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Mastalgia
Mastalgia, também denominada dor mamária ou síndrome dolorosa mamária, é uma queixa
extremamente comum entre as mulheres, representando mais da metade das causas de
consulta com o mastologista. Estudos populacionais sugerem que aproximadamente
45-70% das mulheres irão se queixar de dor mamária em algum momento de
suas vidas, principalmente abaixo dos 55 anos.
A avaliação da dor na mama é importante para determinar se a paciente sente dor por
causa de alterações fisiológicas normais relacionadas com variações hormonais do ciclo
menstrual ou por causa de um processo patológico, que pode até mesmo ser um câncer de
mama, embora a mastalgia raramente seja um sintoma do câncer de mama.
Mastalgia cíclica:
○ Bilateral.
● Acíclica:
Nesses casos a dor não está relacionada com o ciclo menstrual e pode ser constante ou
intermitente. A dor geralmente é unilateral e pode ter origem mamária ou extramamária.
A dor extramamária se caracteriza por dor referida devida às afecções em outras estruturas
que se relacionam anatomicamente com as mamas. São elas: dor muscular, costocondrite
(síndrome deTietze), neurite intercostal, bursite escapular, herpes-zóster, fibromialgia, dor
torácica atípica (pulmonar, cardíaca, gástrica) e trauma
○ Sem relação com o ciclo menstrual.
conduta
Como segunda opção medicamentosa, temos o tamoxifeno, indicado para as mulheres com
mastalgia cíclica que não melhoraram com o uso de analgésicos ou anti-inflamatórios.
Outras opções seriam o danazol, a gestrinona e os análogos do GnRH. Todos eles agem
bloqueando o eixo e inibindo a secreção de LH e FSH. O tratamento com vitaminas (E, B1 e
B6) ou óleo de prímula não é eficaz e não está indicado, pois apresenta eficácia semelhante
ao placebo.
Nodulo
O nódulo de mama é uma das queixas mais comuns nos consultórios de mastologia,
respondendo por cerca de 60% das consultas. Na maioria das vezes, trata-se de patologia
benigna, sobretudo até a terceira década de vida, mas, após a menopausa, é importante
que se diferenciem precocemente nódulos com aspectos suspeitos, pois o câncer de mama
pode estar presente em até 30% dos casos.
É definido como um tumor presente na glândula mamária, palpável ou não ao exame
clínico, podendo ter conteúdo cístico ou sólido. Nas mulheres, os nódulos palpáveis mais
comuns são os cistos e os fibroadenomas. Porém, outras causas mais raras podem ser
observadas, tais como: tumor filoides, lipomas e hamartomas.
• o exame físico;
• o exame de imagem;
• o exame anatomopatológico (citológico ou histológico).
Chamamos isso de tríplice diagnóstico.
Exame físico:
O melhor momento para realizar o exame físico das mamas é logo após a menstruação, no
início da 1ª fase do ciclo menstrual. É importante descrever todas as características do
nódulo, tais como: consistência, limites, tamanho e localização, mobilidade, pois a partir
dessas características podemos fazer o diagnóstico diferencial entre benignidade ou
malignidade.
Exame de imagem:
A USG é o melhor método para avaliar os nódulos. Na presença de nódulo palpável,
indica-se a mamografia quando já recomendada como rastreamento ou como auxiliar no
diagnóstico.
Exame anatomopatológico:
PAAF diferencia lesões sólidas das císticas, citologia do aspirado.
Core Biopsy, permite diagnóstico histológico da lesão. Consegue diferenciar carcinoma in
situ do invasivo, além de permitir avaliação imuno-histoquímica.
Cistos
Os cistos incidem em 7 a 10% da população feminina, podendo ser únicos ou múltiplos, uni
ou bilaterais. um acúmulo de líquido na unidade lobular do ducto terminal, que ocorre
devido à distensão e à obstrução do ducto.
A faixa etária em que mais comumente ocorrem é de 35 a 50 anos, coincidindo, pois, com a
fase involutiva dos lóbulos mamários.
A ultrassonografia é o método mais sensível para o diagnóstico dos cistos mamários, com
precisão de até 100%. Tal método distingue os cistos complicados (cistos com conteúdo
espesso ou “debris” – pontos ecogênicos em suspensão) e os complexos (com septações)
A punção aspirativa com agulha fina é uma opção prática e eficaz nos nódulos palpáveis.
Para os cistos simples, a PAAF é ao mesmo tempo diagnóstica e terapêutica. A citologia do
líquido não é recomendada e só deve ser solicitada nos casos suspeitos, tais como: cistos
com conteúdo hemorrágico e cistos que recidivam em curto espaço de tempo. A exérese
cirúrgica deve ser restrita aos casos de cistos complexos (com conteúdo sólido),
Fibroadenoma
Os fibroadenomas não estão relacionados com um risco aumentado para câncer de mama.
Somente em casos muito raros, podemos dizer que existe um risco aumentado quando
falamos de um fibroadenoma complexo com proliferação associada ou quando
a paciente apresenta histórico familiar de câncer de mama.
Phyllodes
O tumor filoides ou cystosarcoma phyllodes é um tumor raro, correspondendo a menos de
2% dos tumores fibroepiteliais da mama, sendo mais comum após os 40 anos. Na maioria
das vezes, apresenta-se sob a forma benigna, possuindo alta tendência de recidiva local,
cerca de 20-46% dos casos .
A biópsia com agulha grossa (core biopsy ou mamotomia) é uma alternativa atraente por
apresentar informações de arquitetura extra proporcionada pela histologia em comparação
com a citologia 9. Além disso, pode diferenciar o tumor filoides do carcinoma, mas, com
freqüência, não discrimina a variedade benigna da maligna, sendo necessária a avaliação
anátomo-patológica de todo o tumor durante a exérese cirúrgica.
Hamartoma
Papiloma
O papiloma intraductal é neoplasia epitelial benigna que se desenvolve no lúmen de
grandes e médios ductos subareolares, não formando, na maioria das vezes, massa
palpável. É mais freqüente entre os 30 e 50 anos.
TRATAMENTO:
Quanto a nódulos com imagem suspeita, todos devem ser submetidos à biópsia
percutânea, independentemente da idade. A retirada cirúrgica deve ser determinada de
acordo com o resultado da biópsia.
Em mulheres com idade abaixo de 30 anos com exame clínico e RAdiológico sugestivos de
alterações benignas, que não causem incômodo clínico, não se recomenda biópsia, mas
sim controle clínico e radiológico. A exérese cirúrgica deve ser reservada aos
casos sintomáticos, sobretudo nos nódulos maiores que 2 cm.
Diante da suspeita de tumor filoide ou fibroadenoma juvenil, recomenda-se a exérese do
tumor com obtenção de margens livres, para reduzir o risco de recorrência.
Descarga papilar
Também chamados de descarga ou derrame papilar, os fluxos papilares representam a
exteriorização espontânea de material fluido pela papila mamária fora do ciclo
gravídico-puerperal. Quando a saída de material se dá pela expressão mamária, isto é,
induzida, é denominada de secreção.
Galactorreia / hiperprolactinemia
Ectasia Ductal
A ectasia dos ductos é uma causa patológica benigna comum de descarga papilar,
observada em aproximadamente 25% dos casos patológicos.
Nesses casos, a descarga papilar geralmente é multiductal e, às vezes, bilateral e ocorre
pelo acúmulo de líquido nos ductos ectasiados (dilatados). O líquido pode ser citrino,
amarelado, azulado ou esverdeado; sua saída pode ocorrer de forma espontânea ou não.
Papiloma
é um tumor papilar que cresce a partir do revestimento do ducto mamário. Sua descarga
pode ser clara (água de rocha) ou sanguinolenta.
A descarga papilar suspeita, que pode se originar de um câncer, é unilateral, proveniente de
um único ducto, persistente e espontânea. Pode ser serosa (água de rocha), sanguinolenta
ou serossanguínea (misturada com sangue). Mas, nem sempre esse
tipo de secreção está associado ao câncer, sendo sua causa mais frequente o papiloma
intraductal, que é uma lesão benigna.
Se os exames de imagem mostrarem a lesão que pode estar originando a descarga papilar
ou outras lesões, não relacionadas com a descarga papilar, devemos prosseguir com a
investigação, biopsiar a lesão e seguir a conduta específica para cada caso.
Crônicas: são caracterizadas por tempo de evolução maior que 30 dias ou pela recorrência
após o tratamento. De evolução lenta, podem ou não ser precedidas por infecção
aguda. Mais comum em mulheres jovens (30 a 40 anos), dificilmente ocorrem em mulheres
na pós-menopausa. Podem ser classificadas em infecciosas (quando existe um agente
infeccioso identificado) e não infecciosas.
INFECCIOSAS: ABSCESSO SUBAREOLAR CRÔNICO RECIDIVANTE, MASTITE
TUBERCULOSA, POR MICOBACTÉRIAS, VIRAL OU LUÉTICA;
LESÕES PRECURSORAS
As lesões proliferativas com atipia estão associadas com a transformação para o câncer.
São lesões precursoras do câncer de mama ou marcadoras de alto risco. As principais são:
hiperplasia ductal atípica (HDA) e a neoplasia lobular (NL). A neoplasia lobular engloba a
hiperplasia lobular atípica (HLA) e o carcinoma lobular in situ (CLIS).
Epidemiologia
O câncer de mama é o câncer mais frequente nas mulheres brasileiras (excluindo o câncer
de pele não melanoma). Mais ainda, o câncer de mama é o câncer que mais mata mulheres
em todo o mundo.
O câncer de mama também é o câncer com maior taxa de mortalidade em todo o Brasil,
com 13,22 óbitos/100.000 mulheres em 2017.
O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil.
Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o
segundo mais frequente na população feminina no Brasil, ficando atrás apenas do câncer
de pele não melanoma.
Dos tumores ginecológicos, o câncer de mama é o mais frequente no país, mas, em alguns
estados, a incidência do câncer de colo uterino ultrapassa o de mama. Todavia, em todo o
Brasil, o de mama tem incidência significativamente maior do que o de colo.
A incidência aumenta com o decorrer da vida, de 1:6.000 aos 30 anos, chegando a 1:8 aos
80 (dados estatísticos americanos; no Brasil, é de, aproximadamente, 1:20). Metade do
risco durante toda a vida ocorre após os 50 anos.
As maiores incidências estão nos Estados Unidos e no Norte Europeu, seguidas de Sul e
Leste Europeu e América do Sul; as menores incidências são encontradas no continente
asiático.
No Brasil, a incidência global a partir dos 35 anos é de 60 a 100:100.000 mulheres/ano. As
regiões de maior incidência da doença são, em ordem decrescente: Sul, Sudeste,
Centro-Oeste, Nordeste e Norte. A maior incidência está em Porto Alegre: 146
casos novos/100.000 mulheres/ano
Fatores de risco
Sabe-se que, além do dano ao DNA, alguns fatores estimulam essas células a se
reproduzirem. São os chamados fatores de promoção, e o principal envolvido no carcinoma
de mama é o estrogênio.
Este, portanto, não causa lesão genética, mas estimula a proliferação de células
previamente alteradas.
Dessa forma, os fatores de risco para o câncer de mama são aqueles que aumentam a
probabilidade de a mulher ser geneticamente alterada ou que a submetem à exposição
estrogênica prolongada. Até alguns anos, acreditava-se que a progesterona exercia efeito
protetor nas células mamárias; na verdade, hoje se sabe que age em conjunto com o
estrogênio na promoção da carcinogênese mamária.
Prevenção
Além da abstenção dos fatores de risco modificáveis, as estratégias de prevenção hoje
disponíveis baseiam-se na utilização de medicamentos antiestrogênicos (quimioprevenção)
e na realização de cirurgia redutora de risco.
A quimioprevenção é uma opção que pode ser sugerida para mulheres consideradas de alto
risco para câncer de mama, sendo o principal medicamento utilizado o tamoxifeno (TMX),
na dose de 20 mg/d. Essa droga não previne o surgimento de tumores receptores negativos
e pode elevar o risco de carcinoma de endométrio e fenômenos tromboembólicos. A maior
eficácia na utilização da quimioprevenção com TMX ocorre nos casos de pacientes com
hiperplasias com atipias ou neoplasias lobulares in situ.
Rastreamento
febrasgo:
Deve se estimular o auto exame mensal e o exame clínico anual após os 25 anos de idade.
Para mulheres de alto risco familiar é prudente iniciar a propedêutica anual, incluindo
ressonância magnética (RM), desde a idade de 10 anos antes daquela em que a mãe ou
irmã tiveram o diagnóstico.
Não há diretriz clara do Ministério da Saúde quanto às pacientes de alto risco para câncer
de mama. Para esses casos, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro
de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) preconizam que o rastreamento seja
iniciado aos 25 anos com ressonância magnética com contraste anualmente. Após os 30
anos, essas pacientes devem iniciar mamografia intercalada à ressonância de modo que a
paciente realize pelo menos um exame a cada seis meses.
Quadro clínico
A queixa mais frequente é a de aparecimento de um nódulo endurecido, geralmente indolor.
Outra forma extremamente frequente é o achado mamográfico suspeito — nódulo
espiculado, microcalcificações suspeitas. Descarga papilar muito raramente
pode ser referida (geralmente quando ocorre é do tipo "água de rocha". Os tumores grandes
podem provocar retração mamária e do complexo areolopapilar. Os fatores de risco devem
ser pesquisados, assim como a história familiar. A inspeção estática é realizada com a
paciente sentada. Deve-se inspecionar cuidadosamente a pele, para verificar alterações de
pigmentação, eczemas, espessamento da pele ou evidências de obstrução linfática. Além
disso, devem-se identificar erupções, ulceração, abaulamentos ou a presença de retrações.
A inspeção dinâmica é realizada por meio de manobras, como elevação dos braços ou
pressão das mãos sobre o quadril. São movimentos que podem evidenciar retrações
mamárias, por meio da mobilização do músculo peitoral maior.
Mesmo assim, muitas vezes, pode continuar não sendo palpável em razão do tamanho da
mama, consistência e compleição corporal da paciente. A expressão dos mamilos deve ser
realizada bilateralmente, e, na presença de secreção, deve-se caracterizar a cor,
quantidade, se é uniductal ou se provém de vários ductos, assim como se é unilateral ou se
apresenta em ambas as mamas. A secreção “em água de rocha”, cristalina e uniductal, é
mais sugestiva de carcinoma. A secreção uniductal sanguinolenta, por sua vez, é mais
sugestiva de papiloma. Entretanto, é muito raro um câncer de mama se manifestar por
derrame papilar. A maioria manifesta-se por nódulo
Diagnóstico
▶ BI-RADS® 5: achados altamente suspeitos, com risco maior do que 95% de malignidade:
nódulos espiculados, microcalcificações pleomórficas ou em trajeto ductal. Recomendação
de estudo anatomopatológico;
Em torno de 40% dos carcinomas sem nódulos palpáveis apresentam-se sob a forma de
microcalcificações agrupadas. O restante manifesta-se por nódulo com ou sem
microcalcificações
(Figura 3.1). Para diagnóstico mais preciso, pode-se utilizar o recurso da magnificação na
mamografia
Lesões suspeitas nos exames de imagem devem ser avaliadas por meio de
anatomopatologia, core biopsy (Tru-Cut® ou biópsia com agulha grossa), mamotomia ou
mesmo retirada cirúrgica. Na maioria das vezes, quando há nódulo suspeito, realiza-se a
biópsi com agulha grossa. Se o nódulo for palpável, a biópsia poderá ser realizada no
momento da consulta (se houver agulha e a pistola apropriada disponíveis). Se não for
palpável, pode ser realizada sob orientação mamográfica ou ultrassonográfica. O ideal é
que todos os nódulos suspeitos sejam biopsiados antes de qualquer intervenção cirúrgica.
O exame histopatológico é o padrão-ouro para o diagnóstico definitivo
Tipos histológicos
O Carcinoma Ductal Invasivo ou Invasor (CDI) é o tipo mais frequente entre os tumores
malignos de mama (75%). Histologicamente, caracteriza-se pela presença de células
neoplásicas com intenso pleomorfismo, formação tubular e grupos pouco coesos, com
invasão da membrana basal e estroma adjacente.
- • CARCINOMA LOBULAR INFILTRATIVO - 15%;
Subtipos moleculares
As células do tecido mamário normal apresentam receptores de estrógeno e progesterona
Quanto mais parecido com o tecido mamário normal, mais diferenciado é o tumor e melhor
é seu prognóstico. Alguns cânceres de mama também apresentam receptores de estrógeno
e progesterona, como o tecido mamário normal. Por isso, esses tumores são mais
diferenciados, menos agressivos e apresentam um prognóstico melhor, com sobrevida
maior. Além disso, a presença de receptores hormonais no câncer mostra que o estrogênio
e a progesterona têm a capacidade de estimular a proliferação desses tumores. Sendo
assim, uma das opções de tratamento para esses tipos de tumor é a hormonioterapia, em
que usamos medicações que agem inibindo a produção hormonal ou a ação desses
hormônios nos receptores.
Estadiamento
tamanho do tumor (T) é avaliado pelo exame clínico ou de imagem. Embora a maioria dos
cânceres de mama apresente alterações mamográficas, pode ser necessário o ultrassom
ou a ressonância magnética para avaliar com exatidão o tamanho do tumor,
Linfonodos (N)
Estadiamento (N)
• N1: linfonodos axilares comprometidos móveis, ipsilaterais
• N2: linfonodos axilares aglomerados fixos ou mamários ipsilaterais
• N3: linfonodo infraclavicular OU axilar + mamário OU supraclavicular
Metástases
A maioria das pacientes com câncer que tem doença em estádio inicial (até T2N1) não
apresenta metástases, por isso não costumamos investigar metástases nessas pacientes
se elas estão assintomáticas. Costumamos prosseguir com a investigação de metástases
nas pacientes que apresentam câncer de mama localmente avançado (T3N0 ou maior), ou
nos casos de carcinoma inflamatório, ou nos casos de pacientes com sintomas, ou sinais
suspeitos de doença metastática
Estadiamento (M)
• M0: sem metástases à distância
• M1: presença de metástases à distância
• Mx: não foram investigadas metástases à distância
Considera-se como estádio inicial os casos de câncer de mama estádio I até IIB (T2N1).
Consideramos como câncer de mama localmente avançado os casos estádio IIB (T3N0) ou
maiores.
Essas definições são muito importantes para decidirmos o tratamento da paciente. Em
geral, os casos de estádio inicial vão primeiro para o tratamento cirúrgico, para ressecar o
tumor “antes que o câncer se espalhe”, ou seja, antes que haja progressão e metástases.
Seguindo esse raciocínio, os casos localmente avançados têm indicação de tratamento
neoadjuvante, ou seja, quimioterapia ou hormonioterapia antes da cirurgia, porque
consideramos que o tumor “já se espalhou pelo corpo” e a paciente tem maior benefício se
iniciarmos pelo tratamento sistêmico.
Tratamento
O tratamento cirúrgico do câncer de mama envolve as chamadas cirurgias radicais, que são
as mastectomias, e as conservadoras, em que são preservadas variáveis porções das
mamas.
A mastectomia radical à Halsted consiste na retirada de toda a glândula mamária, dos
músculos peitoral maior e menor e esvaziamento axilar dos níveis I, II e III de Berg.
Madden descreveu a mastectomia preservando-se ambos os músculos peitorais e
realizando-se somente o esvaziamento dos gânglios da base da axila (nível I).
Pacientes com tumores maiores do que 5 cm, localmente avançados ou com mais de quatro
linfonodos axilares comprometidos, devem ser submetidas a radioterapia, mesmo após a
mastectomia.
Como dissemos anteriormente, as pacientes com câncer de mama inicial (até o estádio
T2N1 - IIB) devem começar seu tratamento pela cirurgia. A ideia é retirar o câncer antes
que ele “se espalhe pelo corpo”. Pacientes com câncer de mama localmente avançado
(estádio T3N0 – IIB ou superior) devem iniciar seu tratamento com a quimioterapia ou
hormonioterapia neoadjuvante. A ideia, nesse caso, é tratar o corpo primeiro, pois a doença
provavelmente já se “espalhou”.
Abordagem axilar
Radioterapia
Após cirurgia conservadora, é sempre indicada. Reduz em quase 50% a taxa de recidiva
local. Após mastectomia é recomendada quando houver pelo menos quatro linfonodos
afetados ou o tumor medir mais que 5 cm ou acometer pele. Fora dessas condições, pode
ser considerada em jovens ou diante de invasão vascular.
Tendo sido a axila bem dissecada, não se irradia. De modo geral, diante de pelo menos um
linfonodo comprometido se irradia a fossa supraclavicular; com pelo menos quatro, irradia
se também a cadeia torácica interna.
Quimioterapia
As pacientes com neoplasias medindo mais de 2 cm e/ou com pelo menos um linfonodo
envolvido, de maneira geral, recebem quimioterapia adjuvante. Além disso, a grande
maioria dos carcinomas triplo negativos e HER 2 positivos, de alto risco para disseminação,
também merecem quimioterapia adjuvante, se não tiver sido oferecida a neoadjuvância.
O esquema mais empregado contém antraciclinas e taxanos, de forma sequencial. Mas a
escolha do esquema é individualizada.
Após quimioterapia neoadjuvante, havendo resposta tumoral incompleta, indica se nova
série de quimioterapia: TDM1 para HER 2 positivo e capecitabina para RE negativo.22
Trastuzumabe e pertuzumabe
Os anticorpos monoclonais antirreceptor de HER 2 são usados em combinação com
quimioterapia, ou em esquema alternativo sem esse grupo de fármacos. Normalmente são
prescritos pelo período de um ano.
Hormonioterapia
(letrozol, exemestane ou anastrozol) e/ou tamoxifeno. A
estratégia mais usada é 2 a 3 anos de inibidor seguido de tamoxifeno até 5 anos (pode ser
o contrário), ou
ainda tamoxifeno por 5 anos seguido de inibidor durante mais 5 anos. Não existe definição
sobre a melhor alternativa