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Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 1

Patologia das glândulas salivares

• Glândulas salivares maiores (parótida, sublingual e submandibular);


• Numerosas glândulas salivares menores ao longo da mucosa da cavidade oral;
• Todas sujeitas a inflamações e desenvolvimento de neoplasias.

• Doenças não neoplásicas


o Xerostomia
▪ Definida como “boca seca” resultante de um decréscimo na produção de saliva
▪ Principais causas:
• Síndrome de Sjögren; → patologia auto-imune, com destruição do parênquima de glândulas
salivares e lacrimais; xerostomia é sua principal característica.
• Radiação (radioterapia de cabeça)
• Fármacos (anti-histamínicos, antidepressivos, etc)
• Aumenta a taxa de cáries e candidíase, dificulta a fala e a deglutição.

o Sialoadenite (inflamação da glândula salivar)


▪ Os tipos mais comuns de lesão inflamatória das glândulas salivares são as mucoceles.
• Traumáticas
• Virais (cachumba)
• Bacterianas (S. aureus)
• Autoimune (Sjögren)
• Crônicas (litíase, tuberculose)

o Mucocele
▪ É uma lesão comum das glândulas salivares;
▪ Resulta do bloqueio ou ruptura de um ducto salivar com consequente
vazamento de saliva para o tecido estromal adjacente; depende da glândula
obstruída- mucinoso ou seroso.
▪ Geralmente ocorre no lábio inferior e é resultado de algum trauma.
▪ Ocorre em crianças, adultos jovens e idosos (pacientes expostos a quedas, e prótese dentárias);
▪ Se apresenta como um ‘inchaço” flutuante no lábio, com coloração azulada translúcida;
▪ Forma uma capsula fibrosa ao redor do cisto;
▪ Histologicamente, mostra uma cavidade cistóide delineada por tecido de granulação ou tecido fibroso;
▪ A cavidade é preenchida por mucina e células inflamatórias, em especial macrófagos.
▪ Requer excisão do “cisto” com o lóbulo salivar de origem devido formação de capsula fibrosa.
▪ Remoção incompleta pode levar a recidivas.

o Sialolitíase
▪ Cálculos podem facilitar o desenvolvimento de uma infecção bacteriana (S. aureus e Streptococcus
viridans); - facilitando uma sialoadenite;
▪ A reação inflamatória é inespecífica, podendo ocorrer a formação de pus e abscessos;
▪ Mais comum em submandibulares;
▪ Geralmente, apenas uma glândula é afetada.

o Sialadenite Inespecífica
▪ Maior frequência as glândulas salivares maiores, particularmente a glândula submandibular, e é uma
condição comum, em geral, secundária a uma obstrução ductal produzida por cálculo (Sialolitíase)
▪ Agentes: S. aureus e Streptococus viridans
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• Neoplasias

Benignas Malignas
Adenoma Pleomórfico (50%) (tumor misto) Carcinoma Muco epidermóide (15%)
Tumor de Warthin (5-10%) Adenocarcinoma (não especificado) (10%)
Oncocitoma (1%) Carcinoma de células acinares (5%)
Outros adenomas Carcinoma adenoide cístico (5%)
Adenoma basocelular Tumor maligno misto (3-5%)
Adenoma canalicular Carcinoma células escamosas (epidermóide) (1%)
Papiloma ductal Outros carcinomas

o Adenoma pleomórfico
▪ Também chamado de “tumor misto benigno”;
▪ É disparado o tumor mais frequentes das glândulas salivares
▪ 60% dos tumores da parótida, sendo menos prevalente nas outras glândulas
maiores e raro nas menores;
▪ É um tumor benigno formado por células epiteliais ductais e mioepiteliais;
▪ Ocorre uma mistura de elementos epiteliais e mesenquimais;
▪ Revela elementos epiteliais dispersos em uma matriz com elementos mixóides,
condroides e, eventualmente, ósseo → possivelmente devido as células mioepiteliais.
▪ Pouco se sabe a respeito da origem desta neoplasia, bem como da histogênese de seus componentes;
▪ Macroscopia:
• Nódulos geralmente menores de 6,0cm e geralmente encapsulados;
• Ao corte, exibem aspecto cinzento e brilhante, com áreas mixóides e condroides lembrando uma
cartilagem.
• Clínica: se apresentam como massas de crescimento lento, móveis e pouco dolorosas
▪ Recidiva de 4% com parotidectomia e até 25% com enucleação da lesão apenas;
▪ A recidiva costuma ser mais espagada, resultando em algo mais grosseiro, muitas vezes retorna como
múltiplos nódulos benignos, causando problemas estéticos na remoção!
▪ Pode malignizar para um “carcinoma ex-adenoma pleomórfico” ou “tumor misto maligno”, lesão
agressiva com taxas de mortalidade de 30 a 50% em 5 anos.

o Tumor de Warthin (Cistadenoma Papilífero Linfomatoso)


▪ As células oncocíticas revestem as papilas.
▪ É a segunda neoplasia benigna mais frequente das glândulas salivares; segundo tumor mais frequente da
glândula salivar. Logo, a maioria da parótida é benigna.
▪ O nome “intimida”, mas é BENIGNO;
▪ Ocorre quase exclusivamente na parótida;
▪ Mais comum em homens: aparecem usualmente da quinta à sétima décadas;
▪ 10% bilaterais e 10% multifocais;
▪ Fumantes possuem risco 8x maior de desenvolver a lesão.
▪ Macroscopia:
• Nódulo encapsulado de 2 a 5cm de diâmetro, na parótida, com superfície de corte cinzenta e pálida,
contendo espaços preenchidos por material mucoso ou seroso pelo seu componente cístico.
▪ Microscopia:
• exibe uma dupla camada de células oncocíticas revestindo um estroma linfóide com centros
germinativos.
• Os oncócitos são células epiteliais repletas de mitocôndrias, que conferem uma aparência de
granulação ao citoplasma. São equivalentes as células de Hurtle na tireoide.
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o Carcinoma Mucoepidermoide
▪ É a forma mais comum de neoplasia maligna primária de glândulas salivares;
▪ Representa 15% dos tumores de glândulas salivares;
▪ Briga com tumor de Warthi como segunda neoplasia mais comum da parótida;
▪ 60 a 70% ocorrem nas parótidas;
▪ O restante compreende uma importante fração dos tumores das outras glândulas, especialmente as
menores. (30-40% dos carcinomas mucoepidermoides)
▪ Quando se tem um tumor em glândulas maiores, a chance de ser benigno é muito grande.
▪ Porém, quando se tem um tumor em glândulas menores, a chance de ser maligno é maior
▪ Macroscopia
• Nódulo de até 8,0cm, aparentemente circunscrito, com cápsula mal formada e áreas infiltrativas;
• Ao corte, é branco-acinzentado e fosco, com áreas císticas pequenas contendo muco;
▪ Microscopia
• Histologicamente exibe três padrões: células escamosas, células muco-secretoras e células
intermediárias.
• O prognóstico depende do grau da lesão;
o Baixo grau: recorrência de 15%, raramente enviam metástases e possuem sobrevida de 90%
em 5 anos;
o Alto grau: recorrência de até 30% e 30% enviam metástases. Sobrevida de 50% em 5 anos.

o Carcinoma Adenoíde Cístico


▪ Tumor relativamente incomum, encontrado 50% das vezes em glândulas salivares menores;
• Sempre lembrar que glândulas menores tem maior risco de malignidade.
▪ Entre as maiores, acomete mais parótida e submandibular
▪ Macroscopia:
• Geralmente são pequenos, mal encapsulados, infiltrativos e cinzentos.
▪ Microscopia:
• Histologicamente, exibe pequenas células com núcleos hipercromáticos, dispostas em padrão
tubular, sólido ou cribiforme;
• Crescem lentamente, mas possuem uma forte tendência à invasão perineural;
▪ É um tumor dito “INDOLENTE, RECORRENTE E PERSISTENTE”.
▪ Quanto maior recidiva, tem menores chances de sobrevida;
▪ Eventualmente, 50% ou mais disseminam para sítios distantes, como ossos, fígado e cérebro, às vezes
décadas após remoção cirúrgica;
▪ A taxa de sobrevida em 5 anos é de 60 a 70%, cai para 30% em 10 anos e 15% em 15 anos; mata aos
poucos, nada agudo.
▪ Tumores em glândulas menores possuem prognóstico pior que os de parótida;
▪ Na imagem histológica, percebe-se o padrão “cribiforme”

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