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Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Manipulação de Fármacos
“Potentes e Perigosos”
Elaborado por: Anderson de Oliveira Ferreira, M.Sc.

ANFARMAG - 2006

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Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

I. Introdução

O efeito terapêutico de um medicamento é resultante da atividade


biológica exercida pelo mesmo. A atividade biológica de um fármaco ocorre
geralmente através da sua interação com receptores celulares ou através de
alterações em sistemas enzimáticos específicos, promovendo respostas ou
efeitos inibitórios ou estimulantes no organismo. Parte destes efeitos
farmacológicos são desejáveis (efeito terapêutico) e outra não (efeito adverso
ou colateral). O fato é que geralmente os medicamentos apresentam efeitos
adversos em diferentes graus entre si, em detrimento do seu efeito terapêutico.
Do ponto de vista da saúde ocupacional de pessoas que trabalham na
produção ou controle de medicamentos nem os efeitos positivos e tampouco os
efeitos adversos são admissíveis por exposição no ambiente de trabalho.

Há relatos que o trabalho com fármacos perigosos ou próximo ao


ambiente de preparo destes possam causar irritação na pele, infertilidade,
aborto, defeitos no feto, e possivelmente, leucemia e outros tipos de câncer
(NIOSH, 2004). A preocupação inicial no passado era relacionada à exposição
ocupacional a agentes perigosos envolvia principalmente fármacos
empregados na terapia do câncer (ASHP, 2003). O termo “fármacos perigosos”
foi usado primeiro pela primeira vez pela Amercican Society of Hospital
Pharmacists (ASHP) (ASHP, 1990). Nos Estados Unidos da América, a OSHA
(Occupational Safety and Health Administration) em 1986 e o NIH (National
Institute of Health) em 1992 editaram um guia para manipulação segura de
antineoplásicos. Posteriormente, em 1995, a OSHA estendeu sua
preocupação, incluindo outras classes de fármacos ditos “potentes” além dos já
relacionados “fármacos perigosos”(OSHA, 1995). De fato, com o surgimento
de fármacos com maior especificidade aos órgãos “alvo”, os quais geralmente
promovem efeitos em doses baixas, o número de fármacos potentes têm
aumentado. Uma vez que o preceito básico da toxicologia é que “a dose define
o veneno”, a exposição ocupacional a estes fármacos potentes também implica
em riscos à saúde.
Profissionais que trabalham na área da saúde, em laboratórios,
hospitais, farmácias com manipulação e/ou outros locais que envolvam a
produção e manuseio de fármacos potencialmente perigosos ou resíduos
destes, estão potencialmente expostos a numerosos riscos ocupacionais. A
avaliação da exposição, através do monitoramento ambiental e biológico,
vigilância à saúde, programas de informação e treinamento de pessoal e a
utilização de equipamento de proteção individual e coletiva consistem em
algumas das medidas recomendadas para controlar a exposição e proteger a
saúde dos indivíduos que mantenham contato com fármacos potencialmente
perigosos no ambiente de trabalho (Martins & Della Rosa, 2004).

II. Aspectos regulatórios relacionados à manipulação de fármacos


“potentes” e “perigosos”

Recentemente, a farmácia magistral tem passado por vários desafios


que implicam em mudanças profundas na atividade face ao cenário regulatório.
Um dos desafios está relacionado à segurança e saúde de seus funcionários

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que manipulam ou tenham contato com substâncias perigosas e/ou potentes.


As recentes legislações sanitárias editadas pela ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) e secretarias de vigilância à saúde estaduais, como a RDC
354 (18/12/2003), a SS-17/SP (02/03/2005) e a Consulta Pública 31,
expressam esta preocupação. Dentre os aspectos mencionados nas
legislações, constam exigências relacionadas à necessidade de áreas de
contenção segregadas equipadas com sistema exaustão/ventilação
apropriados para manipulação de antibióticos, hormônios e citotóxicos; uso de
EPIs; implantação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e
do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). No
entanto, a preocupação dos farmacêuticos magistrais não deverá girar apenas
em torno da necessidade de cumprir as exigências regulatórias. Há também
uma necessidade de natureza ética e também do próprio negócio em proteger
a saúde do staff da farmácia do risco potencial de exposição a substâncias
perigosas e potentes. Quando um funcionário fica doente ou tem sua saúde
afetada, o custo em tempo e dinheiro para solução deste problema será maior
que a adoção de medidas preventivas e pró-ativas de proteção aos
funcionários. Além disso, os efeitos adversos à saúde do funcionário podem ser
irreversíveis, ocasionando o seu afastamento definitivo do trabalho e perda do
investimento realizado pela empresa no seu treinamento. O risco de despesas
em decorrência de indenizações por ações trabalhistas e de responsabilidade
judicial também deve ser considerado.

A saúde dos funcionários no ambiente de trabalho é de responsabilidade


gerencial da empresa, influenciando diretamente na produtividade e no
negócio. Investimentos nesta área são compensados com a vantagem
competitiva da empresa promovida pela adequação à legislação e valorização
das pessoas e da ética.

III. Principais fontes de referência em saúde e segurança ocupacional

Existem diversas fontes de referência que abordam sobre os riscos e


segurança envolvidos na manipulação de fármacos potentes e perigosos. A
maioria delas estão direcionadas à manipulação de agentes antineoplásicos no
ambiente hospitalar. No entanto, há também publicações na forma de artigos e
relatos relacionados ao assunto no contexto da indústria farmacêutica. Embora
as literaturas sejam consensuadas entre si nos apectos conceituais, existem
diferenças quanto à nomenclatura de determinados termos e parâmetros
adotados entre si. As principais referências de interesse e que influenciam o
conhecimento nesta área no mundo inteiro e inclusive no Brasil são ligadas
aos órgãos governamentais e associações profissionais americanas e também
à Organização Mundial de Saúde (OMS).
As principais fontes de referência e informação e respectivos endereços
eletrônicos nesta área são :

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•OSHA: Occupational Safety and Health Administration – EUA:


www.osha.gov/
•NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health – EUA:
www.cdc.gov/niosh
•ACGIH: American Conference of Governmental Industrial Hygienists –
EUA: http://www.acgih.org/home.htm
•ASHP: American Society of Health-System Pharmacists – EUA:
http://www.ashp.org/
•NTP: National Toxicology Program – EUA (Annual Report on
Carcinogens): http://ntp-server.niehs.nih.gov/
•IARC: International Agency for Research on Cancer (OMS):
http://www.iarc.fr/

Nas páginas eletrônicas destes órgãos e associações podem ser obtidos


manuais relacionados às boas práticas e segurança na manipulação de
fármacos potentes e perigosos (OSHA, NIOSH, ASHP, ACGIH), listas de
fármacos considerados perigosos (NIOSH), listas de substâncias consideradas
carcinogênicas (NTP, IARC), além de outras informações de interesse.

IV.Alguns exemplos de problemas relacionados à exposição ocupacional


a ingredientes farmacêuticos no contexto da indústria farmacêutica

A maioria dos efeitos lesivos resultantes da exposição ocupacional a


agentes farmacêuticos são decorrentes de efeitos farmacológicos agudos e
crônicos, embora os relatos de efeitos agudos relacionados ao contexto da
indústria farmacêutica sejam raros (Heron & Pickering, 2003). Entre os relatos
publicados se destacam os efeitos crônicos relacionados à exposição a
compostos potentes, principalmente aos hormônios esteroidais e agentes
citotóxicos (Heron & Pickering, 2003).

IV.I. Exposição a hormônios esteroidais e compostos relacionados:

Incluem neste grupo os compostos quimicamente idênticos ou


semelhantes aos hormônios que ocorrem naturalmente no organismo. A maior
parte dos hormônios e compostos relacionados são potentes e pequenas
doses são suficientes para causar significativos efeitos biológicos. Em alguns
casos, são derivados dos compostos de ocorrência natural, apresentando
alterações na estrutura química, o que os tornam mais ativos e com efeitos
mais prolongados que os compostos de ocorrência natural. Hormônios sexuais
(ex. estradiol, estrona, estriol, testosterona, progesterona) e seus derivados
sintéticos (ex. etinil estradiol, acetato de medroxiprogesterona, etc); hormônios
peptídicos (ex. leuprolida) e corticosteróides (ex. betametasona,
dexametasona, hidrocortisona, etc) podem oferecer risco à saúde em caso de
exposição ocupacional.

Estrogênios e progestágenos
O primeiro relato de efeitos adversos em trabalhadores relacionados à
exposição aos estrogênios data de 1942, quando Scarff e Smith observaram o
desenvolvimento de ginecomastia e perda da libido em homens que

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trabalhavam com dietilestilbestrol (Scarff & Smith, 1942). Outro importante


estudo foi conduzido por Harrington e colaboradores, observando
trabalhadores expostos a estrógenos sintéticos. De 25 homens estudados, 5
apresentavam efeitos relacionados à exposição a esteróide, incluindo
ginecomastia, perda da libido e galactorréia. De 30 mulheres observadas neste
estudo, 12 apresentavam alterações no fluxo menstrual em uma taxa 4 vezes
maior que na população controle (Harrington et al., 1978). Outros estudos que
investigaram a exposição de trabalhadores ao dietilestilbestrol confirmaram a
prevalência de problemas inclusive em níveis muitos baixos de exposição (Mills
et al., 1984). Em um estudo mais recente, Shamy e colaboradores investigaram
trabalhadores exposto ao etinilestradiol, levonorgestrol e progesterona em uma
fabricação de contraceptivos orais. O estudo encontrou níveis de estrógenos
significativamente aumentados em trabalhadores de ambos sexos e houve
redução da testosterona nos trabalhadores do sexo masculino (Shamy et
al.,1996).

Corticosteróides
Newton e colaboradores observaram uma diminuição das corticotrofinas
em trabalhadores envolvidos na manufatura da betametasona (Newton et al.,
1982). Moroni e colaboradores realizaram um estudo em uma indústria que
produzia corticosteróides e observaram a incidência de efeitos adversos nos
trabalhadores, incluindo efeitos locais na pele como acne e eritema e também
efeitos sistêmicos, incluindo hipertensão e efeitos sugestivos da Síndrome de
Cushing. As manifestações cutâneas melhoravam no período de férias e
agravavam durante os períodos de trabalho mais intenso (Moroni et al., 1988).

IV.II. Exposição a agentes citotóxicos empregados no tratamento de


câncer

O risco teórico de exposição a estes agentes é muito alto. Embora a


doses terapêuticas destes fármacos possam ser relativamente altas, o índice
terapêutico é normalmente pequeno. Além disso, diferentemente de outros
fármacos, o uso terapêutico deste grupo de medicamentos envolve o uso de
doses no limite da toxicidade (Heron & Pickering, 2003). Os agentes citotóxicos
apresentam ação destrutiva em determinadas células, destruindo as células no
momento de sua divisão. A exposição contínua a estes agentes pode promover
efeitos mutagênico, teratogênico e carcinogênico. Desde a década de 70 a
carcinogenicidade de vários fármacos antineoplásicos em animais está bem
estabelecida (NIOSH,2004). Diversos estudos evidenciaram a exposição e a
incidência de efeitos adversos promovidos por agentes antineoplásicos em
profissionais farmacêuticos e de enfermagem envolvidos na preparação,
manipulação e administração destes medicamentos no ambiente hospitalar
(NIOSH,2004). De fato, este grupo de fármacos pode exercer efeitos biológicos
mesmo em níveis muito baixos de absorção (Heron & Pickering, 2003). Alguns
estudos realizados na indústria farmacêutica encontraram uma significante
exposição ao metotrexato e ao 5-fluorouracil na área de trabalho, sendo
também evidenciada uma significativa contaminação das superfícies de
trabalho, a qual poderia estar favorecendo a absorção cutânea destes agentes
(Sessink et al., 1994a; Sessink et al., 1994b). Os efeitos deletérios resultantes
da exposição ocupacional a estes agentes não são geralmente percebidos

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inicialmente, sendo no entanto cumulativos e podem ser evidenciados


posteriormente a longo prazo na forma agravada e avançada.

IV.III. Exposição a antibióticos penicilínicos e cefalosporínicos e outros

A exposição contínua a antibióticos pode levar ao desenvolvimento de


resistência bacteriana. A exposição ocupacional a derivados penicilínicos e
cefalosporínicos apresenta potencial sensibilizante, podendo causar dermatite
de contato alérgica, sensibilização respiratória, bronconstrição e asma (Davies
et al., 1974; Coutts et al. 1981).

A exposição à diversas outras classes de fármacos têm sido também


relacionada com a sensibilização respiratória, cutânea e broncoconstrição,
como a enzimas, cimetidina, lisinopril, alfametildopa, lisinopril, salbutamol, etc.
(Heron & Pickering, 2003). Um problema particular está associado à exposição
aos opióides e a decorrente broncoconstrição promovida por um possível efeito
desta classe de fármacos na liberação de histaminas (Heron & Pickering,
2003).

V. Definição de “Fármacos Perigosos”


O termo “fármacos perigosos” foi descrito inicialmente pela American
Society of Health-System Pharmacists em 1990 (ASHP) e tem sido usado
também pela OSHA para compostos que exibam uma ou mais das seguintes
características:
 Genotoxicidade;
 Carcinogenicidade;
 Teratogenicidade ou
 Toxicidade reprodutiva (ex. causa infertilidade em estudos com animais
ou pacientes tratado);
 Promovem sérias manifestações tóxicas orgânicas em baixas doses
evidenciadas em experimentos com animais ou em pacientes tratados.
Novos fármacos que apresentem estrutura química e perfis de toxicidade
que mimetizem a aqueles determinados para fármacos perigosos também são
classificados como tal (NIOSH, 2004).
Os critérios acima, exceto o último ponto, que menciona “baixas doses”,
falham em consideração ao conceito de “potência”, o qual é baseado na
premissa central da toxicologia que “ a dose faz o veneno” (ex. em doses altas
o suficiente todas substâncias serão tóxicas). Por esta razão, os fabricantes de
medicamentos desenvolveram um critério onde o conceito de “ curva dose-
resposta” é levado em consideração para uma lista de fármacos que são
perigosos em baixas doses. O termo “ potente” tem sido usado para descrever
estes fármacos (IACP, 2003).

VI. Definição de “Fármacos Potentes”

O termo “fármaco potente” é preferencialmente adotado pela indústria


farmacêutica referindo-se àqueles fármacos que apresentam riscos em doses
muito baixas. Um fármaco potente é mais especificamente definido como
aquele que apresenta uma ou mais das seguintes características:

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 Ingrediente ativo ou intermediário com atividade biológica em doses 


150mcg/kg de peso corporal em indivíduos adultos( dose terapêutica 
que 10mg) ou quando a dose de 1mg/kg/dia produz efeitos tóxicos em
animais de laboratório.
 Ingrediente ativo ou intermediário com um limite de exposição
ocupacional (LEO)  que 10mcg/m3 de ar na média pesada em 8 horas
(Sargent & Kirk,1988; Naumann & Sargent, 1997; Sargent et al., 2001).
Nível aceitável para trabalhos de 8horas/dia e 40 horas semanais.
 Substâncias farmacologicamente ativas com alta seletividade (habilidade
para ligar a receptores específicos ou inibir enzimas específicas) e/ou
potencial para causar câncer, mutações, desenvolvimento de efeitos ou
toxicidade reprodutiva em baixas doses.
 Um composto novo de potência e toxicidade desconhecidas.

Vários estudos têm demonstrado a existência de riscos à saúde na


manipulação de medicamentos potencialmente perigosos, incluindo agentes
antineoplásicos (Anderson et al., 1982); hormônios esteróides (Harrington et
al., 1978) tais como o estradiol, estrona, estriol, progesterona, testosterona e
dietilestilbestrol; e outros fármacos potentes (Klincewicz et al., 1990). Todos os
autores indicam que os níveis de exposição necessários para causar efeitos
biológicos nocivos e permanentes são extremamente baixos para estes
fármacos. De fato, os limites de exposição ocupacionais são freqüentemente
tão baixos que as quantidades não podem ser vistas a olho nú. O olho nú não
consegue ver quantidades menores que 100 microgramas, sendo que por
exemplo o limite de exposição ao estradiol é de 0,1 microgramas por metro
cúbico de ar.
São exemplos de fármacos potentes: hormônios esteroidais (ex.estradiol),
hormônios peptídicos(ex. leuprolida), agentes antivirais (ex. ribaverina),
agentes alquilantes (ex.ciclofosfamidas), antimetabolitos(ex.metotrexato),
antibióticos antineoplásicos (ex.actinomicina), inibidores mitóticos (ex.
vincristina), derivados da mustarda nitrogenada (ex. mecloretamina), agentes
imunosupressivos (ex. azatioprina).
Embora haja diferença entre os critérios adotados, o farmacêutico
magistral deverá estar atento e considerar tanto a definição de “fármacos
perigosos” adotada pela OSHA como a definição de “potentes” adotada pela
indústria farmacêutica.

VII. Substâncias Químicas potencialmente perigosas (USP Pharmacists


Pharmacopeia, 2005)

A USP Pharmacists’ Pharmacopeia classifica os compostos químicos


potencialmente perigosos como:
•“Carcinogênico”: Um composto químico é considerado carcinogênico ou com
potencial carcinogênico quando avaliado e listado como tal pela International
Agency for Research on Cancer (IARC), pela Annual Report on Carcinogens
publicado pela National Toxicology Program (NTP) ou relacionado como
carcinogênico pela OSHA;
•“Corrosivo”: substâncias que causam destruição visível ou alterações
irreversíveis no tecido vivo por ação química no sítio de contato;

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•“Altamente tóxico”: Substâncias com DL50  50mg/kg v.o. ( dose letal média
em ratos albinos por via oral); DL50  200mg/kg contato contínuo na pele
(dose letal média por contato contínuo na pele de coelhos albinos); CL50 
200ppm/h inalação (concentração letal média por inalação em ratos albinos);
•“Irritante”: agente químico não corrosivo, mas que causa efeito inflamatório
reversível no tecido vivo por ação química no sítio de contato;
•“Sensibilizante”: substância química que causa reações alérgicas em uma
proporção substancial de indivíduos após repetidas exposições (ex.
antibióticos);
•“Tóxico”: susbtância química com DL50 50 – 500mg/kg v.o ( dose letal média
em ratos albinos por via oral); DL50 200 – 100mg/kg contato contínuo (dose
letal média por contato contínuo na pele de coelhos albinos); CL50 200 – 2000
ppm/h inalação (concentração letal média por inalação em ratos albinos);
•“Efeitos em órgãos específicos”: estão incluídas hepatoxinas (nitrosaminas,
tetracloreto de carbono), nefrotoxina (hidrocarbonetos halogenados),
neurotoxina (mercúrio, dissulfeto de carbono), agentes que causam danos ao
pulmão (sílica, asbestos), toxinas reprodutivas (chumbo); perigosos à pele
(cetonas, compostos clorados); riscos aos olhos (solventes orgânicos, ácidos).

VIII. Termos e definições relacionados

Carcinógeno ou carcinogênico: substância ou agente que causa câncer.

Contaminação: deposição de material potencialmente perigoso em local não


desejado, particularmente onde a sua presença pode ser nociva ou constitui
em um perigo.

Citotóxicos: apresenta uma ação destrutiva em determinadas células; termo


utilizado normalmente em referência a fármacos antineoplásicos que “matam”
seletivamente as células em divisão.

Genotóxico: agentes (ex. radiação) ou substâncias químicas que promovem


danos ao DNA, causando mutações ou câncer.

Mutágeno ou mutagênico: agente químico ou físico que induz ou aumenta as


mutações genéticas através de alterações no DNA.

Sistema fechado: um dispositivo que não troca ar não filtrado ou contaminantes


com o ambiente adjacente.

Filtro HEPA (High-efficiency particulate air filter): filtro de ar de grande


eficiência, com índice de eficiência de 99,97% para captar partículas de 0,3
mícron de diâmetro.

E.P.I.: Equipamento de proteção individual. Artigos tais como luvas, jalecos,


respiradores, máscaras, pró-pé; óculos de segurança, máscaras e outros
artigos que protegem os trabalhadores individualmente de exposições físico-
químicas perigosas.

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MSDS (do inglês: “ Material Safety Data Sheet”): ficha de dados de segurança
de materiais.

FISQP (Ficha de Informações de Segurança ) : termo utilizado em português


para o MSDS.

Nível de Ação (NA): É o valor acima do qual devem ser iniciadas ações
preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições à
agentes ambientais ultrapassem os limites de tolerância (LT ou LEO).
NA = 50% da LEO (LT)

Antibiótico: substância antimicrobiana de origem biológica ou obtida de síntese


química que se emprega em tratamento de infecções.

Hormônio: substância química produzida em alguns órgãos dos seres humanos


ou obtidas através de síntese química capazes de regular o crescimento e o
desenvolvimento entre células, além de controlar as funções de muitos tecidos,
auxiliar as funções reprodutivas e regular o metabolismo.

Citostático: são fármacos capazes de inibir o crescimento desordenado de


células tumorais, alterando a divisão celular e destruindo as células que se
multiplicam mais rapidamente.

Risco: é uma situação em que exista probabilidade de perigo.

Perigo: é uma situação que exista real ameaça à existência de uma pessoa ou
coisa.

Teratogenicidade: é a capacidade de uma substância causar dano ao embrião


ou feto durante a gravidez, podendo acarretar na perda da gestação, mal-
formações ou alterações funcionais.

IX. Vias de exposição


A exposição ocupacional a uma determinada substância farmacêutica
pode ocorrer por diferentes vias do organismo. Estas vias incluem a respiratória
(por inalação), a cutânea (por absorção cutânea), a oral (por ingestão
inadvertida ou acidental) e a parenteral (por injeção acidental) (ASHP, 2004).
Enquanto a inalação é suspeita de ser o principal meio de exposição, estudos
em amostras de ar em ambientes de farmácias e de clínicas têm
freqüentemente demonstrado baixos níveis ou a ausência de contaminantes no
ar. Por conseqüência disto existe preocupações recentes relacionados aos
métodos de amostragem. Estudos de contaminação de superfícies, entretanto,
sugerem que o contato com a pele e absorção pode ser a via primária de
exposição. Na prática, todas as vias de exposição precisam ser consideradas
na proteção adequada do funcionário da farmácia.

Via Inalação: via de maior importância e de maior risco e perigo. A maioria dos
fármacos é bem absorvida por esta via. As operações farmacêuticas têm
demonstrado gerar significantes concentrações de partículas transportadas no

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ar de fármacos potencialmente perigosos, mesmo nas situações de


manipulação de pequenas quantidades (Farris, 2002). A exposição a
ingredientes farmacêuticos transportados pelo ar é influenciada por vários
fatores, incluindo a forma física do material (ex. pós e líquidos), operações
realizadas no processo de preparo( ex. pesagem, abertura de recipientes
contendo m.p., trituração, tamisação, mistura, encapsulação, limpeza de
equipamentos e do ambiente e derramamentos), práticas e técnicas de
trabalho e manipulação inapropriadas, controle de ambiente ausentes ou
inadequados (a utilização parcial ou não utilização de capelas de exaustão e
contenção de pós) e a utilização inadequada ou ausência de EPIs apropriados.
Na farmácia magistral a trituração de pós leves ou eletrostáticos no gral
constitui em uma das principais fontes de partículas no ar.

Contato com a pele: a pele pode ser afetada tanto por contato direto (irritação
ou alergia da pele) ou pela absorção cutânea. O uso de solventes tais como
álcool, acetona, DMSO e o propileno glicol aumentam a absorção cutânea de
fármacos. A absorção cutânea pode ocorrer especialmente se não houver
utilização de luvas e jalecos de manga comprida. O contato da pele com
superfícies contaminadas favorecem a absorção cutânea.

Ingestão oral: a ingestão oral acidental pode ocorrer através de vários


mecanismos. Estes mecanismos podem incluir a presença de alimentos e
bebidas no laboratório de manipulação, contato com objetos inanimados
contaminados presentes no laboratório (ex. canetas, ordem de manipulação,
livros e teclados do computador) e também da ausência ou inadequada
lavagem das mãos antes de se alimentar ou fumar.

Fatores que afetam a exposição do trabalhador:


 Forma física do material ;
 Quantidade de medicamento preparado;
 Freqüência ou duração da manipulação do medicamento;
 Potencial de absorção;
 Etapas intensivas do processo de trabalho
Transferência manual de materiais.
Pesagem de substâncias ativas.
 Operações que envolvam o emprego de força e alta energia
Moagem, trituração, tamisação, fluidificação, spray.
Pressurização.
 Técnica de trabalho
Práticas de trabalho deficientes
Carência de boas práticas e falta de cuidados.
 Operações de limpeza e manutenção.
 Uso inadequado ou insuficiente de EPIs.
 Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) inadequados, ausentes ou
mal utilizados.

A toxicidade e quantidade de fármaco manipulado, bem como o tempo


envolvido no preparo ou no manuseio são fatores importantes que
determinarão uma maior ou menor exposição.

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Fontes de exposição ocupacional:


•Partículas em suspensão no ar (poeira);
•Vestimenta contaminada;
•Equipamentos contaminados;
•Excreção do paciente (manuseados em ambientes hospitalares);
•Superfícies (da bancada de trabalho e outras).

X. Considerações para a avaliação dos riscos e desenvolvimento de uma


conduta sistemática para manipulação de fármacos perigosos e potentes
(IACP, 2003; NIOSH, 2004)

Os farmacêuticos magistrais necessitam determinar o potencial de


exposição ocupacional aos fármacos potentes e perigosos no ambiente de
trabalho. Isto deve ser realizado seguindo os passos a seguir:
•Identificar as potenciais vias de exposição ocupacional. Determinar como
proteger os funcionários, principalmente da inalação potencial e exposição da
pele.
•Caracterizar as áreas de maior contaminação.
•Identificar o potencial de perigo e categorizar das substâncias que oferecem
riscos à saúde com a exposição ocupacional no ambiente da farmácia.
Determinar quais fármacos são potentes ou perigosos. É importante que a
farmácia elabore a sua própria lista de fármacos potencialmente perigosos à
partir das matérias-primas disponíveis.
•Avaliação específica do risco ambiental.
• Verificar se a exposição está abaixo do Limite de Exposição Ocupacional ( LT
/ L.E.O). Esta verificação pode ser realizada por engenheiro trabalho ou outro
profissional habilitado contratado.
•Avaliar os fatores que podem levar à exposição. Determinar quais processos
podem gerar maior exposição.
• Avaliar a modalidade de difusão dos contaminantes no ambiente .
•Instituir o controle de medidas baseados na categoria e experiência.
•Desenvolver procedimentos escritos para manipulação e descarte de
fármacos perigosos e potentes.
•Avaliação dos procedimentos de higiene e limpeza.
•Controle dos funcionários expostos.
• Implementar um programa de treinamento dos funcionários para
manipulação segura de fármacos potentes e perigosos. Usar os conceitos
expressos neste trabalho e informações específicas das MSDSs ou FISQPs e
as contidas em monografias específicas dos fármacos encontradas em
referências básicas.
•Avaliar as medidas de prevenção da exposição do funcionário.
•Elaborar plano de contenção e limpeza.
• Conhecer a eficiência dos dispositivos de proteção coletiva e individual.
• Conhecimento de eventuais transferências residuais para áreas adjacentes.
•Verificar se a proteção ao trabalhador está aceitável, através da:
 Avaliação periódica.
 Monitoramento do ar.
 Acompanhamento médico e controles laboratoriais.

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XI. Avaliação dos riscos de exposição ocupacional

Se existe um risco químico para profissionais da área da saúde advindo


da manipulação de substâncias potencialmente perigosas, é possível mensurá-
lo e previní-lo de modo adequado?
Não há conhecimento suficiente do mecanismo de ação de determinadas
substâncias tóxicas, não permitindo, assim, a definição de um nivel de
exposição seguro, no qual não se evidencia efeitos tóxicos. É, portanto,
necessário que essa exposição seja mantida dentro dos níveis mais baixos
possiveis. Daí normalmente o níveis aceitáveis são calculados a partir da
menor dose terapêutica, aplicando um fator de incerteza. Além disso, existe
uma dificuldade ordem técnica analítica para determinar os níveis de
exposição. Tipicamente, o aumento da especificidade dos fármacos tem levado
a um aumento da potência dos novos fármacos, resultando em menores limites
de exposição requeridos. Detectar níveis extremamente baixos de exposição
apresenta atualmente um significante desafio no desenvolvimento apropriado
de métodos de amostragem e de métodos analíticos sensíveis (Binks, 2003). A
exposição ocupacional a ingredientes farmacêuticos suspensos no ar é
normalmente determinada por amostragem de frações de poeira inalável
presente na área de trabalho. Não há um método de amostragem
universalmente aceito, embora alguns métodos sejam cientificamente bem
caracterizados. Contudo, amostrar compostos potentes com baixos limites de
exposição ocupacional constituem um problema limitante (Guest & Newton,
1997). Um outro problema que ocorre é com a medida dos níveis de
compostos potentes suspensos no ar através de análises químicas. Métodos
analíticos validados são necessários para este propósito e frequentemente
requerem o uso de métodos analíticos especializados como cromatografia a
gás/espectrocospia de massa ou cromatografia líquida de alta eficiência
(CLAE) com decteção por fluorescência para se obter a sensibilidade requerida
(Binks, 2003). Portanto, não é surpresa que na rotina o monitoramento
específico para determinada substância não seja uma prática amplamente
adotada (Naumann et al., 1996). O monitoramento do ar no ambiente de
trabalho é mais comumente avaliado de forma geral e não específica a
determinado fármaco pela determinação da poeira respirável geralmente pelo
método NIOSH 0600.

XI.I.Limite de exposição ocupacional (LEO)


A indústria farmacêutica para determinar controles e práticas
adequadas de proteção aos funcionários desenvolveu um Limite de Exposição
Ocupacional (LEO), o qual é considerado ser um limite aceitável ou “seguro”
para um determinado período no ambiente de trabalho (Ku, 2000). O LEO é
adotado pela indústria farmacêutica e outras organizações não governamentais
e baseia-se geralmente em cálculos científicos da concentraçao suspendida no
ar de uma determinada substância considerada aceitável para trabalhadores
sadios. Realaciona-se ao níveil aceitável de exposição para trabalhos durante
8horas/dia e 40 horas semanais (NIOSH,2004). Existem atualmente diversos
termos que designam os limites de exposição como os RLEs (Recommend
Exposure Limits) relacionados pela NIOSH, os PELs (Permissive Exposure
Limits) da OSHA, os TLVs (Threshold Limit Values) da ACGHI (American
Conference of Governmental Industrial Hygienists ) e no Brasil o LT (Limite de
Tolerância) designado pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estabelece ainda a ADI (dose
diária aceitável), a qual refere-se à quantidade máxima tolerada de poeira
inalada diariamente pela maioria dos trabalhadores, que não venha causar
efeitos adversos à sua saúde (OMS). O cálculo da ADI é realizado de forma
diferente ao dos demais limites, estando relacionado à menor dose terapêutica
recomendada (o ADI para fármacos potentes corresponde a 1/100 da menor

12
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

dose terapêutica recomendada). Neste caso o fator 100 é derivado da


multiplicação do fator 10 utilizado para o ajuste da menor dose terapêutca para
a dose terapêutica não efetiva e o outro fator 10 é empregado para acomodar a
variabilidade de resposta individual.
Os limites de exposição podem geralmente serem obtidos a partir das
fichas de segurança específicas para determinadas substâncias, como MSDS
ou FISQP.

Cálculo do Limite de Exposição Ocupacional (Ku, 2000; Binks, 2003)

LEO = NOAEL(mg/kg) x P (Kg)


FS x TR (m3/8h)

Onde:
LEO = limite de exposição ocupacional.
NOAEL = “no-observable adverse effect level” (nível de efeito adverso não
observável). Seu valor é tipicamente descrito em unidade de mg/kg de peso
corporal do animal/ dia.
P = peso corporal humano (geralmente adota-se 70 Kg).
FS = Fator de incerteza : adota-se o valor adimensional 10 para compensar a
variabilidade humana.
TR = Taxa respiratória humana (corresponde a 10m3/8h de trabalho/dia).

Exemplos de LEOs de algumas substâncias


Fármaco L.E.O
Naproxeno 5000 mcg/m3
Digoxina 1mcg/ m3
Metotrexato 0,3 mcg/ m3
17--estradiol 0,1mcg/ m3
Etinil estradiol 0,035mcg/ m3
(Ader, 2002)

Os limites de exposição ocupacional são indicadores de primeira linha


para determinar quando a exposição é aceitável ou não. Além disso, os LEOs
têm sido empregados para categorização das substâncias quanto à sua
toxicidade ou potência.

XI.II. Categorização das substâncias farmacêuticas em função da sua


toxicidade /potência no contexto do risco ocupacional (Naumann et al., 1996;
Ader, 2002; Sereno, 2005)
Em função da sua toxicidade/potência evidenciada também pelo valor do
LEO, as substâncias podem ser categorizadas como:
 Baixa toxicidade: substâncias que apresentam o LEO > 0,5mg/m3. A
ADI pode ser obtida na proporção 1/1 da menor dose terapêutica
recomendada. Exemplos: ácido acetilsalicílico, naproxeno.
 Toxicidade intermediária: substâncias que apresentam o LEO >
10mcg/m3. A ADI pode ser obtida na proporção 1/10 da menor dose
terapêutica recomendada. Exemplo: isotretinoína.
 Potente (altamente tóxicas): substâncias que apresentam o LEO
compreendido entre 30ng/m3 a 10mcg/m3. A ADI pode ser obtida na

13
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

proporção 1/100 da menor dose terapêutica recomendada. Exemplo:


etinil estradiol, metotrexato.
 Altamente potente (extremamente tóxicas): apresentam o LEO 
30ng/m3. A ADI pode ser obtida na proporção 1/100 da menor dose
terapêutica recomendada. Exemplo: leuprolida

De maneira geral, para fármacos potentes, os limites de exposição


ocupacional (LEO, PEL,TLV) são menores ou iguais a 10g/m3 no ar em média
pesada da substância no período de 8 horas de trabalho (estes níveis não são
detectados pelo olho nu) (IACP, 2003; Allen Jr., 2006).

A indústria farmacêutica devido a dificuldade de identificar níveis sem


efeitos (NOAELs) de determinados fármacos potentes tem adotado uma nova
conduta baseada na performance para ajustar os limites de exposição. Este
novo método é chamado PB-ECL (Performance-based exposure control limits)
e consiste em designar as substâncias para uma de cinco categorias de perigo
de acordo com as suas propriedades toxicológicas e farmacológicas inerentes
(Naumann et al., 1996). Como conseqüencia deste método de categorização,
os ambientes de trabalho na indústria farmacêutica têm sido divididos em
função das 5 categorias de risco ocupacional (veja o quadro 1 abaixo).

Quadro1: Critério de designação para a categorização do risco ocupacional


pelo PB-ECL
Critério Categoria PB-ECL
1 2 3 4 5
Potência >100 >10-100 0,1-100 <0,1 <0,1
(mg/dia)
Severidade Baixa Baixa/mod. Moderada Mod./alta Alta
dos efeitos
agudos
Evidência de Boa Média Média/pobre Pobre Nenhuma
sintomas
agudos
Início da Imediato Imediato Pode ser Retardada Nenhum
evidência de retardada
sintomas
agudos
Tratável Sim Sim Sim Sim Sim/não
Necessidade Não Não requerida Pode ser Pode ser Requerida
de intervenção requerida requerida requerida imediatamente
médica imeditamente
Toxicidade Levemente Moderadamente Altamente Extremamente Super tóxico
aguda tóxico tóxico tóxico tóxico
Sensibilização Não Fracamente Moderadamente Fortemente Extremamente
sensibilizante sensibilizantes sensibilizante sensibilizante sensibilizante
Probabilidade Improvável Improvável Possível Provável Conhecido
de efeitos
crônicos
Severidade Inexistente Inexistente Leve Moderado Severo
dos efeitos
crônicos

14
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Efeitos Inexistentes Inexistentes Baixo Moderado Alto


cumulativos
Reversibilidade Reversível Reversível Pode não ser Pode não ser Irreversível
reversível reversível
Alteração da Não Não Sim/não Sim sim
qualidade de
vida
Adaptado:(Naumann et al., 1996)

Na farmácia magistral devido ao fato de se preparar pequenas


quantidades de medicamentos, comparativamente à quantidade produzida na
indústria farmacêutica, há a necessidade de dividir o ambiente de trabalho em
função de somente 2 categorias de fármacos agrupados (IACP, 2003; Ader,
2003):
A) Substâncias de toxicidade baixa e intermediária ( corresponde a Categoria
1 + categoria 2 do PB-ECL);
B) Substâncias potentes e altamente potentes (altamente tóxicas e
extremamente tóxicas (corresponde à Categoria 3 e Categoria 4 do PB-
ECL). (veja o quadro 2 abaixo)

Quadro2. Critério de risco ocupacional na farmácia magistral


Categoria A Categoria B
Substâncias farmacêuticas de Substâncias farmacêuticas potentes e
toxicidade baixa e intermediária altamente potentes (altamente tóxicas
(Exemplos: AINEs, cardioativos) e extremamente tóxicas)
(Exemplos: agentes citotóxicos,
hormônios esteroidais e peptídicos.)
Baixa a moderada toxicidade Efeitos sistêmicos agudos altos
sistêmica aguda
Baixa a moderada toxicidade Toxicidade sistêmica crônica alta
sistêmica crônica
Efeitos sistêmicos reversíveis Efeitos irreversíveis
Baixa a moderada severidade Alta severidade sistêmica
sistêmica
Não mutagênico, não carcinogênico, Efeitos severos, como
não tóxico ao sistema reprodutivo ou carcinogenicidade, toxicidade ao
ao desenvolvimento desenvolvimento, toxicidade
reprodutiva, mutagenicidade,
sensibilizantes potentes.
Toxicidade e potência desconhecidos
* Um ou mais dos critérios acima classifica o fármaco em determinada
categoria.
(IACP, 2003; Ader, 2003)

Exemplos de substâncias pertencentes à Categoria B:


 Hormônios esteroidais : estradiol (LEO= 0,1 mcg/m3), etinil estradiol
(LEO= 0,035mcg/m3), estriol, estrona, estrógenos conjugados,
progesterona (LEO=0,2mcg/m3), levonorgestrel (LEO=0,05 mcg/m3),
noretindrona (LEO=0,1mcg/m3), dietilestilbestrol, testosterona.
 Hormônios peptídicos: leuprolida.

15
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

 Agentes antivirais: ribaverina.


 Agentes citotóxicos (LEO = 0,5mcg/m3) (ex. ciclofosfamida,
metotrexato, paclitaxel, actinomicina, vincristina, mecloretamina, etc)
 Agentes imunosupressores: azatioprina, ciclosporina.

É recomendável que farmácia mantenha uma lista personalizada de


fármacos considerados potencialmente perigosos (pertencentes à categoria B),
os quais deverão ser manipulados em condições apropriadas e com critérios
especiais. Esta lista necessita ser atualizada constantemente com uma
eventual aquisição pela farmácia de novos fármacos que se apresentem como
potencialmente perigosos. Para determinar se uma dada substância é ou não
considerada potencialmente perigosa deve se checar o MSDS / FISQP ou
outras fontes de referência pertinentes. Devem ser observados nestes
documentos os procedimentos apropriados de manuseio da substância e
também se há menção de carcinogenicidade, genotoxicidade, teratogenicidade,
toxicidade reprodutiva ou ao desenvolvimento (critérios de inclusão na
categoria B). A tabela 1 relaciona os principais fármacos de interesse na
farmácia magistral consideridos potentes ou perigosos.

Tabela 1. Lista com alguns fármacos normalmente utilizados na farmácia


magistral e que devem ser manipulados como fármacos potentes e
perigosos (Categoria B):
Fármaco Classe terapêutica
Azatioprina Imunossupressor
Cloranfenicol Antibiótico
Colchicina Inibidor mitótico
Ciclofosfamida Antineoplásico
Ciclosporina Imunossupressor
Dietilestilbestrol Estrógeno sintético não esteroidal
Dinoprostone (Prostaglandina Ocitóxico
E2)
Ergonovina/metilergonovina Ocitóxico
Estradiol (incluindo seus sais e Estrógenos
esteres)
Estrógenos conjugados Estrógenos
Estrógenos esterificados Estrógenos
Estrona Estrógenos
Estriol Estrógenos
Finasterida Inibidor da 5-alfa-redutase
Fluorouracila (5-FU) Agente antineoplásico
Flutamida Agente antineoplásico
Ganciclovir Antiviral
Isotretinoína retinóide
Leflunomida Agente terapêutico não classificado
(antineoplásico)
Levonorgestrel progestogênio
Megestrol Antineoplásico

16
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

(acetato de megestrol)
Medroxiprogesterona, acetato progestogênio
Mercaptopurina (6- Antineoplásico
mercaptopurina)
Metotrexato (MTX) Antineoplásico
Metiltestosterona Andrógenos
Mitomicina Antineoplásico
Noretindrona (noretisterona) progestogênio
Paclitaxel Antineoplásico
Podofilotoxina Agente miscelânea da pele e
membrana mucosa (inibidor mitótico)
Podofilina (resina) Agente miscelânea da pele e
membrana mucosa (inibidor mitótico)
Progesterona (incluindo seus Progestogênio
derivados)
Progestina Contraceptivo
Raloxifeno Agonistas-antagonistas estrogênicos
Ribaverina Antiviral
Tacrolimus Agente terapêutico não classificado
(imunossupressor)
Tamoxifeno Antineoplásico
(citrato de tamoxifeno)
Testosterona (incluindo seus Andrógenos
sais e ésteres)
Tiotepa Antineoplásico
Tretinoina (ac. retinoico) Retinóide
Zidovudina Antiretroviral
Valerato de estradiol estrógenos
Adaptado: (NIOSH, 2004; National Institutes of Health Clinical Center, 2006)

Nota: A lista acima relaciona os principais fármacos considerados perigosos e


potentes que são usualmente manipulados na farmácia magistral. A lista não é
conclusiva, devendo ser personalizada e constatemente atualizada pela
farmácia. Outros fármacos devem ser sistematicamente categorizados antes de
serem manipulados e eventualmente, caso seja necessário, incluí-los nesta
lista. Também não está relacionada grande a parte dos fármacos empregados
em centrais de preparo de quimioterápicos, restringindo-se aqui apenas aos
fármacos usualmente manipulados em farmácias magistrais.

Tabela 2. Lista dos principais antibióticos manipulados em farmácias


magistrais
Fármaco Classe terapêutica
Amoxacilina Antibiótico penicilínico
Amoxacilina + clavunalato de Antibiótico penicilínico
potássio
Ampicilina Antibiótico penicilínico
Azitromicina Antibiótico macrolídeo

17
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Bacitracina Antibiótico tópico


Cefaclor Antibiótico cefalosporínico
Cefadroxila Antibiótico cefalosporínico
Cefalexina Antibiótico cefalosporínico
Claritromicina Antibiótico macrolídeo
Clindamicina Antibiótico derivado da lincomiicina
Cloranfenicol Antibiótico bacteriostático de amplo
espectro
Doxiciclina Antibiótico bacteriostático de amplo
espectro derivado da tetraciclina
Eritromicina Antibiótico macrolídeo
Gentamicina Antibiótico aminoglicosídeo
Minociclina Antibiótico bacteriostático de amplo
espectro derivado da tetraciclina
Neomicina Antibiótico tópico
Oxacilina Antibiótico penicilínico
Oxitetraciclina Antibiótico bacteriostático de amplo
espectro derivado da tetraciclina
Polimixina B Antibiótico tópico
Rifamicina Antimicobacteriano
Rifampicina Antimicobacteriano
Roxitromicina Antibiótico macrolídeo
Tetraciclina Antibiótico bacteriostático de amplo
espectro
Tianfenicol Antibiótico de amplo espectro
Tirotricina Antibiótico tópico
Nota: Esta lista representa os principais antibióticos manipulados na
farmácia magistral. A lista não é conclusiva e deve ser personalizada e
constatemente atualizada pela farmácia. Outros fármacos devem ser
sistematicamente categorizados antes de serem manipulados e
eventualmente, caso seja necessário, incluí-los nesta lista.

XI.III. Monitoramento da exposição


O monitoramento da exposição pode ser realizado por amostragem do
ar, amostragem das superfícies de trabalho (wipe test) e através de amostras
biológicas obtidas do funcionário exposto.
Na indústria, uma vez que se estalece o limite de exposição ocupacional,
os níves de partículas suspensas no ar pode ser monitorados. Já na farmácia
magistral, devido a diversidade de preparações contendo fármacos potentes, a
determinação dos LEOs e realização procedimentos de amostragem e
analíticos validados é limitada (IACP, 2003). No contexto da farmácia magistral,
o preenchimento frequente de um questionário que avalie a extensão da
exposição (veja modelo no anexo I deste trabalho) e a obtenção e avaliação
amostras biológicas dos funcionários expostos através em exames médicos
periódicos e a determinação periódica da poeira respirável (pelo método
NIOSH 0600) podem ser adequados (IACP, 2003; Sereno, 2005).

18
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

XII. Controle e prevenção da exposição ocupacional (OSHA, 1995; IACP,


2003)
A exposição às partículas de fármacos transportados pelo ar ou através
de superfícies contaminadas é reduzida através da aplicação efetiva dos
seguintes controles:
 Controles de engenharia : a área de manipulação deverá ter acesso
restrito, superfícies lisas de fácil limpeza, separação das áreas de
manipulação de áreas administrativas e segregação dos processos de
manipulação das substâncias de risco (categoria B) dos demais
processos. As áreas segregadas para manipulação destas substâncias
devem ser isoladas das áreas adjacentes e possuírem
preferencialmente antecâmera. Estas áreas devem ser isoladas de
modo tal para que não troquem ar contaminado com as áreas
adjacentes. A área segregada deve equipada com sistemas de
contenção e tecnologia para a redução dos risco, como sistemas de
ventilação/exaustão/ e filtração adequados para o tipo de forma
farmacêutica manipulada (exs. Cabines de Segurança Biológica tipo II
B2 para manipulação de líquidos e pequenas quantidades de pós ou
Cabines de Segurança Biológica tipo I para manipulação de sólidos.
 Controles administrativos: os controles administrativos são requeridos
para todas as operações farmacêuticas, incluindo aquelas envolvendo a
manipulação de fármacos potentes e perigosos. Procedimentos bem
definidos e escritos são necessários para manipulação, para o uso dos
equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e equipamentos de proteção
individual (EPIs), limpeza e manutenção, descarte de resíduos, etc. O
treinamento e a educação são essenciais para a prevenção da
exposição. Além disso, a implantação de um esquema de rotatividade
entre os funcionários envolvidos na manipulação destes fármacos
também diminui a exposição individual.
 Equipamentos de proteção individual (EPIs): Os EPIs devem, no
mínimo, incluir gorro, jaleco descartável de manga comprida, óculos de
segurança, luvas (látex não entalcada ou de nitrila), máscara
(ex.máscara com filtro HEPA), pró-pés. Adicionalmente, vários tipos de
equipamentos de proteção respiratória podem ser também considerados
em processos de maior produção.

XII.I. Características ideais de um sistema de controle ambiental para farmácia

O princípio fundamental é a contenção (confinamento), evitando a


disseminação dos contaminantes para o ar respirado e áreas adjacentes. A
escolha do sistema de contenção (confinamento) deve ser baseada em
diversos fatores, incluindo a escala de operação (pequena ou grande escala),
processos e equipamentos a serem utilizados na área de contenção. Isoladores
e Cabines de Segurança Biológica com exaustão equipadas com pré-filtros e
filtro absoluto HEPA (eficiência DOP (dioctilftalato) : 99,97%, na retenção de
partículas  0,3g) e velocidade de fluxo > 0,5m/s mostram-se apropriados
para manipulação de fármacos potentes e perigosos na escala magistral . As
Cabines de segurança biológica (CSB) Classe I são apropriadas para
manipulação de produtos não estéreis (ex. manipulação de pós), protegendo o

19
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

operador e as CSB Classe II tipo B2 são de escolha para manipulação de


produtos estéreis e protegem o produto e o operador (ex. manipulação de
líquidos, diluição de quimioterápicos) (IACP, 2003; ASHP, 2006). Capelas com
que garantam o enclausuramento da poeira que possa ser formada e que
possuam filtro tipo F-1 (ABNT NBR-6401) , com velocidade de captura >
60m/min e velocidade de fluxo >0,5m/s também podem também ser aplicáveis
para manipulações em pequena escala (Sereno, 2005).
Os pontos chaves a serem considerados são o controle do fluxo de ar,
controle do fluxo dos produtos, materiais e resíduos (o design área de
confinamento (ex. “área segregada”) deve permitir o fluxo de entrada de
materiais e saída de resíduos sem que ocorra contaminação das áreas de
trabalho ou adjacentes a esta), manipulação com um mínimo de contato do
operador, controle do meio interno (área de confinamento ou contenção) e o
controle do meio ambiente (Botet, 2006).
.
XII.II. Cabines de Segurança Biológica (CSB)

A Capela de Fluxo Laminar é efetiva em promover uma área limpa para


trabalhos que exigem condições assépticas, como a manipulação de
medicamentos estéreis.. Este equipamento proporciona um fluxo contínuo de
ar filtrado. O ar é filtrado através de um filtro de alta eficiência (HEPA – High
Efficiency Particulate Air filter), que remove 99,97% de todas as partículas
maiores ou iguais a 0,3 m de diâmetro. Essencialmente, este filtro está apto a
remover todos microorganismos e partículas contaminantes. O fluxo de ar deve
possuir velocidade suficiente para manter a área de trabalho livre de
contaminação para que esteja adequado para a manipulação de produtos
estéreis.

Tipos de Capelas de Fluxo Laminar


 Capela de Fluxo Laminar Horizontal: produz o fluxo de horizontalmente
sobre a área de trabalho. São os mais utilizados na preparação de produtos
estéreis. No entanto, não são recomendados para preparação de produtos
contendo fármacos tóxicos e perigosos devido ao fluxo do ar na direção do
operador. O fluxo laminar horizontal protege o produto durante a
manipulação, mas não protege o operador. A literatura relata um caso de
uma farmacêutica que trabalhou 20 meses em um hospital no preparo de
agentes citotóxicos, utilizando um fluxo laminar horizontal, onde o fluxo de
ar vai na direção do operador. Esta profissional foi diagnosticada com
câncer 12 anos mais tarde, o qual foi relacionado com a exposição
profissional anterior (Levin et al.,1993). Para a manipulação de substâncias
potentes perigosas é apropriado o uso de capela de fluxo laminar vertical.
 Capela de Fluxo Laminar Vertical (Cabine ou Câmara de Segurança
Biológica – CSB): produz o fluxo de ar verticalmente sobre a área de
trabalho. Devem ser preferidos para manipulação de substâncias potentes
perigosas ou materiais que ofereçam risco biológico. As Cabines de
Segurança Biológica, relacionadas são classificadas conforme relacionado
no Quadro 3.

20
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Quadro 3. Tipos e característas das Cabines de Segurança Biológica


Classe Características
Classe I  Possuem filtro HEPA na saída de exaustão do ar.
 Entrada de ar não ocorre filtragem.
 Protege operador (adequada para manipulação
produtos não-estéreis contendo fármacos
potentes ou perigosos ).
 Sem proteção para o produto. Não é adequada
para preparação de produtos estéreis.
Classe II Tipo A  Reciclagem de 70% do ar através do filtro HEPA
 Expulsão do ar restante através de filtro HEPA
 Velocidade do fluxo de ar frontal: 0,38 m/s
 Proteção do produto (adequada para preparações
estéreis)
Tipo B1  Reciclagem de 30-50% do ar através de filtro
HEPA
 Expulsão de 70-50% do ar restante através do filtro
HEPA
 Velocidade do fluxo de ar frontal: 0,50 m/s
 Proteção do produto (adequada para preparações
estéreis).
 Proteção do operador (proteção contra produtos
tóxicos em baixa concentração e pouco voláteis)
Tipo B2  Não há reciclagem do ar ( 100% do ar exterior
filtrado em filtro HEPA: 40% entra pela frente e os
60% são tomados diretamente do exterior).
 Velocidade do fluxo de ar frontal: 0,50 m/s.
 Proteção do produto (adequada para preparações
estéreis).
 Proteção do operador (proteção contra produtos
tóxicos em geral).
Tipo B3  Reciclagem de 70% do ar por filtro HEPA.
 Expulsão de 30% do ar restante através de filtro
HEPA.
 Velocidade do fluxo de ar frontal: 0,50 m/s.
 Proteção do produto (adequada para preparações
estéreis).
 Proteção do operador (proteção contra produtos
tóxicos em geral).
Classe III  Cabines totalmente fechadas.
 Entrada e saída do ar através de filtros HEPA.
 As operações são conduzidas através de luvas de
borracha atachadas.
 Cabines mantidas sob pressão negativa.
 Proteção do operador (proteção contra produtos
tóxicos em geral).
 Protege produto:tem limitadas aplicações na
preparação de produtos estéreis.

21
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

(Botet, 2006)

Figura 1. CSBs classe I (Botet, 2006).

Figura 2. CSB classe II tipo B2

Figuras 3 e 4. CSB classe III

22
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Para manipulação de fármacos potentes e perigosos são mais


apropriadas as CSBs classe I (p/ manipulação de formas farmacêuticas sólidas
não estéreis ), CSBs classe II tipo B2 (éstereis em formas líquidas e pequenas
quantidade de pós) e as CSBs classe III (éstereis em formas líquidas e
pequenas quantidade de pós).

XIII. Requisitos de controle de engenharia e em EPIs para manipulação


substâncias farmacêuticas em função de seus riscos ocupacionais

Conforme abordado anteriormente neste trabalho, diferentes ambientes


de trabalho são requeridos para a manipulação e produção das diferentes
categorias de fármacos em função dos riscos ocupacionais inerentes à
toxicidade e farmacologia destes (Naumann et al., 1996). Na farmácia
magistral, parece ser necessário dois tipos de ambientes de trabalho: uma área
confinada e controlada para a manipulação de fármacos de toxicidade alta ou
extrema (Categoria B) e outra área mais aberta para a manipulação de
fármacos de toxicidade baixa ou intermediária (Categoria A) (IACP, 2003). Os
requisitos para os controles de engenharia e de EPIs também são
diferenciados para a manipulação destas duas categorias, conforme o
relacionado a seguir:

A. Requisitos para manipulação substâncias farmacêuticas de toxicidade baixa


e intermediária (categoria A):
–Área “aberta” do laboratório (sem confinamento = contenção);
–sistemas de exaustão de pós convencionais para manipulação de
quantidades menores que 100g;
–EPIs recomendados:
 Luvas de procedimento;
 Jaleco manga comprida;
 Óculos de segurança;
 Touca descartável;
 Máscara .

Figura.5. Sistema modular de exaustão de pós ( p/


manipulação de fármacos categoria A)

B. Requisitos para manipulação substâncias farmacêuticas potentes e


altamente potentes (altamente tóxicas e extremamente tóxicas):
–Área restrita e segregada (com confinamento ou contenção).

23
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

–Sistema de exaustão/ventilação apropriado:


 Cabine de segurança biológica – CSB Classe I (não estéreis) CSB
Classe II B2 (estéreis) (ASHP, 2006).
 Sistema de exaustão/ventilação c/filtro tipo F1 ABNT NBR6401 (não
estéreis) (Sereno, 2005).
–Recipiente para descarte materiais perigosos;
–Equipamentos e utensílios exclusivos (ex. ter placas de encapsular, gral,
pistilo e tamis exclusivos para manipulação de hormônios, outros para
citotóxicos, outros para antibióticos, etc ).
- Sinalização de identificação alertando para riscos, cuidados preventivos e
segurança (utilizar preferencialmente a simbologia descrita na NBR 7500 da
ABNT).
–EPIs recomendados (Almeida, 2004):
 Luvas apropriadas: luvas cirúrgicas de látex ou nitrilica, descartáveis,
não-entalcadas, de punho largo. Usar dois pares. Quando se usam luvas
duplas, a luva interna deve ficar sob o punho do jaleco e a externa sobre
ele. As luvas de procedimento são permeáveis aos agentes citotóxicos
(Laidllaw et al., 1984). É recomendável trocar as luvas de 30 em 30
minutos (ASHP, 2006) ou pelo menos de hora/hora durante a sessão de
manipulação (OSHA).
 Jaleco de manga comprida, preferencialmente com elástico na manga;
 Óculos de segurança;
 Máscara com com proteção de carvão ativado, o qual age como filtro
químico para partículas de até 0,2 . Deve ser descartável e proteger
principalmente o nariz e a boca. Máscaras com filtro HEPA também se
mostram adequadas Máscaras cirúrgicas não oferecem proteção
adequada, já que não possuem o poder de retenção de aerossóis
(Torloni, 1995).
 Pró-pé sobre sapatos fechados;
 Touca descartável;
 Kit para derramamento: lava-olhos, gazes, papel toalha absorvente,
recipiente para descarte de substâncias perigosas, solução com
desativante químico (ex. hipoclorito de sódio 5 –10%).

XIV. Procedimento geral para manipulação de fármacos potentes e


perigosos (formas farmacêuticas sólidas)

1) Antes do início de cada sessão de manipulação, a área de manipulação


segregada deve ser totalmente higienizada e limpa. Os equipamentos e a
área devem ser inspecionados antes da manipulação, certificando se os
mesmos encontram-se adequadamente higienizados e limpos.

2) Os dutos e filtros do sistema de exaustão/ventilação devem ser


inspecionados semanalmente, sendo registrado em formulário próprio. A
periodicidade de limpeza dependerá do volume de produção,
recomendando-se um intervalo não superior a 30 dias. Quando da limpeza
dos dutos e filtros, o operador deverá utilizar os mesmos EPIs
recomendados no processo de manipulação (utilizar máscara protetora com
filtro). Deverão ser seguidas todas as recomendações de manutenção
contidas no manual do fabricante do Sistema de

24
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Ventilação/Exaustão/filtração ou cabines de segurança biológica. Pelo


menos a cada 12 meses, deverá ser verificada a eficácia do sistema ou das
cabines, sendo medida principalmente a eficiência (eficiência gravimétrica
para filtros de ar ou eficiência DOP para o filtro absoluto da CSB) e a
velocidade de captura prevista no projeto. Trocas de filtros e pré-filtros,
manutenção, verificação e certificação de equipamentos deverão ser
devidamente registrados em formulário próprio.

3) A manipulação de formulações com hormônios, antibióticos e citostáticos


pode ser realizada em turnos e/ou horários específicos para cada um
destes grupos de fármacos, desde que consensuada e autorizada pela
autoridade sanitária local. Quando houver a mudança da classe terapêutica
manipulada (ex. de hormônios p/ antibióticos), deverá ser realizada prévia
limpeza e higienização, visando garantir a ausência de qualquer vestígio do
produto anteriormente manipulado. O procedimento de limpeza deverá ser
registrado como evidência de sua realização.

4) Os funcionários sensíveis devem ser excluídos da manipulação de


fármacos potentes, perigosos ou sensibilizantes. Devem ser excluídos os
funcionários que se enquadrem nas seguintes situações: mulheres grávidas
ou com suspeita de gravidez; mulheres em período de amamentação;
pessoas consideradas de alto risco ( com antecedentes de abortos e/ou má
formação congênita); pessoas previamente tratados com fármacos
potentes, com radiações ionizantes ou ambos; pessoa com suspeita de
dano genético ou com antecedentes de alergias a fármacos potentes ou
sensibilizantes. Somente estarão aptos para a manipulação, os funcionários
que tiverem recebido treinamento específico e adequado.

5) Deverá ser certificado a utilização completa e adequada dos EPIs


recomendados neste procedimento. O manipulador deverá estar
adequadamente paramentado (veja recomendação para EPIs no item XIII
letra B).

6) O sistema de ventilação/exaustão/filtragem ou a CSB deve ser ligado


previamente a manipulação (pelo menos 30 minutos antes), devendo
permanecer funcionando durante e um pouco após a sessão de
manipulação.

7) A bancada da área de manipulação deverá ser revestida com “papel


manteiga” ou outro revestimento impermeável, descartável e que não solte
fibras, o qual deverá ser descartado em recipiente própriamente identificado
após o procedimento de manipulação.

8) Os utensílios utilizados para a manipulação para fármacos potentes e/ou


perigosos devem ser segregados e específicos para cada classe
terapêutica manipulada (ex. uns específicos para hormônios, outros para
os agentes citotóxicos e outros para antibióticos) .

9) O manipulador deve evitar sair da área de contenção (área de


confinamento) durante o processo de produção. Evitando, assim a

25
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

possibilidade de contaminação das áreas adjacentes . A saída da área


restrita deve ser realizada somente após o término do processo, realização
da higienização da área de trabalho e retirada dos EPIs utilizados .

10) Em caso de derramento acidental, a sessão de manipulação deverá ser


interrompida e procedido com a adequada limpeza e higienização conforme
descrito neste procedimento. A limpeza da contaminação com pós deve ser
realizada com gazes umedecidas. A área atingida deve ser limpa com a
gaze umedecida com solução de hipoclorito de sódio a 1%, seguida limpeza
com gaze umedecida com solução de tiossulfato de sódio (solução de
tiossulfato de sódio 1% p/p + álcool benzílico 0,9% +água destilada qsp
100%) para eliminação do cloro residual, seguida pela limpeza com água
destilada e por último com álcool a 70% (ASHP, 2006) . Para realização da
limpeza é necessário a utilização de EPIs. O vazamento de líquidos deve
ser seco com gaze absorvente. Fragmentos de vidro devem ser recolhidos
com uma pequena colher e desprezados em recipientes apropriados (ex.
recipiente bem vedado de plastico com identificação apropriada para
resíduos tóxicos). Caso o derramento contamine a vestimenta do
manipulador, a mesma deverá ser imediatamente trocada. Derrames
maiores e resíduos podem ser inativados com solução de hipoclorito de
sódio a 5 ou 10%.

11) Os resíduos e materiais descartavéis (ex. gazes, papel manteiga, luvas,


etc) devem ser acondicionados em sacos de lixo de alta densidade (branco
leitoso com identificação apropriada de resíduos tóxicos)

12) Os utensílios e materiais reutilizáveis ( ex. gral, pistilo, espátula, etc)


devem ser acondicionados em sacos plasticos selados e identificados como
material perigoso para que sejam posteriormente limpos e higienizados
antes de serem novamente utilizados.

Nota importante: Formas farmacêuticas semi-sólidas e líquidas não estéreis


contendo fármacos potentes e perigosos são menos frequentes e podem
eventualmente serem manipuladas no laboratório de semi-sólidos em área sem
contenção, desde que no preparo destas não seja necessário o emprego de
técnicas que envolvam a aplicação de pressão e formação de gotículas. A
aditivação simples nestas condições anteriormente expressa realizadas de
forma eventual em frequência reduzida não apresenta riscos significativos.
Entretanto, para uma maior segurança e em situações de preparo frequente as
CSB classe II tipo B2 são mais apropriadas para o preparo seguro destas
formas farmacêuticas.

XV. Armazenamento, fracionamento, embalagem e rotulagem de


fármacos perigosos e potentes (ASHP, 2006):
Fármacos “perigosos” e “potentes” devem ser identificados com rótulos
distintos dos demais fármacos de menor toxicidade. A inclusão no rótulo de
símbolos de advertência é recomendada (ver símbolos na NBR 7500 da
ABNT). Além disso, em caráter preventivo é recomendável mantê-los
segregados dos demais em área com ventilação/exaustão apropriada para

26
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

diluir em remover quaisquer possíveis contaminantes no ar. É recomendável


também que as embalagens que contêm estes fármacos sejam impermeáveis,
bem vedadas e protegidas de eventuais quedas e quebra. O transporte des
fármacos de um setor para outro na farmácia deverá ser realizado em
recipientes selados que proteja o produto da quebra em caso de queda. O
manuseio destes fármacos seja na área de manipulação, almoxarifado,
laboratório de controle ou outro setor da farmácia deve ser realizado por
funcionário treinado devidamente paramentado. O número de funcionários
expostos deve ser reduzido.

Figuras: Símbolos de produto tóxico (6) e produtos corrosivo (8) (NBR 7500 da
ABNT)

XVI.Controle da exposição dos funcionários: controle médico, ambiental,


auditoria, treinamento

A farmácia deve elaborar um controle individual dos funcionários expostos


aos fármacos potentes e/ou perigosos, os quais deverão ser submetidos a uma
vigilância especial pelos responsáveis médico e de segurança do trabalho.
Cada funcionário exposto deverá possuir um histórico médico/ocupacional que
leve em consideração seus antecedentes pessoais e laborais, características
do posto de trabalho, tempo de exposição, exposições acidentais, entre outros.
Os exames médicos ocupacionais deverão ser específicos, com especial
atenção na anamnese para se detectar possíveis efeitos à saúde dos
funcionários, como também deverá se ter atenção na busca de sinais agudos
da toxicidade na pele e mucosa, e também de efeitos crônicos a longo prazo. A
observação de eventuais alterações em células sanguíneas são úteis para
detectar efeitos crônicos só observados clinicamente a longo prazo, pois estas
células são mais sensíveis, por exemplo, a medicamentos com efeitos
carcinogênicos. É de vital importância o monitoramento biológico dos
funcionários envolvidos, na ocasião dos exames médicos periódicos realizados
pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
O nível de exposição depende, não só da quantidade de fórmulas
preparadas por dia, como também da relação de como os fármacos são
manipulados e como todas as medidas de proteção estão sendo utilizadas.

27
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

O funcionário deverá receber um treinamento prévio e um


acompanhamento inicial realizado pelo farmacêutico responsável pelo setor
antes de trabalhar com a manipulação de fármacos potentes e perigosos.
Onde for tecnicamente aconselhável ou justificável pelo volume de
produção, recomenda-se um rodízio entre os funcionários envolvidos na
manipulação de fármacos potentes e/ou perigosos. Porém, sempre deverá ser
levado em consideração o grau de informação e o treinamento específico de
cada empregado para este tipo de manipulação.
É recomendável que o menos uma vez ao ano, quando da revisão do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), se faça uma avaliação
quantitativa da exposição dos manipulados a poeiras de fármacos potentes
pelo método NIOSH 0600 (poeira respirável). O resultado encontrado pode ser
comparado ao ADI (1/100 da menor dose terapêutica recomendada para
determinado fármaco) de algum fármaco, embora o método não seja específico
a um fármaco em particular(Sereno, 2005).
É recomendável a realização de auditorias internas periódicas (ex.
trimestralmente) para avaliação do estrito cumprimento e da eficácia das
medidas preventivas adotadas. A auditoria pode ser realizada conforme modelo
de questionário presente no anexo I.
A empresa deverá estabelecer um programa de treinamento dos
funcionários, contemplando as práticas de segurança, uso adequado e correto
de EPIs, toxicologia e práticas apropriadas para manipulação e descarte de
fármacos potencialmente perigosos. Deverá ser criado e desenvolvido uma
cultura de segurança entre os funcionários envolvidos na manipulação de
fármacos potentes e perigosos.A farmácia deverá manter um procedimento
escrito para correta manipulação destes fármacos. Os treinamentos deverão
ser regulares e formalizados (documentados).

XVIII. Descarte, inativação e gerenciamento dos resíduos


A farmácia magistral deverá manter procedimentos escritos sobre o
gerenciamento dos resíduos dos processos produtivos realizados. Para atender
a aspectos regulatórios será necessário elaborar um Plano de Gerenciamento
dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). O PGRSS é um conjunto de
procedimentos de gestão que visam o correto gerenciamento dos resíduos
produzidos no estabelecimento. Esses procedimentos devem ser, planejados e
implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais,
com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos
resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à
proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos
naturais e do meio ambiente, seguindo, rigorosamente as legislações ANVISA
RDC 306 e CONAMA 358.
A RDC 306/ 2004 (ANVISA) traz diretrizes básicas para o gerenciamento
de resíduos de saúde, incluindo: segregação, acondicionamento, identificação,
transporte, armazenamento,tratamento, coleta e disposição final. Segundo este
regulamento os resíduos de produtos hormonais e produtos antimicrobianos;
citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos;
imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde,
farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os
resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria
MS 344/98 e suas atualizações são classificados como Classe B. As farmácias

28
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

deverão observar as diretrizes da RDC 306/ 2004 para o gerenciamento dos


resíduos de substâncias químicas consideradas potentes ou perigosas,
observando as recomendações para segregação, acondicionamento,
identificação, transporte, armazenamento, tratamento, coleta e disposição final.
Veja no quadro 4 abaixo o tipo de resíduo e sua respectiva destinação.

Quadro 4. Tipos de resíduos e destinação final

Adaptado: (RDC 306/2004 da ANVISA)

Inativação dos resíduos de fármacos potentes e perigosos


A inativação de pequenas quantidades de fármacos potentes e
perigosos é geralmente realizada por:
•Inativação térmica (1000 / 1200oC): realizada em empresa terceirizadas
devidamente autorizadas por órgãos competentes.

29
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

• Inativação química: pequenas quantidades de resíduos podem ser inativados


quimicamente com uma solução de hipoclorito de sódio 5-10% (durante 3-
24hs), reagente de Fenton (FeCl2, 2H2O; 0,3g em 10mL H2O2, 30%) (durante
1h), ou peróxido de hidrogênio  30% ( durante1h) (Hansel et al., 1997).

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32
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Anexo I:
Questionário para auditoria interna para avaliação do nível exposicional
ocupacional (Sereno, 2005)

1. Empresa

............................................................................

2. Nome Fantasia

............................................................................

3. Endereço

............................................................................

4. Número de funcionários

 masculino  feminino

5.Principais antibióticos manipulados (maior quantidade e periodicidade),


informar nome genérico do fármaco:

............................................................................
............................................................................
............................................................................

6. Periodicidade de manipulação dos antibióticos

 1 dia por semana  2 dias por semana  3 dias por semanas

 5 dias por semana  outros .......

7. Quantidade média de antibióticos manipulados

7.1. por semana (em gramas) : ...............

7.1. por dia (em gramas): .....................

8.De que forma os antibióticos são manipulados:

 sólida (pó)  líquida  diluída (pó + líquido)

33
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

9.Tempo de manipulação (média) diária em minutos:

............................................................................

10. Principais hormônios manipulados (maior quantidade e periodicidade)


informar nome genérico do fármaco:

............................................................................
............................................................................
............................................................................

11. Periodicidade de manipulação dos hormônios:

 1 dia por semana  2 dias por semana  3 dias por semanas

 5 dias por semana  outros .......

12. Quantidade média de hormônios manipulados:

12.1. por semana (em gramas) : ...............

12.1. por dia (em gramas): .....................

13.De que forma os hormônios são manipulados ?

 sólida (pó)  líquida  diluída (pó + líquido)

14. Tempo de manipulação (média) diária em minutos:

............................................................................

15. Principais citostáticos manipulados (maior quantidade e periodicidade),


informar o nome genérico do fármaco:
............................................................................
............................................................................
............................................................................

16. Periodicidade de manipulação dos citostáticos:

 1 dia por semana  2 dias por semana  3 dias por semanas

 5 dias por semana  outros .......

34
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

17. Quantidade média de citostáticos manipulados

17.1. por semana (em gramas) : ...............

17.1. por dia (em gramas): .....................

18. De que forma os citostáticos são manipulados?

 sólida (pó)  líquida  diluída (pó + líquido)

19. Tempo de manipulação (média) diária em minutos:

............................................................................

20. A manipulação dos antibióticos, hormônios e/ou citostáticos é feita por


todos os empregados da fabricação ou empresa tem empregados
específicos para esta atividade ?

............................................................................

21. O local de manipulação destes fármacos potentes é separado das


demais manipulações?
............................................................................
............................................................................

22. Qual o tipo de equipamento de proteção individual (EPI) utilizado pelos


manipuladores destes fármacos?
............................................................................
............................................................................
............................................................................

23. No local onde são manipulados estes fármacos existe sistema de


exaustão com filtro? Em caso positivo, especifique o tipo.
............................................................................
............................................................................

24. Após a manipulação de fármacos potentes e/ou perigosos, qual o tipo


de limpeza,inertização e/ou higienização, feita no local?
............................................................................
............................................................................
............................................................................

Data:......../............/........... E-mail:..............................................

35
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

Telefones/fax:.........................

Nome e cargo: .............................................................................

Assinatura:..................................................................................

36
Manipulação de Fármacos Potentes e Perigosos

“NENHUMA PARTE DESTA APOSTILA PODERÁ SER


REPRODUZIDA SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA, POR ESCRITO DA
ANFARMAG, POR MEIOS ELETRÔNICOS, MECÂNICOS,
FOTOGRÁFICOS, GRAVAÇÃO OU QUAISQUER OUTROS”

37

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