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Carcinogênese cervical; Critérios citomorfológicos de


malignidade
Carcinogênese Mutações Carcinogênicas

É considerado um processo O câncer não tem uma causa única.


altamente complexo e participam dele Há diversas causas externas (presentes no
fatores de risco hereditários e ambientais, meio ambiente) e internas (como hormônios,
sendo assim, a carcinogênese pode ser condições imunológicas e mutações
desencadeada por fatores físicos (UV), genéticas). Os fatores podem interagir de
químicos (benzopireno) e biológicos (HPV). diversas formas, dando início ao surgimento
do câncer

A principal característica do câncer


é o crescimento celular descontrolado,
ocasionando a perda do fenótipo da
célula normal, formando um tecido diferente
deste que a originou.
Processo lento, gradual e complexo,
onde funções celulares são alteradas
acarretando no surgimento de um tumor
HPV e etiologia do câncer do colo do útero
Esse processo de múltiplas etapas
envolve tanto mudanças genéticas quanto Se tratando do colo do útero, a
epigenéticas, culminando na ativação de carcinogênese implica toda uma sequência
proto-oncogenes e/ou inativação dos de fenômenos, quais sejam a infecção
genes supressores de tumor. pelo HPV, sua persistência, associação
com co-fatores que por fim podem
culminar no aparecimento da lesão
intraepitelial de baixo/alto grau e a final
evolução para câncer invasivo.
O câncer do colo do útero está
associado à infecção persistente por
subtipos oncogênicos do HPV,
especialmente o HPV-16 e o HPV-18,
responsáveis por cerca de 70% dos
cânceres cervicais.

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Classificação do HPV

O que é o HPV?

Os HPVs (papilomavírus humano) são


vírus de DNA, icosaédricos, circulares, não
envelopados, com aproximadamente 55 nm
de diâmetro. Eles infectam epitélios
cutâneos e mucosos, sendo que alguns são
capazes de promover transformação
maligna nas células infectadas.

Fonte: ViralZone, 2010. HPV–Modelo Tridimensional.

Histórico

Cada genótipo difere de outro por


pelo menos 10% de diferença de sequência
de nucleotídeos na região do gene L1.
Casos de câncer (todos os agentes
infecciosos) entre mulheres em 2018
atribuíveis a infecções, na América Latina,
mostrados por agentes infecciosos.
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Classificação do HPV

Ciclo de vida do HPV

Todos os HPVs possuem um genoma


de DNA epissomal de cerca de 8 kb de
tamanho, dividido em três regiões
funcionais: a região (E) inicial que codifica
pelo menos sete proteínas virais que
possuem funções reguladoras na célula
epitelial infectada (E1, E2, E4, E5, E6, E7,
E8), a região tardia (L) que codifica duas
proteínas virais estruturais L1 e L2, que
formam o capsídeo viral e o LCR (região
de controlo de comprimento) também
chamada a região reguladora a montante
(URR).
A superexpressão dos genes E6 e E7
inativam genes supressores de tumor que
atuam em regiões de controle importante
do ciclo celular. A proteína E6 se liga à
proteína p53 degradando-a, levando a
instabilidade genômica e bloqueando a
apoptose. A E7 se liga ao pRb, gene
repressor de tumor, e membros de sua
família, reativando os mecanismos celulares
de replicação do DNA nos queratinócitos
para que ocorra a amplificação do
genoma viral.

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A infecção por HPV de alto risco


pode levar a uma infecção “silenciosa” ou
assintomática na qual os genomas virais
persistem na camada basal sem o
desenvolvimento da doença, ou
alternativamente ao desenvolvimento de
uma lesão produtiva como CIN1, na qual a
expressão gênica viral é regulada à
medida que as células infectadas se Resumindo...
diferenciam.
Normalmente, os HR-HPVs causam
Em alguns casos, a infecção pode infecções transitórias que são
levar a neoplasia de alto grau, com a eventualmente eliminadas por um período
expressão gênica viral desregulada, de vários meses pelo sistema imunológico. A
levando a alterações genéticas formação de câncer não resulta dessas
secundárias na célula hospedeira e infecções.
possível integração do genoma viral no
cromossomo celular. A expressão No entanto, com o tempo, se
desregulada dos oncogenes observada na ocorrerem alterações no genoma viral e /
CIN2 e 3, que são consideradas lesões ou na célula hospedeira infectada, a
pré-cancerosas, predispõe ao infecção transitória pode se tornar
desenvolvimento de câncer. persistente.
Se a infecção persistente não for
detectada e eliminada pelo sistema
imunológico, existe a possibilidade de
progressão para o câncer.

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Transmissão do HPV → HPV-6 e 11:


• 90% dos casos.
→ Requer contato direto com tecido
epitelial
• Microabrasão;

Lesões subclínicas:

→ Vírus de alto e baixo risco


→ Macroscópico (colposcopia):

→ Forma mais comum: relação sexual • condiloma plano


com penetração • teste de Schiller e ácido acético
• Uso de preservativos;
Métodos diagnósticos da infecção pelo HPV

→ Prática de sexo oral.


Vacina contra o HPV
→ Outras formas menos comuns:
• Transmissão horizontal: Objetivo:

• Aleitamento materno; • Prevenir a infecção por HPV.


• Contato digital; • Reduzir o número de casos de
câncer do colo do útero.
• Fômites;
Desenvolvimento:
Manifestações clínicas do HPV
• São preparadas a partir de
Lesões clínicas: condiloma partículas semelhantes a vírus (VLP - virus-
acuminado ou plano. like particles), produzidas usando
tecnologia de DNA recombinante.
→ Baixo risco;
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Simm!!!

Este estudo realizado na Alemanha


com mais de 20 mil mulheres, confirma que
mesmo mulheres já operadas por uma lesão
no colo uterino ainda podem se beneficiar
com a vacina.
Isso porque de acordo com o
conhecimento natural da infecção pelo
Vacinas profiláticas contra o HPV Vírus HPV, sabemos que a infecção natural
licenciadas não costuma produzir anticorpos
protetores.
Logo, uma mulher pode desenvolver
novas lesões ao longo da vida, mesmo já
tendo feito um tratamento prévio
adequado!

De acordo com o registro na Anvisa, A vacina faz com que com maiores
a vacina quadrivalente é aprovada para concentrações de anticorpos sejam
mulheres entre 9 e 45 anos e homens entre produzidas e, logo, diminui o risco de
9 e 26 anos, e a vacina bivalente para lesões futuras!
mulheres entre 10 e 25 anos. No momento,
as clínicas não estão autorizadas a aplicar
as vacinas em faixas etárias diferentes às
estabelecidas pela Anvisa.
Vacina nonavalente Indicação:

Homens e mulheres entre 9 e 26 anos.


Posologia: Geralmente de 2 a 3 doses (0, 2
e 6 meses). *No Brasil, optou-se pelo
esquema de 0-6 meses (duas doses)
Segurança: Geralmente segura e bem
tolerada.
Vale a pena tomar a vacina mesmo após
ter tido contato com o vírus ou até mesmo
depois de ter tido alguma alteração no
colo do útero decorrente de infecção pelo
HPV?

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Critérios citomorfológicos de malignidade


Critérios citomorfológicos de malignidade
NUCLEAR

• Cariomegalia
• Variação do tamanho e forma
nuclear (anisonucleose/pleomorfismo)
• Hipercromasia
• Irregularidades da cromatina •
Multinucleação
• Alterações na borda nuclear •
Alterações no nucléolo
Critérios citomorfológicos de malignidade • Mitoses

Critérios citomorfológicos de malignidade -


Núcleo
Alterações nucleares
Cariomegalia
Nos esfregaços, as alterações
nucleares são as mais importantes no • Para apreciar o grau de hipertrofia,
reconhecimento de uma neoplasia maligna. o núcleo anormal deve sempre ser
É essencial a combinação de várias comparado ao tamanho de outros núcleos
anormalidades para a decisão final. de células similares, porém benignas.
• É também fundamental analisar o
tamanho do núcleo correlacionando-o ao
citoplasma da mesma célula (relação
núcleocitoplasmática).

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Cariomegalia Anisonucleose e pleomorfismo

Variação do tamanho e forma nuclear Anisonucleose

(anisocariose/pleomorfismo)

→ Variação do tamanho
(anisocariose)

• Este critério deve ser analisado


considerando as células de um mesmo
conjunto, e não tem tanta importância no
estudo de células isoladas.
→ Variação da forma
(pleomorfismo) Hipercromasia
• Deve-se frequentemente à rápida
multiplicação das células neoplásicas, que • É relacionada ao maior conteúdo
se sobrepõem em um espaço cada vez de DNA dos núcleos anormais. É mais
menor. Essa também é a justificativa para o importante quando se associa a
amoldamento de uma célula à outra irregularidades da estrutura da cromatina
(pseudocanibalismo). Às vezes as e da borda nuclear. A hipercromasia como
alterações da forma nuclear se devem às critério isolado não deve ser tão
mitoses anormais, produzindo anomalias valorizada, já que pode ocorrer por
cromossômicas. Uma variação artificial da exposição prolongada à hematoxilina
forma do núcleo pode ocorrer em células (falha de coloração) ou devido à
benignas devido à degeneração celular. degeneração, onde neste último caso a
cromatina é borrada e a borda nuclear é
Anisonucleose e pleomorfismo mal delimitada.

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Hipercromasia

Uma boa fórmula para apreciar as


alterações cromatínica é dividir o núcleo
em quatro quadrantes: nos núcleos
Hipercromasia benignos os quadrantes apresentam
aspecto semelhante, já nos núcleos
malignos os quadrantes exibem padrões
diferentes.

Hipercromasia
Irregularidade da cromatina

Irregularidade da cromatina

Irregularidade da cromatina

• O padrão de cromatina em uma


célula normal é finamente granular e quase
invisível. Em células malignas, a cromatina
frequentemente forma grumos irregulares,
variáveis em tamanho e forma, com
múltiplas projeções bem demarcadas.

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Irregularidade da cromatina Multinucleação

Irregularidade da cromatina Multinucleação

Multinucleação Alterações da borda nuclear

• Por si só não é um critério • A borda nuclear nas células


importante para malignidade, uma vez que malignas é bem definida. Há frequentes
é bastante comum em células de irregularidades sob a forma de
reparação, células irradiadas e infecções indenteação, lobulação, protrusão ou
virais. excessiva retração. Às vezes pode ocorrer
retração da borda nuclear em células
• A multinucleação deve ser
normais, porém nesse caso há quase sempre
valorizada quando os núcleos exibem
um halo perinuclear.
tamanho, forma e estrutura de cromatina
variados. É mais comum nas displasias que • As irregularidades na espessura da
no câncer invasivo. borda nuclear se devem à aderência de
alguns dos grumos de cromatina anormais
no folheto mais interno da membrana
nuclear.

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Espessamento de membrana • Contudo, o encontro de nucléolo


proeminente pode ser visto em condições
benignas, particularmente na reparação.

Membrana irregular

Nucléolos atípicos

Membrana irregular

Mitoses

• São menos comuns nos esfregaços


que nos cortes histológicos, provavelmente
porque quando as células descamam já
têm completado a sua divisão mitótica.
• Quando figuras anormais de mitose
são vistas nos esfregaços, são mais
Alterações no nucléolo frequentemente associadas às neoplasias
malignas mais agressivas, menos
• O aumento e a variação do diferenciadas.
tamanho, forma, número e coloração do
nucléolo são úteis não somente para o
reconhecimento de células malignas, mas
também para a classificação do tipo de
neoplasia, sendo mais comuns no
adenocarcinoma.

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Mitose atípica

Relação N/C aumentada

Critérios citomorfológicos de malignidade

Citoplasmáticos

• Quantidade (relação Relação N/C aumentada


núcleocitoplasmática);
• Variação da forma do citoplasma
(polimorfismo);
• Coloração citoplasmática;
• Superposição da borda
citoplasmática e nuclear.

Critérios citomorfológicos de malignidade -


Citoplasma
Núcleos desnudos
Quantidade (relação
núcleo/citoplasmática)

• O citoplasma das células


displásicas e malignas geralmente não
aumenta na mesma proporção que o
núcleo. Um aumento na relação
nucleocitoplasmática é um bom critério de
malignidade no reconhecimento de muitos
tumores.
• A interpretação de um núcleo
desnudo anormal requer muita cautela.
• Deve ser lembrado que algumas
células benignas, como os linfócitos, podem
apresentar citoplasma escasso.

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Célula com muito citoplasma, mas relação N/C Polimorfismo


mantida

Polimorfismo
Variação na forma do citoplasma
(polimorfismo)

• Somente tem importância quando é


extrema. Exemplos são as células caudadas
e fusiformes encontradas no carcinoma
escamoso do subtipo queratinizante.

Variação na coloração

• Pode ser útil na identificação de


alguns tipos de neoplasia. Assim, o
Polimorfismo citoplasma de cor laranja, brilhante, denso,
é próprio do carcinoma escamoso,
enquanto as células de tumores pouco
diferenciados exibem habitualmente
citoplasma basofílico, delicado, mal
delimitado.

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Citoplasma queratinizado Superposição da borda nuclear e citoplasmática

Citoplasma queratinizado Superposição da borda nuclear e citoplasmática

Superposição da borda citoplasmática e Critérios citomorfológicos de malignidade


nuclear
Em relação a célula ou grupos de células no
• Quando a borda citoplasmática é
amoldada contra o núcleo ou esta toca a esfregaço
margem do citoplasma em mais de um local,
representa um importante critério de • Arranjos sinciciais ou tridimensionais;
malignidade, especialmente nas lesões • Ácinos ou papilas (glandular);
escamosas intraepiteliais de alto grau
(NIC3/ carcinoma in situ) do colo uterino. • Perda ou decréscimo de adesão;

• Essa característica não é vista nas • Fagocitose celular –


células benignas, com exceção dos pseudocanibalismo;
histiócitos. • Diátese tumoral.

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Diátese tumoral
Agrupamento sincicial

Arranjo celular papilar

Adesão celular diminuída

Pseudocanibalismo

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