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Unidade IV
7 ATENÇÃO TERCIÁRIA: RECUPERAÇÃO DA SAÚDE COM AFECÇÕES CIRÚRGICAS
NEOPLÁSICAS
Tem‑se o caso de um senhor admitido na unidade de internação cirúrgica por neoplasia de pulmão.
Ele está no sexto dia de pós‑operatório de lobectomia direita com ressecção tumoral e dreno em
hemitórax direito (HTD) com vários problemas de enfermagem decorrentes dessa situação. Para
realizar o raciocínio crítico, o julgamento diagnóstico e planejar a assistência a fim de atingir os
resultados esperados, vamos rever a fundamentação científica sobre a assistência de enfermagem no
pós‑operatório mediato e os cuidados com dreno de tórax.
O pós‑operatório (PO) consiste no período que se estende do final do procedimento cirúrgico até a
recuperação total do paciente, classificando‑se em:
• mediato: inicia‑se após as 24 horas iniciais prolongando‑se até sete dias (ou até a alta da
clínica cirúrgica);
• tardio: tem início após os sete dias do pós‑operatório mediato, estendendo‑se de acordo com a
recuperação do paciente, podendo durar semanas ou meses, de acordo com o tempo necessário
para que ocorra a cicatrização e previnam‑se complicações.
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
• auscultar a respiração;
• manter a oxigenioterapia;
Um maior risco de trombose venosa profunda (TVP) está relacionado a cirurgias ortopédicas e de
grande porte, história prévia de obesidade, varizes, uso de contraceptivos orais, tabagismo e idade superior a
40 anos. As causas se referem à predisposição individual, ao posicionamento cirúrgico, à hemoconcentração e
à depressão respiratória pós-cirúrgica. Os sinais e sintomas são: aumento da temperatura local e corporal,
dor e edema, sinal de homans e sinal de bandeira positivos, veias proeminentes, palpáveis e com sinais
inflamatórios. Os cuidados de enfermagem para prevenção de trombose venosa profunda (TVP) são:
Para prevenção de infecção da ferida cirúrgica, orienta‑se que sejam seguidos os seguintes
cuidados de enfermagem:
• observar e anotar presença (ou não) de sangue e de secreções na ferida cirúrgica (realizar expressão
nas bordas da sutura para detectar resto de sangue e de secreções no interior das camadas da pele
e, em caso positivo, irrigar para limpar com SF 0,9% aquecido);
O princípio básico da drenagem torácica é manter pressão intratorácica negativa, pois a pressão
na cavidade torácica é menor que a pressão atmosférica. Vale lembrar que o final do dreno deve ficar
submerso 2 cm em água estéril para impedir a entrada de ar na cavidade pleural, chamado de selo
d´agua. As finalidades do dreno torácico são:
• drenar líquido do espaço pleural na ocorrência de derrame pleural (acúmulo de líquido entre as
pleuras visceral e parietal), empiema (acúmulo de líquido purulento entre as pleuras visceral e
parietal) e hemotórax (acúmulo de sangue entre as pleuras visceral e parietal).
— Quando a drenagem for líquida, o dreno deve estar não borbulhante. Significa ausência de
drenagem de ar, drenagem sem complicação de fístula broncopleural, que é uma comunicação
anormal entre os brônquios e o espaço pleural, comum de ocorrer em paciente com dreno de
tórax pelo processo inflamatório desencadeado pela presença do dreno.
— Quando a drenagem for ar, no caso de pneumotórax, a avaliação normal deve ser dreno
oscilante (pérvio) e borbulhante (drenando o ar).
• Observar as características do débito do dreno torácico. No caso de derrame pleural, o débito será
de aspecto seroso, no caso de hemotórax, o débito será de aspecto sanguinolento e, no caso de
empiema, o débito será de aspecto purulento.
— Trocar o selo d’água e marcar o nível original do selo d’água, controlando o débito a partir
desse nível uma vez ao dia.
– Colocar no selo d´água água estéril e pinçar o dreno para evitar entrada de ar durante o
esvaziamento do frasco coletor e a troca de selo d’água.
– Ao se elevar o frasco é necessário pinçar o dreno para não ter refluxo do débito para o
espaço pleural, porém deve ficar pinçado o menor tempo necessário (ao pinçar o dreno,
aumentamos a pressão no espaço pleural, o que pode gerar complicações, além de não
drenar durante esse período que o dreno estiver pinçado).
— Manter o sistema de drenagem abaixo do nível do tórax (para não ter refluxo do débito para o
espaço pleural).
– O dreno não pode se movimentar dentro do espaço pleural, o que causaria muita dor, além
de complicações (como a fístula broncopleural). Assim, o dreno deve ficar bem fixado na
parede torácica abaixo de sua inserção na pele.
— Realizar curativo na inserção do dreno com SF 0,9% e clorexidine tópico, manter ocluído e
anotar aspecto.
– O dreno torácico causa muita dor, podendo gerar sofrimento ao paciente. Além disso, o
paciente tenderá a ficar imóvel, com medo da dor, o que poderá levar a complicações pela
diminuição da drenagem.
— Ausculta pulmonar.
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— Auxiliar na retirada do dreno junto com o cirurgião torácico responsável pelo dreno.
O senhor M. C. D., de 56 anos, com histórico de tabagismo por 40 anos, parou de fumar há 10 anos
e está no sexto dia de pós‑operatório de lobectomia Direita com ressecção tumoral. Apresenta‑se
consciente, orientado, referindo dor grau 6 em HTD, hidratado, descorado +/4+, subfebril (37,2 ˚C).
Eupneico, com máscara de O2 a 5 l/min e saturação de oxigênio de 97%, apresenta tosse produtiva
mas com dificuldade de expectoração pela dor e MV+ com presença de roncos em bases de HTE.
Exibe ferida cirúrgica em HTD com pontos íntegros, bordas unidas e sem secreção. Mantém dreno
em HTD oscilante, não borbulhante, com débito 360 ml em 24 horas, MV diminuído e ausente em
campo médio e base D, com presença de roncos difusos. Normocárdico, normotenso, íctus não
palpável, BRnF em 2T s/s. Boa aceitação alimentar, abdome plano, flácido, indolor à palpação, RHA
presentes com eliminação intestinal presente e vesical por sonda vesical de demora (SVD) com bom
débito claro. MMSS e II com boa perfusão periférica (BPP), pulsos distais presentes, edema +/4+.
Mantém AVP em MSD sem sinais flogísticos.
Dor grau 6 em HTD Dor aguda Relato da intensidade Agente lesivo físico:
usando escala padronizada cirurgia e dreno
Descorado +/4+, máscara
de oxigênio a 5 l/min e
saturação de oxigênio a 97%, Desobstrução ineficaz Tosse ineficaz, ruídos Tabagismo, secreções
tosse ineficaz produtiva com das vias aéreas adventícios e escarro retidas
dificuldade de expectoração
pela dor, roncos na ausculta
Ferida cirúrgica em HTD com Integridade tissular
pontos íntegros, bordas unidas prejudicada Tecido lesado Procedimento cirúrgico
e sem secreção
Subfebril (37,2 ˚C), dreno
em HTD oscilante, não Procedimentos
borbulhante com débito 360 Risco de infecção – invasivos: dreno
ml/24 h, SVD com bom débito torácico, SVD e AVP
claro, AVP em MSE
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Risco de infecção 10) Realizar higiene íntima três vezes ao dia observando, anotando e comunicando
presença de secreção uretral
11) Esvaziar coletor fechado de urina quando estiver preenchido em metade de sua
capacidade ou três vezes ao dia
12) Anotar o volume e o aspecto da diurese, comunicando se estiver turva ou com
sedimentos
13) Manter técnica asséptica na manipulação do AVP
14) Observar, comunicar e anotar sinais inflamatórios em inserção de AVP
15) Realizar flushing com SF 0,9% e aspiração antes de cada infusão
16) Manter cateter salinizado com SF 0,9% 5 ml
17) Fixar cateter com membrana transparente semipermeável com data da punção,
trocando somente se necessário
18) Proteger AVP com impermeável durante o banho
19) Trocar AVP a cada 96 horas ou quando houver sinais de inflamação na inserção
Tem‑se o caso de uma senhora internada na clínica cirúrgica por plaquetopenia relacionada à
complicação do tratamento quimioterápico e em PO tardio de mastectomia por CA de mama com
vários problemas de enfermagem decorrentes dessa situação. Para realizar o raciocínio crítico, o
julgamento diagnóstico e planejar a assistência a fim de atingir os resultados esperados, vamos rever a
fundamentação científica sobre a assistência de enfermagem em casos de câncer.
O câncer é uma das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) com alta incidência, morbidade
e mortalidade. É a segunda causa de morte no Brasil, com alto custo no tratamento, tanto financeiro
quanto pessoal, para paciente e família, gerando desconforto, sofrimento e limitações nas atividades
diárias. A assistência de enfermagem está presente em todas as fases da doença e de seu tratamento,
contribuindo com cuidados que visam à recuperação, à diminuição de complicações e à melhora da
qualidade de vida.
Os fatores que contribuem para cura, aumento da sobrevida e qualidade de vida são: diagnóstico
precoce, descoberta de novos medicamentos e abordagem terapêutica multiprofissional.
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
A população celular sofre transformação do material genético e seus descendentes são insensíveis
aos mecanismos reguladores do crescimento (divisão celular). O câncer se caracteriza pela multiplicação
celular desordenada e pela capacidade de invasão para outras regiões ou tecidos (metástases).
• tabagismo;
• exposição ao sol;
• exposição ocupacional;
• poluição atmosférica;
• agentes infecciosos.
7.2.3 Tratamento
A escolha da modalidade depende do tipo de tumor (TU), das condições do cliente e do estadiamento
da doença. Nesse último, são avaliados o tamanho do tumor, a existência ou não de linfonodos
acometidos e de metástases. As possibilidades de tratamento estão listadas a seguir.
O tratamento cirúrgico tem por objetivo remover de forma mecânica o tumor (ou parte dele)
a fim de:
• reconstruir (cirurgias plásticas para reconstruir o tecido danificado e/ou retirado que estava
tomado por células tumorais).
No transplante de medula óssea há a substituição da MO doente por uma sadia (obtida por
doador geneticamente similar).
Observação
Náusea e vômito são sintomas frequentes que causam impacto na qualidade de vida, podendo levar
a complicações como a desidratação. Suas causas são metabólicas, viscerais ou efeitos colaterais de
medicamentos (quimioterapia e opiáceos). Para náuseas e vômitos as intervenções de enfermagem são:
• ajuste da dieta: fracionada, leve, fria ou em temperatura ambiente, evitando alimentos condimentados,
gordurosos e/ou com odor forte;
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• realizar higiene oral com escova de dente macia ou cotonetes quando existirem lesões, utilizando
pasta de dente não abrasiva e evitando o uso de fio dental;
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A dor acomete a maioria dos pacientes com CA, causando sofrimento e depressão, além de ser de
difícil controle no caso da dor oncológica. Os benefícios do controle da dor são a melhora do humor,
da função intelectual e o relaxamento muscular. Em casos de dor, as intervenções de enfermagem mais
adequadas são:
• realizar exercício de flexão e extensão, alongamento e atividade física, a dor causa contrações na
musculatura, o que leva à síndrome do desuso e piora a dor;
• utilizar técnicas de relaxamento e distração, promovendo atividades que o paciente sinta prazer
em realizar;
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O paciente portador de CA tem maior suscetibilidade a desenvolver infecção e várias são as causas
de tal fato, como a diminuição da imunidade, a hospitalização e os vários procedimentos invasivos. Para
prevenção das infecções, as intervenções de enfermagem a ser seguidas são:
• manutenção de boa higiene oral, corporal, do ambiente e dos equipamentos utilizados (na
preparação dos alimentos ou outros);
• não consumir alimentos crus e ferver tanto o leite quanto a água que serão ingeridos;
Lembrete
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Tem‑se o caso de uma senhora internada na unidade cirúrgica com antecedente de doença de
Crohn e está no 10º PO de colectomia parcial e colostomia à E com vários problemas de enfermagem
decorrentes dessa situação. Para realizar o raciocínio crítico, o julgamento diagnóstico e planejar a
assistência a fim de atingir os resultados esperados, vamos rever a fundamentação científica sobre a
doença de Crohn e a assistência de enfermagem no pós‑operatório de colectomia com colostomia.
Doença de Crohn é um problema inflamatório crônico que atinge principalmente o sistema digestório,
com foco no ílio terminal e no cólon. O processo inflamatório causa ulcerações que vão comprometendo
todas as camadas da parede intestinal.
Observação
Os sintomas são dor abdominal no quadrante inferior direito, náuseas e vômitos, diarreia (que pode
conter muco e sangue), fissuras intestinais e perda de peso (pela dificuldade em absorver os nutrientes).
As complicações são úlceras intestinais e fístulas intestinais (comunicação anormal do intestino para a
região perineal, que pode drenar conteúdo intestinal para a vagina e bexiga). A complicação mais grave
é a obstrução intestinal (situação da paciente M.R.D.).
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A) B)
C) D)
Com relação à avaliação da integridade do estoma, deve ser protruso (mais ou menos 2 cm para fora
da parede abdominal), apresentar a mucosa corada e hidratada. Quando alterado, pode se apresentar
herniado (alça intestinal se exteriorizando) ou retraído, com coloração opaca ou cianótica (diminuição
na perfusão local); essas alterações significam presença de complicações. Os cuidados de enfermagem a
serem seguidos no caso de paciente com colostomia são indicados a seguir:
• Avaliar o aspecto, a cor (deve ser vermelho vivo), o brilho, a umidade, a presença de muco, o
tamanho e a forma do ostoma.
• A limpeza do estoma deve ser feita delicadamente, com jato de SF 0,9% aquecido a 37 ˚C nos
primeiros dias de pós‑operatório e depois com o chuveirinho no banho, nunca devendo ser
esfregado. Para limpar o estoma ou esvaziar o conteúdo da bolsa, deve‑se utilizar a abertura no
final da bolsa.
• A limpeza da pele ao redor do estoma deve ser feita com água e sabonete neutro apenas, sem
esfregar ou usar outros produtos no local. Essa limpeza deve ser realizada somente no momento
de troca da bolsa.
• A bolsa deve ter uma placa de proteção para a pele ao redor do estoma, que deve ser recortada
cerca de 2 milímetros maior que o tamanho do estoma (utilizar um mensurador de estomas). A
troca deve ser feita a cada três dias, retirando a bolsa anterior com cuidado (para não traumatizar
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a pele) e durante o banho (pois facilita a retirada da bolsa). Coloque a bolsa de baixo para cima e
certifique‑se de que ela esteja bem adaptada à pele. Retire o ar de dentro da bolsa e feche com o
clamp a saída.
Saiba mais
A senhora M. R. D., de 46 anos, tem antecedente de doença de Crohn há 15 anos e está no 10º PO
de colectomia parcial e colostomia à E. Apresenta‑se consciente, orientada, comunicando verbalmente,
aparenta tranquilidade e aceitação da colostomia, porém com dúvidas no autocuidado. Descorada
3+/4+, desidratada+/4+, deambulando com dificuldades e referindo cansaço aos mínimos esforços,
eupneica com boa expansibilidade, MV+ s/RA. Normocárdica, normotensa com BRnF em 2T s/s. IMC 20
com aceitação parcial de dieta via oral (VO), abdômen globoso, tenso, dolorido à palpação superficial,
RHA aumentados, mantém ferida cirúrgica em região mediana com pontos íntegros, bordas únicas com
presença de hiperemia e secreção seropurulenta à expressão em pequena quantidade. Colostomia em
QID com estoma protuso, arredondado, coloração vermelha brilhante, sem retração local com grande
débito líquido e pele íntegra adjacente. Apresenta MMSS e II com boa perfusão periférica, pulsos distais
presentes e mantendo acesso venoso periférico em MSD sem sinais flogísticos.
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Tem‑se o caso de um senhor internado na unidade cirúrgica por cirrose hepática com hipertensão
no sistema porta hepático e que está recebendo nutrição enteral. Para realizar o raciocínio crítico,
o julgamento diagnóstico e planejar a assistência a fim de atingir os resultados esperados para esse
paciente, vamos rever a fundamentação científica sobre assistência de enfermagem em relação à cirrose
hepática e à nutrição enteral.
Os efeitos tóxicos sobre o fígado produzem inflamação e necrose das células, as agressões ao tecido
hepático provocam substituição do tecido normal por tecido cicatricial, alterando sua estrutura e função. A
distorção da arquitetura normal do fígado leva à insuficiência hepática com falência de funções (desse órgão),
além de produzir a compressão dos vasos sanguíneos hepáticos, gerando um aumento da resistência vascular
abdominal e ocasionando o quadro de hipertensão no sistema porta hepático. Tal quadro leva, por sua vez,
ao surgimento de varizes esofagianas e gástricas, hemorroidas e desenvolvimento de circulação colateral
nessas regiões (teleangiectasias). Como a pressão é alta, há o risco de rompimento dessas varizes, associado à
diminuição na produção de fatores de coagulação, gerando um alto risco de hemorragia digestiva.
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
Observação
• Sintetizar, por meio da vitamina K, a maioria dos fatores de coagulação, além de promover a
remoção dos fatores ativados; assim, na insuficiência hepática ocorre o risco de sangramentos.
• O fígado tem a função de regular o nível de glicose ao produzir o glicogênio (armazenado nos
hepatócitos) ao realizar a gliconeogênesse (síntese de glicose utilizando aminoácidos). Assim, na
insuficiência hepática, ocorre risco de glicemia instável.
• Converter amônia (substância tóxica produzida no processo digestivo das proteínas) em ureia
(eliminada pelo rim); assim, na insuficiência hepática há o acúmulo de amônia na circulação,
levando ao quadro de encefalopatia hepática.
• Administrar lactulose conforme prescrição médica (CPM) para diminuir o pH intestinal e aumentar
a secreção de amônia.
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• Atender as necessidades nutricionais (dieta rica em calorias e baixa em gorduras, proteínas e sódio).
• Monitorizar parâmetros do estado nutricional (por exemplo: albumina entre 4 g/dl e 5 g/dl).
— bilirrubina direta (BD): normal entre 0,1 mg/dl e 0,4 mg/dl. Essa bilirrubina é conjugada no
fígado e armazenada na vesícula biliar, seu nível aumenta na circulação quando ocorrem
processos obstrutivos das vias e vesícula biliar;
— bilirrubina indireta (BI): normal entre 0,1 mg/dl e 0,6 mg/dl, produzida na circulação pela quebra
das hemácias, deve ser metabolizada pelo fígado, quando a função hepática está insuficiente
seu nível aumenta na circulação.
— tempo de trombina (TT) – o valor normal é entre 7 e 12 segundos. Esse exame avalia defeitos
no fibrinogênio (fator de coagulação ativado no fígado). Na insuficiência hepática, o tempo de
normalidade está aumentado.
— tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) – o valor normal é entre 21 e 35 segundos. Este
exame também é usado para monitorar o tratamento com heparina. Na insuficiência hepática
o tempo está aumentado.
— tempo de protrombina (TP) – o valor normal é entre 11 e 13 segundos. Este exame é usado para
monitorar o tratamento com anticoagulantes orais. Na insuficiência hepática, o tempo está
aumentado.
• Pesar em jejum.
• Monitorizar sinais de sobrecarga cardíaca (sons cardíacos, pulmonares, estase jugular e edemas).
• Atentar para distúrbio no padrão respiratório em razão de ascite, acidose metabólica ou congestão
pulmonar.
— fosfatase alcalina: o valor de normalidade é entre 98 U/l e 251 U/l, consiste em enzima presente
nas membranas de revestimento dos canalículos biliares, estando seu valor aumentado no
sangue em processos obstrutivos da vesícula e vias biliares;
Saiba mais
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Unidade IV
No caso em questão, o cliente com cirrose hepática está recebendo nutrição enteral (figura a seguir).
A terapia nutricional enteral consiste na administração contínua ou intermitente de nutrientes através
do trato gastrointestinal por meio de sonda nasoenteral, nasogástrica ou ostomias.
Recipiente de
alimentação
enteral
Bomba de
alimentação
enteral
Sonda de
alimentação
8 Fr
Ponta pesada
flexível
Figura 11 – Paciente recebendo nutrição enteral por sonda nasoenteral (SNE) com bomba de infusão
A indicação da terapia nutricional enteral está relacionada a situações clínicas em que o tubo
digestivo encontra‑se íntegro, mas o paciente não pode ou não deve se alimentar pela boca, necessitando
de suporte nutricional por sondas. As contraindicações são decorrentes de alteração do processo
digestivo, como:
• vômitos frequentes;
• íleo paralítico;
• obstrução intestinal;
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
No caso o paciente está utilizando o sistema fechado de infusão de dietas enterais, que consiste na
administração de fórmula nutricional para uso enteral através de embalagens com volume de 1.000ml.
Esse tipo de embalagem pode permanecer conectada à sonda do paciente por 24 horas com garantia de
qualidade microbiológica. São vantagens do sistema fechado de infusão de dietas enterais:
• reduz manipulação dos produtos e reduz custos para o paciente e para a instituição.
A seguir estão listados os cuidados para a manutenção segura da dieta por sonda em infusão contínua.
• O frasco nunca deverá permanecer instalado na sonda do paciente por um período maior que 24
horas, mesmo que seja necessário desprezar algum volume de dieta.
• Evitar abertura do sistema (para situações em que não é necessário abrir o sistema, apenas
interromper a infusão).
• Na troca dos frascos, é necessário certificar‑se do posicionamento correto da sonda por meio de
ausculta.
Observação
Uma vez que não se verifica mais o refluxo gástrico, deve‑se atentar para
outros sinais de intolerância à dieta, como náuseas e vômitos, distensão
abdominal e RHA ausentes.
O senhor A. M., de 53 anos e divorciado, está internado na unidade de clínica médica com insuficiência
hepática. Durante a avaliação apresentava‑se confuso, e seu filho, que o acompanhava, relatou que ele
tinha o hábito de beber socialmente, porém, nos últimos anos, o consumo diário de bebida alcoólica
vinha se intensificando, culminando havia dois anos, na perda do emprego em um divórcio. Após esses
incidentes, iniciou‑se um quadro depressivo, com aumento do consumo de bebida, diminuição do
apetite e perda de peso. Atualmente refere piora, com inchaço e coloração amarelada dos olhos e da
pele. Nega tabagismo, não realiza acompanhamento do seu estado de saúde e se automedica quando
apresenta sintomas que o incomodam.
No exame físico, apresentava‑se reagindo a estímulos verbais com respostas inadequadas, desorientado
no tempo e no espaço, agitado, emagrecido, com musculatura hipotrófica, descorado 2+/4+, ictérico 3+/4+
e com prurido. Taquicardíaco com pulsos distais presentes (110 bat/min), hipotenso (100 mmHg x 60 mmHg),
desidratado, com turgor de pele diminuído e diurese colúrica com volume diminuído. Dispneico aos esforços
com expansibilidade e MV diminuído com roncos difusos. Mantém sonda nasoentérica (SNE), recebendo
dieta por bomba de infusão (BI) com abdome globoso com teleangiectasias, tenso, ascítico, com piparote
presente, RHA aumentado e apresentando episódios de diarreia acólica. MMSS e II com BPP e pulsos distais
presentes. Mantém AVP em MSE sem sinais flogísticos.
Diagnóstico de
Dados de enfermagem Características definidoras Fator relacionado/ risco
enfermagem
Consumo de bebida alcoólica com Comportamento de
saúde propenso a Falha em agir de forma a
perda do emprego e divórcio, com Abuso de substâncias
risco prevenir problemas de saúde
posterior inicio de quadro depressivo
Confusão aguda Abuso de substâncias
Respostas inadequadas, agitação Agitação, alteração na função
desorientação no tempo e espaço Risco de queda psicomotora Encefalopatia hepática
SNE recebendo dieta por BI,
diminuição do apetite e perda de Alimentação enteral,
Risco de aspiração – esvaziamento gástrico
peso, emagrecido com musculatura retardado
hipotrófica, descorado 2+/4+, ascite
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
Diagnóstico de
Dados de enfermagem Características definidoras Fator relacionado/ risco
enfermagem
Taquicárdico, hipotenso, desidratado
com turgor de pele diminuído e Volume de líquido Alteração no turgor de pele, Mecanismo regulador
diurese com volume diminuído, deficiente aumento na concentração comprometido
diarreia acólica, abdome globoso, urinária, diminuição na PA
tenso e ascítico
Dispneico aos esforços com Posição do corpo inibe
expansibilidade e MV ↓ com roncos Padrão respiratório Dispneia, capacidade vital
ineficaz a expansão torácica,
difusos, abdome globoso, tenso e diminuída hiperventilação
ascítico
Hipertensão no sistema porta
Risco de sangramento Função hepática
hepático, abdome globoso com – prejudicada
teleangiectasias, tenso, ascítico
Acesso venoso periférico em MSD Risco de infecção – Procedimentos invasivos
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Unidade IV
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
Lembrete
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Resumo
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Exercícios
Questão 1. (HEMOMINAS/MG, 2013) Em relação ao câncer de mama, leia as frases abaixo e, a seguir,
assinale a alternativa que corresponde à resposta correta.
I – O câncer de mama apresenta‑se, em geral, como um tumor de consistência dura, pouco elástico
e indolor.
I – Assertiva correta.
Justificativa: o nódulo sólido benigno mais frequente é o fibroadenoma, que apresenta consistência
dura e elástica, superfície lobulada. Em geral é único e ocorre em mulheres jovens.
II – Assertiva incorreta.
Justificativa: a mulher que tem muitas gestações e amamentações, geralmente, não relata dor
mamária, sendo sua causa mais frequente a alteração funcional benigna da mama (displasia mamária).
Justificativa: o autoexame das mamas deve ser realizado mensalmente e o exame clínico deve ser
anual, especialmente em mulheres com 40 anos ou mais.
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
IV – Assertiva incorreta.
I – É um distúrbio crônico marcado pela obstrução difusa e pela regeneração fibrótica das células
hepáticas.
II – Dentre os tipos de cirrose hepática, temos a cirrose pós‑necrótica, causada pelo comprometimento
hepático a partir da insuficiência cardíaca esquerda.
III – A cirrose se caracteriza por lesão crônica irreversível do fígado, fibrose extensa e crescimento
nodular.
V – Prurido intenso, ressecamento extremo da pele, turgor tissular deficiente e pigmentação anormal
da pele estão presentes apenas na cirrose hepática causada por desnutrição e ingestão crônica de álcool.
A) V – F – V – F – F
B) F – F – V – V – F
C) V – F – V – V – F
D) F – V – F – F – V
E) V – F – F – F – V
I – Assertiva correta.
Justificativa: é um distúrbio crônico que transforma o órgão em tecido fibroso, denominado fibrose
ou esclerose no fígado.
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Unidade IV
II – Assertiva incorreta.
Justificativa: há três tipos de cirrose, a hepática, a biliar e a pós-necrótica, sendo esta última causada
por necrose em áreas consideráveis do fígado.
IV – Assertiva correta.
Justificativa: os sintomas da cirrose são dor abdominal, náuseas, vômitos, constipação, olhos e pele
amarelados, fígado aumentado, urina escura, perda de cabelo, fadiga, perda de peso e inchaço.
V – Assertiva incorreta.
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REFERÊNCIAS
Textuais
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de rotinas para atenção ao AVC. Brasília, 2013. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_rotinas_para_atencao_avc.pdf>. Acesso
em: 18 out. 2017.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a política
nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Brasília: 1994.
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