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 INTRODUÇÃO

A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) é um tema de grande relevância na área


da saúde devido às suas implicações clínicas e impacto na saúde pública.
O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que infecta pele ou
mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando
verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. A
infecção pelo HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).

 ASPECTOS BIOLÓGICOS
O HPV é um vírus DNA pertencente à família Papoviridae, gênero
Papillomavirus. Seu genoma consiste em aproximadamente 8.000 pares de base
de DNA dupla fita e circular, que abrange mais de 200 tipos diferentes de HPV.
A análise da sequência de nucleotídeos permite identificar os subtipos virais e
sua associação com doenças específicas. O HPV é um vírus não envelopado
com simetria icosaédrica, apresentando tropismo pelo tecido epitelial e mucoso.
Ele afeta principalmente a pele e as mucosas genitais. Alguns tipos de HPV são
conhecidos por causar verrugas genitais, enquanto outros estão associados ao
desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e câncer. A infecção pelo HPV é
considerada a mais comum das infecções sexualmente transmissíveis em todo
o mundo. Estima-se que o risco de uma mulher de 50 anos já ter tido contato
com o vírus seja maior que 80%. No Brasil, a prevalência da infecção por HPV é
de 54,6%, sendo que os tipos de alto risco foram encontrados em 38,4% dos
casos. A principal forma de transmissão do HPV é por contato sexual, o que o
torna uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns. No entanto,
também pode ser transmitido por contato direto com a pele ou mucosas
infectadas. O HPV infecta as células epiteliais, onde se replica e causa
alterações celulares. O vírus apresenta tropismo por células epiteliais e
mucosas, podendo causar infecções na pele, mucosa genital, oral, laringe e
esôfago. A replicação do HPV ocorre no núcleo das células escamosas epiteliais
e envolve diferentes fases, incluindo a entrada do vírus na célula, replicação do
DNA viral e produção de novas partículas virais. A infecção por HPV pode levar
à formação de lesões benignas, como verrugas genitais, ou lesões pré-
cancerosas, que podem progredir para câncer em casos persistentes. O HPV é
especialmente associado ao câncer de colo de útero, mas também pode estar
relacionado a câncer de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe. Em relação à
virologia do HPV, é importante destacar que ele é classificado em diferentes
tipos. Os tipos 6 e 11 são considerados de baixo risco, pois causam
principalmente verrugas genitais. Já os tipos 16 e 18 são classificados como de
alto risco, estando associados ao desenvolvimento de câncer.

Transmissão: O HPV é principalmente transmitido por contato direto de pele a


pele durante atividades sexuais, incluindo relação sexual vaginal, anal ou oral.
O vírus pode ser transmitido mesmo se não houver sinais visíveis de infecção.
A transmissão também pode ocorrer pelo contato com lesões ou verrugas
genitais. Além disso, o HPV pode ser transmitido da mãe para o recém-nascido
durante o parto.

Tropismo: O HPV tem um tropismo específico pelas células epiteliais, que são
encontradas na pele e nas mucosas. Essas células revestem as superfícies
internas e externas do corpo, como a camada superficial da pele, o colo do
útero, a vagina, o ânus, a boca e a garganta. O HPV tem uma preferência pelo
tecido escamoso estratificado, que é um tipo de tecido encontrado nas
superfícies externas do corpo.

Replicação: Após a entrada no organismo, o HPV infecta as células epiteliais e


utiliza sua maquinaria de replicação para se multiplicar. O vírus adere à
superfície das células e injeta seu material genético dentro delas. Uma vez
dentro da célula, o vírus replica seu DNA dentro do núcleo da célula
hospedeira, utilizando os recursos e a maquinaria de replicação celular para
produzir mais partículas virais.
A replicação do HPV é complexa e ocorre em diferentes estágios. O vírus pode
passar por um estágio latente, onde seu material genético permanece inativo
dentro das células infectadas por longos períodos de tempo, sem causar
sintomas ou lesões visíveis. No entanto, em alguns casos, o vírus pode se
tornar ativo novamente, levando ao desenvolvimento de verrugas genitais ou
infecções de alto risco associadas ao câncer.
Aspectos Clínicos do HPV
Sinais e Sintomas
A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das
pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a
anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar
manifestações subclínicas (não visíveis a olho nu).

A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a


multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o
aparecimento de lesões. A maioria das infecções em mulheres
(sobretudo em adolescentes) tem resolução espontânea, pelo próprio
organismo, em um período aproximado de até 24 meses.

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem entre,


aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para
aparecer algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser
mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa.

O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames


clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou
subclínica.
 Lesões clínicas: se apresentam como verrugas na região
genital e no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas
acuminados e popularmente conhecidas como "crista de galo",
"figueira" ou "cavalo de crista"). Podem ser únicas ou múltiplas,
de tamanhos variáveis, achatadas ou papulosas (elevadas e
solidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem causar
coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas
por tipos de HPV não cancerígenos.
 Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu): podem ser
encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não
apresentam sinal/sintoma. As lesões subclínicas podem ser
causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para
desenvolver câncer.

Podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus,


pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana.
Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas
extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Mais raramente, crianças que foram infectadas no momento do parto
podem desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe
(Papilomatose Respiratória Recorrente).

 Aspectos Laboratoriais
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico de HPV é clínico, podendo ser analisado visualmente


pelo médico responsável. Na mulher, são também realizados
exames laboratoriais como Papanicolau, colposcopia e, se
necessário, biópsia. No homem, são realizados exames urológicos.

O QUE É PAPANICOLAU?

Papanicolau, ou preventivo é o exame ginecológico que deve ser


realizado anualmente para rastreio e diagnóstico da saúde genital.
É um exame de coleta simples, realizado em consultório, feito com
o auxílio de uma espátula e escovinha que coletam células do colo
uterino sob visualização direta. Esse material é enviado para o
laboratório para ser analisado

PARA QUE SERVE O EXAME DE PAPANICOLAU?

O exame permite a avaliação das características das células do


colo do útero, permitindo a identificação de infecções, alterações
hormonais e até câncer de colo do útero.

O que é colposcopia?

A colposcopia é um exame ginecológico que permite avaliar a


saúde do colo do útero, da vagina e da vulva. Junto com o
exame preventivo Papanicolau, é uma importante ferramenta de
rastreio e diagnóstico de doenças e informações

Como é feito o exame para detectar HPV no homem?

O diagnóstico do HPV masculino é realizado por meio de exames


urológicos ou dermatológicos. Quando não há presença
de manifestações clínicas, o diagnóstico é feito por meio de exames
de biologia molecular (PCR), que é considerado o método mais
sensível para a descoberta de infecção pelo HIV, por detectar a
presença de sequencias do material genético do HIV presentes
nas células do sangue circulante. Já quando há presença das
lesões, o diagnóstico pode ser feito pelo exame clínico, sendo
confirmado por meio de biópsia das lesões, que é a retirada de
fragmento para análise laboratórial.

 Prevenção e Papel da Enfermagem


A prevenção primária é fundamental para reduzir a incidência do
HPV e suas complicações.
As medidas de prevenção primária:
1. Vacinação contra o HPV: A vacinação é uma estratégia
essencial na prevenção do HPV. Existem vacinas disponíveis
que protegem contra os tipos de HPV mais comuns e
causadores de verrugas genitais e cânceres relacionados.
Essas vacinas são altamente eficazes na prevenção da
infecção pelo HPV e na redução do risco de desenvolvimento
de lesões pré-cancerosas e câncer.

2. Esquema de doses e público-alvo da vacinação: O esquema


de doses da vacina contra o HPV pode variar dependendo do
país e da vacina utilizada. Em geral, a vacina é administrada
em uma série de duas ou três doses, com intervalos entre as
doses. O público-alvo para a vacinação inclui adolescentes e
jovens adultos, preferencialmente antes do início da atividade
sexual. Em alguns casos, a vacinação também pode ser
recomendada para adultos mais velhos.

3. Uso de preservativos: O uso correto e consistente de


preservativos, como camisinhas masculinas ou femininas,
pode reduzir o risco de transmissão do HPV, bem como de
outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Embora
os preservativos não ofereçam uma proteção completa, eles
são uma importante medida de prevenção, especialmente
quando combinados com a vacinação.
A vacinação contra o HPV não substitui o uso de preservativos, e
ambas as medidas devem ser consideradas complementares na
prevenção do HPV e de outras ISTs.
A educação e conscientização sobre a importância da prevenção do
HPV são fundamentais. Isso inclui fornecer informações sobre a
transmissão do vírus, os riscos associados às infecções por HPV e
a importância da vacinação e do uso de preservativos.
Os profissionais de enfermagem desempenham um papel crucial na
promoção da prevenção e na orientação dos pacientes sobre as
medidas de prevenção contra o HPV. Eles podem oferecer
informações detalhadas sobre a vacinação, esclarecer dúvidas e
auxiliar na conscientização sobre a importância do uso de
preservativos como parte de uma abordagem abrangente de
prevenção de ISTs.

 Tratamento
O tratamento para o papilomavírus humano (HPV) pode variar
dependendo dos sintomas e do tipo de lesão causada pelo vírus.
Aqui estão algumas opções comumente usadas no tratamento do
HPV:
1. Remoção de verrugas: Se você possui verrugas genitais
causadas pelo HPV, o médico pode removê-las por meio de
procedimentos como a excisão cirúrgica, eletrocauterização
(uso de corrente elétrica para queimar as verrugas),
criocirurgia (uso de nitrogênio líquido para congelar as
verrugas) ou laserterapia.

2. Cauterização: Esse procedimento envolve a queima ou


destruição de lesões cervicais pré-cancerosas ou pequenos
tumores. A cauterização pode ser realizada com técnicas
como a eletrocauterização, crioterapia ou uso de produtos
químicos.
3. Crioterapia: A crioterapia é o uso de baixas temperaturas para
congelar e destruir as células afetadas pelo HPV. Geralmente,
é utilizado nitrogênio líquido para congelar as lesões pré-
cancerosas ou as verrugas genitais.

4. Imunoterapia: A imunoterapia é uma abordagem que visa


fortalecer o sistema imunológico para combater o vírus. Ela
pode envolver a administração de medicamentos para
estimular a resposta imune do organismo contra o HPV.
É importante ressaltar que o tratamento do HPV não elimina o vírus
do organismo, mas visa tratar as lesões e controlar os sintomas. O
acompanhamento médico regular é fundamental para monitorar o
progresso do tratamento, avaliar a eficácia das opções escolhidas e
verificar a necessidade de novas intervenções.
Além disso, é essencial seguir o tratamento indicado pelo médico
de forma rigorosa e aderir às recomendações, como a utilização de
medicamentos prescritos e a realização de exames de
acompanhamento. Isso ajuda a garantir melhores resultados e
reduzir o risco de complicações.
Vale destacar que lesões pré-cancerosas, como displasia cervical,
requerem tratamento específico para evitar a progressão para o
câncer. O médico pode recomendar procedimentos como a
conização (remoção de uma porção do colo do útero) ou cirurgias
para tratar essas lesões.

Em casos de cânceres relacionados ao HPV, o tratamento


dependerá do estágio e da localização do câncer, podendo incluir
cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia, dependendo
da situação individual do paciente.

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