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superafarma.com.br/tod-autismo-e-tdah-5-formas-de-reconhecer-os-transtornos
13/01/2020
Chegamos em 2020! Junto com o ano novo, embarcamos também na campanha janeiro branco,
dedicada a ampliar o diálogo sobre educação emocional e saúde mental. No artigo de hoje
falaremos sobre 3 transtornos da mente que causam alterações de ordem intelectual, social e emocional:
o TOD (transtorno opositivo desafiador), o Autismo (transtorno do espectro autista) e o TDAH (transtorno
de déficit de atenção com hiperatividade).
Embora sejam transtornos diferentes em vários aspectos, as 3 patologias possuem alguns sintomas
em comum. Por isso vamos confrontar suas semelhanças e trazer algumas informações que podem ser
úteis na hora de reconhecer e diferenciar as condições.
Para começar, vamos trazer as definições de cada uma delas. Acompanhe conosco:
Autismo – Transtorno do espectro autista: O Autismo é uma condição que causa prejuízos no
desenvolvimento neurológico e no padrão de comportamento, que impactam principalmente na
interação social e nas habilidades de comunicação. Essas alterações também podem gerar padrões
repetitivos e interesses restritos pronunciados. ²
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TDAH – O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): É um transtorno neurobiológico,
de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua
vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. ³
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As dificuldades encontradas para avaliar as comorbidades
No caso do autismo, é importante prestar atenção no fato de que o espectro é bastante amplo, por
exemplo, os autistas considerados severos são aqueles que não falam e que precisam de apoio para
realizar as atividades mais básicas do dia-a-dia como se vestir, se alimentar e fazer a higiene pessoal.
As pessoas com esse grau de comprometimento frequentemente apresentam também algum nível de
deficiência intelectual, entre 60 e 70% dos casos. 2,4
Entre estes dois extremos estão os autistas moderados, que necessitam de alguma assistência para
funcionar na sociedade, mas não tem prejuízos intelectuais tão graves. 2,4
Mas porque entramos nessa questão? Acontece que, quando há um quadro de deficiência intelectual
(como em alguns autistas severos) o diagnóstico de outras condições associadas se torna mais
difícil.
O diagnóstico de TOD, por exemplo somente será possível em pessoas com deficiência
intelectual, quando o comportamento opositor for maior do que o observado em crianças da
mesma idade, gênero e grau de deficiência intelectual. ¹
Por outro lado, no caso dos autistas de grau leve, fica mais fácil identificar os sintomas de outras
patologias. Inclusive, como autismo e o TDAH compartilham genes, 70% dos autistas leves também
costumam ter o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
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4 – Aprenda a identificar o Autismo e o TDAH
Embora seja relativamente comum que pessoas com autismo leve tenha TDAH nem todos os autistas
tem TDAH. E principalmente, a maioria dos TDAHS não têm autismo.
As diferenças são muito sutis e o médico precisa estar muito atento para que consiga perceber nuances,
principalmente nos casos mais “graves” de TDAH e mais “leves” de autismo.
Esse menino não para quieto, esse menino não dá sossego, esse menino tem TDAH. Será? Ou esse
menino é um autista que tem transtorno sensorial e fica muito agitado em função disso? Também pode
ser o caso de um autista que foi retirado da rotina, e por isso entrou em crise, e apresentou sintomas
similares àqueles da hiperatividade. 5
Foco e organização
O autista se apega a rituais para estabelecer uma organização que tem dificuldade de preservar.
O TDAH é mais impulsivo, energético, não para.
O autista consegue manter o hiperfoco, se concentrar, não presta atenção mais em nada, mas
quando o assunto é o hiperfoco, ele tem um bom nível de concentração.
O TDAH tem dificuldade de concentração, qualquer que seja o assunto.
Regras
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Tanto o autista quanto o TDAH parece que não seguem regras e ousam para além delas, mas, por
motivos diferentes:
O autista desconhece a regra, então as infringe sem saber que está infringindo. Quando ele
conhece a regra, fica mais fácil se controlar e não infringir mais a regra.
No caso do TDAH, ele conhece a regra, mas é impulsivo. Não é por maldade, é uma
característica neurológica da pessoa. Ele quer descobrir, que mexer.
Socialização
Outra questão que é que ambos são vistos como pessoas diferentes em termos sociais, com dificuldade
de fazer amigos, e isso mais uma vez acontece por motivos diferentes.
Inquietação
O TDAH frequentemente é julgado como aquele menino que “não tem limites”. São aqueles casos em
que a mãe não consegue que essas crianças parem quietas.
O autista, ao entrar em crise, externa um conflito, qualquer que seja a inadequação que está
acontecendo com ele.
O TDAH, normalmente, expressa contrariedade quando não está gostando. Ele expressa isso
muito mais do que o autista leve, com expressões faciais mais evidentes.
Quando chama o autista, ele parece que não ouve e a mesma coisa ocorre com o TDAH, mas, mais
uma vez, por motivos diferentes:
O autista geralmente está centrado naquilo que está chamando a atenção dele por muito
tempo, diferentemente do TDAH.
O TDAH não ouve porque ele está olhando tudo, está prestando atenção em tudo, o que, aliás, é
outra característica.
A pessoa com TDAH começa a fazer uma coisa e logo se desconcentra e começa a fazer outra, e os
fatores externos influenciam muito nessa pessoa. Essa questão de começo, meio e fim traz muitas
diferenças, muitas dúvidas, é por isso que o diagnóstico é fantástico, você vai se descobrindo.
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5 – Conheça as diferenças entre “birra” e TOD 6
É natural que as crianças demonstrem comportamentos de oposição de vez em quando, afinal, a
infância traz consigo todo um universo de descobertas. A criança está conhecendo a si mesma, entrando
em contato com suas emoções ao mesmo tempo em que descobre o mundo a sua volta. Esse é o
momento em que ela se depara com as regras e os limites da convivência social.
Justamente por isso, muitas vezes é difícil distinguir o que é um desafio natural da educação do que
possa ser um transtorno. Nesse caso, é preciso perceber a gravidade dos comportamentos
inadequados e a permanência dos sintomas.
Por exemplo, comportamentos de “birra” geralmente surgem quando a criança tem entre 3 e 4 anos, pois
ainda não sabe lidar muito bem com suas frustrações. Ela geralmente está com fome, cansada,
estressada ou chateada e não tem maturidade ainda para lidar com estas questões. Mas a medida em
que a criança cresce, estes sintomas tendem a diminuir e desaparecer com o tempo, o que não
acontece nas crianças que apresentam o transtorno opositivo desafiador.
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Alguns sinais de alerta incluem:
Teimosia exagerada;
Resistência a cumprir com as regras e combinados;
A criança incomoda e perturba as pessoas de propósito, sem que haja uma necessidade não
atendida muito clara que motive o comportamento.
Diagnóstico do TOD
A intervenção e tratamento precoce do TOD são fundamentais para melhorar o comportamento e a
qualidade de vida da criança com este transtorno, além de prevenir que evolua para um Transtorno
de Conduta.
Para o diagnóstico de TOD, pelo menos quatro das características abaixo deverão estar presentes:
A Importância do tratamento
Quando o TOD não é tratado, pode evoluir para transtornos mais graves, como o transtorno de conduta
e o transtorno de personalidade antissocial (sociopatia). 4
Por isso é muito importante investigar os sintomas, buscar ajuda médica e iniciar o tratamento o quanto
antes. O tratamento pode incluir a psicoterapia numa abordagem comportamental, que busca melhorar
as habilidades de resolução de problemas, de comunicação e controle de impulso, e a psicoterapia
familiar, que promove mudanças dentro do ambiente doméstico, e visa melhorar também as habilidades
de comunicação e as interações familiares. O médico poderá preescrever alguma medicação,
especialmente com o intuito de regular as emoções e também no caso perceber outros
transtornos associados. 6
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Nem todo comportamento difícil é um distúrbio mental
Embora sempre seja muito importante investigar um quadro onde os pais possam desconfiar de um
possível transtorno, vale ressaltar que nem todo comportamento inadequado que se opõe as regras e
desafia os adultos é sinal de algum distúrbio.
Algumas vezes, os pais necessitam de ajuda para estabelecer limites. Embora representem uma figura
de autoridade para os filhos, isso não significa que eles deverão desempenhar somente funções de
punição.
Por isso, é importante regras firmes e claras, mas flexíveis o bastante para permitir experimentação e
escolha, promovendo um ambiente onde a criança sinta-se respeitada e acolhida. É muito importante
ouvir as necessidades da criança. Isso trará a liberdade na medida certa para um processo de
crescimento saudável e de construção de sua individualidade. 4
Para aqueles que convivem com crianças com comportamentos inadequados que não estão sob sua
tutela, a mensagem é: empatia. Antes de julgar qualquer pessoa, pense que pode existir algo que não
seja só falta de limites ou de educação. Ofereça escuta aos pais, pois se você se incomoda em pouco
tempo de convivência, pode imaginar o quanto lidar com uma criança assim pode ser desgastante e
frustrante. Apoie, acalme e se sentir a vontade compartilhe esse conteúdo!
Para ajudar nesse exercício, indicamos uma visita ao Autismo em Dia, que traz muitas discussões sobre
o tema e muitas histórias reais de autistas, pais, mães, irmãos e cuidadores!
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Colaborou neste artigo:
Dr. Michel Haddad
CRM-SP 145096 / Especialidade: Psiquiatria
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