paralisias
das cordas vocais, laringectomias totais, dentre outros casos.

MATERIAIS UTILIZADOS
Escolher a cânula traqueal de acordo com o diâmetro (75% da traqueia) e comprimento
(número 7 para as mulheres e número 8 para os homens). Solicitar uma seringa e testar a cuff.

TÉCNICA OPERATÓRIA
Sala operatória com iluminação adequada.
1. Paciente em decúbito dorsal horizontal com um coxim sob os ombros e o pescoço
em extensão. Evitar extensão do pescoço quando houver lesão da coluna cervical;
2. Assepsia e antissepsia da porção anterolateral do pescoço terço superior do tórax e
ombros;
3. Colocação dos campos operatórios para delimitar a região que será incisada;
4. Utiliza-se a anestesia local quando houver contraindicação à anestesia geral, ou
quando não for possível a intubação traqueal. A anestesia local é feita com infiltração
intradérmica e subcutânea de lidocaína a 2% com vasoconstrictor;
5. Incisão da pele, vertical ou horizontal, com 3-5 cm de comprimento localizada a 2 cm
da fúrcula esternal, quando vertical, ou inicia nesta altura quando horizontal;
6. Seguindo com a incisão do tecido subcutâneo e do platisma, separa-se, na linha
mediana, a musculatura infraioidea (separando a rafe mediana, que é a junção dos
músculos pré- traqueais – músculo esterno-hioideo e esternotireoideo). Muitas vezes, é
necessário ligar e cortar pequenos ramos das veias jugulares anteriores. Agir dentro dos
limites do triângulo de segurança (borda inferior da cricóide, bordas anteromediais dos
esternocleidomastoideos e fúrcula esternal);
7. Hemostasia, quando for necessária;
8. Divulsão lateral dos músculos pre-tireoidianos pela abertura da rafe mediana;
9. Após a exposição do istmo da glândula tireoide, que se localiza sobre o 2°, 3° 4° anéis
traqueais, ele deverá ser afastado ou seccionado, se necessário, para expor a traqueia.
Quando seccionado, cada borda seccionada deve ser suturada para se promover a
hemostasia;
10. Realizada a abertura da fáscia pré-traqueal e incisão da traqueia propriamente dita.
Essa poderá ser uma incisão vertical em crianças, atingindo do 2°ao 4° anel, sem ressecar
a cartilagem. No adulto, vários tipos de incisões são utilizados, vertical, horizontal em
forma de U, T ou em cruz. Procede-se a incisão traqueal com o bisturi. A aspiração com
sonda de nelaton deve ser feita pelo auxiliar, evitando sangue na via aérea;
11. Se optar por fazer o reparo, o auxiliar traciona o ponto facilitando a aberturada traqueia
e introdução da cânula. Deve ser feita a imediata checagem de sua posição;

Obs: Pedimos então, para desinsuflar o cuff do tubo orotraqueal, se houver. Faz-se um
ponto de reparo abaixo de onde se faz a incisão da traqueostomia, para facilitar a
introdução da cânula e para, se caso haja algum deslocamento da cânula no pós-
operatório, facilitar outro procedimento de introdução da mesma. Este ponto de reparo é
opcional;

12. A cânula é, introduzida com a sua concavidade voltada para cima. Á medida de
sua introdução deve ser girada, no sentido anti-horário, para baixo, até ser colocada no
interior da traqueia;
A fixação da cânula de traqueostomia pode ser feita com fita, cadarço ao redor do
pescoço, ou então, com uma fita de algodão que é amarrada em cada borda lateral da
cânula e em torno do pescoço. Sutura da ferida com pontos esparsos, para evitar
complicações precoces como, por exemplo, enfisema subcutâneo;
Dois tipos de cânulas são normalmente utilizados. O primeiro, de metal inoxidável, é
usado em pacientes que não precisam ficar em respiradores. O diâmetro da cânula deve
corresponder a 75% da luz traqueal. Este tipo de cânula, que deve ser o mais curto possível,
provoca menor incidência de estenose traqueal. O segundo tipo, de plástico, apresenta um
balonete insuflável na extremidade que fica no interior da traqueia. Deve-se insuflar o
balonete de tal forma que ele não provoque isquemia da mucosa traqueal e ao mesmo
tempo impeça o escape de ar entre ele e a parede traqueal.

13. Realizar radiografia de tórax e pescoço, para checar o posicionamento da


cânula, para descartar pneumotórax ou pneumomediastino;
14. A retirada da cânula (descanulação) de traqueostomia será feita quando o
paciente não mais necessitar de suporte ventilatório e readquirir a sua capacidade de
eliminar as secreções brônquicas.

É de bom senso obstruir a cânula por 24 horas e avaliar o padrão ventilatório do


paciente antes de retirá-la. Se o fizer, coloca-se sob o local da incisão um curativo. A fistula
traqueocutânea que se formará, tende a se fechar por segunda intenção em quase todos
os casos, quando o tempo de permanência da cânula for inferior a 2 meses. Além de dois
meses, o fechamento ocorrerá em, aproximadamente, 70% dos casos. No restante, a fistula
deverá ser fechada cirurgicamente.

VANTAGENS DA TRAQUEOSTOMIA
 A comunicação da traqueia com o meio externo permite uma redução de 10 a 50%
do espaço morto anatômico, o que reduz a resistência e aumenta a complacência
pulmonar, favorecendo pacientes com reserva pulmonar reduzida;
 Facilidade de aspiração de secreções.

Por esses motivos, a traqueostomia melhora o padrão ventilatório dos pacientes


submetidos a esse procedimento.

DESVANTAGEM DA TRAQUEOSTOMIA
 Comprometimento do mecanismo de tosse e da umidificação do ar inspirado, o
que reduz a limpeza broncopulmonar e a alteração da composição dos gases
alveolares, devido à ausência do fechamento da glote e da pressão expiratória final
positiva.
 Pode suprimir a voz;
 Facilita a ocorrência de infecções respiratórias.

COMPLICAÇÕES
 Intra-operatórias: sangramento, mau posicionamento do tubo, laceração traqueal
e fístula traqueoesofágica, lesão do nervo laríngeo recorrente, pneumotórax e
pneumomediastino, parada cardiorrespiratória. Hemorragia fatal pode ocorrer por
lesão da artéria inominada de trajeto alto.

 Precoce: sangramento (fistula traqueo-inominada), infecção da ferida, enfisema


subcutâneo, obstrução da cânula, desposicionamento, disfagia. Menos comuns são
a atelectasia pulmonar, no caso de intubação seletiva de um dos brônquios,
traqueobronquite, dentre outros.

 Tardias: estenose traqueal e subglótica, fístula traqueoinominada, fístula


traqueoesofágica,fístula traqueocutânea, dificuldade de extubação. Sangramentos
tardios, após 48 horas de cirurgia, podem ser causados por fístula traqueoinominada,
(entre a traqueia e o tronco braquiocefálico), que ocorre devido a uma
traqueostomia muito baixa, cânula muito grande, cuff com alta pressão, movimentos
da cânula e infecção local.

CUIDADOS GERAIS COM O PACIENTE


 Evitar contaminação;
 Deve-se aspirar com sonda de nelaton estéril e fluidificar as secreções através de
nebulização ou instilação de Ringer Lactato ou água destilada, 3-4 gotas várias vezes
ao dia,para evitar a sua obstrução da cânula e dificuldade respiratória ao paciente;
 Hidratação do paciente para mantê-lo equilibrado hidricamente e facilitar a
eliminação das secreções brônquicas;
 Curativo diário;
 Cuidado na introdução e adaptação da cânula á traqueia;
 Fixação cuidadosa da cânula;
 A retirada da cânula só deve ser feita após 5-7 dias a partir da sua colocação. Nesta
ocasião já existe uma fistula que comunica a luz traqueal com o meio externo.
Lembrar que a cânula só deve ser retirada após melhora da doença que a indicou
seguida de padrão ventilatório satisfatório do paciente;
 Realizar a radiografia de tórax do paciente, após a traqueostomia, para avaliar a
posição da cânula e a possibilidade de pneumotórax e pneumomediastino;
 Ensinar o paciente manipular a sua cânula para se proteger de eventuais
complicações.

CRICOTIREOIDOSTOMIA
Consiste em se fazer uma incisão horizontal de mais ou menos 2 cm de comprimento
entre as cartilagens cricoide e tireoide.

MEMBRANA CRICOTIREOI DEA: LOCAL DA INSERÇÃO


INDICAÇÕES
A cricotireotomia deve ser realizada nos casos em que outros meios para garantir uma
via aérea definitiva tenham falhado. Por ser uma operação simples e rápida na maioria dos
casos a cricotireotomia é preferível em situações de emergência. Esta operação é realizada
frequentemente em pacientes politraumatizados que apresentam edema acentuado de
face, hematoma e forte suspeita de lesão da coluna cervical onde a extensão do pescoço
para se fazer qualquer manobra está contra-indicada.

A principal vantagem deve-se ao fato da membrana cricotireoidea ser próxima da


superfície cutânea, desta maneira menor dissecção é necessária, evitando lesões de
estruturas mediastinais, parede posterior da traqueia e esôfago. A grande limitação é o risco
de lesões da laringe subglótica, estando mais associada ao tempo de permanência da
cânula.
CONTRA INDICAÇÕES
O procedimento é contra-indicado em crianças menores de 12 anos, infecção de
laringe, trauma laríngeo e tumores laríngeos.

TÉCNICA OPERATÓRIA
ETAPA 1: Colocar o doente em decúbito dorsal com hiperextensão do pescoço e coxim
sob os ombros.
ETAPA 2. Palpar a chanfradura da tireoide, o espaço cricotireoideo e a manúbrio esternal
para orientação.
ETAPA 3. Montar o equipamento necessário.
ETAPA 4. Preparar a área a ser operada e aplicar anestesia local se o doente estiver
consciente. ETAPA 5. Estabilizar a cartilagem tireoide com a mão esquerda e manter a
estabilização até que a traqueia seja intubada.
ETAPA 6. Fazer uma incisão transversal na pele sobre a membrana cricotireoidea e
proceder a uma incisão transversal cuidadosa
ETAPA 7. Inserir uma pinça hemostática ou um afastador traqueal dentro da incisão e girá-
lo 90° para abrir a via aérea
ETAPA 8. Inserir um tubo endotraqueal , com balão, através da incisão da membrana
cricotireoidea, direcionando o tubo distalmente para dentro da traqueia
ETAPA 9. Insuflar o balão e ventilar o doente.
ETAPA 10. Observar as insuflações pulmonares e auscultar o tórax para verificar se a ventilação
se faz adequadamente.
ETAPA 11. Fixar o tubo endotraqueal ou o tubo de traqueostomia ao doente para evitar.

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