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INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I. P.

Delegação Regional Norte


Centro de Emprego e Formação Profissional do Alto Tâmega
Formadora: Sandra Cristel António Ano: 2021

CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ALTO TÂMEGA


Serviço de Formação Profissional de Chaves

Técnico/a de Animador
Sociocultural- EFA - NS (Valpaços)

UFCD: CLC 7 – Fundamentos de


Cultura, Língua e Comunicação

Manual de Apoio à Formação


Ano: 2018
Formadora: Sandra Cristel António
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I. P.
Delegação Regional Norte
Centro de Emprego e Formação Profissional do Alto Tâmega
Formadora: Sandra Cristel António Ano: 2021

Índice
Caracterização do Manual do Formando..............................................................................................2
Objectivos/Conteúdos da UFCD..........................................................................................................4
Tema: Uma Cultura de Programação: Trajetos Pessoais E Mudança Social.......................................6
Tema: A Língua e a Literatura portuguesas no mundo como elementos de união e intervenção
cívica..................................................................................................................................................12
Proposta de Reflexão 2..........................................................................................................17
Tema: Os sistemas de Comunicação na expressão do pensamento crítico, na construção da relação
entre opinião pessoal e a opinião pública...........................................................................................18
Proposta de Reflexão 3...............................................................................................................23
Bibliografia.........................................................................................................................................24

Caracterização do Manual do Formando

Tipologia de Recurso: Manual de Formação


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Enquadramento do Recurso no Curso/Ação de formação

Modalidade: Educação ou Formação de Adultos


Designação da Ação: Técnico/a de Apoio à Gestão – EFA – NS (Nível de Qualificação do
QNQ e do QEQ - 4
UFCD: CLC7 – Fundamentos de Cultura, Língua e Comunicação
Formador: Sandra Cristel António

Objetivos do Manual

O presente Manual visa o alcance de dois objetivos:

 Disponibilizar informação teórica para uma maior compreensão de conhecimentos e


esclarecer dúvidas que possam surgir;
 Pesquisa posterior sempre disponível, de modo que os formandos utilizem o manual como
ferramenta pedagógica, dotando o formando de mais autonomia face ao estudo e
autoconhecimento no contexto formativo;
 Realizar fichas de atividade para aplicação da informação teórica e para aquisição de
novas competências.

Metodologia de Aplicação e/ou Exploração Pedagógica

A elaboração do presente Manual obedeceu às seguintes opções metodológicas:

 Conteúdos apresentados em suporte papel para possibilitar ao formando a sua consulta 3


quer em sala, quer em casa, quer como guia no trabalho de forma a nele coligir anotações;
 Os conteúdos estão organizados na mesma sequência que figura no Referencial de
Formação, para facilitar a sua consulta e exploração à medida que as temáticas vão sendo
abordadas;
 Os conceitos integram notas explicativas de termos técnicos para uma melhor aquisição e
compreensão de conhecimentos;
 O manual será entregue na sessão nº1 apelando para a sua lógica e sistematização e
localização de informação durante cada sessão, promovendo assim o seu manuseamento
e realização dos exercícios de aplicação e propostas de reflexão.
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Objectivos/Conteúdos da UFCD

 Uma Cultura de programação: trajetos pessoais e mudança social

 Conceitos-chave: contexto de vida; trajecto pessoal; família; trabalho; interação social;


mudança social; recurso financeiro; aprendizagem não formal; investigação cultural
intensiva e extensiva; urbanismo; património; sistemas de comunicação; cultura artística;
literatura; património cultural e artístico; globalização

_ Relação entre os contextos de vida e os trajetos pessoais


_ Novas dinâmicas de família, trabalho e de redes de interação social
_ Importância dos recursos financeiros, dos equipamentos culturais, das interações sociais nas
opções e nas trajetórias individuais 4
_ Consciência da presença e da representação do Outro na construção do Eu
_ A importância das aprendizagens não formais nas manifestações culturais e artísticas e destas
naquelas
_ Metodologias disponíveis de diagnose e prospeção ao serviço da atividade cultural: inquérito,
entrevista, observação direta e análise documental
_ Investigação cultural intensiva e extensiva: objetivos, propósitos e adequação da opção
_ Arte privada e Arte pública
_ A influência dos fatores culturais, políticos e físicos nos processos de mudança social ao longo
da história
_ Evolução dos princípios estéticos da Arte e sua relação com o real
_ A Cultura artística e seu impacto nas sociedades
_ A Importância da Literatura na consolidação do património cultural e artístico de um povo
_ Fatores de aceleração da mudança social e cultural na história recente: os adventos da
Revolução industrial, do cientismo, do racionalismo, dos confrontos bélicos, entre outros
_ Efeitos da globalização das políticas financeiras e seus impactos na gestão da promoção da
Cultura, nos seus diferentes aspetos e dimensões (por exemplo, arte popular e arte das elites)

 A Língua e a Literatura portuguesas no mundo como elementos de união e intervenção


cívica

 Conceitos chave: texto criativo; texto literário; registo autobiográfico; realidade e ficção;
texto informativo; notas; resumo; síntese; texto argumentativo; texto expositivo-
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argumentativo; debate; leitura; interpretação; escrita; variação e mudança; Língua;


Literatura; metalinguagem; identidade global e local

_ O texto criativo como expressão de vivências


_ Mecanismos de reconhecimento do Outro na construção de Si
_ Registo autobiográfico de trajetos de vida individuais e coletivos
_ Registos linguísticos/textuais de intervenção socioprofissional
_ Construção de opiniões fundamentadas num contexto institucional
_ Consciência da Língua viva, em constante mudança
_ O papel da Literatura na formação de opinião para a intervenção social: leitura e interpretação
de textos literários de autores portugueses e/ou estrangeiros de mérito reconhecido como forma
de fortalecer e mobilizar competências culturais, linguísticas e comunicacionais.
_ Recursos linguísticos pertinentes para a construção de páginas pessoais na Internet e a
participação em fóruns, subscrições, salas de conversação, entre outros
_ Importância da exploração e produção de documentários e artigos de apreciação crítica acerca
da identidade global e local, na construção da opinião pessoal fundamentada

 Os sistemas de Comunicação na expressão do pensamento crítico, na construção da


relação entre a opinião pessoal e a opinião pública

 Conceitos-chave: identidade cultural; relação interpessoal; intenção comunicativa; o quarto


poder – Média; suporte teórico; competência 5

_ A comunicação entre indivíduos, através de suportes diversos, como forma de construção de


uma identidade cultural comum
_ O papel dos média e da opinião pública nas relações interpessoais
_ Perceção da complementaridade Teoria/Prática em contexto profissional e institucional
_ Cultura de globalização e Cultura de preservação de identidades: confronto ou
complementaridade?
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Curso: Animador Sociocultural – EFA – NS Local: Valpaços


Cultura, Língua e Comunicação 7
UFCD: CLC7 - Fundamentos de Cultura, Língua e Comunicação
Formadora: Sandra Cristel António

Tema: Uma Cultura de Programação: Trajetos Pessoais E Mudança Social

Objetivo: Intervir de forma pertinente, convocando recursos diversificados das dimensões


culturais, linguística e comunicacional.

ATIVIDADE 1
 

Novas dinâmicas de família, de trabalho e de interação social .

(…) Estamos hoje a viver um período revolucionário, mas a revolução não é apenas tecnológica.
Embora computadores e telecomunicações tenham um papel importante nas mudanças
6
revolucionárias que estão hoje a acontecer, é importante reconhecer que as mudanças também
são económicas, sociais, culturais, políticas, religiosas, institucionais e até mesmo filosóficas ou,
mais precisamente, epistemológicas.
Na verdade, a amplitude e a profundidade das mudanças que estão a acontecer são tão
grandes que podemos dizer que apenas duas vezes, na história da humanidade, mudanças
semelhantes ocorreram.
A primeira vez foi quando a raça humana passou de uma civilização tipicamente nómada para
uma civilização basicamente agrícola, sedentária. Isto deu-se há cerca de 10 mil anos.
A segunda vez foi quando a raça humana passou de uma civilização predominantemente
agrícola para uma civilização basicamente industrial. O início dessa mudança deu-se há cerca de
300 anos, nos Estados Unidos e na Europa, mas muitas regiões do mundo ainda não atingiram
esse estágio.
A terceira revolução está a acontecer agora. Começou por volta de 1955 nos Estados Unidos e
em alguns outros países que estavam no auge do seu desenvolvimento industrial. Em The Third
Wave chamei a essas três revoluções “ondas”.
Embora essa terceira onda tenha sido chamada por vários nomes (Sociedade Pós-industrial,
Sociedade da Informação, etc.), a melhor maneira de entendê-las é contrastando-a com a
segunda onda, a era da civilização industrial.
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Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o que distingue uma onda da outra é,
fundamentalmente, um sistema diferente de criar riqueza. A alteração da forma de produção de
riqueza é acompanhada, porém, de profundas mudanças sociais, culturais, políticas, filosóficas,
institucionais, etc.
Na primeira onda, a forma de criar riqueza era cultivando a terra. Os meios de produção de
riqueza eram, portanto, a terra, alguns implementos agrícolas (a tecnologia incipiente da época),
os “insumos” básicos (sementes), e o trabalho do ser humano (e de animais), que fornecia toda a
energia que era necessária para o processo produtivo. Do ser humano esperava-se apenas que
tivesse um mínimo de conhecimento sobre quando e como plantar e colher e a força física para
trabalhar. (…)
Na segunda onda, a forma de criar riqueza passou a ser a manufatura industrial e o comércio de
bens. Os meios de produção de riqueza alteraram-se. A terra deixou de ser tão importante, mas,
por outro lado, prédios (fábricas), equipamentos, energia, matéria-prima, o trabalho do ser
humano, e, naturalmente, o capital (dada a necessidade de grandes investimentos iniciais)
passaram a assumir um papel essencial enquanto meios de produção.
Do ser humano passou a esperar-se que pudesse entender ordens e instituições, que fosse
disciplinado e que, na maioria dos casos, tivesse força física para trabalhar. (…)
Na terceira onda, a principal inovação está no facto de que o conhecimento passou a ser, não um 7
meio adicional de produção de riquezas, mas, sim, o meio, dominante. Na medida em que ele se
faz presente, é possível reduzir a participação de todos os outros meios no processo de produção.
O conhecimento, na verdade, tornou-se o substituto último de todos os outros meios de produção.
(…)
Em segundo lugar, e em decorrência do que acabou de ser dito, é preciso ressaltar que, na
civilização da terceira onda, as coisas mais importantes numa empresa ou numa organização são
intangíveis. Na segunda onda media-se a importância ou o valor de uma empresa ou organização
pelo número de prédios, equipamentos e funcionários que ela possuía, ou pela quantidade da sua
produção ou do seu inventário – tudo muito tangível, facilmente mensurável. Na terceira onda, a
importância e o valor de uma empresa ou organização é o conhecimento que ela possui – e esse
conhecimento existe dentro da cabeça das pessoas que lá trabalham, sendo, portanto, intangível
e difícil de quantificar. (…)
A civilização da terceira onda tem sido chamada de sociedade da informação. Poucos se
perguntam porque é que a informação se tornou tão importante na terceira onda. A razão está no
facto de que os sistemas sociais, isto, é, a sociedade, se desmassificou, e, consequentemente, se
complexificou, a tal ponto que, hoje, é impossível geri-la sem informação e sem tecnologia da
informação (computadores e telecomunicações). (…)

Eduardo Chaves, Resumo da Palestra de Alvin Toffler no Congresso Nacional de informática da SUCESU em 24 de Agosto de
1993 in http://www.chaves.com.br/TEXTALIA/MISC/toffler.htm, junho 2010 (adaptado)
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Responda às seguintes das seguintes questões:

1- Indique as diferentes “ondas de mudança” descritas no texto.


2- Trace o seu trajeto pessoal, relacionando-o com a família e com o trabalho, tendo em
conta uma das” ondas de mudança” descritas no texto.
3- Vivemos num contexto de diversidade cultural. De que forma aplica princípios de tolerância
e igualdade, considerando o conceito de “ação social”? Por exemplo, a pessoas excluídas
socialmente.
4- Enuncie novas dinâmicas de família, de trabalho e de redes de interação social. Dê
exemplos.

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Atividade 2

ARTE

O Conceito de Arte

Já ouviu falar de Arte? Certo? E, possivelmente já apreciou várias formas de Arte, tal como a
pintura, a música, a escultura, etc. Há obras de Arte que não são belas, contudo, a beleza
sempre foi um aspeto importante para a Arte. Há obras de Arte que considera horríveis, feias
e que causam emoções negativas. Mas a beleza está relacionada com a Estética! E o que
significa em Filosofia, Estética? Estética é uma disciplina que estuda vários temas – estuda os
problemas relativos à natureza da beleza (seja qualquer tipo de beleza e das artes). Coloca
questões tais como: O que é a beleza? Como sabemos que algo é belo? O que é a Arte? O
que faz a Arte ter valor?.... Definir-se arte, apresenta-se como um trabalho árduo e não isento de
polémica. Mas, há algo inquestionável: a arte é indissociável do processo de hominização.
Podemos mesmo afirmar, que a partir das primeiras preocupações e realizações artísticas,
existe de facto humanidade. Nesta medida, os valores estéticos, entre outros, distinguem a
espécie humana na sua especificidade. O conceito de arte é ambíguo e não isento de
polémica. O tema é polémico, em virtude da enorme diversidade de conceções que existem
acerca da definição de arte. Existem teóricos que aceitam determinados critérios que
possibilitam a definição de arte, o que não impede que não consigamos encontrar
contraargumentos que deixam todas essas teorias “sem saída” ou resposta. Há também teóricos
que afirmam a impossibilidade em definir-se arte. O filósofo, Morris Weitz (1916-1981) insere-se
nesta última perspetiva, igualmente criticável. Segundo este autor, a arte é indefinível, porque a 9
heterogeneidade de objetos artísticos impede a existência de características que sejam
comuns a todos eles, para que os apelidemos de obras de arte. Portanto, para Weitz, a arte
apresenta-se como um conceito aberto, sendo sobretudo uma atividade criativa, inovadora e
subversiva. Apesar das dificuldades em darmos uma definição rigorosa e objetiva de arte, a
mesma implica algumas das seguintes condições: ser uma criação humana; possibilitar prazer
ou fruição; poder ser contemplada e usufruída pelo público; corresponder a formas estéticas;
ser original e inconfundível; poder gerar uma gama diferenciada de interpretações. A estética é
uma disciplina filosófica criada pelo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762), para
designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial; Além disso, debruça-se sobre
vários problemas, como por exemplo: O que é a beleza? Como sabemos que algo é belo? O
que é a Arte? O que faz a Arte ter valor? Estes filósofos defendiam que as pessoas
possuíam uma capacidade ou faculdade, que apreendia ou reconhecia a beleza, a que
chamaram “faculdade de gosto”, diferente do conhecimento obtido pela razão. Mas, já os
gregos, na época clássica, referiam-se ao termo “Aisthésis” que designava: perceber e
sentir.
Em sentido lato, podemos definir Experiência estética como uma vivência do ser humano
caracterizada por uma predisposição para se emocionar face a seres e situações naturais,
bem como a obras produzidas pelo Homem, atribuindo-lhes valor, em termos de beleza.
Exemplos de experiências Estéticas: pinturas de Picasso, o pôr-do-sol no Alentejo, a música
dos U2…etc. (pode acrescentar exemplos…)

A noção de cultura

- A cultura implica um todo complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a moral,
as leis, os costumes e todas as outras disposições e hábitos adquiridos pelo homem enquanto
membro de uma sociedade;
- A cultura é um modo de adaptação que ultrapassa a biologia. Permite que o indivíduo se
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adapte a novas situações de modo mais eficaz e versátil do que a adaptação orgânica;
- A cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se
aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros;
- A cultura é criação. O homem não só recebe a cultura dos seus antepassados como também
cria elementos novos que a renovam;
- A cultura é fator de humanização. O homem só se torna homem porque vive no seio de um
grupo cultura;
- A cultura é um sistema de símbolos, compartilhados com que se interpreta a realidade e que
conferem sentido à vida dos seres humanos.

Arte: como defini-la?

Pensamos que a arte, é algo complicado de ser definido exactamente. A arte é uma espécie
de respiração da alma, análoga à espiração física, sem, a qual o nosso corpo não pode
passar. “Os tratados em geral dizem que a arte é a actividade humana que procura o belo.
Isto é, porém, um conceito vago, genérico, e nada mais claro se obteve quando se tentou
substituir a palavra “belo” pela expressão “prazer estético”. Tem esta expressão um carácter
estritamente psicológico e não coincide com todas as possibilidades da arte e com todas as
suas manifestações. Nenhuma definição conseguiu, e talvez jamais consiga, sintetizar este
complexo fenómeno espiritual e material ao mesmo tempo” (Bardi, P.M.).

Outras definições de arte: “ A arte é o oposto da natureza. Uma obra de arte só pode provir
do interior do homem” (Edward Munch, 1970). “ A arte não reproduz o visível, mas torna
visível” (Paul Klee, 1920). “A arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade” (Pablo
Picasso, 1923). “A arte é uma força cuja finalidade deve desenvolver e apurar a alma
humana” (Vassily Kandinsky, 1910). 10

E, segundo o dicionário,” arte é o conjunto de preceitos para a perfeita execução de


qualquer coisa, actividade criativa, artificio, oficio, profissão. Astúcia, habilidade”.

Examinando a definição de Bardi, voltemo-nos para a compreensão da palavra estética.


Segundo Bardi., estética é uma palavra grega e significa sensível. Em 1735, a palavra foi
adoptada para significar “ciência do belo” ou investigação sobre os motivos do ato artístico, com o
objectivo de definir o conceito de belo absoluto, o belo metafísico, ou seja, o verdadeiro, o exacto
juízo à luz da perfeição.
Estética é um processo de percepção sensorial de um objecto, de reflexão acerca da natureza do
belo e dos fundamentos da arte e trata do sentimento, do belo e da apreciação do gosto.

Assim, podemos relacionar a palavra arte à palavra belo, sem esquecer que belo é
exactamente como cada um de nós o percebe. E que o feio expressado numa obra de arte
também pode ser muito belo, isto porque na contemplação da obra, o espetador, de algum
modo, recria a obra e atribui-lhe um determinado sentido que ele descobre e que não está
previamente definido. Por isso, a experiência estética é sempre uma aventura pessoal e
emocionante. A obra de arte abre horizontes novos e outras perspectivas, pois ela não
pretende fazer uma cópia do real, mas sim transmitir sensações e emoções, construindo com a
imaginação, não o mundo tal como ele é, mas transmitindo o mundo como o seu criador o vê.

Pietro Maria Bardi, História da arte brasileira, 2ª edição São Paulo: Melhoramentos, 1975 (adaptado)
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A experiência estética

Todos nós somos inclinados a aceitar formas e cores convencionais como as únicas correctas.
Por vezes, as crianças pensam que as estrelas devem ter o mesmo formato estelar, embora não o
tenham naturalmente. Os adultos que insistem em que, num quadro, o céu deve ser azul e a relva
verde, não são muito diferentes dessas crianças. Indignam-se se vêem outras cores num quadro,
mas se tentarmos esquecer tudo o que ouvimos a respeito de relva verde e céu azul, e olharmos o
mundo como se tivéssemos acabado de chegar de outro planeta, numa viagem de descoberta, e
o víssemos pela primeira vez, talvez concluíssemos que as coisas são susceptíveis de apresentar
cores e formas mais surpreendentes. Ora, os artistas sentem, às vezes, como se estivessem
empreendendo tal viagem de descoberta. Querem ver o mundo como se fosse uma novidade e
rejeitar todas as noções aceites e todos os preconceitos sobre a carne ser rosada e as maçãs
amarelas ou vermelhas. Não é fácil libertarmo-nos dessas ideias preconcebidas, mas os artistas
que conseguem fazê-lo produzem frequentemente as obras mais excitantes. São eles quem nos
ensina a ver na natureza novas belezas de cuja existência nunca havíamos sonhado. Se os
acompanharmos e apreendermos através deles. Até mesmo um relance de olhos para fora da
nossa própria janela poderá converter-se numa aventura emocionante.

E.H. Gombrich, A História da Arte. Madrid: Guanabara Fonte: Adaptado de "Primeiros Passos - Manual de Iniciação à Educação
para os Direitos Humanos"

Responda às seguintes questões:

11
1- Segundo o que acabou de ler, considera que se pode definir Arte?
2 - Considera que a época, a sociedade e a cultura influenciam a arte? Justifique.
3 - A literatura ou qualquer produção artística, tal como uma pintura, é uma forma de
consolidação do património cultural e artístico de um povo. Porquê?

Proposta de Reflexão 1

Com o objetivo de demonstrar que reconhece as diferentes dinâmicas de interação social,


procure refletir sobre o seu percurso individual tendo em conta: a consciência da presença e da
representação do outro na construção do eu; a influência das condições sociais e as trajetórias
que se (re)constroem a partir da vivência.
Reflita, ainda, e tendo em conta a temática abordada, sobre o património cultural e artístico da
região onde vive e a influência do mesmo nos habitantes da “terra”.
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Tema: A Língua e a Literatura portuguesas no mundo como elementos de união e


intervenção cívica

Objetivo: Formular opiniões críticas, mobilizando saberes vários e competências culturais,


linguísticas e comunicacionais.

Leia atentamente os seguintes textos:

Actividade: “Em torno das biografias”

Pensamos conhecer-nos, julgamos ser especialistas sobre nós mesmos. Porém, este saber dá-
nos acesso ao nosso eu verdadeiro? Poderá alguém conhecer-se verdadeiramente a si mesmo?
Por vezes, as nossas próprias reacções espantam-nos. Há forças que actuam em nós, cujo
controlo parece escapar-nos: as nossas emoções desencadeiam-se sem aviso, os nossos sonhos
impõem-se-nos, por vezes de maneira brutal. Então, quem age em nós? Seremos outra coisa
para além de um produto do nosso cérebro? Até que ponto os contextos e ambientes em que
crescemos nos influenciam? Seremos realmente livres?
Aquilo que eu sou hoje é o resultado da combinação de influências hereditárias, da influência do
meio/contextos em que cresci e das experiências pessoais. A minha memória, a minha
afectividade, os meus pensamentos e as minhas relações com os outros testemunham quem eu
sou – e isso que faz com que me reconheça como eu mesmo e que os outros me reconheçam
como uma pessoa diferente deles. 12

A identidade pessoal é um factor distintivo dos seres humanos, definida como um modo singular e
idêntico de existir e de ser reconhecido pelos outros, resultante da interacção de factores biológicos e
sociais com as experiências vividas no decurso da história pessoal. A personalidade individual resulta
de:
1. Influências HEREDITÁRIAS: o património genético recebido no momento da concepção define um
conjunto de características fisiológicas, morfológicas e sexuais que tornam um indivíduo único e
influenciam aspectos da personalidade que este desenvolverá, demarcando potencialidades.
2. Influências do MEIO: os diversos agentes de socialização influenciam a forma de ser, estar e pensar
de cada indivíduo => a personalidade constrói-se e desenvolve-se num processo interactivo com o meio
social em que o indivíduo vive.
3. Influência das EXPERIÊNCIAS PESSOAIS: as experiências de cada indivíduo e o significado que
lhes atribui deixam marcas na sua personalidade, sobretudo as vivências da infância e adolescência.

Tarefa nº 1
1.a) O que é a “identidade individual”?
1.b) Quais são as características da identidade individual?

Os seres humanos vivem em múltiplos contextos. Cada um de nós encontra uma série de diferentes
contextos, uns mais próximos, outros mais distantes, onde vivemos e que de um modo mais ou menos
directo influenciam a nossa vida. São exemplos destes contextos: a casa onde vive, a sua família, a
escola que frequenta, o seu grupo de amigos e o seu local de trabalho, mas também as suas condições de
vida, o seu sistema de crenças e os valores, direitos e liberdades do país onde habita. Os contextos onde
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participa são concebidos como uma sistemas inter-relacionados que influenciam cada indivíduo de
uma maneira distinta e única.

Cada indivíduo vive em diferentes contextos, que partilha com outros, mas que se tornam únicos na
influência que exercem sobre si. Por exemplo, numa fila de trânsito, algumas pessoas são agressivas e
imprudentes, enquanto outras aceitam a situação de um modo calmo e ordeiro.
Nós interagimos com o meio físico e social, ajustando-nos a este e ajustando-o a nós. Portanto,
posicionamo-nos no nosso contexto de vida, atribuímos significados próprios às situações que
vivenciamos e participamos no meio, alterando-o com as nossas condutas. Conclui-se que a relação
existente entre o indivíduo e o meio/contextos é dinâmica.

• Cada indivíduo organiza as suas experiências como uma história pessoal, que reflecte a sua
personalidade, interpretações, intenções e expectativas.
• Cada pessoa é autor e personagem de várias narrativas, as quais conferem sentido e coerência
13
aos acontecimentos e relações interpessoais.
• As narrativas reflectem, quer os significados pessoais, quer os socioculturais. Resultam das
interacções com os outros, com os quais partilham contextos e sentidos, formas de ver e
compreender a realidade pessoal e social.
• Em conclusão: as narrativas fazem parte integrante da nossa identidade pessoal.

Biografia
Etimologicamente, o termo biografia tem origem nas palavras gregas bios (vida) e grafia
(escrever). Em sentido lato, como ramo da literatura, este género literário dedica-se à descrição
ou narração da vida de alguém que se notabilizou de alguma forma.
Alguns autores consideram a biografia bastante atractiva, porque através histórias de vida reais
se pode aprendem filosofia, história, ciência e artes, mas também se acompanha os dramas e
alegrias, sucessos e insucessos do biografado. Além disso, a biografia chama a atenção pela
descrição de um trajecto pessoal, exaltando-o ao mesmo tempo que se mostra os seus erros,
fragilidades e dificuldades. Daí que a biografia, essa arte de narrar vida, atraia tantos leitores.
Conhecer uma história de vida possibilita igualmente a compreensão de uma determinada
sociedade ou de alguns dos seus aspectos, visto situar o indivíduo biografado em dada época,
trazendo no texto dados do momento histórico em que tal pessoa vive/viveu. Relembre-se que ao
longo da vida construímos a nossa identidade pessoal com base em exemplos, portanto, ler uma
biografia permite ao mesmo tempo a cada um rever-se e repensar-se nos seus contextos de vida.
A esse respeito, Carino (2004) expõe: «Não se biografa em vão. Biografa-se com finalidades
precisas: exaltar, criticar, demolir, descobrir, renegar, apologizar, reabilitar, santificar,
dessacralizar. Tais finalidades e intenções fazem com que retratar vidas, experiências singulares,
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trajectórias individuais se transforma, intencionalmente ou não, numa pedagogia do exemplo. A


força educativa de um relato biográfico é inegável.”

Tarefa nº 2
2. a) Defina o conceito de “biografia”.
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2. b) Explique por que razão é considerada bastante atractiva.


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14
VISIONAMENTO DO FILME “FRIDA”
COMO BASE DE CONSTRUÇÃO DE UMA
BIOGRAFIA DA ARTISTA

Título original: Frida


Realização: Julie Taymor
Com: Alfred Molina, Salma Hayek, Valeria Golino
Estúdios: Lions Films Inc., Miramax Films, Trimark
Pictures Distribuição: LNKCAN/EUA/MEX, 2002, Cores, 123 min.

SINOPSE

“Galardoado com 2 Óscares (Melhor Caracterização e Melhor Banda Sonora) e mais 4


Nomeações para Óscar (Melhor Actriz, Melhor Guarda-Roupa, Melhor Direcção Artística, Melhor
Canção Original), "Frida" faz a crónica da vida da artista mexicana Frida Kahlo, partilhada de
forma aberta e inabalável com o pintor Diego Rivera, seu mentor e marido, e de como este casal
tomou de assalto o mundo da arte. Com um elenco repleto de estrelas conhecidas, “Frida" relata
desde a relação complexa e duradoura do casal, ao caso amoroso ilícito e controverso com Leon
Trotsky, e as suas ligações românticas e provocantes com outras mulheres. Frida Kablo viveu
uma vida ousada e tenaz de revolucionária política, sexual e artística. “
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Formadora: Sandra Cristel António Ano: 2021

Tarefa nº 3

Veja o filme com atenção e vá tirando apontamentos,de modo a poder construir


posteriormente uma biografia sobre Frida Kahlo.

Consulte algumas indicações dadas pela formadora para a construção de uma biografia.
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón (1907-1954) Artista plástica de origem mexicana
Para saber mais: Página oficial de Frida Kahlo (inglês e castelhano) em:
www.fkahlo.com

''Pinto-me a mim mesmo porque estou sozinha e porque sou o assunto que conheço
melhor.''
''Não estou doente. Estou partida. Mas sinto-me feliz por continuar viva enquanto
puder pintar.''
''E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas
do mundo.''
''Pintar completou a minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas, que
teriam preenchido a minha vida pavorosa. A minha pintura tomou o lugar de tudo
isso. Creio que trabalhar é o melhor.''
15
Da autobiografia datada de 1953
Frida Kahlo, Coluna Partida, 1944

3.a) Redija a biografia final sobre Frida Kahlo, a partir do filme.

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Proposta de Reflexão 2
Depois de ler e analisar o poema, e tendo em conta a biografia de Frida Kahlo visualizada na
formação, elabore a sua autobiografia.

Tema: Os sistemas de Comunicação na expressão do pensamento crítico, na


construção da relação entre opinião pessoal e a opinião pública

Objetivo: Identificar os principais fatores que influenciam a mudança social, reconhecendo nessa
mudança o papel da cultura, da língua e da comunicação.

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Efeitos Culturais da Globalização


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“ Vivemos na era da globalização, tudo converge, os limites vão desaparecendo”. Quem não
ouviu, no mínimo, uma destas expressões nos últimos anos? A globalização é um chavão do
nosso tempo, uma discussão que está na moda, onde as opiniões fatalistas entram em
conflito com afirmações críticas e o temor de uma homogeneização está no centro do
debate. Suposições de uma sociedade mundial, de uma paz mundial ou, simplesmente, de
uma economia mundial, surgem seguidamente, com consequências que poderão levar a
processos de unificação e adaptação aos mesmos modelos de consumo e a uma massificação
cultural. Mas será que se trata apenas de conceitos em disputa ou há algo que aponte, de
facto, nesta direção? Quais são, afinal, os efeitos culturais da globalização?

O processo de constituição de uma economia de carácter mundial não é nada de novo. Já no


período colonial existiram tentativas de integrar espaços intercontinentais num único
império, quando a ideia de “ dominar o mundo” ficou mais próxima. Por outro lado, a
integração das diferentes culturas e povos como “um mundo” já é desejada há muito tempo
e continua como meta para muitas gerações. Sob esta ótica, o conceito de globalização
poderia ter duplo sentido, se ele não fosse tão marcado pelo desenvolvimento neoliberal da
política internacional.
21
Segundo o sociólogo alemão. Urich Beck, com o termo globalização são identificados
processos que têm por consequência a subjugação e a ligação transversal dos estados
nacionais e sua soberania através de atores transnacionais, as suas oportunidades de
mercado, orientações, identidades e redes. Por isso, ouvimos falar de defensores da
globalização e de críticos à globalização, num conflito pelo qual diferentes organizações se
tornam cada vez mais conhecidas.

A globalização significa a predominância da economia de mercado e do livre mercado, uma


situação em que o máximo possível é mercantilizado e privatizado, com o agravante do
desmonte social. Concretamente, isso leva ao domínio mundial do sistema financeiro, à
redução do espaço de ação dos governos. Os países são obrigados a aderir ao
neoliberalismo, ao aprofundamento da divisão internacional do trabalho e da concorrência
e, não por último, à crise de endividamento dos estados nacionais. As condições para que
essa globalização se pudesse desenvolver foram a interconexão mundial dos meios de
comunicação e a equiparação da oferta de mercadorias, das moedas nacionais e das línguas,
o que se deu de forma progressiva nas últimas décadas. A concentração do capital, o

crescente abismo entre ricos e pobres e o crescimento do desemprego (1200 milhões de


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pessoas no mundo) e da pobreza (800 milhões de pessoas passam fome), são os principais
problemas sociais da globalização neoliberal e que têm ganho cada vez mais significado.

É evidente que essa situação tem efeitos sobre a cultura da humanidade, especialmente nos
países pobres, onde os contrastes sociais são ainda mais percetíveis. Em primeiro lugar,
podemos falar de uma espécie de conformidade e adaptação. Em função da exigência de
competitividade, cada um vê-se como adversário dos outros e pretende lutar pela
manutenção do seu lugar de trabalho. Os excluídos são taxados como incompetentes e os
pobres tendem a ser responsabilizados pela sua própria pobreza. Paralelamente a isso surge,
nos países industrializados, uma nova forma de extremismo de direita, de forma que a
xenofobia e a violência aparecem entrelaçadas com a luta por espaços de trabalho. É claro
que a violência surge também como reação dos excluídos, e a lógica do sistema, baseada na
competição, desenvolve uma crescente “ cultura da violência” na sociedade. Também não
podemos esquecer que o próprio crime organizado oferece oportunidades de trabalho e de
segurança aos excluídos.

Embora tenham sido desenvolvimentos e disponibilizados mais meios de comunicação,


verificamos um crescente isolamento dos indivíduos, de forma que as alternativas de
socialização têm sido, paradoxalmente, reduzidas. A exclusão de muitos grupos na sociedade 22
e a separação entre camadas sociais, têm contribuído para que a tão propalada integração
entre diferentes povos não se efetive; pelo contrário, isso tem levado a um processo de
atomização da sociedade. O valor está no fragmento, de modo que o envolvimento político
da maioria ocorre de forma isolada como, por exemplo, o feminismo, o movimento
ambientalista, movimentos contra a discriminação ética e sexual. Nessa perspetiva fala-se de
um” fim das utopias”, que se combina com uma nova forma de relativismo a verdade em si
não existe; a maioria a define”.

Urich Beck – Was ist, Globalisienung?

Reflita acerca das seguintes questões, debatendo-as posteriormente:

1. Relacione e chame a atenção para o impacto daglobalização na:


a) Gestão e promoção da cultura;
b) Nos trajetos pessoais;
c) Na mudança social
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Proposta de Reflexão 3

No seu dia-a-dia, já se apercebeu de que nem todos os cidadãos têm os mesmos recursos ou as
mesmas possibilidades, a vários níveis.

Seria interessante que demonstrasse ser capaz de reconhecer a influência dos movimentos
globalizantes no quotidiano individual.

Atendendo ao facto de ser um(a) cidadão(ã) globalizado(a), utilizador(a) das novas Tecnologias
de Informação e Comunicação, informado(a) acerca do que se passa na “aldeia global” na qual
está inserido(a), poderá refletir acerca do contributo que estas têm dado a nível profissional,
cultural e pessoal, influenciando, também, as novas dinâmicas de família e as redes de interação
social.

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Bibliografia

Referencial de Competências – Chave da Área de Cidadania e Profissionalidade (EFA –


NS), ANQEP
Formação Cívica, um guia prático de aprendizagem, SANTOS, Clara, SILVA, Conceição,
Edições Asa
Constituição da República Portuguesa, Lei do Tribunal Constitucional, MOREIRA, Vital,
CANOTILLO, J.J. Gomes, Coimbra Editora
Carta Internacional dos Direitos Humanos (Contida na referência bibliográfica anterior)
Cidadania, Construção de Novas Práticas em Contexto Educativo, NOGUEIRA,
Conceição, SILVA, Isabel, Edições Asa
Resumo de História do Século XX, CAROL, Anne, CARRIGUES, Jean, IVERNEL, Martin,
Plátano, Edições Técnicas
Países, Povos e Civilizações, Volume IV, Círculo de Leitores
24
Introdução à Sociologia, ALMEIDA, J.F., Universidade Aberta
Artigos de Opinião (vários; devidamente identificados, em jeito de nota bibliográfica, nos
instrumentos fornecidos)
Cidadania e Profissionalidade, UFCD – Liberdade e Responsabilidade Democráticas, EFA
Cursos de educação e Formação de Adultos LIMA, Fernando; COSTA, Raquel, Areal
Editores.

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