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Resumo

Critérios de Light

Job Yury Queiroz Magalhães


4 de julho de 2023
Critérios de Light – o que é, quando e por que usar
Os critérios de Light para Derrame Pleural são utilizados para diferenciar se
um derrame pleural é transudato ou exsudato – auxiliando assim na sua
determinação etiológica.

Os critérios diagnósticos de Light foram desenvolvidos a partir de um estudo


prospectivo com 150 pacientes. Foi realizada contagem de células do líquido
pleural, níveis de proteína e de desidrogenase láctica. O critério no estudo
original foi associado a mais de 70% dos exsudatos, com erro de classificação
para transudado em 10% dos casos.

O trabalho foi desenvolvido pelo médico Richard W. Light, professor da


Vanderbilt University School of Medicine. É muito conhecido pelas
pesquisas sobre doença pleural, publicando diversos artigos e livros sobre o
tema.

E por que usar?

Além de ser capaz de diferenciar transudato de exsudato, o cálculo dos critérios


de Light fornece uma abordagem com forte base científica de estudos do líquido
pleural. Dessa forma, auxilia os médicos a evitarem exames adicionais e
desnecessários, e que aumentam o custo.

Antes de explicar cada detalhe da utilização dos critérios, vamos revisar:

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Derrame Pleural – a importância de definir a
etiologia
O derrame pleural é uma condição em que há um acúmulo anormal de líquido
no espaço pleural – que é um espaço virtual entre as pleuras parietal e visceral.
Isso pode levar, entre outras coisas, à restrição da expansão pulmonar na
respiração.

É uma complicação comum em diversas doenças, sendo pneumonia,


insuficiência cardíaca, neoplasias e embolia pulmonar as principais causas nos
países desenvolvidos.

Em pneumonias, pode estar presente em 25-45% dos casos. No derrame


pleural neoplásico, a neoplasia mais envolvida é o câncer de pulmão (33%
dos casos), na sequência câncer de mama e linfoma – essas 3 representando
75% do total dos casos. Cerca de 20% dos derrames pleurais apresentam
etiologia indeterminada após a realização de exames convencionais.

Pacientes que buscam auxílio médico de maneira mais precoce apresentam


menor morbidade. Porém, é importante destacar: o prognóstico varia de acordo
com a etiologia subjacente, pois o tratamento depende basicamente desta
variável!

De forma didática, dividimos as etiologias possíveis em transudatos e


exsudatos:

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Exsudato / Transudato – possíveis etiologias
subjacentes
O diagnóstico adequado da etiologia subjacente é importante, pois os
tratamentos para as inúmeras etiologias exsudativas e transudativas diferem
significativamente.

Veja os mecanismos fisiopatológicos envolvidos nos diferentes casos:

1. Transudato: Decorre ou do aumento da pressão hidrostática do vaso,


ou da redução pressórica coloidosmótica do plasma. Explica-se as
principais etiologias:

Insuficiência Cardíaca esquerda / biventricular (Congestiva):


comprometimento do ventrículo esquerdo – esse não “dará conta” de enviar o
sangue para o corpo. Dessa forma, haverá uma sobrecarga pressórica no átrio
esquerdo.

Assim a pressão aumentada vai ser transmitida para o leito capilar pulmonar
retrogradamente – com ingurgitamento venoso e extravasamento capilar de
líquidos – nada mais que uma síndrome congestiva (“pulmão cheio de líquido”).

Cirrose Hepática e Síndrome Nefrótica: na cirrose, o fígado faz menos


proteína. Na Síndrome Nefrótica, há perda de proteína pela urina. O resultado
das duas é o mesmo: redução de proteína no plasma. Isso leva a uma redução
da pressão coloidosmótica, fazendo com que haja maior gradiente entre ela e
a pressão hidrostática – resultando na maior saída de líquido para o espaço
pleural.

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2. Exsudato: decorre de diferentes mecanismos fisiopatológicos, que
podem estar presentes de forma concomitante:

Aumento da permeabilidade dos capilares pleurais e/ou bloqueio à


drenagem linfática da pleura: presença de processo inflamatório nos vasos
capilares pleurais, resultando em “fendas” nos vasos – com perda de fluídos
para o espaço pleural, além de células imunes, proteínas (reduzindo a pressão
coloidosmótica) e lactato desidrogenase (LDH ou DHL). Ainda, pelo processo
subjacente, pode existir uma dificuldade em drenar esse excesso de líquido
pleural. Esse mecanismo está presente em diversas patologias que incluem:
trauma, neoplasias, lúpus e pneumonia.

Empiema: processo infeccioso ou mesmo neoplásico no pulmão faz com que


haja comprometimento pleural inflamatório/infeccioso, cursando com a
presença de pus no espaço pleural. Pode evoluir com fibrose das camadas da
pleura, levando à loculação. Quando ocorre por continuidade na pneumonia
bacteriana é chamado de “Derrame Parapneumônico”

Hemotórax: consiste, como o nome sugere, na presença de sangue no espaço


pleural. Na maioria das vezes decorre de trauma, em que há rompimento de
capilares, com extravasamento sanguíneo para o espaço pleural.

Quilotórax: há presença de quilo (um líquido linfático rico em quilomícrons)


que se acumula no espaço pleural. Isso decorre basicamente devido a lesão do
ducto torácico linfático, comprometendo a drenagem linfática do espaço pleural.
Usualmente a lesão ocorre em cirurgia torácica, ou mesmo pode existir uma
compressão de tumores mediastinais nesse ducto. Outras causas incluem
Tuberculose, Micoses e Sarcoidose.

Evidentemente, nas patologias de exsudato, outros mecanismos podem estar


envolvidos como exemplo na Síndrome de Meigs (fibroma ovariano + ascite +
derrame pleural) – em que o líquido ascítico (produzido pelo tumor ovariano),
presente no peritônio, acaba atingindo a cavidade pleural por meio de
minúsculas aberturas presentes no diafragma.

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Pontuações e interpretação
Como mencionamos, o objetivo dos Critérios de Light é auxiliar na determinação
etiológica do derrame pleural.

O critério diagnóstico de Light é composto por 5 critérios. Veja cada um deles,


bem como a pontuação atribuída para cada critério encontrado durante a
avaliação de um paciente.

Marque o valor correspondente a cada critério laboratorial:

Parâmetros proteicos:

1. Proteína sérica total (em g/L)


2. Proteína no fluido pleural (em g/L):

Parâmetros de DHL:

3. DHL sérico (em U/L):


4. DHL no líquido pleural (em U/L):
5. Limite superior da normalidade de DHL sérico (em U/L):

A interpretação se dá da seguinte maneira:

Define-se derrame pleural exsudativo se pelo menos um dos seguintes for


verdadeiro:

1. Relação Proteína do líquido pleural / Proteína sérica > 0,5


2. Relação DHL líquido pleural / DHL sérico > 0,6
3. DHL do líquido pleural > 2/3 do limite superior da normalidade de DHL
sérico (limite normal 246 U/L)

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