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O que há de errado no mundo.

Em nossa época, despontou uma fantasia singularíssima: a de que,


quando as coisas vão muito mal, precisamos de um homem prático. Seria
bastante mais verdadeiro dizer que, quando as coisas vão muito mal,
precisamos de um teórico. Um homem prático é alguém acostumado à mera
prática cotidiana, à maneira como as coisas funcionam normalmente.
Quando as coisas não estão funcionando, é preciso do pensador, do
homem com uma doutrina que explica por que elas não estão funcionando.
Enquanto Roma arde em chamas, é errado tocar violino; mas é correto
estudar teoria hidráulica. P. 21

“Os homens inventaram novos ideais porque não se atrevem a buscar os


antigos. Olham com entusiasmo para a frente porque
têm medo de olhar para trás”p.10

Não é porque todo homem é bípede que cinquenta homens serão uma
centopeia. 18

Mas, de todos os exemplos de erro que brotam dessa fantasia médica, o


pior é o que temos à nossa frente: o hábito de descrever
exaustivamente uma doença social e, em seguida, propor um remédio
social. 18

Mas a dificuldade em nossos problemas públicos está toda ela em que


alguns homens anseiam por curas que outros considerariam as piores
doenças: oferecem como estados de saúde circunstâncias que outros não
hesitariam em chamar de estados de doença. 19

Não há como lutar do lado vencedor, pois se luta exatamente para


descobrir qual é o lado vencedor. 21

Para o homem de ação, não há nada senão idealismo. 21

Pois o caos atual deve-se a uma espécie de esquecimento generalizado


de tudo a que os homens originalmente almejavam. Nenhum homem reclama
o que deseja; todos reclamam o que fantasiam poder obter. Em breve, as
pessoas se esquecerão do que o homem queria no princípio. E, depois de
uma vida política bem sucedida e vigorosa, ele mesmo se esquecerá. O
todo é uma extravagante profusão de segundos lugares, um pandemônio de
pis aller, de males menores. 21

Só se pode encontrar a distância média entre dois pontos se os dois


pontos permanecerem imóveis.21

Duas linhas retas, quando não paralelas, hão de encontrar-se ao final.


Mas duas curvas podem retorcer-se eternamente sem se tocarem. 24

O entusiasta realmente ardente nunca interrompe, ele escuta os


argumentos do adversário com a avidez com que um espião escutaria os
planos do inimigo. Mas se você empreender hoje uma discussão com um
jornal moderno cuja posição política é oposta à sua, descobrirá que
não se admite meio-termo entre a violência e a fuga; você receberá ou
insultos ou silêncio. 25

O homem não deve mirar senão seu reflexo no reluzente escudo do


ontem. Se olha diretamente, transforma-se em pedra. P. 29
Isso é, primeira e principalmente, o que quero dizer com estreiteza
das novas idéias, o efeito limitador do futuro. Nosso idealismo
profético moderno é estreito porque sofreu um persistente processo de
eliminação. Precisamos pedir coisas novas pois não nos é permitido
pedir coisas velhas. Essa postura geral baseia-se na idéia de que já
conseguimos tudo o que de bom se poderia conseguir das idéias do
passado. Mas não conseguimos extrair delas todo o bem; e mais,
talvez agora já não estejamos extraindo delas bem nenhum. E a
necessidade aqui é uma necessidade de liberdade absoluta, tanto para
a restauração quanto para a revolução. P 30

O único livre-pensador autêntico é aquele cujo intelecto está tão livre


do futuro quanto do passado. Tão pouco se preocupa com o que será
quanto com o que já foi; só lhe preocupa o que deve ser. P30
As causas perdidas são exatamente aquelas que poderiam ter salvado o
mundo p. 32

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