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SUMÁRIO

1. Introdução e definição .............................................. 3


2. Colo do útero................................................................ 4
3. Metaplasia..................................................................... 8
4. Procedimento.............................................................10
5. Avaliação da citologia.............................................13
6. Principais alterações................................................15
7. Colposcopia.................................................................23
Referências Bibliográficas .........................................27
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 3

1. INTRODUÇÃO E que se obtenha significativa redução


DEFINIÇÃO da incidência e da mortalidade por
câncer do colo do útero. Países com
O câncer de colo de útero, também
cobertura superior a 50% do exame
chamado de câncer cervical, é causa-
citopatológico realizado a cada três a
do pela infecção persistente do colo
cinco anos apresentam taxas inferio-
por alguns tipos do Papilomavírus Hu-
res a três mortes por 100 mil mulhe-
mano (HPV). Excetuando-se o câncer
res por ano e, para aqueles com co-
de pele não melanoma, é o terceiro
bertura superior a 70%, essa taxa é
tumor maligno mais frequente na po-
igual ou menor que duas mortes por
pulação feminina, atrás do câncer de
100 mil mulheres por ano.
mama e do colorretal. Além disso, é
a quarta causa de morte de mulheres O Instituto Nacional de Câncer do
por câncer no Brasil. Contrastando Brasil (INCA) recomenda oferecer ras-
com os dados, as alterações celulares treamento organizado para mulheres
precoces podem ser descobertas no de 25 a 60 anos por meio do exame
exame preventivo (Papanicolau) fa- citopatológico (CP) de colo. Mulheres
cilmente, mostrando assim a impor- com vida sexual ativa, independen-
tância da realização periódica desse temente da faixa etária, devem rea-
exame. lizar o teste. Segundo o INCA, a pe-
riodicidade do rastreamento deve ser
Assim, a realização periódica do exa-
anual, podendo ocorrer a cada 3 anos
me citopatológico é a estratégia mais
após dois exames normais consecuti-
adotada para o rastreamento do cân-
vos com intervalo de 1 ano. Mulheres
cer do colo do útero. Atingir alta co-
em grupos de risco (HIV-positivo ou
bertura da população definida como
imunodeprimidas) devem realizá-lo
alvo é o componente mais importante
anualmente.
no âmbito da atenção primária para

SAIBA MAIS!
O HPV, sigla em inglês para Papilomavírus Humano, é um vírus que infecta a pele ou mucosas
(oral, genital ou anal) das pessoas, provocando verrugas anogenitais e câncer, a depender do
tipo de vírus. A infecção pelo HPV é a Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais comum
e não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente
de meses a anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações sub-
clínicas. Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz para se prevenir contra a infecção e
o preventivo é exame ginecológico mais comum para identificar lesões precursoras de câncer
do colo do útero causadas pelo vírus.
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Recomendação do
INCA

Mulheres com vida


Rastreamento
sexual ativa,
para mulheres de
independentemente
25 a 60 anos por
da faixa etária, devem
meio do CP de colo
realizar o teste

A periodicidade
do rastreamento
deve ser anual

Mulheres em grupos
Pode ocorrer a cada 3
de risco (HIV-positivo
anos após dois exames
ou imunodeprimidas)
normais consecutivos
devem realizá-lo
com intervalo de 1 ano
anualmente

2. COLO DO ÚTERO
O colo uterino é a parte inferior do
útero localizada junto a vagina, com
a qual se comunica por meio de um
conduto, o canal cervical, por onde
penetram os esperma-
tozoides e sai o san-
gue menstrual. A
parte externa do
colo, que fica em
contato com a
vagina, chama-se
ectocérvice, sua par-
te interna é a endocérvice.
O local em que o canal cervical se
abre para a vagina recebe o nome de
zona de transformação, área em que
se desenvolve a maioria dos tumores
do colo uterino.
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Figura 1. Localização do colo uterino. Fonte: Estadão

Figura 2. Anatomia do colo uterino. Fonte: Estadão


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Os cânceres do colo uterino se ori- glândulas tubulares mucosas abrin-


ginam nas células que forram essa do-se na superfície. O retângulo azul
área: o epitélio. A parte que está em salienta a zona de transformação ou
contato com a vagina (a ectocérvice) zona T, onde o epitélio mucoso en-
é revestida por um epitélio escamoso docervical foi substituído por epitélio
(semelhante ao da vagina), que pode plano do tipo ectocervical (portanto,
dar origem ao câncer de células es- um exemplo de metaplasia escamo-
camosas. O epitélio da parte interna sa). O epitélio metaplásico obstrui
do colo de útero (endocérvice) é um a saída de glândulas endocervicais,
epitélio glandular e pode dar origem a levando a acúmulo de secreção mu-
outro tipo de câncer do colo uterino: o cosa dentro das glândulas (cistos de
adenocarcinoma. Naboth).
A ectocérvice normal é revestida por
epitélio plano estratificado não cor-
neificado. A estratificação é regular. A
camada basal é constituída por uma
única camada de células escuras (ci-
toplasma escasso). À medida que as
células se superficializam, a quantida-
de de citoplasma aumenta, as células
achatam-se e adquirem glicogênio,
que aparece como vacúolos claros no
citoplasma. Os núcleos ficam peque-
nos, picnóticos e tendem a desapare-
cer. Não há glândulas na ectocérvice.
O epitélio está assentado sobre teci-
do conjuntivo frouxo moderadamen-
te vascularizado, o córion ou lâmina
própria (termo válido para o tecido
conjuntivo subepitelial de qualquer
Figura 3. Fragmento histológico do colo do útero. Fon- mucosa). Já a endocérvice normal é
te: http://anatpat.unicamp.br/
revestida por epitélio cilíndrico sim-
ples mucoso, cujo aspecto é o mes-
O fragmento mostra o colo uterino, mo do das glândulas endocervicais.
constituído pela ectocérvice, reves- Em áreas com cervicite há infiltra-
tida por epitélio plano estratificado do inflamatório crônico inespecífico,
não corneificado, e sem glândulas, constituído por linfócitos e plasmóci-
e pela endocérvice, com numerosas tos na lâmina própria. Se a cervicite
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for intensa o epitélio de revestimento dilatadas porque seu orifício de saída


pode sofrer erosão. Fala-se então em foi obstruído pelo epitélio metaplási-
cervicite crônica erosiva. Quando há co. Seu revestimento é de epitélio ci-
neutrófilos além das células inflama- líndrico simples mucoso, igual ao de
tórias crônicas fala-se em cervicite outras glândulas endocervicais. A im-
crônica ativa. portância da zona de transformação
A chamada zona de transformação é que o epitélio metaplásico pode ser
ou zona T é a porção da endocérvi- sede de atipias celulares chamadas
ce mais próxima do orifício externo de displasia (de graus leve, modera-
do canal cervical e, portanto, limítrofe do ou grave). Neste caso, as células
com a ectocérvice. Nesta região é co- do tipo basal passam a ocupar mais
mum a ocorrência de metaplasia es- de uma camada (normalmente só
camosa. Na zona de transformação ocupam a primeira camada) e podem
também é comum haver processo apresentar atipias nucleares. A dis-
inflamatório crônico inespecífico (cer- plasia grave é considerada um carci-
vicite crônica). Os cistos de Naboth, noma in situ, que é precursor do car-
freqüentemente observados nesta cinoma do colo uterino.
região, são glândulas endocervicais

Figura 4. Histologia do ectocérvice. Fonte: http://anatpat.unicamp.br/


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Figura 5. Histologia do endorcérvice. Fonte: http://anatpat.unicamp.br/

3. METAPLASIA

Figura 6. Ilustração da histologia da metaplasia escamosa. Fonte: http://drsotello.blogspot.com/

A metaplasia escamosa é uma altera- de uma camada de células alongadas.


ção benigna do tecido que reveste o A metaplasia corresponde a um pro-
útero, em que as células uterinas so- cesso normal de proteção e que pode
frem transformação e diferenciação, acontecer em certos períodos da vida
fazendo com que o tecido tenha mais da mulher, como na puberdade ou na
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gravidez, quando há maior acidez va- Estas mudanças celulares normal-


ginal, ou quando ocorrem inflamações mente não são consideradas peri-
ou irritações causada pela candidíase, gosas, nem aumentam o risco de
vaginose bacteriana ou alergias, por câncer do colo uterino. Além disso,
exemplo. a metaplasia escamosa do colo do
útero é um resultado comum do exa-
SE LIGA! Metaplasia é uma alteração re-
me de papanicolau e não precisa de
versível quando uma célula adulta, seja tratamento específico, se não houver
epitelial ou mesenquimal, é substituí- sinais de candidíase, infecções bac-
da por outra de outro tipo celular. Pode terianas ou infecções sexualmente
ser interpretado como uma tentativa do
organismo de substituir um tipo celular transmissíveis (ISTs), por exemplo.
exposto a um estresse a um tipo celular Essa condição pode ser didaticamen-
mais apto a suportá-lo. te separada em três fases de acordo
com as características das células.

Hiperplasia Metaplasia escamosa imatura Metaplasia escamosa madura

A hiperplasia das células de Metaplasia escamosa Já na metaplasia escamosa


reserva é a primeira fase e imatura é a fase da matura, o tecido imaturo
inicia-se em regiões mais metaplasia em que as pode alcançar a maturidade,
expostas do colo do útero, células de reserva ainda que já está completamente
em que se vão formando não terminaram de se formado, tornando-se mais
pequenas células de diferenciar e estratificar. resistente às agressões,
reserva que à medida que
não havendo risco de
se formam e se multiplicam,
complicações.
vão formando um tecido É muito importante
com várias camadas. identificar esta área e fazer
exames regulares para
analisar a sua evolução,
porque é onde surge a
maioria das manifestações
de câncer cervical. Em
alguns casos, o epitélio
pode permanecer imaturo,
o que é considerado
anormal e pode iniciar
alterações celulares que
podem originar câncer.
Embora esta complicação
não seja muito frequente,
pode ocorrer em algumas
pessoas devido a uma
infecção pelo HPV, que
pode infectar essas células
escamosas imaturas e
transformá-las em células
com anomalias.
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Figura 7. Zona de transformação com histologia da metaplasia escamosa e de cervinite crônica inespecífica. Fonte:
http://anatpat.unicamp.br/

4. PROCEDIMENTO
O exame especular, o qual é a
parte prática da avaliação do colo
uterino, das paredes vaginais,
da coleta de citologia oncótica
e também da avaliação de se-
creção, ocorre com a introdução
do espéculo bivalve na vagina
em sentido longitudinal-oblíquo
(para desviar da uretra), afastan-
do os pequenos lábios e impri-
mindo delicadamente um trajeto
direcionado posteriormente, ao
mesmo tempo em que se gira
o instrumento para o sentido
transversal.

Figura 8. Introdução do espéculo: (A) posição de introdução; (B)


posição após totalmente introduzido; (C) direção da introdução
do instrumento. Fonte: Rotinas em Ginecologia, 6ª ed., 2011.
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Sempre se deve avisar a paciente de colo adquire uma tonalidade mais fra-
que se está introduzindo o espécu- ca, até amarelada; nesse caso, o tes-
lo, preveni-la quanto ao desconforto te é normal, comumente designado
e tranquilizá-la em relação à dor. É como “iodo-claro”. Cabe ressaltar que
aconselhável tocar com a ponta do somente a área de mucosa escamosa
espéculo no vestíbulo antes de intro- deve ficar corada. Não se espera, por-
duzi-lo, para a paciente sentir a tem- tanto, que as zonas com epitélio glan-
peratura e o material do instrumento. dular (endocérvice) fiquem coradas,
Não se deve utilizar lubrificante, pois bem como a zona de transformação
confunde a avaliação de secreções. epitelial, que pode adquirir coloração
Após introduzido e aberto, procura-se irregular. A análise da secreção vagi-
individualizar o colo uterino e avaliar nal é importante para o diagnóstico
pregueamento e trofismo da mucosa de vulvovaginites.
vaginal, secreções, lesões da muco- Sempre se realiza o exame a fresco
sa, septações vaginais, condilomas, da seguinte forma: coleta-se a secre-
pólipos, cistos de retenção e ecto- ção vaginal com a extremidade ar-
pia. Após a coleta de secreção vagi- redondada da espátula de Ayre e se
nal para o exame a fresco, devem- espalha o material sobre duas gotas
-se limpar as secreções que ficam à colocadas nas extremidades de uma
frente do colo (pode-se utilizar soro), lâmina previamente preparada – uma
e só depois proceder à aplicação de com KOH a 10% e outra com soro fi-
ácido acético (concentrações podem siológico. A lâmina, depois do teste do
variar de 1 a 5%). Aguardam-se al- odor amínico (whiff test: cheira-se a
guns minutos (2-4 min), e se realiza lâmina para detectar odor semelhan-
novamente a inspeção do colo uteri- te a peixe, indicativo de vaginose bac-
no, à procura de lesões que foram re- teriana), é levada ao microscópio para
alçadas pelo produto (mais brancas e análise. A outra extremidade da espá-
brilhantes, ou leucoacéticas). tula de Ayre (em rabo-de-peixe) é uti-
Depois, aplica-se a solução de lugol lizada para coleta de raspado cervical
para o teste de Schiller: se o colo se para CP de colo (ou exame preventivo
cora de forma uniforme, escura, o tes- do câncer de colo). A parte maior da
te é considerado normal (“iodo positi- espátula deve ser colocada no orifício
vo” ou “Schiller negativo”); se houver cervical e depois girada em 360°, para
áreas que não se coram, o teste é con- coletar células de toda a circunferência
siderado alterado (“iodo negativo” ou da zona de transição. O objetivo é des-
“Schiller positivo”). Por vezes, quando tacar células da junção escamocolunar
se trata de mucosa vaginal atrófica, a (JEC), isto é, a área em que a mucosa
coloração pode não ser uniforme, ou o escamosa e a glandular se encontram,
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pois essa é a sede da maioria das alte- especiais fabricadas para realização
rações celulares neoplásicas e pré-ne- de citologia em meio líquido ou para
oplásicas. Hoje em dia, praticamente realização de exames especiais, como
todos os profissionais empregam tam- captura híbrida para papilomavírus
bém a escova endocervical para cole- humano ou clamídia. Nesse caso, a
ta de CP, especialmente nos casos em escova é introduzida quase que to-
que a JEC se localiza internamente no talmente no canal cervical (apenas
canal cervical. as cerdas mais proximais entram em
contato com o orifício externo e a su-
perfície do colo), devendo ser girada
no mesmo sentido cerca de cinco ve-
zes; após a retirada, sua ponta é co-
locada por inteiro em um frasco con-
tendo o meio específico para análise.

Figura 9. Coleta de raspado do colo uterino para exame


citopatológico (preventivo ou Papanicolau): (A) com
espátula de Atre; (B) com escova endocervical. Fonte: Figura 10. Lâmina de coletagem. Fonte: http://www2.
Rotinas em Ginecologia, 6ª ed., 2011. ebserh.gov.br/

O material, depois de colhido, deve Uma amostra será considerada in-


ser imediatamente espalhado sobre a satisfatória quando há ausência de
lâmina e fixado (em geral com álcool identificação na lâmina ou na requisi-
etílico a 95%), para posterior análise ção, lâmina quebrada ou com material
citopatológica. Há também escovas mal fixado, células escamosas bem
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preservadas cobrindo menos de 10% excisão. O parecer sobre a presença de


de superfície da lâmina, obscurecimen- NIC em uma amostra tecidual cervical e
to por sangue, inflamação, áreas espes- o seu grau depende das características
sas, má fixação, dessecamento que im- histológicas relativas à diferenciação,
peçam a interpretação de mais de 75% maturação e estratificação das células
das células epiteliais. Nestes casos não e anomalias nucleares. A proporção da
é possível se dar algum diagnóstico e espessura das células do epitélio com
por isso o exame deve ser repetido. células maduras e diferenciadas é usa-
da na classificação da NIC. Graus mais
graves de NIC têm maior probabilidade
5. AVALIAÇÃO DA de apresentar uma maior proporção da
CITOLOGIA espessura do epitélio composto de cé-
A NIC, neoplasia intraepitelial cervi- lulas indiferenciadas com apenas uma
cal, é identificada mediante o exame fina camada de células maduras e dife-
microscópico das células cervicais em renciadas na superfície.
um esfregaço citológico corado pela Anomalias nucleares, como núcleos
técnica de Papanicolaou. Em prepara- aumentados, maior razão núcleo-cito-
dos citológicos, alterações de células plasma, maior intensidade de coloração
individuais são avaliadas para o diag- nuclear (hipercromasia), polimorfismo
nóstico da NIC e sua classificação. nuclear e variação do tamanho nucle-
Em contraste, o exame histológico de ar (anisocariose) são avaliados para fa-
todo o tecido permite a análise de vá- zer o diagnóstico. Há, com freqüência,
rias outras características. A NIC é um uma forte correlação entre a proporção
sistema de classificação dividido em do epitélio que apresenta maturação e
classes distintas para displasia, in- o grau de anomalia nuclear. Figuras de
troduzido em 1968 para indicar uma mitose são vistas em células em divi-
ampla gama de atipia celular limitada são; elas são pouco frequentes no epi-
ao epitélio. É dividida em graus 1, 2 e télio normal e, quando presentes, são
3, no qual a NIC 1 corresponde à dis- vistas somente na camada parabasal.
plasia leve, a NIC 2 à displasia mode- À medida que aumenta a gravidade
rada e a NIC 3 à displasia grave e CIS. da NIC, o número de figuras de mito-
Pode-se suspeitar de NIC no exame se também aumenta e estas são vistas
citológico usando a técnica de Papani- nas camadas superficiais do epitélio.
colaou ou por meio do exame colpos- Quanto menor a diferenciação do epi-
cópico. O diagnóstico final da NIC é télio, mais alto é o nível em que as figu-
estabelecido mediante o exame ana- ras de mitose são vistas. Configurações
tomopatológico de uma biopsia cervi- anormais de figuras de mitose também
cal com saca-bocados ou amostra por são levadas em consideração para se
chegar ao diagnóstico definitivo.
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Alterações citopáticas
Células indiferenciadas
devidas à infecção pelo
Há boa maturação ficam limitadas
Poucas figuras HPV são observadas
com anomalias às camadas mais
de mitose na espessura total
nucleares mínimas profundas (terço
do epitélio
inferior) do epitélio

NIC 1

Diferenciação e
estratificação podem
estar totalmente
ausentes Alterações celulares
NEOPLASIA displásicas, mais
INTRAEPITELIAL comuns na 1/2
Ou estarem presentes CERVICAL inferior ou os 2/3
somente no quarto inferiores do epitélio
superficial do epitélio
com numerosas
figuras de mitose Com anomalias
nucleares mais
NIC 3 NIC 2
acentuadas que
na NIC 1
Anomalias nucleares
estendem-se em toda a
espessura do epitélio
Figuras de mitose
são vistas em toda a
metade inferior
do epitélio
As muitas figuras
de mitose têm
formas anormais
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Figura 11: Aspecto citológico da NIC 1 (a), NIC 2 (b) e NIC 3 (c) com aumento de 20x. Fonte: https://screening.iarc.fr/

6. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES balanceada e cuidadosa das vanta-


gens e desvantagens, como também
Decisões de como rastrear, quem
dos custos decorrentes dessas ações.
rastrear e quando rastrear o câncer
Por isso, alguns fatores são levados
cervical e suas lesões precursoras
em consideração para haja a melhor
em populações assintomáticas são
conduta diante das alterações que
complexas e requerem uma análise
podem ser encontradas nos exames.

DIAGNÓSTICO CITOPATOLÓGICO FAIXA ETÁRIA CONDUTA INICIAL


< 25 anos Repetir em 3 anos
Entre 25 e 29 Repetir a citologia em 12
Possivelmente não neoplásicas
Células escamosas atípicas anos meses
(ASC-US)
de significado indeterminado Repetir a citologia em 6
≥ 30 anos
(ASCUS) meses
Não se podendo afastar lesão
Encaminhar para colposcopia
de alto grau (ASC-H)
Células glandulares atípicas Possivelmente não neoplási-
de significado indeterminado cas ou não se podendo afastar Encaminhar para colposcopia
(AGC) lesão de alto grau
Possivelmente não neoplási-
Células atípicas de origem
cas ou não se podendo afastar Encaminhar para colposcopia
indefinida (AOI)
lesão de alto grau
< 25 anos Repetir em 3 anos
Lesão de Baixo Grau (LSIL)
≥ 25 anos Repetir citologia em 6 meses
Lesão de Alto Grau (HSIL) Encaminhar para colposcopia
Lesão intraepitelial de alto
grau não podendo excluir Encaminhar para colposcopia
microinvasão
Carcinoma escamoso invasor Encaminhar para colposcopia
Adenocarcinoma in situ
Encaminhar para colposcopia
(AIS) ou invasor
Fonte: BRASIL. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer de Colo de Útero 2ª ed. INCA 2016.
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Células escamosas atípicas de Situações especiais:


significado indeterminado
• Para mulheres com até 24 anos
(ASC -US)
que tiverem sido submetidas ao
Essa alteração representa a atipia exame e apresentarem ASC-US, a
citológica mais comumente descri- citologia deverá ser repetida em 3
ta nos resultados citopatológicos do anos.
colo do útero. Diante desse resultado,
• Em gestantes com citologia de
a conduta na mulher com 30 anos ou
ASC-US, a conduta obedece às
mais será a repetição desse exame
mesmas recomendações para as
num intervalo de 6 meses. A segunda
mulheres não gestantes de acordo
coleta deve ser precedida, quando ne-
a idade.
cessário, do tratamento de processos
infecciosos e de melhora do trofismo • Em mulheres na pós-menopau-
genital com uso prévio de estrogênio. sa ou com atrofia diagnosticada
Para as mulheres com idade inferior clinicamente, é recomendável o
a 30 anos, a repetição do exame ci- preparo com estrogênio antes de
topatológico deverá ser realizada em ser submetida à nova citologia ou
12 meses. colposcopia.
Se os exames citopatológicos sub- • Mulheres imunossuprimidas (ou
sequentes com intervalo de 6 ou 12 HIV+) com citologia de ASC-US
meses forem negativos, a mulher de- devem ser encaminhadas para a
verá retornar a rotina de rastreamen- colposcopia já no primeiro exame
to citológico trienal. alterado. O seguimento citológico,
Porém, se o resultado de alguma ci- quando não evidenciada lesão in-
tologia de repetição for igual ou su- traepitelial, deve ser semestral, até
gestivo de lesão intraepitelial ou dois exames negativos. Após esse
câncer, a mulher deverá ser encami- período, deve seguir a recomen-
nhada à unidade de referência para a dação de rastreamento específico
colposcopia. para essas mulheres.
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Células escamosas atípicas de significado indeterminado,


possivelmente não neoplásica (ASC -US)

30 anos ou mais?
SIM NÃO

Repetir CP em 6 meses Repetir CP em


12 meses

Novo resultado
anormal?
SIM NÃO

Repetir citopatológico
em 6 meses (ou em
12 meses se < 30
Colposcopia
anos) e rastreio
citológico trienal.

Fonte: BRASIL. Diretrizes Brasileiras


para o Rastreamento do Câncer de
Colo de Útero 2ª ed. INCA 2016.

Células escamosas atípicas indicar seguimento citológico com


de significado indeterminado intervalo de 12 meses. Nos casos
quando não se pode excluir lesão de achados colposcópicos maio-
intraepitelial de alto grau (ASC – H): res a paciente deve ser submetida
à biopsia e, se esta for compatível
Todas as mulheres com laudo citopa-
com NIC II/III, deve-se seguir a re-
tológico de ASC-H devem ser enca-
comendação específica.
minhadas para uma unidade de refe-
rência para colposcopia. • A conduta em gestante com AS-
Situações especiais: C-H deve ser o encaminhamento
para a colposcopia e realizar bióp-
• Para mulheres até 24 anos a con- sia apenas se houver suspeita de
duta inicial é o encaminhamento lesão invasiva. A paciente deverá
para colposcopia. Se essa revelar ser reavaliada em 90 dias após
achados colposcópicos normais o parto, em unidade secundária,
ou anormais menores pode-se
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para a confirmação diagnóstica e deverá ser realizada se presente san-


decisão terapêutica. gramento uterino anormal ou se a ci-
tologia sugerir origem endometrial. A
• Para mulheres infectadas pelo HIV
investigação da cavidade endome-
ou com outra forma de imunos-
trial será prioritária em relação à in-
supressão deverá ser realizada a
vestigação da ectocérvice e canal en-
colposcopia.
docervical sempre que mencionada a
• Em pacientes no climatério ou com possível origem endometrial dessas
atrofia diagnosticada clinicamente, células atípicas.
é recomendável o preparo com es- A investigação de doença extraute-
trogênio antes da colposcopia. rina também estará indicada nos ca-
sos em que persistir o diagnóstico de
Células glandulares atípicas (AGC): AGC em situações onde não tiver sido
possível concluir o diagnóstico de do-
O achado de AGC pode significar: ença uterina ao final da investigação,
neoplasia intraepitelial escamosa, independente da idade da paciente.
adenocarcinoma in situ (AIS), ade-
nocarcinoma invasor do colo uterino, Durante a colposcopia, se encontra-
adenocarcinoma de endométrio e, da alterações, quaisquer que sejam,
mais raramente neoplasia extraute- deve ser realizada a biópsia. Caso o
rina. Achados benignos, como hiper- exame histopatológico do material
plasia microglandular, adenose vagi- dessa biópsia seja compatível com
nal, pólipos endometriais e quadros AIS ou câncer, deve-se seguir reco-
inflamatórios, também podem serem mendações específicas para esses
considerados. Pacientes com o diag- quadros. No caso de diagnóstico de
nóstico citológico de AGC devem ser NIC II/III, deve-se buscar excluir do-
encaminhadas para a colposcopia. ença glandular simultânea, conside-
Durante a realização desse exame, rando o diagnóstico da citologia do
deve ser realizada nova coleta para material obtido no momento da col-
citologia com especial atenção para poscopia e outros exames solicitados
o canal cervical. Simultaneamente, é para a avaliação do endométrio ou de
recomendável a avaliação endome- outros órgãos pélvicos. Quando indi-
trial com ultrassonografia transvagi- cada a excisão, deve-se preferir uma
nal (USGTV) em pacientes acima de técnica que produza um espécime
35 anos e, caso haja anormalidade, íntegro e adequado para a avaliação
o estudo anatomopatológico do en- histopatológica.
dométrio está indicado. Abaixo des- Na persistência de AGC na citologia,
sa idade, a investigação endometrial após o fim das investigações no colo
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 19

e corpo uterinos, além de órgãos ad- Situações especiais:


jacentes, sem evidência de doença,
• Mulheres até 24 anos, na pós-me-
as mulheres devem ser mantidas em
nopausa e imunossuprimidas de-
seguimento citológico e colposcópi-
vem ser investigadas da mesma
cos semestral até a exclusão de do-
forma que as demais mulheres.
ença pré-invasiva ou invasiva.
Se a citologia do material obtido no • Gestantes devem ser investiga-
mesmo momento da colposcopia for das da mesma maneira, exceto
negativa, a mulher deverá ser segui- pelo estudo endometrial, que não
da com citologia semestral. Após 2 é factível. A biópsia do colo uteri-
anos com exames semestrais nor- no deverá ser realizada apenas na
mais (4 exames consecutivos nor- suspeita de doença invasiva.
mais), a paciente deverá retornar ao
rastreamento trienal.

Células glandulares atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásica


(AGC -US) ou em que não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau (AGC – H)

Avaliação endometrial
Colposcopia

Seguimento citológico
Achados colposcópicos Avaliação do canal
semestral por 24 meses
anormais? endocervical Negativa
NIC I
SIM AGC
NÃO
4 exames consecutivos
Biópsia normais?
NIC I negativa

Câncer AIS SIM


NIC II/III Rastreio citológico
trienal
Conduta específica Procedimento excisional
HSIL, AIS NÃO
NIC II/III Conduta específica em
ou câncer função dos resultados

Fonte: BRASIL. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer


de Colo de Útero 2ª ed. INCA 2016.
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 20

Lesão intraepitelial escamosas de meses para mulheres com mais de 30


baixo grau (LSIL OU LEBG): anos e em 12 meses para mulheres
de até 30 anos. Caso o exame cito-
A LSIL representa a manifestação
patológico seja negativo em dois exa-
citológica da infecção causada pelo
mes seguidos, a mulher deve retor-
HPV, altamente prevalente e com po-
nar à rotina de rastreamento trienal.
tencial de regressão frequente, espe-
Mantido o diagnóstico citopatológico
cialmente em mulheres com menos
de LSIL, a paciente deverá ser manti-
de 30 anos. Mulheres com esse diag-
da em seguimento citológico até que
nóstico devem repetir o exame cito-
os exames retornem a normalidade.
patológico em 6 meses na unidade
Caso, nesse seguimento, seja obtido
de atenção básica. Processos infec-
um diagnóstico mais relevante, como
ciosos ou atrofia genital identificados
ASC-H, HSIL, AGC ou câncer, a con-
devem ser tratados antes da nova
duta deverá ser definida em função
coleta. Se a citologia de repetição for
do novo resultado. Na persistência de
negativa em dois exames consecuti-
LSIL por 24 meses, a mulher deve ser
vos, a paciente deve retornar a rotina
reencaminhada para a colposcopia.
de rastreamento citológico trienal. Se
uma das citologias subsequentes no Situações especiais:
período de um ano for positiva, enca- • Mulheres até 24 anos, caso te-
minhar à unidade de referência para a nham sido submetidas ao exame
colposcopia. citopatológico e apresentem al-
À colposcopia, se presente achados terações citológicas compatíveis
anormais no colo do útero, deve-se com LSIL, devem repetir a citologia
realizar a biópsia. Presente NIC II/III em três anos.
ou câncer, deve-se seguir conduta
• Para gestantes não é recomen-
específica para esses quadros. Caso
dada a realização de colposcopia.
presente NIC 1, a paciente deverá ser
Qualquer abordagem diagnóstica
mantida em seguimento citológico.
deve ser feita após três meses do
As pacientes que não submetidas à
parto.
biópsia devem ser seguidas com ci-
tologia em 12 meses até dois exames • As mulheres na pós-menopau-
seguidos negativos, seguindo-se sa devem ser conduzidas como
conduta específica a partir dos resul- as demais mulheres, porém a se-
tados subsequentes. gunda coleta deve ser precedida
Na ausência de achados colposcópi- de tratamento da colpite atrófica,
cos anormais no colo e na vagina, é quando presente.
recomendado repetir citologia em 6
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 21

• Mulheres imunossuprimidas, como ser encaminhadas para colposco-


as infectadas pelo HIV, em situação pia após o primeiro exame citopa-
de imunocomprometimento ou em tológico mostrando LSIL.
uso de imunossupressores, devem

Lesão intraepitelial escamosas de baixo grau (LSIL) em mulheres com 25 anos ou mais

Repetir o citopatológico
em 6 meses

Mantém atipia
citológica?

SIM NÃO

Repetir o citopatológico
Colposcopia em 6 meses

Achado colposcópico NÃO 2 exames consecutivos


anormal? negativos?

SIM NÃO SIM

Repetir citopatológico Rastreio citológico


Biópsia
em 6 e 12 meses trienal

NÃO
NIC II/III ou câncer?

SIM

Conduta específica

Fonte: BRASIL. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento


do Câncer de Colo de Útero 2ª ed. INCA 2016.
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 22

Lesão intraepitelial escamosas de colposcopia mostra-se inadequada


alto grau (HSIL OU LEAG): devido a processos inflamatórios ou
qualquer outra situação que inviabi-
As mulheres que apresentarem lau-
lize a sua realização, esta deverá ser
do citopatológico de HSIL deverão se
realizada assim que possível. Obser-
encaminhadas à unidade de referên-
ve o fluxograma para conduzir os ca-
cia para a realização de colposcopia.
sos de HSIL:
A repetição da citologia é inaceitá-
vel como conduta inicial. Quando a

Lesão intraepitelial escamosas de alto grau (HSIL) em mulheres com 25 anos ou mais

Colposcopia

Achado colposcópico
anormal?

SIM NÃO

JEC completamente Revisão da lâmina ou novo citopatológico


viável? ou avaliação do canal endocervical.

SIM NÃO

Biópsia e avaliação
Achado anormal maior? do canal endocervical Mantém HSIL?
quando JEC não viável

SIM NÃO SIM


NÃO
Excisão conforme NIC II/III Conduta específica ou
JEC completamente
o tipo de Zona de seguimento citológico
viável?
Transformação ou citocolposcópico
Câncer
SIM NÃO
Encaminhar para
unidade terciária
(alta complexidade) Excisão tipo 3

Repetir citopatológico
e colposcopia em Fonte: BRASIL. Diretrizes Brasileiras para
6 meses NIC I o Rastreamento do Câncer do Colo do
negativa
Útero 2a ed. INCA] –
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 23

7. COLPOSCOPIA vagina e do colo do útero in vivo sob


iluminação e ampliação adequadas.
A colposcopia refere-se ao exame da
Esse exame tem o objetivo de detec-
vagina e do colo do útero por meio de
tar neoplasia intraepitelial e a neopla-
um microscópio binocular. O cospos-
sia inicial do colo do útero, da vagina
cópio é um instrumento endoscópio
e da vulva.
utilizado para estudar o epitélio da

Figura 11: Ilustração colposcopia. Fonte: https://www.mulherdescomplicada.com.br/

No colo uterino, há três epitélios dife- glandular colunar (endocérvice) que


rentes que são avaliados pela colpos- se origina do ducto mulleriando e re-
copia. O epitélio escamoso estratifica- cobre o canal cervical. A
do (ectocérvice), que deriva do epitélio localização da JEC é variável e pode
do seio urogenital e se inicia na linha ser observada na ectocérvice, cir-
vulvovaginal, revestindo a vagina, re- cunscrevendo o orifício externo, pode
cobrindo a maior parte da porção va- estar localizada na parte inferior do
ginal da cérvice e alcançando a borda canal cervical ou pode estar mui-
do epitélio colunar, formando a jun- to afastada do orifício externo com
ção escamo-colunar (JEC). O epitélio epitélio colunar revestindo parte da
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 24

ectocérvice. Há também o epitélio colo do útero e na vagina. Não há


escamoso metaplásico, também cha- remanescentes do epitélio colunar,
mado de zona de transformação, que como orifícios glandulares ou cis-
é caracterizado por transformação de tos de Naboth. O epitélio não se
epitélio glandular em escamoso. Nes- torna branco após a aplicação de
sa região, existe maior vulnerabilida- ácido acético e se colore de mar-
de à ação do HPV, o que torna essa rom a após a aplicação de iodo
área mais suscetível ao desenvolvi- (lugol).
mento de neoplasias.
• Epitélio glandular colunar: apre-
senta aspecto de uva após aplica-
Principais indicações ção de ácido acético. Normalmen-
te, está presente na endocérvice,
• Avaliação de mulheres com anor- mas também pode estar presente
malidades de células glandulares na ectocérvice (ectopia) ou, em ra-
ou escamosas no esfregaço de ras ocasiões, na vagina.
Papanicolau.
• Zona de Transformação (ZT): está
• Persistência de células inflamató- presente entre o epitélio escamoso
rias após o tratamento adequado. e o colunar, em que diversos graus
• Presença de células queratinizadas. de maturação podem ser identifi-
cados. O epitélio metaplásico ima-
• Mulheres com sangramento pós turo se torna branco após a aplica-
coito, metrorragia e sangramento ção de ácido acético e é negativo
pós-menopausa. para iodo, enquanto o epitélio me-
• O exame a olho nu revela um as- taplásico maduro pode se tornar li-
pecto doente do colo uterino ou da geiramente branco, com aplicação
vagina. de ácido acético, e parcial ou com-
pletamente tingido de marrom,
• Monitoramento de mulheres tra- com aplicação de iodo.
tadas para lesão intraepitelial
escamosa.
Aspectos colposcópicos anormais:
• Avaliação de mulheres com condi-
lomas anogenitais. • Epitélio acetobranco: as áreas de
atividade nuclear intensa se apre-
sentam brancas. Um grau leve
Achados colposcópicos normais: de acetobranqueamento ocorre
• Epitélio escamoso estratificado: é em áreas de metaplasia imatura.
liso, tem cor rósea, se localiza no Uma lesão severa, em geral, está
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 25

associada a uma intensa resposta irregulares em uma área de dis-


acetobranca (epitélio acetobranco creta alteração acetobranca pode
denso), que aparece rapidamente ser decorrente de metaplasia ima-
e se mantém por mais tempo. Uma tura, epitélio em regeneração, in-
alteração acetobranca densa no fecção subclínica por HPV ou NIC/
epitélio colunar pode indicar doen- LIE de baixo grau. Uma coloração
ça glandular. amarelada em meio a uma área de
acetobranqueamento intenso é al-
• Pontilhado: o pontilhado fino é
tamente sugestiva de NIC/LIE de
uma área focal em que os capita-
alto grau ou câncer.
res se apresentam em forma de
pontos. Quanto mais fino o ponti- • Vasos atípicos: se referem a uma
lhado, maior a probabilidade de a área focal em que os vasos não
lesão ser de baixo grau ou ser uma se apresentam como pontilhados
metaplasia ou uma inflamação. Já nem como mosaico, mas como va-
o pontilhado grosseiro se relaciona sos horizontais, superficiais com
com maior probabilidade de a le- calibre ou ramificações irregulares,
são ser severa ou de alto grau. em geral com formato de vírgula,
saca-rolhas ou espaguete. Com
• Mosaico: os capilares cercam áreas
frequência esses vasos indicam
anormais como se fossem azule-
câncer invasivo.
jos. Quanto menor e mais liso/fino
o mosaico (mosaico fino), maior
a probabilidade de a lesão ser de SE LIGA! Algumas vezes a colposco-
baixo grau ou ser uma metaplasia. pia se torna insatisfatória. Isso acontece
quando: a junção escamo-colunar não é
Quanto mais grosseiro, largo e ir- visível, há inflamação severa atrofia se-
regular o mosaico (mosaico gros- vera ou trauma, a cérvice não é visível.
seiro), maior a probabilidade de a
lesão ser de alto grau.
• Iodo negativo: áreas de tecido que
não se coram com iodo podem re-
presentar epitélio colunar, meta-
plasia imatura, atrofia, inflamação,
infecção por HPV, neoplasia intra-
epitelial cervical (NIC)/lesão intrae-
pitelial escamosa (LIE) ou câncer.
• Iodo parcialmente positivo: um
aspecto de machas pequenas e
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 26

Avaliação de mulheres com anormalidades de células


glandulares ou escamosas no esfregaço de Papanicolau

Persistência de células inflamatórias


Objetivo: Detectar após o tratamento adequado.
neoplasia intraepitelial
e a neoplasia inicial
do colo do útero, da Presença de células queratinizadas.
vagina e da vulva.

Mulheres com sangramento pós coito, metrorragia


e sangramento pós-menopausa.
Principais
indicações
Monitoramento de mulheres tratadas
para lesão intraepitelial escamosa.

Achados colposcópicos Avaliação de mulheres com


anormais: condilomas anogenitais.

Epitélio acetobranco Doença glandular

Pontilhado
Quanto mais marcante a característica
maior probabilidade de a lesão ser
severa ou de alto grau.
Mosaico

INDICA
Metaplasia imatura, atrofia, inflamação,
Iodo negativo
infecção por HPV, NIC ou câncer.

Iodo parcialmente Metaplasia imatura, epitélio em regeneração,


positivo infecção subclínica por HPV ou NIC baixo grau

Vasos atípicos Câncer invasivo


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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de
Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer
do colo do útero. 2 ed. Rio de Janeiro: INCA, 2016.
BALIGA, B Shakuntala. Colposcopia: Princípios e Prática. Barueri: Manole, 2009.
CÂNCER do colo do útero. INCA, 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/
tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero.
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos
cânceres do colo do útero e da mama [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2006 [citado
2010 Jul 06]. (Cadernos de Atenção Básica; No. 13) ; (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
Disponível em: http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad13.pdf
KATZ, Letícia Maria Correia et al. Concordância entre citologia, colposcopia e histopatologia
cervical. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 32, n. 8, p. 368-373, 2010.
PREVENTIVO/ PAPANICOLAU 28

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