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PPG - 2ª prova
DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS
● Composto pelo coração (bomba); vasos sanguíneos e vasos linfáticos - tubos distribuidores e
coletores, que permitem a troca de substâncias entre o sangue, o interstício e as células. Ou seja,
tem a principal função de distribuição de oxigênio e nutrientes para todo o corpo.
● Os vasos sanguíneos estão todos interconectados, enquanto nos vasos linfáticos isso não ocorre.
● Os vasos linfáticos apresentam uma importante função no equilíbrio hídrico do organismo, pois
são eles que recolhem o excesso de líquido plasmático que extravasa para a matriz extracelular
quando ocorre a perfusão sanguínea nos capilares (troca de nutrientes e gases entre o que está
dentro dos vasos e o que está fora). Como os capilares têm uma permeabilidade maior, eles
deixam extravasar líquido plasmático, proteínas plasmáticas e algumas células, sendo os vasos
linfáticos responsáveis por remover esse excesso de líquido.
● Se esse líquido não for removido ou se o extravasamento de líquido for maior do que o esperado
(como em condições inflamatórias, onde há um aumento expressivo da permeabilidade capilar),
pode ocasionar o EDEMA (excesso de líquido na matriz extracelular).
● A manutenção da integridade do sistema vascular e da sua interconexão é importante para que não
haja HEMORRAGIA (saída do sangue do meio intravascular para o meio extravascular). Porém,
não é necessário que haja de fato uma ruptura nesse sistema para que ocorra esse distúrbio
circulatório.
Fluxo sanguíneo: é a quantidade de sangue que passa por uma seção transversal de um vaso, por unidade
de tempo. Em condições ideais, a viscosidade sanguínea e a velocidade do fluxo fazem com que o plasma
se desloque mais próximo da superfície endotelial (na periferia), em menor velocidade e as células
sanguíneas se desloquem no centro do vaso, em maior velocidade. Esse processo é denominado fluxo
laminar e evita o contato direto dos elementos figurados com o endotélio (a fim de evitar lesões no
endotélio vascular e possíveis distúrbios circulatórios em decorrência disso).
HIPEREMIA …………………………………………………;;………………………...………;;;;;,……
→ Hiperemia ativa: ocorre por VASODILATAÇÃO. São exemplos fáceis de observar: a hiperemia
facial (rubor facial), causada por estímulos vasodilatadores neurogênicos ou por exercícios físicos (ambos
fisiológicos) e a hiperemia nas fases iniciais de uma inflamação aguda (rubor no tecido inflamado), sendo
um processo patológico.
OBS.: na insuficiência cardíaca de longa duração, a hiperemia passiva prolongada tem consequências
importantes em muitos órgãos.
Congestão pulmonar: nos pulmões, a dificuldade de recolher o sangue desse órgão e mandar para a
circulação sistêmica gera uma hiperemia passiva, normalmente por insuficiência cardíaca. Essa hiperemia
pode ser aguda ou crônica, que geram consequências diferentes:
➢ Congestão pulmonar aguda: a quantidade de sangue que se instaura no órgão é muito grande, o
que gera um rápido aumento da pressão hidrostática dentro do vaso, favorecendo o
extravasamento de plasma (pra reduzir a pressão) e de hemácias. Ou seja, a congestão pulmonar
aguda leva a um quadro de EDEMA PULMONAR (líquido onde deveria ter ar → diminui a
perfusão sanguínea) e de HEMORRAGIA.
● Distensão dos capilares alveolares com sangue;
● Edema septal alveolar;
● Hemorragia intra-alveolar focal.
➢ Congestão pulmonar crônica: se instaura lentamente, as consequências não são tão importantes
pro tecido.
● Septos espessos e fibrosos;
● Espaços alveolares com macrófagos contendo hemossiderina;
● Células da insuficiência cardíaca.
EDEMA …………………………………………………;;.........…………………;…………………….…
OBS.: ANASARCA é o edema grave, generalizado, caracterizado por profundo inchaço dos tecidos
subcutâneos e acúmulo de fluido nas cavidades corporais. É o que acontece em alguns pacientes com
quadro de choque anafilático.
Principais causas:
➢ Aumento da pressão hidrostática (pode favorecer a saída do líquido plasmático e gerar edema);
➢ Redução da pressão osmótica plasmática;
➢ Obstrução linfática (a diminuição no recolhimento da linfa pode provocar edema). Ex: a maioria
das gestantes fazem edema de membros inferiores pois o aumento de peso provoca compressão
dos linfonodos;
➢ Retenção de sódio (deixa o plasma hipertônico, o que gera aumento da permeabilidade vascular
pra sair o plasma);
➢ Inflamação.
→ Edema pulmonar
● Pode ser ocasionado por uma insuficiência ventricular esquerda; insuficiência renal; infecções
pulmonares ou reações de hipersensibilidade.
● No edema pulmonar, em geral, os pulmões têm duas a três vezes seu peso normal, e a secção
revela um fluido espumoso róseo, algumas vezes sanguinolento, que consiste em uma mistura de
ar, fluido de edema e hemácias extravasadas.
● O edema pulmonar agudo pode ser grave → o acúmulo de líquido dentro dos alvéolos faz com
que o paciente tenha dificuldade de ventilar. O pulmão aumenta de volume (em decorrência do
acúmulo de líquido na matriz extracelular).
→ Edema subcutâneo
● O edema subcutâneo é muito comum, pode ser difuso, mas normalmente acumula-se de
preferência nas partes do corpo posicionadas em maior distância abaixo do coração, onde as
pressões hidrostáticas são maiores. Assim, o edema é tipicamente mais pronunciado nas pernas na
posição em pé e no sacro na posição deitada.
● Sinal do cacifo → pressão digital sobre a pele, a fim de se evidenciar edema.
→ Edema cerebral
● O edema cerebral pode ser localizado (p. ex., devido a abscesso ou tumor) ou generalizado (p. ex,
devido a encefalite, crise hipertensiva ou obstrução do fluxo venoso externo), dependendo da
natureza e extensão do processo patológico ou lesão.
● Macroscopia: no edema generalizado, os sulcos são estreitos, enquanto os giros estão distendidos,
com sinais de achatamento contra o crânio rígido.
● É grave, pois o cérebro é um órgão que não tem pra onde crescer. Caso ocorra, ele comprime o
forame magno e consequentemente afeta o controle respiratório → parada cardiorrespiratória.
HEMOSTASIA
● Nossos vasos sanguíneos são submetidos, com frequência, a traumas de graus variáveis.
Hemostasia é o processo fisiológico de coagulação sanguínea que impede o sangramento
excessivo após um dano ao vaso sanguíneo.
● Corresponde ao controle do sangramento e fluidez do sangue quando ocorre de lesão vascular →
ativa vasoconstrição reflexa, que permite a agregação plaquetária e formação de membrana de
fibrina pra estabilização do coágulo.
→ Alguns distúrbios estão relacionados com a alteração da hemostasia: hemorragia (quando há uma
falha no controle do sangramento) e trombose (quando há a exacerbação da hemostasia e solidifica o
sangue em excesso).
HEMORRAGIA …………………..……………………;;.........…………………...………...……………
→ Hemorragias externas: o sangue vai para fora do corpo. A perda sanguínea externa crônica ou
recorrente muitas vezes culmina em anemia ferropriva. Sangramentos para dentro do sistema digestório se
incluem em hemorragias externas, pois o sangue será eliminado.
→ Hemorragias internas: o sangue vai para fora do vaso, mas para dentro do corpo. Pode levar a um
quadro de icterícia. O sangramento interno (p. ex., um hematoma) não leva à deficiência de ferro, pois o
ferro é reciclado com eficiência das hemácias fagocitadas.
TROMBOSE …………………...……..……………………;;.........…………………..;.;;……...…………
OBS.:
● As consequências da trombose dependem se o trombo estiver no sistema arterial ou venoso, se há
circulação colateral ou não e da sensibilidade do tecido à hipóxia.
● A consequência mais grave da trombose é quando o trombo se solta (vira êmbolo) e atinge vasos
de menor calibre, ficando preso e dificultando a circulação. Pode atingir vários órgãos. Exemplo:
tromboembolia pulmonar, embolia cerebral (AVC isquêmico), artérias mesentéricas (infarto
intestinal), membros inferiores (isquemia e dor) etc.
Destino do trombo: propagação (pode crescer), dissolução (pode ser lisado), pode se organizar formando
novos capilares, pode embolizar, infeccionar e sofrer calcificação.
EMBOLIA ……………………...……..……………………;;.........………………………...….;.;.;………
INFARTO ……………………...……..……………………;;.........………………………...……..;;.;….…
● Um infarto é uma área de necrose isquêmica causada por obstrução do suprimento vascular
para o tecido afetado.
● A trombose arterial ou embolia arterial é subjacente à grande maioria dos infartos.
● Porém, uma isquemia pode ocorrer sem ter, necessariamente, um trombo ou êmbolo e levar à um
infarto (decorrente de uma hipóxia).
● Tudo que gere oclusão arterial e redução do fluxo sanguíneo leva à isquemia, exemplos: obstrução
da luz vascular por compressão, espessamento da parede vascular (aterosclerose, que leva à um
infarto do miocárdio), queda brusca de pressão arterial, diminuição de drenagem venosa, torções
de intestino e outros órgãos (mais comum em outros animais) etc.
Fatores que influenciam o desenvolvimento do infarto: os efeitos da oclusão vascular variam desde
aquela sem consequência até a necrose tecidual que leva à disfunção do órgão e algumas vezes ao óbito. A
variação dos resultados é influenciada (1) pela anatomia do suprimento vascular; (2) pelo tempo de
desenvolvimento da oclusão; (3) pela vulnerabilidade intrínseca do tecido afetado à lesão isquêmica; e (4)
pelo conteúdo de oxigênio no sangue.
CHOQUE ……………………...……..……………………;;.........………………………...………...……
● O choque é a via comum final de vários eventos potencialmente fatais, incluindo exsanguinação,
trauma ou queimaduras extensos, embolia pulmonar e sepse.
● Ocorre quando há uma falência circulatória GRAVE, impedindo a chegada de sangue, oxigênio e
nutrientes em praticamente todas as células do nosso corpo → falência na microcirculação →
falência múltipla de órgãos.
● Independentemente da causa, o choque se caracteriza por hipoperfusão sistêmica dos tecidos;
pode ser causado por diminuição do débito cardíaco ou do volume sanguíneo circulante efetivo.
➢ Choque cardiogênico: resulta do baixo débito cardíaco decorrente de falha da bomba miocárdica.
Pode ser causado por dano miocárdico (infarto), arritmias ventriculares, compressão extrínseca ou
por obstrução do fluxo de saída (p. ex., embolia pulmonar).
➢ Choque hipovolêmico: resulta de baixo débito cardíaco decorrente da perda de volume sanguíneo
ou plasmático (por exemplo, por hemorragia ou perda de fluido em decorrência de queimaduras
graves). Gera uma redução da pressão arterial, o que sobrecarrega o coração, gerando taquicardia,
dispneia e taquipneia.
➢ Choque séptico: resulta de vasodilatação arterial e acúmulo de sangue venoso que se origina da
resposta imune sistêmica à infecção microbiana.
➢ Choque neurogênico: com menos frequência, o choque pode resultar da perda de tônus vascular
associada à anestesia ou secundária à lesão da medula espinhal.
➢ Choque anafilático: resulta de vasodilatação sistêmica e aumento da permeabilidade vascular que
é provocada por uma reação de hipersensibilidade mediada por imunoglobulina E e outras
citocinas, como histamina.
O termo “inflamação” ou “flogose” tem origem no latim inflamare e do grego phlogos, que significam
“pegar fogo”. Essa denominação foi adotada devido a ocorrência de uma vasodilatação (hiperemia ativa)
associada a um intenso metabolismo celular (intensa liberação de citocinas, fagocitose), que leva à uma
vermelhidão e um aumento de temperatura locais, respectivamente.
➞ Inflamação: é uma reação de defesa e, a princípio, local (mas pode se tornar sistêmica), destinada a
livrar o organismo da causa das injúrias (agentes agressores de natureza física, química ou biológica) e das
consequências delas (células e tecidos necróticos, pra compensar/reestabelecer alterações de forma e
função).
O processo inflamatório é um mecanismo BENÉFICO do nosso organismo, ativado pelo sistema imune
inato, destinado a destruir microorganismos invasores, partículas que penetram no nosso corpo, remover
os produtos de degradação etc. É uma resposta fundamentalmente PROTETORA.
➔ Calor: o aumento do fluxo sanguíneo e o aumento do metabolismo celular fazem com que haja
um aumento da temperatura local.
➔ Rubor: surge por causa da fase vascular, em que ocorre a vasodilatação e aumenta o fluxo
sanguíneo naquela região (hiperemia ativa).
➔ Tumor/edema: ocorre por conta da fase exsudativa, que leva ao aumento do volume tecidual.
Vasodilatação + extravasamento do fluido para o meio extracelular.
➔ Dor: pode ser devido ao edema, que pode
provocar a compressão de terminações
nervosas, e também por conta da liberação de
mediadores químicos da dor (metabolização
de algumas substâncias que existem na
superfície da célula, como o ácido
araquidônico, que pode produzir
prostaglandinas, interferindo como mediador
da dor).
➔ Perda de função: a célula, no processo
inflamatório, está passando por lesão celular e
reduz sua função, de modo temporário ou
definitivo, para se manter. O desfecho desse
sinal depende do tecido onde ocorreu a
inflamação e da extensão da lesão ou morte.
De modo geral, os sinais cardinais acontecem em todos os processos inflamatórios, em maior ou menor
evidência, com ordem variada e são tipicamente mais proeminentes na inflamação aguda.
Cada um dos eventos que acontecem no processo inflamatório tem relação com os sinais cardinais:
❖ Liberação de mediadores químicos ➞ rubor e dor
❖ Vasodilatação ➞ rubor
❖ Aumento do fluxo sanguíneo e metabolismo celular elevado ➞ calor
❖ Extravasamento de fluido e células de defesa ➞ tumor
❖ Influxo celular ➞ tumor
❖ Junção de tudo = perda de função.
CAUSAS DA INFLAMAÇÃO
Todos os agentes que são capazes de provocar lesão e morte celular podem desencadear processos
inflamatórios. São eles:
➢ Agentes físicos: força mecânica (trauma), radiação, alterações de pressão atmosférica, variações
de temperatura.
➢ Agentes químicos: substâncias tóxicas, gases venosos, medicamentos, drogas ilícitas,
contaminantes alimentares.
➢ Agentes biológicos: fungos, vírus, bactérias, protozoários.
Qualquer que seja a sua causa, a reação inflamatória envolve uma série de eventos que se iniciam com o
reconhecimento da agressão, em seguida tem-se a liberação dos mediadores inflamatórios, que
resultam em modificações na microcirculação necessárias para a saída de plasma e de leucócitos dos
vasos e em estímulos para reparar os danos produzidos.
FASES DA INFLAMAÇÃO
1. FASE IRRITATIVA
OBS 1.: a liberação de histamina de mastócitos se dá por agentes físicos (frio, calor, traumatismos), pela
ligação de anticorpos na superfície celular (reações alérgicas), por estimulação de componentes do
complemento (C3a e C5a, anafilatoxinas) e por estímulo de neuropeptídeos (substância P) ou de certas
citocinas (IL-1).
OBS 2.: em reações alérgicas, se prescreve os anti-histamínicos, para impedir ou reduzir o processo
inflamatório (todas as fases após a fase irritativa serão inibidas). Se já tiver ocorrido a fase vascular, não
adianta prescrever anti-histamínico, se prescreve adrenalina, que promove vasoconstrição, revertendo o
efeito da histamina que foi liberada.
→ EXSUDAÇÃO CELULAR: corresponde a saída das células de defesa de dentro do vaso para o local
onde estão sendo secretadas as quimiocinas. O macrófago reconhece, ativa o endotélio vascular, este vai
atrair os leucócitos (que também vão ser ativados para que tenhamos uma migração de maneira efetiva).
Dos leucócitos, os neutrófilos são os mais importantes pois são os que estão em maior quantidade no
nosso sangue.
As células (leucócitos) fazem uma movimentação guiada e ordenada: (1) marginação, saída dos
leucócitos da região central para a periferia do vaso; (2) captura e rolamento, uma adesão instável
(frouxa) ao endotélio vascular, como se tivesse aderindo e soltando com ventosas (pseudópodes); (3)
pavimentação, adesão firme ao endotélio; e, por fim, (4) transcitose/diapedese, saída dos leucócitos,
passando entre as células endoteliais.
OBS.: há a chegada de muitos neutrófilos na região da inflamação, eles conseguem fagocitar grande
quantidade de patógenos, porém, muitos morrem (por terem meia vida curta), isso contribui para a
formação do tecido necrótico - pus nos sítios inflamatórios.
4. FASE DEGENERATIVA OU NECRÓTICA
● Os processos das três fases anteriores podem contribuir para uma destruição tecidual. A
produção de radicais reativos e o escape de enzimas lisossomais (decorrentes da morte dos
neutrófilos), por exemplo, começam a destruir a matriz extracelular.
● Essas alterações podem ser reversíveis (lesão) ou irreversíveis (morte celular - necrose).
● Pode acontecer no momento inicial e atuar como fator causador do processo inflamatório ou pode
acontecer como consequência da liberação de radicais reativos e enzimas.
● Por isso, às vezes, é importante controlar a inflamação para que o dano tecidual não seja
exagerado. Não é à toa que a indústria farmacêutica desenvolveu os antiinflamatórios.
● É nesta fase que ocorre a recuperação da função que foi perdida, mas é necessário levar em
consideração as características teciduais para entender se o que foi perdido durante o processo
inflamatório pode ser recuperado ou não. É uma tentativa de cura do tecido.
● Uma agressão que induz inflamação pode provocar lesões degenerativas ou necrose, que devem
ser reparadas por regeneração ou por cicatrização. Os restos necróticos devem ser removidos,
permitindo a reorganização do tecido.
● Se o agente etiológico não for removido, essa fase pode continuar acontecendo (é o que
caracteriza a fase crônica da inflamação).
● Quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento liberados pelos tecidos inflamados, em especial
pelas células do exsudato, orquestram os fenômenos de reparação, em paralelo com os fenômenos
resolutivos, de tal modo que esses fenômenos se processem de maneira simultânea e coordenada.
FIM DA INFLAMAÇÃO
A inflamação pode ser aguda ou crônica, dependendo da natureza do estímulo e da efetividade da reação
inicial em eliminar o estímulo ou os tecidos danificados.
→ Inflamação aguda: é rápida no início (tipicamente minutos) e de curta duração, persistindo por horas
ou poucos dias. Se observam principalmente os fenômenos exsudativos nessa fase. Suas principais
características são a exsudação de fluido e proteínas do plasma (edema) e a migração de leucócitos,
predominantemente neutrófilos. Quando a inflamação aguda é bem-sucedida na eliminação dos agentes
agressores, a reação reduz-se, mas se a resposta falha em limpar os agentes invasores, ela pode progredir
para a fase crônica.
→ Inflamação crônica: pode se seguir à inflamação aguda ou já começar como um processo crônico
(nem toda inflamação crônica passou por uma fase aguda). Ela é de longa duração e está associada aos
fenômenos produtivos/reparativos. O processo inflamatório crônico é característico pela presença e
infiltração de macrófagos. Uma inflamação crônica pode ir pra uma aguda quando, por exemplo, o
paciente gripa e tem uma queda na imunidade, aumentando novamente o reconhecimento e dando início a
fase vascular → agudização ou reagudização de um processo crônico.
→ Inflamação serosa: é marcada pelo derramamento de um fluido fino que pode ser derivado do plasma
ou de secreções de células mesoteliais revestindo as cavidades peritoneal, pleural e pericárdica. É o que se
observa em quadros de rinite e queimaduras. A bolha na pele resultante de uma queimadura ou infecção
viral representa um grande acúmulo de fluido seroso, dentro ou imediatamente abaixo da epiderme.
→ Inflamação fibrinosa: são aquelas em que o exsudato contém grande quantidade de proteínas
plasmáticas, incluindo o fibrinogênio. Forma-se uma membrana de fibrina na superfície do órgão. É
observada nos quadros de meningite, pericardite e pleurite. A inflamação fibrinosa é mais comum na
pericardite, onde apresenta um aspecto característico conhecido como “pão com manteiga”. Forma-se,
histologicamente, uma malha de fios eosinofílicos. A coloração do órgão fica de roxo à avermelhado.
A inflamação fibrinosa pode ser classificada ainda em inflamação pseudomembranosa difteróide.
→ Inflamação flegmonosa: também ocorre uma necrose de liquefação, porém, o pus não fica localizado
e não é possível fazer a drenagem. Se observa nos quadros de apendicite (fica pus espalhado por todo o
apêndice, por isso que o tratamento é fazer a remoção).
→ Inflamação ulcerada: ocorre necrose do tecido e esse tecido se solta (descama), formando uma ferida
conhecida como úlcera. Normalmente observada na pele e em membranas mucosas.
Ps.: o problema de inflamações crônicas é que, muitas vezes, ela é silenciosa (a sintomatologia é muito
mais branda) e, por isso, é muito mais difícil o paciente procurar tratamento quando se encontra nessa
fase. Ele demora mais a tratar.
ASPECTOS MOLECULARES DA INFLAMAÇÃO
● A inflamação se inicia localmente, mas toma uma proporção/repercussão sistêmica através das
MOLÉCULAS. Ou seja, a inflamação é uma resposta do organismo coordenada por moléculas;
● No sangue, há os MQI (mediadores químicos da inflamação - são 9 classes de moléculas que
medeiam a inflamação sistêmica).
● Nosso corpo é constituído por: moléculas → células → tecidos → órgãos → sistema. A partir
disso, surgem os dois dogmas da patologia molecular:
1. Em todos os processos patológicos estudados existem eventos moleculares envolvidos.
2. Tempo patológico: existe um tempo necessário para que as alterações moleculares
repercutam nas células, tecidos e órgãos e gerem sinais e sintomas.
Obs.: se diz que a inflamação é um evento do tecido – é uma resposta tecidual – pois é o tecido que
responde através de suas moléculas e células a produção de um processo inflamatório local que terá
repercussão sistêmica.
Fenômenos vasculares
● O primeiro fenômeno vascular que ocorre é uma vasoconstrição, depois vasodilatação e
vasopermeabilidade.
● A vasodilatação induz hiperemia e a vasopermeabilidade induz o fenômeno exsudativo (edema).
Fenômenos exsudativos
Na membrana do endotélio vascular há receptores para a maioria dos MQI, quando ocorre a ligação, o
corpúsculo de Weibel Palade presente dentro do endotélio (que também tem receptores) é transportado
para a membrana do endotélio e libera os receptores, que ficam voltados para a luz do vaso → esse
conjunto de receptores liberados são as P-selectinas, onde os leucócitos vão se ligar. Além disso, há
produção de outros receptores pelo núcleo → as E-selectinas.
A função desses receptores é permitir que a célula role, faça adesão, pavimente e consiga transmigrar.
REPARO TECIDUAL
● O reparo tecidual é uma tentativa de cura do tecido lesado. Os restos necróticos devem ser
removidos, permitindo a reorganização do tecido. Essa reorganização vai ser diferente de acordo
com o tipo de tecido que sofreu esse dano: reparo por regeneração ou reparo por cicatrização.
● O tipo de processo de reparo vai depender de 3 fatores principais:
1. Capacidade proliferativa das células do tecido: quanto maior a capacidade proliferativa
das células, maior a chance do tecido reparar ou regenerar. Há células lábeis (que se
multiplicam durante a vida toda e, consequentemente, regeneram), células estáveis (se
dividem frente a determinados estímulos, também regeneram) e células permanentes (não
se dividem e não regeneram).
2. Integridade da matriz extracelular.
3. Resolução ou cronicidade da lesão e da inflamação.
→ O tamanho e o tipo da lesão também vão interferir. Os tecidos formados por células lábeis e estáveis, se
acometidos por uma grande destruição tecidual, também podem fazer cicatrização. Na pele, muitas vezes,
há a ocorrência dos DOIS PROCESSOS de reparo, uma área regenera e outra área pequena forma cicatriz.
● O macrófago é uma célula chave nesse processo produtivo/reparativo. Ele vai secretar citocinas,
como o fator de crescimento fibroblástico, que ativa o fibroblasto para iniciar a produção de
colágeno (inicialmente imaturo). Esse colágeno produzido - junto com ácido hialurônico,
glicosaminoglicanas, proteoglicanas - vai constituir o TECIDO CICATRICIAL INICIAL. Além
disso, o macrófago também secreta fator de crescimento vascular endotelial, tornando esse tecido
muito vascularizado.
● O tecido cicatricial inicial é o tecido de granulação (tecido que é imediatamente secretado na área
que precisa ser reparada) → se apresenta como um tecido conjuntivo frouxo, com pouca
quantidade de colágeno e com mais ácido hialurônico e proteoglicanas, ricamente vascularizado.
→ Migração celular:
● A ativação de alguns fatores estimulam a chegada de fibroblastos na região lesada.
● Nessa região, estarão sendo secretadas citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF etc). Porém, à
medida que não ocorre mais o reconhecimento do agente agressor, haverá liberação de citocinas
anti inflamatórias.
→ Organização e remodelagem da matriz extracelular:
● Tecido cicatricial inicial - conjuntivo frouxo, para possibilitar a regeneração ou cicatrização dos
tecidos.
● A matriz extracelular vai organizar e depois vai ser remodelada → ou vai ser removida pela ação
de enzimas que degradam o colágeno, para que haja a substituição do tecido (regeneração); ou vai
ser produzido mais tecido conjuntivo e mais colágeno, que será maturado para formação da
cicatriz (cicatrização)
Quando se for avaliar a possibilidade de haver reparo por regeneração ou por cicatrização, deve-se analisar
os fatores locais da ferida e os fatores sistêmicos relacionados à cada indivíduo.
REGENERAÇÃO
● Processo em que os danos que foram provocados no tecido são completamente reparados,
promovendo a restauração da arquitetura e recuperação da função que foi perdida.
● Na regeneração, há o restabelecimento total da FORMA e da FUNÇÃO daquele tecido
destruído durante o processo inflamatório.
● O tecido vai ser substituído por um idêntico ao original. Morfologicamente, se vê uma arquitetura
idêntica à do tecido que foi destruído.
● No processo de regeneração, o tecido cicatricial será completamente removido para dar lugar ao
tecido idêntico ao que foi perdido.
● É uma resposta típica a lesões em tecidos que conseguem se dividir/proliferar rapidamente, como
a pele.
CICATRIZAÇÃO
ATENÇÃO: o SNC não se regenera, mas também não faz cicatrização fibrosa (pois não há fibroblastos), o
que pode ocorrer é uma necrose de liquefação, onde a área liquefeita não é substituída, formando as áreas
císticas (cavidades).
❖ O processo de reparo vai se iniciar à medida que há a deposição de tecido cicatricial. O tempo
que ele ocorre depende se a ferida está suturada (fechada), que se inicia mais rápido, ou aberta.
Porém, em qualquer um dos casos, vai havendo mais deposição de colágeno e o tecido cicatricial
vai dando lugar ao tecido conjuntivo fibroso que ficará ali (cicatriz)
❖ O processo de angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) é observado na fase inicial.
❖ À medida que a cicatriz vai se maturando, vai havendo uma redução da vascularização e uma
remodelação do colágeno.
❖ Junto a isso, a lesão também faz um processo de contração, que resulta em uma cicatrização mais
rápida e promove a redução do tamanho da ferida (mediada por miofibroblastos). A contração
pode reduzir o defeito aberto em até 70%.
● Algumas situações não permitem a aproximação entre os tecidos → quando há muita perda de
tecido (então não é possível fazer uma sutura).
● A cicatrização ocorre de dentro pra fora: vai haver deposição do tecido cicatricial e, à medida
que o processo inflamatório vai cessando, há mais deposição de colágeno, ou seja, o tecido
cicatricial vai dando lugar ao tecido conjuntivo fibroso que ficará ali, conhecido como cicatriz.
DEFEITOS DO REPARO
● Deiscência de feridas: complicação na qual as bordas da ferida, que estão unidas por uma sutura,
acabam abrindo e se afastando, o que aumenta o risco de infecção e dificulta a cicatrização. Pode
ser decorrente da pouca formação de tecido cicatricial ou por estar em uma área de movimentação.
● Ulcerações: lesões que ocorrem pela exposição do epitélio e em continuidade com exposição do
tecido conjuntivo subjacente. Há necrose tecidual. Também é decorrente da pouca formação de
tecido cicatricial.
● Contratura: pode interferir e dificultar a mobilidade dos membros, por exemplo. A elasticidade
não é a mesma. O colágeno formado é muito denso.
● Estenose: estreitamento ou constrição de um duto, órgão ou passagem, reduzindo a luz desse
órgão. Pode acontecer no intestino, na traqueia, no esôfago etc.
REPARAÇÃO ÓSSEA
1. Fratura: lesão
2. Hematoma: sangramento e formação do cóagulo
3. Inflamação: ativação do processo inflamatório
4. Proliferativa: migração de células para formação do tecido cicatricial
5. Remodelação.
Nesse caso, o tecido ósseo é capaz de regenerar, então o tecido cicatricial será substituído por outro tecido
ósseo idêntico ao original.
Obs: em traumas ósseos, vai haver sempre um sangramento, pois o tecido ósseo é muito vascularizado.
Com o sangramento, já vai haver a ativação de células para que haja a reorganização tecidual. O tecido
ósseo vai se reorganizar da seguinte forma: a liberação de mediadores inflamatórios recruta as células
osteoprogenitoras, que migram para a área de fratura e de diferenciam em osteoblastos, iniciando a
deposição da matriz do tecido ósseo. Isso acontece da periferia para o centro, até que toda a área de fratura
seja consolidada/mineralizada.
Remodelação
Fatores que interferem no reparo alveolar: hemostáticos locais (diminuem vascularização); anestésicos
locais; fios de sutura; nicotina; presença de corpos estranhos; presença de tecidos necróticos e isquemia.