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ADENOMA PLEOMÓRFICO

Os tumores de glândulas salivares constituem um importante grupo de lesões dentro


do universo da patologia bucal, destacando-se entre as neoplasias que acometem a
região de cabeça e pescoço, não só pela diversidade morfológica apresentada, que
usualmente suscita dificuldades de diagnóstico e classificação, como também pela
variedade do comportamento biológico, além do seu razoável grau de frequência,
sendo o Adenoma Pleomórfico a neoplasia benigna mais comum das glândulas
salivares
Geralmente acomete adultos entre 30 a 50 anos e cerca de 60% dos casos são
relatados no sexo feminino, acometendo tanto glândulas salivares menores quanto
maiores, em que a glândula parótida é a mais acometida, sendo bem menos frequente
sua incidência na glândula submandibular. Ele representa cerca de 53% a 77% dos
tumores de parótida, 44% a 68% dos tumores da glândula submandibular e 33% a 43%
dos tumores de glândula salivar menor. Os adenomas pleomórficos são derivados de
uma mistura de elementos ductais e mioepiteliais. Uma marcada diversidade
microscópica pode existir de um tumor para o outro, bem como em diferentes áreas
de um mesmo tumor.

Etiologia:
As glândulas salivares são órgãos anexos de grande importância para o sistema
estomatognático. Estão susceptíveis a uma série de patologias benignas e malignas e,
dentre as benignas, o tumor mais comum é o adenoma pleomórfico. Tal patologia tem
etiologia desconhecida e acomete com mais frequência as glândulas salivares maiores.
Em casos mais raros, pode ocorrer em glândulas salivares menores, em variadas
regiões na cavidade oral. Possui crescimento lento, e apresenta-se como aumento de
volume firme, encapsulado e assintomático.

Características histopatológicas:
O adenoma pleomórfico é um tumor tipicamente encapsulado e bem circunscrito.
Entretanto, a cápsula pode ser incompleta ou exibir infiltração por células tumorais.
Essa falta de encapsulação completa é mais comum nos tumores de glândula salivar
menor, especialmente ao longo da porção superficial dos tumores do palato, abaixo da
superfície epitelial. O tumor é composto de uma mistura de epitélio glandular e células
mioepiteliais permeados por um fundo semelhante ao mesênquima. A proporção dos
elementos epiteliais e do componente semelhante ao mesênquima é altamente
variável dentre os diferentes tumores. Alguns tumores consistem quase inteiramente
de um fundo “estromal.” Outros são altamente celulares com poucas alterações ao
fundo. Geralmente o epitélio forma ductos e estruturas císticas, ou pode ocorrer na
forma de ilhas ou cordões celulares.
As células escamosas produtoras de ceratina ou células produtoras de muco também
podem ser vistas. As células mioepiteliais geralmente compõem uma grande
porcentagem das células tumorais e exibem uma morfologia variável, podendo
apresentar-se como células anguladas ou fusiformes. Algumas células mioepiteliais são
arredondadas e possuem núcleo excêntrico e citoplasma eosinofílico hialinizado,
lembrando plasmócitos. Estas células mioepiteliais plasmocitoides características são
mais proeminentes nos tumores oriundos de glândulas salivares menores. Acredita-se
que as alterações características observadas no parênquima sejam produzidas pelas
células mioepiteliais. Um extenso acúmulo de material mucoide pode ocorrer por
entre as células tumorais, resultando em um aspecto mixomatoso. Nestas áreas, a
degeneração vacuolar das células pode produzir uma aparência condróide. Em muitos
tumores, o parênquima exibe áreas de alteração eosinofílica e hialinizada. Algumas
vezes, podem ser vistos tecido gorduroso ou osteóide.
Ocasionalmente, os tumores de glândula salivar podem ser compostos quase
inteiramente por células mioepiteliais, sem elementos ductais. Tais tumores
geralmente são chamados mioepiteliomas, embora provavelmente representem um
espectro final dos tumores mistos.

Aspectos Clínicos:
Do ponto de vista clínico, o adenoma pleomórfico apresenta-se como lesão nodular
única, consistência endurecida, móvel e indolor à palpação. A transformação maligna
é rara (pode ocorrer em aproximadamente 5% de todos os casos) e ocorre
principalmente após recidivas do tumor ou em casos nos quais ele apresente um longo
tempo de evolução. Nessa situação, recebe a denominação de carcinoma ex-adenoma
pleomórfico.

Sintomatologia e Diagnóstico:
Independentemente do sítio de origem, o adenoma pleomórfico tipicamente se
apresenta como um aumento de volume firme, indolor e de crescimento lento. O
paciente pode ter notado a presença há muitos meses ou anos antes de procurar um
diagnóstico. O tumor pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum em
adultos jovens e em adultos de meia-idade entre as idades de 30 e 60 anos. O
adenoma pleomórfico é também o tumor de glândula salivar menor primário mais
comum que se desenvolve na infância. Há uma discreta predileção pelo sexo feminino.
A maioria dos adenomas pleomórficos da glândula parótida ocorrem no lobo
superficial e se apresentam como um aumento de volume sobre o ramo da mandíbula
à frente da orelha. A dor e a paralisia do nervo facial são raras. Inicialmente, o tumor é
móvel, mas torna-se menos móvel com seu crescimento. Se negligenciada, a lesão
pode crescer até atingir proporções grotescas. Cerca de 10% dos tumores mistos da
parótida desenvolvem-se no lobo profundo da glândula, abaixo do nervo facial.
Algumas vezes estas lesões crescem medialmente, entre o ramo ascendente e o
ligamento estilomandibular, resultando em um tumor com formato de haltere, que se
apresenta como um aumento de volume na parede lateral da faringe ou no palato
mole. Em raras ocasiões, os adenomas pleomórficos bilaterais têm sido relatados,
desenvolvendo-se num padrão sincrônico ou metacrônico.

Tratamento:
Os adenomas pleomórficos são mais bem tratados pela excisão cirúrgica. Para lesões
localizadas no lobo superficial da glândula parótida é recomendada a parotidectomia
superficial, com a identificação e preservação do nervo facial. A enucleação local deve
ser evitada, pois o tumor pode não ser completamente removido ou porque a cápsula
pode estar violada, resultando na permanência de células no leito tumoral.
Para tumores localizados no lobo profundo da parótida, a parotidectomia total
geralmente é necessária, se possível com a preservação do nervo facial. Os tumores
submandibulares são mais bem tratados pela remoção total da glândula com o tumor.
Os tumores do palato duro são geralmente excisados abaixo do periósteo, incluindo a
mucosa sobrejacente. Em outros sítios orais, a lesão geralmente é enucleada
facilmente através da incisão local.
Casos de adenoma pleomórfico em glândulas salivares menores podem ser tratados
em consultório odontológico por remoção cirúrgica, desde que respeitados os
princípios e procurando manter a cápsula lesional íntegra, diminuindo, assim a
possibilidade de recidivas.

Prognóstico:
Com a remoção cirúrgica adequada, o prognóstico é excelente, com uma taxa de cura
de mais de 95%. O risco de recorrência parece ser baixo para os tumores de glândula
salivar menor. A enucleação conservadora dos tumores da parótida resulta em
recorrência, tornando a conduta desses casos dificultada pela disseminação no leito
tumoral primário. Nesses casos, as múltiplas recorrências não são raras. Os tumores
com aparência predominantemente mixoide são mais suscetíveis à recidiva do que
aqueles com outros padrões microscópicos. Uma complicação potencial é a
transformação maligna, resultando em um carcinoma ex-adenoma pleomórfico.
Referências:
NEVILLE I DAMM I ALLEN I BOUQUOT - Patologia Oral e Maxilofacial TRADUÇÃO DA 3ª
EDIÇÃO
Adenoma Pleomórfico em glândula submandibular: relato de caso e uma revisão dos
achados atuais - http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rctbmf/v13n2/a02v13n2.pdf
Você sabe o que é Adenoma pleomórfico?
https://www.isaude.com.br/noticias/detalhe/noticia/voce-sabe-o-que-e-adenoma-
pleomorfico/
Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial
https://www.revistacirurgiabmf.com/

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