Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
interferir nas atividades profissionais e sociais da vida diária do indivíduo. Segundo a definição do DSM IV, o
déficit cognitivo deve compreender alteração de memória associado à alteração em pelo menos um outro
domínio cognitivo, como praxia (capacidade de realizar atividades motoras), linguagem, funções executivas ou
gnosia (capacidade de reconhecer ou identificar objetos).
As demências ocorrem mais freqüentemente em indivíduos idosos, e a prevalência de demência dobra
a cada cinco anos a partir dos 65 anos de idade, como observamos na tabela 1. O envelhecimento populacional
é um processo mundial e, como resultado, as conseqüências socioeconômicas relacionadas aos quadros
demenciais, que já são enormes, se tornarão ainda maiores em decorrência desse processo.
Tabela 1: Prevalência de demência nas diversas faixa etárias
Idade Demência (%)
60-64 0,7
65-69 1,4
70-74 2,8
75-79 5,6
80-84 10,5
85-89 20,8
90-95 38,6
Jorm et al. 1998
As diferentes causas de demência podem estar relacionadas não apenas a quadros neurológicos
primários, mas também a condição médica sistêmica, a efeitos persistentes de abuso de substâncias, ou à
combinação desses fatores. Devemos lembrar que o diagnóstico de demência não deve ser feito na vigência
de delirium (situação clínica em que há agudamente um déficit global da atenção, geralmente causado por
doenças clínicas).
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
A doença de Alzheimer (DA) e demência vascular (DV) são as causas mais comuns de demência,
seguidas pela demência com corpos de Lewy (DCL). No entanto, muitas outras causas podem ser responsáveis
por esse processo. Segundo Mesulam, podemos dividir as diferentes etiologias das demências em dois grupos:
o das doenças que costumam se apresentar como demência pura e o das doenças que apresentam sintomas
sensitivo-motores mais proeminentes associados à demência (tabela 2).
Tabela 2: Etiologia das síndromes demenciais
Doenças que podem se doença de Alzheimer
apresentar como demência Doenças Degeneração lobar frontotemporal
pura degenerativas demência com corpos de Lewy
Múltiplos infartos
Doença de Binswanger
Doença vascular Arterites
CADASIL
Neoplasias
Hidrocefalia de pressão normal
Lesões com efeito de Hematoma subdural
massa Cistos parasitários, abscessos cerebrais
Doenças infecciosas HIV
Sífilis
Herpes simples
Doença de Lyme
Doença de Whipple
Doença de Wernicke-Korsakoff
Alcoolismo crônico
Deficiência de vitamina B12
Hipotiroidismo severo
Pelagra
Nutricional-tóxico- Exposição a solventes orgânicos
metabólico Intoxicação por metais pesados
Encefalopatia hepática
Encefalite límbica paraneoplásica
Lúpus eritematoso sistêmico
Cerebrite associada a doenças imunes do
Imune/Inflamatório colágeno
Leucodistrofia metacromática
Doenças de depósito Doença de Kufs
Doença de Creutzfeldt-Jakob
Doenças priônicas Insônia fatal
Doença de Parkinson
Paralisia supranuclear progressiva
Degeneração córtico-basal
Doença de Huntington
Doença de Wilson
Doença de Hallervoden-Spatz
Ataxia espino-cerebelar
Doenças que apresentam Esclerose lateral amiotrófica
sintomas sensitivo-motores Esclerose múltipla
mais proeminentes Doença de Gerstmann-Sträussler-Scheinker
associados à demência Kuru
ACHADOS CLÍNICOS
Devemos suspeitar de quadro demencial quando o paciente apresentar alterações cognitivas
(principalmente perda de memória), sintomas psiquiátricos, alterações de personalidade, mudanças no
comportamento ou diminuição na capacidade de realizar atividades da vida diária (tabela 3).
Tabela 3: Sinais e sintomas que podem indicar avaliação para quadro demencial
Alterações cognitivas: diminuição de memória, dificuldade em compreender comunicação escrita ou verbal,
dificuldade em encontrar as palavras, esquecimento de fatos de conhecimento comum (por exemplo, nome
do presidente)
Sintomas psiquiátricos: apatia, depressão, ansiedade, insônia, desconfiança, delírios, paranóia,
alucinações
Alterações de personalidade: comportamentos inapropriados, desinteresse, isolamento social, ataques
explosivos, frustração excessiva
Mudanças no comportamento: agitação, inquietude, deambulação durante a noite
Diminuição de capacidade de realizar atividades da vida diária: dificuldade em dirigir, se perder
constantemente, dificuldade em cozinhar, cuidado pessoal ruim, problemas com compras e no trabalho.
Interrogar familiares e amigos é importante, pois o paciente muitas vezes não tem percepção ou
esconde suas dificuldades. Devem-se questionar alterações de memória, orientação, capacidade de realizar
atividades diárias, incluindo trabalho, questões financeiras, compras e cuidados pessoais. Pesquisa de sintomas
depressivos precedendo ou simultaneamente ao quadro cognitivo é fundamental, pois muitas vezes depressão
pode simular quadros demenciais.
Testes padronizados para avaliar as diferentes funções cognitivas estão disponíveis e constituem bons
métodos de rastreamento e acompanhamento de quadros demenciais. Apresentam algumas limitações, como o
fato de serem influenciadas pela idade e escolaridade.
Na prática clínica, o teste mais utilizado é o Miniexame do Estado Mental (Mini-mental) (tabela 4). Nesse
exame é considerado um resultado normal um escore acima de 23, lembrando novamente que os resultados
são influenciados pela idade e escolaridade. Se houver dúvida após avaliação clínica e Mini-mental pode-se
solicitar uma avaliação neuropsicológica para um psicólogo especializado, o que ajudará a definir com precisão
o tamanho do déficit e qual a função cognitiva com maior comprometimento.
Tabela 4: Miniexame do Estado Mental (Mini-mental)
Área cognitiva avaliada Comandos de avaliação Escore
Perguntar qual o(a): ANO – ESTAÇÃO – MÊS – DIA – DIA
Orientação temporal DA SEMANA. (um ponto para cada) 0 a 5
Perguntar qual o(a): ESTADO – RUA – CIDADE – LOCAL
Orientação espacial – ANDAR. (um ponto para cada) 0 a 5
O examinador nomeia 3 palavras comuns (por exemplo,
carro, vaso, bola). Em seguida, pede-se que o paciente
repita as 3 palavras. O paciente receberá um ponto por
cada acerto. Permita 5 tentativas até o paciente aprender
Registro as 3 palavras, mas pontuar apenas a primeira 0 a 3
Peça para subtrair 7 de 100 sucessivamente (5 vezes):
100 – 93 – 86 – 79 – 72 - 65
Dar um ponto para cada acerto.
Se não atingir o escore máximo, peça para que soletre a
palavra MUNDO. Corrija os erros de soletração e então
peça para que soletre a palavra MUNDO de trás para
frente.
Dar um ponto para cada letra na posição correta.
Considerar o maior resultado obtido no cálculo ou na
Atenção e cálculo soletração da palavra 0 a 5
Peça para o paciente repetir as 3 palavras aprendidas
Memória de evocação anteriormente. (um ponto para cada acerto) 0 a 3
Linguagem Apontar o lápis e perguntar o que é. Fazer o mesmo com o
1o teste relógio. (um ponto para cada acerto) 0 a 2
Pedir para repetir a seguinte frase: NEM AQUI, NEM ALÍ
2o teste NEM LÁ. (um ponto se acertar) 0 a 1
Peça para que execute a seguinte tarefa:
PEGUE ESTE PAPEL COM A MÃO DIREITA (pausa),
COM AS DUAS MÃOS DOBRE-O AO MEIO UMA VEZ
(pausa) E EM SEGUIDA JOGUE-O NO CHÃO.
3o teste Dar um ponto para o acerto em cada comando 0 a 3
Escrever em uma folha de papel o seguinte comando:
FECHE OS OLHOS. Peça para o paciente ler e obedecer
4 teste
o
ao comando. (um ponto se acertar) 0 a 1
Peça para o paciente escrever uma frase completa.
5o teste (um ponto se conseguir) 0 a 1
6o teste Peça para que copie o seguinte desenho: 0 a 1
Dar um ponto se acertar
Escore total de 0
a30. Considerado
normal se acima
de 23
Pesquisar com os familiares o tempo de evolução do declínio cognitivo, assim como sintomas
associados, doenças clínicas ou neurológicas concomitantes, medicações utilizadas (muitas podem
comprometer as funções cognitivas). Causas clínicas ou neurológicas tratáveis de demência devem ser
ativamente pesquisadas.
Da mesma forma, o exame clínico e neurológico devem ser completos, mais uma vez, em busca da
etiologia do quadro demencial e de causas tratáveis. Déficit neurológico focal associado a quadro demencial,
por exemplo, pode sugerir DV.
EXAMES COMPLEMENTARES
No Brasil, os exames necessários para investigação de síndrome demencial em faixa etária senil são
hemograma, função renal (dosagem de eletrólitos, uréia e creatinina), hepática e tiroidiana, dosagem sérica de
vitamina B12 e ácido fólico, sorologia para sífilis, glicemia de jejum e exame de neuroimagem (tomografia
computadorizada [TC] de crânio ou ressonância magnética [RM] de encéfalo).
A análise do líquido céfalo-raquidiano (LCR), sorologia para HIV e eletroencefalograma (EEG) são
solicitados em casos de síndrome demencial em idade pré-senil ou com evolução atípica (por exemplo,
demência rapidamente progressiva).
Em casos em que o déficit cognitivo instalou-se de forma aguda, devemos pensar primeiramente em
delirium (situação clínica em que há agudamente um déficit global da atenção, geralmente causado por doenças
clínicas) e realizar exames para afastar problemas clínicos como infecção urinária (ou outras infecções),
desidratação, isquemia miocárdica, hipóxia, distúrbios hidroeletrolíticos ou outros problemas clínicos, pois
geralmente a alteração cognitiva é revertida com o tratamento adequado.
ALGORITMO
Algoritmo 1: Avaliação diagnóstica dos quadros demenciais
Clique na imagem para ampliar
ALZHEIMER
Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos
espaços que existem entre eles. Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda
progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a
memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória,
reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.
DEMÊNCIA VASCULAR
Uma série de acidentes vasculares cerebrais pode resultar na demência vascular. Esses
acidentes vasculares cerebrais são mais comuns entre os homens e geralmente
começam depois dos 70 anos.
Ter diabetes
Ter aterosclerose
Cerca de metade das DFT é hereditária; a maioria das mutações genéticas envolve o
gene tau no cromossomo 17q21-22 e resulta em anormalidades da proteína tau ligante
de microtúbulo; portanto, as DFT são consideradas tauopatias. Alguns especialistas
classificam a paralisia supranuclear e a degeneração corticobasilar com as DFT, pois
compartilham patologia similar e mutações genéticas que afetam a proteína tau. Os
sintomas nem sempre correspondem à mutação genética ou à patologia e vice-versa.
Por exemplo, a mesma mutação causa sintomas de DFT em um membro da família e
sintomas da degeneração corticobasilar em outro.
________________--
O consumo excessivo de álcool pode ter um efeito nocivo nas células nervosas do
cérebro. Quando estas são danificadas, várias capacidades e competências podem ser
afetadas.
Alterações da personalidade;
Problemas de equilíbrio;
Diminuição da iniciativa