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I. INTRODUÇÃO

No presente trabalho será abordado sobre o paracetamol, tendo como título o


conhecimento dos moradores do Bairro Ramiro do Município de Belas sobre as
consequências do uso irracional do paracetamol no I trimestre de 2024.

Para a elaboração deste trabalho recorremos a diversas fontes como revistas científicas,
artigos e trabalhos científicos, que foram úteis para uma melhor abordagem sobre o tema.

Este trabalho é composto por seis capítulos, possuindo no primeiro capítulo a introdução,
que faz menção a formulação do problema, justificativa do estudo e os objetivos gerais e
específicos. O segundo capítulo é a fundamentação teórica, tendo como base de
construção o primeiro ponto, definições de termos e conceitos, seguido de um breve
historial sobre paracetamol, sua farmacocinética, farmacodinâmica e suas propriedades
terapêuticas, efeitos adversos, contra-indicações, interações medicamentosas e sua
toxicidade.

O terceiro capítulo é a metodologia, fazendo referência ao tipo de estudo, campo de


estudo, população e amostra, variáveis, critérios, procedimentos de recolha de dados,
delimitação e limitação de estudo, aspecto éticos, procedimentos de analise, e
processamento de dados. Onde pretendemos realizar um estudo observacional descritivo
transversal com abordagem quantitativa, contendo nas fichas de inquérito perguntas
fechadas.

O paracetamol é um dos fármacos mais vendidos em todo mundo, estando disponível no


mercado na forma de genérico e sobre vários nomes comercias(Infarmed, 2014).
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1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O paracetamol é um dos analgésicos e antipiréticos mais utilizados em crianças e


adultos por possuir uma janela terapêutica larga com poucos efeitos adversos. No
entanto, por ser um medicamento não sujeito a receita médica, é por vezes utilizado em
sobredosagem, podendo provocar hepatotoxicidade decorrente do esgotamento dos
níveis de glutationa hepática e do excesso de produção de N-acetil-
pbenzoquinonaimina (NAPQI), um metabolito alquilado, que se liga aos grupos sulfidrilo
das proteínas hepáticas originando necrose dos hepatócitos.( Pettie e Dow, 2013).

Segundo alguns estudos realizados demonstraram que as principais classes envolvidas


na automedicação foram os medicamentos analgésicos e antitérmicos que atuam no
sistema nervoso (75%), representados pelo paracetamol (45%), pela dipirona (15%),
seguidos pelo ibuprofeno (6%) e pelo ácido acetilsalicílico (3%), sendo que foi
observado que o paracetamol é o antitérmico mais utilizado para o manejo da febre,
com prevalência de 71% ( Beckhauser et al 2010).

Apesar da grande segurança do paracetamol nas doses terapêuticas, este fármaco é muito
utilizado em associações e em várias formas farmacêuticas, pelo que não é difícil
ultrapassar a dosagem máxima diária de 4g (via oral)

Todos medicamentos têm efeitos colaterais, contra-indicações e interacções com outros


produtos sejam eles alimentares ou medicamentosos.

Baseando-se nestes últimos elementos acima citados como alavanca para a nossa
pesquisa nasce a seguinte questão:

Que conhecimento os moradores do Bairro Ramiro têm sobre as consequências do


uso irracional do paracetamol ?
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1.2. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

A escolha deste tema deve-se a observância da falta de conhecimento relativamente aos


efeitos colaterais, reacções adversas, contra-indicações e a hepatoxicidade do
paracetamol, aos moradores do Bairro Ramiro do Município de Belas.

Sendo assim, fez-se uma avaliação e observamos que o perfil dos moradores é lastimável
devido a falta de saneamento básico, unidades de saúde, proporcionando desta forma
inúmeras doenças e o uso de medicamentos sem a orientação de um profissional de saúde,
facilitando assim aos moradores a prejudicarem-se devido a estes factores.

A propaganda de medicamentos e o crescente número de medicamentos vendidos ao ar


livre faz com que as pessoas limitem procurar as unidades de saúde, o mau atendimento,
a distância são os factores que levam ao uso irracional do paracetamol.

Como futuros técnicos de saúde e como conhecedores dos medicamentos, esta na nossa
responsabilidade passarmos as informações relativamente ao uso racional do
paracetamol, desde as suas indicações, efeitos colaterais, contra-indicações,
hipersensibilidade, toxicidade e as suas interacções medicamentosas. Por isso, sentimos
a necessidade de elaborar esse trabalho a fim de chamar atenção aos moradores.
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1.3. OBJECTIVOS

1.4.GERAL

 Avaliar o conhecimento dos moradores do Bairro Ramiro Município de Belas


sobre as consequências do uso irracional do paracetamol.
1.5 ESPECÍFICO
 Caracterizar o perfil social relevante da amostra (sexo, idade, nível
académico)
 Identificar o conhecimento dos moradores sobre o uso do paracetamol longe da
obsevância de um profissional de saúde e as consequências.
 Identificar os factores que afetam os moradores do Bairro Ramiro sobre o uso
irracional do paracetamol.
 Destacar a extrema importância da orientação do profissional de saúde sobre os
cuidados da nossa saúde através do uso orientado do paracetamol.
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II. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

2.1 Definições de termos e conceitos

O conhecimento é o resultado do processo de aquisição de entendimento ou


conhecimento sobre algo, seja um objeto, uma prática, um conceito teórico.( LILÉN
GOMEZ | Janeiro 2023).

Segundo FERREIRA e tal (1999, p. 529) diz que o conhecimento é o “ato ou efeito de
conhecer” ou “ideia”, noção. Outro significado, apontado por estes mesmos autores,
definem o termo como “informação, noticia, ciência”.

2.5 Medicamentos

Medicamento refere-se a toda substância ou mistura de substância usada para o


tratamento, diagnostico, prevenção ou alívio da doença ou seus sintomas no ser humano
ou nos animais, ou todas as substâncias que podem corrigir ou modificar as suas funções
orgânicas (AS BASES GERAIS DA POLITICA NACIONAL FARMACÊUTICA).

2.6 Prescrição

É considerada um documento com valor legal pelo qual se


responsabilizam, perante o paciente e sociedade, aqueles que prescrevem, dispensam e
administram os medicamentos. É o principal material de terapia do paciente enfermo.
Nela, consta a terapia medicamentosa essencial para reabilitação do bem-estar do
paciente. É elaborada após avaliação do quadro clínico do paciente, devendo ser de
acordo com o diagnóstico. (DAMMENHAIN, 2010).

2.7 Prescrição de medicamentos

É definida como “uma ordem escrita, dirigida ao farmacêutico, definindo como o


fármaco deve ser fornecido ao paciente, e a este, determinando as condições em que o
fármaco deverá ser utilizado”. É documento legal, pelo qual se responsabilizam: quem
prescreve (médico) e quem dispensa (farmacêutico), estando sujeitos à legislação de
controlo e vigilância sanitária segundo WANNMACHER; FERREIRA (2008),
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2.8 Automedicação

Difine-se como o uso de medicamentos sem prescrição médica, ou seja, as situações em


que o paciente decide qual o medicamento que vai utilizar. Inclui-se nessa designação
genérica a indicação de medicamentos por pessoas não habilitadas, como, amigos,
familiares ou balconistas da farmácia, nesses casos também denominados de exercícios
ilegal da medicina.( Segundo a MIRIAM et al, 2004).

2.9 Reações adversas

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define reação adversa a medicamento (RAM)


como “qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com
medicamentos em doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnóstico,
tratamento de doença ou para modificação de funções fisiológicas”. Não são consideradas
reações adversas os efeitos que ocorrem depois do uso acidental ou intencional de doses
maiores que as habituais (toxicidade absoluta). (Bertolini et al., 2006).

2.10 Consequências

Aquilo que resulta ou é produzido por causa de; efeito, resultado: (DICIONÁRIO OLINE
DE PORTUGUÊS)

2.11 Intervenções farmacêuticas

Segundo o Conselho Brasileiro de Atenção Farmacêutica é um ato planejado,


documentado e realizado junto ao usuário e aos profissionais de saúde, que visa resolver
ou prevenir problemas que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte
integrante do processo de acompanhamento/seguimento farmacoterapeúticos (OPAS,
2002),

2.12 Breve historial sobre a origem do paracetamol

A acetanilida foi o primeiro derivado da anilina ao qual se associou um efeito analgésico,


bem como propriedades antipiréticas, tendo sido rapidamente introduzido no mercado
por Cahn e Hepp com o nome de antifebrina em 1886. No entanto os seus efeitos tóxicos
nomeadamente a cianose, devido à produção de meta-hemoglobinemia, levaram à
necessária pesquisa de compostos menos tóxicos. Nesse sentido foram realizadas diversas
experiências com o para-aminofenol já que os investigadores partiram do pressuposto
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que este seria o composto resultante da oxidação da acetanilida no organismo. Todavia


verificou-se que os efeitos tóxicos não foram atenuados o que levou a que fossem testados
os derivados químicos do para-aminofenol entre os quais se destacam a fenacetina e o
paracetamol (Refat et al., 2013; Goldman e Gilman, 2001).

O paracetamol foi sintetizado em 1878 por Harmon Northrop Morse e utilizado


clinicamente, pela primeira vez, por von Mering em 1887 que logo descartou o
paracetamol em favor da fenacetina, porque assumiu que o último composto possuía
propriedades menos tóxicas (Bertolini et al., 2006). O total de vendas de fenacetina
tornaram este fármaco um dos principais da empresa Bayer. Embora menos popular que
a aspirina, introduzido na medicina por Heinrich Dreser em 1899, a fenacetina foi durante
muitas décadas muito utilizada no tratamento de cefaleias Bertolini et al., 2006). Apenas
em 1948, Brodie e Axelrod demostraram que o principal metabolito responsável pela
ação analgésica da acetanilida e da fenacetina era o paracetamol e que os efeitos tóxicos
de meta-hemoglobinemia eram produzidos por outro metabolito, a fenil-hidroxilamina (;
Refat et al., 2013)

A primeira comercialização do paracetamol aconteceu em 1955, pelos laboratórios


McNeil sob o nome registado de Tylenol®, elixir das crianças. Em 1956, os comprimidos
de 500 mg de paracetamol foram também colocados à venda no Reino Unido, com o
nome comercial de Panadol, produzido pelo laboratório Glaxo-SmithKline (Smith, 2009;
Toussaint et al., 2010).

O paracetamol ganhou ampla popularidade atribuída ao facto de ser bem tolerado,


com elevada eficácia e perfil de segurança e com poucos efeitos adversos quando
usado nas doses terapêuticas recomendadas, e da possibilidade de aquisição sem
prescrição médica (Larson, 2007)

Porém, o paracetamol apresenta vantagens sobre estes fármacos, pois muitos dos
efeitos adversos associados aos AINEs não são observados com o uso do paracetamol,
tornando-se assim uma alternativa importante para utentes que não possam tomar ou
não tolerem os AINEs, devido a reações alérgicas de hipersensibilidade, problemas
asmáticos, hemorrágicos e gastrointestinais com histórico de úlceras pépticas
(Bertolini et al., 2006; Brune et al., 2009).
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2.13 Mecanismo de ação

Embora o paracetamol seja utilizado na clínica há mais de um século, o seu mecanismo


de ação ainda não está completamente elucidado. Apesar de várias teorias terem sido
descritas para explicar os efeitos deste fármaco, estes parecem ser devido à contribuição
de vários mecanismos de ação (Anderson, 2008; Bertolini et al., 2006; Graham et al.,
2013).

A primeira hipótese (mais estudada) é a inibição da síntese das prostaglandinas


pelo paracetamol por inibição a nível central da ciclooxigenase, nomeadamente a
COX-2. O efeito antipirético do paracetamol é mediado pela inibição da síntese da
PGE2 no centro termorregulador do hipotálamo (Anderson, 2008; Bertolini et al.,
2006; Graham et al., 2013).

Swierkosz et al. (2002) encontrou evidências de que o paracetamol pode inibir as


isoformas COX-1, COX-2 (mais seletivo) e também uma variante da COX-1,
denominada de COX-3. A COX-3 foi descoberta mais recentemente e encontra-se
localizada a nível cerebral. Pensa-se ser esta a isoforma mais sensível a este fármaco
e ter assim um papel importante no efeito do paracetamol. Contudo, a função desta
COX é ainda incerta, não existindo até à data dados suficientes que suportem
inequivocamente esta hipótese (Bertolini et al., 2006; Mattia e Coluzzi, 2009; Smith,
2009).

2.14 Farmacocinética

O paracetamol pode ser administrado por via oral, retal ou intravenosa. As formas
de comercialização incluem comprimidos de libertação imediata, comprimidos de
libertação prolongada, comprimidos efervescentes, xaropes, supositórios e ainda
preparações para administração intravenosa (Graham et al., 2013; Osswald et al., 2013).

A dose terapêutica convencional depende da via de administração e varia entre 325 a


1000 mg em adultos, administrados por períodos de tempo que variam entre 4-6 horas,
até um máximo de 4000 mg por dia. Em crianças, a dose única varia entre 40 a 480 mg
até ummáximo de 5 doses diárias, dependendo do peso e da idade. (Goodman & Gilman,
2001)
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2.15 Absorção

O paracetamol administrado por via oral é absorvido ao nível do intestino delgado de


forma rápida e praticamente total, ao contrário da absorção gástrica que é
insignificante. A velocidade da sua absorção vai depender da velocidade do
esvaziamento gástrico, ou seja, quanto mais rápido for o esvaziamento gástrico mais
rápida será a absorção do fármaco (Bertolini et al., 2006). Assim sendo, certos
fatores como alimentos e doenças gastrointestinais podem influenciar a sua absorção
consequentemente atrasar o início de ação do fármaco (Hodgman e Garrard, 2012).
Pelo contrário, a administração de medicamentos procinéticos, como a
metoclopramida e a domperidona, aceleram o esvaziamento gástrico, o que
consequentemente vai favorecer a absorção do paracetamol (Osswald et al., 2013).

A concentração plasmática do paracetamol atinge o pico em cerca de 30 a 60 minutos


após a ingestão de doses terapêuticas recomendadas de formas sólidas e de 30 minutos
quando administrado na forma de xarope. Contudo, estes valores poderão prolongar-se
em caso de doses excessivas, havendo uma correlação direta com a dose ingerida
(Goodman & Gilman, 2001; Bertolini et al., 2006).

2.16 Dstribuição

O paracetamol é distribuído de forma relativamente uniforme pela maioria dos


fluidos corporais. A ligação do fármaco às proteínas plasmáticas é relativamente baixa
(10-30%) e apenas 20-50% podem estar ligados nas concentrações encontradas durante a
intoxicação aguda (Bertolini et al., 2006; Hoffman et al., 2007). Apresenta capacidade
de atravessar a barreira hemato-encefálica, bem como a barreira placentária, onde é
eficazmente metabolizado pelos hepatócitos fetais por conjugação com os iões
sulfato (Bertolini et al., 2006).

2.17 Metabolismo

Em doses terapêuticas, o paracetamol é metabolizado essencialmente no fígado


(90%), via conjugação com ácido glucurónico (40-67%) e ião sulfonato (20-46%),
sendo que algum metabolismo pode ocorrer também ao nível do intestino e rins
(Bertolini, et al.,2006). Estas reações de conjugação são catalisadas pelas UDP-
glucuronosil-transferases (UGT) e sulfotransferases (SULT) respetivamente,
conhecidas por reações de fase II, levando à formação de metabolitos inativos, que são
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posteriormente eliminados pela urina,constituindo-se estas as principais vias de


biotransformação do paracetamol (Hoffman et al., 2007; Larson, 2007).

Uma pequena fração (2-5%) de paracetamol é excretado de forma inalterada na


urina, enquanto a fração restante (5-15%) é metabolizado pelo sistema enzimático
citocromo P450 (CYP), principalmente pela isoforma CYP2E1 e, em menor extensão,
pela CYP3A4 e CYP1A2, com formação de N-acetil-p-aminobenzoquinonaimina
(NAPQI), um metabolitoaltamente reativo, com elevada afinidade para grupos tióis
(Bertolini et al., 2006; Hoffman et al., 2007; Hodgman e Garrard, 2012).

O metabolismo do paracetamol depende da idade e da dose administrada. Os


adultos saudáveis apresentam um tempo de semi-vida plasmática de cerca de 2 horas,
já os recém nascidos e crianças ostentam um tempo de semi-vida de cerca de 2 a 5 horas.
Isto pode ser explicado pelo facto de nos adultos o metabolismo do paracetamol por
conjugação com ácido glucurónico ser a principal via metabólica, enquanto nos recém-
nascidos e crianças a conjugação com ião sulfonato é a via metabólica predominante
(Bertolini et al., 2006; Larson, 2007).

2.18 Excreção

Após administração de doses terapêuticas, 90 a 100% do paracetamol é recuperado na


urina sob a forma de metabolitos conjugados inativos, no período de 24 horas, sendo
apenas 2 a 5% do fármaco excretado de forma inalterada (Bertolini et al., 2006).

2.19 Indicações terapêutica e propriedades farmacológicas

O paracetamol é um analgésico e antipirético eficaz na febre e no desconforto associado


a infeções virais e bacterianas, cefaleias e em situações de dor músculo-esquelética
De acordo com o Índice Nacional Terapêutico, é um fármaco indicado para o tratamento
sintomático de gripes, constipações ou outras hipertermias infeciosas, cefaleias ligeiras a
moderadas, odontalgias, otalgias, dores menstruais (dismenorreia primária), dores pós-
traumáticas, reações hiperérgicas da vacinação, dores musculares e articulares (ligeiras
a moderadas), e como analgésico antes e após as intervenções cirúrgicas. (Clayton e
Stoke, 2002).

As atividades analgésica e antipirética do paracetamol são similares às da acetanilida e


fenacetina, da qual é metabolito. No entanto o primeiro produz pequenas quantidades ou
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nenhuma meta-hemoglobinemia. Por ser menos tóxico que a fenacetina, o paracetamol


acabou por a substituir em diversas formulações farmacêuticas (Korolkovas e, 1988). É
um bom substituto para utentes que não possam tomar produtos contendo ácido
acetilsalicílico devido às reacções alérgicas de hipersensibilidade, terapêutica
anticoagulante, ou possíveis problemas hemorrágicos devido a úlceras pépticas ou
duodenais, gastrites e hérnias de hiato. O paracetamol não possui actividade anti-
inflamatória clinicamente significativa e por consequência é ineficaz, a não ser como
analgésico, no alívio dos sintomas da artrite reumatóide e de outras inflamações (Clayton
e Stoke, 2002).

De acordo com os dados da FDA, em função do desconhecimento, a população tende a


consumir grande variedade de medicamentos isentos de prescrição (MIP) a base de
acetaminofeno, sendo utilizados concomitantemente para inúmeras indicações. O uso de
múltiplas preparações que contém paracetamol (em geral combinações em doses fixas)
constitui um factor de risco para a hepatotoxicidade (WANMMACHER, 2005).

2.20 Doses terapêuticas administradas

A dose terapêutica convencional depende da via de administração e varia entre 325 a 1000
mg em adultos, administrados por períodos de tempo que variam entre 4-6 horas, até um
máximo de 4000 mg por dia. Em crianças, a dose única varia entre 40 a 480 mg até um
máximo de 5 doses diárias, dependendo do peso e da idade (Goldman e Gilman, 2001).
A dose entre 5-15 mg/kg por via oral ou de 15-20 mg/kg por via retal num máximo de 75
mg/kg/dia é considerada como a dose máxima eficaz e segura. Uma dose de 90
mg/kg/dia é considerada por muitas autoridades como dosagem “supraterapêutica”
(Marzuillo et al., 2014). É recomendado aumentar o intervalo de dosagem para 6
horas em doentes com insuficiência renal moderada (TFG entre 10-50 ml/min), e de 8 em
8 horas em doentes com insuficiência renal grave (TFG <10 ml/min) (Bertolini et al.,
2006).

2.21 Paracetamol na gestação e amamentação

Apesar do frequente uso do acetaminofeno no período gestacional, dados a respeito da


possível relação causal entre defeitos congênitos e seu uso são escassos, sendo que
estudos apresentam tanto dados negativos quanto inconclusivos. O principal risco
do uso do paracetamol durante a gestação parece ser o acometimento hepático em
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doses tóxicas, que pode ocorrer tanto na gestante quanto no feto. Não obstante, a
utilização do mesmo em qualquer período da gestação parece estar relacionada ao
surgimento de sintomas respiratório no primeiro ano de vida. Realizado um estudo com
gestantes que fizeram uso de paracetamol, observou um pequeno, porém significativo
aumento no risco de diagnóstico de asma em crianças que completaram 18 meses de
idade (FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2011).

Embora se tenha identificado a presença do acetaminofeno no leite materno, não há


evidências concludentes que associem o acetaminofeno a anormalidades em decorrência
do consumo de leite materno em recém-nascido (FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2011).

Os estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado que há evidências sobre a


segurança da administração de paracetamol durante a gravidez. Contudo, o
paracetamol apenas deve ser utilizado durante a gravidez após uma avaliação cuidadosa
em relação ao risco-benefício. O paracetamol é excretado no leite materno, mas em
quantidades clinicamente insignificantes. Uma vez que no lactente não foram
demonstrados efeitos adversos, por norma, não se procede à interrupção do aleitamento
durante o tratamento com paracetamol ( INFARMED,, 2015).

2.22 Fatores que influenciam na hepatotoxicidade do paracetamol

Paracetamol é considerado um componente hepatotóxico dose-dependente e pode


promover lesão hepatocelular através de três mecanismos, ocorrendo de maneira
independente ou em associação, sendo a mais comum:

1. A sobredose (ingestão de doses superiores);


2. A excessiva ativação do sistema citocromo P450 (CYP) resultante da ingestão
de determinados medicamentos provedores da formação de radicais livres
de oxigênio responsáveis pela lesão hepatocelular;
3. A depleção dos níveis de glutationa do hepatócito por ingestão alcoólica,
sobredose e desnutrição responsável pela inativação da NAPQI (JUNIOR,
2011).

Os fatores que podem reduzir o limiar para a sobredosagem ou aumentar a


probabilidade de insuficiência hepática são:
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 Álcool: não predispõe a hepatotoxicidade pelo paracetamol em pacientes não


etilistas crônicos, ocorrendo competição do álcool com o paracetamol para a
metabolização e menor produção de NAPQI com provável efeito protetor. O
uso crônico do álcool ativa a via metabólica CYP, depleta os níveis de
glutationa aumentando a produção de NADPI, sendo assim os níveis a
hepatotoxicidade pelo paracetamol pode ocorrer em doses menores. Estudos
recentes demonstraram que 10% dos pacientes etilistas crônicos necessitaram
de doses inferiores de 4g/dia para lesão hepática (LARSON et al, 2005).
 Idade e sexo: como as crianças apresentam normalmente altos estoques de
glutadiona, o esperado é que as mesmas fossem menos vulneráveis ao
paracetamol; mas em estado de febre prolongada, diarreia, vômitos ou
subnutrição, há diminuição dos níveis de glutadiona, tornando as crianças
suscetíveis tanto quanto os adultos, podendo ocasionar danos hepáticos severos
além da icterícia (ZHAO, 2011).
 Tabagismo: tabaco contém produtos indutores do CYP1A2 e aumenta o
metabolismo oxidativo. Tabagismo é considerado fator de risco
independentemente da mortalidade associada à sobredose por paracetamol
(JUNIOR, 2011).

2.23 Conseqências do uso do paracetamol

O uso indevido de muitas substâncias pode acarretar diversas consequências como:


resistência bacteriana, reacções de hipersensibilidade, dependência, sangramento
digestivo, sintomas de retirada e ainda aumentar o risco de uma neoplasia
(BORTOLETTO, BORCHENER, 1999).

São inúmeros os riscos que a automedicação e o uso irracional conseguem provocar ao


organismo de uma pessoa. Todo medicamento possui copiosos efeitos colaterais , quando
usados de maneira irracional são capazes de causar muitos danos e poucas vantagens
ocasionando em intoxicação, interação medicamentosa, alívio dos sintomas mascarando
o diagnóstico de uma doença, reação alérgica, dependência, resistência ao medicamento,
armazenamento incorreto dos medicamentos fazendo com que a pessoa confunda os
medicamentos, ingestão de substâncias após sua data de validade e ineficácia no
tratamento devido ao mau armazenamento (MATOS et al., 2018).
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2.24 Contra-indicações/Efeitos adversos

Os pacientes hipersensíveis ao paracetamol não devem tomar o fármaco. A


hipersensibilidade ao paracetamol é rara, sendo as reações cutâneas e de broncospasmo
as mais frequentes. O seu uso frequente pode ser um fator de risco para o desenvolvimento
de asma causada pela diminuição da glutationa, um importante antioxidante na árvore
brônquica, favorecendo a ocorrência de danos teciduais, espasmos musculares,
hiperresponsividade brônquica e permeabilidade vascular provocada por radicais livres
de oxigénio. A diminuição da glutationa também pode favorecer a produção de
quimiocinas, promovendo o desenvolvimento de doenças atópicas (Wémeau-Stervinou
et al., 2011). De acordo com os folhetos informativos fornecidos ao utilizador, o
paracetamol deve ser tomado com especial cuidado se o paciente tiver febre há mais de
três dias, febre alta (39ºC) ou febre recorrente (BeneFarmacêutica, 2014).

2.25 Interações medicamentosas

O paracetamol potencializa os efeitos anticoagulantes do acetocoumarol e da varfarina


uma vez que causa um aumento do risco de sangramento. Por isso os pacientes que
recebem anticoagulantes por via oral devem ser advertidos para limitar o consumo
de paracetamol. A toma simultânea de paracetamol com outros medicamentos que
induzem as enzimas do CYP 450, como a isoniazida e os antiepilépticos (ex.:
carbamazepina, fenitoína e barbitúricos), aumenta o risco de toxicidade. A
coadministração de paracetamol com zidovudina pode causar hepatotoxicidade ou
neutropenia. Além disso foi demonstrado que o paracetamol possui uma menor
biodisponibilidade em pacientes epilépticos que receberam tratamento com
anticonvulsivantes como a fenitoína e a fosfenitoína. Por outro lado, aumenta a
excreção urinária de lamotrigina (Bertolini et al., 2006).

Os procinéticos como a metoclopramida e a eritromicina também provocam um aumento


da absorção do paracetamol e antecipam o início da sua ação (Ogungbenro et al., 2011).
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2.26 Precauções e advertências especiais

Apesar do paracetamol ser um fármaco com uma janela terapêutica larga, na presença de
fatores de risco torna-se importante

 Avaliar os sinais vitais – temperatura, tensão arterial, pulso e frequência


respiratória;
 Avaliar os sintomas gastrointestinais, antes e durante o tratamento;
 Quando utilizado como analgésico, efetuar uma análise da dor antes da sua
 administração e regularmente durante o tratamento. Registar o controlo
inadequado da dor e providenciar a alteração terapêutica;
 Quando utilizado como antipirético, deve-se avaliar a temperatura e proceder à
sua reavaliação, por exemplo, a cada 2 ou 4 horas. (Clayton e Stoke, 2002):

2.27 Intervenção do profissional de farmácia

O papel paliativo ou curativo de um medicamento não se limita somente à


acessibilidade, deve ser acompanhado de informações apropriadas, sejam verbais
ou por escritas, com intervenção de forma decisiva na sua utilização no intuito de
minimizar os riscos previsíveis. Dentro deste contexto, pode ser dito que um
medicamento é a soma do produto farmacêutico com a informação sobre o mesmo
(GOMES, 2003 aput BOLZAN, 2008).

O farmacêutico perante a sociedade tem a corresponsabilidade pelo bem estar do


paciente, privilegiando a saúde e trabalhando para que a qualidade de vida não
seja comprometida por um problema evitável, decorrente de uma terapia
farmacológica. Faz -se necessário atentar ao uso racional, de forma que os pacientes
recebam os medicamentos para a indicação apropriada nas doses, nas vias de
administração e no tempo de tratamento adequado; orientando as possíveis reações
adversas e contraindicações (VIEIRA, 2007).

O farmacêutico é o último profissional da saúde que tem contato direto com o


paciente depois da decisão médica. Desta forma, dentro do sistema de saúde, representa
umas das últimas oportunidades de identificar, corrigir ou reduzir possíveis erros
associados à terapêutica. Com efeito, diversos estudos demonstraram diminuição
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significativa do número de erros de medicações e reforçaram a ideia de que a


intervenção farmacêutica reduz o número de eventos adversos, aumenta a qualidade
de assistencial e diminui os custos hospitalares. Segundo Nunes (2008),

III. METODOLOGIA

3.1. Tipo de estudo

Pretendemos realizar um estudo observacional descritivo transversal com abordagem


quantitativa, que segundo Richardson (1989) expõe que este método é frequentemente
aplicado nos estudos descritivos (aqueles que procuram descobrir e classificar a relação
entre variáveis), os quais propõem investigar “o que é”, ou seja, a descobrir as
características de um fenômeno como tal, onde serão analisados as respostas do
questionário submetido aos moradores do bairro Ramiros.

3.2. Campo de estudo


O estudo será realizado aos moradores do bairro Ramiros no Municipio de Belas em
Luanda.

3.3 População e amostra

A população para estudo será constituída pelo universo de 100 moradores que residem
no Bairro Ramiro no Munícipio de Belas em Luanda, dos quais uma parte será
seleccionada de forma aleatória simples para o inquérito, e retiraremos uma amostra de
50% do sexo feminino 50% do sexo masculino, cujos dados serão usados para análise.

3.4. Variáveis de estudo

Serão consideradas para estudo as seguintes variáveis:

a) Variáveis independentes: Idade, sexo, grau de escolaridade, estado civil e serviço.


b) Variaveis dependentes: Conhecimento dos moradores do Bairro Ramiro do
Município de Belas sobre as consequências do uso irracional do paracetamol.

3.5. Critérios de inclusão e critérios de exclusão

Neste estudo serão incluídos todos os moradores que estiverem presentes no local e no
dia de recolha de dados e os que aceitarem ser submetidos a responderem o questionário.
26

Quanto a exclusão, serão excluídos todos os moradores que não tiverem a


disponibilidade de participarem e nem responderem ao questionário proposto.

3.6 Procedimentos de recolha de dados

Para recolha de dados serão utilizadas as fichas de inquérito, elaborados com base nas
variáveis propostas no estudo. O inquérito será realizado através da distribuição
das fichas aos inqueridos, mediante explicação prévia dos motivos e objectivo da
investigação.

3.7 Delimitação e limitação do estudo

A pesquisa será realizada somente aos moradores do bairro Ramiros sobre as


consequências do uso irracional do paracetamol.

Serão considerado para análise, somente os dados referentes ao tema obtidos através
do inquérito submetido aos moradores.

3.8 Aspectos éticos

Para que a investigação seja efectuada e respeite as questões de ética, serão tomadas
medidas preventivas de modo a garantir a protecção dos direitos dos indivíduos
envolvidos no estudo.

O projecto será apresentado ao conselho científico do Instituto Técnico Privado de Saúde


Zolana, através de um questionário específico.

3.9 Procedimentos de análise e processamento de dados


Os dados serão colhidos através de um questionário devidamente estruturado, e os
mesmos serão informatizados no programa Microsoft Word 16 , Excel e apresentados em
Microsoft Power Point.
27

IV. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

ATIVIDADES MESES
JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO
Aprovação do tema
Elaboração do
protocolo de
investigação
Aprovação do
protocolo
pela Comissão
Científica

Recolha de dados

Montagem do TCC
em word
Revisão (correção) do
TCC
Entrega do trabalho
para censura
Montagem do TCC
em Power Point
Entrega do TCC em
Word

Pré defesas
Defesa do trabalho de
fim do curso
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V. ORÇAMENTO

DESCRIÇÃO Valor (akz) por unidade Valor total

Um computador 3000.00 kz 3000.00 kz

Duas resmas de papel A4 7000.00 kz 7000.00 kz

Uma impressora 12000.00 kz 12000.00 kz

Duas esferográficas 100.00 kz 100.00 kz

Despesas com meio de transporte 7000.00 kz 7000.00 kz

TOTAL 29.100.kz 29.100 kz


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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFRICAS

BRUNTON, LL; CHABNER, BA; KNOLLMANN, BC. As bases farmacólogicas da


terapêutica de Goodman & Gilman. 12° ed, São Paulo: AMGH; 2012.

BUCARETCHI, F; FERNANDES, CB; BRANCO, MM; CAPITANI, EM; HYSLOP, S;


CALDAS, JPS; ET. AL. Falência hepática aguda em neonato de termo após ingestão de
doses repetidas de paracetamol. Rev paul pediatr., mar. 2014.

.( LILÉN GOMEZ | Janeiro 2023). Segundo FERREIRA e tal (1999) conhecimento

(Refat et al., 2013; Goldman e Gilman, 2001). Breve histórial de paracetamol

COSTA, JM; ROCHA, LM; SANTOS, CM; ABELHA, LL; ALMEIDA, KCA. Análise
das prescrições medicamentosas em uma maternidade de Belo Horizonte e classificação
de riscos na gestação e amamentação. Rev Bras Farm Hosp Serv Saúde, jan./mar. 2012.

LOPES, J; MATHEUS, ME. Risco de hepatotoxicidade do paracetamol (Acetaminofem).


Rev Bras Farm.,

MUNOZ-GARCIA, A; ANDRADE, RJ. Paracetamol, mai. 2011.

Osswald, W. et al. (2013). – INFARMED, Ministério da Saúde.

WANMMACHER, L. Paracetamol versus Dipirona: como mensurar o risco


Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde – Brasil,
2005.

WANMMACHER, L. Medicamentos de Uso Corrente no Manejo de Dor e Febre


Uso Racional de Medicamentos: Temas Selecionados, 2010. Organização Pan-
Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde – Brasil, 2010.

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