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SAIBA MAIS!
O HPV, sigla em inglês para Papilomavírus Humano, é um vírus que infecta a pele ou mucosas
(oral, genital ou anal) das pessoas, provocando verrugas anogenitais e câncer, a depender do
tipo de vírus. A infecção pelo HPV é a Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais comum
e não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente
de meses a anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações sub-
clínicas. Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz para se prevenir contra a infecção e
o preventivo é exame ginecológico mais comum para identificar lesões precursoras de câncer
do colo do útero causadas pelo vírus.
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 4
Recomendação do
INCA
A periodicidade
do rastreamento
deve ser anual
Mulheres em grupos
Pode ocorrer a cada 3
de risco (HIV-positivo
anos após dois exames
ou imunodeprimidas)
normais consecutivos
devem realizá-lo
com intervalo de 1 ano
anualmente
2. COLO DO ÚTERO
O colo uterino é a parte inferior do
útero localizada junto a vagina, com
a qual se comunica por meio de um
conduto, o canal cervical, por onde
penetram os esperma-
tozoides e sai o san-
gue menstrual. A
parte externa do
colo, que fica em
contato com a
vagina, chama-se
ectocérvice, sua par-
te interna é a endocérvice.
O local em que o canal cervical se
abre para a vagina recebe o nome de
zona de transformação, área em que
se desenvolve a maioria dos tumores
do colo uterino.
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 5
3. METAPLASIA
Figura 7. Zona de transformação com histologia da metaplasia escamosa e de cervinite crônica inespecífica. Fonte:
http://anatpat.unicamp.br/
4. PROCEDIMENTO
O exame especular, o qual é a
parte prática da avaliação do colo
uterino, das paredes vaginais,
da coleta de citologia oncótica
e também da avaliação de se-
creção, ocorre com a introdução
do espéculo bivalve na vagina
em sentido longitudinal-oblíquo
(para desviar da uretra), afastan-
do os pequenos lábios e impri-
mindo delicadamente um trajeto
direcionado posteriormente, ao
mesmo tempo em que se gira
o instrumento para o sentido
transversal.
Sempre se deve avisar a paciente de colo adquire uma tonalidade mais fra-
que se está introduzindo o espécu- ca, até amarelada; nesse caso, o tes-
lo, preveni-la quanto ao desconforto te é normal, comumente designado
e tranquilizá-la em relação à dor. É como “iodo-claro”. Cabe ressaltar que
aconselhável tocar com a ponta do somente a área de mucosa escamosa
espéculo no vestíbulo antes de intro- deve ficar corada. Não se espera, por-
duzi-lo, para a paciente sentir a tem- tanto, que as zonas com epitélio glan-
peratura e o material do instrumento. dular (endocérvice) fiquem coradas,
Não se deve utilizar lubrificante, pois bem como a zona de transformação
confunde a avaliação de secreções. epitelial, que pode adquirir coloração
Após introduzido e aberto, procura-se irregular. A análise da secreção vagi-
individualizar o colo uterino e avaliar nal é importante para o diagnóstico
pregueamento e trofismo da mucosa de vulvovaginites.
vaginal, secreções, lesões da muco- Sempre se realiza o exame a fresco
sa, septações vaginais, condilomas, da seguinte forma: coleta-se a secre-
pólipos, cistos de retenção e ecto- ção vaginal com a extremidade ar-
pia. Após a coleta de secreção vagi- redondada da espátula de Ayre e se
nal para o exame a fresco, devem- espalha o material sobre duas gotas
-se limpar as secreções que ficam à colocadas nas extremidades de uma
frente do colo (pode-se utilizar soro), lâmina previamente preparada – uma
e só depois proceder à aplicação de com KOH a 10% e outra com soro fi-
ácido acético (concentrações podem siológico. A lâmina, depois do teste do
variar de 1 a 5%). Aguardam-se al- odor amínico (whiff test: cheira-se a
guns minutos (2-4 min), e se realiza lâmina para detectar odor semelhan-
novamente a inspeção do colo uteri- te a peixe, indicativo de vaginose bac-
no, à procura de lesões que foram re- teriana), é levada ao microscópio para
alçadas pelo produto (mais brancas e análise. A outra extremidade da espá-
brilhantes, ou leucoacéticas). tula de Ayre (em rabo-de-peixe) é uti-
Depois, aplica-se a solução de lugol lizada para coleta de raspado cervical
para o teste de Schiller: se o colo se para CP de colo (ou exame preventivo
cora de forma uniforme, escura, o tes- do câncer de colo). A parte maior da
te é considerado normal (“iodo positi- espátula deve ser colocada no orifício
vo” ou “Schiller negativo”); se houver cervical e depois girada em 360°, para
áreas que não se coram, o teste é con- coletar células de toda a circunferência
siderado alterado (“iodo negativo” ou da zona de transição. O objetivo é des-
“Schiller positivo”). Por vezes, quando tacar células da junção escamocolunar
se trata de mucosa vaginal atrófica, a (JEC), isto é, a área em que a mucosa
coloração pode não ser uniforme, ou o escamosa e a glandular se encontram,
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 12
pois essa é a sede da maioria das alte- especiais fabricadas para realização
rações celulares neoplásicas e pré-ne- de citologia em meio líquido ou para
oplásicas. Hoje em dia, praticamente realização de exames especiais, como
todos os profissionais empregam tam- captura híbrida para papilomavírus
bém a escova endocervical para cole- humano ou clamídia. Nesse caso, a
ta de CP, especialmente nos casos em escova é introduzida quase que to-
que a JEC se localiza internamente no talmente no canal cervical (apenas
canal cervical. as cerdas mais proximais entram em
contato com o orifício externo e a su-
perfície do colo), devendo ser girada
no mesmo sentido cerca de cinco ve-
zes; após a retirada, sua ponta é co-
locada por inteiro em um frasco con-
tendo o meio específico para análise.
Alterações citopáticas
Células indiferenciadas
devidas à infecção pelo
Há boa maturação ficam limitadas
Poucas figuras HPV são observadas
com anomalias às camadas mais
de mitose na espessura total
nucleares mínimas profundas (terço
do epitélio
inferior) do epitélio
NIC 1
Diferenciação e
estratificação podem
estar totalmente
ausentes Alterações celulares
NEOPLASIA displásicas, mais
INTRAEPITELIAL comuns na 1/2
Ou estarem presentes CERVICAL inferior ou os 2/3
somente no quarto inferiores do epitélio
superficial do epitélio
com numerosas
figuras de mitose Com anomalias
nucleares mais
NIC 3 NIC 2
acentuadas que
na NIC 1
Anomalias nucleares
estendem-se em toda a
espessura do epitélio
Figuras de mitose
são vistas em toda a
metade inferior
do epitélio
As muitas figuras
de mitose têm
formas anormais
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 15
Figura 11: Aspecto citológico da NIC 1 (a), NIC 2 (b) e NIC 3 (c) com aumento de 20x. Fonte: https://screening.iarc.fr/
30 anos ou mais?
SIM NÃO
Novo resultado
anormal?
SIM NÃO
Repetir citopatológico
em 6 meses (ou em
12 meses se < 30
Colposcopia
anos) e rastreio
citológico trienal.
Avaliação endometrial
Colposcopia
Seguimento citológico
Achados colposcópicos Avaliação do canal
semestral por 24 meses
anormais? endocervical Negativa
NIC I
SIM AGC
NÃO
4 exames consecutivos
Biópsia normais?
NIC I negativa
Lesão intraepitelial escamosas de baixo grau (LSIL) em mulheres com 25 anos ou mais
Repetir o citopatológico
em 6 meses
Mantém atipia
citológica?
SIM NÃO
Repetir o citopatológico
Colposcopia em 6 meses
NÃO
NIC II/III ou câncer?
SIM
Conduta específica
Lesão intraepitelial escamosas de alto grau (HSIL) em mulheres com 25 anos ou mais
Colposcopia
Achado colposcópico
anormal?
SIM NÃO
SIM NÃO
Biópsia e avaliação
Achado anormal maior? do canal endocervical Mantém HSIL?
quando JEC não viável
Repetir citopatológico
e colposcopia em Fonte: BRASIL. Diretrizes Brasileiras para
6 meses NIC I o Rastreamento do Câncer do Colo do
negativa
Útero 2a ed. INCA] –
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 23
Pontilhado
Quanto mais marcante a característica
maior probabilidade de a lesão ser
severa ou de alto grau.
Mosaico
INDICA
Metaplasia imatura, atrofia, inflamação,
Iodo negativo
infecção por HPV, NIC ou câncer.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de
Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer
do colo do útero. 2 ed. Rio de Janeiro: INCA, 2016.
BALIGA, B Shakuntala. Colposcopia: Princípios e Prática. Barueri: Manole, 2009.
CÂNCER do colo do útero. INCA, 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/
tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero.
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos
cânceres do colo do útero e da mama [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2006 [citado
2010 Jul 06]. (Cadernos de Atenção Básica; No. 13) ; (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
Disponível em: http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad13.pdf
KATZ, Letícia Maria Correia et al. Concordância entre citologia, colposcopia e histopatologia
cervical. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 32, n. 8, p. 368-373, 2010.
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