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Cavidade pleural

Tem uma pequena quantidade de Pressão intrapleural (PIP)


líquido que lubrifica as duas pleuras e
- A pressão existente no espaço pleural
permite um deslizamento suave de
uma sobre a outra em cada - Em condições normais, deve ser
movimento respiratório subatmosférica (negativa) durante todo
o ciclo respiratório.

Resulta de:

• Sucção contínua do líquido pleural


para os canais linfáticos;
• Efeito de duas forças elásticas
opostas:
- A força de expansão – exercida
pela parede torácica;
- A força de retração (tendência a
colapsar) exercida pelo pulmão.
Embora a pressão seja negativa, ela varia durante o
ciclo respiratório

Início da inspiração: pressão pleural -5 cmH2O (pressão


necessária para manter os pulmões expandidos em repouso);

Durante a inspiração: a pressão pleural diminui (de -5


cmH2O para -8 cmH2O)

- O volume torácico aumenta


- Com o aumento da expansão da parede torácica,
aumenta a tendência do pulmão para retrair;
Durante a expiração: a pressão pleural aumenta (de -8
cmH2O para -5 cmH2O)

- O volume torácico diminui


- Com a diminuição da expansão torácica, diminui a
força de retração pulmonar
→ A negatividade crescente permite a entrada de ar nos pulmões;
→ Ao haver negatividade garante-se a expansão pulmonar e o impedimento que os pulmões se afastem da
parede torácica.

OU SEJA

Qualquer condição que reduza ou elimine a Situações como a acumulação de sangue/


negatividade da PIP levará à diminuição da líquido/ ar no espaço pleural, alteram a
expansão ou até colapso pulmonar. PIP diminuindo o poder de expansão dos
pulmões e, consequentemente, a
diminuição da superfície disponível para
as trocas gasosas
Em algumas situações é necessário
realizar drenagem torácica

Exemplos de situações que alteram a PIP Repercussões fisiológicas como:

• Hiperventilação alveolar
Derrame Pleural Pneumotoráx • Hipóxia (…)

Acumulo de líquido no espaço Presença de ar no espaço pleural


pleural. Podem ser transudados ou que resulta em colapso parcial ou
exsudados, unilateral ou bilateral. total do pulmão.
Instabilidade Hemodinâmica
Transudativos: Primário: normalmente em
pessoa sem antecedentes.
↑ Pressão hidrostática Provocado por rotura de pequena
↓ Pressão osmótica na circulação área debilitada do pulmão.
pulmonar ou sistémica Secundário: normalmente em
(IC, cirrose com ascite) pessoas com doença pulmonar
subjacente. Ocorre
Exsudativo: frequentemente com a rotura de
uma bolha em doentes DPOC,
Causado por processos locais mas também ocorre em fibrose
↑ permeabilidade capilar resultando cística, asma, abcesso pulmonar,
em exsudação de líquido tuberculose (…)

(pneumonia, doença maligna,


embolia pulmonar, tuberculose)

Ambas as situações têm indicação para drenagem torácica

Drenagem Torácica
Objetivos da drenagem torácica fechada:

Procedimento que pressupõe a • Permitir a remoção de ar, líquidos e sólidos (coágulos) do


colocação de 1 ou mais drenos, no espaço pleural ou mediastino, evitando o seu refluxo;
espaço pleural ou mediastinal, conectado • Restabelecer a pressão negativa do espaço pleural;
a um sistema de drenagem fechada. • Reexpandir os pulmões;
• Restaurar a função cardiorrespiratória.
Indicações mais comuns

→ Pneumotoráx: → Derrame Pleural:


→ Cirurgia torácica e
• Hipertensivo; • Causa maligna cardiotorácica (pós-op.)
• Espontâneo; • Pneumonia ou causas não
• Iatrogénico/ Traumático. malignas
→Hemotoráx/Hemopne
→ Epiema: Pus dentro da cavidade → Quilotórax: Linfa no espaço pleural umotoráx traumático

Princípios base da drenagem torácica


Gravidade: O conteúdo pleural flui de um nível superior para um nível inferior (A colocação dos recipientes
coletores a um nível inferior ao tórax, promove a drenagem por ação da gravidade);
Pressão positiva intrapleural: O ar e os fluídos em excesso na cavidade pleural, determinam aumento da
pressão intrapleural – atingindo valores positivos. (O ar e líquido movem-se de uma pressão sup. para uma
inf.);
Pressão negativa do sistema de drenagem: Uma força de aspiração, com pressão inferior à existente na
cavidade pleural: favorece a saída do conteúdo pleural para o sistema de drenagem.

Mecanismo unidirecional de sistemas de drenagem

S. D. subaquático

- Utilizam o princípio da sifonagem Este sistema pode ter 1, 2 ou 3


subaquática, que funciona como frascos;
uma válvula unidirecional, também
denominada drenagem em selo de No de 3 frascos, o último controla
água; a aspiração. A intensidade de
aspiração é determinada pela
- O selo de água é conseguido, distância entre a superfície da
colocando uma quantidade de água e a extremidade do tubo.
água destilada ou soro fisiológico
no recipiente coletor, de modo a Atualmente, há drenagem com 3
que a extremidade distal do tubo câmaras, que é descartável.
de drenagem fique 2cm abaixo do
nível desse líquido;
- A outra extremidade da Na expiração - ocorre saída de ar
tubuladura encontra-se conectada, e líquido do espaço pleural
ao cateter torácico da pessoa;
Na inspiração - o selo de água
- Proporciona uma barreira entre a impede a entrada de ar
pressão atmosférica e a pressão atmosférico para o interior do
intrapleural; espaço pleural
- Permite o fluxo unidirecional do
líquido ou ar para fora do espaço
pleural.
S. D. valvular (Válvula de Heimlich/ de transporte)

• Em certos casos, pode ser usada em vez dos sistemas de


drenagem com selo de água;
• Permite o fluxo unidirecional de ar e de líquido do espaço pleural
para o exterior, prevenindo, o seu refluxo para o interior do tórax;
• Permite maior mobilidade do doente;
• Permite a ligação a coletor de drenagem e aspiração ativa.

S. D. digital

• Os sensores no sistema ligam e desligam a bomba para garantir


que o nível de pressão definido seja mantido com precisão;
• Fornecem um registo digital contínuo de drenagem de ar,
líquidos e da pressão intrapleural.
Material:
- Bomba de sucção;
- Bateria recarregável;
- Tubuladura que se conecta a qualquer dreno torácico;
- Recipiente de colheita de líquido.
descartável
Processo de Drenagem

Passiva Ativa

O conteúdo da cavidade pleural O conteúdo da cavidade pleural drena


drena para o exterior por ação dos para o exterior por ação de uma
movimentos respiratórios da pressão negativa permanente, obtida
pessoa e por força da gravidade através de uma fonte de vácuo

Se a drenagem pela gravidade não é suficiente, o sistema é submetido a pressão negativa permanente, com
uso de aspirador a baixa pressão. (o máximo oscila entre -20 e -30 cmH2O no adulto)

Intervenções de Enfermagem
Consiste num conjunto de ações a desenvolver no âmbito da colocação, manutenção e remoção da
drenagem torácica subaquática.
Objetivos:

• Promover a reexpansão pulmonar; • Manter o sistema de drenagem funcionante


• Restabelecer a função cardiorespiratória • Prevenir infeções e acidentes
Antes e durante a colocação do dreno e sistema de drenagem

• Providenciar material necessário


- Preparar sistema coletor de drenagem;
- Preencher a câmara de selo de água até ao nível indicado;
- Preencher a câmara de controlo de aspiração até ao nível indicado;
• Instruir a pessoa sobre o procedimento (considerar dúvidas e receios);
• Monitorizar sinais vitais;
• Posicionamento (de acordo com a situação).

• Colaboração no procedimento de inserção do/s dreno/s


- Antissepsia;
- Toracocentese diagnóstica (permite colheita de conteúdo para análise, identificar a natureza do
conteúdo pleural, determinar o local exato da possível drenagem);
- Anestesia local (lidocaína 1%): Deve incluir Pele, Tec. Cel. Subcut, Periósteo e Pleura.
1- Infiltração da área onde será feita a incisão na pele.
2- De seguida, a agulha passa acima da costela (para evitar o nervo intercostal/feixe
neurovascular), progredindo até à pleura.
3- Retirada da agulha injetando lentamente o anestésico local restante
• Inserção do Dreno
- Tipos de dreno:
1- Dreno torácico com mandril (aumenta o risco de drenagem inadequada e perfuração de
órgãos);
2- Dreno torácico de grande calibre e de pequeno calibre;
3- Dreno torácico sem mandril.
- Incisão de 2 a 3 cm, transversal, paralela à costela;
- Disseção e afastamento dos tecidos com pinça;
- Exploração digital da cavidade após incisão;
- Inserção do dreno.
• Fixação do dreno no local de inserção
- Ponto em “U” circundando o dreno. Apenas um nó no bordo superior da pele, com as pontas livres
do fio a entrecruzar-se no dreno;
- Esta técnica permite o encerramento do orifício com o próprio fio, quando a drenagem for removida.
• Adaptar o dreno ao tubo do sistema de drenagem;
• Manter o sistema hermeticamente fechado;
• Posicionar sistema de drenagem abaixo do nível do toráx;
• Penso oclusivo no local da inserção;
• Assegurar realização de Rx toráx.

Localização dos Drenos

• Em caso de pneumotórax: Dreno na porção superior


da parede torácica anterior, ao nível do 2º ou 3º
espaço intercostal, linha média clavicular (1)
• Em caso de hemotórax (ou outra coleção de líquido):
Dreno na porção inferior da parede torácica, ao nível
do 4º a 6º espaço intercostal, linha axilar anterior ou
linha axilar média (2)
• Em caso de pneumotórax e hemotórax (ex: após
cirurgia torácica): Usual 2 drenos (superior e inferior)

Complicações inerentes à colocação do dreno e presença do sistema de drenagem

• Lesão de estruturas orgânicas (ex: pulmão; diafragma; coração; grandes vasos; esófago; estômago;
fígado; baço…)
• Pneumotórax hipertensivo;
• Hemorragia;
• Edema pulmonar de reexpansão – por evacuação demasiado rápida e abundante de líquido pleural
após colocação de dreno (recomendação: 1- 1,5L/h de drenagem máxima de líquido para reduzir
risco)
• Dor;
• Infeção no local de inserção;
• Empiema;
• Enfisema subcutâneo – resulta frequentemente do recuo do dreno, com fuga de ar em torno do dreno,
para o tecido celular subcutâneo;
• Posição incorreta do dreno;
• Obstrução do dreno/tubo de drenagem;
• Saída acidental do dreno;
• Desconexão acidental dos tubos;
• “Quebra” do selo de água.
Pneumotórax hipertensivo

• A acumulação de ar na cavidade pleural, pode incrementar a pressão intrapleural, ao ponto de


provocar compressão não só do pulmão afetado, mas compressão e desvio do mediastino, traqueia,
e outras estruturas para o lado oposto do tórax.
• Esta situação, compromete ainda mais a ventilação e a função cardiopulmonar, com potencial de
conduzir a uma situação de instabilidade hemodinâmica, eventualmente fatal.

Manutenção da drenagem torácica

• Avaliar e controlar a dor/restantes sinais vitais;


• Avaliar saturação periférica de O2;
• Avaliar nível de conhecimentos inerentes à situação e instruir/incentivar/reforçar…
• Incentivar mudança de posição regular e deambulação;
• Instruir/reforçar sobre a importância de manter o sistema de drenagem abaixo do nível do tórax;
• Instruir e incentivar exercícios respiratórios (inspiração lenta, profunda e com pausa, espirometria de
incentivo, respiração diafragmática, tosse…);
- Favorece eliminação de ar e líquido p/ sistema de drenagem – e promovem a expansão torácica;
• Instruir e incentivar exercícios da articulação escapulo-umeral;
- Previvem anquilose do ombro.
• Verificar eficácia do sistema de drenagem
- Vigiar a oscilação do nível do líquido na câmara selo de água, com os movimentos respiratórios
(em drenagem passiva)
• Vigiar o borbulhar do líquido na câmara selo de água
- O borbulhar intermitente (na expiração) é normal, indica que o sistema esta a remover ar do espaço
pleural
- O borbulhar contínuo -durante a insp. e exp.- (em drenagem passiva), pode indicar fugas no sistema
de drenagem; exteriorização do dreno (…) permitindo a entrada de ar para o tórax!

• Prevenir obstrução dos tubos

- Evitar torção, angulação excessiva (manter alinhamento)

- Evitar clampagem prolongada do dreno/tubo

• clampagem é um procedimento não recomendado, exceto em situações específicas, como:

• Desconexão acidental dos tubos

• Mudança de sistema coletor de drenagem

-Se existirem coágulos pode realizar-se compressão deslizante e suave ao longo do tubo

• Monitorizar características e volume do conteúdo drenado


- Drenagem superior a 100ml de conteúdo hemático (sangue vivo) em 1-2 horas: pode significar
hemorragia ativa!
• Executar tratamento ao local de inserção do dreno (técnica assética)
- Examinar local de inserção do dreno (…)
- Imobilização do dreno fixando-o ao tórax da pessoa

Mudança do sistema coletor (técnica assética)

• A frequência das mudanças do sistema de drenagem, deve ser efetuada de acordo com as instruções
do fabricante e volumes especificados;
• Considerar também a substituição do sistema em SOS
• A mudança do sistema deve ser feita com dupla clampagem, em direções opostas, durante a
expiração e o mais perto possível do local de inserção do dreno
• Desadaptar o anterior e conectar o novo sistema coletor já preparado
• Desclampar após a troca.

Remoção do sistema de drenagem e drenos


Pneumotórax: Quando cessou a saída de ar ;

- A tosse forçada não provoca qualquer saída de ar, durante mais de 12 a 24 horas

- O controlo radiológico confirma a reexpansão do pulmão

Derrame pleural ou hemotórax: Quando o volume drenado é inferior a 100 ml/24 horas;

- Confirmação por controlo radiológico

Empiema: Na sequência da completa resolução radiológica e clínica do processo infecioso;

Cirurgia torácica: Com confirmação radiológica de reexpansão pulmonar;

- Em geral removidos 48 a 72h no pós-operatório, podendo os drenos superior e inferior ser retirados em
diferentes tempos.

Remoção do Dreno

• Clampar dreno
• Descolar penso
• Pedir à pessoa para no final da inspiração, ou expiração realizar manobra de valsava - aumenta a
pressão torácica;
• Remoção do dreno na pausa respiratória, com a manobra de Valsava;
• Simultaneamente apertar fio de sutura colocado;
• Aplicação de gaze gorda sobre o orifício;
• Aplicação de compressas de gaze;
• Fixação do penso com adesivo.

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