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REUMÁTICA
Dr.Six
INTRODUÇÃO
❑Febre reumática (FR) e cardiopatia reumática (CR) são
complicações da reação imune à infecção faríngea por estreptococos do
βhemolíticos do grupo A (EGA). O aspecto mais grave da FR é o
desenvolvimento de problemas valvares crônicos, que acarretam
disfunção cardíaca irreversível e, em alguns casos, causam insuficiência
cardíaca fatal depois de alguns anos. Embora a FR e a CR sejam raras
nos países desenvolvidos, ainda são problemas significativos de saúde
nos países em desenvolvimento, nos quais ainda prevalecem serviços de
saúde precários, desnutrição e condições de moradia em aglomerações.
PATOGÊNESE
❑Os estreptococos βhemolíticos são subdivididos em vários grupos
sorológicos com base em seus antígenos polissacarídicos da parede
celular. O grupo A também é subdividido em mais de 130 tipos M
diferentes, que são responsáveis pela grande maioria das infecções. A
proteína M define mais claramente a virulência da bactéria e tem sido
estudada mais detalhadamente com respeito à sua reatividade cruzada
com os tecidos cardíacos. Embora os EGA causem faringite e infecções
de pele (impetigo), apenas a primeira foi associada à FR e à CR.
❑A patogênese da FR ainda não está esclarecida. O tempo decorrido
entre o desenvolvimento dos sintomas e da infecção faríngea e a
existência dos anticorpos contra EGA sugere claramente uma causa
imune. Aparentemente, os anticorpos dirigidos contra a proteína M de
algumas cepas dos estreptococos têm reatividade cruzada com os
antígenos glicoproteicos do coração, das articulações e de outros
tecidos, produzindo uma reação autoimune por um fenômeno
conhecido como mimetismo molecular.
CONDIÇÃO
SOCIOECONÓMICA
FACTORES DO
HOSPEDEIRO
TEORIA DO
PREDISPOSIÇÃO
MIMETISMO
GENÉTICA
MOLECULAR
FISIOPATOLOGIA
INFECÇÃO POR ADESÃO DOS LCT ADESÃO AO
EBGA CD4+ ENDOTÉLIO VALVAR
VALVULITE
ACTIVAÇÃO DOS LCT
ACTIVAÇÃO DO CD4+
SI ARTRITE
COREA
CARDITE
1
2 Mimetiso molecular
Reacção
cruzada
APRESENTAÇÃO DAS
BACTÉRIAS PARA OS ACTIVAÇÃO DOS PRODUÇÃO DE
LINFÓCITOS LCB Igs
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
❑A FR pode evidenciar-se por uma doença aguda, recidivante ou crônica.
A fase aguda da FR inclui história de uma infecção estreptocócica
desencadeante e acometimento subsequente dos componentes do
tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e
das estruturas subcutâneas. Uma anormalidade comum a todas as
estruturas afetadas é uma lesão conhecida como corpo de Aschoff, que
consiste em uma área localizada de necrose tissular circundada por
células imunes. Em geral, o estágio recidivante consiste na progressão
dos efeitos cardíacos da doença.
❑A fase crônica da FR caracteriza-se por deformidade irreversível das
valvas cardíacas e é uma causa comum de estenose da valva mitral. A CR
crônica geralmente não se desenvolve antes de no mínimo 10 anos
depois do primeiro episódio, algumas vezes décadas depois.
❑ Caretas faciais são comuns e até mesmo a fala pode ser afetada. A
coreia é autolimitada, geralmente com evolução ao longo de semanas
ou meses, mas as recidivas são frequentes. A história pregressa de
infecção estafilocócica pode ser referida em apenas dois terços dos
casos e isto torna o diagnóstico diferencial mais difícil.
DIAGNÓSTICO
CRITÉRIOS DE JONES
MODIFICADOS (2015)
CRITÉRIOS MAIORES
BAIXO RISCO ALTO RISCO
Cardite Cardite
Artrite poliarticular Artrite mono/poliarticular
Coreia Poliartralgia; Coreia
Eritema marginoso Eritema marginoso
Nódulos subcutâneos Nódulos subcutâneos
CRITÉRIOS MENORES
BAIXO RISCO ALTO RISCO
Poliartralgia Monoartralgia
Febre (≥ 38,5º C) Febre (≥ 38,5º C)
VHS ≥ 60/ PCR ≥ 3 mg/dl VHS ≥ 30/ PCR ≥ 3 mg/dl
Alargamento do intervalo PR, Alargamento do intervalo PR,
na ausência de cardite (critério na ausência de cardite (critério
maior) maior)
❑ O ecocardiograma ampliou o entendimento das formas aguda e
crônica de cardiopatia reumática. Esse exame é útil para avaliar a
gravidade da estenose e da regurgitação valvares, o diâmetro das
câmaras cardíacas e a função ventricular, além da existência e do
volume dos derrames pleurais. O ecodoppler pode ser usado para
revelar lesões cardíacas nos pacientes que não apresentam sinais
típicos de acometimento do coração durante um episódio de FR, mas
seu resultado não é considerado um critério de Jones (maior ou
menor) hoje em dia.
HEMOGRAMA; VHS
CULTURA DE OROFARINGE
NA INFECÇÃO POR EBGA
Rx
ECG
ECO DOPPLER
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
❑É importante que as infecções estreptocócicas sejam prontamente
diagnosticadas e tratadas para evitar FR. O padrão de referência usado
para diagnosticar infecção estreptocócica é cultura de secreção faríngea.
Entretanto, esse exame demora 24 a 48 h para disponibilizar resultados,
o que retarda o início do tratamento. O desenvolvimento de testes
rápidos para detecção direta dos antígenos dos EGA ofereceu uma
solução ao menos parcial para esse problema.
❑ A cultura de faringe e os testes antigênicos rápidos são altamente
específicos para infecção por EGA, mas têm sensibilidade limitada (p.
ex., o paciente pode ter resultado negativo, embora apresente uma
infecção estreptocócica). O resultado negativo de um teste rápido
deve ser confirmado por cultura de faringe quando há suspeita de
infecção estreptocócica. EGA nas vias respiratórias superiores pode
indicar estado de portador ou infecção, esta última definida por níveis
crescentes de anticorpos. Os testes sorológicos para anticorpos
antiestreptocócicos (antiestreptolisina O e antidesoxirribonuclease B)
são usados para confirmação retrospectiva de infecções
estreptocócicas recentes em pacientes que aparentemente têm FR
aguda. Entretanto, não há um exame laboratorial específico, que seja
patognomônico de FR aguda ou recidivante.
❑ O tratamento da FR aguda tem como objetivos controlar a reação
inflamatória aguda e evitar complicações cardíacas e recidivas da
doença. Durante a fase aguda, a prescrição inclui antibióticos, anti-
inflamatórios e restrição seletiva das atividades. Nenhuma cepa de
EGA isolada clinicamente é resistente à penicilina; por esta razão,
penicilina ou outro antibiótico para pacientes sensíveis às penicilinas é
o tratamento preferido para infecção por esta bactéria.
5.1- Tendinite
5.2- Bursite
ARTRITE
BACTERIANA
❑ A artrite infecciosa aguda é uma infecção das articulações,
geralmente bacteriana, que acomete os tecidos sinoviais ou
periarticulares e que evolui ao longo de horas ou dias, essencialmente
em adultos mais jovens.
❑ Etiologia: Neisseria gonorrhoea e bacterias não gonocócicas
❑ Sintomas: dor de início rápido, derrame e restrição de amplitude do
movimento tanto activo como passivo, geralmente em uma única
articulação.
❑ O diagnóstico requer análise e cultura do líquido sinovial.
❑ O tratamento consiste em antibióticos e drenagem das secreções
purulentas das articulações.
GOTA
❑ A gota é uma doença causada por hiperuricemia (urato sérico (acido
úrico) > 6,8 mg/dL) que resulta na precipitação de cristais de urato no
interior e ao redor das articulações, causando artrite aguda recidivante
ou crónica. A crise inicial de gota costuma ser mono-articular e com
frequência, compromete a 1ª articulação metatarsofalangeana.
❑ Sintomas: Dor aguda, dor à palpação, calor, rubor e edema.
❑ Diagnóstico: identificação dos cristais no líquido sinovial e acido
úrico no sangue > 6,8 mg/dL.
❑ Tratamento: Nas crises agudas da-se anti-inflamatórios (AINEs,
colchicina ou ambos). Diminuindo do nível sérico de ácido úrico com
alopurinol, feboxustato ou fármacos uricosúricos como lesinurade e
probenecida.
OSTEOPOROSE
❑ A osteoporose é uma doença óssea metabólica progressiva que
diminui a densidade óssea (massa óssea por unidade de volume), com
deterioração da estrutura óssea, levando a fracturas, particularmente
na coluna lombar e torácica, punho e quadril (chamadas fracturas por
fragilidade).
❑ Diagnóstico: Densitometria óssea ou pela confirmação de uma
fractura de fragilidade.
❑ Prevenção e tratamento: Suplementos de cálcio e vitamina D;
exercícios físicos para optimizar a força óssea e muscular.
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO
❑ O lúpus eritematoso sistémico é um distúrbio inflamatório,
crónico e multisistémico, de provável etiologia auto-imune e que
ocorre predominantemente em mulheres jovens.
❑ Manifestações clínicas:
• Manifestações gerais - febre, mal-estar, cefaleias.
• Manifestações articulares – artralgias, poliartrites não destrutiva.
• Manifestações da pele, mucosas e cabelo – eritema (Rash) malar
em asa de borboleta, eritema periungueal, alopecia. O lúpus de
Chilblain (nódulos dolorosos avermelhados vermelho brilhante
azuisavermelhados, nos dedos, nariz ou orelhas que ocorrem no clima
frio). Fenómeno de Raynaud, Ulceras orais.
• Manifestações cardiopulmonares - Pleurisia recidivante, com ou sem
derrame pleural, pneumonite é rara, embolia pulmonar, hipertensão
pulmonar e síndrome do pulmão encolhido. Pericardite, miocardite,
vasculite da artéria coronária, valvulopatia, endocardite de LibmanSacks
(eLS- endocardite por vegetações estéres), aterosclerose acelerada,
bloqueio cardíaco congénito nos recém-nascidos cujas mães têm os
anticorpos contra Ro (SSA) ou La (SSB).
• Manifestaçoes no tecido linfoide - Adenopatia generalizada e
esplenomegalia.
• Manifestações renais – Glomerulonefrite, proteinúria, eritrócituria e
leucócituria, hipertensão e edema.
• Manifestações obstétricas - Perda fetal, abortos recorrentes.
• Manifestações neurológicas - restrições cognitivas, migrânea,
transtorno da personalidade, acidente vascular encefálico (AVE)
isquêmico, hemorragia subaracnoidea, convulsão, psicose, meningite
asséptica, neuropatia periférica e craniana, mielite transversa,
coreoatetose ou disfunção cerebelar, fotossensibilidade.
• Manifestações hematológicas - Anemia (hemolítica autoimune),
leucopenia (geralmente linfopenia, com < 1.500 células/μL) e
trombocitopenia, trombose venosa ou arterial recidivante, pode
ocorrer síndrome de activação macrofágica.
• Manifestações gastrointestinais - náuseas, vômitos, dor abdominal
resultante de serosite, vasculite intestinal ou diminuição da motilidade
intestinal, pancreatite, sintomas de perfuração intestinal e
pseudoobstrução, raramente doença do parênquima hepático.
DIAGNÓSTICO
❑ É feito na base de critérios clínicos, citologicos e autoanticorpos.
▪ hemograma: pancitopenia;
▪ Exames serológicos falso–positivos para sífilis;
▪ VHS é elevada durante a doença activa;
▪ Proteína C-reactiva (P-CR) - não estão necessariamente elevados;
▪ Exame de urina (hematuria, cilindruria e proteinuria, creatinuria;
▪ Biopsia renal
1. Rash malar
2. Lesao discoide
3. Fotossensibilidade
4. Ulcera da mucosa oral
5. Artrite não deformante
6. Serosite (pleurite, pericardite)
7. Doença renal (proteinuria, hematuria, cilindruria)
8. Envolvimento neurologico (convulsão, psicose)
9. Alteração hematologica (anemia hemolitica, leicopenia,
trombocitopenia)
10. Alteraçao imunologica (Anticorpos anti-DNA de cadeia dupla,
Anticorpo anti-Smith, Anticorpos antifosfolipídios, anticorpos
anticardiolipina, anticorpo-anticoagulante lupico-LA, anticorpo anti B2-
glicoproteina)
11. Factor antinuclear positivo (teste de anticorpos antinuclear (ANA) ou
factor antinuclear (FAN))
TRATAMENTO
❑ Evitar exposições a claridade;
❑ Actividade física para fortalecer o organismo;
❑ Evitar cigarros e excesso de bebidas alcoólicas, excesso de peso,
adoptando alimentação saudável;
❑ Controlo da PA, glicemia;
❑ Anti-inflamatórios não asteróides (AINEs);
❑ Tratamento do distúrbio imunológico: antimalaricos (diphosfato de
cloroquina, hidroxicloroquina); corticosteróides (diminuem a
produção dos anticorpos – cortisona); imunossupressores
(Azatioprina, metotrexato, micofenolato de mofetil)
ARTRITE
REUMATÓIDE
❑ Artrite reumatóide é uma doença crónica autoimune sistémica que
envolve principalmente as articulações. Deformação simétricas das
articulações periféricas por citocinas, quimiocinas e metaloproteases.