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Resumo

O objetivo deste relato de caso é descrever as abordagens diagnósticas e terapêuticas empregadas


durante a avaliação de uma paciente jovem, previamente hígida, sem comorbidades, com queixa de
dispnéia, edema periférico e elevação dos níveis pressóricos. Realizou ecocardiograma transtorácico
confirmando diagnóstico de miocardite e posterioRmente ecocardiograma transesofágico,
apresentando disfunção ventricular em involução. Obteve alta hospitalar aguardando realização de
ressonância magnética (RNM) do miocardio.

Introdução

A miocardite é caracterizada por um processo inflamatório que envolve predominantemente o


miocárdio, podendo acometer outras estruturas do coração, mais comumente o pericárdio. Sua
incidência é subestimada, pela variedade de apresentações clínicas, marcadores pouco específicos,
falta de critérios histológicos sensíveis e pouca da realização do exame que seria o padrão ouro, a
biópsia endomiocárdica. Há predominância no sexo masculino, especialmente em faixa etária mais
jovens, constituindo uma das principais causas de morte súbita em idades menores que 40 anos.

Sua etiologia decorre de diversas causas infecciosas ou não infecciosas (tabela 1), sendo a infeccção
viral a causa mais comum, os vírus Coxsackie, principalmente do grupo B são os principais agentes
implicados. Devemos atentar ao fato de que em algumas regiões do Brasil a miocardite chagásica
causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é a forma mais prevalente de miocardite ou
cardiomiopatia dilatada. Dentre outras causas estão as agressões pelo sistema imunológico,
fármacos e doenças sistêmicas.

A agressão viral ao miocárdio é definida em três fases distintas: aguda, subaguda e crônica. A fase
aguda consiste na fase de viremia, em que há agressão direta pelo vírus, levando a ativação de
macrófagos em então a de linfócitos locais, linfócitos T killer. Com isso há aumento de citocinas
(TNF-alfa, IL-1, IFN-gama), combatendo a infecção viral e por consequência causando efeitos
deletérios no miocárdio, comprometendo a contratura do cardiomiócito. A segunda fase acontece 2-
4 semanas após a infecção viral, havendo ativação da resposta imune celular, infiltração de linfócitos
T e linfócitos B, havendo maior lesão miocárdica. O estímulo de linfócitos CD4 pelos linfócitos B
perpetuam e amplificam a lesão das células cardíacas, havendo produção de anticorpos antimiosina
e estimulando a presença citotóxica de linfócitos T CD4, resultando na redução dos betarreceptores
adrenérgicos e disfunção dos canais de cálcio. A terceira fase caracteriza-se pela deposição intensa
de colágeno no interstício miocárdico com fibrose miocárdica evoluindo para dilatação, disfunção e
insuficiência cardíaca. Em caso de regressão do processo inflamatório, pode haver recuperação total
ou persistência de leve disfunção ventricular

A avaliação diagnóstica da miocardite se faz inicialmente através da suspeita clínica, e guiado com
auxílio de biomarcadores (inflamação, necrose miocárdica, doenças infecciosas e autoimune) e ECG,
ecocardiograma e ressonância magnética. A minoria dos pacientes são submetidos a biópsia
endomiocárdica para confirmação diagnóstica. Dessa forma, na maioria das vezes o diagnóstico é
baseado na suspeição clínica.

As manifestações clínicas da doença são variadas, podendo abranger formas sub-clínicas, como
dilatação e disfunção ventricular assintomática, ou mesmo manifestações clínicas agudas de
insuficiência cardíaca descompensada, fulminante com quadro de choque cardiogênico, dor
precordial, mimetizando doença coronariana, palpitações, síncope, ou lipotimia, e morte súbita. O
grau de suspeição aumenta em casos de pacientes com história prévia de doença viral e ausência de
doença cardíaca preexistente.
Relato de caso:

J.S.B, 21 anos, sexo feminino, negra, solteira, natural de Petrópolis, reside no bairro Mosela,
estudante

QP: "Falta de ar"

HDA:

HPP:

HFam:

HFis:

HSoc:

Ao exame:

Discussão:

A miocardite é uma doença que cursa com resposta inflamatória do miocárdio com variadas
apresentações clínicas. É diagnosticada por critérios histológicos, imunológicos e imunoquímicos
estabelecidos. Apresenta-se como um infiltrado inflamatório do miocárdio com necrose e/ou
degeneração dos miócitos adjacentes

Hematócrito 28,9
Hemoglobina 9,5
VCM 91
HCM 29,9
CHCM 32,9
RDW 14,2

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