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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAUDE DE PORTO ALEGRE

ROTEIRO PARA AULA PRÁTICA


Capítulo IV – “Distúrbios Hemodinâmicos, doença tromboembólica e Choque”

DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS I

Disciplina de PATOLOGIA BÁSICA


Professora Josenel Copetti
Monitora Fabiana Pires

I. Resumo
INTRODUÇÃO
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A integridade das células e dos tecidos requer um equilíbrio líquido normal e constante. No
entanto, anormalidades na permeabilidade vascular ou na homeostasia pode resultar em
lesão mesmo no cenário de um aporte sanguíneo intacto. As principais perturbações
envolvendo a hemodinâmica e a manutenção do fluxo sanguíneo incluem: edema,
hiperemia, hemorragia, manutenção do fluxo sanguíneo, trombose, embolia, infarto e
choque. A homeostase normal do líquido abrange a manutenção da integridade da parede do
vaso, bem como a pressão intravascular e osmolaridade dentro de certas variações fisiológicas.
As mudanças no volume vascular, pressão ou conteúdo proteico, ou alterações na função
endotelial, todas afetam o movimento final da água através da parede vascular.

EDEMA
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II. Significa acúmulo anormal de líquido nos espaços intersticiais ou nas cavidades corporais
(sendo, nestes casos, mais comumente denominado de derrame: derrame pericárdico, pleural,
peritoneal ou ascite) gerando um tipo de inchaço ou tumefação.

III. O edema pode ser: Inflamatório quando está relacionado à permeabilidade vascular
aumentada com o escape de exsudato rico em proteínas. O edema inflamatório surge como
um evento do processo inflamatório agudo, em que as alterações do fluxo geram um aumento
da permeabilidade vascular e extravasamento de líquido, proteínas e células (exsudato) para o
espaço intersticial (hiperemia ativa). Não-inflamatório ou hemodinâmico, relacionado com o
desequilíbrio das forças de Starling com perda de transudato (pobre em proteínas).

IV. O edema pode ser localizado, como na obstrução do retorno venoso em uma extremidade ou
bloqueio de um grupo regional de linfonodos ou vasos linfáticos, ou sistêmico, denominado de
anasarca, que é um tipo de edema grave e generalizado com tumefação tecidual subcutânea
profunda.
V. As coleções edematosas nas cavidades corporais são denominadas hidrotórax, hidropericárdio
e hidroperitônio (ascite).

HIPEREMIA E CONGESTÃO
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 Os dois termos significam aumento do volume sanguíneo no tecido ou na parte afetada.

 A hiperemia é um processo ativo resultante do fluxo interno tecidual aumentado devido à


dilatação arteriolar, como no músculo esquelético durante o exercício ou em locais de
inflamação. O tecido afetado é avermelhado pelo congestionamento dos vasos com sangue
oxigenado.

 A congestão (hiperemia passiva) é um processo passivo resultante do efluxo externo


deficiente de um tecido. A parte afetada adquire uma coloração vermelho-azulada devido à
desoxigenação dos eritrócitos represados (cianose).

 Em geral, a hiperemia e a congestão estão associados ao edema. Quando agudas, os vasos


estão distendidos e os órgãos estão incomumente sanguinolentos. Quando crônicas, podem
levar a atrofia hipóxica ou a morte das células parenquimatosas, ou a micro-hemorragias
com deposição de Fe2+ e fibrose. Os órgãos mais afetados são os pulmões, fígado e baço.

HEMORRAGIA
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 A hemorragia indica, em geral, extravasamento de sangue devido à ruptura do vaso. O


sangramento capilar pode ocorrer sob condições de congestão crônica e uma tendência
aumentada à hemorragia. Todavia, a ruptura de uma grande artéria ou veia é quase sempre
devido à lesão vascular, incluindo trauma, aterosclerose, ou erosão inflamatória ou
neoplásica da parede do vaso.

 Ela pode ser externa ou interna (confinada dentro de um tecido). O acúmulo de sangue dentro
do tecido é chamado hematoma. As diminutas hemorragias de 1mm a 2mm na pele, mucosas
ou superfícies séricas são denominadas petéquias (com formato puntiforme) e são associadas
tipicamente a pressão intravascular localmente elevada, baixa contagem de plaquetas
(trombocitopenia), função plaquetária defeituosa ou déficits nos fatores de coagulação. As
hemorragias levemente maiores de 3mm são denominadas púrpuras e podem ocorrer de
forma secundária ao trauma, inflamação vascular ou fragilidade vascular aumentada.
Hemorragias subcutâneas maiores que 1cm ou 2cm são denominadas equimoses e são
caracteristicamente vistas após trauma.

 Os grandes acúmulos de sangue em cavidades corporais são denominados hemotórax,


hemopericárdio, hemoperitôneo ou hemartrose. Melena e hematêmese são consideradas
tipos de hemorragias externas partindo do pressuposto que a luz do trato gastrointestinal é
tido como parte do meio externo.

II. MACROSCOPIA E MICROSCOPIA

EDEMA

Imagem 1: Edema cerebral difuso

Edema cerebral é um aumento na quantidade de água no tecido cerebral causada


por lesões focais (tumores, abscessos, hematomas) ou difusas (anóxia,
meningites, encefalites, certas intoxicações), com consequente aumento de
volume do encéfalo. Este incremento adiciona-se ao já provocado pela lesão
primária, elevando a hipertensão intracraniana e propiciando as hérnias.

Imagem 2: Edema agudo de pulmão

Macroscopia: pulmão apresenta-se de cor mais clara, sua


consistência é mais firme que a normal e dá impressão de
fortemente expandido; seccionado, elimina líquido seroso
arejado, que lembra a espuma de sabão.

Microscopia: a figura histológica do pulmão mostra os


espaços alveolares preenchidos pelo plasma que extravasa
dos capilares para o seu interior, impedindo a troca de
oxigênio. Esta quadro se instala subitamente.
Imagem 3: Linfedema em membros

As alterações morfológicas consistem em dilatação dos linfáticos


até os pontos de obstrução, acompanhada de aumentos do
líquido intersticial. A persistência do edema resulta em aumento
do tecido fibroso intersticial subcutâneo com consequente
aumento da parte afetada, acentuada enduração, aspecto de
“casca de laranja” da pele e úlceras cutâneas.

CONGESTÃO E HIPEREMIA

Imagem 4: Congestão pulmonar

Os capilares alveolares encontram-se dilatados e os septos


tornam-se alargados pelo edema intersticial; em longo
prazo, os septos sofrem fibrose e ficam espessados. Por
causa de microrrupturas de capilares, há passagem de
hemácias para os alvéolos, e sua fagocitose pelos
macrófagos alveolares, os quais passam a constituir as
chamadas "células da insuficiência cardíaca".

Imagem 5: Congestão hepática


Aguda ou crônica, é provavelmente na maioria das vezes
por insuficiência cardíaca congestiva e, menos comumente,
por obstrução das veias hepáticas ou da veia cava inferior.
Imagem 6: Congestão esplênica
Aguda é causada sobretudo por insuficiência cardíaca; o órgão
encontra-se pouco aumentado de volume, cianótico e repleto de
sangue. Congestão crônica é encotrada principalmente nas casos
de hipertensão porta (cirrose hepática, esquistossomose). O
baço é aumentado de volume (às vezes de forma acentuada,
podendo pesar até 700g, ou seja cerca de cinco vezes o seu peso
normal), endurecido por fibrose e com focos de hemorragia
recente ou antiga. A esplenomegalia congestiva pode ser
caracterizada por anemia, leucopenia, e plaquetopenia, isoladas
ou associadas (pancitopenia).

Congestão passiva: acúmulo de hemoglobina desoxigenada


nos tecidos afetados.

Imagem 7: Hiperemia conjutival

HEMORRAGIA

Imagem 8: Epistaxe
Imagem 9: Hemorragia subaracnoide
O sangue oriundo de uma hemorragia subaracnóidea preenche a porção de espaço que se encontra entre o próprio
cérebro e a membrana aracnoidea. A grande acumulação de sangue atua como uma massa que cresce e pressiona o
cérebro, interferindo com o seu funcionamento. Para além de causar este efeito, a hemorragia também interrompe
o fornecimento vital de sangue para uma área do cérebro que era normalmente alimentada pelo vaso rompido.

Imagem 10: Petéquias (Dengue, Leucemia, Palato, Rim)

Imagem 11:
Púrpura senil e
púrpura
Imagem 12: Hematomas

Imagem 13: Equimose

IV. DISCUSSÃO DE CASO – MECANISMOS DE EDEMA


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1. Síndrome Nefrótica
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2. Insuficiência cardíaca congestiva


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3. Edema pulmonar
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V. QUESTIONÁRIO
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1. O que significa edema? Como é chamado o acúmulo de líquido nas cavidades?
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2. O que significa anasarca?


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3. Cite, explique e dê 2 exemplos das categorias fisiológicas do edema:


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4. Qual o conceito de transudato e exsudato?


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5. Quais os tipos morfológicos do edema?


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6. Diferencie hiperemia e congestão:


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7. Conceitue hemorragia, hematoma, petéquia, púrpura e equimose:


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VI. CASOS CLÍNICOS


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1. Uma mulher de 21 anos de idade sofreu várias lesões, incluindo fraturas no fêmur e na tíbia
direita e no úmero esquerdo, em um acidente envolvendo uma colisão de carros. No hospital,
suas fraturas foram estabilizadas cirurgicamente. Logo após sua admissão hospitalar, as
condições da paciente eram estáveis. Entretanto, 2 dias depois, ela apresentou uma dispneia
grave. Qual das seguintes complicações é a causa mais provável dessa repentina dificuldade
respiratória?

(A) Hemotórax direito


(B) Edema pulmonar
(C) Embolismo gorduroso
(D) Tamponamento cardíaco
(E) Infarto pulmonar

2. Um homem de 49 anos de idade apresenta condição estável após ter sofrido um infarto na
parede ventricular anterior esquerda. O paciente recebeu terapia com agentes antiarrítmicos e
pressores. Após 3 dias, o paciente desenvolveu uma grave falta de ar e um ecocardiograma
mostrou a existência de uma fração de ejeção marcantemente diminuída. O paciente morreu 2
horas depois. Na necropsia, qual das seguintes alterações microscópicas pode ter ocorrido em
seus pulmões?

(A) Congestão dos capilares alveolares com deposição de fibrina e presença de neutrófilos nos
alvéolos.
(B) Congestão dos capilares alveolares com formação de transudato nos alvéolos
(C) Fibrose das paredes alveolares com presença de macrófagos com estrias de hemossiderina
nos alvéolos
(D) Várias áreas de necrose hemorrágica subpleural
(E) Exsudato purulento no espaço pleural
(F) Exsudato purulento no tronco bronquial principal.

3. Um homem de 49 anos de idade apresentando insuficiência cardíaca congestiva


desenvolveu uma infecção por Streptococcus pneumoniae após um ataque de gripe. Depois da
recuperação de 2 semanas, desenvolveu um quadro de dor pleurítica no tórax. A dor foi
causada pelo desenvolvimento da lesão mostrada na figura. Qual dos seguintes eventos pode
ter ocorrido?

(A) Infarto pulmonar


(B) Congestão pulmonar crônica
(C) Edema pulmonar
(D) Congestão pulmonar aguda
(E) Trombose venosa pulmonar

4. Uma mulher de 78 anos de idade sofreu uma queda na banheira e bateu a parte trasseira da
cabeça. Nas 24h seguintes, apresentou uma sonolência crescente. Uma varredura de TC de
crânio mostrou acúmulo de fluidos embaixo da dura-máter, comprimindo hemisfério cerebral
esquerdo. Qual dos seguintes termos melhor descreve essa coleção de líquidos?

(A) Hematoma
(B) Púrpura
(C) Congestão
(D) Petéquia
(E) Equimose

VII. ANÁLISE DE LÂMINA


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Estrutura: ______________________
Coloração: _____________________
Objetiva: ______________________
Legenda: ______________________
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