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A.P.H (ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR)

Para que a vida possa ser preservada faz-se necessário que mantenhamos um
fluxo constante de oxigênio para o cérebro. O oxigênio é transportado para os
tecidos cerebrais através da circulação sanguínea. O coração é a bomba que
mantém esse suprimento e, se ele parar (parada cardíaca), ocorrerá a morte, a
menos que se tomem medidas urgentes de ressuscitação.

As manobras de ressuscitação cardiopulmonar resumem-se na sequência de


origem norte-americana denominada “ABC da vida”, as quais podem adaptar a
nossa língua:

A = Airway = Abertura das vias aéreas

B = Breathing = Respiração

C = Circulation = Circulação

A correta aplicação das etapas da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)


poderá manter a vida até que a vítima se recupere o suficiente para ser
transportada para uma unidade hospitalar ou até que possa receber tratamento
pré-hospitalar por uma equipe especializada.

As manobras de suporte básico de vida (SBV) são diferentes das manobras de


suporte avançado de vida (SAV). Esta última consiste no emprego de
profissionais devidamente capacitados e no uso de equipamentos adicionais
tais como: monitores cardíacos, desfibriladores, terapêutica líquida intravenosa,
infusão de medicamentos, intubação oro traqueal, etc.

Atualmente, o conceito da “Corrente da Sobrevivência” da Associação


Americana do Coração, nos informa que as chances de sobrevivência das
vítimas de paradas cardíacas poderão crescer muito se observarmos os quatro
elos da corrente, ou seja:
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1º Elo = ACESSO RÁPIDO AO SEM - Compreende desde os primeiros sinais


de um problema cardíaco, seu reconhecimento, o acionamento de equipes
especializadas através do fone 193 - 192, até o despacho de profissionais
médicos ou socorristas para o atendimento da emergência no local.

2º Elo = RCP IMEDIATA - As manobras de RCP são mais efetivas quando


iniciadas imediatamente após o colapso da vítima. É fundamental que se
desenvolvam programas de treinamento para capacitar as pessoas da
comunidade na identificação de problemas cardíacos, na forma de
acionamento dos serviços de emergência e na execução das manobras de
RCP ao nível de suporte básico da vida.

3º Elo = RÁPIDA DESFIBRILAÇÃO - Uma rápida desfibrilação é o elo da


corrente que provavelmente represente a maior chance de sobrevivência numa
emergência cardíaca. A Associação Americana do Coração recomenda que as
manobras de desfibrilação externa sejam difundidas e que organizações como
os Corpos de Bombeiros sejam treinadas e equipadas com desfibriladores, de
forma a possibilitar seu emprego no menor espaço de tempo possível.

4º Elo = CUIDADOS AVANÇADOS SEM DEMORA - Este último elo, diz


respeito as manobras de suporte avançado, providenciadas no local da cena
por médicos ou paramédicos para o tratamento do problema cardíaco de forma
mais efetiva.

TELEFONES ÚTEIS DE EMERGÊNCIA

CORPO DE BOMBEIROS 193

SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA (SAMU)192

POLÍCIA MILITAR 190

DEFESA CIVIL 199

POLICIA MILITAR RODOVIÁRIA ESTADUAL (SC) 198

POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL 191

As doenças cardíacas possuem fatores de risco que podem ser alterados, são
eles:

1. Fumar – Um fumante tem 70% a mais de probabilidade de sofrer um ataque


cardíaco em relação a um não fumante;
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2. Alta pressão sanguínea – A hipertensão arterial é a principal causa dos


ataques cardíacos e dos acidentes vasculares cerebrais. Recomenda-se
verificar a pressão arterial pelo menos uma vez a cada ano;

3. Alto nível de gordura no sangue – Um médico poderá facilmente medir o


nível de colesterol no sangue com um simples teste. Uma alimentação
equilibrada, com uma dieta de baixo nível de colesterol e gorduras, poderá
ajudar a controlar esses níveis.

4. Diabetes – A diabetes aparece mais frequentemente durante a meia idade,


muitas vezes em pessoas com peso corporal excessivo. Somente exames
médicos periódicos poderão identificar adequadamente esta enfermidade e
recomendar um programa adequado ao seu controle.

Obs.: Existem ainda fatores que contribuem indiretamente com os problemas


cardíacos, tais como a obesidade, a inatividade e o estresse.

Pense bem, sua vida pode depender desses fatores!

PARADA RESPIRATÓRIA

Podemos definir a parada respiratória como uma supressão súbita dos


movimentos respiratórios, podendo ser ou não, acompanhada de parada
cardíaca.

Em caso de parada respiratória, siga as instruções a seguir:

 DETERMINE O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA.

A pessoa que presta o socorro deve chamar e movimentar levemente a vítima.


Nos casos de parada respiratória após um acidente traumático (em especial
nos traumas de cabeça e pescoço), movimente a cabeça da vítima o mínimo
possível, para evitar o agravamento de lesões já existentes e até uma paralisia
por compressão da medula espinhal.

 POSICIONE A VÍTIMA.

Se a vítima encontra-se inconsciente, ou seja, não responde, deite-a de costas


sobre uma superfície plana e rígida e abra as vias aéreas, elevando o queixo e
inclinando a cabeça para trás (extensão da cabeça).
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3. VERIFIQUE SE A VÍTIMA ESTÁ


RESPIRANDO.

Posicione o seu ouvido sobre a boca e o


nariz da vítima e verifique se ela respira
(ver, ouvir e sentir). Tente ouvir e sentir o
ar expirado pela vítima, observando
ainda, se o peito está movimentando-se
(expansão do tórax).

4. INICIE A RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL.

No socorro de adultos, mantenha a frequência de 1 ventilação a cada 5


segundos e, 1 ventilação a cada 3 segundos para crianças e 1 sopro bem
suave a cada 3 segundos para bebês (0 a 2 anos). Depois de controlada a
situação, transporte a vítima para um hospital. Se não houver retorno
espontâneo da respiração, mantenha a respiração artificial durante todo o
transporte, até a chegada à unidade hospitalar.

Nos acidentes com suspeita de traumatismo cervical (lesão no pescoço), é


importante que o socorrista mantenha a cabeça e o pescoço da vítima sempre
alinhada e imóvel, movimentando-os com extrema cautela. Nesses acidentes a
manobra de extensão da cabeça deverá ser substituída por outro
procedimento, que consiste na projeção para frente, dos ângulos da mandíbula.
A cabeça da vítima deverá permanecer em uma posição neutra.

Obs.: Realize a respiração artificial com o auxílio de um equipamento de


proteção (máscara facial), evitando o seu contato direto com a boca da vítima.
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ENGASGAMENTO

O engasgamento ou
sufocação pode ser
definido como uma
obstrução total ou parcial
das vias aéreas,
obstrução esta, provocada
pela presença de um
corpo estranho.

Na obstrução total das vias aéreas a vítima não consegue tossir, falar ou
respirar.

Em caso de engasgamento ou sufocação, auxilie a vítima prestando o socorro


da forma que segue:

 Se a vítima está consciente, de pé ou sentada, posicione-se por trás dela e


coloque seus braços ao redor da cintura da vítima. Segure um dos punhos com
a sua outra mão, colocando o polegar contra o abdome da vítima, entre o final
do osso esterno (apêndice xifoide) e o umbigo. De então repetidos puxões
rápidos para dentro e para cima, a fim de expelir o corpo estranho. Repita os
movimentos até conseguir desobstruir as vias aéreas da vítima, ou então, até
ela ficar inconsciente.

 Se a vítima está inconsciente, deite-a de costas e posicione-se sobre o seu


quadril. Coloque a palma de uma de suas mãos contra o abdome da vítima,
cerca de quatro dedos acima do umbigo. Com a outra mão sobre a primeira,
comprima 5 vezes contra o abdome da vítima com empurrões rápidos para
cima. Depois abra a boca da vítima e pesquise a presença do corpo estranho.
Se esse aparecer na boca, retire-o com seu dedo. Se não, providencie uma
ventilação e se o ar não passar, reposicione a cabeça e ventile novamente. Se
a obstrução persiste repita o procedimento novamente, até conseguir expulsar
o objeto que causa a obstrução respiratória.

 Lactentes devem ser virados de cabeça para baixo sobre o braço de um adulto.
Dê cinco pancadas firmes no meio das costas da vítima. O socorrista deve
posicionar a cabeça do bebê num nível abaixo do resto do corpo, de forma que
o objeto que está sufocando possa sair das vias aéreas. Vire o bebê e
comprima cinco vezes sobre o tórax, em seguida, tente visualizar o corpo
estranho na boca do bebê e remova-o com seu dedo mínimo. Se o corpo
estranho não aparece, repita as manobras de compressão nas costas e sobre
o tórax, até conseguir a completa desobstrução.
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Obs.: em pessoas extremamente obesas ou em estágio avançado de gravidez,


a técnica de compressão abdominal (manobra de Heimlich) não deve ser
executada. Nesses casos, recomenda-se a compressão sobre a parte inferior
do tórax da vítima, ou seja, a substituição da compressão abdominal por
compressão torácica.

PARADA CARDÍACA

A parada cardíaca é definida como uma


cessação súbita e inesperada dos
batimentos cardíacos. O coração para
de bombear o sangue para o organismo
e os tecidos começam a sofrer os
efeitos da falta de oxigênio. O cérebro,
centro essencial do organismo, começa
a morrer após cerca de três minutos
privado de oxigênio.

O socorrista deverá identificar e corrigir de imediato a falha no sistema


circulatório. Caso haja demora na recuperação da vítima, esta poderá sofrer
lesões graves e irreversíveis.

A compressão torácica externa é eficiente na substituição dos batimentos do


coração por dois motivos principais: primeiro, pelo fato do coração estar situado
entre o osso esterno (que é móvel) e a coluna vertebral (que é fixa) e, segundo,
porque o coração quando na posição de relaxamento, fica repleto de sangue.
Portanto, o coração ao ser comprimido pelo osso esterno expulsa o sangue e
depois, ao relaxar-se, novamente se infla, possibilitando uma circulação
sanguínea suficiente para o suporte da vida.
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Em caso de parada cardíaca, o socorrista deverá seguir as instruções abaixo:

 Posicione a vítima deitada sobre uma superfície plana e rígida;

 Verifique o pulso na artéria carótida (no pescoço) para certificar-se da ausência


de batimentos cardíacos. Somente inicie a compressão torácica externa
quando não houver pulso;

 Localize a borda das costelas e deslize os dedos da mão esquerda para o


centro do tórax, identificando por apalpação o final do osso esterno (apêndice
xifoide). Marque dois dedos a partir do final do osso esterno e posicione sua
mão direita logo acima deste ponto, bem no meio do peito da vítima. Coloque a
sua mão esquerda sobre a direita e inicie as compressões.

A compressão cardíaca é produzida pela compressão vertical para baixo,


exercida através de ambos os braços do socorrista, comprimindo o osso
esterno sobre o coração da vítima. A compressão torácica externa deve ser
realizada com os braços esticados usando o peso do corpo do socorrista. Não
esqueça que você deve realizar as compressões junto com a respiração de
boca a boca.

Se estiver sozinho, socorrendo uma vítima, dê dois sopros (ventilações) e faça


trinta compressões, num ritmo de aproximadamente cem compressões por
minuto. Se o socorro for em dupla, para cada duas ventilações dadas pelo
primeiro socorrista, o segundo deve executar trinta compressões (ritmo
também de aproximadamente 100 por minuto). Com dois socorristas, a
ressuscitação cardiopulmonar (RCP) deve ser realizada com um socorrista
posicionado de cada lado da vítima, podendo os mesmos, trocar de posição
quando necessário, sem, no entanto interromper a frequência de compressões
e ventilações.

O pulso carotídeo deve ser apalpado periodicamente durante a realização da


RCP, a fim de verificar se houve o retorno dos batimentos cardíacos. Verifique
o pulso após cinco ciclos de RCP. Não demore mais que 5 segundos para
verificar o pulso para não comprometer o ritmo das compressões.

A compressão e a descompressão devem ser ritmadas e de igual duração. A


palma da mão do socorrista não deve ser retirada de sua posição sobre o osso
esterno, porém a pressão sobre ela não precisa ser feita, de forma que possa
retornar a sua posição normal.

Em crianças, a compressão torácica (massagem cardíaca externa) deve ser


realizada com apenas uma das mãos posicionada sobre o meio do peito da
vítima, no terço inferior do osso esterno. No socorro de bebês, o socorrista
deve apalpar o pulso na artéria braquial, e realizar a massagem cardíaca com
apenas dois dedos. Comprimir o peito do bebê, um dedo abaixo da linha entre
os mamilos.
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Qualquer vítima inconsciente deverá ser colocada na posição de recuperação.


Esta posição impede que a língua bloqueie a passagem do ar. O fato de a
cabeça permanecer numa posição ligeiramente mais baixa do que o resto do
corpo, facilita a saída de líquidos da boca da vítima. Isto reduz o risco de
aspiração de conteúdos gástricos. A cabeça e a região dorsal (coluna vertebral)
devem ficar alinhadas, enquanto os membros dobrados mantêm o corpo
apoiado em posição segura e confortável.

As complicações mais comuns produzidas por manobras inadequadas de RCP


são as seguintes:

 A vítima não está posicionada sobre uma superfície rígida;

 A vítima não está em posição horizontal (se a cabeça está elevada, o fluxo
sanguíneo cerebral ficará deficitário);

 As vias aéreas não estão permeáveis;

 A boca ou máscara não está apropriadamente selada na vítima e o ar escapa;

 As narinas da vítima não estão fechadas;

 As mãos foram posicionadas incorretamente ou em local inadequado sobre o


tórax;

 As compressões são muito profundas ou demasiadamente rápidas (não


impulsionam volume sanguíneo adequado);

 A razão entre as ventilações e compressões é inadequada;

 A RCP deixa de ser executada por mais de 5 segundos (alto risco de lesão
cerebral).

As manobras da RCP não são indicadas nas vítimas que se encontram em


fase terminal de uma condição irreversível e incurável, mas uma vez iniciada a
RCP devemos mantê-la até que:

 Haja o retorno espontâneo da circulação (retorno do pulso). Continuar a


ventilar;

 Haja o retorno da respiração e da circulação;

 Pessoal mais capacitado chegar ao local da ocorrência;


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 Socorrista estiver completamente exausto e não conseguir realizar as


manobras de reanimação.

Lembre-se que os conhecimentos sobre RCP requerem prática com


manequins, supervisionada por pessoal técnico autorizado.

Não pratique compressões torácicas em nenhuma pessoa.

EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS

1. INTRODUÇÃO

Quando você for avaliar ou tratar um paciente pediátrico (criança ou bebê),


poderá, a princípio, sentir-se despreparado, não sabendo por onde iniciar sua
atuação. É importante ter em mente que uma criança não é um adulto
pequeno, no entanto, muitas das técnicas utilizadas para avaliar ou para tratar
um adulto são as mesmas utilizadas no atendimento de crianças.

O termo pediatria refere-se a um grande grupo, que pode incluir qualquer


criança, desde um bebê até uma criança em idade escolar do ensino infantil ou
acima disto. Isto é assim porque este é o período onde as crianças costumam
visitar os pediatras.

Em APH usamos muito uma máxima que diz: “Cuidado, criança não é um
adulto pequeno!”.

Lembre-se que uma situação de emergência é uma nova e assustadora


experiência para qualquer criança, e será ainda maior se os pais ou
responsáveis não estiverem presentes.

1.1 Idade, Tamanho e Resposta.


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Até de uma forma instintiva, o socorrista tratará de modo diferente as crianças


maiores e os bebês. Sabemos que as necessidades e os cuidados pré-
hospitalares de infantes são diferentes quando aplicados em um bebê, uma
criança que fala, uma criança de idade escolar ou um adolescente.

Quando o socorrista for determinar a idade de uma criança para realizar uma
manobra de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), deverá considerar a idade
do recém-nascido até um ano como bebê ou lactente, de um a oito anos
classificamos o menor como criança, e, quando for maior de oito anos deverá
ser tratado como adulto. Esses critérios são padronizados internacionalmente
pela Associação Americana do Coração (American Heart Association).

Recomendamos que os socorristas utilizem um critério padronizado para


classificar as crianças em categorias, levando em consideração itens como
idade, porte físico e resposta emocional.

Memorize as seguintes categorias para lembrá-las quando for avaliar e cuidar


de bebês e crianças:

1. Lactentes: recém-nascidos até um ano;

2. Crianças: de 1 ano até 3 anos;

3. Pré-escolares: de 3 a 6 anos;

4. Idade escolar (ensino fundamental): de 6 a 12 anos;

5. Adolescente (ensino fundamental e médio): de 12 a 18 anos.

Observação: Em alguns casos, o socorrista não poderá determinar


corretamente a idade do bebê ou da criança, pois alguns são maiores ou
menores e fogem de seu grupo de idade. Pode também acontecer dos pais não
estarem presentes no local da emergência para indicar a correta idade de seus
filhos. Nesses casos, o socorrista terá que adivinhar a idade, baseando-se no
tamanho da criança e em suas respostas emocionais.

2. DIFERENÇAS ESTRUTURAIS E ANATÔMICAS DO PACIENTE


PEDIÁTRICO

Você já percebeu que as crianças não são iguais aos adultos em tamanho,
maturidade emocional e respostas em situações adversas. Você também
precisará estar atento a diferenças estruturais e anatômicas. Devido a todas
estas diferenças, as técnicas utilizadas no atendimento pré-hospitalar desses
pacientes serão igualmente diferenciadas. Como socorrista, você deverá
considerar diferenças estruturais e anatômicas e fazer comparações
importantes:
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2.1 A Cabeça e o Pescoço

A cabeça da criança é proporcionalmente maior e mais pesada que seu corpo.


Em geral, o corpo irá equilibrar-se com o tamanho de sua cabeça, a partir do
quarto ano de vida.

Devido ao tamanho e ao peso da cabeça, a criança fica mais propensa a


traumatismos envolvendo essa parte do corpo. Portanto, sempre que uma
queda de nível ou um trauma atingir a parte superior do tórax, suspeite e
pesquise por ferimentos na região da cabeça.

Observação: As crianças são igualmente mais vulneráveis que os adultos aos


danos na coluna vertebral (especialmente na região cervical). Recordamos que
isto se deve ao tamanho e ao peso maior da cabeça e ao subdesenvolvimento
da estrutura óssea e dos músculos do pescoço.

2.2 Vias Aéreas e o Sistema Respiratório

As vias aéreas e o sistema


respiratório do bebê e da criança
ainda não estão completamente
desenvolvidos. A língua é grande
para a cavidade oral (boca) e as
vias aéreas (nariz, boca, faringe,
laringe e traqueia) são mais
estreitas do que as do adulto e
mais facilmente predispostas a
uma obstrução. Os músculos do
pescoço também não estão desenvolvidos completamente e não são tão fortes
quanto os dos adultos. Isto produz uma dificuldade a mais para a criança
segurar sua cabeça na posição de abertura das vias aéreas quando ferida ou
doente. Em função da cabeça maior que o corpo, as vias aéreas podem
obstruir-se quando a criança estiver na posição supina (de bruços). A
colocação de uma toalha dobrada nas costas (embaixo da região dos ombros)
ajudará a manter a cabeça alinhada e as vias aéreas pérvias. A manobra de
inclinação da cabeça e elevação da mandíbula, largamente utilizada para abrir
as vias aéreas de adultos (sem lesão cervical), é desnecessária para bebês e
crianças pequenas. No atendimento de pacientes pediátricos, basta que o
socorrista promova uma leve inclinação da cabeça para conseguir assegurar a
abertura das vias aéreas. Quando manusear as vias aéreas de um lactente
(bebê), tenha certeza de que a cabeça está numa posição neutral, nem fletida
e nem hiperestendida.

Cuidado com as obstruções das vias aéreas causadas por corpos estranhos
(OVACE). Não faça pesquisa às cegas com os dedos quando tentar
desobstruir as vias aéreas de crianças e lactentes, pois essas manobras
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poderão forçar a descida do corpo estranho a acabar obstruindo a faringe ou a


laringe/traqueia.

As crianças e os lactentes respiram automaticamente pelo nariz e no caso


desse ficar obstruído, não abrirão a boca para respirar como um adulto. O
socorrista deverá remover as secreções das narinas para assegurar uma boa
respiração. Outra parte delicada é a traqueia, que nas crianças, apresenta-se
mais suave, mais flexível e mais estreita do que a traqueia do paciente adulto,
por isso, poderá facilmente vir a obstruir-se.

Os músculos do tórax também não estão completamente desenvolvidos, assim


a criança usará muito mais o diafragma para respirar. A frequência respiratória
(FR) normal é de 12 a 20 ventilações por minuto no adolescente, 15 a 30
ventilações por minuto nas crianças pequenas e 25 a 50 ventilações por minuto
nos lactentes.

2.3 O Tórax e o Abdome

CABEÇA O socorrista poderá avaliar melhor a


respiração dos pacientes pediátricos
observando os movimentos
respiratórios no abdômen, pois
durante a respiração, as crianças
usam mais o diafragma, assim os
movimentos respiratórios são mais
facilmente observáveis nessa região
(abdômen), que no tórax.

Devemos considerar também que a


caixa torácica das crianças é mais
elástica, assim, no caso de uma
respiração forçada, produzida por
uma situação de dificuldade ou
insuficiência respiratória, o uso de todos os músculos do tórax (entre as
costelas), sobre o esterno e ao redor do pescoço e ombros, ficará bem
evidente.

A caixa torácica menos desenvolvida e mais elástica pode transformar-se em


uma vantagem para as crianças. Por exemplo, numa situação de trauma, as
estruturas ósseas podem não quebrar, mas apenas dobrarem-se, evitando
possíveis fraturas. A desvantagem é que quanto mais a caixa torácica for
flexível, menos oferecerá proteção aos órgãos vitais existentes no interior do
tórax. Durante a avaliação física, o socorrista deverá considerar os
mecanismos do trauma para poder determinar possíveis danos internos,
especialmente se não houver nenhum sinal de ferimento externo. Igualmente,
deverá atentar para a simetria, para os movimentos iguais do tórax durante a
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respiração e para ferimentos ou hematomas, da mesma maneira que faria na


avaliação de um adulto.

Da mesma forma que nos adultos, traumas no abdômen podem resultar em


dor, distensão e rigidez. Os músculos abdominais não são tão bem
desenvolvidos como nos adultos e oferecem pouca proteção. Os órgãos
abdominais, de forma especial o fígado e o baço, são bem grandes para o
tamanho da cavidade e, portanto, mais vulneráveis a um trauma. As lesões
abdominais que produzirem distensão ou edema (inchaço) poderão impedir o
movimento livre do diafragma e acabar produzindo uma dificuldade respiratória
grave.

2.4 A Pelve

Tal qual nos adultos,


as crianças poderão
perder quantidades
consideráveis de
sangue dentro da
cavidade pélvica,
como resultado de
um trauma grave nesta região. É recomendável que os socorristas
permaneçam monitorando constantemente os sinais vitais dos pacientes para
identificarem a presença de choque hipovolêmico. A avaliação dos sinais vitais
inclui a aferição da respiração, do pulso, da pressão arterial e da temperatura
relativa da pele. O aspecto externo da pele também é importante para
identificar uma perfusão deficitária. O socorrista poderá checar a perfusão
comprimindo a região distal das extremidades do paciente (dorso da mão ou
pé) e avaliando o tempo necessário à reperfusão (considerar grave quando o
tempo do enchimento capilar for maior que dois segundos). Durante a
avaliação física detalhada do paciente, o socorrista deverá pesquisar a
presença de sangue na região genital.

2.5 As Extremidades

Os ossos das crianças são menos desenvolvidos e consequentemente mais


flexíveis que os dos adultos. Dessa forma, enquanto os ossos de adultos
normalmente fraturam numa situação de trauma, os ossos de crianças dobram
e lascam antes de fraturar (quebrar). O socorrista deverá suspeitar de fraturas
sempre que ao avaliar uma extremidade, encontrarem sinais e sintomas tais
como: dor, edema e deformações.

Durante a avaliação física, além de apalpar toda a extremidade buscando


identificar deformidades, ferimentos (com ou sem a presença de sangue) ou
áreas dolorosas, o socorrista deverá pesquisar (na região distal da
extremidade) a presença de pulso, a capacidade motora, a sensibilidade e o
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enchimento capilar. O tempo do enchimento capilar não deverá ser superior a


dois segundos. Lembre-se que no atendimento pediátrico, o socorrista não
necessita pressionar a unha da criança, mas sim, pressionar a mão ou o pé, o
antebraço ou a perna do paciente e terá o mesmo padrão de perfusão do leito
ungueal.

2.6 O Sistema Tegumentar (Superfície corporal)

Em relação a massa do corpo, as


crianças e lactentes possuem uma
grande quantidade de superfície
corporal. Por isso, poderão facilmente
perder calor e sofrer de hipotermia, até
mesmo em ambientes onde adultos
estejam confortáveis, devido a pouca
massa e a desproporção entre o
volume e a área da criança. Por isso é
importante manter a criança coberta e
aquecida. Ao atender pacientes
pediátricos, os socorristas devem sempre ficar atentos e garantir a manutenção
do calor corporal, especialmente, nos casos de trauma ou de perda de sangue
ou fluido corporal.

Nos casos de queimaduras, o socorrista deverá ficar atento, pois a área da


superfície corporal total queimada (SCTQ) calculada através da Regra dos
Nove é realizada de uma forma diferente daquela utilizada para avaliar os
pacientes adultos.

2.7 Volume Sanguíneo

Quanto menores forem os pacientes, menores também serão seus volumes


sanguíneos. Fique atento, pois um paciente recém-nascido poderá apresentar
um volume de sangue inferior a 350 ml (o equivalente a uma xícara e meia de
sangue), e sendo assim, qualquer perda sanguínea, por menor que seja,
representará uma emergência grave. Uma criança poderá apresentar,
dependendo do seu tamanho, um volume sanguíneo variável entre meio litro a
2 litros de sangue.

Portanto, ao atender um lactente ou uma criança pequena, não espere pelo


aparecimento de sinais e sintomas evidentes de choque. Caso suspeite que o
trauma ou enfermidade represente um risco potencial, providencie
imediatamente os cuidados de emergência. Não esqueça que uma perda
sanguínea moderada, que pode não representar grande preocupação para um
paciente adulto, caso não seja controlada, representa uma grande ameaça a
um paciente pediátrico.
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3. ABUSO A CRIANÇAS

Atualmente, o abuso a crianças e a lesão intencional é uma ocorrência mais


comum do que se imagina. A promotoria da criança e do adolescente, através
dos seus conselhos tutelares, possui responsabilidades sobre a criança e o
adolescente, que passam a ter vontades e direitos próprios, como cidadãos
independentes. Assim sendo, ações violentas ou condutas educativas e
domésticas que afetem a capacidade de desenvolvimento saudável da criança,
podem configurar um crime, cabendo a elas uma ação policial.

3.1 Os principais abusos são:

1. Abusos emocionais/psicológicos;

2. Abusos físicos;

3. Abusos sexuais;

4. Atos de negligência.

3.2 Características que indicam o abuso e/ou negligência:


1. Falta de condições de higiene;

2. Sinais de cativeiro;

3. Fome/desnutrição;

4. Ferimentos insistentes ou lesões múltiplas em diferentes estágios de


cicatrização no corpo da criança;

5. Queimaduras (principal lesão referente a abuso físico);

6. Lesões prévias com relatos suspeitos;

7. Descrições contraditórias sobre o “acidente”.

Um fato importante sobre o abuso a crianças é que os

Episódios são frequentemente repetidos com gravidade progressiva.

Caso suspeite de abuso, observe com cautela os seguintes pontos:

1. História (descrição do acidente) contada pelos pais ou responsáveis;


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2. Tipo de ferimento/lesão existente;

3. Força/instrumento gerador da lesão;

4. Tempo decorrente entre o acidente e a solicitação de auxílio.

 Como o socorrista deve proceder em casos de abuso:


1. O socorrista não faz diagnóstico de abuso. No local, execute primeiramente os
procedimentos de auxílio ao paciente, deixando o relato de suas suspeitas e as
ações policiais para um segundo momento;

2. Anote seus achados e a história colhida na Ficha de APH e transmita essas


informações ao médico do Serviço de Emergência, quando da entrega do
paciente no hospital, bem como ao responsável pelo Serviço de APH de sua
organização, que deverá comunicar o fato às outras autoridades competentes.

3.4 A tratar o paciente pediátrico, evite:

 Assumir postura infantil;

 Falar tudo no diminutivo;

 Alterar timbre de voz para o agudo;

 Prometer que não irá doer.

3.5 Dicas para abordar e manipular o paciente pediátrico:


 Mantenha a calma e transmita segurança, se possível, execute sua
abordagem/atendimento ajoelhado ou sentado;

 Acalme também os pais ou responsáveis que estejam presentes na cena;

 Controle suas emoções e expressões faciais;

 Solicite apoio e autorização dos pais ou responsáveis para executar o


atendimento (no caso de crianças e adolescentes);

 Explique os procedimentos que irá realizar para os pais e para o paciente;

 Use se necessário um “objeto de transição”;

 No caso de crianças muito pequenas, execute os procedimentos com o


paciente no colo da mãe ou responsável;
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 Utilize equipamentos de cores e tamanho adequado para cada faixa etária;

 Crianças têm dificuldade para aceitar ficarem deitadas, explique a necessidade;

 Algumas crianças podem não ser receptivas as máscaras de oxigênio sobre a


face, se necessário, use copinhos plásticos limpos e vazios para substituir as
máscaras comuns;

 Sorria para a criança e nunca minta, nem prometa nada que não possa
cumprir. Dê um presente (distintivo ou certificado) ou cole na roupa da criança
um adesivo institucional em troca do bom comportamento, cooperação e
coragem;

 O procedimento de imobilização, aplicação de curativos, usa de bandagens e


fixação na prancha (maca rígida) pediátrica, são similares aos procedimentos
utilizados em pacientes adultos.

HEMORRAGIAS

Hemorragia ou sangramento significa a mesma coisa, isto é, sangue que


escapa de artérias, veias ou vasos capilares. A hemorragia pode ser definida
como a perda do volume sanguíneo circulante. O sangramento pode
ser interno ou externo e em ambos os casos é perigoso.

Breve revisão do Sistema Circulatório:

Coração: órgão muscular oco do tamanho de um punho cerrado. Localiza-se


na cavidade torácica, por detrás do osso esterno e entre os pulmões. O
coração é dividido em dois lados. A parte esquerda recebe sangue oxigenado
proveniente dos pulmões e o bombeia para todo o corpo. A parte direita recebe
o sangue proveniente do corpo e o bombeia para os pulmões para que volte a
oxigenar-se. Cada uma das metades subdivide-se em uma cavidade superior
(átrios direito e esquerdo) e uma cavidade inferior (ventrículos direito e
esquerdo). O sangue passa dos átrios para os ventrículos através de válvulas
que evitam o retorno do sangue (válvulas mitral e tricúspide). O coração
funciona como uma verdadeira bomba que aspira e impulsiona o sangue
constantemente.

Artérias: Transportam o sangue oxigenado e nutrientes em nosso corpo. São


de diferentes diâmetros, algumas calibrosas (aorta), outras medianas (radial) e,
também pequenas (artérias de um dedo). São os vasos que saem do coração.

Veias: Recolhem o sangue sem oxigênio e resíduos dos vasos capilares e


células do corpo. Não tem tanta pressão como as artérias. Conduzem o sangue
venoso de retorno para o coração.
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Capilares: Cada artéria se divide em novas artérias mais e mais finas,


formando finalmente os vasos capilares. Através de suas finíssimas paredes o
oxigênio, o dióxido de carbono e outras substâncias são trocadas entre as
células do corpo e o sangue.

Sangue: Líquido vermelho, viscoso, composto por plasma, células vermelhas


(hemácias), células brancas (leucócitos), e plaquetas. O plasma (parte líquida)
transporta as células e nutrientes para todos os tecidos. Também conduz os
produtos de degradação para os órgãos excretores. As células vermelhas
fornecem cor ao sangue e transportam oxigênio. As células brancas atuam na
defesa do organismo contra as infecções. As plaquetas são essenciais para a
formação de coágulos sanguíneos, necessários para estancar as hemorragias.

TIPOS DE HEMORRAGIAS:

1. Arterial: Hemorragia que faz jorrar sangue pulsátil e de cor vermelho vivo.

2. Venosa: Hemorragia onde o sangue sai lento e contínuo, com cor vermelho
escuro.

3. Capilar: O sangue sai lentamente dos vasos menores, na cor similar ao


sangue venoso/arterial.

HEMORRAGIAS EXTERNAS: São aquelas que podem ser vistas a partir de


uma ferida aberta.

Sinais e Sintomas:

1. Agitação

2. Palidez

3. Sudorese intensa

4. Pele fria e úmida

5. Pulso acelerado (acima de 100 bpm)

6. Hipotensão (PA sistólica abaixo de 100 mmHg)

7. Sede

8. Fraqueza
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HEMORRAGIAS INTERNAS: Geralmente não são visíveis, porém podem ser


bastante graves, pois podem provocar choque e levar a vítima à morte.
Exemplo: Fratura fechada de um fêmur, laceração de um órgão maciço como o
fígado ou baço, etc.

Sinais e Sintomas:

1. Idênticos a hemorragia externa.

2. A vítima poderá tossir sangue, vomitar sangue, sangrar pelo nariz, ouvidos,
boca, reto ou órgãos genitais.

AS 3 TÉCNICAS DE CONTROLE DE HEMORRAGIAS EXTERNAS:

TÉCNICA DE COMPRESSÃO DIRETA

Controle a hemorragia
fazendo uma
compressão direta
sobre a ferida que
sangra com sua mão
(protegida por luva
descartável), ou ainda,
com a ajuda de uma
pano limpo ou gaze
esterilizada, para
prevenir a infecção.

TÉCNICA DA ELEVAÇÃO

Mantenha a região que


sangra em uma posição
mais elevada que o resto
do corpo, pois este
procedimento contribuirá
para diminuir o fluxo de
sangue circulante e,
consequentemente, o
sangramento.
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TÉCNICA DA COMPRESSÃO SOBRE OS PONTOS ARTERIAIS

Caso a hemorragia for muito intensa


e você não conseguir fazer parar a
saída do sangue, tente controlar o
sangramento pressionando
diretamente sobre as artérias
principais que nutrem de sangue o
local lesionado.

Observação: Controle as possíveis


hemorragias através das técnicas de
compressão direta, elevação e
pressão sobre os pontos arteriais.
Segundo as mais recentes
orientações, devemos ressaltar que o
torniquete é uma técnica em abandono e os socorristas devem ser
desencorajados ao seu uso. Infelizmente, essa técnica ainda está muito
firmemente arraigada a cultura brasileira. No entanto, tal utilização é tão
excepcional e seus riscos tamanhos, que o ensino dessa manobra deve ser
eliminado. A não utilização da técnica do torniquete pode ser explicada através
de uma comparação simples, imaginemos que um jardineiro deseje regar umas
flores e para isso utilize uma mangueira de jardim. No momento em que vai
molhar as flores, a mangueira por qualquer motivo, se rompe e a água começa
a escapar pelo furo e a faltar na ponta da mangueira, impedindo o jardineiro de
continuar sua tarefa de molhar as flores. Caso o jardineiro pressione a
mangueira antes do furo, a água para de escapar, mas também não sai pelo
bico da torneira na ponta da mangueira. Se o jardineiro pressiona depois do
furo, o vazamento acaba aumentando. Então, o jardineiro resolve pressionar
diretamente sobre o furo e resolve a situação, pois além de evitar o vazamento,
a água volta a sair livremente na ponta da mangueira e ele pode regar as
plantas sem problema. É isso aí, agora é só pensar que a mangueira é um
vaso sanguíneo, a água é o sangue, o furo é um ferimento e as flores
representam uma parte do corpo que necessita do sangue para viver (receber
oxigênio, alimentos e eliminar resíduos). O emprego do torniquete, apesar de
fazer cessar o sangramento, impede a circulação na parte mais distal da
extremidade onde é aplicado e também possibilita o acúmulo de toxinas nessa
região, por esse motivo, NÃO deve ser utilizado. Nos casos graves, sugerimos
o emprego das três técnicas anteriores (compressão direta, elevação e
compressão sobre as principais artérias) combinadas.

Lembre-se que os pulsos são mais facilmente palpáveis nos locais onde
artérias calibrosas estão posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro.
Os mais comuns são:
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1. Pulso radial;

2. Pulso carotídeo;

3. Pulso braquial;

4. Pulso femoral;

5. Pulso dorsal do pé ou tibial posterior.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR:

1. Alertar o Serviço de Emergência Médica (Fone 193)

2. Controlar hemorragias externas

3. Prevenir ou tratar o choque

4. Afrouxar roupas apertadas

5. Estar preparado para o vômito

6. Não dar nada de comer ou beber

ESTADO DE CHOQUE

A função do sistema circulatório é distribuir sangue com oxigênio e nutrientes


para todas as partes do corpo. Quando isso, por qualquer motivo, deixa de
acontecer e começa a faltar oxigênio nos tecidos corporais, ocorre o que
denominamos estado de choque, ou seja, as células começam a entrar em
sofrimento e, se esta condição não for revertida, as células acabam morrendo.

Podemos definir o choque como um quadro grave, que pode ocorrer de forma
rápida ou desenvolver-se lentamente. O choque hipovolêmico caracteriza-se
por uma reação do corpo em resposta ao colapso no sistema circulatório, o
qual não consegue mais prover sangue de forma adequada para todos os
órgãos vitais do corpo. É a diminuição da perfusão (fluxo constante de sangue
nos vasos capilares) ou o estado de hipoperfusão.

Quando o corpo de uma pessoa sofre uma ferimento (trauma) ou apresenta


uma enfermidade, ele imediatamente reage, tentando corrigir os efeitos do
dano. Se o problema é severo, uma das reações é o choque, portanto, o
choque indica a existência de um problema no sistema circulatório, o qual
geralmente está relacionado com uma das seguintes causas:
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Coração: Se o coração por algum motivo deixa de bombear sangue


adequadamente, ou se para de funcionar (parada cardíaca), o choque
aparecerá de imediato.

Vasos sanguíneos: O sistema circulatório deve obrigatoriamente ser um


sistema fechado. Se os vasos (artérias, veias ou capilares) forem lesados e
perderem muito sangue, o paciente entrará em choque.

Volume de sangue circulante: Se houver uma diminuição no volume de


sangue circulante ou se os vasos sanguíneos por algum motivo dilatarem
(aumentarem seu diâmetro) impedindo que o sistema permaneça corretamente
preenchido, o choque novamente aparecerá.
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Em todos os casos, os resultados do choque são exatamente os mesmos.


Existe circulação insuficiente de sangue através dos tecidos para fornecer
nutrientes e oxigênio necessários a eles. Todos os processos corporais
normais ficam afetados. Quando uma pessoa está em choque, suas funções
vitais diminuem e se as condições que causam o choque não forem
interrompidas e revertidas imediatamente, logo ocorrerá a morte. Muita
atenção, a identificação e o tratamento do choque não podem demorar, porque
o problema piora com o passar do tempo. Recorde que o choque é uma reação
corporal à perda sanguínea e essa tentativa de resolução do problema
circulatório pode piorar a situação, aumentando a instabilidade do paciente.
Explicando melhor, se existe um sangramento, o coração aumenta a frequência
dos batimentos cardíacos, tentando fazer o sangue circular por todas as áreas
vitais do corpo. Com isso, aumenta também a hemorragia e mais sangue é
perdido. A resposta imediata do corpo para este problema é tentar fazer
circular mais sangue, aumentando ainda mais os batimentos cardíacos. Todo
este processo se não tratado imediatamente vai agravando-se e gera uma
diminuição da pressão arterial, posteriormente uma falha na circulação, falha
no coração e, finalmente, uma parada cardíaca e a morte do paciente.

O passo inicial no tratamento do estado de choque é reconhecer a sua


presença. A vítima em choque, geralmente apresenta, pulso acelerado,
respiração rápida e superficial, palidez da pele, agitação, sede, pele fria e
úmida, náusea, pressão arterial abaixo do limite de normalidade e perda de
consciência.

O choque hipovolêmico pode ser classificado de várias formas porque existem


mais de uma causa para ele. O socorrista não necessita conhecer todas essas
formas de choque, no entanto, é fundamental que ele entenda de que forma os
pacientes podem desenvolver o choque hipovolêmico. Uma vítima com choque
hipovolêmico pode ter:

Choque hemorrágico: é o choque por hemorragia, ou seja, aquele choque


causado pela perda de sangue e/ou pela perda plasma como nos casos de
pacientes com sangramentos graves ou queimaduras.

Choque cardiogênico: é o choque cardíaco. Esse choque é causado pela


falha do coração no bombeamento do sangue para todas as partes vitais do
corpo.

Choque neurogênico: é o choque do sistema nervoso, em outras palavras, a


vítima sofre um trauma e não consegue controlar o calibre (diâmetro) dos
vasos sanguíneos. O volume de sangue disponível é insuficiente para
preencher todo o espaço dos vasos sanguíneos.

Choque anafilático: é o choque alérgico. Desenvolve-se no caso de uma


pessoa entrar em contato com determinada substância da qual é
extremamente alérgica, por exemplo, alimentos, medicamentos, substâncias
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inaladas ou em contato com a pele. O choque anafilático é o resultado de uma


reação alérgica severa e que ameaça a vida.

Choque metabólico: é o choque da perda de fluídos corporais. Esse choque é


observado nos casos de vômito e diarreia mais graves.

Choque psicogênico: é o choque do desfalecimento. Ocorre quando por


algum fator, como por exemplo um forte estresse ou medo, produz no sistema
nervoso uma reação e, consequentemente, uma vasodilatação. O paciente
sofre uma perda temporária da consciência, provocada pela redução do
sangue circulante no cérebro. Também chamado de desmaio, o choque
psicogênico1 é uma forma de autoproteção utilizada para evitar um choque
hipovolêmico mais grave.

Choque séptico: é o choque da infecção. Microrganismos lançam substâncias


prejudiciais que provocam uma dilatação dos vasos sanguíneos. O volume de
sangue torna-se insuficiente para preencher o sistema circulatório dilatado2.

Choque respiratório: é o choque dos pulmões. Este choque é causado pela


baixa concentração de oxigênio no sangue e ocorre devido a uma falha no
processo respiratório, no entanto, desde que o sistema circulatório esteja
bombeando sangue para todos os órgãos vitais, ou seja, desde que exista uma
boa perfusão, não podemos considerar esta como uma forma verdadeira de
choque.

O choque que se segue a um acidente traumático, é frequentemente resultante


de perda sanguínea.

Existem diferentes tipos de choque, no entanto, no atendimento pré-hospitalar


o socorro é sempre idêntico. Depois de identificado o estado de choque,
posicione a vítima deitada e desobstrua sua vias aéreas (fazer isto antes de
qualquer outra manobra de socorro). Em seguida, você deve elevar as pernas
da vítima cerca de 20 a 30 centímetros (se não houver fraturas), afrouxar suas
roupas e impedir a perda de calor corporal, colocando cobertas ou agasalhos
sobre a vítima. Promova suporte emocional mantendo um atendimento
constante e tranquilizando a vítima. Controle todos os sangramentos evidentes
por compressão e não dê alimentos ou líquidos para a vítima. Transporte-a
para um hospital ou solicite socorro especializado para tal.

CHOQUE ANAFILÁTICO

O socorrista deverá estar preparado para identificar e socorrer vítimas de


choque anafilático. Este tipo de choque pode ser definido como uma forte
reação alérgica, potencialmente fatal, que poderá ocorrer em pessoas mais
sensíveis, após a ingestão de certos alimentos, a injeção de medicamentos
específicos ou a picada de alguns insetos.
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Essa reação violenta faz com que certas substâncias sejam liberadas na
corrente sanguínea da vítima, produzindo uma dilatação nas veias e uma
obstrução respiratória na altura do pescoço que poderá produzir asfixia.

Além dos sinais e sintomas característicos do choque, nesses casos o


socorrista poderá identificar também: ansiedade, erupções avermelhadas e
generalizadas na pele, inchaço na região do rosto e pescoço, edema ao redor
dos olhos e respiração bastante deficiente com dor no peito e presença de
chiado.

Nesses casos, o socorrista deverá tratar o choque providenciando uma


remoção urgente para o ambiente hospitalar, pois a vítima necessita de
medidas de suporte avançado de vida.

FERIMENTOS

Qualquer rompimento anormal da pele ou superfície do corpo é chamado de


ferimento. A maioria dessas lesões compromete os tecidos moles, a pele e os
músculos. As feridas podem ser abertas ou fechadas. A ferida aberta é aquela
na qual existe uma perda de continuidade da superfície cutânea. Na ferida
fechada, a lesão do tecido mole ocorre abaixo da pele, porém não existe perda
da continuidade na superfície.

Todos os ferimentos logo que ocorrem, causam dor, produzem sangramentos e


podem causar infecções.

As roupas sobre um ferimento deverão ser sempre removidas para que o


socorrista possa melhor visualizar a área lesada. Remova-as com um mínimo
de movimento. É melhor cortá-las do que tentar removê-las inteiras, porque a
mobilização poderá ser muito dolorosa e causar lesão e contaminação dos
tecidos.

O socorrista não deverá tocar no ferimento, caso a ferida estiver suja, ou ainda,
se for provocada por um objeto sujo, deverá ser limpa com o uso de água e
sabão. Diminua a probabilidade de contaminação de uma ferida, utilizando
materiais limpos e esterilizados para fazer o curativo inicial. Todos os
ferimentos devem ser cobertos por uma compressa (curativo universal),
preparada com um pedaço de pano bem limpo ou gaze esterilizada. Esta
compressa dever ser posicionada sobre a ferida e fixada firmemente com uma
atadura ou bandagem. Antes de utilizar uma bandagem, o socorrista deverá
proteger o ferimento com compressas limpas e de tamanho adequado. Deixe
sempre as extremidades descobertas para observar a circulação e evite o uso
de bandagens muito apertadas que dificultam a circulação sanguínea, ou
ainda, as muito frouxas, pois soltam.

Não devemos remover corpos estranhos (facas, lascas de madeira, pedaços


de vidro ou ferragens) que estejam fixados em ferimentos. As tentativas de
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remoção do corpo estranho (objeto empalado) podem causar hemorragia grave


ou lesar ainda mais nervos e músculos próximos a ele. Controle as
hemorragias por compressão e use curativos volumosos para estabilizar o
objeto cravado. Aplique ataduras ao redor do objeto, a fim de estabiliza-lo e
manter a compressão, enquanto a vítima é transportada para o hospital, onde o
objeto será removido.

Se o ferimento provocar uma ferida aberta no tórax da vítima (ferida aspirante)


e, for possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício, o socorrista deverá
imediatamente providenciar seu tamponamento, para tal, deverá usar
simplesmente a mão (protegida por uma luva descartável) sobre a ferida ou
fazer um curativo oclusivo com material plástico ou papel alumínio (curativo de
três pontas). Após fechar o ferimento no tórax, conduza a vítima com urgência
para um hospital.

Se o ferimento for na região abdominal da vítima e houver a saída de órgãos


(evisceração abdominal), o socorrista deverá cobrir as vísceras com um
curativo úmido e não tentar recolocá-las para dentro do abdome. Fixe o
curativo com esparadrapo ou uma atadura não muito apertada. Em seguida,
transporte a vítima para um hospital. Não dê alimentos ou líquidos para o
vitimado.

Em alguns casos, partes do corpo da vítima poderão ser parcialmente ou


completamente amputadas. Às vezes, é possível, por meio de técnicas
microcirúrgicas, o reimplante de partes amputadas. Quanto mais cedo a vítima,
junto com sua parte amputada, chegar no hospital, melhor. Conduza a parte
amputada protegida dentro de um saco plástico com gelo moído. O frio ajudará
a preservar o membro. Não deixe a parte amputada entrar em contato direto
com o gelo. Não lave a parte amputada e não ponha algodão em nenhuma
superfície em carne viva.

Em casos de esmagamento (normalmente encontrados nos acidentes de


trânsito, acidentes de trabalho, desabamentos e colapsos estruturais), se a
vítima ficar presa por qualquer período de tempo, duas complicações muito
sérias poderão ocorrer. Primeiro, a compressão prolongada poderá causar
grandes danos nos tecidos (especialmente nos músculos). Logo que essa
pressão deixa de ser exercida, a vítima poderá desenvolver um estado de
choque, à medida que o fluido dos tecidos vá penetrando na área lesada. Em
segundo lugar, as substâncias tóxicas que se acumularam nos músculos são
liberadas e entram na circulação, podendo causar um colapso nos rins
(processo grave que poderá ser fatal).

O tratamento merecido por uma vítima com parte do corpo esmagado é o


seguinte:

 Evite puxar a vítima tentando liberá-la. Solicite socorro especializado para


proceder o resgate (emergência fone 193);
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 Controle qualquer sangramento externo;

 Imobilize qualquer suspeita de fratura;

 Trate o estado de choque e promova suporte emocional à vítima;

 Conduza a vítima com urgência para um hospital.

FRATURAS – LUXAÇÕES – ENTORSES

O esqueleto humano é a estrutura de sustentação do corpo sobre o qual se


apoiam todos os tecidos. Para que possamos nos mover, o esqueleto se
articula em vários lugares e os músculos que envolvem os ossos fazem com
que estes se movam. Esses movimentos são controlados pela vontade e
coordenados por nervos específicos.

Existem diferentes formas de lesões nessas estruturas. Os ossos podem


quebrar-se (fratura), desencaixar-se em alguma articulação (luxação) ou
ambos. Os músculos e os tendões que os ligam aos ossos podem também ser
distendidos ou rompidos.

FRATURAS

Podemos definir uma fratura como sendo a perda, total ou parcial, da


continuidade de um osso. A fratura pode ser simples (fechada) ou exposta
(aberta). Na fratura simples não há o rompimento da pele sobre a lesão e nas
expostas sim, isto é, o osso fraturado fica exposto ao meio ambiente,
possibilitando sangramentos e um aumento do risco de infecção.

No caso de fraturas, a vítima geralmente irá queixar-se de dor no local da


lesão. O socorrista poderá identificar também, deformidades, edemas,
hematomas, exposições ósseas, palidez ou cianose das extremidades e ainda,
redução de temperatura no membro fraturado. A imobilização provisória é o
socorro mais indicado no tratamento de fraturas ou suspeitas de fraturas.
Quando executada de forma adequada, a imobilização alivia a dor, diminui a
lesão tecidual, o sangramento e a possibilidade de contaminação de uma ferida
aberta.

As roupas da vítima devem ser removidas para que o socorrista possa


visualizar o local da lesão e poder avaliá-lo mais corretamente. As
extremidades devem ser “alinhadas”, sem no entanto, tentar reduzir as fraturas
expostas. Realize as imobilizações com o auxílio de talas rígidas de papelão ou
madeira, ou ainda, com outros materiais improvisados, tais como: pedaços de
madeira, réguas, etc.
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Nas fraturas expostas, antes de imobilizar o osso fraturado, o socorrista deverá


cobrir o ferimento com uma pano bem limpo ou com gaze estéril. Isto diminuirá
a possibilidade de contaminação e controlará as hemorragias que poderão
ocorrer na lesão. É importante que nas fraturas com deformidade em
articulações (ombros, joelhos, etc.), o socorrista imobilize o membro na posição
em que ele for encontrado, sem mobilizá-lo.

A automobilização é uma técnica muito simples, que consiste em fixar o


membro inferior fraturado ao membro sadio, ou o membro superior fraturado ao
tórax da vítima. É uma conduta bem aceita em situações que requeiram
improvisação. Esta técnica é também muito utilizada no atendimento de
fraturas nos dedos da mão.

Na dúvida, imobilize e trate a vítima como portadora de fratura até que se prove
o contrário. Nas fraturas associadas com sangramentos significativos, o
socorrista deverá estar preparado para atender também o choque hipovolêmico
(já estudado anteriormente).

LUXAÇÕES

A luxação é uma lesão onde as extremidades ósseas que formam uma


articulação ficam deslocadas, permanecendo desalinhadas e sem contato entre
si. O desencaixe de um osso da articulação (luxação) pode ser causado por
uma pressão intensa, que deixará o osso numa posição anormal, ou também
por uma violenta contração muscular. Com isto, poderá haver uma ruptura dos
ligamentos.

Os sinais e sintomas mais comuns de uma luxação são: dor intensa,


deformidade grosseira no local da lesão e a impossibilidade de movimentação.

Em caso de luxação, o socorrista deverá proceder como se fosse um caso de


fratura, imobilizando a região lesada, sem o uso de tração. No entanto,
devemos sempre lembrar que é bastante difícil distinguir a luxação de uma
fratura.

ENTORSES

Entorse pode ser definido como uma separação momentânea das superfícies
ósseas, ao nível da articulação. A lesão provocada pela deformação brusca,
geralmente produz o estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela.
Os músculos e os tendões podem ser estirados em excesso e rompidos por
movimentos repentinos e violentos. Uma lesão muscular poderá ocorrer por
três motivos distintos: distensão, ruptura ou contusão profunda.

O entorse manifesta-se por um dor de grande intensidade, acompanhada de


inchaço e equimose no local da articulação.
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O socorrista deve evitar a movimentação da área lesionada, pois o tratamento


do entorse, também consiste em imobilização e posterior encaminhamento
para avaliação médica.

Em resumo, o objetivo básico da imobilização provisória consiste em prevenir a


movimentação dos fragmentos ósseos fraturados ou luxados. A imobilização
diminui a dor e pode ajudar a prevenir também uma futura lesão de músculos,
nervos, vasos sanguíneos, ou ainda, da pele em decorrência da movimentação
dos fragmentos ósseos.

Se a lesão for recente, esfrie a área aplicando uma bolsa de gelo ou


compressa fria, pois isso reduzirá o inchaço, o hematoma e a dor.

TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO

Se o membro fraturado estiver dobrado, o socorrista não poderá imobilizá-lo


adequadamente. Deverá então, com muito cuidado, aplicar uma tração manual
para endireitá-lo, o que impedirá a pressão sobre os músculos, reduzindo a dor
e o sangramento que estejam ocorrendo no local da lesão.

A tração deverá ser aplicada com firmeza observando o alinhamento do osso


até que o membro fique totalmente imobilizado. Se o socorrista puxar em linha
reta, não causará nenhuma lesão. No entanto, recomenda-se não insistir na
manobra caso a vítima informar que a dor está ficando muito forte.

TRAUMAS DE CRÂNIO, TÓRAX E COLUNA

As lesões da cabeça incluem o traumatismo do couro cabeludo, do crânio e do


cérebro. Acidentes com batidas fortes na cabeça são geralmente
acompanhadas de hemorragias no cérebro, as quais, se não corrigidas de
forma urgente, podem causar lesões graves e até a morte.

O traumatismo crânio-encefálico (TCE) afeta todos os sistemas do organismo e


seus sinais e sintomas mais comuns são: os sangramentos pelo nariz, boca e
ouvidos, a perda da consciência, anormalidade no diâmetro das pupilas
(pupilas desiguais), convulsões, equimoses ao redor dos olhos e atrás dos
ouvidos, deformidades no crânio, alterações do ritmo respiratório ou até a
parada da respiração, entre outros.

Ao atender uma vítima com suspeita de TCE, o socorrista deverá presumir que
ela possua também uma lesão na coluna cervical, até se prove o contrário. O
transporte da vítima deverá ser realizado numa maca rígida, com a cabeça e o
pescoço mantidos em alinhamento com o eixo do corpo. Deveremos também
imobilizar a cabeça e o pescoço com um equipamento denominado de colar de
imobilização cervical.
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Os cuidados emergenciais necessários para atendimento de uma vítima com


lesões cranianas ou encefálicas são os seguintes:

 Mantenha as vias respiratórias sempre permeáveis (abertas);

 Controle as hemorragias externas por compressão;

 Avalie as lesões associadas na coluna cervical;

 Imobilize e transporte para um hospital com constante observação dos sinais


vitais.

Durante o transporte para o hospital, posicione a vítima de TCE deitada com a


cabeça levemente elevada (quando a lesão é isolada). Se houver lesão
associada na coluna cervical, mantenha-a deitada na maca rígida e eleve o
cabeceira da maca, sem movimentar a região do pescoço.

Se a vítima apresentar hemorragia, deverá ser transportada em decúbito lateral


ou seja, deitada sobre a lateral do corpo (para evitar a aspiração de vômito ou
a obstrução das vias aéreas com sangue).

Existe também o grave problema das lesões na coluna, muito comuns nos
acidentes por desaceleração. Estas vítimas, se atendidas de forma inadequada
ou por pessoa leiga que não possua os conhecimentos das técnicas de socorro
e imobilização, poderão ter suas lesões agravadas ou o comprometimento
neurológico definitivo da região atingida.

O tratamento imediato, logo após o acidente é essencial porque a manipulação


imprópria pode causar dano maior e perda da função neurológica. Qualquer
vítima de acidente de trânsito, queda de nível ou qualquer outro traumatismo
na região craniana ou cervical, deverá ser considerada portadora de uma lesão
na coluna vertebral, até que tal possibilidade seja afastada.

Os sinais e sintomas mais comuns de lesão na coluna incluem: dor regional, a


incapacidade de movimentar-se, a perda da sensibilidade tátil nos membros
superiores e inferiores, a sensação de formigamento nos membros,
deformidade na coluna, entre outros.

Vítimas conscientes devem ser orientadas para não movimentarem a cabeça.


Antes de remover a vítima, o socorrista deverá imobilizar a coluna usando um
colar cervical e uma tábua de suporte (maca rígida). Pelo menos três
socorristas devem cuidadosamente posicionar a vítima na maca rígida, usando
a técnica do rolamento em monobloco. Um socorrista (líder) deve assumir o
controle da cabeça da vítima para evitar movimentos de flexão, rotação ou
extensão, para tal, deve posicionar as mãos em ambos os lados da cabeça da
vítima, mantendo constante alinhamento e leve tração.
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QUEIMADURAS

A queimadura pode ser definida como uma lesão produzida no tecido de


revestimento do organismo por agentes térmicos, produtos químicos,
eletricidade, radiação, etc.

A pele possui várias funções. Serve para isolar o organismo, protegê-lo da


invasão bacteriana, controlar sua temperatura, reter os líquidos e fornecer ao
indivíduo informações sobre o ambiente externo. Qualquer lesão desta
superfície de revestimento permite uma interrupção destes mecanismos e tem
significado grave.

De acordo com a profundidade, as queimaduras classificam-se em diferentes


graus:

Primeiro grau: atinge somente a epiderme, caracteriza-se por dor e


vermelhidão.

Segundo grau: atinge a epiderme e a derme, caracteriza-se por muita dor,


vermelhidão e formação de bolhas de água abaixo da pele.

Terceiro grau: atinge todas as camadas de revestimento da pele, caracteriza-se


por pouca dor (devido à destruição das terminações nervosas da
sensibilidade), pele dura e seca, escurecida ou esbranquiçada, ladeada por
áreas de eritema.

As queimaduras podem lesar a pele, os músculos, os vasos sanguíneos, os


nervos e os ossos. Além dos danos físicos e da dor, as vítimas de queimaduras
maiores sofrem social e emocionalmente.

A pele é basicamente uma estrutura de duas camadas, consistindo em uma


epiderme externa e uma derme interna. Abaixo da derme está o tecido celular
subcutâneo, abaixo do qual se encontram os músculos e os ossos.

A pele possui várias funções. Serve para isolar o organismo, protegê-lo da


invasão bacteriana, controlar sua temperatura, reter os líquidos e fornecer ao
indivíduo informações sobre o ambiente externo. Qualquer lesão desta
superfície de revestimento permite uma interrupção destes mecanismos e tem
significado grave.

De acordo com a profundidade, as queimaduras classificam-se em diferentes


graus:

Primeiro grau: atinge somente a epiderme, caracteriza-se por dor e


vermelhidão.
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Segundo grau: atinge a epiderme e a derme, caracteriza-se por muita dor,


vermelhidão e formação de bolhas de água abaixo da pele.

Terceiro grau: atinge todas as camadas de revestimento da pele, caracteriza-se


por pouca dor (devido à destruição das terminações nervosas da
sensibilidade), pele dura e seca, escurecida ou esbranquiçada, ladeada por
áreas de eritema.

O socorrista deverá analisar o percentual da área corporal lesada utilizando o


método da Regra dos Nove, que permite estimular a superfície corporal total
queimada (SCTQ), de acordo com sua extensão.

O tipo mais comum de queimadura é a térmica. Ao prestar os primeiros


socorros a um queimado, que esteja com suas roupas em chamas, o socorrista
deve orientá-lo para que pare, deite e role no chão. Utilize para abafar o fogo,
um cobertor ou toalha molhada. Extinto o fogo, corte e retire as roupas que não
estiverem aderidas a pele da vítima. Para avaliar a dor e evitar o agravamento
da área lesada, o socorrista deve resfriar a parte queimada com água limpa ou,
se possível, imergi-la em água corrente até cessar a dor.

Se a queimadura for produzida por produtos químicos, retire imediatamente as


roupas impregnadas pela substância, tomando o cuidado de proteger-se para
não se queimar. Depois lave bem a região atingida com água, para neutralizar
os efeitos corrosivos e irritantes do produto químico (no mínimo 15 minutos).

Todo ferimento causado por queimadura é muito vulnerável à infecção e, por


isso, deve ser coberto com um curativo limpo e estéril. Além da dor intensa, as
queimaduras podem causar infecção e o estado de choque pela constante
perda de líquidos corporais. Se a vítima sentir sede, o socorrista pode dar-lhe
toda a água que desejar beber, porém, lentamente. Se a vítima estiver
inconsciente, o socorrista não deverá dar-lhe água.

É absolutamente contra indicado a aplicação sobre queimadura de qualquer


substância (pomadas, cremes) que não seja água ou curativo estéril.

Em resumo, ao prestar socorro para vítimas com queimaduras, o socorrista não


deve furar bolhas, não deve retirar roupas queimadas presas a pele, nem
submeter a ação de água uma queimadura com bolhas rompidas ou área onde
não há pele. Nestes casos apenas cubra a área lesada com um pano bem
limpo e transporte a vítima para um hospitalar para receber atendimento
adequado.

Nas queimaduras elétricas, em primeiro lugar verifique se a vítima continua


respirando. Caso houver parada respiratória e/ou cardíaca, proceda o socorro
com as manobras de ressuscitação. Muito cuidado, nos acidentes elétricos,
onde a vítima pode ficar presa ao condutor energizado, ou ainda, ser
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arremessada violentamente para longe. O socorrista deve afastar a vítima do


contato com a corrente elétrica utilizando-se dos seguintes recursos:

 Desligando o interruptor ou a chave elétrica;

 Removendo o fio ou condutor elétrico com auxílio de qualquer material isolante


(cabo de vassoura, tapete de borracha, etc.).

O socorrista deve pesquisar por mais de um ferimento (ponto de entrada e


ponto de saída da eletricidade) em toda vítima de queimadura elétrica. Tais
acidentados devem ser sempre conduzidos para avaliação médica.

REGRA DOS NOVE

ÁREA
PERCENTUAL
CORPORAL

ADULTO CRIANÇA

Cabeça e pescoço 9% 18%

Membros superiores9% 9%

Tronco anterior 18% 18%

Tronco posterior 18% 18%

Genitais 1% -

Membros inferiores 18% 14%

INTOXICAÇÕES

Tóxicos (venenos) são substâncias que, quando em contato com o organismo,


causam transtornos que perturbam e lesam a saúde, podendo chegar a ser
fatais.

Os venenos poderão ser ingeridos, inalados, absorvidos pela pele ou injetados.


Quando penetram no corpo, as toxinas passam para a corrente sanguínea e
para todos os tecidos.

As toxinas que mais comumente causam acidentes são: os medicamentos, os


produtos de limpeza, os alimentos deteriorados, os raticidas, os inseticidas, os
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entorpecentes em geral, a fumaça de incêndios e os venenos de animais


peçonhentos.

As características do envenenamento variam, dependendo do tipo de veneno,


da forma como penetrou no organismo e, da quantidade consumida. A vítima,
quando consciente, ou uma testemunha poderão informar o socorrista sobre a
ocorrência. Se ela estiver inconsciente, características externas (cheiro de gás
ou recipientes suspeitos) lhe darão os indícios necessários. O atendimento
médico é sempre aconselhável nesses casos.

Embora possa ser fatal, a maioria dos casos de intoxicação poderá ser tratada
com sucesso. Os sinais e sintomas mais comuns de envenenamentos são:
alterações do hálito, dor abdominal intensa, mudança da cor dos lábios e
língua, náuseas e vômitos, dores de cabeça e perda da consciência, entre
outros.

Em caso de envenenamento por inalação (fumaças e gases tóxicos), o


socorrista deverá retirar a vítima para um local seguro e arejado, desobstruir
suas vias respiratórias e verificar se há necessidade de manobras de
ressuscitação (em caso de parada respiratória e/ou parada cardíaca).

Se o veneno foi ingerido (medicamentos, alimentos deteriorados), o socorrista


deve prestar os primeiros socorros provocando o vômito dos produtos
ingeridos. Faça a vítima beber água morna (3 ou 4 copos) e em seguida, toque
sua garganta, a fim de despertar o reflexo do vômito. Não induza ao vômito
vítimas que sofreram envenenamentos provocados pela ingestão de
substâncias corrosivas ou irritantes (ácidos, soda cáustica, água sanitária, etc.)
ou ainda, vítimas inconscientes (desacordadas) ou em convulsão. Apesar de
em muitos casos ser possível a indução ao vômito, o socorrista deverá estar
alerta, pois a vítima correrá sempre o risco de aspirar conteúdos gástricos. Na
dúvida, não tente provocar o vômito.

Vestes impregnadas de substâncias venenosas ou corrosivas devem ser


retiradas e, neste caso, o socorrista deverá lavar o local atingido com bastante
água corrente para neutralizar a ação da substância perigosa (use sempre
EPIs).

ACIDENTES OFÍDICOS

Os acidentes ofídicos têm grande importância médica em nossa região em


virtude de sua grande frequência e gravidade.

O uso de botas de cano alto ou perneiras de couro, botinas e sapatos poderá


evitar cerca de 80% dos acidentes. Hoje é sabido que onde há ratos há cobras,
portanto, poderemos prevenir acidentes limpando paióis e terreiros e, não
deixando o lixo se acumular.
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Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao


mexer em pilhas de lenhas, acúmulos de lixo, pedras, tijolos ou telhas.

Em acidentes onde a vítima for picada por cobras, o socorrista deverá:

 Remover a vítima do local do acidente e deitá-la, mantendo-a em repouso


absoluto;

 Lavar o local da picada com água e sabão;

 Não amarrar ou fazer torniquete/garrote;

 Não fazer curativo ou qualquer tipo de tratamento caseiro;

 Não cortar ao redor ou furar no local da picada;

 Não dar nada para a vítima beber ou comer;

 Transportá-la imediatamente para o serviço médico mais próximo para receber


soro;

 Se possível, levar o animal para identificação.

Somente o soro cura o envenenamento provocado por picada de cobra,


quando aplicado de acordo com as seguintes normas: soro específico, dentro
do menor tempo possível e em quantidade suficiente.

Em acidentes com escorpiões e aranhas, o socorrista deverá:

 Lavar o local da picada;

 Usar compressas mornas para aliviar a dor;

 Procurar o serviço médico mais próximo; e

 Se possível, levar o animal para identificação.

Nos acidentes causados por múltiplas picadas de abelhas ou vespas, conduza


a vítima rapidamente para um hospital. Se possível, leve alguns dos insetos
que provocaram o acidente. A remoção dos ferrões poderá ser feita raspando-
se com lâminas, evitando-se no entanto, retirá-los com pinças, pois as mesmas
provocam a compressão dos reservatórios de veneno, o que resulta na
inoculação do veneno ainda existente no ferrão.
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Nos acidentes humanos provocados por peixes marinhos ou fluviais,


denominados de ictismo (ingestão de peixes venenosos, mordeduras ou
ferroadas), o socorrista deverá socorrer a vítima lavando o local atingido com
água limpa e, em seguida, imergindo a parte ferida em água quente (até 45
graus) ou colocando compressas quentes sobre o ferimento por 30 a 60
minutos. Esse procedimento irá diminuir a dor e neutralizar o veneno que é
termo lábil. No caso de ingestão de peixes tóxicos, conduza a vítima para
receber atendimento médico.

Nos acidentes provocados por caravelas e medusas, também conhecidas pelo


nome de águas-vivas, o tratamento consistirá da retirada dos tentáculos
aderidos. Não deverá ser usada água doce para lavar o local, nem tampouco
se recomenda a esfregação com panos secos. Os tentáculos deverão ser
retirados com uma pinça ou com o bordo de uma faca. O local atingido deverá
ser lavado com água do mar. A aplicação de ácido acético (vinagre comum)
sobre o local inativa o veneno. Os nematocistos (minúsculos corpos ovais
capazes de injetar veneno por um micro aguilhão) remanescentes poderão ser
retirados aplicando uma pasta de bicarbonato de sódio, talco e água do mar.
Após deixar secar, retire a pasta com o bordo de uma faca através de
raspagem. Bolsas de gelo sobre o local também aliviam a dor.

1 Essa é uma forma mais leve de choque que não deve ser confundida com o
choque neurogênico.

2 O choque séptico ocorre geralmente no ambiente hospitalar e, portanto, é


pouco observado pelos profissionais socorristas que atuam no ambiente pré-
hospitalar.
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