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Tromboembolismo pulmonar
Dr. Alexandre Funnes
EPIDEMIOLOGIA
✓ Apesar dos avanços de tratamento e profilaxia, o TEP é uma das principais causas
de óbito hospitalar;
✓ Terceira causa de morte nos EUA (após IAM e AVC);
✓ Aproximadamente 300.000 internações/ano, com 50.000 mortes/ano nos EUA;
✓ Taxa de mortalidade de 30% em pacientes não tratados e de 2,5-10% em pacientes
que recebem o tratamento adequado;
✓ Em sua maioria os êmbolos provêm de êmbolos de trombose venosa profunda,
decorrente de veias profundas dos MMII (principalmente veias da panturrilha) e da
veia cava inferior (em segundo lugar). Ao suspeitarmos de TEP já devemos solicitar
um eco color doppler de veias profundas, para buscar a causa! Pois pode se tratar
de TVP;
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✓ Caso não tenhamos encontrado TVP em MMII, precisamos investigar TVP de MMSS
e de origem pélvica;
✓ TVP dos MMSS tem despertado mais interesse devido aumento de números de
cateteres centrais. A incidência de TVP de MMSS é de 10% de todos os casos de TVP;
✓ Trombose venosa de origem pélvica: ilíacas comum, interna e externa. Spritzer
encontrou 20,4% de TVP de veias pélvicas sem concomitância com TVP de MMII.
Paciente pode ter TVP de origem pélvica sem apresentar edema.
FATORES DE RISCO
São os mesmos fatores de risco pra TVP e de tromboflebite superficial, que causam:
estase venosa, hipercoabilidade e lesão endotelial.
✓ Malignidade
✓ Presença de cateter venoso central
✓ Cirurgias, especialmente ortopédicas
✓ Trauma
✓ Gravidez
✓ Contraceptivos orais
✓ Terapia de reposição hormonal
✓ Certas terapias para câncer (tamoxifeno, talidomida, lenalidomida)
✓ Imobilização
✓ Insuficiência cardíaca
✓ Doença cardíaca congênita
✓ Síndrome do anticorpo antifosfolipídeo
✓ Idade superior ou igual a 65 anos
✓ Obesidade
✓ Doença hepática severa
✓ Neoplasia mieloproliferativa (Policitemia vera, trombocitemia essencial)
✓ Hemoglobinúria paroxística noturna
✓ Doença inflamatória intestinal
✓ Síndrome nefrótica
Outras causas:
✓ Trombofilias hereditárias: Fator V de Leiden e mutação da protrombina (+ comuns);
Deficiência de proteína S, proteína C e antitrombina (+ raras);
✓ Hiperhomocisteinemia (>18,5 mcmol/L): elevação de homocisteína podem levar a
quadros de TVP e TEP;
✓ Aumento do fator VIII (>150 IU/dL).
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TIPOS DE ÊMBOLO
✓ Fragmento de trombo (êmbolo hemático);
✓ Material estranho na circulação venosa: fragmento de projétil de arma de fogo,
alimento de sonda enteral, fragmento de cateter, stents etc;
✓ Embolia amniótica: durante o parto cesariano;
✓ Embolia aérea: se perfurar uma veia grande durante uma videolaparoscopia o CO2
pode adentrar na veia.
ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES
✓ Dependem do tamanho do êmbolo;
✓ Maior probabilidade de óbitos com coágulos maiores;
✓ 25-30% da circulação pulmonar obstruída: eleva PAP;
✓ Aumento da PAP >>> aumento da pressão no VD >>> reflexo de von bezold-jarish
(apneia, bradicardia e hipotensão) - mediado pelo nervo vago;
✓ Vasoconstrição vascular pulmonar (serotonina, TXA2. Endotelinas, histamina,
bradicinina e ADP) piorando ainda mais a resistência vascular periférica;
✓ Edema pulmonar;
✓ Infarto pulmonar: incomum, geralmente com doença pré-existente.
O êmbolo que obstrui a artéria pulmonar irá isquemiar daquela região pra frente,
sendo assim, não haverá perfusão sanguínea adequada. As alterações
cardiovasculares são causadas devido aumento da pressão arterial pulmonar.
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A inervação do coração é feita por ramos do nervo vago, que trarão repercussões
na embolia pulmonar. Porque a distensão aguda das câmaras cardíacas estimula
o nervo vago gerando o reflexo de von bezold-jarish. Este reflexo é caracterizado
pela apneia, bradicardia e hipotensão, sinônimo de colapso cardíaco direito.
ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS
✓ Taquipneia: A maioria dos pacientes com TEP apresentam taquipneia. Ela se dá por
mecanismos vagais (estimulação do nervo vago) e a própria hipóxia, devido
diminuição da oferta de oxigênio;
✓ Broncoconstrição: diminui ainda mais a oferta de oxigênio e é mediada por fatores
inflamatórios liberadas pelas plaquetas aderidas ao trombo: serotonina, histamina,
ADP, prostaglandina;
✓ Hipoxemia: abertura das anastomoses arteriovenosas, aumento do efeito shunt,
dificuldade da difusão de gases pela membrana alvéolo capilar, tamanho do
êmbolo, redução da concentração de O2 no sangue venoso;
✓ Hipocapnia: hiperventilação, aumento do espaço morto alveolar, desequilíbrio
entre ventilação e perfusão.
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DIAGNÓSTICO
Clínico
O diagnóstico clínico é mais fácil quando apresenta histórico de TVP e Tríade
clássica: dor torácica súbita, dispneia e hemoptise (20% dos casos).
Mas a grande maioria não apresenta a tríade, podendo cursar com apenas um dos
sintomas, principalmente dispneia e dor torácica.
Ficar atento também aos fatores de risco!
O quadro clínico depende da extensão do êmbolo e das condições clínicas prévias
do paciente.
Não podemos confiar 100% no diagnóstico clínico! Por isso é importante solicitar
exames de imagem para confirmar ou descartar a TEP. Mas os exames são caros:
RM, TC, arteriografia, cintilografia.
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Esses escores são realizados antes da realização dos exames complementares, são
chamados de escores pré-teste.
Cintilografia
É feita em duas etapas: etapa de perfusão e etapa de
inalação.
Primeiro injeta na veia do paciente um contraste
radioativo, leva o paciente para o aparelho e faz a etapa
de perfusão (veremos a circulação do pulmão). O
contraste deve aparecer preto na imagem, mas se não
aparecer é porque o contraste não chegou naquele
local.
Na fase inalatória pede pro paciente inalar o contraste (vias aéreas > boca >
traqueia > brônquios).
Compara a imagem de perfusão com a de inalação.
PACIENTE 1- na fase de perfusão vemos o contraste não chegou na base do pulmão
esquerdo. Se não chegou contraste nos ramos da artéria pulmonar implica que algo
está obstruindo a artéria, podendo sugerir TEP. Na fase de inalação demonstrou
contraste em todo o pulmão, inclusive a base do pulmão direito apareceu. Isto quer
dizer que os brônquios e alvéolos estão pérvios e está chegando ar ali. O que não
está chegando é sangue, e se esse sangue não está chegando é porque tem algum
êmbolo impedindo a passagem de sangue. Esse exame mostrou que o paciente
tem uma alta probabilidade de ter TEP. Paciente tem uma TEP parcial.
PACIENTE 2 – possui comprometimento na fase de perfusão (base do pulmão
direito) e na fase de inalação o contraste não chega no terço médio do pulmão
direito. O que esse paciente pode ter? uma TEP na base
do pulmão direito e uma pneumonia no terço médio do
pulmão direito.
Angiotomografia
Vemos: tronco da artéria pulmonar, artéria pulmonar
esquerda, artéria pulmonar direita.
Onde está branco é porque o contraste está passando.
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Arteriografia
é o padrão ouro!
Arteriografia da artéria pulmonar direita mostrando
ausência de circulação no ápice do pulmão direito.
Esse paciente fez uma embolia pulmonar com
comprometimento do ápice do pulmão direito.
ECG
✓ Padrão sugestivo em relação as ondas S, Q e T, apresentam esse padrão: S1 Q3 T3
Exemplo: paciente chega com dispneia e dor torácica, e solicitam um ECG para
descartar IAM, e o padrão encontrado é:
-Onda S bastante pronunciada em D1 (normal é esta onda menor);
-Onda Q negativa em D3 (normal é ela estar positiva);
-Onda T invertida em D3.
Raio-x de tórax
No TEP o raio-X está sem alterações na maioria das vezes, mas é importante para
avaliar os possíveis diagnósticos diferenciais: pneumonias, derrame pleural,
congestão pulmonar.
Existem dois sinais que auxiliam no diagnóstico de TEP:
Sinal de Westermark e Corcova de Hampton.
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BIOMARCADORES
Dímero-D
✓ Alto valor preditivo negativo para TEP
✓ Auxilia no diagnóstico ou a exclusão da TEP (Se vier negativo já exclui TEP). Se vier
positivo precisamos solicitar exame de imagem.
Troponina cardíaca
Utilizada como prognóstico nos pacientes com TEP, não diagnóstico.
✓ Pacientes com TEP e troponina cardíaca normal – não está com sofrimento
miocárdico;
✓ Pacientes com TEP e troponina cardíaca elevada – sofrimento miocárdico e câmara
cardíaca aumentada (maior chance de evoluir a óbito).
Bons estudos!
Que Deus nos abençoe!
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