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Avaliação e Intervenção em Contextos de Saúde

Fatores interpessoais de stress:


- Incapacidade de dizer que não a alguém
- A necessidade de ser gostado por toda a gente
- Autocritica
- Expectativas demasiado elevadas sobre nós próprios
- Sensibilidade à critica

Sintomas de stress:
- Físicos
- Cognitivo
- Emocionais

O que nos deixa stressados?


Quando sabemos que estamos stressados?
O que fazemos para diminuir o nosso nível de stress?

Definição da WHO – Saúde: estado de bem-estar completo, físico, mental e social, e


ausência da doença.

Problemas na avaliação da saúde


Avaliação da saúde está associada a dois fatores:
– Como se define a Saúde
• Tem a ver com a construção e uso de inventário em que os itens focam
vários aspetos da saúde.

– Com que objetivo é que se pretende avaliar


• Medidas de avaliação fornecem um score total com base em itens que
medem as 3 componentes da saúde (medidas de auto-avaliação) mas que pouco
dizem do indivíduo em cada uma das componentes.

A Entrevista de Avaliação em Psicologia da Saúde


1. Identificação
2. Problema Apresentado
– Encaminhamento
– Descrição detalhada do ponto de vista biológico
– Exames médicos efetuados
– Limitações funcionais
– Consequências emocionais da doença
– Consequências familiares/laborais da doença
3. Tratamento Atual
– Medicações e dosagens – Outras terapêuticas
– Remédios caseiros
4. História do Problema
– Início (precipitante psicossocial?)
– Percurso da doença
– História de tratamentos médicos e /ou alternativos
– Análise funcional das recaídas
– História de mecanismos de Coping
5. Fatores de Risco
– Dados analíticos (colesterol, glicose, hormonas).
– Outros dados clínicos (hipertensão, diabetes).
– Práticas de saúde: dieta, substâncias (álcool, cafeína, tabaco),
actividade física.
– Médico de família, práticas preventivas.
– História familiar de doença.
6. Estabelecimento de Baseline
– Auto-monitorização por duas semanas.
7. Avaliação Psicométrica
– Bateria de instrumentos específicos da doença;
– Avaliação do coping;
– Estado emocional e Comorbilidade (psicopatologia).
– Impacto funcional da doença;
– Hábitos e estilos de vida.
8. História de Vida
– História de doença (quem cuida?);
– Hospitalizações prévias;
– Comportamentos de doença e reforços do meio;
– Implicações na auto-imagem e história sóciorelacional;
– Conceitos de morte e sofrimento.
9. Estado Mental
10. Expectativas do doente
11. Formulação Psicossocial do Problema
12. Permissão para falar com médicos e pedir exames/ relatórios
13. Nota de Avaliação Inicial e Carta ao médico depois da avaliação

Avaliação da saúde
O objetivo do Psicólogo da Saúde é:
• Avaliar a interação entre a pessoa, a doença e o meio para poder formular uma
estratégia de tratamento.
Alvos, Fontes e Objetivos
Tipo de informação que tem de ser recolhida para poder entender o doente numa
perspetiva biopsicossocial.
• Alvos biológicos: sintomas físicos do doente, exame físico, dependendo dos
casos tb variáveis psicofisiológicas além da idade, sexo, raça, etc.
• Alvos afetivos: humor e afeto. Importante obter informação acerca dos
sentimentos do doente em relação à sua doença, tratamento, profissionais de
saúde, suporte social e em relação a si próprio.
• Alvos Cognitivos: Perceções, atitudes, competências cognitivas, expectativas
em relação ao futuro, filosofia de vida (crenças religiosas) e significado da
doença.
• Alvos Comportamentais: Comportamento motor, padrão, nível e estilo de
atividade nas áreas interpessoal, higiene pessoal, lazer, ocupacional, relação
doente-médico, uso dos serviços de saúde, adesão ao regime médico.
• Alvos Ambientais: família, sistema de saúde, meio sócio-cultural do doente.
Avaliação de variáveis ligadas à Saúde
Saúde não é simplesmente a ausência de doença, implica outros parâmetros que incluem
o ter ou não qualidade de vida. Ao avaliarmos o conceito de saúde que está englobado
na qualidade de vida, então nos vamos avaliar medidas que vão-se aplicar desde a
disfunção até ao bem-estar.
Qualidade de vida- associa-se com fatores essenciais do funcionamento e bem-estar:
 Saúde psicológica
 Êxito na escola ou trabalho
 Relações de casal, familiares ou sociais
 Realização pessoal e os estilos de vida saudáveis

A diferença entre qualidade de vida e saúde é que conceito de qualidade de vida é mais
abrangente, incluindo já o conceito de saúde.

É possível avaliar a qualidade de vida em 2 domínios:


 Avaliação externa
 Indicadores objetivos (ex: nível económico, escolaridade, estado de
saúde…)
 Avaliação interna
 Perceção de bem-estar subjetivo (avaliação própria sobre as suas
condições e a importância das mesmas na sua vida)

Definição de qualidade de vida


É o “grau em que uma sociedade possibilita a satisfação de necessidades (materiais e
não materiais) dos membros que a compõem. Esta capacidade manifesta-se através de
condições objetivas em que se desenvolve a vida social e no sentimento subjetivo da
satisfação dos seus desejos”

OMS (1998) – a qualidade de vida é a perceção dos indivíduos da sua posição na vida,
no contexto da sua cultura e sistema de valores em que vivem e em relação aos seus
objetivos, expectativas, standards e interesses.

3 dimensões globais:
 O que a pessoa é capaz de fazer, o estado funcional
 O acesso a recursos e às oportunidades para utilizar estas competências com a
finalidade de alcançar os objetivos
 A sensação de bem-estar

Existem 3 dimensões de avaliação da qualidade de vida


 Qualidade de vida geral
 Saúde, alimentação, vestuário, alojamento, trabalho, educação, ócio,
segurança social e direitos humanos.
 Qualidade de vida relacionada com a saúde
 Função física, estado psicológico, função e interações sociais e sintomas
físicos
 Qualidade de vida especifica da doença
 Aspetos emocionais dos doentes, derivados do processo de doença
WHOQOL-BREF (1998)
Instrumento de avaliação da qualidade de vida da organização mundial de saúde
o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL)
o Destina-se à avaliação da qualidade de vida, tal como foi definida pela OMS
o Contempla: saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações
sociais, crenças pessoais
População-Alvo
 Permite avaliar a qualidade de vida de indivíduos adultos
 Pode ser utilizado em doentes e em pessoas ……………….

Validade
Validade discriminante: permite diferenciar os indivíduos doentes dos saudáveis
- Os doentes de psiquiatria apresentam piores resultados de qualidade de vida,
exceto para domínio físico

Interpretação dos resultados


- Resultados mais elevados correspondem a uma melhor qualidade de vida
- Analisar os quatro domínios (não existe uma pontuação total do instrumento)
- Leitura mais qualitativa dos resultados na avaliação do impacto de uma determinada
doença ou tratamento

Sintomatologia Psicológica
• Inventário de Sintomas Psicopatológicos (Canavarro, 1999)
– Brief Symptom Inventory (BSI; Derogatis, 1975, 1982):
 É um inventário de auto-resposta de 53 itens que avalia os sintomas
psicológicos em populações médicas e psiquiátricas mas também em
indivíduos que não se encontram perturbados emocionalmente;
 Forma reduzida do SCL-90 (Symptom Check-List).
Avalia 9 dimensões que têm a ver com sintomas primários:
1. Somatização (SOM): esta dimensão reflete distress psicológico associado a
disfunções corporais, reflete o mal estar resultante da perceção do
funcionamento somático (7 itens);
2. Obsessivo-Compulsivo (O-C): foco desta dimensão é em pensamentos ou
acções que são experienciadas como irresistíveis pelo doente e do qual ele não
tem controlo (6 itens);
3. Sensibilidade Interpessoal (I-S): foco desta dimensão é em sentimentos de
inferioridade ou de inadequação pessoal, desconforto em relações interpessoais
(4 itens);
4. Depressão (DEP): esta dimensão reflecte sintomas de depressão tais como
humor e afecto disfórico, sentimentos negativos em relação ao futuro, falta de
motivação e de energia vital, etc. (6 itens);
5. Ansiedade (ANX): esta dimensão reflecte os sintomas clínicos normalmente
associados com ansiedade elevada como o nervosismo, tensão, pânico,
ansiedade generalizada, componentes cognitivos como apreensão e correlatos
somáticos da anx (6 itens);
6. Hostilidade (HOS): esta dimensão está organizada em 3 categorias de
comportamento hostil, pensamentos, sentimentos e acções como irritação,
aborrecimento, vontade de quebrar coisas e acessos de cólera (5 itens);
7. Ansiedade Fóbica (PHOB): resposta de medo persistente e evitamento; os
sintomas que fazem parte desta dimensão são aqueles que normalmente estão
associados à ansiedade típica das fobias ou agorafobia como medo intenso em
viajar, de espaços abertos, de multidões, etc. (5 itens);
8. Ideação Paranóide (PAR): esta dimensão parte do pressuposto que o
comportamento paranóide é um modo de pensar. As principais caracteristicas do
comportamento paranóide são: projecção, hostilidade, egocentrismo, medo de
perder autonomia, delírios e suspeição (5 itens);
9. Psicoticismo (PSY): itens indicadores de isolamento e de estilo de vida
esquizóide, alienado, sintomas primários de esquizofrenia estão representados
nesta dimensão. Em populações não psiquiátricas esta dimensão mede
normalmente a alienação social (5 itens);
Itens adicionais: são 4 (11, 25, 39, 52) e não pertencem a nenhuma das dimensões
primárias porque estão presentes em várias. Fazem parte do teste porque representam
indicadores clínicos e vegetativos importantes.
Cotação - Há 3 Índices Globais de Distress no BSI:
• Índice Geral de Sintomas (IGS): melhor indicador do nível de distress do
indivíduo e deve ser usado sempre que uma medida sumária é exigida; Dá
informações sobre o número de sintomas e intensidade do distress;
• Total de Sintomas Positivos (TSP): representa a contagem dos sintomas que o
indivíduo experiencia;
• Índice de Sintomas Positivos (ISP): medida pura da intensidade “corrigida”;
permite saber se o indivíduo aumentou ou atenuou o distress na forma como
respondeu ao inventário;
Como obter os índices?
1. IGS - Soma-se as pontuações de todos os itens e divide-se pelo número total
de respostas (53);
2. TSP - Contagem dos itens assinalados com uma resposta positiva (i.e., maior
que zero);
3. ISP - Calcula-se dividindo a soma de todos os itens pelo TSP.

Populações – alvo
– Doentes do foro psiquiátrico
– Indivíduos perturbados emocionalmente
– Outros doentes
– População em geral
– Com adolescentes (a partir dos 13 anos, com presença do psicólogo)

Administração
• 8 a 10 minutos.
Interpretação
• A interpretação é feita a 3 níveis:
1. Deve focar o score global que representa o distress global; ~
2. Deve ter em atenção as 9 dimensões primárias que permitem um perfil do
indivíduo em termos psicopatológicos, informando sobre a sintomatologia que
mais o perturba;
3. Ao nível dos sintomas discretos que fornecem informação pormenorizada
importante para decisões clínicas.
Normas
– O grau de escolaridade, sexo e idade interferem com os resultados obtidos no BSI;
– Estudos revelaram que as mulheres apresentam um maior índice de sintomatologia nas
escalas de somatização e de obsessões-compulsões;
– As dimensões de Somatização e Depressão são sensíveis à idade dos indivíduos;
– Os indivíduos com grau de instrução primário ou obrigatório apresentam um maior
índice de somatização do que os indivíduos pertencentes a outros grupos;
– Paranóia é sensível à influência do grau de instrução mas apenas os indivíduos com
escolaridade obrigatória apresentam maior índice de sintomatologia quando comparados
com os indivíduos com grau de instrução superior;

Pontos de corte entre indivíduos perturbados emocionalmente e indivíduos da


população em geral:
• Os pontos de corte entre os dois grupos foram estabelecidos utilizando o índice
de sintomas positivos;
• Com uma nota no ISP ≥ 1.7 é provável encontrarmos pessoas perturbadas a
nível emocional e abaixo desse valor, indivíduos da população em geral;
Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalares (HADS)
• HADS (Zigmond & Snaith, 1983)
– Avaliar, de uma forma breve, os níveis de ansiedade e depressão em doentes
com patologia física e em tratamento ambulatório;
– Permite a avaliação dos níveis mais leves de distress em doentes com patologia
física;
– Não inclui itens focados em aspetos somáticos, o que é apropriado para
doentes com patologia não psiquiátrica (podia elevar os resultados).

Características Psicométricas
– Validade de construto: confirmação de dois factores na escala original e no
estudo de Moorey e col. (1991) numa amostra de 586 doentes com cancro;
• Elevada correlação entre os 2 factores (.37 para os homens e .55 para as
mulheres).
–Smith e col. (2002), em 1.474 doentes com cancro, confirmam uma estrutura de
dois factores (49.2% da variância);
• Os dois factores correlacionam-se significativa e positivamente (r=.52).

Cotação/Interpretação
– Escala de auto-administração;
– Demora cerca de 10 minutos a ser preenchida;
– 14 itens divididos em duas sub-escalas: ansiedade (7 itens) e depressão (7 itens);
• Itens de ansiedade: reflectem um estado de ansiedade generalizado;
• Itens de depressão: associados a um estado de anedonia;

Modo de resposta varia de zero (0-baixo) a três (3-elevado) numa escala de Likert de 4
pontos;
– Para cada item existem 4 possibilidades de resposta, devendo a pessoa escolher aquela
que se adapta mais à forma como se tem sentido durante a última semana;
 Pontuações obtidas entre 8 e 10 para cada subescala poderão indicar uma
possível perturbação clínica;
 Pontuações entre 11 e 21: uma provável perturbação clínica;
 Valor de oito (8) como ponto de corte: valores inferiores indicam
ausência de ansiedade e de depressão;

Avaliação e Intervenção nas Doenças Cardiovasculares

Doença Coronária
 É causada por endurecimento das artérias, estreitadas por depósitos
gordos;
 Pode resultar em angina ou ataque cardíaco
 Prevalência da D.C.:

 33% das mortes em homens com menos de 65 anos, 28% de todas as mortes;
 Principal causa de morte em Portugal;
 Maior risco para o género masculino na meia-idade;
 Com o avançar da idade os géneros equiparam-se.

 Fatores de Risco cardiovascular:

 Não modificáveis: nível de instrução, classe social, raça, sexo, idade, história
familiar de DCV;
 Modificáveis:
- metabólicos HTA, obesidade, diabetes, etc.
- comportamentais dieta, consumo tabaco/álcool, estilo de vida
sedentário
- psicossociais stress crónico (percebido do trabalho), comportamento
tipo A, hostilidade, depressão, isolamento social, …
Fatores de Risco Modificáveis:
Hipertensão arterial
Diabetes
Obesidade
Hábitos tabágicos
Consumo (excessivo) de álcool
Estilo de vida sedentário
Stress crónico
Padrão de comportamento tipo A
Depressão
Isolamento social

Papel da Psicologia na D.C.


 Na predição e mudança de fatores comportamentais de risco:
 Alimentação
 Tabagismo
 Exercício
 No desenvolvimento de programas de reabilitação, prevenindo reenfartes.

A) Predição e mudança de factores comportamentais de risco


1. Fumar
 1 em 4 mortes por D.C. é causada pelo consumo de tabaco;
 Fumar mais de 20 cigarros por dia aumenta 3xs o risco de D.C. na
meia-idade;
 Deixar de fumar pode reduzir o risco de outro ataque cardíaco
naqueles que já tiveram 1.
2. Alimentação
 Níveis de colesterol e D.C.;
 20% de uma população com altos níveis de colesterol  3xs maior
probabilidade de morrer da doença do que os 20% com os níveis
mais baixos
 Redução do colesterol através de uma redução nas gorduras totais e
gorduras saturadas e de um aumento em gorduras polinsaturadas e de
fibra na dieta.
3. Tensão arterial alta
 Um decréscimo de 10mmHg na média da pressão arterial da
população pode reduzir em 30% a mortalidade atribuída à doença
coronária.
 T.A. Relacionada com muitos fatores:
- Ingestão de álcool
- Consumo de sal
- Exercício, etc.
 Papel da psicologia – “...compreensão e possível mudança destes
fatores comportamentais de risco”.
4. Comportamento tipo A
 Competitividade
 Impaciência
 Hostilidade excessiva
 Discurso vigoroso

A1: vigor, energia, vigilância, confiança, falar alto, falar rápido, discurso
tenso e entrecortado, impaciência, hostilidade, interrupções, uso
frequente da palavra “nunca” e “absolutamente”
A2: semelhante ao tipo 1 mas não tão extremo
B: relaxado, sem interrupções e mais calmo

5. Stress
 Karasek e Theorell (1990):
o O stress do emprego prediz a D.C.;
o 2 aspetos de tensão no emprego:
 As exigências (condições)
 A autonomia (controlo)
 Karasek e Theorell (1990) – hipótese das exigências e controlo do
emprego:
o Sugere que alta exigência e baixa autonomia no emprego
(controlo) predizem a D.C.

 Apoio emocional: confiança entre os colegas e a coesão social;


 Apoio social instrumental: disponibilidade de recursos adicionais e
assistência.

o Os sujeitos do grupo de apoio social elevado apresentaram


menos sintomas de DC do que os do grupo de menor apoio
social;
o Alto controlo e baixas exigências do emprego prediziam
poucos sintomas de DC.
o
Objetivos da avaliação nas DCV:
 reduzir os riscos associados à doença
 prevenir a recidiva da doença
 promover a adaptação à doença/adesão

Não adesão às recomendações médicas:


 Informação pobre acerca da doença
 Desconhecimento da associação dos próprios comportamentos ao risco
cardiovascular
 Perceção de incontrolabilidade da doença
 Perceção baixa auto eficácia para a mudança
 Perceção baixos benefícios
 Ausência de recursos

Áreas de Avaliação nas DCV


 Hábitos e estilo de vida
 Estado emocional/impacto emocional da doença
 Padrão de comportamento tipo A
 Representações cognitivas da doença/tratamento
 Conhecimentos acerca da doença
 Adesão terapêutica

Modalidades de Avaliação nas DCV


 Entrevista/recolha de informação
 Instrumentos de avaliação
 Registos/grelhas de auto-preenchimento
o Processo clínico

Instrumentos de Avaliação nas DCV:


Questionário de hábitos de saúde para as doenças cardiovasculares (McIntyre,
Gouveia, Araujo-Soares & Pereira, 2001)
 Avalia os hábitos de saúde relacionados com as DCV
 Dieta e hábitos alimentares (consumo de alimentos ricos em gordura, sal,
café)
 Consumo de substâncias (tabaco e álcool)
 Práticas de saúde positivas (atividade física e frequência de medição da
pressão arterial)
 Cuidados preventivos (adesão às recomendações médicas)
Questionário auto-relato com 8 itens de escolha múltipla e 1 de resposta breve
 comportamentos saudáveis são cotados com 1; comportamentos não
saudáveis pontuados com 0;
score total = somatório dos comportamentos valores mais baixos: maior
risco cardiovascular

Questionário de Conhecimentos sobre o Enfarte do Miocárdio (Foulkes,


Johnston, & Robertson, 1993; adaptado por McIntyre, Pereira, Araújo-Soares,
Gouveia, & Silva, 1999)

 Avalia os conhecimentos dos pacientes acerca de um enfarte do


miocárdio, do seu tratamento e da retoma às atividades normais.
19 afirmações:
o paciente assinala 1 opção entre 3 possíveis:
- ‘verdadeiro’, ‘falso’ ou ‘não sei’.
 três scores:
- total de respostas corretas (após grelha de correção)
- total de respostas erradas (após grelha de correção)
- total de ‘incerteza’ (número de respostas assinaladas com ‘não
sei’).

Illness Perception Questionnaire – Brief (Weinman & Petrie, 2004; versão


portuguesa: Araújo-Soares, Trovisqueira & McIntyre, 2004)
 Avalia as representações cognitivas do paciente acerca da doença e
do tratamento:
- Identidade (número e natureza dos sintomas associados à
doença)
- Duração (perceção do paciente acerca da duração da doença:
aguda/crónica)
- Consequências (crenças sobre a severidade e efeitos da doença
na vida do paciente)
- Controlo pessoal/tratamento (expectativas do doente acerca da
recuperação e controlo sobre a sua doença)
- Causas (ideias pessoais do paciente sobre os fatores envolvidos
na etiologia da doença, porque é que a pessoa acha que ficou assim)

 IPQ-B usa a expressão ‘doença’, mas é possível substituir a palavra


pela designação particular da doença (e.g. Enfarte do Miocárdio;
Angina de Peito).
 Similarmente, a palavra ‘tratamento’ pode ser substituída pelo nome
específico do tratamento (e.g.,‘cirurgia’) se se mostrar pertinente
especificar o tipo de tratamento.

- cada dimensão constitui uma escala - é atribuída a cada uma destas afirmações
uma resposta numa escala de Likert de 5 pontos
score total de cada sub-escala = somatório dos valores obtidos em cada
afirmação
 Medida pequena e simples das representações de doença (cognitivas e
emocionais): escala com 9 itens
 escala linear contínua
 Todos os itens, exceto a questão relativa às causas, são respondidos
numa escala de 0 a 4 com categorias variadas (e.g. 0 indica ‘nenhum
sintoma’ e 4 indica ‘muitos sintomas graves’).
 5 itens avaliam as representações cognitivas de doença: consequências
(item 1), duração (item 2), controlo pessoal (item 3), controlo de
tratamento (item 4) e identidade (item 5).
 2 itens avaliam as representações emocionais: preocupação (item 6) e
resposta emocional (Item 8).
 1 item avalia a compreensão (item 7).

 representação causal é avaliada através de uma questão aberta que


questiona o paciente acerca das 3 causas mais importantes da sua
doença (item 9).
 As respostas ao item Causas podem ser agrupadas em categorias (e.g.
stress, estilo de vida, hereditariedade) e analisa-se através de análise
categorial.
 Este questionário permite uma interpretação simples dos resultados,
representando uma elevação nos itens um aumento linear da dimensão
medida.

-Propriedades psicométricas do IPQ-B:


boas características de fidelidade, mostrando-se os resultados em
amostras portuguesas semelhantes aos encontrados pelos autores
do questionário.

SI - Structured Interview - Entrevista Estruturada de Padrão de Comportamento


(Friedman & Rosenman, 1974)
 Características da Personalidade Tipo A - padrão de comportamento e não um
traço de personalidade
 Alto desejo competitivo;
 Sentido de urgência do tempo e impaciência;
 Voltado para a performance;
 Desejo de ser reconhecido;
 Tendência para a hostilidade e agressividade;

 Caraterísticas descritivas procuradas na entrevista:


 Impulso constante e agressivo para alcançar um objetivo, progredir e ser
reconhecido socialmente.
 Competitividade e desejo de ganhar.
 Envolvimento habitual em múltiplos compromissos vocacionais e não
vocacionais que geram pressão de tempo.
 Excessiva vigilância mental e física;

 Padrão de comportamento:
 Tipo A 1
 Expressões de vigor, energia, estado de alerta, confiança em si
próprio.
 Discurso: tom alto, tenso, rápido ou não pronunciam certas
sílabas.
- discurso acelerado no fim das frases longas
- interrupções frequentes, discurso explosivo, hostilidade,
impaciência
-uso de palavras extremas (e.g. nunca, absolutamente).
 Tipo A2: não tão extremo como o tipo A1.
 Tipo B: ausência/poucas caraterísticas do tipo A.
 Tipo X: caraterísticas do tipo A e B, em proporções essencialmente
iguais (só ocorre em 10% da população).

FTAS - Framingham Type A Scale


-10 itens: áreas de stress psicossocial
- 3 tipos de questões:
 Traços e qualidades (5 itens).
 Como o sujeito se sente ao fim do dia (4 itens).
 Se o sujeito fica ou não aborrecido quando espera (1 item).
Score total: soma da pontuação nos 10 itens/10 (nota: recodificar as respostas
dos 5 primeiros itens)
 Pontuação máxima da escala = 1 (divisão pelo número de itens)
Factor 1, competitividade-impulsividade- itens: 2, 3, 4, 5,10
Factor 2, pressão de tempo e trabalho- itens 1, 6, 7, 8, 9.

Qualidades Psicométricas
 Consistência interna: .71 e .70 nas duas amostras (809 homens e 1013
mulheres).
 Conseguiu prever DCV (amostra seguida durante um período de 8 anos).

Escala de Racionalidade/ Defensibilidade Emocional (R/ ED)


 Composta por 12 itens que descrevem reações de repressão, racionalização e não
emocionais em relações interpessoais;
 Versão portuguesa engloba mais 7 itens com o objetivo de testar a fidelidade da
tradução e adaptação portuguesa;
Objetivo: investigar o papel dos fatores psicológicos nas DCV e cancro;

 Mede os mecanismos de defesa: repressão e negação;


 Mecanismos de defesa psicológica – protegem o indivíduo de experiências
dolorosas ou emoções intensas modificando, distorcendo ou tornando
inconscientes os sentimentos, pensamentos e memórias que estão associadas a
experiências traumáticas;
A maior parte das vezes estes mecanismos são ineficazes
 Repressão – retira da consciência pensamentos, memórias e
sentimentos que geram um estado emocional intenso;
 Negação – não só bloqueia a consciência do stressor como também
pode distorcer a perceção individual da realidade externa;
Estudos:
- Relação entre repressão de emoções e cancro;
- Quer a repressão, quer a negação de emoções são importantes na
etiologia das DCV.

Características Psicométricas (12 itens):


 Consistência interna: .79 nos homens e . 78 nas mulheres;
 Validade de construto: correlação com a entrevista estruturada é de .84;

Cotação:
 Inverter a cotação do item 11;
 Score total: somar os scores de todos os itens (incluindo o 11 já
invertido);
 Resultado elevado: indica uso frequente e possivelmente excessivo de
“racionalidade” como um estilo de defesa contra a expressão de emoções
negativas; medida indireta dos mecanismos de repressão da emoção;

JAS - Jenkins Activity Survey

 Questionário de auto-avaliação composto por 52 itens.


 Dá um score global de tipo A ou B
 3 scores de componentes do tipo A:
- ser empreendedor/competitivo
- velocidade e impaciência
- envolvimento no trabalho.
 Correlação entre a JAS e SI de .79 e consistência de .7.
 Validade preditiva inferior à SI mas conseguiu prever DCV (seguimento
de 4 anos).

Outras propostas de Avaliação:


 Demsbroski e MacDougall (1985)
o Estilo verbal
o Atitudes/Comportamentos: potencial hostilidade, competitividade verbal,
raiva interiorizada (ager in).
 Hecker e Chesney (1988)
o Potencial para hostilidade
o Raiva interiorizada
o Raiva exteriorizada

B) A Psicologia e a Reabilitação de doentes com DC


1. Modificação do Exercício
 Programas de reabilitação enfatizam o restabelecimento do
funcionamento físico através do exercício.
o A recuperação física promove a recuperação psicológica e social.
 Suporte empírico – os estudos sugerem que o exercício físico pode ter
efeitos favoráveis na mortalidade cardiovascular.
o Limitações – publicação dos resultados positivos; influência de
outros fatores.
2. Modificação do Comportamento Tipo A
 Recurrent Coronary Prevention Project (Friedman et al., 1986) –
tentativa de modificar o comportamento tipo A.
 Questões: poderá o comportamento de tipo A ser modificado?
 Essa modificação poderá reduzir as hipóteses de uma recorrência do
ataque cardíaco?
3. Modificação dos fatores gerais do estilo de vida
 Programas de reabilitação que visam modificar outros fatores de risco
(e.g., fumo e alimentação).
4. Modificação do Stress
 Controlo do stress implica:
o O ensino das teorias do stress;
o O encorajamento da tomada de consciência dos fatores que o
podem desencadear;
o Ensino de diversas estratégias para a sua redução
 Êxito do Controlo do stress
o Reduzir alguns fatores de risco da D.C.: tensão arterial alta, nível
de colesterol, comportamento tipo A;
o Reduzir a angina de peito (preditiva de ataque cardíaco e/ou
morte).

A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA NA REABILITAÇÃO CARDÍACA


PÓSSÍNDROMA CORONÁRIA AGUDA
 Programa de intervenção psicológica breve em pacientes pós síndroma coronária
aguda
 Vantagens da combinação das componentes biomédica e
psicossocial na diminuição da vulnerabilidade cardíaca e na
promoção da qualidade de vida do doente que sofreu SCA
Objetivos do Programa:
a) Promover a educação acerca das SCA (EAM/API) e dos fatores de risco
associados, de modo a corrigir crenças negativas sobre a doença e
tratamento, e a reabilitação cardíaca.
b) Promover o encaminhamento para ajuda especializada dirigida aos fatores de
risco modificáveis (e.g. nutrição, tabagismo, etc.), com vista à diminuição da
vulnerabilidade cardíaca.
c) Promover a educação acerca das representações cognitivas de doença com
vista a promover a correção de crenças desajustadas e a melhoria do coping,
procurando-se aumentar a auto-eficácia dos participantes face ao processo de
reabilitação pós-SCA.
d) Reduzir as consequências psicológicas negativas da doença, promovendo as
competências e recursos psicossociais dos participantes, no sentido de
otimizar a reabilitação cardíaca e aumentar a qualidade de vida pós-SCA.

Avaliação na doença oncológica

Cancro  “...crescimento incontrolável de células anormais que produzem tumores


denominados neoplasias.”

Papel da Psicologia no Cancro


Galeno - Associação entre a melancolia e o cancro;
Gedman (1701) - O cancro podia estar relacionado com os desastres de vida;
85% dos cancros são considerados potencialmente evitáveis.
Papel da psicologia ao nível:
◦ Das atitudes e das crenças sobre o cancro;
◦ Na predição de comportamentos como fumar e fazer dieta (génese);
◦ Consequências psicológicas;
◦ Implicações na qualidade de vida.

1º. As células cancerígenas estão presentes na maioria das pessoas


◦ Mas nem todas vêm a sofrer de cancro;
2º Embora a investigação sugira uma ligação entre o tabaco e o cancro do
pulmão
◦ Nem todos os grandes fumadores desenvolvem o cancro;
3º Nem todos os que têm cancro apresentam a mesma velocidade de evolução
para a morte;
4º Nem todos aqueles que sofrem de cancro morrem dele.

Papel da psicologia no cancro:


1. no início e favorecimento do cancro
2. consequências psicológicas do cancro
3. forma de lidar com os sintomas do cancro
4. longevidade e promoção de intervalos livres da doença

Psicologia e Cancro
◦ Crenças acerca do cancro
◦ Atitudes face à doença
◦ Predição de comportamentos patogénicos
◦ Consequências que afetam a qualidade de vida
Percursores Biopsicossociais do Cancro
 Fatores comportamentais
 Stress
 Acontecimentos de vida
 Estilos de coping
 Depressão
 Personalidade

1- Fatores Psicossociais no aparecimento e favorecimento do cancro


Fatores comportamentais
 Desempenham um papel no aparecimento e favorecimento do cancro
 Smith e Jacobson (1989)
o 30% dos cancros estão relacionados com o consumo de tabaco
o 35% com a alimentação
o 7% com o comportamento reprodutor e sexual
o 3% com o álcool
Stress
 Laudenslager e col. (1983) – decréscimo na taxa de desenvolvimento do tumor
se o stressor pudesse ser controlado.
 No entanto.... Sklar e Anisman (1981) – sugeriram que um aumento no stress
promovia o desenvolvimento de cancro e não o seu aparecimento.

Acontecimentos de vida
 Jacobs e Charles (1980) – Nas famílias com uma vítima de cancro tinha havido
maior número de membros com mudanças de casa, mudanças de
comportamento, deterioração do estado de saúde noutros que não a própria
pessoa e divórcios.  O que sugere que os acontecimentos de vida podem
contribuir para o aparecimento do cancro.
 Dados contraditórios do estudo de Petticrew e col. (1999)  Não encontraram
provas sólidas de uma relação entre acontecimentos stressantes de vida e cancro
da mama.
Controlo
 Papel no aparecimento e desenvolvimento do cancro;
 O controlo sobre os stressores e os fatores ambientais pode estar relacionado.
Estilos de Coping
 Estratégias de descomprometimento e de evitamento, como o consumo de
tabaco e álcool, podem estar relacionadas com um maior risco de cancro.
Depressão
 Relação entre depressão, cancro e stress crónico ligeiro, mas não com a
depressão clínica.
Personalidade
 Temoshok e Fox (1984) – os indivíduos que desenvolvem cancro têm uma
«personalidade do tipo C»
o Passiva
o Apaziguadora
o Com sentimento de incapacidade
o Desesperada
o Centrada nos outros
o Emocionalmente inexpressiva
 Eysenck (1990) – descreveu uma personalidade com tendência para o cancro. 
Característica dos indivíduos que reagem ao stress com desespero e sentimento
de incapacidade e que reprimem as reações emocionais aos acontecimentos de
vida. Contudo, a relação entre personalidade e cancro não é linear.

Robustez (hardiness)
 Kobasa e col. (1982) – descreveram um estilo de coping chamado “robustez”
com 3 componentes:
o Controlo
o Compromisso
o Desafio
 Robustez – pode ser protetora face ao desenvolvimento do cancro
 Baixo controlo – sugere uma tendência para apresentar sentimentos de desespero
face ao stress.
 Compromisso – oposto de alienação (e.g., encontrar significado para o seu
trabalho).
 Desafio – consideram os acontecimentos stressantes como desafios a serem
enfrentados com êxito.

Respostas emocionais
 Depressão grave
 Luto
 Falta de controlo
 Mudanças de personalidade
 Fúria
 Ansiedade

2- Consequências psicológicas do cancro


Respostas cognitivas
 «Espírito de luta» está negativamente correlacionado com a ansiedade e a
depressão;
 Fatalismo, desamparo, preocupação ansiosa relacionados com o humor negativo.
 Teoria da adaptação cognitiva (Taylor, 1983)
o A combinação do significado, mestria e auto-melhoramento cria ilusões
que são componentes fundamentais das tentativas de Coping.

Consequências Psicológicas
 Respostas emocionais
o Depressão, falta de controlo, mudanças da personalidade, ansiedade...
 Respostas cognitivas
o Espírito lutador, fatalismo, desamparo, preocupação ansiosa...

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA do paciente oncológico


- Estado emocional: ansiedade e depressão
- Controlo pessoal
- Cognições de doença
- Crenças acerca do tratamento
- Perceção do impacto geral da doença
- Suporte social
- Estratégias de coping face à doença
- Auto-imagem (luto/aceitação)
- Auto-eficácia
- Perceção de sintomas físicos associados à doença
- Mal-estar associado ao tratamento/anx antecipatória

Instrumentos de avaliação
 RSCL - Roterdam Symptom Checklist
 MAC - Mental Ajustment to Cancer Scale
 CLCS - Cancer Locus of Control Scale
SIP – Sickness Impact Profile
IPQ-B – Illness Perception Questionnaire - Brief
HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale

Roterdam Symptom Checklist (RSCL)


 Mede os sintomas relatados pelos doentes diagnosticados com cancro;
 Mede o distress físico e psicológico experienciado pelos doentes com cancro;
 Medida da qualidade de vida em doentes oncológicos;
 Aplicada para monitorizar os níveis de ansiedade e de depressão.

 O RSCL é constituído por 39 itens que podem ser agrupados:


◦ numa escala de distress psicológico e
◦ numa escala de distress físico (De Haes et al., 2012).
 2 fatores:
◦ Escala de distress psicológico (.88)
◦ Escala de sintomas físicos (.82)

 Distress psicológico é relativamente independente do distress físico;


 Os sintomas psicológicos não acompanham automaticamente o distress físico;
 Não ocorrem de modo menos intenso quando experienciam menor distress físico
durante o processo de doença.
 A escala de mal-estar físico consiste em 23 itens referentes a sintomas físicos;
 a escala de mal-estar psicológico é constituída por sete itens;
 a escala do nível de atividades da vida diária consiste em oito itens relacionados
com o estado funcional e;
 a avaliação global da qualidade de vida é formada apenas por um item.
Cotação
◦ As pontuações das escalas são obtidas pelo somatório das pontuações
de cada item.
◦ Contudo, é também possível tornar as pontuações estandardizadas,
expressando-as numa escala de 0 a 100 para, deste modo, os resultados serem
mais fáceis de interpretar. Para tal, efetua-se a seguinte fórmula: [(score bruto da
subescala - score mínimo da subescala) ÷ (score máximo - score mínimo da
subescala)] × 100 = score transformado (De Haes et al., 2012).

Mental Ajustment to Cancer Scale (MAC) (Watson & Greer, 1986)


 Desenhada para avaliar respostas psicológicas específicas face a um diagnóstico
de cancro e estas foram descritas como:
“espírito de luta”
“desesperança”
“preocupação ansiosa”
“fatalismo”
“evitamento”

 Avalia a adaptação à doença oncológica


 avalia respostas psicológicas específicas face ao diagnóstico de cancro
 estilo Coping

 Locus de controlo e ajustamento ao cancro


 Controlo interno no curso da doença associado com o “espírito de luta”:
E.g., os doentes que adotaram uma resposta positiva de luta tinham maior
probabilidade de considerar que podiam influenciar o curso da doença.

 Preocupação ansiosa com o cancro estava associada com elevação no


controlo interno sobre a causa da doença.
 Controlo religioso associado com a expressão de uma atitude fatalista
face ao cancro.
Respostas ao diagnóstico - 5 sub-escalas:
 Espírito de luta
 Impotência/falta de esperança
 Preocupação ansiosa
 Atitude fatalista/fatalismo
 Evitamento

Escala Reduzida de Ajustamento Mental ao Cancro (The Mini-Mental


Adjustment to Cancer Scale, MiniMAC)
 Foi desenvolvida por Watson, Greer, Inayat, Burgess e Robertson (1994) e
validada para a população portuguesa por Pais-Ribeiro, Ramos e Samico (2003);
 Avalia as estratégias de coping utilizadas pelos doentes oncológicos;
 Permite analisar a forma como os sujeitos se confrontam com o diagnóstico e
com o tratamento de cancro;
 É um instrumento de autorresposta com 29 itens, distribuídos por cinco
subescalas:
1. Desânimo- Fraqueza (ex. “Sinto que a vida não tem esperança”) que
inclui os itens 1, 2, 6, 13, 16, 18, 22 e 28 e é caracterizada pelo
pessimismo e a ausência de estratégias de combate ativo da doença;
2. Preocupação Ansiosa (ex. “Estou preocupado que a doença volte a
aparecer”) que inclui os itens 8, 10, 12, 14, 15, 23, 27 e 29 e se
caracteriza por uma ansiedade persistente;
3. Espírito de luta (ex. “estou determinado a vencer a minha doença”)
inclui os itens 3, 19, 20 e 26, refere-se a um padrão de resposta que se
caracteriza por uma atitude otimista, em que a doença é encarada
como um desafio e em que existe a crença de que existe algum
controlo sobre o processo e percurso da doença;
4. Evitamento Cognitivo (ex. “faço um esforço positivo para não pensar
na minha doença”) que inclui os itens 4, 9, 21 e 24 e remete para a
recusa do conhecimento do diagnóstico;
5. Fatalismo (ex. Entreguei-me nas mãos de Deus”) inclui os itens 5, 7,
11, 17e 25 e diz respeito à aceitação passiva da doença.

 Para cada um dos itens, os sujeitos assinalam o seu grau de concordância, numa
escala de quatro pontos (1= Não se aplica de modo nenhum a mim; 2= Não se
aplica a mim; 3= Aplica-se a mim; 4= Aplica-se totalmente a mim).
 Esta é uma escala multidimensional que não permite a obtenção de um resultado
total, ou seja, não permite somar as notas num único score.

Cancer Locus of Control Scale – CLCS (Watson & Greer, 1986)


 Avalia a perceção de controlo dos doentes oncológicos sobre a doença

Vantagens:
 Desenvolvida especificamente para doentes com cancro;
 Medida válida para este grupo de pacientes;
 Usada na predição de comportamentos relacionados com a doença.

 Locus de controlo
◦ É a perceção de que as causas de acontecimentos específicos serão
atribuídas a elementos pessoais (controlo interno) ou situacionais (controlo
externo).
 Atribuição da causalidade - pode mediar os efeitos do stress.
 Sentimentos de eficácia pessoal - importantes para o ajustamento do doente.
 Doentes com elevado locus de controlo interno face ao curso da doença:
◦ Menor perda de controlo;
◦ Maior probabilidade de mostrar comportamentos relacionados com a
saúde;
◦ Maior suporte social;
◦ Auto-estima mais elevada;
◦ Menor número de queixas físicas;
◦ Menor ansiedade e sentimentos negativos.

 Associação entre locus de controlo e nível de ajustamento do doente


o Crenças “internas” de controlo pessoal associadas a um bom resultado
psicológico;
o “Desesperança aprendida”: a passividade, desesperança e a depressão
surgem da aprendizagem de que os acontecimentos estavam para além do
controlo pessoal (Seligman, 1975).

 Sub-escalas
o Controlo da causa da doença (8 itens)
o Controlo religioso (3 itens)
o Controlo do curso/evolução da doença (11 itens)
Dor

Avaliação na Dor
 A dor como comportamento. Modelos teóricos de dor.
 O Papel dos Factores Psicossociais na Percepção da Dor:
◦ A relação entre as cognições, a emoção e a dor.
 Potencialidade da intervenção psicológica.

DOR  Sensação desagradável e uma experiência emocional associada ao dano


atual/potencial dos tecidos ou descrita em termos desse perigo
Variabilidade da dor
◦ Fatores emocionais
◦ Fatores comportamentais
◦ Fatores físicos

Dor medicamente explicada


◦ Artrite
◦ Lesões
Dor sem explicação médica
◦ Fibromialgia
◦ Síndrome da fadiga crónica
◦ Síndrome do intestino irritável

Dados Epidemiológicos:
◦ Mundo: + de 50% dos doentes con0nua a sofrer de dor depois de cirurgia ou de
acidente ◦ Europa: +/- 36% da população tem dor crónica
◦ Portugal: +/- 2milhões de pessoas com dor crónica
◦ Países Desenvolvidos:
- 20% da população sofre de dor crónica
- Maior incidência mulheres e idosos

Tipos de Dor:
Dor Crónica - É uma síndrome:
• Caracterizado por persistente sofrimento;
• Impacto modificador no es0lo de vida;
• Diminui os níveis de funcionamento e qualidade de vida individual e familiar;
• É ineficaz perante a intervenção;
• Apresenta elevada probabilidade para desenvolver problemas subjacentes.

 Caráter Mul0dimensional da dor


 Dificuldade para a sua caracterização
 Dificuldade na adequada medicação
 Necessidade de instrumentos para a sua correta medição
- Significado da dor/cognições associadas
- Intensidade e contexto
- Emoções associadas (ansiedade; depressão)
- Stress e tensão (relaxamento)
- Ganhos secundários
- Centração/descentração na dor
- Percepção de controlo da dor/papel ativo vs passivo
- Estilo de coping
- Auto eficácia no controlo da dor
- Suporte social
- Otimismo
- Tédio
- Alterações do sono
- Atividade física

Formas de avaliação da dor


- Objetiva
- Entrevista de avaliação
- Auto registo
- Escalas
- Descrição da dor

Instrumentos de avaliação
Questionário da Dor de McGill Meios para lidar com a dor
 IPQ-B
 HADS
 SIP

McGill Pain Questionnaire (Melzack, 1975)


 Permite conhecer melhor a experiência subjetiva do sujeito;
 Tipo de dor, área/localização, curso ao longo do tempo, intensidade;
 Classificação da dor;
 Pode ser administrado verbalmente ou auto preenchido pelo sujeito;
 listagem de adjetivos que estão ordenados em termos de intensidade;
 questionário composto por 4 partes:
- localização da dor
- intensidade
- descrição da dor
- variação da dor ao longo do tempo
2ª parte. Alguns destes termos descrevem a sua dor atual. Sublinhe as palavras
que melhor a descrevem. (…)
 Avalia a dor em três dimensões:
- Sensorial (discriminativa: e.g. latejar; ‘guinada’;…)
- Afetiva (motivacional: esgotante; cruel;…)
- Avaliativa (cognitiva: intensa;…)

Inventário Resumido da Dor (Brief Pain Inventory)


 fácil de aplicar, rápido e simples
 um método genérico prático de medição e avaliação da dor numa
perspe0va mul0dimensional
 15 itens: avaliam a existência, severidade, localização, interferência
funcional, estratégias terapêuticas aplicadas e eficácia do tratamento da
dor

Inventário Resumido da Dor (Brief Pain Inventory)


 Escalas classificação (0 a 10)
 um item dicotómico para verificação da existência de dor
 um item para a localização da dor através da indicação das áreas de dor
num diagrama representativo do corpo humano
 uma escala de severidade da dor cons0tuída por quatro itens (máximo,
mínimo, em média e neste momento)

 um item para registo das estratégias terapêuticas aplicadas quan0fica


em termos percentuais a eficácia dos tratamentos aplicados
 uma escala de interferência funcional constituída por sete itens com
escalas numéricas de classificação (de 0 a 10) que avaliam a
interferência da dor nas atividades gerais, humor, mobilidade,
trabalho, relações pessoais, sono e prazer de viver

Inventário Multidimensional da Dor de West HavenYale (West Haven-Yale


Multidimensional Pain Inventory)
 Desenvolvido de forma consistente com os modelos cognitivo-
comportamentais da dor
 Instrumento de avaliação - dor crónica
 52 itens: três secções conceptualmente distintas
1 - 20 itens - cinco subescalas que avaliam: a perceção individual
da severidade da dor (três itens), a interferência funcional da dor
(nove itens), a perceção de autocontrolo do doente sobre a sua
própria vida (dois itens), o distress afetivo associado à dor (três
itens) e a perceção do apoio familiar existente (três itens).
2 - 14 itens - avaliam a perceção do doente sobre o
comportamento e resposta da sua pessoa significativa (definida,
neste contexto, como a pessoa de quem o doente se sente mais
próximo no plano emocional, independentemente da regularidade
do relacionamento) relativamente às suas queixas e
comportamentos relacionados com a dor
 3 subescalas que avaliam:
• as respostas solícitas e atenciosas (seis itens)
• as respostas com o intuito de distrair o doente (quatro itens)
• as respostas negativas (quatro itens) da pessoa significativa
3 - 18 itens - avalia a frequência com a qual o doente refere
dedicar-se a um conjunto de atividades da vida diária
 4 subescalas que avaliam:
• o trabalho doméstico (cinco itens)
• o trabalho ao ar livre (cinco itens)
• as atividades fora de casa (quatro itens)
• as atividades sociais (quatro itens)
• uma escala global de atividades gerais (18 itens)

Índice de Incapacidade Relacionada com a Dor (Pain Disability Index)


 Avalia sete importantes dimensões de incapacidade e interferência
funcional da dor
 7 itens, com escalas de classificação numéricas de 11 pontos (0-10)
que avaliam a incapacidade relacionada com:
• a dor nas responsabilidades familiares e domésticas
• nas atividades de lazer
• nas atividades sociais
• no trabalho
• no comportamento sexual
• nos cuidados pessoais
• nas atividades vitais
 Engloba 3 dimensões:
• Ruminação ou obsessão relacionada com a dor
• Magnificação ou exagero na valorização da ameaça que a dor
representa
• Desvalorização da capacidade e recursos de controlo e gestão da
experiência de dor

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