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Cidadania e Profissionalidade

UFCD V – “Deontologia e Princípios Éticos”

Domínio de Referência (4) – Contexto Macro - estrutural

Tema: Escolhas Morais e Comunitárias


Competência: Elencar escolhas morais básicas para a comunidade global: dignidade vs
desumanidade, desenvolvimento vs pobreza, justiça vs assimetria.

UFCD V – DR 4

Formanda(o): Turma: N.º

Data de Início: ____________________________________________________________

Data de Termo: ___________________________________________________________

Proposta de Trabalho: Este trabalho pretende, sobretudo, promover a reflexão e


investigação acerca da temática – Deontologia e Princípios Éticos

- Redija o documento, em Fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,5, limite de
páginas 8.

- Apresente, em anexo, os elementos que considere pertinentes.

- Apresente sempre as fontes utilizadas.

Formadora: Patricia Pinheiro 1


Conteúdos: Princípios fundamentais da ética

“As minhas ações não são indiferentes. Impõe-se-lhes uma regra (...) Não devo cometer uma
fraude neste exame. Mas se me é útil? Não importa, é proibido! Mas ninguém o saberá. Não
importa à mesma, é injusto e desleal, e se o fizesse, no fundo de mim mesmo censurar-me-ia e
teria vergonha.”

(Madinier)

Leia atentamente as seguintes situações:

1º Dilema

“Em plena campanha eleitoral, o diretor de um importante jornal obtém, através de um dos
seus redatores e fotógrafos, uma crónica que inclui uma extensa investigação e múltiplas fotografias
em que se confirmam as relações extramatrimoniais de um dos candidatos à presidência da
República. O diretor tem em cima da mesa, ali mesmo à sua frente, o artigo e as fotografias e tem de
decidir se vai publicá-las ou não. Sabe que se não dá a ordem de publicação perde uma grande
oportunidade de sair com a notícia de primeira página que lhe dará prestígio, provavelmente
dividendos económicos, e, além disso, contribuirá para aumentar a transparência informativa. Sabe
também que, no caso de dar ordem de publicação, a informação que vai chegar ao grande público,
entre outras consequências previsíveis, destruirá definitivamente a carreira do político.”

1. Deve ou não o diretor do jornal publicar o artigo? Apresente argumentos para a sua resposta.

2º Dilema

O Dilema de Henrique

Numa cidade da Europa, uma mulher estava a morrer de cancro. Um medicamento descoberto
recentemente por um farmacêutico dessa cidade podia salvar-lhe a vida. A descoberta desse
medicamento tinha custado muito dinheiro ao farmacêutico, que agora pedia dez vezes mais por
uma pequena porção desse remédio. Henrique (Heinz), o marido da mulher que estava a morrer, foi
ter com as pessoas suas conhecidas para lhe emprestarem dinheiro e, assim, poder comprar o
medicamento. Apenas conseguiu juntar metade do dinheiro pedido pelo farmacêutico. Foi ter, então,
com ele, contou-lhe que a sua mulher estava a morrer e pediu-lhe para lhe vender o medicamento
mais barato. O farmacêutico respondeu que não, que tinha descoberto o medicamento e que queria
ganhar o dinheiro com a sua descoberta. O Henrique, que tinha feito tudo ao seu alcance para
comprar o medicamento, ficou desesperado e estava a pensar assaltar a farmácia e roubar o
medicamento para a sua mulher".

L.Kohlberg,
Tradução de.O.M. Lourenço.

Formadora: Patricia Pinheiro 2


2. Deve o não Henrique assaltar a farmácia e roubar o medicamento? Justifica a resposta.

Analisemos a seguinte situação:


SITUAÇÃO -PROBLEMA
«Seja, por exemplo, o caso seguinte: alguém tem em seu poder um bem alheio que lhe foi confiado
em depósito pelo seu dono, que, entretanto, faleceu sem que os seus herdeiros saibam nem possam
vir a saber nunca desse depósito. (...) O possuidor desse depósito, exatamente nesta altura, caiu na
ruína total, vendo a sua família, mulher e filhos aflitos e cheios de privações, e sabendo que podia
livrá-los dessas privações num abrir e fechar de olhos apropriando-se do depósito. Além disso,
suponhamos que o nosso homem é humano e caritativo, enquanto que os herdeiros são ricos e
egoístas, e de tal modo petulantes e gastadores que acrescentar o depósito à sua fortuna seria como
atirá-lo diretamente ao mar. Se se pergunta agora se em tais circunstâncias estaria permitido o uso
do depósito em benefício próprio, sem dúvida se devia responder: “Não!” E em vez de invocar todo o
tipo de justificações, dirá tão somente: „é injusto”, isto é, opõe-se ao dever.»
Kant, in curso de Filosofia, ed. Biblioteca Nova, Madrid

a) Como se deveria atuar numa situação extrema como a colocada por Kant?
b) Que está em jogo na tomada de decisão do indivíduo que tem o depósito em seu poder?
c) Se só ele (e o legítimo proprietário entretanto falecido) é conhecedor do dito depósito,
porque não se apropriar dele?
d) A quem, se não a ele próprio (à sua consciência), terá de prestar contas?
e) E vivendo a sua família um momento difícil de privações, não teria ele mais que razões para
se apropriar do depósito e solucionar os seus problemas?
f) Mas por que razão conclui Kant que seria injusto ele apropriar-se do depósito?
g) Não haverá outras alternativas possíveis? E que consequências implicam elas?

Esta é uma das múltiplas situações em que as decisões que tomamos implicam o que de mais
fundamental caracteriza o ser humano: o agir de acordo com a própria consciência. O ser humano
pode agir por orientações resultantes de códigos de conduta controlados e impostos do exterior,
mas tem também de contar com a sua própria consciência, com uma vivência ditada por princípios
autoimpostos pela nossa atitude interior que nos define como seres ético-morais. Podemos escolher
agir por receio duma punição ou repressão social (condenação social, polícia, prisões), ou podemos
escolher agir independentemente de todos esses julgamentos e pressões exteriores, apenas por
respeito à nossa própria dignidade, por respeito à nossa própria conceção de bem e de mal, agindo
em função do julgamento apenas da nossa consciência. Estas são as escolhas em que não interessa
somente a conformidade ou o respeito pelas normas, mas fundamentalmente importa a intenção

Formadora: Patricia Pinheiro 3


com que são realizadas; importa o julgamento íntimo que cada um faz de acordo com a sua
conceção do permitido e do interdito.
Não mentir ou não roubar, por exemplo, pode traduzir simplesmente o respeito por uma norma
exterior. Neste caso, o indivíduo opta por não mentir apenas por ter medo de ser apanhado e de
poder vir a perder a credibilidade perante os outros. Porém, não mentir também pode resultar de se
considerar que tal ação é desonesta e imprópria de um ser humano. Neste caso, a decisão de não
mentir resulta de uma opção interior, pois só o próprio autor conhece a intenção. A sua decisão de
não mentir não resulta da imposição duma norma exterior, mas da obediência à sua própria
consciência.
É a este conjunto de exigências a que um indivíduo se obriga a si mesmo, o conjunto dos deveres ou
dos imperativos que cada um reconhece como legítimos e que impõe a si mesmo
independentemente do olhar do outro ou de qualquer recompensa, que chamamos Moral.

Assim, o conceito de Moral utiliza-se hoje para designar o âmbito da formação das normas
obrigatórias, da sua hierarquização e aplicação a casos concretos no interior duma comunidade
humana. Constitui, portanto, um conjunto de imperativos e de interditos, traduzindo o sentido de
obrigatoriedade, o conjunto dos deveres do ser humano, isto é, uma deontologia, as normas válidas
no interior dum grupo. Desenvolve-se na prática social, no contexto de uma cultura, no seio da qual
os valores, os hábitos e costumes geram as leis ou códigos que definem o que é desejável e o que é
permitido ou proibido, distinguindo o bem do mal. Apresenta-se, portanto, com uma função
normativa, isto é, de institucionalização de normas que regulam a conduta. A Moral responde-nos,
pois, às questões: Que devo fazer? Como é correto agir em tal circunstância?
A Ética, por sua vez, remete mais para uma reflexão acerca dos princípios que devem orientar a ação
humana, para uma fundamentação das normas do agir, e também para a definição dos fins
orientadores da existência de cada um, tendo em vista a autoconstrução de si na prossecução duma
vida boa e feliz. Interroga-se sobre o que dá sentido ou valor à existência humana. A Ética responde,
assim, às questões: «Como devemos viver? O que é uma vida boa e uma existência realizada?». A
Ética remete, portanto, para uma sabedoria de vida, algo que aponta já para uma certa
espiritualidade e realização pessoal autónoma.
Apesar desta distinção, quer a Ética quer a Moral são importantes guias da ação humana, no sentido
em que se relacionam com uma vida com projetos e ideais a alcançar.

Proposta de Atividade

1.Explique por que razão, apesar de diferentes, ética e moral são conceitos que se relacionam.

2. Das situações seguintes, indique as que são éticas e morais/imorais:


- Discutir o valor do ser humano;
- Confessar a autoria de um ato condenável;
- Refletir sobre o direito à eutanásia;
- Aceitar um suborno.

Formadora: Patricia Pinheiro 4

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