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FAST- Faculdade Santíssima Trindade

Equipe: Amanda Lais, Deise Ayara, Fernanda Guilherme, Maria Aldivania e Maria Clara.

Prof.ª: Gilvania Disciplina: Citologia Clínica Farmácia - 8º período

Nazaré da Mata, 11 de outubro de 2021

CARACTERÍSTICAS CITOLÓGICAS NOS ESFREGAÇOS CERVICOVAGINAIS


NORMAIS

O colo uterino é representado pela ectocérvice e pela endocérvice. A ectocérvice é


revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado e a endocérvice, pelo epitélio
colunar simples mucossecretor. A vagina e o colo do útero (ectocérvice) Este epitélio, quando
maduro (durante a fase reprodutiva da mulher), é representado por quatro diferentes camadas:
Células basais; Células parabasais; Células intermediárias e Células Superficiais. A
endocérvice e as glândulas endocervicais podem ser encontradas raras células colunares
ciliadas. podem ser observadas em agrupamentos monoestratificados, ou representando
arranjos em paliçada ou tira quando vistas lateralmente.

Metaplasia escamosa

O ponto de ligação entre o epitélio glandular endocervical e o epitélio escamoso de


ectocérvice é chamado de junção escamocolunar.

Mecanismo de desenvolvimento

Durante a puberdade e na primeira gravidez, o colo aumenta de volume em resposta a


alterações hormonais. Nessa ocasião há ectopia do epitélio endocervical, que fica então
exposto ao ph ácido da vagina. Essa alteração do ph representa o estimulo para o processo de
metaplasia escamosa, um fenômeno adaptativo do epitélio colunar. Na metaplasia do colo, há
a transformação do epitélio colunar endocervical em epitélio escamoso estratificado não
queratinizado.

São reconhecidos 3 estágios do processo de metaplasia escamosa: A primeira


manifestação morfológica é o aparecimento de uma e depois várias camadas de células
imaturas. Depois há uma perda de células colunares e o epitélio se torna mais diferenciado
(metaplasia escamosa madura), e posteriormente o epitélio torna-se praticamente
indistinguível do epitélio escamoso original.

Significado clinico da metaplasia escamosa

Estudos mostram que as células metaplasicas imaturas da zona de transformação do


colo do útero são mais suscetíveis a ação de agentes carcinogênicos, especialmente o
papiloma vírus humano (HPV). E nessa região onde se desenvolvem a maioria das lesões pré-
cancerosas e o carcinoma escamoso do colo.

Características citológicas

Células de reserva endocervicais: tamanho pequeno com citoplasma escasso,


cianofilico e finamente vacuolizado. O núcleo é redondo ou oval, centralizado, com elevada
relação nucleocitoplasmatico, cromatina fina e distribuída em conjuntos.

Células metaplasicas: De tamanho igual as células parabasais e são redondas ou oval,


citoplasma delicado ou denso e as vezes com vacúolos, núcleo redondo ou oval, paracentrais
ou centrais, com cromatina finamente granular distribuída e as vezes nucléolo.

Células metaplasicas maduras são do tamanho das células intermediarias, e podem se


distribuir em conjuntos frouxos. As vezes as células metaplasicas tanto imaturas quanto
maduras revelam prolongamentos citoplasmáticos assumindo um aspecto estrelado. Presença
de coloração dupla citoplasmática sob a aparência de um citoplasma dividido em duas zonas,
uma mais densa (ectoplasma) e uma mais interna perinuclear, relativamente pálida.

Endometrio

O endométrio é a camada mais interna do copo do útero constituído por epitélio cilíndrico
simples e lâmina própria (estroma) além de conter inúmeras glândulas tubulares simples
também chamadas de glândulas endometriais. O endométrio estando sob a ação dos
hormônios ovarianos estrógeno e progesterona, sofre modificações cíclicas, que é o ciclo
menstrual.

Nos esfregaços cervicovaginais em condições normais, as células endometriais são


observadas no 12º dia do ciclo menstrual, no início da gravidez quando ocorre implantação
do ovo, durante aborto e no período de pós-parto imediato. Em mulheres usuárias de DIU
pode ocorrer descamação de células endometriais às vezes atípicas, em qualquer fase do ciclo
menstrual. Em mulheres pós-menopausadas que fazem reposição hormonal. Já em qualquer
outra ocasião, a presença destas células pode indicar lesão endometrial, como pólipo,
endometrite, endometriose, hiperplasia endometrial ou mesmo neoplasia maligna
(adenocarcinoma).

Quanto as características citológicas as células glandulares são redondas, com citoplasma


escasso, delicado, transparente, com bordas indistintas. Os núcleos são redondos,
hipercromáticos, com cromatina grosseiramente granular uniformemente distribuída. Em
condições normais, não se identifica nucléolo. Entre o 6º e o 10º dia do ciclo menstrual, há
frequente descamação de células endometriais sob a forma de conjuntos esféricos com uma
área central representada por células estromais profundas, pequenas, alongadas, amontoadas e
um anel periférico de células glandulares. O fundo contém células do estroma superficial do
endométrio que são similares a histiócitos, com variação do tamanho, citoplasma
vacuolizado, cianofílico, com bordas indistintas e um núcleo excêntrico com cromatina
granular. As células estromais profundas apresenta citoplasma escasso, pouco preservado, são
fusiformes ou estreladas e têm núcleos ovalados. As células glandulares endometriais se
diferenciam das células endocervicais pelo seu menor tamanho, citoplasma mais escasso com
bordas menos definidas, núcleos menores com cromatina mais grosseira e uma descamação
em conjuntos muito pequenos, onde há frequente sobreposição nuclear.

As células do segmento uterino inferior são às células do terço superior do colo e são
idênticas às células endometriais. Mas nos esfregaços estas células apresentam aparência
diferente das células endometriais. Essa modificação do seu aspecto morfológico se dá em
função do desalojamento forçado com a escovinha das células do segmento inferior, enquanto
as células endometriais vistas habitualmente nos esfregaços descamam espontaneamente. As
células do segmento uterino inferior são encontradas nas amostras cervicovaginais numa
frequência em torno de 7% sob a forma de elementos glandulares e estromais. Essas células
são mais comuns nos esfregaços de mulheres submetidas previamente à conização por lesões
pré-cancerosas de alto grau tornando o colo mais curto que o normal. Como consequência, há
uma maior chance da escovinha, durante a colheita da amostra cervical, atingir as porções
mais altas do canal com obtenção de células do segmento inferior.

As características citológicas destas células são do tipo glandular e pequenas, têm citoplasma
escasso, núcleos hipercromáticos com bordas regulares e cromatina granular e são
distribuídas em arranjos tubulares com ou sem ramificação e podem conter aberturas
glandulares na sua intimidade. Na margem desses arranjos, as células assumem muitas vezes
uma disposição em paliçada. As células estromais descamam em agregados frouxos,
similares a sincícios. Elas exibem citoplasma escasso, mal delimitado, núcleos arredondados
ou ovalados. É comum o encontro de capilares entre as células estromais, auxiliando na sua
identificação. Estas células se distribuem na periferia das células glandulares quando estas
últimas são presentes.

Células não epiteliais

Hemácias têm pouco significado clínico, podendo indicar trauma na colheita da amostra
cervicovaginal. Por outro lado, o encontro de hemácias degeneradas, lisadas, deve alertar o
examinador, uma vez que podem se associar a carcinomas invasivos. Já os leucócitos
polimorfonucleares neutrófilos quando se apresentam em pequeno número são comuns nos
esfregaços, originando-se principalmente da endocérvice. Nos processos inflamatórios
agudos, os neutrófilos são numerosos. Quando se sobrepõem às células epiteliais em mais de
75% do esfregaço, comprometem a pesquisa das lesões pré-cancerosas e malignas. É esta a
razão de considerar essas amostras como insatisfatórias para a avaliação, sendo indicada a
repetição do exame após tratamento. O linfócito maduro é levemente maior que uma
hemácia. O seu núcleo é circundado por escasso citoplasma basofílico. A presença de
linfócitos em diferentes estágios de maturação traduz o diagnóstico de cervicite crônica
folicular. Plasmócitos são incomuns nos esfregaços cervicovaginais e quando presentes são
geralmente associados a linfócitos, caracterizando processo inflamatório crônico. Os
histiócitos são geralmente redondos ou ovais, mas podem ser alongados, poligonais,
fusiformes ou triangulares. Devido as suas características incomuns, os histiócitos podem
representar uma fonte importante de diagnósticos falso-positivos. Os histiócitos
mononucleados e multinucleados podem se associar a menopausa, radioterapia, corpos
estranhos, processos inflamatórios e às vezes não são relacionados a nenhuma causa aparente.

Alterações fisiológicas de natureza hormonal sobre o epitélio

Alterações fisiológicas de natureza hormonal sobre o epitélio vários estímulos, especialmente


os hormônios, influenciam os epitélios do colo uterino e da vagina. Os hormônios ovarianos,
o estrógeno e a progesterona, têm uma participação ativa nas características do epitélio. A
variação das suas taxas no transcorrer do ciclo menstrual resulta em diferentes padrões
morfológicos refletidos nas amostras citológicas cervicovaginais.

Padrões citológicos associados ao ciclo menstrual: 1º ao 6º dia- Nesse período o esfregaço


é dominado pelas células escamosas intermediárias. 6º ao 14º dia- Há a substituição
progressiva das células intermediárias por células superficiais sob a ação do estrógeno em
ascensão. Essas células superficiais se apresentam isoladas ou agrupadas frouxamente. O
esfregaço é limpo, com poucos leucócitos e bactérias. 14º ao 24º -O esfregaço mostra um
predomínio de células escamosas intermediárias, que tendem a apresentar pregueamento
citoplasmático e se agrupam em conjuntos compactos. Podem aparecer células naviculares,
que representam uma variante das células intermediárias. 24º ao 28º dia -Há ainda o
predomínio de células intermediárias, e as células naviculares são mais comuns. O
pregueamento das bordas citoplasmáticas é mais acentuado, e os agrupamentos celulares são
mais compactos e frequentes.

Citologia hormonal: A colheita das amostras com esse objetivo é realizada na porção
proximal das paredes laterais da vagina, considerada a área mais sensível aos efeitos
hormonais. A avaliação cito-hormonal é realizada mediante índices, dentre os quais os mais
comuns são o índice picnótico (IP) e o índice de maturação (IM).

Atrofia: Habitualmente os esfregaços atróficos da menopausa exibem predomínio de células


parabasais, que podem ser isoladas ou se agrupar em arranjos que lembram sincícios (limites
citoplasmáticos indistintos e sobreposição nuclear). São comuns as alterações inflamatórias,
uma vez que o epitélio fino se torna mais suscetível às agressões externas. Outra
característica dos esfregaços atróficos é o frequente encontro de núcleos desnudos devido à
fragilidade do citoplasma das células parabasais. Aparecimento de artefatos celulares de
dessecação. Os núcleos podem se apresentar aumentados de volume, com aspecto borrado.
Essas alterações podem dificultar o estudo oncológico. Outra dificuldade na interpretação dos
esfregaços atróficos é a eventual escassez de células epiteliais, resultando em amostras
insatisfatórias para avaliação. No pós-parto e na lactação, o esfregaço é atrófico e permanece
assim por algumas semanas, apesar de não ser incomum a permanência desse padrão
citológico durante vários meses. Nos esfregaços as células parabasais geralmente contêm
abundante glicogênio.

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