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Câncer de Colo de Útero


O que é? Atv. Sexual

Cancer ginecológico mais comum em mulheres. Em sua Um número elevado de parceiros sexuais e a primeira
maioria, assintomática relação sexual em idade precoce aumentam o risco de
câncer de colo uterino.
Gerado pelo HPV e rastreado pelo Papanicolau no início
da vida adulta. Fisiopatologia
Mais comuns em países com menores índices Tumorigênese
econômicos e maior risco associado a sexarca precoce,
O carcinoma de células escamosas do colo uterino
multiplicidade de parceiros sexuais e paridade elevada.
surge caracteristicamente na junção escamocolunar
Fatores de Risco (JEC) a partir de lesão displásica preexistente, que, na
maioria das vezes, segue-se à infecção por
Infecção pelo HPV
Em geral, a progressão de displasia para câncer invasivo
O HPV é o principal agente etiológico infeccioso requer vários anos
associado ao câncer do colo uterino
Diferentemente dos sorotipos de baixo risco, os
Existem 12 sorotipos do HPV e Cada um desses sorotipos oncogênicos do HPV podem integrar-se ao
sorotipos pode levar a carcinoma de células escamosas genoma humano. Consequentemente, com a infecção,
ou a adenocarcinoma de colo uterino. as proteínas de replicação inicial do HPV oncogênico
o HPV 16 está mais associado a carcinoma de células (E1 e E2) possibilitam que o vírus se replique no interior
escamosas de colo uterino, e das células do colo uterino. Essas proteínas são
expressas em altos níveis no início da infecção pelo
o HPV 18 é fator de risco para adenocarcinoma do colo HPV. Elas podem causar alterações citológicas
uterino detectadas como lesões intraepiteliais escamosas de
baixas condições socioeconômicas baixo grau (LIBEG) ao exame de Papanicolaou.

Baixa escolaridade, idade avançada, obesidade, Disseminação


tabagismo e residência em bairros pobres estão Depois da tumorigênese, o padrão de crescimento local
relacionados independentemente com taxas menores pode ser exofítico, se um câncer originar-se da
de rastreamento para câncer de colo uterino. ectocérvice, ou endofítico, caso se origine do canal
Tabagismo endocervical

O tabagismo tanto ativo como passivo aumenta o risco As lesões mais baixas têm maior chance de serem
de câncer de colo uterino. identificadas clinicamente durante o exame físico.

Dos tipos de câncer de colo uterino, o tabagismo foi Como alternativa, o crescimento pode ser infiltrante, e,
associado a uma taxa significativamente maior de nesses casos, lesões ulceradas são comuns se o
carcinoma de células escamosas. crescimento for acompanhado de necrose.

Comportamento Reprodutivo ➔ Linfático

A paridade e o uso de contraceptivos orais combinados O padrão de disseminação tumoral em geral segue
(COCs) apresentam associação significativa com o a drenagem linfática do colo uterino. À medida que
câncer de colo uterino. as lesões primárias aumentam de tamanho e o
acometimento linfático progride, a invasão local
Estudos in vitro sugerem que os hormônios talvez aumenta e, finalmente, se tornará extensiva.
produzam efeito favorável ao crescimento do câncer de
colo uterino ao promoverem proliferação celular e, ➔ Linfovascular
consequentemente, deixando as células mais À medida que o tumor invade camadas mais
vulneráveis a mutações. profundas, penetra os capilares sanguíneos e os
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canais linfáticos. Sua presença é considerada como Carcinoma de células escamosas
indicador de mau prognóstico, especialmente nos
• correspondendo a 75% de todos os cânceres
cânceres de colo uterino em estádio inicial.
de colo uterino, e e com origem na ectocérvice.
• Diminui sua incidência: mudanças podem ser
atribuídas a melhora no método de
rastreamento de lesões escamosas iniciais do
colo uterino e a aumento na prevalência de
HPV
• Os carcinomas de células escamosas podem
ser subdivididos em carcinomas
queratinizados e não queratinizados.
• Os carcinomas queratinizados apresentam
pérolas de queratina e ninhos de epitélio
escamoso neoplásico (
• Os carcinomas não queratinizados
apresentam ninhos arredondados de células
escamosas neoplásicas com queratinização de
células individuais, mas sem pérolas de
queratina.
• O carcinoma papilar de células escamosas é
uma variante rara que se parece com o
carcinoma de células transicionais da bexiga.
➔ Extensão
Adenocarcinoma
Com a extensão passando pelos paramétrios até a
parede lateral da pelve, com frequência ocorre • surgem das células colunares produtoras de
bloqueio ureteral que resulta em hidronefrose muco da endocérvice.
• Em razão desta origem na endocérvice, os
Além disso, a bexiga pode ser inadida por extensão adenocarcinomas com frequência são ocultos
direta do tumor pelos ligamentos uterovesicais (pilares e podem estar em estádio avançado quando se
da bexiga) tornam clinicamente evidentes.
O reto é invadido com menor frequência porque está • Muitas vezes conferem ao colo uterino a forma
anatomicamente separado do colo uterino pelo fundo de barril que é palpável durante o exame da
de saco posterior. pelve.
• Os adenocarcinomas se apresentam com
As metástases a distância resultam de disseminação diversos padrões histológicos dentre os
hematogênica, e pulmões, ovários, fígado e ossos são adenocarcinomas mucinosos são os mais
os órgãos mais comumente afetados. comuns.
• O tipo endocervical mucinoso mantém
Tipos Histológicos
semelhança com o tecido endocervical normal,
• o tipo intestinal se parece com células
intestinais, podendo incluir células
caliciformes.
• O com desvio mínimo, também conhecido
como adenoma maligno, caracteriza-se por
glândulas citologicamente discretas com
tamanho e forma anormais. Esses tumores
contêm número aumentado de glândulas
posicionadas em nível mais profundo que o das
glândulas endocervicais normais.
• O viloglandular é formado por papilas na
superfície. A porção superficial com frequência
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lembra o adenoma viloso e a parte profunda é Diagnóstico
formada por glândulas ramificadas e
caracterizada por ausência de desmoplasia. Algumas mulheres diagnosticadas com câncer de colo
• O adenocarcinoma endometrioides é o uterino são assintomáticas.
segundo mais frequente e se apresenta com Entretanto, naquelas com sintomas, o câncer de colo
glândulas semelhantes às do endométrio. uterino em estádio inicial pode produzir corrimento
• O carcinoma seroso é raro e idêntico ao vaginal líquido tinto de sangue.
carcinoma seroso de ovário ou de útero.
• O adenocarcinoma de células claras representa Também é possível haver sangramento vaginal
menos de 5% dos adenocarcinomas do colo intermitente após relação sexual com penetração ou
uterino e sua denominação é explicada por seu após ducha vaginal. À medida que o tumor maligno
citoplasma claro cresce, o sangramento intensifica-se.
• Raramente, os adenocarcinomas surgem de O sangramento hemorrágico de câncer do colo uterino
remanescentes mesonéfricos no colo uterino em geral pode ser controlado com uma combinação de
e, nesse caso, são denominados solução de Mosel e tamponamento vaginal.
adenocarcinomas mesonéfricos. Esses
tumores surgem lateralmente e são agressivos. Com a invasão parametrial e extensão para a parede
lateral da pelve, o tumor pode comprimir órgãos
Carcinomas mistos adjacentes e produzir sintomas. Por exemplo, edema
Essas neoplasias do colo uterino são raras. de membros inferiores e dor lombar baixa, em geral
irradiando-se pela região posterior da perna, podem
Os carcinomas adenoescamosos não diferem indicar compressão de raiz do nervo isquiático, vasos
macroscopicamente dos adenocarcinomas do colo linfáticos, veias ou ureter por tumor em crescimento.
uterino.
Além disso, com a invasão do tumor para bexiga e reto,
O componente escamoso é pouco diferenciado e as mulheres podem se apresentar com hematúria e/ou
apresenta pouca queratinização. sintomas de fístula vesicovaginal ou retovaginal.
A denominação carcinoma de células vítreas descreve Exame físico
uma forma pouco diferenciada de carcinoma
adenoescamoso na qual as células apresentam A maioria das mulheres com câncer de colo uterino
citoplasma com aparência de vidro moído e núcleo apresenta resultados normais no exame físico geral.
saliente com nucléolos arredondados. Entretanto, com a progressão da doença,
Tumores neuroendócrinos do colo uterino linfadenopatia supraclavicular ou inguinal, edema de
membros inferiores, ascite ou redução do murmúrio
Esses cânceres são raros e incluem tumores de células vesicular à ausculta pulmonar podem indicar
grandes e de células pequenas do colo uterino. metástases.
Os tumores neuroendócrinos são altamente Em pacientes sob suspeita de câncer de colo uterino,
agressivos, e mesmo aqueles em estádio inicial deve-se realizar inspeção da genitália externa e exame
apresentam taxa de sobrevida livre de doença vaginal completo à procura de lesões concomitantes.
relativamente baixa apesar do tratamento com
histerectomia radical e quimioterapia adjuvante No exame com espéculo, o colo uterino pode parecer
macroscopicamente normal se o câncer for
Outros tumores malignos microinvasivo.
Raramente, o colo uterino é a localização de sarcomas Quando visível, a doença tem aparência variada. As
e linfomas malignos. A maioria desses tumores se lesões podem se apresentar como tumores de
apresenta na forma de uma massa no colo uterino com crescimento exofítico ou endofítico; como massa
sangramento. polipoide, tecido papilar ou colo uterino em forma de
barril; como ulceração cervical ou massa granular; ou
como tecido necrótico.
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Também é possível haver corrimento líquido, purulento Durante esse exame, toda a zona de transformação
ou sanguinolento. deve ser identificada, para obtenção de biópsias
cervicais e endocervicais adequadas.
Por essa razão, o câncer de colo uterino pode espelhar
a aparência de diversas doenças. Nas pacientes com colposcopia insatisfatória e doença
de alto grau, deve-se proceder à conização a frio. As
Durante o toque bimanual, o ginecologista pode
biópsias de punção ou amostras obtidas com conização
palpar útero dilatado em decorrência da invasão e do
são as mais precisas para avaliar se há invasão do
crescimento do tumor. Nesse caso, a palpação revelará
câncer de colo uterino.
útero aumentado e amolecido.
Ambos os tipos de amostra contêm estroma subjacente
Os casos de câncer de colo uterino em estádio
e permitem a diferenciação entre carcinomas invasivos
avançado podem se apresentar com acometimento
e in situ. Dessas, as amostras de conização fornecem ao
vaginal, e a extensão da doença pode ser determinada
patologista uma amostra tecidual maior, sendo
no exame retovaginal. Em tais casos, a palpação do
bastante úteis para o diagnóstico de câncer in situ e
septo retovaginal entre os dedos indicador e médio da
microinvasivo de colo uterino.
mão do examinador revelará septo espessado, duro e
irregular.

Papanicolau Estadiamento
avaliação histológica de biópsia cervical é o primeiro
instrumento usado para diagnosticar câncer de colo
uterino.

Especificamente, o exame de Papanicolaou tem


sensibilidade de apenas 55 a 80% para detecção de
lesões de alto grau em um dado exame isolado. Assim,
o poder de prevenção do exame está no rastreamento
periódico seriado.

É importante salientar que as lesões suspeitas devem


ser submetidas a biópsias diretas.

Na gestação:

Frente a um resultado citopatológico do colo uterino de


lesão intraepitelial de alto grau na gestação,

I. Está indicado exame colposcópico durante a


gestação.

II. A biópsia pode ser realizada com segurança, sendo


indicada quando existe a possibilidade de invasão.

III. Os procedimentos excisionais no colo uterino


aumentam o risco de abortamento, parto pré-termo e
sangramento excessivo, devendo ser postergado para
90 dias após o parto.

IV. A presença de lesão de alto grau não muda a via de


parto, sendo de indicação obstétrica.

Colposcopia e Biópsia Cervical

Se forem obtidos resultados anormais no exame de


Papanicolaou, a colposcopia é realizada O estadiamento dos cânceres de colo uterino é clínico.
Entre os componentes do estadiamento estão
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conização a frio, exame pélvico sob anestesia,
cistoscopia, proctoscopia, pielografia intravenosa
(podendo ser usada tomografia computadorizada [TC])
e radiografia do tórax.

A presença de edema bolhoso não é suficiente para


diagnosticar envolvimento da bexiga; o envolvimento
da bexiga precisa ser comprovado por biópsia.

O envolvimento de linfonodos não altera o


estadiamento. O termo doença em estádio avançado
descreve os estádios IIB e superiores.
Cirúrgico
Raio-X
Uma vantagem do estadiamento cirúrgico é sua maior
os tumores em estádio inicial podem ser tratados sensibilidade e precisão para detectar metástase em
cirurgicamente, e os mais avançados requerem linfonodos pélvicos e para-aórticos em comparação
radioterapia e/ou quimioterapia. com as técnicas radiológicas (Goff, 1999). O
Embora a imagem não afete o estadiamento (exceto estadiamento cirúrgico permite a detecção de
para metástases pulmonares encontradas na metástases microscópicas e confirma metástases
radiografia do tórax e hidronefrose à TC), os resultados macroscópicas para linfonodos. Além disso, naquelas
dos exames de imagem podem ser usados para pacientes com câncer de colo uterino
adequar o tratamento ao caso individual. • Estadio IA
Ressonância Magnética os critérios para classificação de tumores em estádio IA
a RM é efetiva para medição do tamanho do tumor, limitam a profundidade de invasão a no máximo 5 mm
mesmo das lesões endocervicais, e para definição dos e a disseminação lateral a no máximo 7 mm de largura
limites do tumor do colo uterino. Além disso, ajuda a O câncer microinvasivo de colo uterino apresenta
identificar se há invasão de estruturas vizinhas como menor risco de envolvimento linfonodal e prognóstico
bexiga, reto ou paramétrios. excelente após tratamento.
Tomografia Os tumores em estádio IA são subdivididos em IA1 e
Essa modalidade é a ferramenta de imagem mais IA2. Essa subdivisão indica profundidade e largura
amplamente usada para avaliar envolvimento crescentes de invasão e riscos crescentes de
linfonodal e metástase a distância. envolvimento linfonodal.

Produz imagens com alta resolução para definição da Estádio IA1. A invasão desses tumores não ultrapassa 3
anatomia, especialmente quando realizada com mm de profundidade e 7 mm de largura, estando
contraste. associada a menor risco de envolvimento linfonodal

A TC também pode auxiliar a detectar linfonodos Essas lesões podem ser tratadas de forma efetiva
aumentados, obstrução ureteral ou metástase à apenas com conização cervical .Entretanto, deve-se dar
distância preferência à histerectomia total extrafascial
(histerectomia tipo I) por via abdominal, vaginal,
laparoscópica ou robótica para muheres que não
tenham mais intenção de engravidar.

em nosso meio, esses casos são tradicionalmente


conduzidos com histerectomia radical modificada
(histerectomia tipo II) e linfadenectomia pélvica.

Estádio IA2

As lesões cervicais com 3 a 5 mm de invasão estromal


apresentam risco de 7% de metástase linfonodal e risco
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acima de 4% de recorrência da doença. Nesse grupo de A cirurgia é considerada adequada àquelas com
mulheres, a segurança do tratamento conservador condições físicas para tolerar um procedimento
ainda precisa ser confirmada. Dessa forma, para esse cirúrgico agressivo, para aquelas que desejam evitar os
grau de invasão, recomendase histerectomia radical efeitos prolongados da radioterapia e/ou para aquelas
(histerectomia tipo III) e linfadenectomia pélvica que tenham contraindicações para radioterapia
pélvica.
• Estádios IIB a IVA
Radioterapia.
Cânceres do colo uterino em estádio avançado
estendem-se além dos limites do colo uterino e em Essa modalidade é o elemento principal no tratamento
geral acometem órgãos adjacentes e linfonodos de pacientes com câncer de colo uterino em estádio
retroperitoneais. avançado. Tanto a radiação pélvica externa quanto a
braquiterapia são utilizadas comumente
Dessa forma, o tratamento para esses tumores deve ser
individualizado para maximizar o resultado em cada Quando, durante a investigação, são encontradas
paciente. metástases em linfonodos para-aórticos, pode-se
estender o campo para tratar esses linfonodos
A maioria dos tumores em estádio avançado tem
afetados.
prognóstico reservado, e as taxas de sobrevida em
cinco anos não chegam a 50%. Quimiorradiação.

• Estádio IVB As evidências atuais indicam que as mulheres com


câncer de colo uterino em estádio avançado têm
Pacientes com doença em estádio IVB têm prognóstico aumento significativo nas taxas de sobrevida global e
reservado e são tratadas com o objetivo de paliação. A livre da doença com o uso concomitante de
radiação pélvica é administrada para controlar quimioterapia e radioterapia.
sangramento vaginal e dor. A quimioterapia sistêmica é
aplicada para paliação de sintomas e para aumento da A quimiorradiação também está associada a taxas
sobrevida global. Os regimes de quimioterapia usados superiores de sobrevida em comparação com
nesse grupo de mulheres são semelhantes àqueles irradiação isolada da pelve e em campo ampliado para
empregados nos casos de câncer recorrente a região para-aórtica

Tratamento
Histerectomia

As mulheres com câncer de colo uterino nos estádios


IA2 a IIA, segundo a FIGO, podem ser selecionadas para
histerectomia radical com dissecção de linfonodos
pélvicos e com ou sem dissecção de linfonodos para-
aórticos.
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Exenteração pélvica para doença primária.

Essa cirurgia ultrarradical compreende remoção de


bexiga, reto, útero, tubas uterinas e ovários (se
presentes), vagina e tecidos adjacentes .

A exenteração como tratamento primário pode ser


considerada para mulheres com câncer em estádio IVA,
isto é, com invasão direta do tumor para bexiga e/ ou
intestino, mas sem metástase à distância. Entretanto,
raramente é realizada com essa indicação.

Paliativos

A quimioterapia paliativa deve ser administrada apenas


quando não causar perda significativa na qualidade de
vida das pacientes.

Qualquer decisão que envolva tratamento paliativo do


câncer de colo uterino deve ser avaliada contra os
benefícios dos cuidados de suporte.

O controle da dor constitui a base do tratamento


paliativo. As pacientes com câncer de colo uterino
podem ter dor significativa, e essa possibilidade deve
ser avaliada a cada consulta. Muitas pacientes
necessitarão de narcóticos.
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