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Compreende a análise das células presentes nos fluidos e secreções orgânicas

como derrames pleurais, podendo ser hemorrágicos ou não, sendo que os derrames
hemorrágicos são geralmente secundários a acidentes de punção, traumas torácicos,
neoplasia, embolia pulmonar, ruptura de aneurisma de aorta, pancreatite e, menos
freqüentemente, tuberculose

A pleura é uma membrana delicada que recobre o pulmão pelo lado de fora


(pleura visceral) e a superfície interna da parede torácica (pleura parietal).
Entre as duas pleuras, existe uma camada muito fina de líquido, que facilita o
deslizamento suave dos pulmões dentro da caixa torácica quando eles se
enchem e esvaziam de ar.
As amostras de líquido pleural obtidas por toracocentese para o diagnóstico de
transudatos e exsudatos devem obedecer a uma rotina de coleta e preservação
para a realização de uma análise laboratorial adequada. Igualmente,
fragmentos de biópsia de pleura obtidos para o diagnóstico diferencial dos
exsudatos devem ser coletados de forma sistemática com o objetivo de
otimizar o diagnóstico e facilitar a instituição da terapêutica adequada.

Toracocentese, sinônimo de punção pleural, é um procedimento seguro para


coleta de liquido pleural, com a finalidade diagnóstica ou terapêutica do derrame
pleural através de biopsia pleural pela remoção do acúmulo de líquido anormal ali
presente

Este acúmulo ocorre, de um modo geral, em decorrência do desequilíbrio entre a


entrada e saída de líquido na cavidade pleural. Diariamente são produzidos cerca de
700 ml/dia de líquido que trafega entre o espaço virtual das pleuras com função de
lubrificação dos folhetos pleurais. Quase todo o líquido formado é removido pela
extensa rede linfática presente na pleura parietal. Seu acúmulo promove o tão temido
derrame pleural, cujas principais causas são:

 a) aumento da pressão hidrostática;


 b) diminuição da pressão oncótica;
 c) diminuição da pressão no espaço pleural;
 d) aumento da permeabilidade na microcirculação
 d) bloqueio da drenagem linfática;
 e) passagem de líquido a partir do peritônio.
Em pacientes jovens deve-se pensar em tuberculose pleural e processos infecciosos, já
nos idosos se destaca neoplasia, não se esquecendo da tuberculose
e tromboembolismo pulmonar.

 
Método:
Nos fluidos e líquidos, realizada  técnica de citocentrifugação, com obtenção de
concentrado especial, laminação e fixação alcoólica e posterior coloração pelo
método de Papanicolaou modificado. Nas secreções, a amostra selecionada é
laminada, fixada em álcool e corada pelo mesmo método. Montagem definitiva em
bálsamo sintético e lamínula de 24x50mm.

Essa técnica é responsável pela obtenção de mais de 90% das amostras de


fluido pleural que são encaminhadas para diagnóstico laboratorial. Entretanto,
amostras obtidas através de drenagem torácica, por coleta durante a
toracoscopia ou mesmo durante a toracotomia também se prestam para
análises bioquímicas e citológicas.

Os derrames pleurais são sistematicamente classificados como transudatos


ou exsudatos, de acordo com sua composição bioquímica, identificados por
biopisia pleural que é possivel pela toracocentese.
Essa classificação é fundamental para se definir quais derrames necessitam
de investigação laboratorial.
Se o derrame é um transudato, frequentemente não há necessidade de
estudos laboratoriais adicionais, ao contrário dos exsudatos, que requerem a
continuidade da investigação para estabelecimento do diagnóstico
etiológico, ou seja, para descobrir a causa.

Efetua-se a análise do líquido pleural para diagnosticar a causa do derrame pleural.


A análise inicia-se pela inspeção visual, que pode:
 Distinguir sanguinolento e quiloso (ou quiliforme) de outros derrames
 Identificar derrames purulentos fortemente sugestivos de empiema
 Identificar líquido viscoso, característico de alguns mesoteliomas

Sendo que A cor do líquido em excesso pode ser o primeiro indicativo


da causa. Quando é claro, há maior chance de se tratar do tipo aquoso,
que pode apontar causas externas ao pulmão, como insuficiência
cardíaca e cirrose. Já quando tem coloração de pus ou sangue, pode
indicar infecções pulmonares, tumores e inflamações.
 

TRANSUDATOS E EXSUDATOS
Transudatos são límpidos, amarelo-claros e não se coagulam
espontaneamente. Em geral n ão há lesão no espaço pleural nem sinal de
células inflamatórias. Podem ser discretamente hemorrágicos, uma vez que são
necessários apenas 1 a 2 ml de sangue em um litro de líquido pleural ou a presença de
5.000 a 10.000 eritrócitos/mm3 para produzir um aspecto hemorrágico no líquido.

Exsudatos são turvos ou purulentos, devido presença de células em


decomposição e se coagulam devido à presença de fibrinogênio e podem ser
hemorrágicos com mais frequencia, sendo que a contagem de eritrócitos
geralmente é superior a 100.000/mm . quilotórax e pseudoquilotórax cursam com
3

líquidos branco-leitosos em cerca de 50% dos casos.


.

Hematócritos inferiores a 1% freqüentemente não estão associados a sangramentos


importantes.

Hematócritos superiores a 1% são observados em derrames neoplásicos, traumáticos e na


embolia pulmonar.

A análise de líquidos ajuda a distinguir transudatos de exsudatos, os critérios de


Light identificam corretamente quase todos os exsudatos mas erram em 20% nos
transudatos, por isso o medico faz diferentes exames para confirmar diagnostico.

Também existem classificações de acordo com o tipo de substância que se


encontra no espaço entre as pleuras:

 Sangue (hemotórax): Geralmente causado por lesão na região do tórax;


 Linfa (quilotórax): A presença de líquido linfático geralmente está
relacionada por uma lesão ou obstrução de um vaso linfático do
pulmão;
 Pus (empiema): Normalmente devido a uma infecção;
 Urina (urinotórax): Pouco frequente, pode acontecer se o paciente
estiver com drenos para urina nos rins e houver obstrução desses
dispositivos.
Os derrames transudativos são provocados por alguma combinação de aumento
da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica na circulação pulmonar ou
sistêmica. A insuficiência cardíaca  é a causa mais comum, seguida pela cirrose com
ascite por hipoalbuminemia, geralmente em decorrência da síndrome nefrótica.

Os derrames exsudativos são provocados por processos locais, causando aumento


da permeabilidade capilar e resultando em exsudação de líquido, proteína, células e
outros constituintes séricos. As causas são diversas, mas as mais comuns
são pneumonia , doença maligna, embolia pulmonar , infecções virais e tuberculose.

O derrame quiloso (quilotórax) é o derrame branco e leitoso, rico em triglicerídios,


causado por lesão traumática ou neoplásica (linfomatosa, com maior frequência) ao
ducto torácico. Esse derrame também ocorre na síndrome da veia cava superior.

Os derrames quiliformes (colesterol ou pseudoquiloso) assemelham-se aos


derrames quilosos, mas têm baixo teor de triglicerídios e alto teor de colesterol.
Admite-se que os derrames quiliformes decorram da lise de eritrócitos e neutrófilos
em derrames de longa evolução, quando a absorção é bloqueada pela pleura
espessada.

O hemotórax é o líquido sanguinolento (hematócrito do líquido pleural > 50% do


hematócrito periférico) na cavidade pleural, decorrente de trauma ou, raramente, de
coagulopatia, ou após ruptura de grande vaso sanguíneo, como aorta ou artéria
pulmonar.

O empiema é pus no espaço pleural. Ele pode ocorrer como uma complicação da
pneumonia, toracotomia, abscessos (pulmonar, hepático ou subdiafragmático) ou
trauma penetrante com infecção secundária. O empiema necessitatis é a extensão
do empiema aos tecidos moles, causando infecção da parede torácica e drenagem
externa.

O encarceramento pulmonar é o encarceramento do pulmão por tecido fibroso


desencadeado por empiema ou tumor. Como o pulmão não pode se expandir, a
pressão pleural torna-se mais negativa que o normal, aumentando a transudação de
líquido dos capilares pleurais parietais. O líquido é caracteristicamente limítrofe
entre o transudato e o exsudato; ou seja, os valores bioquímicos encontram-se nos
15% dos níveis limítrofes dos critérios de Light (ver tabela Critérios de identificação
dos derrames pleurais exsudativos ).

Os derrames iatrogênicos podem ser provocados por migração ou deslocamento


da sonda de alimentação para dentro da traqueia ou a perfuração da veia cava
superior por um acesso venoso central, acarretando a infusão de alimentos ou de
solução intravenosa para a cavidade pleural.

Os derrames sem causa óbvia decorrem com frequência de embolia


pulmonar oculta, tuberculose ou doença maligna. A etiologia é desconhecida para
cerca de 15% dos derrames, mesmo após estudo extensivo; considera-se que muitos
desses derrames decorram de infecção viral.

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