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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACEMA

Embolia, Infarto e Choque

Prof. Carlos Augusto Silva de Azevedo


Embolia, Infarto e Choque
 Sistema circulatório responsável por bombear o sangue, transportar
nutrientes, sais, gases e metabólitos através de artérias e veias.
 O sangue oxigenado é transportado pelas artérias para os tecidos, órgãos para
as trocas metabólicas promovendo a microcirculação das regiões do corpo.
 Sistema circulatório dividido em: circulação pulmonar e sistêmica.
 Circulação pulmonar – é direcionada para o pulmão, onde o sangue
desoxigenado sofre hematose para ocorrer as trocas gasosas pulmonares.
 Circulação sistêmica - responsável pelo transporte de O2 oxigenado, glicose
e hormônio pelas artérias para todas as células, tecidos e órgãos.
 Há diversos fatores de riscos: aterosclerose, hipertensão arterial sistêmica,
hipercolesterolemia e tabagismo que originam distúrbios e alterações.
Embolia, Infarto e Choque
 Alterações no processo de coagulação sanguínea por fatores de riscos podem levar ao
desenvolvimento de trombos e coágulos de sangue na parede dos vasos sanguíneos e se
soltarem e migrar para a circulação.
 Os coágulos de sangue (trombos) são chamados de êmbolos, que podem ser
compostos por tecidos, bolhas de ar, líquido amniótico, gordura, bactérias, células
tumorais ou substâncias estranhas.
 O êmbolo é uma substância sólida, líquida ou gasosa que circula pela corrente
sanguínea do seu ponto de origem para um local distante.
 Êmbolos se formam em algum local da circulação venosa acabam por chegar ao
coração através da circulação sistêmica, e ao entrar na circulação pulmonar podem
obstruir um ou mais capilares sanguíneos pulmonares.
 Os êmbolos arteriais, formados em artérias, se originam dentro do próprio coração ou
no trajeto aórtico, e migram para grandes órgãos-alvo através da circulação sistêmica.
Processos patológicos de embolia, infarto e choque

 Devido ao tamanho e origem, os êmbolos se alojam em vasos pequenos que não


permitem sua passagem, gerando obstrução vascular parcial ou completa. Os êmbolos
podem se alojar em qualquer parte do leito vascular, dependendo do local de origem.
 Na maioria os êmbolos são formados a partir de trombos, e as ocorrências mais comuns
envolvem tromboembolia.
 Após a formação de um trombo dentro dos vasos ou do coração, ocorre a ativação do
sistema fibrinolítico e o desencadeamento de reações locais. O crescimento do trombo a
partir do predomínio do processo de coagulação leva ao aumento do trombo e à
obstrução vascular.
 O sistema fibrinolítico ao se tornar ativo, o trombo pode ser dissolvido parcial ou
totalmente, sofrer embolização, se desgrudar ou fragmentar da parede do vaso, cai na
corrente sanguínea e torna-se um êmbolo.
Embolia, Infarto e Choque
 Os êmbolos que se formam a partir de trombos venosos podem causar: congestão e
edema nos leitos vasculares distais a obstrução vascular.
 Os êmbolos geralmente se originam de trombose venosa profunda, um processo de
formação de trombos que ocorre nas veias profundas dos membros inferiores e veias
pélvicas
 Embolos venosos podem ser carregados para os pulmões (embolização pulmonar),
levando a tromboembolismo pulmonar. Os êmbolos arteriais se formam no coração
ou aorta devido a patologias ou alterações cardíacas que migram para a grande
circulação (embolização sistêmica) e se alojar em órgãos vitais, como cérebro, coração,
intestinos, rins, baço e nos membros inferiores.
 Alguns fatores podem formar trombos, como a imobilização, obesidade e distúrbios
circulatórios do sistema venoso, em pacientes com fatores de risco cardíaco
Embolia, Infarto e Choque
O infarto é uma área de necrose tecidual
isquêmica devido a obstrução do suprimento
vascular para determinado tecido ou órgão.
A obstrução vascular é causada por placas
de aterosclerose, trombos e êmbolos, que
causam o bloqueio total da irrigação do sangue
por tempo prolongado, formando uma isquemia
persistente.
Após a obstrução do vaso e interrupção da
irrigação sanguínea, o tecido local entra em
necrose (morte celular patológica), pode ocorrer
um infarto devido ao consumo de todo o
conteúdo energético disponível nas células e
tecidos da área afetada, acarreta a necrose das
células parenquimatosas (funcionais) e das
Embolia, Infarto e Choque
 O choque
 É caracterizado pela redução do débito cardíaco (litros de sangue bombeados pelo
coração ao corpo por minuto) e/ou do volume de sangue circulante (hipovolemia), que
pode gerar hipoperfusão sistêmica e hipóxia de tecidos e órgãos.
 A hipoperfusão tecidual, causa redução na disponibilidade de oxigênio e nutrientes aos
tecidos, que gera acúmulo de catabólitos não removidos, e o metabolismo das células
passa de aeróbico para anaeróbico (fonte primária glicose).
 Independente da origem do choque, ocorre queda de pressão vascular sistêmica na
microcirculação, que resulta em hipoperfusão corporal generalizada. Quando tratado
precoce o choque é uma condição reversível, e pode gerar lesão tecidual irreversível e
ser fatal para o órgão afetado, levando ao óbito do paciente.
 As diversas alterações metabólicas causadas pelos tipos de choque resultam na síndrome
da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) originada pelo próprio organismo frente a
qualquer agressão infecciosa ou não.
O choque
 A deficiência de coagulação é extremamente grave e associada ao estado prévio de
hipoperfusão, leva os órgãos a sofrerem sangramentos diversos, e o paciente entra na
síndrome de falência múltipla de órgãos.
 Conhecimentos sobre embolia, infarto e choque são importantes para estudar diversos
tipos de processos patológicos. A embolia pode ser direta ou cruzada. A embolia
direta é a mais frequente e os êmbolos migram na corrente sanguínea de acordo com
seu fluxo. Os êmbolos arteriais ou cardíacos podem chegar a qualquer tecido e/ou
órgão, na chamada embolização sistêmica.
 A embolia arterial pode gerar necrose tecidual sistêmica (infarto nos tecidos) onde o
seu fluxo sanguíneo e gravemente reduzido ou interrompido. Nos êmbolos venosos
vão para os pulmões e originam à embolia pulmonar ou tromboembolia pulmonar.
 A embolização pulmonar é grave e pode levar o paciente ao óbito muito rapidamente
por hipóxia sistêmica.
Tipos de embolia, infarto e choque

 A embolia cruzada ocorre quando


um êmbolo parte de um tipo de
circulação para outro (arterial para
venoso ou vice-versa) devido a
fístulas arteriovenosas ou doenças
cardíacas congênitas, como a
comunicação interatrial ou
comunicação interventricular.
 Qualquer elemento estranho que
circule na corrente sanguínea, os
êmbolos podem ser classificados
quanto aos seus diversos tipos.
OS INFARTOS

 São áreas de necrose isquêmica tecidual geradas após a interrupção do fluxo sanguíneo,
e classificados em infartos vermelhos e infartos brancos.
 O infarto vermelho (ou hemorrágico) pode ter origem arterial ou venosa, onde a
região atingida fica de coloração avermelhada, devido a uma intensa hemorragia que se
forma na área necrótica.
 O IV é frequente em órgãos frouxos, como o pulmão, e em órgãos com dupla irrigação
ou muita circulação colateral.
 Os infartos vermelhos por obstrução arterial são frequentes em áreas de dupla irrigação,
e a obstrução do fluxo sanguíneo atinge determinada artéria, gera isquemia e necrose
tecidual. Tem-se um extravasamento de sangue sobre os tecidos de necrose, justificando
o aspecto hemorrágico e vermelho do infarto.
 Os infartos vermelhos por obstrução venosa tem como causas, a trombose das veias
mesentéricas ou dos seios venosos da dura-máter e compressão ou torção de pedículos
vasculares.
OS INFARTOS

 Os infartos brancos (ou anêmicos) ocorrem somente por obstrução arterial de órgãos
sólidos com circulação terminal ou pouca circulação colateral, como coração, rins e
baço.
 Os choques podem ser classificados em três grupos principais: choque cardiogênico,
choque hipovolêmico e choque séptico, de acordo com sua causa. Tem-se ainda o
choque anafilático e o choque neurogênico.
 Choque cardiogênico: tem como causa uma falha no coração, que pode decorrer de
um infarto agudo do miocárdio, de arritmias ventriculares ou por tromboembolia
pulmonar.
 O coração é incapaz de bombear adequadamente o sangue para todos os tecidos e o
débito cardíaco torna-se bastante reduzido.
 Quando um infarto cardíaco é sua causa, esse choque pode gerar SIRS, e
microscopicamente haverá edema intersticial e coagulação intravascular
OS INFARTOS
 Choque hipovolêmico: ocorre pela súbita e aguda de grande quantidade do volume de
sangue ou volume plasmático. Tem como causa sangramentos intensos (hemorragia)
devido a traumatismo, cirurgias ou ruptura de grandes vasos, e perda de plasma por
grandes queimaduras ou desidratação por diarreia ou calor excessivo.
 Choque séptico: provocado por infecções bacterianas. Por haver inflamação e liberação
de mediadores inflamatórios e pode ocorrer desenvolvimento de SIRS. Produz uma
vasodilatação arterial generalizada e, consequentemente, acúmulo de sangue venoso.
 Choque anafilático: é um choque que ocorre vasodilatação arterial sistêmica associada
a aumento da permeabilidade vascular. O choque é desencadeado por reação de hiper-
sensibilidade (alergia) mediada pela imunoglobulina E (IgE). É uma reação antígeno–
anticorpo que provoca liberação de diversas substâncias.
 Choque neurogênico: leva à vasodilatação sistêmica, devido a redução do tônus
vascular de artérias e veias, a queda da resistência vascular periférica e redução do
retorno venoso ao coração. Ocorre desregulação neurogênica por afecção aguda do
sistema nervoso central ou associado a anestesia. É pouco frequente.
Alterações morfológicas e clínicas causadas por embolia, infarto e
choque
 Macro e microscopicamente, em trombos e êmbolos as camadas de plaquetas e fibrinas
(venosas) estão associadas com camadas de hemácias escuras (arteriais). Essas alterações
são chamadas de linhas de Zahn e são importantes para a patologia, pois sua formação
depende de sangue fluido. Os trombos/êmbolos venosos geralmente têm aspecto
vermelho, úmido e gelatinoso, enquanto os trombos/êmbolos arteriais/cardíacos
geralmente são brancos.

Figura 2. Um trombo (material delimitado na parte inferior) dentro de uma veia


profunda (ilíaca). Trata-se de um exemplo de trombo formado em pacientes
hospitalizados e pós--cirúrgicos que permanecem em repouso excessivo. A
posterior mobilização dos membros inferiores desses indivíduos pode dar origem
a um êmbolo que cai na corrente sanguínea.
Alterações morfológicas e clínicas causadas por embolia, infarto e
choque
 A morfologia de um infarto depende do seu tipo — vermelho ou branco.
 Os infartos vermelhos (Figura 3a) possui cor característica devido à conversão do ferro
heme extravasado pelas hemácias em hemossiderina intracelular (hemácias são células
que transportam a hemoglobina e o ferro heme para carreamento dos íons de oxigênio).
 Os infartos brancos (Figura 3b) possui forma cuneiforme — pode-se observar o vaso
sanguíneo obstruído e na base o tecido afetado. A periferia desse infarto apresentar
margens irregulares e hemorrágicas (em quadro agudo), devido à penumbra isquêmica.
Alterações morfológicas e clínicas causadas por embolia, infarto e
choque
 As alterações morfológicas oriundas de choque podem ser diversas, e decorrentes da
hipoxemia devido a hipoperfusão e trombose.
 Qualquer órgão pode ser afetado, mas há alterações típicas que ocorrem nos rins e no
pulmão. Pode-se visualizar trombos de fibrina nos rins, enquanto o pulmão entra em
estado de dano alveolar difuso, causando o chamado pulmão do choque.
 A tromboembolia pulmonar causa au-mento da pressão arterial pulmonar, o que
consequentemente sobrecarrega as câmaras direitas do coração (ventrículo e átrio
direito). Da origem à uma insuficiência cardíaca direita, chamada de cor pulmonale, e
que reduz o retorno venoso sistêmico ao sistema cardiovascular.
 Os sinais clínicos de tromboembolia pulmonar são falta de ar súbita (dispneia), tosse,
dor torácica e grave queda da pressão arterial (hipotensão).
Sinais e sintomas da embolia, infarto e choque
 O infarto tecidual ocorrer em qualquer tecido que venha a sofrer uma interrupção total
do seu fluxo sanguíneo e aporte de nutrientes. Os sintomas são: febre e alterações no
exame de sangue, aumento das células brancas (leucocitose) e de enzimas liberadas
pelas células destruídas (necrose) no infarto. Pode haver sintomas locais como: dor e
outros associados ao tecido/órgão atingido.
 Paciente com infarto agudo do miocárdio, apresenta dor no peito, e em paciente com
infarto intestinal dor abdominal aguda. Podem desenvolver patologias secundárias como
insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, paralisia cerebral.
 A patogênese do choque pode ocorrer de duas maneiras, hiperdinâmica ou
hipodinâmica. Quando não há alterações na grande circulação como causa do choque, e
há aumento do número de batimentos cardíacos (taquicardia) e retenção de líquidos pelo
sistema renal, para manter o fluxo sanguíneo normal especialmente para os órgãos
vitais. Desse modo, o paciente acaba fica com a pele quente e avermelhada
(Hiperdinâmica)
Sinais e sintomas da embolia, infarto e choque

 A hipodinâmica pode ocorrer desde o início do estabelecimento do choque, e depende da


sua causa. Há hipotensão, taquicardia e aumento do número de respirações por minuto
(taquipneia), e sua pele fica fria, pegajosa e cianótica (pálida).
 A evolução do choque leva o paciente para uma fase irreversível, devido à paralisação da
camada muscular dos vasos sanguíneos arteriais pelo estabelecimento de uma acidose
pela queda do pH sanguíneo. Há uma alteração do metabolismo aeróbico para
anaeróbico, e é justamente essa troca de fonte energética que leva à acidose lática
sanguínea pelo aumento da formação de lactato.
 Na fase hipodinâmica ocorre o estabelecimento da SIRS e da falência de múltiplos
órgãos.
Resumo da embolia, infarto e choque
 As consequências de uma embolia dependem do tipo de trombo que a originou, da sua
localização, do tipo de tecido que sofrerá a hipóxia celular.
 Os tecidos embolizados sofrem isquemia transitória, originando alterações
microscópicas denominadas degenerações, ou sofrem isquemia persistente e
prolongada, originando um infarto tecidual. A gravidade de um infarto tecidual
dependerá da extensão da área isquêmica e de qual órgão foi afetado.
 O cérebro e o coração têm a capacidade de apresentar uma área minimamente
perfundida a fim de manter a viabilidade do órgão. Os infartos podem ser insignificantes
ou graves e o indivíduo acometido terá dores, febre, alterações no hemograma
sanguíneo e liberação de enzimas que caracterizam o processo de necrose tecidual do
infarto.
 A embolia e enfarto — podem levar ao desenvolvimento de choque e uma lesão
tecidual hipóxica e ao óbito. O conhecimento patológico dos distúrbios circulatórios é
essencial para atuar na prevenção de doenças cardiovasculares, compreender o
OBRIGADO
 REFERENCIA
 Processos patológicos [recurso eletrônico] / Fernanda dos Santos Petry... [et al.] ; revisão
técnica: Larissa Abbehusen Couto de Carvalho, Gabriela Augusta Mateus Pereira e
Roberta Dall Agnese da Costa. – Porto Alegre : SAGAH, 2022.

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