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NEOPLASIAS BENIGNAS DO ÚTERO E OVARIO

1.COMPREENDER AS PRINCIPAIS NEOPLASIAS BENIGNAS DO OVÁRIO


Representa cerca de 3 % dos canceres em mulheres e é a 5° maior causa
de morte feminina nos EUA.

• Cerca de 80% dos tumores ovarianos são benignos entre jovens de 20 a


45 anos.

• Os tumores malignos são mais comuns em mulheres com 45 a 65 anos.

• A maioria dos canceres ovarianos não produzem hormônios ou


provocam alterações metabólicas e, portanto, são diagnosticados
somente após sua disseminação já que sua clínica só aparece após
estágios avançados.

• Quadro clínico: Dor, Distensão Abdominal, Sangramento Vaginal,


Compressão do TGI ou do Sistema Urinário.

• Os tumores ovarianos são divididos em três grupos e distinguem-se pela


origem do tipo celular, podendo ser de células epiteliais, estromais ou
germinativas.

• Dentre esses grupos, os tumores de células epiteliais são os mais


frequentes, sendo compostos por três tipos celulares serosos, mucinosos
e endometrioses.

TUMORES OVARIANOS BENIGNOS TUMORES EPITELIAIS

• A incidência dos tumores epiteliais prevalece dos 20 aos 40 anos de


idade, representando 65% de todas as neoplasias ovarianas.
• São lesões arredondadas ou ovoides, com limites bem definidos e
conteúdo frequentemente anecoico, com reforço sônico posterior.

• Representam a maioria dos tumores ovarianos e, dentre eles,


excetuando-se as alterações funcionais (cisto folicular; corpo lúteo e cistos
tecaluteínicos), destacam-se os cistoadenomas.

• Originam-se de células do próprio ovário: Serosos e Mucinosos.


CISTOADENOMA SEROSO

• O cistoadenoma seroso, um subtipo de tumor epitelial ovariano.

• Representam cerca de 30% dos tumores ovarianos.

• Estas neoplasias incluem os canceres de ovário mais comuns (40%).

• São tumores originados de neoplasias com características de epitélio


tubário (revestidos por células colunares ciliadas).

• 70% são benignos ou limítrofes em mulheres entre 20 a 45 anos.

• São formações císticas preenchidas por fluido seroso.

• É mais comum do que o mucinoso e, em geral, não adquire grandes


volumes. Aspecto ecográfico característico é a presença de projeções
papilares para dentro da luz

• Os tumores serosos apresentam-se macroscopicamente como cistos


cuja complexidade tende a aumentar com o grau de malignidade.

• Em outras vezes são observadas pequenas lesões sólidas em suas


paredes em razão da fibrose. Esses cistos são, por vezes, confundidos com
cistos de paraovário, endometriomas e hidrossalpinge.

• Aspecto da cápsula: Unilocular com ou sem papila.


• Aspecto do conteúdo: Claro “água de rocha” ou castanho.
CISTOADENOMA MUCINOSO

• Podem alcançar grandes volumes, são redondos ou ovoides, de paredes


finas e regulares, não aderidos, e seu conteúdo é anecoico ou finamente
denso.

• Geralmente, apresentam septos tênues múltiplos ou isolados, dividindo


a cavidade em duas ou mais lojas.

• São tumores menos comuns do que os serosos e apresentam 5% de


bilateralidade.

• Correspondem a 30% dos tumores epiteliais ovarianos.

• 80% são benignos ou limítrofes e 15% apresentam malignidade


avançada. • Raramente apresentam papilas.

• Cerca de 5 a 10% dos tumores ovarianos mucinosos são malignos.

• Do ponto de vista histológico, pode ser difícil distingui-los dos cânceres


gastrintestinais metastáticos.

• Em geral, os tumores mucinosos benignos têm superfície lisa e lobulada,


são multiloculares e podem ser bilaterais em até 10% dos casos.

• Os tumores mucinosos caracterizam-se pelo seu grande volume e


multiloculação.

• Aspecto da cápsula: Grande, os maiores, uni ou multiloculados.

• Aspecto do conteúdo: Viscoso ou castanho.

TUMORES ENDOMETRIÓIDES
• São tumores raros e apresentam diferenciação pera epitélio
endometrial. • Podem ser concomitantes a Carcinomas Endometriais
(30%). • Geralmente são provenientes de focos de Endometriose.

• As formas benignas e limítrofes são raras.

• Carcinoma Endometrióide: são mais raros que os tumores serosos e


mucinosos.

QUADRO CLÍNICO

• Os cistos ovarianos, na maioria dos casos são assintomáticos, porém, nas


fases iniciais a paciente pode apresentar sintomas gerais como náuseas,
dispepsia e desconforto abdominal.

• Quando volumosos, podem gerar constipação intestinal ou retenção


urinária.

• Também pode apresentar sintomas resultantes do efeito de massa,


como compressão vesical, que resulta na polaciúria, ou compressão retal.

• A dor abdominal intensa é a manifestação clínica mais frequente, na


qual muitas vezes pode simular um abdome agudo inflamatório, sendo a
apendicite o diagnóstico diferencial mais comum em cistos de pequeno
tamanho.

DIAGNÓSTICO

• O diagnóstico é baseado na confirmação da origem do tumor, bem como


na exclusão da sua malignidade.

• É realizado por meio do exame físico detalhado com o auxílio de exames


de imagem, tais como ultrassonografia com estudo Doppler, tomografia
computadorizada ou RM para conhecer a extensão e características da
massa tumoral.

• Além disso, o marcador tumoral sérico CA 125 pode ajudar na definição


da origem e possível malignidade.

TRATAMENTO

• O tratamento cirúrgico está indicado na suspeita de câncer de ovário,


nas urgências ginecológicas, nos cistos maiores que 6cm e nos cistos
sintomáticos, sendo o último a indicação mais frequente.

• Pode ser realizado por laparoscopia ou laparotomia exploradora, fato


que depende da experiência do cirurgião

• No geral: o Observação dos cistos selecionados o Às vezes, cirurgia


(cistectomia ou ooforectomia)

• Muitos cistos funcionais < 5 cm desaparecem sem tratamento; faz-se


ultrassonografia seriada para documentar seu desaparecimento.

• Se as mulheres assintomáticas em idade reprodutiva têm massas


anexiais císticas simples na parede fina de 5 a 8 cm (em geral, foliculares)
sem características de câncer, o tratamento expectante com
ultrassonografia repetida é apropriado.

• Tumores benignos exigem tratamento.

• Massas com características radiográficas de câncer são excisadas por


laparoscopia ou laparotomia.

• Se tecnicamente viável, os cirurgiões visam preservar os ovários (p. ex.,


por cistectomia)

Fatores de riscos :
• Idade • Hormônios endógenos • História familiar • Etnia • Peso • Dieta • Exercícios •
Contraceptivos orais • Terapias de reposição hormonal • Tabagismo • Paridade

• A frequência dos tumores epiteliais benigna

2.ENTENDER OS LEOMIOMA UTERINOS


O leiomioma uterino é uma neoplasia benigna originária de células
musculares lisas do miométrio cujo desenvolvimento depende da
interação de hormônios esteroides, fatores de crescimento, citocinas e
mutações somáticas.

o Os miomas são tumores monoclonais benignos das células musculares


lisas do miométrio e contêm grandes agregados de matriz extracelular
constituídos de colágeno, elastina, fibronectina e proteoglicanos.

• Miomas ocorrem em cerca de 70% das mulheres aos 45 anos de idade,


mas nem sempre causam sintomas.

o Os termos mioma, leiomioma e fibroma são sinônimos para o tumor


benigno mais comum na mulher.

Alguns pesquisadores consideram o termo fibroma indevido, pois apenas


a sua aparência é fibrótica, mas não a sua formação, que é à base de
colágenos.

ETIOLOGIA

• As causas dos leiomiomas são desconhecidas, mas nos últimos anos


houve avanços no entendimento de suas relações hormonais, fatores
genéticos e da biologia molecular.
• Os fatores relacionados com o desencadeamento inicial nas alterações
genéticas das células encontradas nos miomas podem estar associados a:

o mudanças intrínsecas do miométrio, níveis elevados de receptores de


estrógeno de modo congênito no miométrio, distúrbios hormonais
diversos ou uma resposta a lesões isquêmicas causadas pelas
menstruações durante a vida reprodutiva da mulher.

• A evidência de o mioma ser hormônio-dependente é o seu crescimento


diante da presença de estrógeno e progestógeno, assim como sua
redução de volume no período pós-menopausa e/ou sob uso de
terapêutica medicamentosa inibidora.

o Isso também acontece no período gravídico ou mesmo após terapia


hormonal.

• Embora haja sensibilidade hormonal exógena ou endógena, há


heterogeneidade na resposta clínica entre os vários nódulos de um
mesmo útero sob tratamento medicamentoso, explicitando a
individualidade bioquímica e histológica dos tumores.

• O crescimento se dá não apenas por hiperplasia e hipertrofia, mas


também pela deposição da matriz extracelular (composta por colágeno,
proteoglicanos e fibronectinas) e aumento da atividade mitótica, esses
últimos associados a fatores de crescimento (como fator de crescimento
insulina-símile, fator de crescimento transformador beta, interleucinas e
interferonas) aumentados nos leiomiomas e cuja expressão pode variar de
acordo com o ciclo menstrual.

• Cerca de 40% dos tumores exibem, ainda, anormalidade citogenética e


variações na mesma matriz uterina, apesar de a mutação primária
permanecer desconhecida, sendo as mutações mais conhecidas aquelas
nos cromossomos 6, 7, 12 e 14.

TIPOS

• Todos os miomas nascem das células do miométrio.

• Os miócitos são inicialmente intramurais, isto é, têm todo o seu


conteúdo no miométrio e podem se localizar em qualquer parte do útero,
sendo classificados de acordo com essa localização em intramurais,
submucosos e subserosos.

MIOMAS INTRAMURAIS

• Os miomas intramurais são aqueles que nascem no miométrio e


permanecem nele, com dimensões de até 3,5 cm, espessura máxima da
parede uterina normal.

• Crescem na parede do útero. Quando grandes, podem distorcer a


parede externa e/ou a parede interna.

MIOMAS SUBMUCOSOS

• Os submucosos desenvolvem-se no miométrio próximo ao endométrio,


projetando

• Crescem sob o revestimento do útero – abaixo do miométrio, a camada


que recobre a parede interior do útero; este mioma se estende para
dentro da cavidade uterina, podendo, quando grande, ocupar boa parte
da mesma.

• Menos comum. MIOMAS SUBSEROSOS

• Os subserosos, oriundos do miométrio adjacente à serosa, tendem a ser


exofíticos, chegando a atingir grandes dimensões sem causar queixas.
• Crescem sob a superfície externa do útero – abaixo da serosa, a camada
que recobre a parte externa do útero. Estes miomas dão ao útero uma
aparência nodular.

• Tipo mais comum. MIOMAS PEDICULADO

• Raramente, tornam-se pediculados, podendo prolapsar-se


transverviticalmente, o denominado mioma parido.

• Crescem em um pedúnculo – são tumores que crescem e acabam se


destacando do útero, ficando presos por um fino cordão.

o Este mioma pode crescer para dentro da cavidade uterina ou para fora
do útero. Quando os miomas são numerosos, o útero apresenta-se
aumentado de tamanho, com superfície irregular e aspecto nodular,
constituindo a chamada miomatose uterina.

QUADRO CLÍNICO

À medida que desenvolvem podem apresentar:

• Menstruação irregular de forte intensidade por períodos mais


prolongados podendo até levar quadros de anemia;

o Os miomas podem causar sangramento uterino anormal (p. ex.,


menorragia ou menometrorragia)

O sangramento da submucosa pode ser grave o suficiente para causar


anemia.

• Sangramentos fora de época (entre os períodos menstruais);

• Dores abdominais, pélvicas, cólicas.


o Se os miomas crescerem e se degenerarem ou se os miomas
pediculados sofrerem torção, pode ocorrer pressão ou forte dor aguda ou
crônica.

• Os sintomas urinários (p. ex., aumento da frequência ou urgência


urinária) podem resultar da compressão da bexiga e os sintomas
intestinais (p. ex., constipação intestinal) podem resultar da compressão
do intestino.

• Miomas podem aumentar o risco de infertilidade.

• Durante a gestação, podem causar abortamentos recorrentes,


contrações prematuras, posicionamento fetal anormal, ou tornar
necessária a cesariana.

• Miomas também podem causar hemorragia pós-parto

DIAGNÓSTICO

• Exame de imagem (ultrassonografia com infusão de soro fisiológico ou


RM)

• Presume-se o diagnóstico de miomas uterinos se o exame pélvico


bimanual detectar útero aumentado, móvel e irregular que é palpável.

No entanto, um diagnóstico definido de mioma submucoso geralmente


requer US com infusão de solução salina, histeroscopia ou RM.

• A confirmação requer exames de imagem, que geralmente são


indicados se:

o Os miomas são um novo achado.

o O tamanho deles aumentou.


o Causam sintomas.

o Precisam ser diferenciados de outras anormalidades (p. ex., massas


ovarianas).

• Quando testes de imagem são indicados, ultrassonografia (geralmente


transvaginal) ou sonografia com injeção de soro fisiológico
(sonohisterografia) é tipicamente feita.

• Na sonografia com infusão de soro fisiológico, o soro fisiológico é


instilado no interior do útero, possibilitando ao examinador localizar com
maior precisão os miomas.

• Se a ultrassonografia, incluindo sonografia com infusão de soro


fisiológico (se feita), for inconclusiva, RM, o exame de imagem mais
preciso, deve ser realizada.

• Pode-se usar histeroscopia para visualizar diretamente miomas


submucosos uterinos suspeitos e, se necessário, fazer biópsia ou
ressecção de pequenas lesões.

O mapeamento dos miomas pode ser realizado por histeroscopia,


ultrassonografia ou RM.

A histeroscopia é o padrão-ouro na avaliação dos miomas submucosos,


enquanto a RM possibilita a avaliação precisa de todos os nódulos e a
definição da distância dos mesmos à serosa uterina (fundamental na
abordagem histeroscópica) e a estruturas nobres (tubas, vasos uterinos).

TRATAMENTOS

• Em alguns casos, antagonistas (análogos) do GnRH ou outros fármacos


para alívio temporário de sintomas menores
• Miomectomia (para preservar a fertilidade) ou histerectomia para
miomas sintomáticos

• Os miomas assintomáticos não necessitam de tratamento. As pacientes


devem ser reavaliadas periodicamente (a cada 6 a 12 meses).

• Em casos de miomas sintomáticos, as opções médicas existentes para


tratá-los não são muito efetivas e são limitadas, incluindo a supressão de
estrogênios para interromper o sangramento.

• Entretanto, os médicos devem primeiro considerar tentar o tratamento


clínico antes de fazer a cirurgia.

• Geralmente, são administrados agonistas do GnRH antes da cirurgia para


atrofiar os miomas; esses fármacos geralmente interrompem as
menstruações e permitem que a contagem sanguínea aumente.

• Na pós-menopausa, a conduta expectante deve muitas vezes ser


tentada, pois os sintomas devem desaparecer com a diminuição do
tamanho dos miomas após a menopausa.

Agonistas de GnRH

• Progesterona exógena

• Antiprogestinas

• Moduladores seletivos do receptor de estrogênio (MSREs)

• Danazol

• Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)


• Ácido tranxenâmico Agonistas de GNRH costumam ser os fármacos de
escolha. Eles podem reduzir o tamanho dos miomas e o sangramento. Eles
podem ser administrados como a seguir:

• IM ou por via subcutânea (p. ex., leuprolida 3,75 mg IM uma vez por
mês, goserelina por via subcutânea 3,6 mg a cada 28 dias)

• Como um comprimido subdérmico

• Como spray nasal (p. ex., nafarelina)

• Agonistas de GnRH podem diminuir a produção de estrogênio.

• São mais úteis quando administrados no pré-operatório para reduzir


miomas e o volume uterino, tornando a cirurgia tecnicamente mais viável
e reduzindo a perda sanguínea durante a cirurgia.

• Em geral, esses fármacos não devem ser utilizados por muito tempo,
pois é comum ocorrer um crescimento rebote, fazendo com que os
miomas voltem ao mesmo tamanho de antes do tratamento em 6 meses,
além de poder ocorrer desmineralização óssea.

• Para prevenir a desmineralização óssea quando esses fármacos são


utilizados a longo prazo, os médicos devem administrar aos pacientes
estrogênio suplementar (terapia add-back), como uma combinação de
estrogênio-progestina em baixa dose.

NÃO-FARMACOLÓGICO

CIRÚRGICO A cirurgia geralmente é reservada para mulheres que


apresentam:

• Um rápido crescimento da massa pélvica

• Sangramento uterino recorrente e refratário à terapia


• Dor intensa ou persistente ou pressão (p. ex., que requer opioides para
ser controlada ou que é intolerável ao paciente)

• Um útero grande que tem um efeito de massa no abdome, causando


sintomas urinários ou intestinais ou comprimindo outros órgãos e
causando disfunção (p. ex., hidronefrose, frequência urinária, dispareunia)

• Infertilidade (se gestação for desejada)

• Abortamentos espontâneos recorrentes (se a gestação for desejada)

Outros fatores que favorecem a cirurgia são término da idade fértil e o


desejo da paciente por tratamento definitivo.

3.ELUCIDAS OS PROCEDIMENTOS CIRURGICOS PARA REMOÇÃO DOS


MIOMAS.
MIOMECTOMIA
costuma ser feita por via laparoscópica e histeroscópica (utilizando óticas
com angulação e ressectoscópio) com ou sem técnicas robóticas.

• A miomectomia é realizada quando as mulheres ainda desejam


conceber ou manter o útero. Em cerca de 55% das mulheres com
infertilidade causada apenas pela presença de miomas, a miomectomia
pode restaurar a fertilidade, resultando em gestação após cerca de 15
meses.

Mas a histerectomia é muitas vezes necessária ou preferida pela


paciente. o Assim como a histerectomia, a miomectomia pode ser
realizada por diversas vias: vaginal, histeroscópica, laparoscópica e
laparotômica.
o A definição da via de acesso depende do número, da localização e do
tamanho dos miomas, sendo possível, e até frequente, a associação de
vias em uma mesma abordagem.

o A escolha da conservação da matriz uterina exige, portanto, o


mapeamento prévio do número, do tamanho e da localização dos
miomas, para que a cirurgia possa ser planejada minimizando-se os riscos
de insucesso.

• HISTERECTOMIA também pode ser feita por via laparoscópica, vaginal


ou por laparotomia.

o O tratamento definitivo consiste na histerectomia, que garante a cura e


a não recorrência da doença.

o Pode ser realizada por via abdominal, vaginal ou


laparoscópica/robótica, sendo fundamental o planejamento da
abordagem com base no tamanho/volume do conjunto útero-mioma(s) e
na experiencia do cirurgião.

o Além de garantir a não recorrência da miomatose uterina, essa


abordagem impossibilita gestação futura, uma vez que a matriz uterina é
retirada, e por isso, é preciso ser sempre criterioso na indicação deste
tratamento.

o Os fatores que favorecem a histerectomia incluem : É um tratamento


mais definitivo. Após miomectomia, novos miomas podem começar a
crescer novamente, e em 25% das mulheres que se submetem a
miomectomias realizam histerectomia entre 4 e 8 anos depois.

A miomectomia múltipla pode ser bem mais difícil de realizar que a


histerectomia. Outros tratamentos menos invasivos foram ineficazes.
Pacientes com outras anomalias que tornam a cirurgia mais complicada (p.
ex., aderências extensas, endometriose).

A histerectomia diminuiria o risco de outras doenças (p. ex., neoplasia


intraepitelial cervical, hiperplasia endometrial, endometriose, câncer
ovariano em mulheres com uma mutação no BRCA).

• A maioria das indicações para miomectomia e histerectomia é


semelhante.

• A escolha da paciente é importante, mas deve-se esclarecer


detalhadamente as pacientes sobre as dificuldades antecipadas e das
sequelas previstas para a miomectomia versus histerectomia; estas
sequelas incluem sangramento, dor, aderências e ruptura uterina durante
gestações subsequentes.

• A morcelação geralmente é feita durante a miomectomia ou


histerectomia.

• A morcelação envolve o corte de miomas ou tecido endometrial em


pequenos pedaços para que as partes possam ser removidas por meio de
uma incisão menor (p. ex., por via laparoscópica).

Muito raramente, as mulheres que passam por cirurgia para miomas


uterinos têm um sarcoma não diagnosticado, insuspeito ou outro tipo de
câncer uterino.

• Se a morcelação é feita, as células malignas podem se disseminar pelo


peritônio.

• Deve-se informar as pacientes de que, se a morcelação é usada, há um


risco muito pequeno de disseminação das células neoplásicas
Relação entre os miomas e os Hormônios:

• A evidência de o mioma ser hormônio-dependente é o seu crescimento


diante da presença de estrógeno e progestógeno, assim como sua
redução de volume no período pós-menopausa e/ou sob uso de
terapêutica medicamentosa inibidora.

• Isso também acontece no período gravídico ou mesmo após terapia


hormonal.

• Embora haja sensibilidade hormonal exógena ou endógena, há


heterogeneidade na resposta clínica entre os vários nódulos de um
mesmo útero sob tratamento medicamentoso, explicitando a
individualidade bioquímica e histológica dos tumores.

• O crescimento se dá não apenas por hiperplasia e hipertrofia, mas


também pela deposição da matriz extracelular (composta por colágeno,
proteoglicanos e fibronectinas) e aumento da atividade mitótica, esses
últimos associados a fatores de crescimento (como fator de crescimento
insulina-símile, fator de crescimento transformador beta, interleucinas e
interferonas) aumentados nos leiomiomas e cuja expressão pode variar de
acordo com o ciclo menstrual

• O estrógeno e o progestógeno têm relação muito próxima com a


formação dos miomas.

• Os primeiros dados que suscitaram essa hipótese foram a baixa


incidência dos fibromas antes da puberdade e sua diminuição após a
menopausa, além de ter sua maior incidência na menacne. ( período em
que a mulher menstrua)
• Outros fatores importantes dessa relação podem ser vistos em
mulheres mais expostas aos estrógenos como obesidade e menarca
precoce, relacionados, então, com o aumento da sua incidência.

• Fatores que diminuem a exposição aos estrógenos, como atividade


física e paridade, são considerados protetores.

• Mesmo com níveis séricos semelhantes de estrógeno e progestógeno


em mulheres portadoras de mioma e em não portadoras, estudos
demonstraram que nas portadoras os miomas apresentavam níveis
aumentados de aromatase (enzima que converte andrógenos em
estrógenos), quando comparados aos do miométrio normal.

• Da mesma maneira, foram encontrados níveis diminuídos de enzima


conversora de estradiol em estrona e, com isso, pode-se verificar o
aumento da concentração desses hormônios no microambiente do
mioma, o que levaria a um aumento dos receptores de estrógeno e
progestógeno e ao crescimento intrínseco dos miomas, tornando o
ambiente hiperestrogênico.

• O progestógeno é outro hormônio que tem relação direta com o


crescimento do mioma, porém de maneira menos clara que os
estrógenos.

Pesquisas demonstraram que nos miomas, pode-se ter maior taxa maior
de receptores de progestógeno A e progestógeno B, quando comparados
com o miométrio normal.

• As maiores taxas de mitose nos miomas são encontradas na fase lútea


secretória, quando os níveis de progestógeno estão aumentados, assim
como ocorre mas pacientes tratadas com um progestógeno como o
medroxiprogestógeno.

• Uma pesquisa avaliou o uso de hormônio liberador de gonadotrofina


(GnRh), o qual diminui o tamanho dos leiomiomas, em conjunto com
progestógeno, e demonstrou que não houve alterações nos miomas
quando esses hormônios são usados juntos, entretanto, a mifepristona,
um modulador da progestógeno, pode regredir o tamanho dos miomas.

• Os fatores de crescimento, tanto proteicos quanto polipeptídios, são


produzidos localmente nas células do músculo liso, atuam no controle da
proliferação celular e parecem ter relação com o crescimento dos miomas.
• Os principais fatores de crescimento dos fibromas são: fator de
crescimento transformador (β-TGF), fator de crescimento básico de
fibroblasto (bFGF), fator de crescimento epidérmico (EGF), fator de
crescimento derivado de plaqueta (PDGF), fator de crescimento endotelial
vascular (VEGF), fator de crescimento insulina-símile (IGF) e prolactina.116
Muitos desses fatores têm sua expressão aumentada nos miomas; β-TGF e
bFGF aumentam a proliferação do músculo liso; EGF e PDGF aumentam a
síntese de DNA; β-TGF estimula a produção da matriz extracelular; β-TGF,
EGF, IGF e prolactina promovem mitose; e bFGF e VEGF fazem parte da
angiogênese.116

• O desenvolvimento dos leiomiomas parece ter relação com fatores


angiogênicos, as metaloproteinases de matriz (MMPs).

• O VEGF parece estar associado ao crescimento dos miomas, atuando na


indução de angiogênese, já tendo sido descrito como presente em
concentrações mais altas na endometriose profunda.
• O estrógeno estimula a produção de VEGF pelo endométrio, reforçando
a correlação entre este fator e o desenvolvimento do mioma.

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